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INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIA E

TECNOLOGIA DE SANTA CATARINA


Campus Jaraguá do Sul – Rau

CIÊNCIA E TECNOLOGIA DOS MATERIAIS


Bacharelado em Engenharia Mecânica

Prof. Jean S. Pimenta, Dr. Eng.

Julho / 2022
SUMÁRIO

1. Classificação Periódica dos Elementos 3


2. Modelo Atômico Simplificado 5
2.1 Tipos de Ligação Química 8
3. Estados Físicos da Matéria 12
3.1 Mudanças de Estado Físico 12
4. Estruturas Cristalinas 14
4.1 Reticulado Cúbico 16
4.2 Reticulado Hexagonal 19
4.3 Polimorfismo 21
4.4 Imperfeições nos Cristais 23
4.4.1 Defeitos Pontuais 23
4.4.2 Defeitos em Linha 25
4.4.3 Contornos de Grão 27
5. Classificação Geral dos Materiais 29
5.1 Materiais Metálicos 29
5.2 Cerâmicas e Vidros 30
5.3 Polímeros 31
5.4 Compósitos 32
5.5 Propriedades Gerais dos Materiais 32
5.6 Propriedades Mecânicas nos Materiais Metálicos 36
5.6.1 Tensão e Deformação Verdadeira 47
6. Discordâncias e o Aumento da Resistência nos Metais 48
6.1 Discordâncias e a Deformação Plástica 48
6.2 Deformação Plástica nos Materiais Policristalinos 53
6.3 Mecanismos de Aumento da Resistência nos Metais 54
6.3.1 Endurecimento por Solução Sólida 55
6.3.2 Ação do Encruamento nas Propriedades Mecânicas 57
ANEXO – Trabalho a Quente versus Trabalho a Frio 60
Referências Bibliográficas 61
3

1. Classificação Periódica dos Elementos

O grande número de elementos químicos descobertos no passado obrigou os cientistas a


formarem determinadas classificações, as quais pudessem reunir grupos com propriedades
semelhantes. Mendeleyev (1869) foi responsável por um importante trabalho de pesquisa que foi
a base da classificação periódica moderna, agrupando cerca de 60 elementos químicos
conhecidos à época e distribuídos em 12 linhas horizontais (em ordem crescente de massa
atômica), e na vertical os elementos com propriedades químicas semelhantes. O trabalho deste
renomado cientista foi tão meticuloso que ele deixou vazios na tabela original com a indicação
“?”, prevendo descobertas de outros elementos no futuro – algo que ocorreu muitos anos depois.
A Figura 1 mostra a classificação periódica moderna que apresenta os elementos
químicos dispostos em ordem crescente de números atômicos. As sete faixas horizontais nesta
tabela são chamadas de períodos, nos quais as propriedades dos elementos diferem entre si. Note
que o 1º período é muito curto pelo fato de possuir apenas dois elementos (H e He); e o quarto
período é mais longo com 18 elementos (K até Kr).

É importante também observar o seguinte [Feltre, 1989]:


a) no 6º período, a terceira quadrícula encerra 15 elementos químicos (do lantânio até lutécio),
que estão indicados numa linha fora e abaixo da tabela – iniciando no lantânio, tais elementos
formam a série dos lantanídios;
b) no 7º período, a terceira quadrícula também encerra 15 elementos (do actínio até o laurêncio),
que estão indicados na segunda linha fora e abaixo da tabela – começando no actínio forma a
série dos actinídios.
c) todos os elementos situados após o urânio-92 são preparados artificialmente, ou seja, não
existem na natureza – estes são denominados de elementos transurânicos (além destes também
são artificiais os elementos tecnécio-43, promécio-61 e o astato-85).
As terras-raras compõe um grupo de 17 elementos químicos de relativa abundância na
crosta terrestre (concentração variando entre 68ppm para o cério e 0,5ppm para o túlio e lutécio).
Tais elementos são considerados raros pela dificuldade da sua separação, pois ocorrem em vários
minérios de composições distintas (Metalurgia Extrativa). O grupo das terras-raras é composto
por todos os elementos da série dos lantanídeos, além do escândio (Sc-21) e ítrio (Y-39). A China
é considerada o maior produtor destes minérios com quase 97% do mercado mundial.
Número atômico (Z): é equivalente ao nº de prótons existentes no núcleo do átomo.
Número de massa (A): é a soma do nº de prótons (Z) e de nêutrons (N) no núcleo do átomo.
Exemplo: notação geral para um átomo
A
Z X ou Z XA
35
17 Cl ou 17 Cl35
obs.: Núcleo do átomo é composto de prótons e nêutrons, ou seja, partículas que possuem massa atômica.
4

