11-14 A OBRA DO ESPÍRITO SANTO 1. A FIDELIDADE DE DEUS NO PASSADO (1.11-12)
O apostolo diz que “nele [Cristo]
[...] fomos também feitos herança, predestinados” (Ef 1.11a). Nossa primeira tarefa e determinar o que o apostolo quer dizer com “[nos]fomos”. A resposta pode ser vista no contraste que Paulo está estabelecendo para os gentios de Éfeso alguns versículos mais adiante em que ele diz: “em quem também vos” (Ef 1.13). Primeiro, há um “nos” [“[nos] fomos”], e depois ha um “vos”. Se “vos”refere-se aos gentios, então o “nos” deve estar se referindo aos judeus originalmente incluídos na aliança de Deus com Israel. Paulo deixa isso claro ao aplicar a antiga designação do povo da aliança de Deus a “[nos, que] fomos também feitos herança [ou “escolhidos”]”. Dessa maneira, Paulo distingue os judeus étnicos dos gentios que mais tarde entraram na aliança de Deus por meio da fé em Cristo.1 Paulo chama a atenção para os judeus escolhidos com o propósito de ressaltar a natureza da fidelidade de Deus no passado. Pela sua aliança com o povo de Israel, Deus revela a beleza do seu coração, seu plano e as razoes para que ele seja louvado que serão poderosos incentivos para os imperfeitos cristãos efésios. O coração de Deus (1.11a)
“[...] nele, digo, no qual fomos
também feitos herança”, diz Paulo (Ef 1.11). As palavras ecoam o que já havia sido dito a respeito de todos os cristãos nesta longa frase: “[Deus] nos escolheu nele” (Ef 1.4).2 Na nossa língua, nossa tendência e simplesmente inserir uma forma do verto “ser/estar” para que dar sentido a frase “[Deus] nos escolheu [para estarmos] nele”. Porém, o significado original e mais profundo e diferente disso. Se tivéssemos sido escolhidos para estar nele, então o foco está no final do processo, ou no que resulta. O apostolo deixa claro que o amor de Deus e baseado em algo no seu coração e não em algo que nos iriamos obter ou reivindicar por nós mesmos, do mesmo modo que um herdeiro não herda porque ele ganhou, mas porque o seu pai dá.
O povo escolhido de Israel não foi
escolhido por causa de qualquer coisa que tivessem. Não eram mais santos, mais numerosos nem melhores que outras nações.
Em Deuteronômio, Moises diz ao
povo: “o Senhor, teu Deus, te escolheu, para que lhe fosses o seu povo próprio, de todos os povos que há sobre a terra. Não vos teve o Senhor afeição, nem vos escolheu porque fosseis mais numerosos do que qualquer povo, pois éreis o menor de todos os povos” (Dt 7.6-7); e acrescenta: “Não é por causa da tua justiça, nem pela retitude do teu coração que [...] o Senhor, teu Deus, te da esta boa terra para possui-la, pois tu es povo de dura cerviz. Lembrai-vos e não vos esqueçais de que muito provocastes a ira o Senhor, vosso Deus, no deserto” (Dt 9.5-7).
O plano de Deus (1.11b)
A causa divina e enfatizada nas
palavras que se seguem ao lembrete da escolha de Deus. O povo da aliança foi predestinado “segundo o proposito daquele que faz todas as coisas conforme o conselho de sua vontade” (Ef1.11b).3 Essas palavras seguem na esteira da declaração anterior de Paulo de que a vontade de Deus, proposta em Cristo, e “fazer convergir nele [...] todas as coisas, tanto as do céu como as da terra” (Ef 1.10). O plano de Deus e colocar tudo sob o domínio do seu Filho, e mesmo agora o Pai está fazendo com que tudo coopere conjuntamente para esse proposito – tudo. Nossa humanidade não tem a capacidade de apreender o escopo dessas palavras.
