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Angola 2050

Igualdade de Género

Estratégia Preliminar de Longo Prazo

Junho de 2020
A auscultação da tutela, das instâncias governamentais e da sociedade civil não foi integralmente
realizada, prevendo-se que se venha a realizar oportunamente. Nesta fase, para a construção da
abordagem estratégica para a Igualdade de Género, foram consideradas as políticas, planos e
estratégias nacionais e internacionais já existentes

Por realizar

Auscultação e sindicação via entrevistas: MASFAMU


▪ Entrevistas a 5 agentes não-ministeriais

Discussão aprofundada em workshop de imersão

▪ 10-15 agentes do sector (ministeriais e não-ministeriais)

+ Análise de documentos-chave:

Politica Nacional para a Igualdade e Equidade de Género; Estratégia de Advocacia e Mobilização de Recursos para Implementação e
Monitoria da Política; Relatório Analítico de Género de Angola 2017; CENSOS 2014

2
Nota metodológica: Pares de comparação

SADC – Comunidade de Desenvolvimento da África Austral África Subsaariana


Os “vizinhos” mais próximos A região mais ampla

África do Sul, Botsuana, Cômoros, Todo o continente excepto:


Eswatini, Lesoto, Madagáscar, Maláui, Argélia, Egipto, Líbia,
Maurícias, Moçambique, Namíbia, R.D. Marrocos, Sahara Ocidental,
Congo, Seicheles, Tanzânia, Zâmbia, Tunísia
Zimbabué

Países Pares:

África do Sul Botswana R.D. Congo Quénia Moçambique Namíbia Tanzânia Zâmbia Zimbabwe Ruanda

3
Nota metodológica: Fontes de dados

Organismos
1 MASFAMU 2 Fórum Económico
Mundial
3 Internacionais

Dados sobre realidade Angolana Fonte primária para Dados complementares aos do
comparações entre países de FEM, designadamente ONU
Fonte primária para análise do índices de paridade Mulheres
país o CENSOS 2014, Inquérito
de Indicadores Múltiplos de Dados compilados e estimados a Fontes como Banco Mundial,
Saúde (IIMS) 2015-2016 e o partir de informações fornecidas por OCDE, União Africana, e outros
Relatório Analítico de Género de Governos e agências de cada país artigos académicos
Angola 2017

4
Estrutura do documento

Trajectória recente

Balanço à luz do
Angola 2025

Macro-tendências até
2050

Potencial e ambição
para Angola em 2050

Eixos de Solução

5
POPULAÇÃO

Em 2020, a população de Angola é de ~31,127 milhões, onde as mulheres representam a maioria


da população, 51%, e os homens 49%

15,959 15,168
milhões milhões

51% 49%

Urbano Rural Urbano Rural


63% 37% 64% 36%

FONTE: Estimativas da população, INE 2015 6


TRAJECTÓRIA RECENTE I LEGISLAÇÃO

Nos últimos 10 anos, Angola tem dado passos importantes para assegurar uma maior paridade de
género através, por exemplo, da implementação de várias Leis e Decretos Presidenciais que abordam
a prevenção da violência doméstica, promoção da igualdade de género e apoio à mulher rural
Decreto Presidencial nº 52/12 - Decreto Presidencial nº Decreto Presidencial
Comissão Nacional de Auditoria 36/15 - Regime Jurídico n.º 143/17 - Plano
e Prevenção de Mortes do Reconhecimento da Nacional de Acção da
União de Facto por Com o PND 2013-2017
Maternas, Neonatais e Infantil Resolução 1325 do
(CNPAMMNI) Mútuo Acordo e Conselho de verificou-se um aumento
Dissolução da União de Segurança das NU, no número de
Lei de Base do Sistema Decreto Presidencial 138/12 -
Lei nº 22/10 dos Facto Reconhecida sobre Mulheres, Paz e
da Educação (Lei 13/01) Partidos Políticos
Programa Nacional de Apoio à instrumentos legais no
Mulher Rural Lei das Cooperativas Segurança
panorama nacional

Maior foco foi dado à


Igualdade de género com
1997 2001 2004 2010 2011 2012 2013 2015 2016 2017 a aprovação da Política
Nacional para a
Igualdade e Equidade de
Aprovado o Estatuto Lei da Terra Lei nº 25/11 Contra a Plano Nacional de Decreto Presidencial Género (PNIEG) em 2013
Orgânico do Ministério da 9/04 Violência Doméstica Desenvolvimento 2013-2017 155/16 - Regime
Família e Promoção da Decreto Presidencial nº 26/13 - Jurídico do Trabalho
Mulher (MINFAMU)
Decreto Presidencial Doméstico e de Contudo, existem ainda
n.º 8/11 – Protecção Plano Executivo de Combate à
da Maternidade Violência Doméstica e a Protecção Social do poucos mecanismos e
Trabalhador de Serviço
Comissão Multissectorial para a
Doméstico;
instrumentos legais que
Implementação do Plano, bem
Plano Nacional de visem temáticas
como o Cronograma de Acções
Desenvolvimento especificas às mulheres.
Decreto Presidencial 124/13 - da Juventude
Regulamento da Lei contra a Por exemplo: flexibilidade
Violência Doméstica laboral e quotas de
Lei 30/11 das Micro, Pequenas e representação noutros
Médias Empresas sectores para além dos
Decreto Presidencial nº 165/13 -
partidos políticos
Regulamento da Lei nº 25/11 e
medidas de apoio e protecção da
vítima de violência doméstica
Decreto Presidencial 222/13 -
Política Nacional para a Igualdade
e Equidade de Género
FONTE: Relatório Analítico de Género de Angola 2017 (Ministério da Família e Promoção da Mulher) 7
MACRO-TENDÊNCIAS ATÉ 2050

No cumprimento do ODS 5 - Igualdade de Género Angola ainda apresenta um score abaixo da média
global

Posição de Angola no cumprimento do ODS 5: Igualdade de Género (score)

Países pares encontram-se


acima dessa média e alguns em
posições de relativo destaque no
África do Sul
83,5 Ruanda
cumprimento do objectivo da
75,9 Namíbia Igualdade de Género
74

Média Global 62
Chile Zâmbia É o caso da Namíbia, Ruanda
61,7 59,8
Zimbabwe ou África do Sul
55,5

Angola
Melhorar a posição no score
exige um compromisso e
Nigéria investimento em políticas de
36,4
igualdade de género
concertadas, eficazes e que
permitam transformações
significativas das desigualdades
África do
Sul penalizadoras das mulheres em
diferentes planos
Indicadores que constituem o score do Objectivo 5 - Igualdade de Género: Proporção de mulheres (20-24 anos) casadas ou em união antes dos 18 anos; Proporção de
mulheres que acham justificável a violência por parte dos seus parceiros; Existência de legislação que permita a prática do aborto; Proporção de lugares ocupados por
mulheres no parlamento; Proporção de mulheres em cargos ministeriais ou lugares de chefia de gabinetes ministeriais

Nota: A posição horizontal dos scores dos países não reflecte uma métrica, usada para facilitar a leitura
Fonte: Equal Measures 2030
8
TRAJECTÓRIA RECENTE

À semelhança do resto do continente Africano, Angola enfrenta um desafio de igualdade de género


Índice de Igualdade de Género – Fórum Economico Mundial, 2020
Ranking Ranking
Global País Valor (0-1)2 Africa
(1-34)
1 Islândia
2 Noruega
9 Ruanda 1
12 Namíbia 2
17 Africa do Sul 3
47 Zimbabué 6 Em termos globais,
56 Moçambique 8 Angola ocupa o 118º
65 Uganda 10 lugar (quartil inferior) em
Média SADC 153 países
73 Bostwana 12
82 Etiópia
Angola ocupa o 24º lugar
13
88 Lesoto 15
entre as nações africanas
Média ASS no ranking do FEM (2º
96 Camarões 16 quartil), abaixo das
99 Senegal 18 médias da SADC e da
109 Quénia 20 África Subsaariana
118 Angola 24
128 Nigéria 27
139 Mali 30
147 Chade 33
149 RD. Congo 34

1 No universo dos 34 países africanos que constam no ranking


2 Resultado de 1 aponta para paridade total
3Todas as médias são baseadas nos dados disponíveis ; Nem todos os países da SADC e AS estão representados

FONTE: Fórum Económico Mundial (FEM), 2020 9


TRAJECTÓRIA RECENTE

No contexto Africano, Angola posiciona-se no cluster “Middle of the Road”, evidenciando potencial
para melhoria tanto na participação societária como económica
África Austral África Ocidental África Central Norte de Africa África Oriental

Igualdade de Género no Trabalho

0.7
Líderes Namibia
Botswana
Focado no
trabalho Lesotho

Suazilândia África do Sul


0.6 RDC Zimbabwe
Nigéria Burundi

Madagascar Etiópia Rwanda


Guinea Angola
Serra Leoa Gabão Camarões Moçambique Maurícias
0.51 Tanzânia
Togo Quénia
Costa do Marfim Uganda
Média do índice
de Igualdade de Benin Senegal Zâmbia
Middle of
género no
Trabalho Chad Liberia the Road
Niger Malawi
0.4
Egipto
Mauritânia Tunísia
Oportunidade
para crescimento Burkina Marrocos
Mali
Faso Argélia

0.3
0.4 0.5 0.63 0.7 0.8 0.9
Média do índice de
Igualdade de Género na Igualdade de Género na Sociedade
Sociedade

FONTE: McKinsey Power of Parity in Africa report, 2019 10


TRAJECTÓRIA RECENTE

Trajectória recente dos principais indicadores da Igualdade de Género explicada ao nível de duas
dimensões DETALHADO DE SEGUIDA

A. Serviços essenciais e potenciadores de oportunidades económicas


▪ Reduzido acesso a serviços de saúde sexual e reprodutiva: reduzido acesso ao planeamento familiar, e com clara assimetria de cobertura no
território; reduzida utilização de métodos contraceptivos, taxas de fertilidade (5,8 filhos por mulher) e de gravidez na adolescência muito elevadas
▪ Em cada 100.000 nascimentos morrem 241 mulheres o que, apesar de representar um decréscimo substancial face aos últimos 15 anos, é ainda
um número muito elevado
▪ A taxa de alfabetização das mulheres é sempre menor do que a dos homens em qualquer grupo etário
▪ O índice de paridade na educação é muito baixo em Angola e revela a profunda desigualdade de género
▪ Áreas de formação superior: as ciências empresariais, administração e direito representam já 30% das escolhas das mulheres no ensino
superior, mas as áreas STEM ainda não constituem opção
1. Paridade de ▪ A reduzida inclusão financeira e literacia digital das mulheres impacta muito negativamente na autonomia e participação económica das mesmas
Género na Sociedade
B. Participação Política
▪ Angola apresenta evoluções positivas nas últimas duas décadas quanto à participação de mulheres em cargos ou posições políticas ao mais
alto nível: em 2018, 34,4% de mulheres ocupavam cargos ministeriais e cerca de 30% com assento na Assembleia Nacional

C. Segurança Física e Autonomia


▪ Em Angola, mais de 30% das mulheres entre os 15 e os 49 anos já sofreram alguma forma de violência física desde os 15 anos
▪ A violência física contra as mulheres desde os 15 anos de idade acontece em meio rural e urbano, em contexto conjugal e fora deste, afecta as
mulheres independentemente do seu nível de escolaridade
▪ O casamento precoce é uma realidade para muitas raparigas em Angola o que compromete o seu pleno desenvolvimento físico e emocional,
mas também a liberdade para projectos de vida autónomos e emancipatórios

D. Trabalho e acesso a recursos


2. Paridade de ▪ Em 2019, a diferença entre as taxas de emprego feminina e masculina foi reduzida
Género no Trabalho ▪ As mulheres no grupo etário 25-34 anos têm maior dificuldade no acesso ao emprego, além de que as mulheres mais qualificadas são
igualmente mais penalizadas do que os homens mais qualificados no acesso ao trabalho
▪ As mulheres têm um peso na economia formal abaixo dos homens
▪ Licença parental: Angola já assegura o direito a licença parental - 90 dias para a mãe e 1 dia para o pai - mas importa valorizar de igual modo a
maternidade e a paternidade e contribuir para uma maior partilha de responsabilidades e tarefas entre mulher e homem

11
TRAJECTÓRIA RECENTE

A. Angola ocupa a posição 1 na dimensão Saúde do Índice Global de Género do Fórum


Económico Mundial
Índice de Igualdade de Género - Dimensão Saúde, 2020
Índice: 0 = Desigualdade plena; 1 = Paridade total
Posição de Angola
no ranking
0,98 0,98 0,98 0,97

Angola SSA SADC OCDE

▪ A dimensão Saúde do IGG apenas considera a esperança média de vida à nascença e o


rácio de nascimentos homem/mulher

▪ Apesar do considerável aumento da esperança média de vida à nascença nas últimas


décadas, onde Angola passou de 45 anos em 1990 para 60 anos em 2017, o acesso a
serviços de saúde sexual e reprodutiva é limitado, com graves consequências na
qualidade vida e bem-estar dos Angolanos, em particular das raparigas e mulheres

FONTE: Índice de Igualdade de Género, Fórum Económico Mundial, 2020


12
TRAJECTÓRIA RECENTE

A. A satisfação das necessidades de planeamento familiar em Angola é muito inferior aos seus
pares
Proporção de mulheres em idade reprodutiva (15 a 49 anos) satisfeita por Proporção de mulheres em idade reprodutiva (15 a 49 anos),
métodos modernos de planeamento (%), 2016 por área de residência e nível de escolaridade, satisfeita por
métodos modernos de planeamento (%), 2016

Nível de escolaridade
Zimbabwe 84,8 Secundário/Superior 47,5

Namibia 80,4 Primário 15,9

África do Sul 77,9 Nenhum 6,7

Ruanda 62,9

residência
Rural 5,6

Área de
África Subsaariana 54,7
Urbana 37,5

Angola 29,8 0 10 20 30 40 50

▪ Um acesso insuficiente ao planeamento familiar moderno remete as mulheres para uma espécie de condição natural e
reprodutiva, limitando a construção de projectos individuais e profissionais que não passem pela maternidade (ou sucessivas
maternidades) e pela reprodução do papel cuidador

▪ As assimetrias geográficas e de escolaridade no acesso a planeamento familiar moderno vem criar desigualdades entre as
mulheres: ser mulher com escolaridade média/superior e/ou viver num centro urbano é diferente de ser mulher pouco
escolarizada e/ou a viver numa área rural.
FONTE: UN Women; IIMS 2015-2016 13
TRAJECTÓRIA RECENTE

A. Níveis de escolaridade mais elevados e residir em centros urbanos facilitam o acesso a


métodos contraceptivos, aprofundando clivagens sociais entre as mulheres
Uso de métodos contraceptivos, por área de residência (%)
▪ A não utilização de métodos contraceptivos é mais
Actualmente não usa frequente nas áreas de residência rurais, onde
praticamente atinge os 100% da população inquirida
Algúm método tradicional
▪ É nas zonas urbanas onde se regista maior
utilização de métodos modernos de contracepção –
Algúm método moderno locais onde as necessidades de acesso a
planeamento familiar são mais frequentemente
0,0 10,0 20,0 30,0 40,0 50,0 60,0 70,0 80,0 90,0 100,0
supridas
Rural Urbana
▪ A escolaridade tem algum peso relativo no uso de
Uso de métodos contraceptivos, por nível de escolaridade (%) métodos contraceptivos. Verifica-se que é entre as
pessoas mais escolarizadas que o uso de métodos
modernos é mais comum e onde é menor a não
Secundário/Superior utilização de qualquer tipo de método

▪ Este impacto da escolaridade na saúde sexual e


Primário
reprodutiva reforça a importância de se investir em
condições para que as mulheres possam aceder e
Nenhum permanecer em carreiras escolares mais longas. A
escolaridade também possibilita formas de
0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100 experimentar o corpo, a saúde e a sexualidade mais
Actualmente não usa Algúm método tradicional Algúm método moderno emancipadas e com menores riscos

Fonte: IIMS 2015-2016 14


TRAJECTÓRIA RECENTE

A. A taxa de fertilidade em Angola é ainda bastante elevada, acima dos seus pares e da média da
África Subsaariana, com consequências nos projectos de vida pessoais e profissionais, em
particular das mulheres