AZ N
Figura 1- Tabela periódica dos elementos [Química na abordagem do cotidiano, volume único, 3.ed.,
editora Moderna; www.iupac.org/reports/periodic_table].
5

Os elementos situados nas 18 faixas verticais (grupos ou famílias) possuem propriedades


semelhantes no respectivo grupo. Estes grupos são numerados de 0 até 8, sendo que alguns estão
subdivididos nos subgrupos A e B (esta corresponde à numeração antiga). Por exemplo, o grupo
8 é chamado de 8B e é constituído por três faixas verticais. Atualmente há uma nova numeração
dos grupos da tabela periódica (ver Fig. 1). Na Tabela 1 são apresentados alguns grupos com
nomes especiais.

Tabela 1 – Grupos da tabela periódica dos elementos com nomes especiais.


Número do grupo Elementos Grupos
1A Li, Na, K, Rb, Cs, Fr Metais Alcalinos
2A Be, Mg, Ca, Sr, Ba, Ra Metais Alcalinos-Terrosos
6A O, S, Se, Te, Po Calcogênios
7A F, Cl, Br, I, At Halogênios
Zero ou 8A He, Ne, Ar, Kr, Xe, Rn Gases Nobres ou inertes

Ainda com relação aos grupos (ou famílias) deve-se considerar o seguinte [Feltre, 1989]:
a) o hidrogênio não é um metal alcalino mesmo que localizado no grupo 1A;
b) o alumínio (Al), gálio (Ga), índio (In) e tálio (Tl) já foram chamados de metais terrosos;
c) quando o grupo não tem um nome especial, costuma-se chamá-lo pelo nome do primeiro
elemento: por exemplo, na coluna 5A são denominados elementos do grupo do nitrogênio;
d) as colunas (ou grupos) “A” são os mais importantes da tabela, sendo os elementos chamados
elementos representativos ou típicos – em cada coluna “A”, há uma semelhança máxima nas
propriedades químicas entre os elementos;
e) os elementos dos grupos 3B, 4B, 5B, 6B, 7B e 8B constituem os elementos de transição;
f) uma separação muito importante na classificação periódica é aquela que distingue os metais,
os semimetais (B, Si, Ge, As, Sb, Te, Po) e os não-metais (à direita dos semimetais).

2. Modelo Atômico Simplificado

No modelo atômico de Rutherford-Bohr (1913) adotou-se uma concepção de que,


segundo Bohr: enquanto o elétron estiver girando na mesma órbita, ele não emite e nem absorve
energia; porém, quando mudar para outra órbita, o elétron emitirá ou absorverá energia numa
quantidade bem definida (quantum de energia) [Feltre, 1988]. Em outras palavras, admite-se que:
ao saltar para uma órbita ou nível mais energético (órbita interna para outra mais externa), o
elétron absorve certa quantidade de energia do exterior (na forma de luz, calor ou eletricidade);
caso contrário, ao retornar para a órbita original, o elétron perde energia na forma de ondas
eletromagnéticas – na Fig. 2 são mostrados dois desenhos esquemáticos para as afirmações
anteriores [fonte: http://www.profpc.com.br].
6

Figura 2 – (a) salto do elétron para órbita mais energética; (b) retorno do elétron ao perder energia.