Louvor a Deus (1.12)
Nesse versículo, Paulo identifica o
plano especifico de Deus para seu povo. Tudo foi orquestrado “a fim de sermos para louvor da sua gloria, nos, os que de antemão esperamos em Cristo” (Ef 1.12). Esse “nos” e mais limitado que o do versículo anterior. Dentre todas as nações, os judeus foram escolhidos, de modo que deles sairia esse “nos”, as primícias de Israel (i.e., os primeiros cristãos judeus como Paulo), para crer em Jesus como o Messias. Qual seria o resultado desse projeto de Deus para toda a história do mundo, e para toda a história de Israel, de modo que essas pessoas da aliança seriam as primeiras a dobrar seus joelhos a Jesus? Louvor, louvor e louvor por causa dos magníficos coração e plano de Deus. No entanto, quando vemos que todo o universo foi criado com um proposito – que nem mesmo as tribulações e dificuldades da nossa vida não destroem o plano máximo de Deus –, não podemos evitar reagir senão louvando-o. Além do mais, nossa vida, no geral e nos detalhes, e parte desse plano e, portanto, também estamos incluídos no projeto que traz louvor a ele. Mesmo quando erramos, mesmo quando os nossos pecados parecem iguais aos do povo teimoso de Israel, os propósitos do Senhor não desaparecem. As linhas de Deus conectam os acontecimentos passados a nossa vida presente e as experiências dos outros a fim de que tudo seja para o louvor da sua gloria. Porém, isso pode parecer muita presunção da nossa parte. Estamos aplicando a nos mesmos as promessas que Paulo está fazendo ao povo da aliança e aos primeiros cristãos judeus. Ele não disse que essas promessas se aplicam a nos – não ainda. Isso porque o apostolo vai, a seguir, tornar claro que Deus nos assegura seu continuo cuidado, não meramente por causa da sua fidelidade a pessoas infiéis, no passado, como os judeus, mas também pela sua atual fidelidade a pessoas fracas, como nos, que buscam sua forca.
2. A Fidelidade de Deus nos dias
de hoje (1.13)
Depois de declarar o propósito de
Deus para “nos [os judeus], os que de antemão esperamos em Cristo” (Ef 1.12), o apostolo fala aos efésios gentios e diz: “em quem também vos” (Ef 1.13). Enquanto a porção anterior dessa passagem era o “nos, os que [...]”, essa e a do “também vos”.
Deus expande sua aliança (1.13a)
Fomos escolhidos “em Cristo” e
vocês também foram incluídos, diz o apostolo. O plano divino colocado em pratica por intermédio dos judeus, a fim de glorificar a Cristo, foi então estendido as outras nações. No grego, os versículos 11 (centralizado nos cristãos judeus) e 13 (centralizado nos cristãos gentios) iniciam do mesmo modo: “Nele também”. Tanto judeus quanto gentios estão “em Cristo” (veja também Ef 1.12). Isso diz muito sobre o entendimento de Paulo a respeito da natureza da salvação, da vida cristã e das promessas da aliança a nação judaica que são estendidas aos gentios. Essa inclusão em Cristo também e base teológica para o argumento de Paulo de que agora judeus e gentios sao membros do corpo de Cristo (veja Ef 2.13-22).
O plano de “fazer convergir nele
[em Cristo] [...] todas as coisas” (Ef 1.10) continua se desenrolando nesta era atual. Essa e a razão de Paulo recorrer ao tempo presente continuo para dizer que Deus “faz todas as coisas conforme o conselho da sua vontade” (Ef 1.11). O plano de Deus e para a era atual, nosso tempo. Os cristãos de hoje participam do propósito de Deus de glorificar a Cristo tanto quanto os judeus de antigamente. Desde o início Deus propôs operar tudo conjuntamente para fazer com que todas as coisas estivessem sob a autoridade de Cristo, incluindo o passado e o presente, a terra e o céu, os judeus e os gentios (como declarado mais explicitamente em Ef 3.6).
Deus estende a sua misericórdia
(1.13b)
A inclusão de “todas as coisas” no
seu plano divino e mais do que uma expansão da aliança de Deus; e uma ampliação da sua misericórdia. O que os judeus fizeram para que fossem o povo escolhido? Nada. Essa benção de Deus estava fundamentada exclusivamente na sua misericórdia, não no mérito deles. O que os gentios de hoje devem fazer para merecer essa misericórdia e obter a mesma posição privilegiada como o povo da aliança? Os gentios devem atravessar os sete mares a nado, realizar façanhas de grande sacrifício ou ler 100 livros? Nada disso. A linguagem do apostolo e muito precisa, “[...] em quem [Cristo,] também vos, depois que ouvistes a palavra da verdade, o evangelho da vossa salvação, tendo nele também crido, fostes selados” (Ef 