Taxa de fertilidade, 2018 (Número médio de filhos por mulher)

6,2 6,1
5,8 5,7
5,3
5,1 5,0 4,9
4,6
4,3 4,2
4,0 4,0 3,9 3,8
3,5
3,1 3,1
2,8
2,5

FONTE: WB - Gender Statistics 15


TRAJECTÓRIA RECENTE

A. Em Angola, o elevado índice de gravidez na adolescência irá impactar tanto ao nível da


escolarização como à participação económica da mulher
Taxa de Gravidez na Adolescência, 2018

País Valor (Nascimentos por 1000 mulheres com idade entre 15-19)

Mali 167
Angola 148
Moçambique 146
▪ Angola tem um elevado índice de gravidez na
adolescência, e posiciona-se acima da
Malauí 132
média dos países da SADC
RDC 123

Uganda 116

SADC 110 ▪ Este fenómeno pode ser associado a


precaridade dos programas de educação
Nigéria 105
sexual, e impacta significativamente a
Essuatíni 75
capacidade das mulheres jovens se
Quénia 74 afirmarem no mercado de trabalho ou
Cabo Verde 73 prosseguirem os seus estudos
Etiópia 65 académicos
África do Sul 68 ▪ O acesso à saúde sexual e reprodutiva
Comoros 64 pelos jovens, rapazes e raparigas, é
Namíbia 62 condição essencial para resolver este
problema de saúde pública
Botsuana 45

Ruanda 39
OECD 20

FONTE: Banco Mundial 16


TRAJECTÓRIA RECENTE

A. Angola apresenta um rácio de mortalidade materna inferior às médias da África Subsaariana e


da SADC mas, ainda assim, apresenta uma taxa elevada

Rácio de mortalidade materna (mortes por 100.000 nascimentos), 2017

562
544 534 524
473
458
401
375
349 342 335 323
308
289
241
213
195
144
119

58
37

Fonte: WB 17
TRAJECTÓRIA RECENTE

A. A mortalidade materna reduziu substancialmente em Angola mas os cuidados maternos são


ainda insuficientes e com claras assimetrias geográficas
Consultas pré-natais e partos assistidos por área de residência Mortalidade Materna (nº de mortes por 100.000
(2016) nascimentos)

900
827
21,4 800
Partos assistidos por profissional de saúde
qualificado (%) 700
68,1
600

500 519

400
326
62,7 300
Consultas pré-natais com um profissional 251 241
de saúde qualificado (%)
92,2 200

100

0
2000 2005 2010 2015 2017
Rural Urbana

FONTE: UN Women 18
TRAJECTÓRIA RECENTE

A. Angola, comparativamente com os seus pares, apresenta uma taxa de prevalência de


VIH/SIDA relativamente baixa, no entanto, a % de mortes das mulheres por doenças
transmissíveis, em especial entre os 15 e os 34 anos, é bastante significativa
Causas de morte nas mulheres
Taxa de prevalência de VIH/SIDA (15-24 anos), por sexo, 2015
em Angola, 2016

11,1 15 aos 34 anos


10,3
Mulheres Homens
Doenças não-
transmissíveis
16%

6,8 Lesões
6,3 Doenças
14%
5,8 transmissíveis
5,4 5,2 70%
4,9

3,8 3,6
3,5
3 2,9
2,7 2,7
2,3 2,2
2 35 aos 59 anos
1,2 1,4 1,2 1,2
1,0 1
0,6 0,4 0,4 0,2 0,4 0,3 Doenças não-
0,20,1
transmissíveis
38,4%

Doenças
transmissíveis
56%

Lesões
4,7%

FONTE: WB - Gender Statistics; Anuário de Estatísticas Sociais 2011-2016 19


TRAJECTÓRIA RECENTE

A. Angola ocupa a posição 147 na dimensão Educação do Índice Global de Género do Fórum
Económico Mundial
Índice de Igualdade de Género - Dimensão Educação, 2020
Índice: 0 = Desigualdade plena; 1 = Paridade total
Posição de Angola
no ranking

0,94 1,00
0,89
0,76
147/153

Angola SSA SADC OCDE

▪ Angola encontra-se abaixo dos pares, estando na posição 147º a nível global

▪ Estes resultados ao nível de educação podem ser explicados em certa medida por
condicionantes sociais e culturais (p.ex., se uma família tiver apenas possibilidades
económicas de ter um filho na escola, privilegiam os filhos em prol das filhas, que ficam em
casa a assegurar trabalhos domésticos ou começam a trabalhar)

FONTE: Índice de Igualdade de Género, Fórum Económico Mundial, 2020; 20


TRAJECTÓRIA RECENTE

A. De facto, ao nível da Educação, observa-se um desequilíbrio em todos os sub-indicadores


mas em particular no acesso ao ensino primário e secundário, reflectindo opções das famílias no
acesso à educação
Índice de paridade de género por sub-indicadores de Igualdade de Género na Dimensão Educação, 2020
Índice: 0 = Desigualdade plena; 1 = Paridade total
Posição de Angola no
ranking
0,90 1,00
0,67 0,78
Taxa de
141
alfabetização

0,97 1,00 1,00


0,76 Angola poderá
Matriculados
demorar 50 a 100
no ensino 147
primário anos a atingir a
paridade de
0,93 0,96 1,00 género na
0,81
Matriculados educação caso
no ensino 144 mantenha a actual
secundário trajetória de
0,98 evolução
0,83 0,73 0,85
Matriculados
no ensino 116
superior
Angola SSA SADC OCDE

FONTE: Índice de Igualdade de Género, Fórum Económico Mundial, 2020 21


TRAJECTÓRIA RECENTE

A. As mulheres permanecem afastadas da alfabetização e da literacia básica implicando a sua


desvalorização enquanto actores sociais e económicos, bem como inviabilizando percursos de
emancipação
Taxa de literacia e índice de paridade, por idade e sexo,
Taxa de literacia – Rácio H/M, 2020
2014
Botswana 1,02
0,67 0,83 0,59 0,24
Namíbia 1,00
África do Sul 0,99 84,4
80,0 79,4
Quénia 0,92
70,6
Ruanda 0,89
Uganda 0,86 53,4
47,1 47,5
Egipto 0,86
RD. Congo 0,75
Etiópia 0,75
Moçambique 0,69 11,4
Angola 0,67
Mali 0,56
mais de 15 anos dos 15 aos 24 anos dos 25 aos 64 anos mais de 65 anos
Chad 0,45
Homens Mulheres

▪ A taxa de literacia das mulheres é sempre menor do que a dos homens na maioria dos países da Africa Subsaariana, com Angola a destacar-
se entre os países com menor índice de paridade
▪ Importa destacar que os efeitos de género são diferentes em diferentes idades da vida. A taxa de literacia das mulheres mais jovens (entre os
15 e os 24 anos) tende a aproximar-se da dos homens. Mas subsiste a menor alfabetização das mulheres e a penalização das suas vidas no
presente e no futuro
▪ As desigualdades entre homens e mulheres tornam-se muito evidentes nos grupo etário entre os 25 aos 64 anos e, sobretudo, no grupo
acima dos 65 anos, criando situações de particular vulnerabilidade e dependência nestas mulheres 22
FONTE: WEF 2020; Censo 2014
TRAJECTÓRIA RECENTE

A. A baixa escolaridade apresenta-se como desvantagem penalizadora das mulheres,


tradicionalizando os seus papeis e reproduzindo incapacidade diferenciadora num contexto de
sociedades do conhecimento
Proporção da população com 18 ou mais anos por nível de ensino ▪ Globalmente, verifica-se uma baixa escolarização
concluído , 2014 dos homens e das mulheres em Angola. Sendo o
ensino primário o que tem maior peso entre as
Mulheres
65 ou mais anos

mulheres e homens dos 26 aos 64 anos


Homens
▪ A proporção de homens e mulheres com ensino
superior concluído é muito baixa, verificando-se que
Total
esse valor é sempre menor para as mulheres do que
2,1 11,0 para os homens e em qualquer idade
Mulheres 10,5
30,5
25-64 anos

3,5 17,4 ▪ Uma lógica de reprodução de desigualdades e de


Homens 17,5
55,8 tradicionalização do lugar das mulheres pode ser
verificada através da desvalorização da sua
Total
escolarização. De facto, em todos os grupos etários
11,6
analisados a proporção de mulheres que conclui
Mulheres 25,4
32,6 qualquer nível de ensino é sempre menor do que a
18-24 anos

14,4 dos homens


Homens 32,2
34,9
▪ Num contexto global em que as sociedades se
Total baseiam cada vez mais no conhecimento, a
escolarização das mulheres revela a limitação da
0,0 10,0 20,0 30,0 40,0 50,0 60,0
possibilidades de vida e remete as mulheres para
Ensino superior II ciclo do ensino secundário I ciclo do ensino secundário lugares de potencial exclusão e/ou dependência
Ensino primário Nenhum nível

FONTE: Homens e Mulheres em Angola 23


TRAJECTÓRIA RECENTE

A. Angola apresenta valores elevados de crianças fora do sistema de ensino primário


comparativamente com os seus pares. A não participação precoce na escola reproduz estereótipos e
remete as raparigas para posições e papeis tradicionais
Nº total de crianças
Crianças dos 7 aos 12 anos fora do sistema de ensino primário, 2013 fora do sistema

Zambia 46,2 53,8 352 280

Num contexto de
Tanzânia 44,1 55,9 1 370 468
globalização das
Namíbia 33,4 66,6
sociedades assentes no
12 748
conhecimento, as
Moçambique 62,6 37,4 meninas fora do sistema
561 413
irá condicionar
Maurícia 21,3 78,7 2 305
fortemente as suas
opções de vida,
Lesotho 43,7 56,3 29 471 incompatíveis com
projectos
Eswatini 52,9 47,1 30 229 emancipatórios futuros
Botswana 46,0 54,0 35 645

Angola 78,0 22,0 773 837

0,0 10,0 20,0 30,0 40,0 50,0 60,0 70,0 80,0 90,0 100,0

Meninas Meninos

FONTE:UNESCO 24
TRAJECTÓRIA RECENTE

A. O abandono escolar precoce parece estar directamente relacionado com o exercício de


actividades económicas e domésticas, ainda que outros factores como a pobreza, a distância à
escola e a subvalorização do ensino pelos pais possam ter influência
Evolução da taxa de abandono escolar em Angola, % Proporção de crianças envolvidas em actividade económica e
(ensino primário) tarefas domésticas, dos 5 aos 17 anos, por sexo (2015)

Homens Mulheres
26
21,2
19,9
16,6 16,8

6,5
3,8 3,3

2002 2005 2010 2012 2015 2017 2018 2019 Angola Ruanda Africa do Sul

▪ Do ponto de vista global, regista-se uma evolução positiva da taxa de abandono escolar no ensino primário. Contudo, os valores
permanecem elevados (acima dos 5%), não havendo dados recentes para analisar com perspectiva de género
▪ Angola apresenta valores elevados de rapazes e raparigas envolvidos em actividade económica precocemente, sendo que as raparigas
estão mais envolvidas do que os rapazes nestas actividades. Esta forma precoce de integração informal no trabalho ou nas
responsabilidades domésticas coincide, normalmente, com o abandono escolar precoce das raparigas
▪ Isto indicia a replicação de estereótipos e papeis de género tradicionais: retirada precoce das raparigas da esfera pública da escola (e
daquilo a que ela poderia dar acesso) e a sua remissão para tarefas cuidadoras da família e da casa.

FONTE: UN Women 25
TRAJECTÓRIA RECENTE

A. O acesso limitado e o abandono escolar precoce explicam que Angola apresente uma das
mais baixas taxas de graduação do ensino primário, mas também o índice de paridade que
confirma a desigualdade de género
Índice de
Taxa de graduação do ensino primário e índice de paridade (2017) paridade de
género

1,00 1,01 1,05 1,08 0,97 1,23 1,24 1,12 1,05 1,08 0,88 1,17 0,94 0,75 0,42

Quénia Zimbabué Cabo Verde Namíbia Zambia Ruanda Botswana Tânzania Uganda Madagascar Moçambique Senegal Etiópia Angola RDC

Mulheres Homens

FONTE: UNESCO
26
TRAJECTÓRIA RECENTE

A. A reduzida taxa de graduação das raparigas reflecte a sua acentuada exclusão do sistema de
ensino
Taxa de graduação do ensino obrigatório (1º ciclo do secundário) e índice de paridade (2017) Índice de
paridade de
género
0,99 0,98 1,27 0,91 1,33 0,89 0,86 1,07 1,13 0,80 0,95 0,80 1,02
82 82
78 79 76
64
60 58

44 43
38 41
33 35 32 35
30 31
28 28 25
22 23
20 17 17

Quénia Gana Cabo Verde Zimbabwe Botswana Zambia Mali Ruanda Senegal Etiópia Moçambique Angola Madagascar

Taxa de graduação do ensino superior e índice de paridade (2017)

1,10 1,97 1,93 1,64 0,70 0,90 1,01 0,61 1,03 0,83 0,80

18,6 18,4
16,9 17,6

12,8 12,5

9,3 9,1 8,8


7,8 7,8
7,0 6,4
4,1 4,0 3,9 3,9 3,8 3,5
2,1 1,4
1,1

Egipto Cabo Verde Namibia Africa do Sul Gana Ruanda Moçambique RDC Madagascar Angola Zimbabué

FONTE: UNESCO
27
TRAJECTÓRIA RECENTE

A. Escolhas formativas no ensino superior revelam a reprodução de estereótipos de género e


apresentam potenciais consequências duráveis na vida das mulheres
Proporção de mulheres e homens graduados no ensino superior por área científica, 2015
29,4
Ciências Empresariais, Administração e Direito
27,7
27,7
Educação
37,8

Saúde e Bem-Estar 15,8


6,9

Ciências Sociais, Jornalismo e Informação 15,5


11,2

Tecnologias de Informação e Comunicação (TICs) 3,8


5,5

Ciências Naturais, Matemática e Estatística 3,8 Mulheres


1,7
Homens
Engenharia, Indústria Transformadora e Construção 2,2
6,7

Artes e Humanidades 0,8


1,2

Serviços 0,5
0,5

Agricultura, Silvicultura, Pesca e Ciências Veterinárias 0,4


0,8

▪ As mulheres escolhem preferencialmente áreas científicas de formação que reproduzem os estereótipos de género que as associam às tarefas
cuidadoras, às emoções ou a funções estéticas ou expressivas, como sejam, a saúde e bem-estar, as ciências sociais, o jornalismo ou informação. No
entanto, já se identificam áreas de formação que garantem às mulheres novas formas de visibilidade e prestígio social, como sejam as ciências
empresariais, administração e direito
▪ As escolhas formativas não só revelam a reprodução de estereótipos de género como têm impactos na vida futura das mulheres. Desde logo, porque as
áreas mais masculinizadas - e onde as mulheres continuam a não entrar - são aquelas que se têm revelado as mais bem remuneradas nas sociedades
contemporâneas
28
FONTE: Banco Mundial
TRAJECTÓRIA RECENTE

A. As mulheres diplomadas em áreas STEM são, de forma geral, sempre inferiores aos homens
Graduados do ensino superior em áreas STEM (%), por sexo, 2020

Zimbabué 20,95 36,81

Madagascar 13,54 32,47

África do Sul 12,9 27,5

Ruanda 12,1 20 ▪ A fraca participação das mulheres em


cursos STEM é comum a todos os países
Quénia 11,19 20,8 analisados
RDC 11,04 17,86
▪ As áreas das Tecnologias de Informação e
Angola 9,87 13,89 Comunicação (TIC) e STEM são
fundamentais nas sociedades
Cabo Verde 8,01 30,64
contemporâneas
Gana 7,81 22,27
▪ A era digital pode representar uma
Egipto 7,73 15,3
oportunidade mas também acentuar as
Namíbia 7,71 21 desigualdades e a falta de oportunidades
para as mulheres integrarem o mercado de
Etiópia 7,61 12,37 trabalho que melhor remunera
Moçambique 5,62 13,47