As órbitas dos elétrons de todos os átomos se agrupam em sete camadas eletrônicas ou


níveis de energia (K, L, M, N, O, P, Q), sendo que cada uma delas possui uma quantidade fixa de
energia. Na Fig. 3 é vista uma representação do modelo de Rutherford-Bohr com as camadas e
quantidade máxima de elétrons. Os fenômenos químicos atuam diretamente nos elétrons da
última camada (ou banda de valência), onde ocorrem as ligações químicas.
O cientista Chadwick (1932) provou que no núcleo do átomo existem partículas com
carga elétrica positiva, os prótons, e também partículas sem carga, então denominados nêutrons.
Tal descoberta foi fundamental para a descrição da estrutura atômica simplificada:
átomo = núcleo (prótons + nêutrons) + eletrosfera (elétrons distribuídos em sete camadas)

Convencionalmente, admite-se um modelo atômico de esferas rígidas para o arranjo


espacial dos átomos na estrutura de um certo material, onde o raio atômico vale metade da
distância de equilíbrio na ligação com outro átomo similar.

Figura 3- Esquema do modelo atômico de Rutherford-Bohr


[http://www.alunosonline.com.br/quimica/modelo-atomico-rutherford-bohr.html]
7

As diferentes propriedades entre os materiais de engenharia são devidas às diferentes


ligações interatômicas, bem como em relação à arrumação espacial dos átomos resultantes destas
ligações. Sob outro entendimento, pode-se dizer que as forças que mantém os átomos unidos são
fundamentalmente de natureza elétrica e denominadas como ligações químicas.
Basicamente, o estudo do comportamento dos materiais pode ser de início compreendido
através de um modelo atômico simplificado que considera o seguinte [Monteiro, 1990]:

Núcleo atômico constituído de prótons e nêutrons


Os prótons e nêutrons são partículas que possuem massa e que, praticamente, constituirão
toda a massa de um átomo (também chamada de massa atômica). Elementos puros que compõem
a matéria possuem número de prótons em sequência desde o hidrogênio (1) até o urânio (92),
sendo que a partir deste outros elementos têm sido criados artificialmente. O número de prótons,
que também é conhecido como número atômico, caracteriza individualmente um dado elemento.
A quantidade de nêutrons nos átomos de um mesmo elemento químico é variável,
permitindo-se que um elemento possua átomos denominados de isótopos, ou seja, átomos com
diferentes massas atômicas. Um dado número de átomos que constitui matéria em quantidades
de interesse tecnológico é realmente muito elevado. A unidade de massa quilograma possui
6,021026 átomos (número de Avogadro) dividido pela massa atômica; ou seja, um átomo-grama
contém 6,021023 átomos – quantidade de átomos existentes em 1,008 gramas de hidrogênio.
Por convenção, o próton possui carga elétrica positiva e o nêutron é eletricamente neutro.
Não são forças elétricas que mantém a união entre prótons e nêutrons, mas sim forças nucleares.

Camadas de elétrons em torno do núcleo / estado energético


Os elétrons podem ser considerados como um estado de transição entre a matéria e a
radiação eletromagnética, pois se comportam tanto como partícula quanto como uma onda;
apesar da massa do elétron ser consideravelmente muito pequena, cerca de 510-4 vezes a massa
do próton ou do nêutron.
Por convenção, a carga elétrica do elétron é numericamente igual à carga do próton, mas
com sinal negativo; as forças de atração que mantém os elétrons orbitando em torno do núcleo
são conhecidas como forças coulombianas. Os orbitais dos elétrons se situam em níveis
energéticos, que correspondem às sete camadas dadas no modelo de Rutherford-Bohr (camadas
K, L, M, N, O, P, Q). Estes níveis são identificados como número quântico principal (n), que
varia de 1 até 7 para as sete camadas eletrônicas, respectivamente. O número máximo de elétrons
dentro de cada nível, pode ser obtido com auxílio do diagrama de Linus Pauling (ver Fig. 4).
Além dos níveis eletrônicos, há também os subníveis energéticos conhecidos como
número quântico secundário (ℓ) e identificados pelos subníveis s, p, d e f, os quais podem conter
2, 6, 10 e 14 elétrons, respectivamente. Vale a seguinte relação para todos os átomos conhecidos:
ℓ= 0, 1, 2, 3
s p d f
8

