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Disciplina: AM 505 – Missões Transculturais

Professor: Flavio Silva


E-mail do professor: prof.flavio@fitref.online

AULA 2 – A História por Trás das Histórias

Resumo da aula:

1.0 – Introdução
2.0 – Glória, Nome e Adoração
3.0 – Êxodo e Conquistas: Não qualquer deus, mas o Deus de Abraão
4.0 – Deus Presente
5.0 – Jesus Cristo – Deus entre nós
6.0 - Conclusão

Leitura obrigatória: Hawthorne, Steve – A História da sua Glória

Tarefa(s) desta aula:


As tarefas estão distribuídas ao longo da aula.

Estudo dirigido de fixação:


Não há.
1.0- Introdução

Embora rica em personagens, a Bíblia é um livro totalmente centrado em


Deus. A narrativa bíblica nada mais é que o registro do Deus missionário resgatando
para si um povo e através dele expressando seu plano redentor para a humanidade.
A coleção de histórias bíblicas serve ao propósito redentivo do Deus vivo.
A teologia deriva da Missio Dei. Em sua iniciativa de restabelecer a ordem
original entre criação humana e criador, Deus se auto revela na Bíblia. Esta ordem
original tem em sua essência a adoração ao criador. O culto racional (Rm 12:1) só é
possível quando conhecemos o alvo da nossa adoração. Para ser adorado, Deus se
revelou.
A Bíblia, portanto, requer uma leitura cristocêntrica. Qualquer outra
perspectiva de leitura nos fará perder a essência da revelação, seu significado e
implicações para as nossas vidas. Por exemplo, muitos crentes leem a Bíblia com
um foco humanista ou egocêntrico, pensando em como seus ensinamentos podem
lhes ser úteis. Eles perdem o foco da revelação e acabam subnutridos
espiritualmente, quando não adoecem e caem.
Deus só pode ser amado e adorado na medida que é conhecido. Por isso, a
revelação encontrada nas Escrituras Sagradas – A história por trás das histórias.
2.0- Glória, Nome e Adoração

Para entendermos o propósito missional de Deus na narrativa bíblica


precisamos distinguir estes três termos: adoração, glória e nome. A adoração ao
Deus criador é o destino que se almeja. Deus está em busca dos verdadeiros
adoradores (Jo 4:23). A verdadeira adoração ocorre racionalmente, por amor ao
Deus vivo, e restaura o propósito fundamental do humano, sem o qual este não
encontra sentido. Para que isto ocorra, é preciso entender quem é o alvo da nossa
adoração. Por isso, na história da salvação, Deus revela a sua glória para assim
fazer conhecido seu nome, ou reputação, diante dos povos.
Nas Escrituras, a palavra “glória” refere-se ao valor essencial das pessoas,
das criaturas e do Criador. A palavra hebraica para “glória” tem o sentido de beleza,
brilho, peso. Glorificar algo ou alguém é reconhecer o seu valor intrínseco. Quando
alguém é exaltado, ou engrandecido, ele está sendo glorificado. Ninguém nem nada
é comparável ao Deus criador. Por isso, a Bíblia ensina que só Deus é digno de
glória. Contudo, como as nações irão glorificá-lo se não o conhecem (Rm 10:14)?
Para que a verdadeira adoração seja possível, Deus precisa tornar seu nome
(reputação) conhecido.
Ao longo da história da salvação, Deus se fez conhecido demonstrando a sua
glória. Esta demonstração visava mostrar às nações que o Deus de Abraão, Isaque
e Jacó não era mais um deus. Ele é o Deus criador do universo e único digno de
adoração. Deus escolheu um povo para abençoar e através dele abençoar todas as
nações da terra. Através do relacionamento com este povo, o nome de Deus se
tornou conhecido na terra. Deus demonstra sua glória as nações para receber glória
delas.
Na aula 1, vimos como Deus começou a se revelar a Abraão e seus
descendentes diretos. Cinco vezes no livro de Gênesis, Ele afirma e reafirma a sua
promessa a Israel o seu propósito global para as nações. Agora, veremos algumas
passagens estratégicas na história da salvação que demonstram a preservação do
propósito de Deus para o seu povo até hoje.