Mulheres Homens

Nota: Valor de Angola reporta a 2015

FONTE: WEF – Global Gender Gap Report 2020 29


TRAJECTÓRIA RECENTE

A. A condicionar uma maior participação económica estão também serviços e alavancas de


inclusão que impactam desproporcionalmente as mulheres
Inclusão Digital Inclusão Financeira Proteção legal
País Valor (F/M rácio)1 País Valor (F/M ratio) País Valor (0-1)

Etiópia 1,00 África do Sul 0,80 África do Sul 0,75

RD. Congo 1,00 Senegal 0,76 Quénia 0,75

África do Sul 0,95 Média SADC 0,75 Uganda 0,67

Quénia 0,95 Uganda 0,74 RD. Congo 0,51

Angola 0,90 Moçambique 0,71 Angola 0,51

Botswana 0,83 Média ASS 0,70 Média ASS 0,47

Egipto 0,79 Quénia 0,69 Média SADC 0,46

Média SADC 0,78 Botswana 0,68 Moçambique 0,44

Moçambique 0,75 RD. Congo 0,67 Botswana 0,39

Média ASS 0,69 Angola 0,65 Senegal 0,39

Senegal 0,69 Etiópia 0,64 Etiópia 0,29

Uganda 0,54 Egipto 0,53 Egipto 0,21

Angola ocupa uma boa posição no continente em paridade de Angola ocupa uma posição baixa no continente em paridade de Angola ocupa uma posição mediana no índice de protecção
inclusão digital, à frente da média da África subsaariana e da inclusão financeira, muito atrás da média da África legal em África, mas acima das médias da África subsaariana
média da SADC subsaariana e da média da SADC e da SADC
1 Resultado de 1 aponta para paridade total
FONTE: Relatório McKinsey Poder da Paridade em África 30
TRAJECTÓRIA RECENTE

A. A inclusão financeira em Angola é reduzida e com enorme assimetria entre mulheres e homens

Proporção de adultos (15 ou mais anos) com conta em instituição financeira


ou numa prestadora de mobile-money, por sexo

80,7
80,6 ▪ Angola apresenta valores abaixo de outros
70,0
países da região, bem como abaixo da média
68,4
dos países da África Subsaariana
59,2
56,2
51,6 51,7
▪ Além disso, afecta de forma mais intensa as
51,7 51,1
46,8 46,5 mulheres do que os homens, sinalizando um
44,6 importante afastamento das mulheres do
42,2
40,3 37,9
36,1 acesso à esfera económica, à integração social,
32,9
29,8 27,4
bem como de potenciais recursos e
24,2 possibilidades de montagem dos seus projectos
22,3
19,6
de vida autónomos
16,3

▪ Destaca-se também o facto da assimetria entre


mulheres e homens no acesso a instituições
financeiras registada em Angola ser a mais
elevada entre os países analisados

Mulheres Homens

FONTE: UN Women 31
TRAJECTÓRIA RECENTE

A. Por exemplo, a nível da inclusão financeira existem cinco barreiras principais que NÃO EXAUSTIVO

dificultam o acesso a fundos

Muitas mulheres não podem trabalhar longe de casa porque são as


Restrições a Mobilidade principais cuidadoras da sua família ou porque o seu trabalho como
comerciante exige que fiquem num único local todo o dia

Como muitas mulheres trabalham informalmente, os bancos e outros


Percepção de risco prestadores de serviços financeiros não as consideram como bons
elevado potenciais clientes

Atacar as barreiras
Literacia financeira De acordo com o inquérito da S&P Global FinLit, apenas 30% das financeiras no continente
limitada entre as mulheres a nível mundial têm conhecimentos financeiros, em pode ajudar a
mulheres comparação com 35% dos homens acrescentar $15.2B ao
PIB de Angola em
Mesmo quando têm acesso, os serviços e produtos financeiros atuais 20251
não são ideais para as mulheres, dadas as normas culturais existentes.
Normas sociais e
Em alguns casos, os serviços financeiros podem até criar
mentalidades vulnerabilidades como, por exemplo, tornar mais difícil esconder fundos
de contingência dos maridos.

As mulheres empresárias enfrentam barreiras específicas. As que


Falta de direitos de tentam aceder ao crédito têm menos acesso (e em alguns casos
propriedade nenhum) às garantias financeiras porque a propriedade em África não
é normalmente registada em nome de uma mulher

1 Se todos os países igualassem ao progresso para a igualdade de género do seu vizinho com melhor desempenho (África do Sul, 0,76 pontuação de paridade de género). Calculado a partir dos $316B do relatório para toda a África vezes
~4,8%, a quota de Angola na economia do continente
FONTE: Relatório McKinsey Poder da Paridade em África, S&P Global FinLit Survey 32
TRAJECTÓRIA RECENTE

Trajectória recente dos principais indicadores da Igualdade de Género explicada ao nível de duas
dimensões DETALHADO DE SEGUIDA

A. Serviços essenciais e potenciadores de oportunidades económicas


▪ Reduzido acesso a serviços de saúde sexual e reprodutiva: reduzido acesso ao planeamento familiar, e com clara assimetria de cobertura no
território; reduzida utilização de métodos contraceptivos, taxas de fertilidade (5,8 filhos por mulher) e de gravidez na adolescência muito elevadas
▪ Em cada 100.000 nascimentos morrem 241 mulheres o que, apesar de representar um decréscimo substancial face aos últimos 15 anos, é ainda
um número muito elevado
▪ A taxa de alfabetização das mulheres é sempre menor do que a dos homens em qualquer grupo etário
▪ O índice de paridade na educação é muito baixo em Angola e revela a profunda desigualdade de género
▪ Áreas de formação superior: as ciências empresariais, administração e direito representam já 30% das escolhas das mulheres no ensino
superior, mas as áreas STEM ainda não constituem opção
1. Paridade de ▪ A reduzida inclusão financeira e literacia digital das mulheres impacta muito negativamente na autonomia e participação económica das mesmas
Género na Sociedade
B. Participação Política
▪ Angola apresenta evoluções positivas nas últimas duas décadas quanto à participação de mulheres em cargos ou posições políticas ao mais
alto nível: em 2018, 34,4% de mulheres ocupavam cargos ministeriais e cerca de 30% com assento na Assembleia Nacional

C. Segurança Física e Autonomia


▪ Em Angola, mais de 30% das mulheres entre os 15 e os 49 anos já sofreram alguma forma de violência física desde os 15 anos
▪ A violência física contra as mulheres desde os 15 anos de idade acontece em meio rural e urbano, em contexto conjugal e fora deste, afecta as
mulheres independentemente do seu nível de escolaridade
▪ O casamento precoce é uma realidade para muitas raparigas em Angola o que compromete o seu pleno desenvolvimento físico e emocional,
mas também a liberdade para projectos de vida autónomos e emancipatórios

D. Trabalho e acesso a recursos


2. Paridade de ▪ Em 2019, a diferença entre as taxas de emprego feminina e masculina foi reduzida
Género no Trabalho ▪ As mulheres no grupo etário 25-34 anos têm maior dificuldade no acesso ao emprego, além de que as mulheres mais qualificadas são
igualmente mais penalizadas do que os homens mais qualificados no acesso ao trabalho
▪ As mulheres têm um peso na economia formal abaixo dos homens
▪ Licença parental: Angola já assegura o direito a licença parental - 90 dias para a mãe e 1 dia para o pai - mas importa valorizar de igual modo a
maternidade e a paternidade e contribuir para uma maior partilha de responsabilidades e tarefas entre mulher e homem

33
TRAJECTÓRIA RECENTE

B. Angola ocupa a posição 46 na dimensão Política do índice Global de Género do Fórum


Económico Mundial
Índice de Igualdade de Género - Dimensão Política, 2020
Índice: 0 = Desigualdade plena; 1 = Paridade total
Posição de Angola
no ranking

0,33
0,26 0,20 46/152
0,19

Angola SSA SADC OCDE

Angola encontra-se acima dos pares, estando na posição 46 a nível global

Estes resultados ao nível da participação política são explicados pelo


nível de participação das mulheres em cargos ministeriais e na Assembleia
Nacional

FONTE: Índice de Igualdade de Género, Fórum Económico Mundial, 2020;


34
TRAJECTÓRIA RECENTE

B. No contexto da SADC, Angola marca uma posição interessante comparativamente com os


seus pares ao nível da participação das mulheres no Parlamento, ainda que atrás de países
como a África do Sul, Namíbia e Moçambique, mas acima da média da Africa Subsaariana

Mulheres com assento no Parlamento (%), 2020


Africa do Sul 46,6

Namibia 42,7

Moçambique 41,2

Tanzania 36,9

Zimbabué 31,9

Angola 30

Africa Subsaariana 24,4

Lesoto 23,3

Malawi 22,9

Seychelles 21,2

Mauricia 20

Zambia 16,8

Madagascar 15,9

RD. Congo 12,8

Botswana 10,8

Eswatini 9,6

FONTE: WB - Gender Statistics


35
TRAJECTÓRIA RECENTE

B. Angola destaca-se dos seus pares da SADC ao nível da participação das mulheres em
cargos ministeriais, apenas atrás de países como a África do Sul e Seicheles, mas muito acima
da média da África Subsaariana
Mulheres em cargos ministeriais (%), 2018

Africa do Sul 48,6

Seychelles 45,5

Angola 34,4

Eswatini 31,6

Zambia 30

Moçambique 28,6

Zimbabué 27,3

Madagascar 27,3

Africa Subsaariana 23,2

Tanzania 22,7

Namibia 20

Lesoto 18,2

Malawi 16,7

Botswana 15,8

RD. Congo 11,6

Mauricia 8,7

FONTE: WB - Gender Statistics


36
TRAJECTÓRIA RECENTE

B. O sistema politico angolano revela grande capacidade em integrar as mulheres como agentes
determinantes na decisão política. Angola apresenta evoluções positivas nas últimas duas
décadas quanto à participação de mulheres em cargos ou posições políticas ao mais alto nível
Evolução da participação de mulheres na Assembleia Nacional (%) Evolução da participação das mulheres em cargos
ministeriais (%)
38,6
34,4 36,8

27,8
30
22,2

15,5 15

5,7 6,3

2005 2008 2010 2015 2018 2000 2005 2010 2015 2020

Participação da mulher na diplomacia angolana (%) ▪ Registam-se elevadas proporções de mulheres em diferentes níveis de
decisão política
35,9 35,9
29,9
▪ As mulheres representam mais de 35% dos parlamentares

▪ A proporção de mulheres diplomatas também atinge níveis acima dos


30%, exceptuando o ano de 2016 que sofreu um decréscimo.
2012 2014 2016
▪ As mulheres ocupam pastas ministeriais com regularidade e mantendo
um nível de participação elevado desde 2010
FONTE: WB - Gender Statistics - Anuário de Estatísticas Sociais 2011-2016 37
TRAJECTÓRIA RECENTE

B. Significativa participação das mulheres em cargos da administração central e do poder judicial


Funcionários públicos por género (%), 2016 Participação das mulheres em cargos de decisão na administração
pública (%), 2016

34,7 33

42% 58%
20,8

10

1,7

Homens Mulheres Secretárias Gerais Directoras Chefes de Administradoras Administradoras


Departamento Municipais Comunais

▪ As mulheres estão a 8% de igualar aos homens ao nível da


sua participação na administração pública
Participação das mulheres no poder judicial (%), 2016
▪ Também a sua participação em cargos da administração 37,9
36,4 36,8
publica é inferior à dos homens, ainda que em termos 33,3
gerais e em diferentes geografias e culturas, este seja o 28,6
lugar preferencial para as mulheres desenvolverem as suas
carreiras profissionais, muito associada às suas áreas de
formação superior

▪ O Direito tem sido uma das áreas de eleição para formação


superior das mulheres. Neste sentido, a feminização dessa
área científica e de formação corresponde também a uma Juizas Conselheiras - Juizas Conselheiras - Juizas Conselheiras - Magistradas Judiciais - Juizas em Tribunais
Tribunal Supremo Tribunal Constitucional Tribunal de Contas Procuradoria Geral da Provincais (de 1ª e 2ª
forte integração e participação das mulheres a diferentes República Instância)
níveis do poder judicial, ainda que estejam longe da paridade
nas diferentes instituições judiciais
FONTE: Relatório Analítico de Género em Angola 2017; MINFAMU 38
TRAJECTÓRIA RECENTE

Trajectória recente dos principais indicadores da Igualdade de Género explicada ao nível de duas
dimensões DETALHADO DE SEGUIDA

A. Serviços essenciais e potenciadores de oportunidades económicas


▪ Reduzido acesso a serviços de saúde sexual e reprodutiva: reduzido acesso ao planeamento familiar, e com clara assimetria de cobertura no
território; reduzida utilização de métodos contraceptivos, taxas de fertilidade (5,8 filhos por mulher) e de gravidez na adolescência muito elevadas
▪ Em cada 100.000 nascimentos morrem 241 mulheres o que, apesar de representar um decréscimo substancial face aos últimos 15 anos, é ainda
um número muito elevado
▪ A taxa de alfabetização das mulheres é sempre menor do que a dos homens em qualquer grupo etário
▪ O índice de paridade na educação é muito baixo em Angola e revela a profunda desigualdade de género
▪ Áreas de formação superior: as ciências empresariais, administração e direito representam já 30% das escolhas das mulheres no ensino
superior, mas as áreas STEM ainda não constituem opção
1. Paridade de ▪ A reduzida inclusão financeira e literacia digital das mulheres impacta muito negativamente na autonomia e participação económica das mesmas
Género na Sociedade
B. Participação Política
▪ Angola apresenta evoluções positivas nas últimas duas décadas quanto à participação de mulheres em cargos ou posições políticas ao mais
alto nível: em 2018, 34,4% de mulheres ocupavam cargos ministeriais e cerca de 30% com assento na Assembleia Nacional

C. Segurança Física e Autonomia


▪ Em Angola, mais de 30% das mulheres entre os 15 e os 49 anos já sofreram alguma forma de violência física desde os 15 anos
▪ A violência física contra as mulheres desde os 15 anos de idade acontece em meio rural e urbano, em contexto conjugal e fora deste, afecta as
mulheres independentemente do seu nível de escolaridade
▪ O casamento precoce é uma realidade para muitas raparigas em Angola o que compromete o seu pleno desenvolvimento físico e emocional,
mas também a liberdade para projectos de vida autónomos e emancipatórios

D. Trabalho e acesso a recursos


2. Paridade de ▪ Em 2019, a diferença entre as taxas de emprego feminina e masculina foi reduzida
Género no Trabalho ▪ As mulheres no grupo etário 25-34 anos têm maior dificuldade no acesso ao emprego, além de que as mulheres mais qualificadas são
igualmente mais penalizadas do que os homens mais qualificados no acesso ao trabalho
▪ As mulheres têm um peso na economia formal abaixo dos homens
▪ Licença parental: Angola já assegura o direito a licença parental - 90 dias para a mãe e 1 dia para o pai - mas importa valorizar de igual modo a
maternidade e a paternidade e contribuir para uma maior partilha de responsabilidades e tarefas entre mulher e homem

39
TRAJECTÓRIA RECENTE

C. A violência contra as raparigas e mulheres é um problema global e de direitos fundamentais


não assegurados
Prevalência da violência de género na vida, % mulheres1

1 Todos os países com dados disponíveis


FONTE: Índice de Igualdade de Género, Fórum Económico Mundial, 2020 40
TRAJECTÓRIA RECENTE

C. Em Angola, mais de 30% das mulheres entre os 15 e os 49 anos já sofreram alguma forma de
violência física desde os seus 15 anos de idade
Em algum momento desde os 15 anos sofreu violência física (%)

Secundário/Superior 31,8
▪ A violência física desde os 15 anos de idade tem
Escolaridade

Primário 31,8
maior prevalência nas zonas urbanas. Contudo, os
valores nas zonas rurais são próximos. A violência
Nenhum 31,5
acontece em qualquer área de residência, basta
serem mulheres
Divorciada/separada/viúva 43,8
▪ A violência física não acontece apenas em contexto
Estado civil

Casada ou em união de facto 36,6


conjugal. Mais de 20% das mulheres que sofreram
alguma forma de violência física desde os 15 aos
Nunca casada
foram vítimas fora de qualquer tipo de relação
20,9
conjugal. Basta serem mulheres
residência