Na Figura 4 é representada a distribuição eletrônica de Pauling, cientista responsável pela


elaboração deste importante diagrama na Química, que relaciona a quantidade e a distribuição de
elétrons de acordo com as camadas e subníveis eletrônicos. A Tabela 2 mostra a distribuição
eletrônica em níveis e subníveis de alguns elementos. Deve-se notar que o preenchimento dos
níveis não requer, necessariamente, que o anterior esteja completo. Por exemplo, o potássio (K)
possui um elétron no nível N antes que o nível M esteja completo; o elemento ferro também
apresenta situação semelhante nos últimos níveis. Este simples fato influencia nas propriedades
que dependem da interação eletrônica, tais como: ligação entre átomos, o magnetismo, etc.

Figura 4- Distribuição eletrônica, segundo diagrama de Pauling [www.cadernodesafio.blogspot.com].

Tabela 2 – Distribuição eletrônica nas camadas e subníveis de alguns elementos [Monteiro, 1990].
K (n = 1) L (n = 2) M (n = 3) N (n = 4)
Elemento Símbolo Nº Atômico
1s 2s 2p 3s 3p 3d 4s 4p 4d 4f
hidrogênio H 1 1
carbono C 6 2 2 2
oxigênio O 8 2 2 4
neônio Ne 10 2 2 6
sódio Na 11 2 2 6 1
argônio Ar 18 2 2 6 2 6
potássio K 19 2 2 6 2 6 1
ferro Fe 26 2 2 6 2 6 6 2
cobre Cu 29 2 2 6 2 6 10 1

2.1 Tipos de Ligação Química

As ligações existentes entre os átomos, que são denominadas ligações químicas, e a


arrumação espacial resultante destas ligações origina a estrutura geométrica de um dado material.
Tal fato é diretamente responsável pela grande diversidade de propriedades dos materiais. Nesta
parte do estudo será apresentada uma síntese das principais ligações químicas dos materiais.
9

Há uma tendência geral na natureza pela qual se pretende alcançar um “estado de maior
equilíbrio ou estabilidade”. Sabe-se que os átomos que não possuem todos os orbitais eletrônicos
preenchidos, como acontece a todos os elementos com exceção dos gases nobres, somente
ficarão mais estáveis quando atingirem configurações de menor energia na medida em que:
a) receberem elétrons;
b) perderem elétrons;
c) compartilharem elétrons com um átomo vizinho;
d) compartilharem elétrons com outros átomos.

Ligação Iônica ou Eletrovalente

Neste caso um átomo cede elétrons para outro que os recebe, a fim de que resulte em
configurações atômicas mais estáveis para ambos. Um exemplo clássico deste tipo de ligação é a
formação do cloreto de sódio (NaCl) ou popular sal de cozinha. A Figura 5 mostra um esquema
simplificado da ligação iônica e o arranjo atômico resultante, onde tem-se que: o sódio possui
níveis contendo respectivamente 2, 8 e 1 elétrons que cede este último elétron para o cloro, que
possui níveis contendo 2, 8 e 7 elétrons. Destacam-se importantes comentários:
– quando o átomo de sódio perde 1 elétron, forma-se um íon positivo (cátion, Na+);
– quando o átomo de cloro ganha 1 elétron, forma-se um íon negativo (ânion, Cl–);
– pelo fato de terem cargas opostas, os dois íons se atraem até um limite onde os orbitais
eletrônicos impedem que haja interpenetração dos íons, resultando numa posição de equilíbrio.
A ligação iônica não ficará restrita somente ao par Na-Cl original, mas também outros
íons Na+ e Cl– que estiveram na vizinhança estarão sujeitos à presença dos campos elétricos para
assumirem outras posições de equilíbrio formando vários conjuntos de íons. Isto resultará numa
cristalização interna de um conjunto tridimensional no formato de um reticulado cúbico –
cristalização do sal de cozinha a partir de milhões de íons Na+ e Cl–.
Ligação iônica é a força que mantém os íons unidos, que se formam quando um átomo
cede definitivamente um, dois ou mais elétrons a outro átomo.