1.13). A inclusão dos gentios não está fundamentada nem mesmo naquilo que os judeus supostamente deveriam ter feito. O simples fato de ouvir – de fato ter ouvidos para ouvir e realmente prestando atenção – o evangelho marcou esses gentios como aqueles incluídos na aliança. Observe que não poderiam ter ouvido espiritualmente se Deus não tivesse trabalhado no coração deles e os preparado para receber a sua palavra (Jo 6.44,65). Verdadeiramente, ter Ouvido a mensagem da misericórdia de Deus já era em si sinal da inclusão na aliança, antes que qualquer coisa pudesse ter sido, ou poderia ser, feita. Essa inclusão incondicional na aliança e uma grande misericórdia. Sua grandeza só pode ser compreendida ao nos lembrar do contexto pagão do mundo em que os efésios viviam. Orgulho humano, falsa moralidade e idolatria enganosa – tudo isso prosperava em Éfeso. O fato de Deus chamar pessoas desse lugar como sendo dele antes que elas tivessem feito qualquer coisa que as qualificassem para isso e um sinal de grande graça – da disposição de Deus de ser fiel em face da fraqueza e do pecado humanos. E então, assim como o apostolo pode dizer que era “para louvor da sua gloria [de Deus]” (Ef 1.12) que aqueles que primeiro creram eram dos judeus, o povo mais irrelevante entre os povos do mundo (Ef 1.12), do mesmo modo quando Paulo conclui seu pensamento a respeito dos efésios, ele diz que a inclusão deles em Cristo e igualmente para o louvor da gloria de Deus (Ef 1.14). Cristo e glorificado nos dois casos, uma vez que mais pessoas se submeteram a ele e porque seu amor por eles exprime as maravilhas de sua misericórdia. Ha muitos modos em que essas verdades se aplicam a nos hoje. Em primeiro lugar, ha o quadro geral: se estamos incluídos em Cristo, somos parte do plano eterno que começou com o povo da aliança na antiguidade. Todas as coisas estão se desenvolvendo para que a nossa vida também seja para o louvor da gloria de Deus. Tudo está cooperando para o nosso bem e para a gloria de Deus. Segundo, há uma grande misericórdia: mais e mais pessoas que não fazem tudo corretamente estão sendo incluídas. Participamos do quadro geral por causa da misericórdia de Deus e não por mérito próprio. Nossos esforços jamais nos qualificariam como merecedores. Um poder muito maior que a forca humana tem atuado ao longo da História, e ainda hoje, para nos incluir entre o povo de Deus. Nossa salvação jamais poderia depender da nossa capacidade de fazer tudo corretamente, seja no passado, seja no presente, seja no futuro. Terceiro, somos parte de um plano grandioso para colocar tudo em ordem. parte do projeto de Deus, nao importa o que aconteca, entao podemos enfrentar seja la o que for porque sabemos que fomos criados para o louvor da sua glória. De modo natural e compreensivel nosso coracao pergunta: “Há realmente um proposito em tudo isso?” O apostolo responde elevando-nos a altura do ceu para nos deixar ver da perspectiva de Deus o quadro completo sua obra de coordenar todas as coisas juntas para a gloria de Cristo e nosso bem sem qualquer merito nosso. Desde o principio, Deus fez um mundo bom e para a sua gloria. Mas, entao, como um balao furado e vazio, a gloria foi deixada em restos amarrotados da infelicidade humana e corrupcao terrena pela queda de Adao. Porem, desde entao, segundo a natureza que esta nele, o Senhor tem seguido um plano predeterminado de encher novamente o balao com a sua misericordia, sempre expandindo e estendendo o balao a sua gloria original. Primeiro, a misericordia foi estendida a um povo escolhido sem nenhum merito da parte deles. Desse povo sairam os primeiros que creram em Cristo, e eles levaram a mensagem de misericordia as outras nacoes, que agora estao incluidas no plano de misericordia ate que a expansao dos propositos do reino de Deus esteja completada. Paulo escreve essa carta para que possamos apreender que esse plano vasto e complexo e, ao mesmo tempo, intimo, e verdadeiro e se aplica a nos. Faz uma diferenca enorme na nossa vida quando acreditamos que as provacoes e as realizacoes, as dificuldades e tambem as alegrias nao sao meros resultados de forcas brutas no universo, mas de fato fazem parte do eterno plano de Deus para a sua gloria e o nosso bem. Temos alguma garantia de que essas verdades estupendas se aplicam a nos? Sim. A garantia do cuidado de Deus para conosco esta fundamentada nao apenas nas suas promessas passadas e atuais, mas tambem na fidelidade do seu Espirito.