Rural 29,7
Área de

▪ As mulheres são vítimas de violência física


independentemente do seu nível de escolaridade.
Urbana 32,7
Basta serem mulheres
Idade

15-49 31,7

FONTE: IIMS 2015-2016 41


TRAJECTÓRIA RECENTE

C. Elevados níveis de violência física contra a mulher revelam formas de masculinidade tóxica,
desrespeito pelas raparigas e mulheres, bem como é sinal de profunda opressão e controlo
Mulheres que sofreram violência física nos últimos 12 meses (%), 2016 Mulheres que sofreram violência física nos últimos 12
meses (%) em Angola, 2016

RD. Congo 36,8


Secundário/Superior 21,1

Escolaridade
Camarões 32,7
Primário 21,7
Gabão 31,5
Nenhum 22,6
Uganda 29,9
Divorciada/separada/viúva 28,8

Estado civil
Tanzania 29,6
Casada ou em união de facto 26,1
Zambia 26,7
Nunca casada 12,7
Angola 25,9

Idade residência
Área de
Rural 20,5
Quénia 25,5
Urbana 22,2
Malawi 24,3
15-49 21,7
Ruanda 20,7

Namibia 20,2

Zimbabué 19,9
Em Angola, o exercício de violência contra as mulheres
Etiópia 19,8 revela um carácter sistemático: mais de 20% das
Moçambique 15,5
mulheres entre os 15-49 anos sofreu alguma forma de
violência física de modo frequente ou ocasional nos
últimos 12 meses
FONTE: WB - Gender Statistics
42
TRAJECTÓRIA RECENTE

C. O carácter sistemático da violência física contra a mulher revela relações de género assentes
na opressão
Mulheres que em algum momento sofreram violência sexual em
Angola, por escalão etário (%), 2016

▪ A violência sexual contra as mulheres é uma das formas


mais extremas de opressão, controlo e objectificação das
mulheres, dos seus corpos e da sua sexualidade

15-19 ▪ Os valores detectados são muito elevados, fazendo


40-49
entender que as formas de demonstração de autoridade e
5,2% 7% poder de uma masculinidade tóxica alastram da simples
violência física para a violência sexual, fazendo da
sexualidade violenta uma forma de reprodução do poder
10,2%
20-24 9,6% masculino
30-39
▪ Em 2016, o Governo lançou uma linha gratuita de
8,6% atendimento às vitimas de violência (SOS 15020)

▪ O Governo reconhece a prevenção e combate à violência


25-29
baseada no género, em particular contra as mulheres, como
um dos desafios a enfrentar

FONTE: IIMS 2015-2016; Discurso proferido por SE da família e promoção da Mulher, Ruth Mixinge, Genebra, 2019 43
TRAJECTÓRIA RECENTE

C. As múltiplas formas de violência em contexto conjugal reforçam a ideia de que a


conjugalidade não é necessariamente um lugar seguro para as mulheres, nem um espaço de
igualdade
Tipos de violência conjugal contra a mulher por área de residência, 2015

▪ Verificam-se elevados valores para os


Urbana Rural 42,8
diferentes tipos de violência conjugal contra
38,5 as mulheres
35,3
33,7
29,6 30,5 31,6 ▪ Estas formas de violência são mais comuns
em áreas de residência urbana. Contudo, os
24,3 valores identificados para as zonas rurais
não são muito distantes

▪ A magnitude destes valores é ainda maior se


tivermos em consideração que estas formas
8,2
6,8 6,6
5,8 5,3
muito privatizadas de violência são
4,1 relativamente pouco admitidas pelas vítimas,
reportadas ou denunciadas
Violência Violência Violência Física e Física, Física ou Física,
emocional física sexual sexual sexual e sexual sexual ou
emocional emocional

FONTE: IIMS 2015-2016 44


TRAJECTÓRIA RECENTE

C. O casamento precoce tem consequências graves e afecta profundamente as oportunidades e


projectos de vida dos jovens, em particular das mulheres que são mais vulneráveis a esta prática
Pessoas casadas aos 25 anos (%), por sexo, 2018 Mulheres jovens, dos 15 aos 19 anos, casadas (%), 2020

Mali 20,3 RDC 27,7


86,2
Moçambique 55,3 Nigéria 27,6
84,7
40,4 Gana 26,3
Malawi 81,4
39,2
Tanzânia 25,3
Uganda 77,8
Senegal 25
Madagascar 45
76,1 Angola 24,7
Zimbabué 31,5
74,5 Moçambique 23,1
Angola 39,7
68,1 Zimbabué 22,9
Etiópia 27,5 Uganda 22,8
68,1
Nigéria 15,2 Etiópia 22,8
67
Tanzânia 28,2 Madagascar 19
65,8
13 Malawi 18,7
Egipto 61
Zambia 18,6
Quénia 17,3
59,5 Lesoto 18,4
Senegal 9,4
58,6 Ruanda 18,1
Lesoto 18,5
51,2 Namibia 17,5
Cabo Verde 23,9 Mali 17,2
41,3
Ruanda 20,2 Quénia 15,6
41,2
Gana 12,3 Cabo Verde 15,4
40,1
7,4 Essuatini 15,2
Essuatini 33,3
10,7
Egipto 12,6
Botswana 28,8
Botswana 7,1
África do Sul 9,9
22,1 África do Sul 6,3
Namibia 10
22,1 Homens Mulheres

FONTE: WEF – Global Gender Gap Report 2020 45


TRAJECTÓRIA RECENTE

Trajectória recente dos principais indicadores da Igualdade de Género explicada ao nível de duas
dimensões DETALHADO DE SEGUIDA

A. Serviços essenciais e potenciadores de oportunidades económicas


▪ Reduzido acesso a serviços de saúde sexual e reprodutiva: reduzido acesso ao planeamento familiar, e com clara assimetria de cobertura no
território; reduzida utilização de métodos contraceptivos, taxas de fertilidade (5,8 filhos por mulher) e de gravidez na adolescência muito elevadas
▪ Em cada 100.000 nascimentos morrem 241 mulheres o que, apesar de representar um decréscimo substancial face aos últimos 15 anos, é ainda
um número muito elevado
▪ A taxa de alfabetização das mulheres é sempre menor do que a dos homens em qualquer grupo etário
▪ O índice de paridade na educação é muito baixo em Angola e revela a profunda desigualdade de género
▪ Áreas de formação superior: as ciências empresariais, administração e direito representam já 30% das escolhas das mulheres no ensino
superior, mas as áreas STEM ainda não constituem opção
1. Paridade de ▪ A reduzida inclusão financeira e literacia digital das mulheres impacta muito negativamente na autonomia e participação económica das mesmas
Género na Sociedade
B. Participação Política
▪ Angola apresenta evoluções positivas nas últimas duas décadas quanto à participação de mulheres em cargos ou posições políticas ao mais
alto nível: em 2018, 34,4% de mulheres ocupavam cargos ministeriais e cerca de 30% com assento na Assembleia Nacional

C. Segurança Física e Autonomia


▪ Em Angola, mais de 30% das mulheres entre os 15 e os 49 anos já sofreram alguma forma de violência física desde os 15 anos
▪ A violência física contra as mulheres desde os 15 anos de idade acontece em meio rural e urbano, em contexto conjugal e fora deste, afecta as
mulheres independentemente do seu nível de escolaridade
▪ O casamento precoce é uma realidade para muitas raparigas em Angola o que compromete o seu pleno desenvolvimento físico e emocional,
mas também a liberdade para projectos de vida autónomos e emancipatórios

D. Trabalho e acesso a recursos


2. Paridade de ▪ Em 2019, a diferença entre as taxas de emprego feminina e masculina foi reduzida
Género no Trabalho ▪ As mulheres no grupo etário 25-34 anos têm maior dificuldade no acesso ao emprego, além de que as mulheres mais qualificadas são
igualmente mais penalizadas do que os homens mais qualificados no acesso ao trabalho
▪ As mulheres têm um peso na economia formal abaixo dos homens
▪ Licença parental: Angola já assegura o direito a licença parental - 90 dias para a mãe e 1 dia para o pai - mas importa valorizar de igual modo a
maternidade e a paternidade e contribuir para uma maior partilha de responsabilidades e tarefas entre mulher e homem

46
TRAJECTÓRIA RECENTE

D. Angola ocupa a posição 96 na dimensão Participação Económica do Índice Global de Género do


Fórum Económico Mundial Posição de Angola no ranking: 96/153

Índice de Igualdade de Género - Dimensão Participação Económica, 2020


Índice: 0 = Desigualdade plena; 1 = Paridade total

Zâmbia 0,831
Namíbia 0,789
Botsuana 0,779
Madagáscar 0,769
Zimbabué 0,728
▪ Angola encontra-se abaixo dos
Tanzânia 0,698
pares e esta desigualdade
Ruanda 0,672
compromete o crescimento e
Uganda 0,663
o desenvolvimento social e
Lesoto 0,662
económico do país
África do Sul 0,649
Gana 0,642
Angola 0,640
Burkina Faso 0,614
Quénia 0,598
Maurícias 0,596
Mali 0,591
Etiópia 0,568
Egipto 0,438
Marrocos 0,405

Fonte: Índice de Igualdade de Género, Forúm Económico Mundial, 2020


47
TRAJECTÓRIA RECENTE

D. As principais áreas de oportunidade nesta dimensão residem na participação das mulheres em


profissões mais técnicas e na progressão profissional
Índice: 0 = Desigualdade plena; 1 = Igualdade de género

Forúm Económico Mundial – Sub-indicadores de Igualdade de Género, 20201 Posição de Angola no


ranking
0,95 0,87 0,88 0,85
Participação na
força de trabalho 15

Igualdade de 0,59 0,65 0,63 0,64


Relatório FEM

96
salários

Progressão: 0,96
0,79 Angola lidera as médias
trabalhadores 0,54 0,67
profissionais e 125 regionais em paridade de
técnicos participação na força de
trabalho, mas encontra-se
Progressão: atrás na igualdade
legisladores, altos salarial e na igualdade de
0,48 0,43 0,49 120
funcionários e 0,24 género em posições mais
gerentes
técnicas e cargos de
Relatório Mckinsey

gestão
0,64 0,79
Emprego Formal 0,59
N.a.
N.a.

Cargos de 0,48 0,41 0,46


Liderança
N.a.
N.a.
Angola SSA SADC OCDE

FONTE: Índice de Igualdade de Género, Fórum Económico Mundial; Relatório McKinsey Poder da Paridade em África (página 11), 2020 48
TRAJECTÓRIA RECENTE

D. A taxa de emprego em Angola não apresenta assimetrias profundas de género mas são as
mulheres que se encontram em posição desfavorável
Tx. Emprego Taxa de emprego – Mulheres e Homens, 2018
Total

82,2 Zimbabué 76,1 85,6

80,5 Tanzânia 78,0 86,7

76,3 RDC 60,3 66,1

66,3 Seychelles 64,3 68,4

63,1 Mauricias 40,9 69,6

61,6 Angola 58,7 64,8

55,7 Malawi 31,9 47,3

Essuatíni 35,6 44,1


55,5

Africa do Sul 33,7 45,7


55,1

Botswana 49,1 63,1


54,9

Namibia 45,1 49,4


49,2

Zambia 24,3 40,3


40,0

Moçambique 75,3 77,6


39,5

31,9 Madagascar 82,1 87,6

Mulheres Homens
FONTE: WB - Gender Statistics
49
TRAJECTÓRIA RECENTE

D. As mulheres apresentam valores da taxa de emprego sempre inferiores aos registados pelos
homens, no entanto, a % de mulheres empregadas aumentou entre 2014 e 2019
Taxa de emprego por sexo (%), 2014 e 2019
Taxa de emprego por sexo e idade (%), 2019

58,7 85,7 85,0


80,5
78,7 78,2 79,2 75,4
65,1
34,1 ≄ 6,1 pp
≄ 12,5 pp 36,0 37,6
64,8
46,6

2014 2019
Homens Mulheres 15-24 anos 25-34 anos 35-44 anos 45-54 anos 55-64 anos

Homens Mulheres

▪ Sinal positivo em 2019 com uma menor diferença entre as taxas de Taxa de emprego por sexo e local de residência(%), 2019
emprego feminina e masculina
▪ Verifica-se que é no grupo etário situado entre 25 e os 34 anos que a
76,3 75,3
desigualdade no acesso ao emprego se revela mais penalizadora para as
58,4
mulheres 49,3

▪ Importa registar que no caso das mulheres a empregabilidade em áreas


rurais tem um maior peso relativo do que no caso do homens, no entanto
trabalham em terras que não lhes pertencem (pertencem aos pais e/ou Urbana Rural
maridos) pelo que também não acedem a recursos ou benefícios
Homens Mulheres
económicos relacionados com a posse da terra ou a comercialização dos
bens produzidos

FONTE: Censo 2014; IDREA – Estatísticas de emprego e desemprego 2018 - 2019 50


TRAJECTÓRIA RECENTE

D. Angola revela-se uma sociedade pouco baseada no conhecimento, onde os recursos


escolares não garantem maior empregabilidade e onde as mulheres (sobretudo as mais
qualificadas) são mais penalizadas do que os homens
Taxa de emprego, por sexo e nível de escolaridade, 2015-2016 (%)
▪ Os homens e as mulheres que não têm qualquer nível de
75,9 77 77,4
73,1 escolaridade concluído ou apenas o ensino primário são quem
68,6
apresenta taxas de emprego mais elevadas (e onde há menor
57,1
disparidade de género)

▪ Os recursos escolares mais elevados não garantem especial


vantagem o protecção na integração no mercado, onde se verifica
uma menor taxa de emprego
Nenhum Nível Ensino Primário Ensino secundário ou mais

Homens Mulheres ▪ Mais uma vez, as mulheres mais qualificadas são mais
penalizadas do que os homens mais qualificados no acesso ao
Taxa de desemprego feminino, 2019 (%) trabalho (e a recursos económicos)
33,5 34,3
31,3 ▪ A maior dificuldade de integração no mercado de trabalho formal
por parte das mulheres não pode ser desvinculada da persistência
21,8 de visões estereotipadas que desvalorizam sistematicamente o
17,2 trabalho das mulheres e as suas competências
13,4

▪ Angola apresenta uma taxa de desemprego feminina muito


elevada

Zambia Zimbabwe Moçambique África do Sul Angola Namibia

FONTE: IIMS 2015-2016; Relatório de Força de Trabalho, 2019 (Zâmbia); Agência Nacional de Estatística, 2019 (Zimbabwe e Namíbia); 51
TRAJECTÓRIA RECENTE

D. As mulheres têm assim um peso na economia formal abaixo dos homens, constituindo um
obstáculo significativo à emancipação feminina e a um maior contributo económico para o país
Índice de Emprego Formal
Índice: 0 = Desigualdade plena; 1 = Igualdade de género
Ranking1
(1-25) País Valor (0-1)2

1 Malawi 1,00 ▪ Angola ocupa o 10º lugar


entre as nações africanas
1 RDC 1,00
no índice de emprego
8 África do Sul 0,95
formal do relatório Poder da
Paridade, acima da média
9 Botswana 0,88 da África Subsaariana,
mas abaixo da média da
Média SADC 0,79
SADC
10 Angola 0,64 ▪ Elevado potencial de
melhoria em sectores por
Média SSA 0,59
norma mais informais,
12 Tanzânia 0,58 como é por exemplo o caso
da agricultura, o que pode
15 Nigéria 0,53 explicar em larga medida os
resultados obtidos por
16 Togo 0,49
Angola
25 Burkina Faso 0,28

1 No universo dos 25 países com ranking


2 Resultado de 1 aponta para paridade total
FONTE: Relatório McKinsey Poder da Paridade em África (página 11), 2020 52
TRAJECTÓRIA RECENTE

D. As mulheres também permanecem em desvantagem quanto ao acesso a profissões melhor


qualificadas na sociedade angolana
Rácio (H/M) trabalhadores profissionais e técnicos, 2020
Nigéria 1,83
Namíbia 1,27
África do Sul 1,13
Botsuana 1,01
Madagáscar 0,90
Zimbabué 0,84 Aumentar a participação das
SADC 0,79 mulheres em posições mais
Tanzânia 0,76 técnicas e cargos de gestão
Zâmbia 0,74 impactará muito
Uganda 0,70 positivamente na melhoria da
ASS 0,67
igualdade de género na
Ruanda 0,63
dimensão do emprego mas,
Egipto 0,62
acima de tudo, terá um
Gana 0,59
retorno socioeconómico
Camarões 0,56
fundamental para o
Marrocos 0,55
Moçambique 0,54
progresso e desenvolvimento
Angola 0,54
de Angola
Etiópia 0,48
Gâmbia 0,37
RDC 0,32
Mali 0,27