Figura 5- Esquema da ligação iônica no cloreto de sódio [www.alunosonline.com.br;


http://ntevaiaescolaestadualazevedofernandes.blogspot.com/2008/12/pesquisa-sobre-ligaes-qumicas-inica-e.html].
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Ligação Covalente

Na ligação covalente os átomos compartilham elétrons, ou seja, basicamente um átomo


coloca um ou mais elétrons à disposição de outro átomo que procede da mesma forma. Os pares
de elétrons dos dois átomos circulam na camada eletrônica mais externa e, então, proporcionam
uma configuração eletrônica estável para ambos. Isto caracteriza um equilíbrio máximo entre as
forças elétricas de atração e repulsão existentes entre os núcleos e elétrons nas duas eletrosferas.
A molécula de água (H2O) é um exemplo clássico de ligação covalente normal, sendo
formada por 2 átomos de hidrogênio e 1 átomo de oxigênio resultando num ângulo de 104,5º. O
átomo de oxigênio com número atômico 8 possui distribuição eletrônica de 2 e 6 elétrons, e o de
hidrogênio com número atômico 1 possui distribuição com apenas 1 elétron. Serão necessários 2
elétrons para o fechamento da quantidade de elétrons no último nível do oxigênio, ou seja, para
se ter uma estabilidade energética neste átomo; e no hidrogênio falta 1 elétron para o
preenchimento da primeira camada. Logo, teremos o seguinte: dois átomos de hidrogênio
compartilham 1 elétron cada um com o átomo de oxigênio, e este compartilha dois dos seus
elétrons um para cada átomo de hidrogênio – ver esquema na Fig. 6.
Vale ressaltar que, os dois pares de elétrons circulam pela camada mais externa passando
de um átomo para o outro. Isto quer dizer que num dado instante um átomo tem mais elétrons do
que outro, ou seja, um átomo fica positivo e o outro negativo (dipolo elétrico). Ainda que a
molécula de água tenha carga total igual a zero, na região do oxigênio ela possui carga elétrica
parcial negativa (δ-) e carga elétrica parcial positiva (δ+) na região do hidrogênio – efeito
denominado polarização molecular. Os átomos de hidrogênio de uma molécula atraem átomos
de oxigênio da molécula vizinha na região polarizada, ligação esta devido à formação de pontes
de hidrogênio. Estas favorecem uma propriedade chamada coesão, que é responsável pela forma
líquida e sólida (gelo) dá água; tais ligações na água líquida se rompem e refazem com muita
facilidade, permitindo que ela seja fluida e esteja em constante rearranjo [www.infoescola.com].

Figura 6- Ligação covalente na molécula de água [www.infoescola.com].


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Forças de Van der Walls


Estas são forças de ligação secundárias, intensidade relativamente fraca, que decorrem da
formação de dipolos elétricos – como citado anteriormente na polarização molecular nas ligações
covalentes. Curiosamente, mesmo que fracas, estas forças possuem interesse prático porque
permitem a união entre grandes moléculas de materiais poliméricos. No caso particular da
molécula de água, a força de Van der Walls denomina-se ponte de hidrogênio – estas ligações
também existem na molécula da amônia (NH3) [http://www.infoescola.com; Monteiro, 1990].

Ligação Metálica
Nos elementos metálicos, os elétrons da banda de valência pertencente à última camada
do átomo são considerados “livres” quando há muitos outros átomos em contato. Estes elétrons
são chamados de “elétrons deslocáveis”, movimentando-se à vontade em três dimensões e
formando uma “nuvem de elétrons” quando se tem muitos átomos reunidos. Um esquema
simplificado da ligação metálica é visto na Fig. 7, onde os elétrons das órbitas mais externas
também são capazes de se movimentar através da estrutura do metal. Este modelo simplificado
exibe um conjunto de íons positivos intercalados por uma “nuvem de elétrons” de carga negativa
e, desta forma, promovendo a estabilidade devido ao equilíbrio de forças coulombianas (atração
e repulsão de cargas elétricas). Esta relativa liberdade dos elétrons da banda de valência é
responsável por importantes propriedades dos metais, tais como a condução elétrica.