3. A Obra do Espírito (1.13c-14)
Paulo diz aos efésios que eles
foram “selados com o Santo Espirito da promessa, o qual e o penhor da nossa herança, ate ao resgate da sua propriedade, em louvor da sua gloria” (v. 13b-14). Aqueles que fazem parte do plano redentor de Deus foram marcados com um selo que garante que receberam todos os direitos de herdeiros num reino redimido e corrigido. O conceito de “herança” e encontrado em outras cartas que Paulo escreveu na prisão (Ef 5.5; Cl 1.12; 3.24) e nos seus discursos em Atos (20.32; 26.18). Essa e uma sequencia importante. Jesus falou da herança do reino e da vida eterna (Mt 19.29; 25.34) e seus seguidores continuaram a mencionar essas coisas (1Co 6.9- 10; 15.50; Gl 5.21; Hb 1.14; 9.15; 1Pe 1.4). Porem, não foram as palavras de Jesus que deram origem ao conceito. O povo do Antigo Testamento também havia recebido a promessa de uma herança de Deus. Hoje, como povo de Deus, essa herança também e“nossa”, porém não somos os únicos beneficiários dela. Deus também tem a sua própria herança nos santos (cf. Ef 1.18 e veja comentários sobre o v. 11,acima). A imagem de “selo” que Paulo está pedindo para lembrar e a da cera que era afixada num documento oficial cujas promessas eram garantidas por causa da autoridade daquele que marcava o selo com um anel de selar. O sinal era a garantia que o que estava prometido seria cumprido para aqueles aos quais a promessa havia sido feita. Porém, Paulo não está finalizando a imagem nesse ponto. O Espirito Santo não e apenas uma marca de Deus de que somos dele; o Espirito também e um adiantamento que garante a redenção que vira.4 Esse penhor ou adiantamento e semelhante a parte do pagamento antecipado pela compra de uma casa que assegura a nossa condição de comprador, ou os primeiros frutos de uma colheita que indicam que o restante está vindo.5 O Espirito e a primeira evidencia de toda a grandeza do cumprimento total do proposito de Deus na nossa vida. Tudo isso soa muito bem. O Espirito nos marca como posse de Deus e serve como garantia do proposito de Deus na nossa vida.
SETE OBRAS DO ESPÍRITO SANTO:
Em primeiro lugar, ele convence o
homem do pecado (Jo 16.8)
Em segundo lugar, ele regenera o
pecador (Jo 3.5). O homem é concebido em pecado, nasce com uma natureza inclinada ao pecado e não pode mudar a si mesmo. Só o Espírito Santo pode mudar as disposições íntimas da nossa alma e nos fazer uma nova criatura. Só o Espírito Santo pode nos dar um novo coração, uma nova mente e uma nova vida. Só pela obra do Espírito Santo o pecador pode ser regenerado, nascer de novo e fazer parte da família de Deus.
Em terceiro lugar, ele sela o
crente como propriedade exclusiva de Deus (Ef 1.13)
Em quarto lugar, ele é o penhor
que nos dá garantia da nossa redenção (Ef 1.14) Em quinto lugar, ele batiza o crente no corpo de Cristo (1Co 12.13)
Pois, em um só Espírito, todos nós
fomos batizados em um só corpo, quer judeus, quer gregos, quer escravos, quer livres. E a todos nós foi dado beber de um só Espírito. (1 Coríntios 12:13)
Em sexto lugar, ele dá dons
espirituais aos salvos (1Co 12.7- 11)
A manifestação do Espírito é concedida a cada um visando um fim proveitoso
Em sétimo lugar, ele dá poder aos
santos para testemunhar (At 1.8) Essas são verdades preciosas que dão significado, proposito e coragem para a nossa vida. Posso saber que nada na minha vida e sem proposito porque creio que o Salvador morreu por mim e, agora, como meu Senhor ressuscitado, ele vive em mim pelo seu Espirito, de modo que minha vida será usada para a sua gloria. Crer nisso e evidencia (e garantia) da presença do Espirito e do proposito de Deus para a minha vida. Deus tem um proposito para mim em meio a todas as minhas fraquezas, fragilidades, pecados e medos. Será que Paulo se expressou dessa maneira por não imaginar os desafios que vivemos hoje? Ele esta dizendo que podemos saber que tudo cooperara para a gloria de Deus e para o nosso bem simplesmente por causa da evidencia da nossa fe a reivindicação do Espirito Santo sobre nos. Paulo vive no mundo real? Sim, ele escreve essa carta sob a guarda romana e esperando o seu julgamento. Ele conhece o mundo real. E, porque ele crê no evangelho, crê que até mesmo o seu sofrimento era parte do propósito de Deus para espalhar a mensagem da sua fidelidade no passado e no presente, até que todo o seu povo precioso esteja reunido para a gloria do seu nome. Como a nossa fraqueza diante do mundo fora de nos e o pecado causado pelo mundo dentro de nós são tão evidentes, necessitamos da abençoada garantia de que não vivemos inutilmente e que os nossos erros não nos afastam do amor de Deus. Em última análise, nossa segurança deve se afastar de qualquer coisa que o mundo possa nos oferecer e, em vez disso, apegar-se a fidelidade do nosso Deus que é confirmada pela obra do seu Espirito em nos. Sem essas garantias, as coisas que temos de enfrentar até que Cristo volte seriam insuportáveis. Mas, com a segurança de que os propósitos de Deus são infalíveis, e de que fazemos parte do seu plano, podemos enfrentar o que quer que ele nos chame a suportar, e estaremos seguros mesmo quando as nossas fraquezas são evidentes. Recentemente, um amigo comentou como a conclusão do ensino médio do seu filho