Fonte: Índice de Igualdade de Género, Forúm Económico Mundial, 2020 53


TRAJECTÓRIA RECENTE

D. Dentro do emprego formal, cinco barreiras são tipicamente destacadas como NÃO EXAUSTIVO

obstáculos à igualdade de género

O pressuposto de que as mulheres são em grande parte responsáveis pelo


Expectativas sociais e
cuidado das crianças e dos idosos, bem como pelas tarefas domésticas, é
culturais generalizado (estas atitudes são enraizadas desde a infância)

Os líderes empresariais são normalmente na sua maioria homens. Apesar de


algum progresso na entrada de mulheres em cargos de topo, o facto de haver
Preconceito involuntário
poucas mulheres com poder de decisão reforça o preconceito que se manifesta na
no local de trabalho forma como as mulheres são compensadas e recompensadas

Locais de Trabalho Um número significativo de locais de trabalho não tem em conta as necessidades
pouco sensíveis a específicas das mulheres, por exemplo, proporcionando horários e espaços de
condições especificas trabalho flexíveis para as mães que amamentam

As mulheres normalmente têm acesso a mentores para orientação, mas não têm
Ausência de suporte e
patrocinadores adequados que defendam a sua promoção, os apresentem às
empowerment principais partes interessadas e lhes deem exposição aos papéis seniores

Visão em torno das Algumas mulheres limitam as suas próprias perspectivas, mostrando relutância em
mulheres correr riscos, em trabalhar em rede com colegas e em defender o seu próprio
progresso

1 Diagnóstico de Género de Angola, EU Programa de Apoio aos Actores Não Estatais (PAANE), 2015
FONTE: Relatório McKinsey Poder da Paridade em África, Novembro 2019; PAANE report 2015 54
TRAJECTÓRIA RECENTE

D. Para a generalidade dos países analisados, e com destaque para Angola, a % de mulheres
assalariadas é muito inferior aos homens e onde a maioria trabalha na agricultura

Trabalhadores por conta de outrem no total de trabalhadores Mulheres empregadas por sector económico (%), 2019
(%), por sexo, 2020

0,4 Homens
Zambia 0,2
Mulheres
Lesoto 0,6
0,3 Agricultura e
Zimbabué 0,6 Serviços 46% 52% pesca
0,3

Malawi 1,5
0,7

RDC 2,9
1,1

Moçambique 3,6
1,5 2%
2,7 Indústria
Essuatíni 1,6

Mauricias 5,9
1,7

Tanzânia 1,7
3,8 ▪ É o sector da agricultura que mais emprega as mulheres
Madagascar 5,5 ▪ O sector da indústria tem apenas uma importância residual na
2,1
integração das mulheres no mercado de trabalho. A fraca
3,0
Botswana 2,1 integração das mulheres neste sector de actividade revela duas
7,6 coisas distintas: por um lado, uma profunda segregação horizontal
África do Sul 2,3 do mercado de trabalho, onde persistem sectores de actividade
Angola 6,0 profundamente masculinizados ou que persistem a ser
2,6
considerados como um exclusivo dos homens
Namíbia 7,8
4,7

FONTE: WB - Gender Statistics, IDREA 2018-2019 55


TRAJECTÓRIA RECENTE

D. De facto, verifica-se que uma elevada % das mulheres nos países analisados trabalham por
conta própria

Mulheres que trabalham por conta própria (%), por sexo, 2020

Angola 69,6

Moçambique 64,6 ▪ E Angola também se destaca aqui com


Zimbabué 63,4
evidente relação entre a primazia do trabalho
no sector primário, mas também nos
RDC 59,4 serviços, e onde a informalidade impera
Malawi 57,5
▪ A exclusão do mercado de trabalho formal e a
Tanzânia 41,8
não abrangência da Lei Geral do Trabalho à
Essuatini 36,7 mulher que trabalha por conta própria coloca-
Zambia 36,2 a em situação de profunda vulnerabilidade,
sem protecção social e direitos de
Namíbia 32,7
maternidade
Madagascar 31,5

Botswana 24,5

Lesoto 16,2

Mauricias 9,5

África do Sul 9,5

FONTE: WB - Gender Statistics 56


TRAJECTÓRIA RECENTE

D. O que poderá explicar a iniciativa empreendedora feminina, onde Angola se destaca entre os
pares no que respeita às mulheres que criam empregos, ainda que a diferença face aos homens
seja significativa
% Empregadores por sexo, 2020
Mulheres Homens
7,8
7,6

6,0 5,9
5,5

4,7

3,8
3,6

3,0
2,9
2,6 2,7
2,3
2,1 2,1
1,7 1,7 1,6 1,5 1,5
1,1
0,7 0,6 0,6
0,3 0,3 0,2 0,4

Namíbia Angola África do Sul Botswana Madagascar Tanzânia Mauricias Essuatíni Moçambique RDC Malawi Zimbabué Lesoto Zambia

FONTE: WB - Gender Statistics 57


TRAJECTÓRIA RECENTE

D. Além disso, Angola apresenta valores muito elevados de trabalho informal mesmo no contexto
regional, essa informalidade afecta de forma incisiva as mulheres e tem consequências
duradouras nas suas vidas
% Emprego Informal no total de emprego não agrícola, 2015
(anos mais recentes para conjunto de países)
92,3 Mulheres Homens
88,6
83,9 82,9
78,8 79,5
76,1 74,6
71,5 72,9
68,3
61,9 60,3
59,3 59,2
55,1 56,9
53,9
50 51,1

36,9
32,5

Moçambique Madagascar SSA Angola Tanzânia Zâmbia Zimbabwe Namibia Essuatíni Maurícia África do Sul

▪ Angola apresenta valores muito elevados de trabalho informal. A informalidade no trabalho afecta de forma muito incisiva as mulheres (cerca de mais
20 p.p)
▪ Esta tendência verifica-se noutros países da região, ainda que apresentem valores mais baixos do que Angola, com execpção de Moçambique
▪ O trabalho informal tem consequência duradouras na vida das mulheres, pois aumenta as dificuldades de acesso a recursos, impossibilita a
construção de projectos individuais autónomos e tem consequências ao longo da vida (sobretudo em fases mais adiantadas da vida)

FONTE: UN Women 58
TRAJECTÓRIA RECENTE

D. A grande maioria das mulheres que trabalha no sector informal trabalha no sector NÃO EXAUSTIVO

agrícola, onde enfrenta barreiras importantes à sua emancipação

Direito de Propriedade As mulheres normalmente não são proprietárias da terra em que


Limitado trabalham, geralmente trabalham em fazendas em que os pais ou
maridos são os proprietários

Acesso limitado a Como muito poucas mulheres possuem terras, elas não podem aderir
viabilizadores a cooperativas e deixam de gozar dos benefícios financeiros e
económicos comerciais que advêm de fazerem parte destas organizações

Como em muitas sociedades em todo o mundo, a expectativa


Restrições a generalizada é que as mulheres sejam as principais cuidadoras e
Mobilidade administradoras do lar, o que limita a sua oportunidade económica
(tanto informal como formalmente)

Muitas mulheres trabalham para as suas próprias famílias e não são


Ausência de
compensadas de forma justa pelo trabalho que fazem – não sendo
remuneração justa
mesmo pagas em alguns casos

As mulheres agricultoras enfrentam dificuldades em mobilizar ajuda


Acesso a factores de extra para trabalhar na terra. A maioria das agricultoras tende a viver
produção em agregados mais pequenos devido à viuvez, divórcio ou mesmo
migração

1 Diagnóstico de Género de Angola (Pag. 35), EU Programa de Apoio aos Actores Não Estatais (PAANE), 2015
FONTE: Relatório McKinsey Poder da Paridade em África (página 16), November 2019; PAANE report 2015 59
TRAJECTÓRIA RECENTE

D. O trabalho não pago é também desproporcional (em Angola e em África) face ao resto do mundo,
comprometendo a independência e emancipação das mulheres
Trabalho Não Pago1 por região

6.70

As mulheres na África
Austral e Central
apresentam um
2.90 2.90 maior rácio de horas
2.70 Média
trabalhadas mas não
África
pagas em relação
1.90 2.60
aos homens. Este
rácio chega a ser
maior que a média do
continente

Norte de África África Austral África Central África Oriental África Ocidental
(incluindo
Angola)
1 Horas trabalhadas por mulheres por horas trabalhadas por homens
FONTE: : Relatório McKinsey Poder da Paridade em África (página 13), 2020 60
TRAJECTÓRIA RECENTE

D. Do lado positivo, é de destacar a representação das mulheres em papéis de liderança acima da


média mundial, uma realidade comum a Angola e ao resto de África
Representação Feminina, %
Conselho de Administração Comité Executivo

Angola 28 14

África 25 22
Angola tem um desempenho
muito superior à média
Europa 23 27 global de representação
feminina no conselho de
África vs. administração
outras EUA 22 23
regiões Angola segue tanto as
médias africanas como
América Latina 7 17 globais na representação
feminina em Comités
Executivos
Ásia do Pacífico 13 9

Médio Oriente 11 n/a

Média Global 17 21

FONTE: Relatório McKinsey Poder da Paridade em África 61


TRAJECTÓRIA RECENTE

D. Ainda assim, avanços das mulheres nas posições formais em África excluindo Mulheres

cargos de liderança tem muito a melhorar Homens

Percentagem de mulheres africanas em todo os trajectos para a liderança sénior

Em África, a
participação das
mulheres no trajecto da
43 28
24 23 educação superior para
cargos de liderança de
topo diminui quanto
mais sénior é a
posição

Educação Superior Emprego Formal Cargos de liderança Cargos de


intermédios liderança de topo

FONTE: Relatório McKinsey Poder da Paridade em África 62


TRAJECTÓRIA RECENTE

D. As políticas e leis de parentalidade conducentes à partilha de responsabilidades no cuidado


dos filhos ainda são pouco aplicadas no contexto Africano
Nº de dias de licença de maternidade, por sexo, 2018
Mulheres Homens
África do Sul 120 3
Senegal 98 1 ▪ Angola faz parte do grupo de 149 países
Mali 98 0 que ainda não ratificaram a Convenção
Madagáscar 98 0
de Protecção à Maternidade (apenas 38
Zimbabué 98 0
países o fizeram e destes 8 são
Africanos1)
Quénia 90 15
Angola 90 1 ▪ Angola já dispõe, contudo, de legislação
Egipto 90 0 que consagra a protecção dos direitos de
Etiópia 90 0 maternidade e paternidade
Ruanda 84 4 ▪ Verifica-se, porém, que o número de
Uganda 84 4 dias atribuído à licença paterna é
Tanzânia 84 3 reduzido e limita a contribuição e o
Botswana 84 0 envolvimento do homem no espaço da
Lesoto 84 0 família
Gana 84 0
Namíbia 84 0
▪ A igualdade pressupõe a partilha de
tarefas, incluindo o cuidados dos filhos.
Nigéria 84 0
Criar a oportunidade para que os
Moçambique 60 1
homens assumam uma paternidade
Cabo Verde 60 0
cuidadora tem sido a estratégia dos
Malawi 56 0 países que melhor se posicionam no
Essuatíni 14 0 ranking da Igualdade de Género
1 Benin, Burkina Faso, Mali, Maurícia, Marrocos, Níger, São Tomé e Príncipe, Senegal

FONTE: WEF – Global Gender Gap Report 2020 63


Estrutura do documento

Trajectória recente

Balanço à luz do
Angola 2025

Macro-tendências até
2050

Potencial e ambição
para Angola em 2050

Eixos de Solução

64
BALANÇO À LUZ DO ANGOLA 2025

Uma parte significativa dos objectivos da Política de Género continuam por Concretizado

concretizar Parcialmente concretizado

Por concretizar

Principais objectivos definidos no Angola 2025 Actual grau de concretização (descrição/explicação)

A igualdade de género nas esferas económica e política ficou por


Promover a igualdade entre homens e mulheres nas esferas económica e concretizar, com menor acesso das mulheres à actividade económica
política e uma menor participação

Verificam-se progressos na paridade de participação na força de


trabalho, mas a desigualdade salarial face aos homens, bem como a
Promover a igualdade de oportunidades e participação desigualdade de género em posições mais técnicas e cargos de
gestão demonstram a não concretização plena do objetivo
Foi cumprido o compromisso de duplicar a participação das mulheres
na Assembleia Nacional que representam hoje mais de 35% dos
parlamentares.

Persistem desigualdades de género no acesso e na frequência dos


Promover a Igualdade de acesso e do pleno exercício dos direitos sociais diferentes níveis de ensino com impacto nas oportunidades de vida
das mulheres

As desigualdades de género evidenciadas nas esferas económica e


Promover a igualdade entre mulheres e homens na vida cívica social revelam a permanência de normas e estereótipos societais
ainda não ultrapassados e com impacto na não concretização da
esperada igualdade na vida cívica

FONTE: Relatório de Avaliação Angola 2025 65


Estrutura do documento

Trajectória recente

Balanço à luz do
Angola 2025

Macro-tendências
até 2050

Potencial e ambição
para Angola em 2050

Eixos de Solução

66
MACRO-TENDÊNCIAS ATÉ 2050

Existem quatro tendências principais que impactam a concretização futura dos objetivos da Igualdade
de Género com impacto para Angola NÃO-EXAUSTIVO

Principais Tendências Descrição Implicações para Angola

1. Tranversalização da ▪ O género actua como uma estrutura social tendo impacto em todas ▪ Transversalização das políticas de igualdade de género,
perspectiva de género as dimesões da vida social e económica passando a preocupação com a igualdade de género a
(gender mainstreaming) estar presente em todos os sectores da governação
▪ A igualdade de género é um direito fundamental que deve orientar
a decisão política em todos os sectores ▪ Tomadas de decisão política para que o ODS 5 possa
ser concretizado, assumindo a igualdade de género
▪ A igualdade de género como compromisso internacional – ODS 5 –
como prioridade política fundamental nos próximos anos
reforçando o foco nas questões de paridade de género, ao nível
dos Governos e das Empresas

▪ O aumento da cobertura de serviços essenciais continuará a aumentar ▪ Cobertura dos serviços de educação e saúde, com um forte
2. Aumento da escolarização e impactará fortemente no desenvolvimento social e económico dos investimento nestes sectores, condição essencial para o
das raparigas e mulheres países desenvolvimento humano e social do país
e do acesso a informação
▪ A aumento da escolariação e do acesso ao planeamento familiar ▪ Repercursão directa no desenvolvimento de uma sociedade
permitirá a construção de projectos de vida emancipatórios, em mais igualitária, com potencial no desenolvimento económico
particular das mulheres, que terão uma participação mais plena na pelo aumento da participação da mulher no trabalho formal
scoiedade e no trabalho

▪ Angola tem de aumentar a escolarização da sua população


3. Tecnologização e ▪ Em sociedades crescentemente assentes no conhecimento esta jovem e em particular das raparigas
digitalização das preocupação é redobrada para evitar aprofundamento das
sociedades desigualdades entre homens e mulheres e a exclusão económica ▪ Necessidade de aumentar o dominio das TIC e a formação
das mulheres. em STEM por meninas e raparigas

▪ A igualdade de género é um direito humano fundamental pelo que a ▪ Promoção de sensibilização para a particpação das
4. Aumento da paridade na particpação paritária das mulheres em cargos de decisão política e mulheres em cargos de decisão, mentorias. Mas também
esfera pública e privada económica é uma questão de justiça básica e fundamental que a produção legislativa no sentido de garantir formas de
tenderá a aumentar paridade na decisão política e económica
▪ O aumento da participação das mulheres no emprego formal e ▪ Participação da mulher na economia formal com ganhos
qualificado com claras implicações e potencialidades no crescimento transversais para o país, ao nível social e económico
económicos dos países 67
MACRO-TENDÊNCIAS ATÉ 2050

1. A transversalização da perspectiva de género em todas as áreas de actuação política

O que é
A incorporação da perspectiva de género (transversalização a todos os sectores de governação)
adoptada internacionalmente como uma estratégia para alcançar a igualdade de género.
Envolve a integração de uma perspectiva de género na preparação, desenho, implementação,
monitorização e avaliação de políticas, medidas regulatórias e programas de gastos, com o
objectivo de promover a igualdade entre homens e mulheres e combater a discriminação

Pertinência
A transversalização da perspectiva de género garante que a elaboração de políticas públicas
(em todos os sectores) e o trabalho legislativo sejam de maior qualidade e tenham maior A implementação do ODS 5
relevância para a sociedade, porque fazem com que as políticas respondam de maneira mais através da
eficaz às necessidades de todos os cidadãos - mulheres e homens, raparigas e rapazes. A transversalização da
incorporação da perspectiva de género torna as intervenções públicas mais eficazes e garante
perspectiva de género na
que as desigualdades não sejam perpetuadas
esfera da governação
Funcionamento básico pública
Um compromisso político pela igualdade de género e um quadro jurídico compatível são as
condições básicas para o desenvolvimento de uma estratégia bem-sucedida de
transversalização da perspectiva de género. Além dos objectivos e metas concretas, a
incorporação da perspectiva de género exige um plano de acção claro e implicar todas os
sectores. Esse plano deve levar em consideração o contexto, satisfazer as condições
necessárias, cobrir todas as dimensões relevantes, definir as responsabilidades e garantir a
existência das competências necessárias para alcançar os resultados esperados.