Figura 7- Modelo esquemático da ligação


metálica [http://portaldoprofessor.mec.gov.br].

Combinação de Ligações Químicas


Deve-se ter a noção que, embora haja uma ligação primária (ou forte) prevalecendo sobre
um dado material, existe a possibilidade que outros tipos de ligação possam estar presentes e
atuando mesmo que seja em menor intensidade. Neste caso, tem-se as chamadas ligações mistas
que podem ocorrer em muitos materiais ou substâncias. Dependendo do estado que se encontra
(líquido ou gasoso), torna-se possível para um dado composto apresentar predominância de
ligações covalentes ou iônicas – como o ácido clorídrico, por exemplo.
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Nota Importante:
A covalência nas ligações químicas está guiada pela direcionalidade atômica, ou seja, tem
relação com o número de coordenação atômica. Entretanto, as ligações iônica e metálica são
regidas pelo grau de empacotamento dos átomos. Consequentemente, estas duas ligações
resultam em materiais de estruturas mais compactas – fato que se reflete diretamente numa maior
resistência à deformação plástica nestes materiais [Monteiro, 1990].

3. Estados Físicos da Matéria

As milhares de partículas que compõe uma dada substância ou matéria se agrupam


sempre relacionadas ao seu estado físico, que dependerá das condições de temperatura e pressão
do ambiente. Quando alteradas estas condições pode-se efetuar mudanças no estado físico da
matéria, a qual pode existir em quatro estados gerais: sólido, líquido, gasoso e plasmático.
O estado gasoso não apresenta forma nem volume definidos, onde o gás contido num
recipiente pode ser comprimido ou expandido; há uma tendência do gás ocupar todo o volume do
recipiente que o contém. As forças de atração entre os átomos são fracas, não havendo qualquer
ordenação atômica; mesmo com baixas temperaturas os átomos estão suficientemente afastados
entre si, ainda que eventuais colisões também sejam possíveis entre eles.
Tanto no estado gasoso quanto no plasmático a matéria não está condensada (não há
estruturas com grande número de átomos ou moléculas). Sabe-se que o plasma somente ocorre
em condições de altíssima temperatura, onde a intensa excitação dos íons produzidos não
favorece nenhum tipo de ligação.
O líquido não possui forma própria e tem volume constante, dependendo apenas da forma
do recipiente; há forças de atração suficientes para união dos átomos (formação de moléculas), e
movimentação independente dos átomos para certas direções. Admite-se que os líquidos
constituem um estado condensado da matéria, possuindo estrutura atômica de curto alcance –
não caracteriza periodicidade de longa distância [Monteiro, 1990].
No estado sólido, a matéria tem uma forma definida e volume constante; os átomos estão
submetidos a forças de atração intensas. Os sólidos possuem estrutura atômica com ordenação
sistemática de longo alcance nas três dimensões – estes “pequenos” arranjos atômicos com
periodicidade longa são denominados cristais. Este termo científico não tem relação com a
transparência em certos tipos de vidros. Considera-se que os sólidos também podem ser
materiais amorfos, sendo chamados genericamente de vidros; comportando-se como líquidos
super-resfriados com estrutura desordenada de longo alcance [Monteiro, 1990; Van Vlack, 1984].

3.1 Mudanças de Estado Físico


Inicialmente, vamos lembrar que uma substância é formada por milhões de moléculas e
que a distância e periodicidade entre elas determinará o seu estado físico com predominância de
uma certa ligação química. Considera-se que uma dada substância está sujeita a uma:
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(a) transformação química – quando a substância foi alterada para outra, diferente da anterior;
(b) transformação física – quando uma substância foi alterada (geralmente na forma ou estado),
mas continua sendo a mesma substância anterior. Exemplo clássico: um pedaço de gelo que após
derretimento se transforma em água líquida; não houve alteração química nesta substância (água
no estado sólido para água no estado líquido), sendo uma transformação física.