3.0- Êxodo e Conquistas: Não qualquer deus, mas o Deus de Abraão

A passagem de Êxodo 9:15-16 demonstra o propósito de Deus por trás da


história de libertação dos hebreus da escravidão no Egito. Através do seu servo
Moisés, Deus diz a faraó: “Pois já eu poderia ter estendido a mão para te ferir a ti e
o teu povo com pestilência, e terias sido cortado da terra; mas, deveras, para isso te
hei mantido, a fim de mostrar-te o meu poder, e para que seja o meu nome
anunciado em toda a terra.” Este é um texto revelador. O propósito não era
simplesmente livrar os hebreus da escravidão, como muitos de nós aprendemos.
Havia um propósito maior por trás desta façanha: tornar o nome de Deus conhecido
na Terra.
Deus sempre está pronto. Ele não precisava de todas aquelas pragas para
retirar a descendência de Abraão do Egito. O seu poder era mais que suficiente para
isso. Mas, Ele pretendia com aquele “espetáculo” mostrar sistematicamente aos
egípcios, etnias que habitavam no Egito – superpotência da época - e as nações
vizinhas que Ele estava acima de todos os deuses que adoravam.
Tornou-se o nome de Deus conhecido através da demonstração do poder de
Deus naquele episódio? Sem dúvida. Na saída do povo hebreu do Egito já
encontramos evidência disso. Ex 12:38 refere-se a uma multidão de prosélitos que
parte junto com os hebreus. Ou seja, a demonstração do poder de Deus através de
moisés e das pragas fez o nome dEle conhecido a ponto de vidas aceitarem o
senhorio de Deus. Mais à frente (Ex 15:3-15), após a travessia do Mar Vermelho,
Moisés declara: “Senhor é o seu nome…quem é como tu, glorificado em santidade?”
e reconhece que “Os povos o ouviram, eles estremeceram”.
Assim como a libertação do Egito, a conquista de Canaã também tinha um
duplo propósito: cumprir a promessa a Abraão de dar uma terra para sua
descendência, mas também de continuar a promover o nome do Deus criador entre
as nações. As vitórias e conquistas forjaram o termo “Deus de Israel” perante reis e
nações da época. A violência das conquistas demonstra a condenação e punição do
Deus criador a toda idolatria (Js 23:7).
A conquista de Canaã não ocorreu por mérito de Israel. Deus já havia deixado
isso claro em Dt 7:6-8:
“Porque tu és povo santo ao SENHOR, teu Deus; o SENHOR, teu
Deus, te escolheu, para que lhe fosses o seu povo próprio, de todos os povos
que há sobre a terra. Não vos teve o SENHOR afeição, nem vos escolheu
porque fôsseis mais numerosos do que qualquer povo, pois éreis o menor de
todos os povos, mas porque o SENHOR vos amava e, para guardar o
juramento que fizera a vossos pais, o SENHOR vos tirou com mão poderosa
e vos resgatou da casa da servidão, do poder de Faraó, rei do Egito.”

Israel fora escolhido pela graça e amor de Deus. Israel não tem valor
intrínseco (glória). É a relação com o Deus de Abraão que faz dos Israelitas, espiritual
ou não, um povo especial.