68
MACRO-TENDÊNCIAS ATÉ 2050

1. Assegurar a transversalização da perspectiva de género em todas as áreas de actuação política –


razões instrumentais e operatórias relacionadas com macro tendências globais: cumprimento e
monitorização dos ODS com perspectiva de género
As raparigas e as mulheres são mais vulneráveis ao impacto da pobreza. As desigualdades de género negam o acesso aos recursos
necessários, incluindo educação, rendimentos, serviços financeiros e crédito, bem como ao poder de decisão. A pobreza e o género
são desigualdades que se combinam na limitação das perspectivas de vida das raparigas e das mulheres (interrompem a educação, iniciam
trabalho não remunerado, etc).

As mulheres são mais propensas do que os homens a experimentar insegurança alimentar. Esta forma de desigualdade de género é
particularmente grave em África, estando frequentemente associada à falta de controle das mulheres sobre os bens domésticos, terras e
tecnologias agrícolas. Erradicar a fome significa capacitar as meninas e mulheres que produzem, cozinham, processam e vendem grande parte
da comida do mundo.

As desigualdades de género geralmente determinam que o acesso à saúde seja particularmente difícil para as mulheres,
nomeadamente à saúde sexual e reprodutiva. As mulheres não são apenas mais vulneráveis ​a problemas de saúde, elas também têm
menos acesso aos cuidados de saúde e assumem o peso das responsabilidades pelo trabalho não remunerado de cuidar dos doentes.

O acesso e a permanência na educação (escolarização) tem forte impacto no desenvolvimento social e económico, incluindo na
redução da pobreza. As meninas que vivem na pobreza, sobretudo em áreas rurais, enfrentam as maiores barreiras à educação: as
famílias não conseguem manter todas as crianças na escola e optam por ter apenas os filhos rapazes. Essas lacunas educacionais
limitam precocemente a vida das raparigas e as suas oportunidades de participação social e económica.

A falta de acesso ao saneamento adequado tem maior impacto nas raparigas e mulheres: elas são as principais responsáveis ​pela recolha
de água. Com base em dados de 24 países da África Subsaariana, de 2005 a 2012, estima-se que 13,5 milhões de mulheres fizeram viagens de
ida e volta mais de uma hora por dia para ir buscar água.

O acesso das mulheres ao trabalho decente e ao rendimento melhora a sua capacidade de acção e decisão sobre as suas próprias
vidas. A igualdade de género no emprego dá às mulheres mais poder de decisão e melhora o bem-estar da família: elas normalmente investem
mais do seu rendimento do que os homens na saúde, na alimentação e na educação dos filhos. No entanto, as desigualdades de género no
trabalho são generalizadas, com as mulheres a terem de enfrentar obstáculos legais e sociais em torno dos tipos de empregos disponíveis ou
até da sua capacidade legal de possuir e usar a terra.
69
MACRO-TENDÊNCIAS ATÉ 2050

2. A tendência mundial é do contínuo alargamento do acesso aos serviços essenciais, incluindo o


acesso e prolongamento da escolarização das raparigas e mulheres
Proporção de mulheres (20-24 anos) que concluíram educação secundária,
Angola
Em sociedades crescentemente
assentes no conhecimento e em
% de raparigas 20-24 anos que completaram o secundário

economias cujo valor acrescentado


está assente no conhecimento e
tecnologia, torna-se tendência central
inultrapassável o investimento na
educação e em carreiras escolares
longas e de sucesso

Neste contexto, é necessário assegurar


o acesso das raparigas e das mulheres
às possibilidades de permanecerem na
Ano
escola e terem percursos de sucesso
Previsto atingir a meta Previsto atingir a meta Desenvolvimento
até 2030 ou já atingido depois de 2030 negativo
A escolarização das raparigas é
considerada chave para a sua
autonomização e para formas de
integração social e económica
valorizadas

Fonte: UIS, Equal Measures 2030 calculations


70
MACRO-TENDÊNCIAS ATÉ 2050

2. Mas também o acesso à saúde sexual e reprodutiva

Proporção de mulheres casadas (15-49 anos) com acesso a planeamento


familiar com métodos modernos, Angola
Seguindo o actual ritmo, esta meta do objectivo
Igualdade de Género não será atingida em 2030
% de raparigas e mulheres com acesso a planeamento familiar

Tendências internacionais

O investimento na saúde sexual e reprodutiva


das mulheres e modos de planeamento familiar
modernos são aspectos chave para:

▪ Permanência das raparigas na escola


▪ Evitar gravidezes precoces e DST
▪ Possibilitar às raparigas mulheres a
construção de projectos individuais mais
Ano
autónomos e emancipados
▪ Promover a integração social e económica
Previsto atingir a meta Previsto atingir a meta Desenvolvimento valorizada das mulheres (porque mais
até 2030 ou já atingido depois de 2030 negativo
escolarizadas)
▪ Promover o seu bem estar ao longo da sua
vida

Fonte: UN Population Division, Equal Measures 2030 calculations


71
MACRO-TENDÊNCIAS ATÉ 2050

3. Crescente tecnologização das sociedades: novas possibilidades de integração ou desigualdade

Sociedades contemporâneas são fortemente marcadas pela tecnologização, pelos desenvolvimentos na


utilização de IA, robotização, aumento das conectividades entre pessoas ou coisas, acesso crescente à
internet…

“Em 2018, as start-ups tecnológicas africanas angariaram quase USD 1.2 mil milhões em capitais próprios,
por comparação com USD 560 milhões em 2017”.

Abre novas possibilidades

Trabalho Educação Relações sociais


• Novas profissões social e • Formas de educação/formação • Sociabilidades estendidas para
economicamente valorizadas à distância o universo digital
(exemplo: programadores) • Alargamento do acesso à • Utilização aplicações de
• Novas formas de organização escola comunicação
do trabalho • Aumento das possibilidades de • Existência social passa
• Produção crescentemente permanência na escola também a ser uma existência
apoiada na robotização e IA. digital
• Possibilidade de trabalho à Saúde
distância num mundo • Possibilidades de cuidados
crescentemente médicos primários à distância
interconectado, sobretudo nas • Aumento de cobertura de
profissões mais qualificadas assistência médica

Fonte: OCDE – Dinâmicas de Desenvolvimento em África: alcançar a transformação produtiva (2019)


72
MACRO-TENDÊNCIAS ATÉ 2050

3. Crescente tecnologização das sociedades: novas possibilidades de integração ou desigualdade

• As raparigas e mulheres – porque também são menos escolarizadas – encontram-se mais frequentemente em situação de infoexclusão
• As raparigas e as mulheres têm acesso muito reduzido às áreas de formação STEM
• Neste cenário, para que em Angola o desenvolvimento tecnológico não aumente as desigualdades de género e possa ser ferramenta
para a igualdade e contributo central no desenvolvimento económico do país

Novas necessidades em Angola

As raparigas e mulheres ▪ Garante o acesso às tecnologias não apenas como utilizadoras mas
têm de ter mais acesso à também como produtoras (por exemplo: programadoras)
formação nas áreas STEM ▪ Garante às raparigas/mulheres acesso às novas profissões altamente
qualificadas e altamente valorizadas social e economicamente

▪ Acesso a literacia tecnológica e evitamento da infoexclusão das


raparigas/mulheres
▪ Acesso das mulheres a profissões mais qualificadas e que mais tiram
partido das novas formas de organização de trabalho (mais protegidas
Carreiras de escolarização
de desemprego nas sociedades mais tecnologizadas)
mais longas
▪ Capacidade de tirar partido das tecnologias como utilizadoras no acesso
à saúde ou educação à distância – permitindo esbater desigualdades
que afectam as mulheres
▪ Capacidade de tirar partido das tecnologias para comunicação e
conectividade com outros, criando laços e conexões digitais

73
MACRO-TENDÊNCIAS ATÉ 2050

3. Tecnologização e mecanização da produção agrícola promotora de alterações nas relações sociais


de género
A produção agrícola em África tem vindo a sofrer Grandes iniciativas de industrialização em África – sector
agrícola:
gradualmente uma tendência para a mecanização e
tecnologização 1. Iniciativa Africana para o Desenvolvimento das Indústrias
de Agronegócios e Agroindustriais (3ADI)
Esta transformação pode implicar profundas Instituições: FAO, FIDA, ONUDI
transformações nas relações sociais de género em
contexto rural, penalizando ainda mais as raparigas e as 2. Programa Integrado para o Desenvolvimento da
Agricultura em África (CAADP)
mulheres: Instituições: AUC, NEPAD

1. As tarefas tradicionalmente associadas às mulheres Oportunidades e desafios das cadeias de valor na África
no mundo rural – o que era um reduto Austral (exemplos)
exclusivamente seu – correm o risco de desaparecer Motores
ou perder importância da Agronegócios (horticultura e açúcar)
macro • O valor do comércio intrarregional no sector agroalimentar
2. Fragilização da situação frágil das mulheres: tendência ultrapassa os USD 2.5 mil milhões e representa cerca de
28% das exportações da região.
trabalhadoras informais, frequentemente não
proprietárias da terra, trabalham para a família, Carne
muitas vezes não remuneradas em dinheiro • A carne bovina é o pilar do sector agrícola no Botswana, na
Namíbia e (em menor grau) no Essuatíni, constituindo
3. Tendo em consideração que as raparigas e as igualmente uma parte significativa do setor agrícola da África
do Sul
mulheres – em contexto rural - são pouco
• O Botswana, a Namíbia e o Essuatíni dispõem de
escolarizadas, este tipo de desenvolvimento matadouros aprovados para exportações para a União
comporta o risco de progressiva exclusão social e Europeia
económica e aprofundamento das dependências
relativamente aos homens

Fonte: : OCDE – Dinâmicas de Desenvolvimento em África: alcançar a transformação produtiva (2019) 74


MACRO-TENDÊNCIAS ATÉ 2050

4. A tendência é no sentido da paridade na participação política e económica

Proporção de mulheres em cargos ministeriais ou lugares de chefia nos gabinetes ministeriais, Angola (%)

Previsto atingir a meta


Paridade de Género até 2030 ou já atingido

Previsto atingir a meta


depois de 2030

Desenvolvimento
negativo

Angola apresenta uma taxa de crescimento da participação política das mulheres que a colocará perto da paridade

Contudo é preciso criar os mecanismos de sustentabilidade para esta participação feminina na decisão política

Uma tendência internacional – que permanece efectiva mesmo nos países nórdicos – para a consolidação e aprofundamento desta
forma de igualdade – são as políticas de paridade que estabelecem quotas de participação das mulheres na política

Fonte: : Equal Measures 2030


75
MACRO-TENDÊNCIAS ATÉ 2050

4. Promoção de igualdade no emprego e no trabalho: necessidade de um pacote de políticas de


igualdade no mercado de trabalho – rompendo o preconceito inconsciente e tornado locais de trabalho
mais igualitários e livres de abusos
Angola terá de fazer um esforço elevado para
Existência de leis que obrigam à igualdade de género nos locais de trabalho
cumprir os critérios de igualdade no mercado
(incluindo leis anti-discriminação, igualdade salarial, licenças pagas, etc), Angola
de trabalho

Grandes tendências internacionais:

Políticas de quotas para membros de


conselhos de administração das empresas
N.º de pontos

- estas políticas são um meio para se atingir


a igualdade de forma mais rápida (não são
um fim em si mesmas)

Igualdade salarial – prevendo fiscalização e


penalização financeira (coimas) e moral (lista
negra de incumpridores)

Meta = 100 pontos Licenças parentalidade pagas (para


Previsto atingir a meta Previsto atingir a meta Desenvolvimento homens/pais e mulheres/mães)
até 2030 ou já atingido depois de 2030 negativo

Políticas de tolerância zero relativamente a


comportamentos abusivos no local de
trabalho – por exemplo: assédio moral e
assédio sexual
Fonte: : Women, Business and the Law, Equal Measures 2030 calculations
76
MACRO-TENDÊNCIAS ATÉ 2050

4. A igualdade de género tem fortes e positivos impactos no crescimento do Produto Interno Bruto (PIB)
per capita
A redução das disparidades de género pode representar um Efeito da igualdade de género no PIB per capita na UE
aumento de 12 a 28 triliões adicionais no PIB em 2025
Oportunidade PIB mundial Homem Mulher
2014 $ triliões

Aumento do PIB per capita (%)


$28 triliões

Progresso lento Progresso acelerado

Até 2050, a União Europeia estima que a


PIB 2014 Crescimento Total PIB PIB PIB adicional no Total PIB
“como de “como de incremental da cenário de potencial melhoria da igualdade de género levará a um
costume” costume” em melhor região potencial máximo mundial em
(business-as- 2025 em 2025 em 2025 2025 aumento do PIB per capita de 6,1 a 9,6%,
usual) 1
PIB
incremental
11% 15% 26% isto é, cerca de 1,95 a 3,15 triliões de euros
acima do
2025 usual

1 Representa a diferença entre o PIB anual em 2014 e o PIB em 2025 para um cenário business-as-usual

Fonte: MGI – The power of parity; Instituto Europeu para a Igualdade de Género
77
Estrutura do documento

Trajectória recente

Balanço à luz do
Angola 2025

Macro-tendências até
2050

Potencial e ambição
para Angola em
2050

Eixos de Solução

78
Visão: Igualdade de Género em 2050

Acesso equitativo de
raparigas e rapazes à escola
Equilibrar a representação de
homens e mulheres na política
Maior autonomia e inclusão
económica e financeira da
mulher

Paridade na
educação

Paridade na
política

Paridade na
participação
económica
79
POTENCIAL E AMBIÇÃO

A igualdade de género na sociedade e no trabalho potencia fortemente o crescimento e o


desenvolvimento sócio-económico dos países
2025, Mm USD

Num cenário “melhor da região”1, a melhoria da igualdade de


… e o PIB de Angola poderá aumentar em ~ $11 mil milhões,
género em África poderá representar potencialmente um
ultrapassando $121,5 mil milhões em 2025
incremento do PIB de $316 mil milhões ao ano, o que
equivale a 10% da riqueza produzida no continente

Acréscimo sobre o PIB em "business as usual", % PIB potencial de Angola (mil milhões $) em 20252 num cenário “melhor da região”
em igualdade de género
Mundo 11
121.542,00
África 10
11 049,30 +10% incremento
Índia 16

América Latina 14

China 12

América do Norte e Oceânia 11

Sul da Ásia (exclui Índia) 11 110 492,70


Médio Oriente 10
Europa do Leste e Ásia
9
Central
Europa Ocidental 9

Sudeste Asiático 8

1 Cenário “melhor da região”: reconhece que atingir a igualdade de género será difícil no curto e médio prazo e assume que cada país Africano atinge a posição do país que na região apresenta melhores progressos ao nível da paridade
2 Calculado a partir valor base 2018 e aplicada TACC 0,4% estabelecida para cenário 1 metas de alto nível