Na Figura 8 é visto um desenho esquemático, mostrando as alterações do estado físico da


matéria. A descrição sucinta de cada transformação esta apresentada abaixo
[www.mundovestibular.com.br; http://www.coladaweb.com/quimica/quimica-geral]:

Figura 8- Mudanças de estado físico da matéria [http://www.mundovestibular.com.br].

Fusão – é a mudança de uma substância do estado sólido para o estado líquido.

Os sólidos puros estão sujeitos à ocorrência de fusão numa temperatura e pressão fixadas,
sendo esta temperatura específica denominada ponto de fusão. Na tabela 3 são mostrados os
pontos de fusão para algumas substâncias à pressão normal, sendo esta a pressão atmosférica a
nível do mar (1 atmosfera = 1 atm); aumentando-se a altitude, a pressão atmosférica diminui.

Tabela 3 – Temperaturas de fusão de alguns materiais sólidos [www.coladaweb.com].


Substância / material sólido Temperatura de fusão (ºC)
chumbo (Pb) 327
cobre (Cu) 1083
ferro (Fe) 1536

Solidificação – é a mudança de uma substância do estado líquido para o estado sólido.

Vaporização – é a transformação de uma substância do estado líquido para o estado gasoso, que
se classifica em dois tipos: ebulição e evaporação.
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Até que todo o líquido se vaporize durante a ebulição, mantendo-se a pressão constante,
a temperatura também permanece constante. O aumento da pressão externa fará com que o ponto
de ebulição de um líquido puro também aumente; caso contrário, ocorrerá o inverso.
No caso da evaporação, este fenômeno se caracteriza por uma transformação lenta de
uma substância líquida em vapor (ocorre na condição ambiente). Os fatores que favorecem a
ocorrência da evaporação são os seguintes [www.coladaweb.com/quimica/quimica-geral]: aumento da
temperatura; diminuição da pressão atmosférica; maior superfície de contato com o ambiente;
ventilação (contando que não haja excesso de umidade).

Condensação – é a transformação de uma substância do estado gasoso para o estado líquido.


Um exemplo disto ocorre durante a ebulição da água, que se transforma em vapor e quando toca
a superfície “fria” da tampa volta novamente ao estado líquido – este fenômeno também pode ser
chamado de liquefação.

Sublimação – é a mudança direta de uma substância do estado sólido para o estado de vapor, e
vice-versa. Há substâncias sólidas, tais como a naftalina, a cânfora e o iodo que na condição
ambiente (ausência de alterações bruscas na temperatura e pressão) se transformam espontânea e
diretamente em vapor – as bolinhas de naftalina, por exemplo.

Nota: Vale lembrar um conceito importante a respeito de uma substância pura sólida, que é
denominada por densidade absoluta (ou massa específica), ou seja, a densidade mede o grau de
concentração de massa num certo volume. Essa constante física pode ser calculada pelo
quociente da massa pelo volume da substância (kg/m3 em unidades SI).

4. Estruturas Cristalinas

Um material possui estrutura cristalina quando seus átomos estão posicionados com uma
repetição para grandes distâncias atômicas, ou seja, tal estrutura apresenta ordenação atômica
tridimensional de longo alcance. Basicamente, todos os metais, grande parte dos cerâmicos e
alguns polímeros formam estruturas cristalinas quando se solidificam em condições normais.
Para um bom entendimento e visualização das estruturas cristalinas, considera-se que os
átomos são tratados como esferas sólidas com diâmetros bem definidos – adota-se o chamado
modelo de esferas rígidas no contato direto entre átomos vizinhos. Na Fig. 9 é mostrado um
exemplo deste modelo para ordenação atômica encontrada em alguns metais. O termo rede
também é usado no contexto das estruturas cristalinas, significando um tipo de matriz
tridimensional de pontos que coincidem com a posição dos átomos (centro da esfera rígida).

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