4.0- Deus Presente

Como vimos na aula passada, se o cerne do problema é relacional, a solução


também precisa ser. No cumprimento de sua missão, Deus sempre buscou esta
relação íntima com seu povo a ponto de coabitar com ele. Como coloca Steve
Hawthorne, “Habitar é uma questão relacional. É a adoração consumada”.
A ideia da coabitação surgiu primeiro no símbolo do tabernáculo. Na instrução
para construção do mesmo, Deus declara sua intenção: “E me farão um santuário,
para que eu possa habitar no meio deles.” (Ex 25:8). O tabernáculo significava a
presença de Deus no meio do seu povo. Esta presença remonta os encontros que
Deus tinha com a criatura humana no Éden, primordial para a adoração verdadeira.
O tabernáculo evoluiu para o templo mantendo a ideia do símbolo da presença
de Deus. Este símbolo da presença de Deus em meio a um povo específico não
deve ser visto como exclusivo de Israel, mas como modelo de relacionamento que
Deus queria desenvolver com todas as nações. Como orou Salomão na dedicação
do templo: “

“Também ao estrangeiro, que não for do teu povo de Israel, porém vier de
terras remotas, por amor do teu nome (porque ouvirão do teu grande nome, e da tua
mão poderosa, e do teu braço estendido), e orar, voltado para esta casa, ouve tu nos
céus, lugar da tua habitação, e faze tudo o que o estrangeiro te pedir, a fim de que
todos os povos da terra conheçam o teu nome, para te temerem como o teu povo
de Israel e para saberem que esta casa, que eu edifiquei, é chamada pelo teu nome.”
1 Rs 8:41-43

Perceba que a intenção de Deus em abençoar Israel continua tendo um


propósito mais amplo, global. Mais à frente, o texto da palavra diz que “Todo o mundo
procurava ir ter com ele para ouvir a sabedoria que Deus lhe pusera no coração.” 1
Rs 10:24. A oração de Salomão foi atendida. Mas, mesmo coabitando com Deus,
Israel foi incapaz de cumprir seus propósitos. O mesmo Salomão mais tarde ergue
altares a divindades das suas esposas pagãs. A idolatria persiste no coração do
homem, inclusive do israelita. Sendo assim, como seria cumprida a profecia de
abençoar a todas as nações? Deus teria que prover a sua solução.
A solução viria do próprio Deus, o texto de Ez 36:22-23 é bastante elucidativo.
Deus diz através do profeta:

“Dize, portanto, à casa de Israel: Assim diz o SENHOR Deus: Não é por amor
de vós que eu faço isto, ó casa de Israel, mas pelo meu santo nome, que profanastes
entre as nações para onde fostes. Vindicarei a santidade do meu grande nome, que
foi profanado entre as nações, o qual profanastes no meio delas; as nações saberão
que eu sou o SENHOR, diz o SENHOR Deus, quando eu vindicar a minha santidade
perante elas.

Deus continua sendo o centro da Bíblia. Ele teria que prover uma solução. Aí
vem Cristo Jesus.

5.0- Jesus Cristo – Deus entre nós


Se o templo foi a evolução do tabernáculo significando a presença de Deus
no meio de seu povo, Cristo foi a materialização deste significado. Ele é o clímax da
história da salvação, o Emanuel – Deus entre nós.

Tarefa 1): No quadro abaixo, identifique a conexão entre cada evanto listado e o
propósito missionário de Deus....
Na manutenção do propósito redentivo de Deus, Cristo não poderia ser mais
claro com os seus discípulos do que foi em At 1:8. Ele reservou as últimas palavras
registradas na Bíblia para direcionar seus seguidores dizendo: “mas recebereis
poder, ao descer sobre vós o Espírito Santo, e sereis minhas testemunhas tanto em
Jerusalém como em toda a Judéia e Samaria e até aos confins da terra.” O nome
do Senhor precisa ser proclamado onde ainda não há adoração.

6. 0 – Conclusão

A Bíblia é um registro da missão do Deus missionário. Na sua missão


redentora, Deus escolheu um povo para abençoar e se fazer conhecido a todas as
nações. Os personagens da história mudaram, pactos foram se desenrolando, mas
o propósito redentivo de Deus através do seu povo continua até hoje.
Por trás das histórias bíblicas existe uma história que une todas elas: a história
do amor de Deus expressada para as nações através do exemplo de Israel da Igreja
de Jesus Cristo.

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