Fonte: MGI – The power of parity


80
POTENCIAL E AMBIÇÃO

Existem nove principais indicadores que poderão ser utilizados para definir o potencial e a ambição
para a Igualdade de Género
Cenários 2050
Dimensão Indicadores Actual Conservador Moderado Optimista Racional
Cenário Conservador: Alinhamento com o segundo quartil
1. Score do Índice de Cenário Moderado: Alinhamento com a média do melhor
1 Igualdade de Género 0,66 0,75 0,83
0,70 quartil
Geral do Fórum Economico
Mundial Cenário Optimista: Subida para o melhor quartil, liderando
ranking africano actual

2. Mulheres em idade Cenário Conservador: Angola transita para o terceiro quartil


reprodutiva (15 a 49 76,9 82,7 Cenário Moderado: Alinhamento com a média do segundo
anos) satisfeitas por 58,7 quartil
29,8
métodos modernos de Cenário Optimista: Angola transita para o melhor quartil o que
planeamento (%) contribuirá para uma efectiva redução da taxa de fecundidade

Cenário Conservador: Ligeiro aumento mas Angola mas


manutenção no pior quartil
3. Índice de paridade 0,99 1,01
0,76 0,86 Cenário Moderado: Transita para o terceiro quartil muito próximo
de género no ensino
2 da paridade
primário
Paridade de Cenário Optimista: Atinge a paridade na frequência do ensino
Género na primário
Sociedade 0,94 1,02 Cenário Conservador: Manutenção no pior quartil
4. Índice de paridade 0,81 0,84
Cenário Moderado: Transita para a média do terceiro quartil,
de género no ensino
ainda longe da paridade
secundário
Cenário Optimista: Angola atinge a paridade na frequência do
ensino secundário
1,30
1,00 Cenário Conservador: Manutenção no segundo quartil
0,83 0,84
5. Índice de paridade Cenário Moderado: Sobe ao melhor quartil e atinge a paridade
de género no ensino Cenário Optimista: Frequência superior de raparigas face aos
superior rapazes, seguindo a tendência já registada em alguns países
africanos (Namíbia, Lesoto, África do Sul, Botswana)
81
POTENCIAL E AMBIÇÃO

Existem nove principais indicadores que poderão ser utilizados para definir o potencial e a ambição
para a Igualdade de Género
Cenários 2050
Dimensão Indicadores Actual Conservador Moderado Optimista Racional

46,8 50,0
Cenário Conservador: Mantém-se no segundo quartil
30,0 32,9 Cenário Moderado: Subida para o melhor quartil, próximo da
6. Mulheres no
paridade
Parlamento (%)
Cenário Optimista: Angola atinge a paridade na representação
2 parlamentar
Paridade de
Género na Cenário Conservador: Transita para o melhor quartil, mas
Sociedade 7. Mulheres que 25,9 muito longe de atingir a meta 5.2 dos ODS
sofreram violência 19,2 Cenário Moderado: Redução da taxa de violência ainda longe
física nos últimos 12 10 de atingir a meta 5.2 dos ODS
5
meses (%)
Cenário Optimista: Redução muito substancial da violência
contra as mulheres, próximo da média UE

8. Score na dimensão Cenário Conservador: Transita e alinha com a média do


Participação Económica 0,83
0,64 0,66
0,77 segundo quartil
e Oportunidade do Índice
de Igualdade de Género Cenário Moderado: Subida para o melhor quartil, mas aquém
do Fórum de garantir uma participação igualitária no mercado de trabalho
3 Economico Mundial Cenário Optimista: Angola no melhor quartil, com performance
Paridade de idêntica à Zâmbia, actualmente melhor posicionado neste score
Género no
Trabalho
1,00
9. Rácio (H/M) Cenário Conservador: Mantém-se no terceiro quartil
0,73
trabalhadores 0,54 0,56
Cenário Moderado: Angola transita para o segundo quartil e
profissionais e
garante às mulheres mais oportunidades de acesso ao
técnicos
emprego qualificado
Cenário Optimista: Atinge a paridade no acesso ao emprego
qualificado e sobe para o melhor quartil

82
POTENCIAL E AMBIÇÃO

Meta 1: Angola tem de ambicionar posicionar-se numa posição de destaque e liderança face aos
pares no Índice de Igualdade de Género
Score no índice global de Igualdade de Género, 2020

1,00
0,83
0,79 0,78 0,78
0,75 0,73 0,73 0,72 0,72 0,72 0,71 0,71 0,71 0,70 0,69 0,68 0,67 0,66
0,64 0,62 0,61
0,58

Em 30 anos é renovada uma geração. O que for iniciado hoje com o objectivo de uma maior igualdade entre homens e
mulheres terá um profundo impacto na Angola de 2050

FONTE: Fórum Económico Mundial, 2020 83


POTENCIAL E AMBIÇÃO

Meta 1: Melhoria da posição no Índice poderá ser atingida se forem tomadas medidas transversais
para a efectivação da igualdade de género
Média do Quartil 1 Range Países Exemplo TCAC 2 (%) Posição no Cenários TCAC(%)
Score (2006 - 2020) Ranking Global
Zâmbia 1,0% 45
Melhor Quartil 0,75 0,72 - 0,79 Zimbabué 0,9% 47 Subida para o
Africa do Sul 0,7% 17 Melhor Quartil
Optimista 0,7%
82 0,83
Etiópia 1,2%
Segundo Quartil 0,70 0,69 - 0,71 Uganda 0,4% 65 Subida para o
Botswana 0,2% 73 Melhor Quartil
Moderado 0,4%
0,7% 99 0,75
Senegal
Terceiro Quartil 0,67 0,66 - 0,68
Angola 0,6% 118 Subida para o
Segundo Quartil
Quénia 0,2% 109 Conservador
0,3%
0,70
Costa do Marfim 1,0% 142
Pior Quartil 0,62 0,59 - 0,65
Nigéria 0,6% 128
Mali 0,3% 139
1 Quartis elaborados para 26 países da África Subsaariaana 2 TCAC – Taxa de Crescimento Anual Composta em %
▪ Angola deve ambicionar atingir os scores dos pares que se encontram bem posicionados no ranking global, como o Ruanda, a Namíbia e a
África do Sul, podendo até 2050 obter um score mais próximo da paridade de género (0,83), ainda que superior à actual média do melhor
quartil, mantendo praticamente a mesma TCAC dos últimos 14 anos (0,6%). Saltos significativos foram dados pelo Zimbabué e Zâmbia que
partiram de valores muito próximos ao actual de Angola
▪ Angola registou uma subida em 14 anos no IPG devido à melhoria dos scores nos sub-índices da Saúde e Participação Política, mantendo
uma taxa ligeiramente inferior (0,4%), mas agora centrada na melhoria nos índices de paridade na Educação e na Participação Económica,
onde se encontra mais atrasada, poderá ambicionar chegar à média do melhor quartil. Se essas melhorias não se registarem neste índices,
Angola não irá além da média actual do segundo quartil 84
FONTE: Fórum Económico Mundial, 2020
POTENCIAL E AMBIÇÃO

Meta 2: O reduzido acesso a métodos de planeamento familiar tem consequências na construção de


projectos individuais e profissionais, em particular das mulheres
Proporção de mulheres em idade reprodutiva (15 a 49 anos) satisfeita por métodos modernos de planeamento, 2016

84,8 82,9 82,7


80,4 78,9 77,9 76,9
73,9

62,9 62,4
58,7
55,5 54

40,8

29,8

18,9

FONTE: UN Women
85
POTENCIAL E AMBIÇÃO

Meta 2: Angola tem de ambicionar uma cobertura efectiva dos serviços de saúde reprodutiva e atingir
o melhor quartil
Média do Quartil Range Países Exemplo TCAC1(%) Cenários TCAC(%)
(anos p/ série disponível2)
Namibia 1,2%
Subida para o
Melhor Quartil 82,7 80,4 - 84,8 Melhor Quartil 3,5%
Zimbabué 0,9% Optimista
82,7

Lesoto 4,0%
Subida para
Segundo Quartil 76,9 73,9 - 79,0 Segundo Quartil
3,2%
Malauí 3,3% Moderado
76,9

Ruanda 11,3%
Subida para o
Terceiro Quartil 58,7 50,0 - 69,9 Terceiro Quartil
Zâmbia 3,5% 2,3%
Conservador
58,7

RD Congo 1,2%
Pior Quartil 29,8 18,9 - 40,9
Angola s/d

▪ O Ruanda em 15 anos, que partiu de um valor muito baixo (12%), apresenta a maior TCAC entre todos os países analisados. Não existe
série estatística para Angola.
▪ A ambição para Angola a 2050 deverá ser integrar o melhor quartil, o que irá exigir um esforço de crescimento anual na ordem dos 3,5%
▪ Esforços menores neste indicador (TCAC 2,3%) farão Angola subir apenas para o 3º quartil, ficando muito aquém daquilo que será o
desejado para a política de natalidade e de planeamento familiar
1 TCAC – Taxa de Crescimento Anual Composta em %
2 Séries disponíveis em número de anos para cálculo da TCAC: Essuatini (7) Namíbia (13) Lesoto (9) Malauí (16) Ruanda (15) Zâmbia (12) RD Congo (7) Angola (só dados para 2016)
86
FONTE: UN Women
POTENCIAL E AMBIÇÃO

Meta 3: Angola tem de garantir um acesso equitativo de raparigas e rapazes à escola

Score e índice de paridade de género no ensino primário, 2020


Score
1.00 1.00 1.00 1.00 1.00 1.00 1.00 1.00 0.99
0,99 0.92 0.91 0,89 0.86 0.83 0.75

1,04 1,04 1,03 1,02 1,01 1,01 1,00 1,00 0,99 0,99 1,00
0,93 0,91 0,90
0,86
0,83
0,76

FONTE: Fórum Económico Mundial, 2020


87
POTENCIAL E AMBIÇÃO

Meta 3: Políticas e apoios às famílias são fundamentais para garantir a frequência das meninas no
ensino primário e atingir a paridade
Média do Quartil Range Países Exemplo TCAC1(%) Cenários TCAC(%)
(f/m) (2006 - 2020)

0,9% Subida para


Melhor Quartil 1,06 1,04 - 1,12 Senegal Melhor Quartil 1,0%
Quénia 0,3% Optimista
1,01

Namíbia 0,4% Subida para


Segundo Quartil 1,01 1,01 - 1,03 Segundo Quartil 0,9%
Uganda 0,3% Moderado
0,99

Marrocos 0,4%
Terceiro Quartil 0,99 0,99 - 1,0 Manutenção no 0,4%
Egipto 0,2% Pior quartil
Conservador
0,86
Etiópia 0,3%
Pior Quartil 0,76 - 0,93
0,86 Camarões 0,5%
Angola -0,8%
1 TCAC – Taxa de Crescimento Anual Composta em %

▪ Angola, ao contrário da maioria dos seus pares, regrediu nos últimos 14 anos, tendo em 2020 um índice de 0,76 contra os 0,86 em 2006
▪ Os países com o mesmo ponto de partida que Angola e que tiveram as melhores performances foram os Camarões, Mali e Etiópia. Já o
Senegal, apesar ter registado a melhor TCAC no período, partiu de um valor muito superior a Angola (1,02)
▪ O esforço de Angola terá que ser grande para acompanhar os seus pares, tendo que em 30 anos duplicar a TCAC que outros registaram
em 14 e obter um score de 1.01, ou, com TCAC idêntica ao Senegal (0,9%), subir ao terceiro quartil e ficar perto da paridade
88
FONTE: Fórum Económico Mundial, 2020
POTENCIAL E AMBIÇÃO

Meta 4: Angola tem de garantir um acesso equitativo de raparigas e rapazes à escola

Score e índice de paridade de género no ensino secundário, 2020


Score
1.00 1.00 1.00 1.00 1.00 1.00 1.00 1.00 1.00 1.00 1.00 0.94 0.93 0.90 0,88 0.87 0.84 0.80 0.81

1,25
1,20
1,14
1,10 1,08
1,02 1,02 1,01 1,00 1,00 0,97 0,94 1,00
0,93
0,89 0,88 0,87 0,84 0,81 0,81

FONTE: Fórum Económico Mundial, 2020


89
POTENCIAL E AMBIÇÃO

Meta 4: Também ao nível do ensino secundário é fundamental aumentar a participação das meninas e
raparigas e atingir paridade
Média do Quartil Range Países Exemplo TCAC1(%) Cenários TCAC(%)
(f/m) (2006 - 2020))
Subida para o
3,7%
Melhor Quartil 1,24 1,1 - 1,53 Senegal Segundo Quartil
0,8%
Optimista
Africa do Sul 0,5% 1,02

Subida para
Segundo Quartil 1,02 1,0 - 1,08 Marrocos 1,1% Terceiro Quartil 0,5%
Moderado
Gana 0,8% 0,94

Etiópia 2,3% Mantem-se no


Terceiro Quartil 0,94 0,89 - 0,99 mesmo Quartil 0,1%
Uganda 0,7% Conservador
0,84

Nigéria 0,4%
Pior Quartil 0,84 0,81 - 0,88
Angola 0,3%
1 TCAC – Taxa de Crescimento Anual Composta em %

▪ O Senegal apresenta a melhor performance do Continente Africano, nos últimos 14 anos, com um crescimento muito difícil de igualar (3,7%
de TCAC), bem como a Etiópia, país que parte de um valor muito abaixo de Angola e garantiu uma melhor pontuação no score (0,968)
▪ Angola deverá em 30 anos garantir a paridade de género no ensino secundário e situar-se, pelo menos, no segundo quartil, uma TCAC na
ordem dos 0,8% será suficiente para obter um score de 1.00
90
FONTE: Fórum Económico Mundial, 2020
POTENCIAL E AMBIÇÃO

Meta 5: A igualdade de género em Angola depende também de uma maior e melhor qualificação das
mulheres
Score e índice de paridade de género no ensino terciário, 2020 Score

1.00 1.00 1.00 1.00 1.00 1.00 0.98 0.93 0.84 0.84 0.83 0.81 0.77 0.73 0.73 0,69 0.67 0.62 0.48 0.41

1,98

1,55
1,43 1,43
1,30

1,00 0,99 1,00


0,93
0,84 0,84 0,83 0,81 0,77 0,74 0,73 0,69 0,68 0,63
0,48
0,42

FONTE: Fórum Económico Mundial, 2020


91
POTENCIAL E AMBIÇÃO

Meta 5: Angola tem condições para atingir a paridade no Ensino Superior antes de 2050

Média do Quartil Range Países Exemplo TCAC1(%) Cenários TCAC(%)


(f/m) ((2006 - 2020)

Namibia 4,0% Subida para


Melhor Quartil 1,5 0,99 - 1,98 Melhor Quartil
Optimista 1,7%
Africa do Sul 1,4%
1,30

Segundo Quartil 0,84 0,77 - 0,93 Zimbabué 2,1% Subida para


Melhor Quartil
0,6%
Angola 1,7% Moderado
1,00

Terceiro Quartil 0,72 Nigéria 1,6% Mantem-se no


0,68 - 0,74 Segundo Quartil 0,04%
Quénia 1,5% Conservador
0,84

Etiópia 2,5%
Pior Quartil 0,52 0,42 - 0,63
Malauí 1,1%

1 TCAC – Taxa de Crescimento Anual Composta em %

▪ Angola parte hoje de um índice bastante positivo quando comparado com os seus pares, tendo feito um progresso extraordinário nos
últimos 14 anos devido ao aumento da oferta universitária pública e privada por todo o país. Mantendo o mesmo ritmo de crescimento
(TCAC 1,7%), conseguiria em 30 anos atingir um índice de 1,30, ou seja, em 2050 por cada 100 homens matriculados no ensino superior
existiriam 130 mulheres, uma tendência que se regista em muitos países africanos, com mais mulheres que homens a frequentar o ES
▪ Importa a Angola garantir a paridade no ensino superior, o cenário moderado garante a Angola um score de 1.00, podendo atingi-lo com
uma TCAC bastante inferior à registada na última década (0,6%). Já o Cenário Conservador mantem Angola no segundo quartil,
praticamente sem evolução 92
FONTE: Fórum Económico Mundial, 2020
POTENCIAL E AMBIÇÃO

Meta 6: Uma maior representatividade das mulheres na política depende tão só da vontade política
de definir a paridade como um objectivo a atingir
% de mulheres nos Parlamentos Nacionais, 2020

61,3

50,0
46,8 46,2 46,0
41,8
38,8
36,9
34,9
32,9 31,9 31,1 30,0

23,3 22,9 21,8 20,5


18
15,9 14,9
13,1
9,5 9,5

FONTE: Fórum Económico Mundial, 2020


93
POTENCIAL E AMBIÇÃO

Meta 6: A paridade colocará Angola no melhor quartil e em posição de destaque face aos pares

Média do Quartil Range Países Exemplo TCAC1(%) Cenários TCAC(%)


(2006 - 2020))

Ruanda n.d
Melhor Quartil 46,8 38,8 – 61,3 África do Sul 2,4%
Subida para o
Melhor Quartil 1,7%
Senegal 1,5% Optimista
50,0

Camarões 9,3%
Segundo Quartil 32,9 Uganda 1,1% Subida para o
30,0 – 36,9 Melhor Quartil 1,5%
Angola 5,1% Moderado
46,8

Quénia 8,5%
Terceiro Quartil
21,3 Mantem-se no
18,0 – 23,3 Zâmbia 1,3% Segundo Quartil 0,3%
Conservador
32,9
Egipto 15,4%
Pior Quartil 12,6
9,5 – 15,9 Gana 1,3%

1 TCAC – Taxa de Crescimento Anual Composta em %

▪ A ambição para Angola a 2050 deve ser atingir 50% de participação de mulheres no Parlamento. Para tal será necessária uma TCAC na
ordem dos 1,7%, subindo para o melhor quartil, ainda que com um valor superior à média
▪ Quer o cenário moderado, quer o conservador, não permitirão chegar à paridade, sendo que moderado permite a Angola atingir a média
actual do 1º quartil, e o conservador mantem Angola no segundo quartil sem progressos
94
FONTE: Fórum Económico Mundial, 2020
POTENCIAL E AMBIÇÃO

Meta 7: Reduzir a violência contra as raparigas e mulheres é uma questão de direitos fundamentais e
um objectivo fundamental de um Estado de Direito
Mulheres que sofreram violência física nos últimos 12 meses (%)

36,8
32,7
31,5
29,6 29,9
25,9 26,7
25,5
24,3
19,8 19,9 20,2 20,7
19,2
15,5

10
6 7
5
3,2

META 5.2 ELIMINAR TODAS AS FORMAS DE VIOLÊNCIA CONTRA TODAS AS MULHERES E


RAPARIGAS NAS ESFERAS PÚBLICAS E PRIVADAS, INCLUINDO O TRÁFICO E EXPLORAÇÃO
SEXUAL E DE OUTROS TIPOS DE EXPLORAÇÃO

FONTE: WB - Gender Statistics


95
POTENCIAL E AMBIÇÃO

Meta 7: Angola tem de combater a violência contra as raparigas e mulheres no plano legislativo,
cultural e educacional
Média do Quartil Range Países Exemplo Valor Médias internacionais Valor Posição no
Ranking IGIG
Moçambique 15,5%
19,2 15,5 - 20,7 Ruanda União Europeia 3,2% -
Melhor Quartil 20,7%
Reino Unido 6% 21
Etiópia 19,8%
Portugal 6% 35
Mali 24,3%
24,3 - 25,9 Dinamarca 7% 14
Segundo Quartil 25,2 Quénia 25,5%
Angola 25,9%
Cenários TCAC(%)
Uganda 29,9% Perto da média europeia
Terceiro Quartil 28,7 26,7 - 9,9 - 6,5%
Tanzânia 29,6% Optimista
Zâmbia 26,7% 5%
Perto de valores internacionais - 2,5%
Camarões 32,7% Moderado
Pior Quartil 33,6 31,8 - 36,8 10%
RD Congo 36,6%
31,5% Subida para o Melhor Quartil - 1,8%
Gabão Conservador
19,2%
Nota: Não existem dados históricos para este indicador

▪Para um cenário Optimista (5%), a meta estaria perto do actual valor da média da União Europeia (3,2%), ficando Angola próxima de
atingir a meta 5.2 dos ODS na eliminação das formas de violência contra as mulheres
▪ Na senda dos objectivos do ODS 5, Angola poderá ambicionar uma meta, num cenário Moderado, ao nível dos países europeus, com
um valor ligeiramente superior aos actuais da Dinamarca (7%) e de Portugal (6%)
▪ Para Angola atingir a média do melhor quartil em 2050 (19,2%), o cenário Conservador apresenta uma TCAC de -1,8%, mas longe de
atingir os ODS
96
FONTE: WB - Gender Statistics
POTENCIAL E AMBIÇÃO

Meta 8: Angola para atingir uma melhor posição na dimensão “Participação Económica e
Oportunidade” terá que reforçar a igualdade de género no acesso ao emprego formal pelas mulheres

Score na dimensão Participação Económica e Oportunidade, 2020

1,00

0,83 0,83
0,78 0,77 0,77 0,76
0,73 0,72
0,69
0,66 0,66 0,66 0,64 0,64 0,64
0,61 0,59 0,59
0,56

0,43
0,40

FONTE: Fórum Económico Mundial, 2020 97


POTENCIAL E AMBIÇÃO

Meta 8: Criar oportunidades económicas para as mulheres permitirá a Angola melhor a sua posição no
score e atingir o melhor quartil
Média do Quartil Range Países Exemplo TCAC1(%) Cenários TCAC(%)
(Score) (2006 - 2020))

Zâmbia Subida para o


2,3%
Melhor Quartil
Melhor Quartil
0,77 0,72 - 0,83 Optimista 0,9%
Nigéria 1,4% 0,83

África do Sul 1,1% Subida para o


Melhor Quartil
Segundo Quartil
0,66 0,65 - 0,69 0,6%
Lesoto 0,6% Moderado
0,77

Maurícia 1,5%
Subida para o
Terceiro Quartil 0,61 0,59 - 0,64 Segundo Quartil
Angola 0,62% 0,1%
Conservador
0,66

Egipto 0,37%
Pior Quartil 0,50 0,40 - 0,58
Etiópia 0%

▪ Num horizonte de 30 anos Angola deve ambicionar uma aproximação significativa ao nível da participação económica entre homens e
mulheres (0,83) para um cenário optimista. Se garantir um ritmo de crescimento inferior ao da África do Sul nos últimos 14 anos, Angola
conseguiria melhorar o seu score até 2050
▪ Angola, ao ritmo que cresceu nos últimos 14 anos poderá ambicionar subir para o 1º quartil mas ainda longe da igualdade entre homens e
mulheres quanto à sua participação económica, ficando com um score na ordem dos 0,77
▪ Já o cenário conservador permite subir ao segundo quartil, mas longe dos objectivos políticos (0,66%) 98
FONTE: Fórum Económico Mundial, 2020
POTENCIAL E AMBIÇÃO

Meta 9: Angola tem de aumentar a igualdade no acesso ao emprego qualificado garantindo as mesmas
oportunidades entre homens e mulheres

Racio (H/M) trabalhadores profissionais e técnicos (empregos qualificados)

1,83

1,27
1,13
1,01 1,00
0,90 1,00
0,84
0,76 0,73 0,70
0,63 0,62 0,59 0,56 0,56 0,54
0,48
0,37
0,32

FONTE: Fórum Económico Mundial, 2020 99


POTENCIAL E AMBIÇÃO

Meta 9: Garantir a igualdade de oportunidades no acesso ao emprego qualificado permitirá a Angola


posicionar-se no melhor quartil
Média do Quartil Range Países Exemplo TCAC1(%) Nº anos Cenários TCAC(%)
(Score)

África do Sul 1,7% 14


Subida para o
Madagáscar 1,7% 11 Melhor Quartil 2,1%
Melhor Quartil 1,30 0,90 - 1,83 Optimista
Zimbabué 1,6% 14 1,00

Tanzânia 3,5% 14
Uganda 2,6% 10
Segundo Quartil 0,73 0,62 - 0,85 Subida para o
Egipto 2,3% 14 1,0%
Segundo Quartil
Moderado
Camarões 4,1% 14 0,73
Gana 1,4% 5
Terceiro Quartil 0,56 0,54 - 0,60
Marrocos 1,4% 14 Mantem-se no
Terceiro Quartil 0,1%
Angola n/d 1
Conservador
Etiópia 0,56
1,3% 14
Pior Quartil 0,34 0,27 - 0,48 Gâmbia 3,6% 5
RD Congo 0% 2

▪ Num horizonte de 30 anos, Angola deve ambicionar a igualdade entre homens e mulheres com profissões qualificadas. Se garantir um ritmo
de crescimento na ordem dos 2,1%, idêntico aos registados pelo Egipto e Uganda nos últimos 14 anos, Angola conseguiria em 30 anos
atingir um rácio de 1,00, ainda que inferior à média actual do melhor quartil
▪ A um ritmo inferior (1,0%) poderá ambicionar também subir para o 2º quartil, ainda que longe da paridade entre homens e mulheres (0,73). O
cenário conservador (TCAC 0,1%) não regista progressos, mantendo-se no terceiro quartil mas atingindo a actual média
100
FONTE: Fórum Económico Mundial, 2020
Estrutura do documento

Trajectória recente

Balanço à luz do
Angola 2025

Macro-tendências até
2050

Potencial e ambição para


Angola em 2050

Eixos de Solução

101
EIXOS DE SOLUÇÃO

NÃO EXAUSTIVO
Principais eixos de solução para a Igualdade de Género
DETALHADO DE SEGUIDA

Eixos de solução O que se pretende

1. Transversalização da Igualdade ▪ Integrar as questões do género na governação (Igualdade de Género como tarefa fundamental do
de Género na governação Estado)
▪ Promover a importância e a transversalização do género nas estatísticas
▪ Produzir conhecimento e assegurar a monitorização e avaliação do cumprimento das metas e
objectivos nacionais e internacionais na promoção da igualdade de género

▪ Alargar o acesso e aumentar a escolarização das raparigas nos vários níveis de ensino
2. Investimento em Capital Humano ▪ Aumentar e diversificar as competências das raparigas e mulheres
▪ Melhorar o acesso à saúde sexual e reprodutiva, reduzir a mortalidade materna e infantil e as
gravidezes precoces, reduzir o contágio do VIH/SIDA e das DST e a vulnerabilidade das mulheres e
raparigas

▪ Promover a igualdade sócio-económica entre mulheres e homens


3. Criação de oportunidades económicas ▪ Aumentar a participação das mulheres no mercado de trabalho formal
▪ Alargar a participação das mulheres no ecossistema empreendedorismo e no desenvolvimento de PME

▪ Combater práticas e normas promotoras de desigualdade entre homem e mulher, a discriminação em


função da orientação sexual, identidade e expressão de género
4. Mudança de Atitudes ▪ Aumentar a participação dos rapazes e homens na vida familiar
▪ Aumentar os níveis de sensibilização, tolerância e valorização das questões da igualdade e equidade
de género
▪ Erradicação de todas as formas de violência contra as raparigas e mulheres, incluindo a violência
5. Adopção e aplicação de doméstica, o casamento infantil, precoce e forçado
políticas, legislação e ▪ Melhorar o quadro legal conducente à Igualdade e Equidade de Género
regulamentos ▪ Garantir a visibilidade das mulheres e raparigas na sociedade, e promover a sua cidadania activa e
igualitária
▪ Promover a participação das mulheres na vida pública e política
102
EIXOS DE SOLUÇÃO

Detalhe: Transversalização da Igualdade de Género na governação A SER APROFUNDADO


NO WORKSHOP SECTORIAL

Eixos de solução Iniciativas Principais medidas


Fase 1 (2020-2035) Fase 2 (depois de 2035)

Tranversalização da ▪ Definir posição estratégica da pasta da Igualdade de Género no ▪ Criar as condições e implementação de uma
1. Transversalização da igualdade de género organigrama governativo, permitindo que tenha lugar de coordenação política de orçamentação com impacto de género
Igualdade de Género na em todos os sectores política entre todos os sectores relativamente à IG (gender budgeting)
governação de governação ▪ Implementar integralmente a Política Nacional para Igualdade e ▪ Efectivar a aplicação dos indicadores sensíveis
(gender Equidade de Género e eliminar Violência Baseada no Género (VBG) ao género na formulação e avaliação das políticas
mainstreaming) ▪ Criar guiões para a transversalização da Igualdade de Género nos públicas nos diferentes sectores de acção
diferentes sectores da acção governativa e nos governos provinciais governativa
▪ Formar altos quadros e a técnicos dos ministérios dos diferentes
2. Investimento em Capital sectores sobre Igualdade de Género na formulação e avaliação de
Humano políticas públicas
▪ Elaborar Planos Nacionais de Igualdade de nova geração: produzidos
em lógica transversalizada e participada entre todos os sectores de
acção governativa

3. Criação de ▪ Institucionalizar uma rede de organizações da sociedade civil com enfoque nas dimensões da igualdade de género
oportunidades económicas ▪ Desenho de programas e projectos em parceria com as organizações da sociedade civil para implementação das políticas para
a igualdade e equidade de género

Produção de ▪ Estabelecer um Observatório do Género ▪ Avaliação e consolidação do dossier estatístico


4. Mudança de Atitudes de género
informação e ▪ Criar um dossier estatístico de género (bateria de indicadores de
conhecimento para género ou sensíveis ao género) no aparelho estatístico nacional (INE) ▪ Avaliação da implementação de políticas de
decisão política que permitam a avaliação de género ou de impacto de género na Igualdade de Género (que tenham terminado
informada tomada de decisão política em todos os sectores de governação vigência durante este período)
▪ Criar um programa alargado de estudos de diagnóstico e publicação ▪ Avaliação e redefinição de prioridades do
5. Adopção e aplicação de sobre estatísticas de género, em parceria com a sociedade civil e programa de estudos diagnósticos sobre
políticas, legislação e academia igualdade de género e relações sociais de
regulamentos género em Angola
▪ Avaliar a implementação de políticas de Igualdade de Género em
todos os sectores e publicação dos resultados

103
EIXOS DE SOLUÇÃO

Detalhe: Educação e desenvolvimento de competências como alavanca para a A SER APROFUNDADO


NO WORKSHOP SECTORIAL

Igualdade de Género e emancipação das mulheres


Eixos de solução Iniciativas Principais medidas
Fase 1 (2020-2035) Fase 2 (depois de 2035)

▪ Garantir a obrigatoriedade do ensino até ao 10º ano de todas as


1. Transversalização da Escolarização das raparigas e rapazes
Igualdade de Género na raparigas e prevenção ▪ Programa de incentivo (apoio condicional) às famílias para a
governação do abandono escolar manutenção das meninas e raparigas na escola
precoce ▪ Programa de bolsas escolares e de incentivo ao estudo às melhores
alunas (podendo ser uma bolsa em material escolar básico)

▪ Disponibilização em todas as escolas primárias de cursos básicos de TIC dirigidos às crianças no ensino primário para iniciar
2. Investimento em Capital a literacia digital
Humano
▪ Programa nacional de sensibilização, combate e prevenção do abandono escolar precoce, especialmente destinado às
raparigas e as suas famílias

Desenvolvimento de ▪ Desenvolvimento de programas de competências dirigidos ▪ Programa de bolsas de estudo de mérito de


3. Criação de competências para o especificamente às raparigas e mulheres que trabalham no sector acesso e frequência ao ensino superior, com
oportunidades económicas futuro informal, em particular ao nível dos serviços de extensão agrícola incidência nas áreas STEAM
potenciando as capacidades e o trabalho das mulheres no sector
▪ Com a entidade relevante, apoiar acções de alfabetização nas
comunidades rurais dirigidas especificamente às raparigas e mulheres
▪ Criar quotas de acesso aos cursos de formação profissional
4. Mudança de atitudes promovendo a integração de um maior número de raparigas e mulheres,
em particular nas áreas com maior retorno económico e de potencial
emprego
▪ Com o BNA e entidades relevantes, realizar um programa de literacia
financeira dirigido às mulheres, em particular do meio rural
5. Adopção e aplicação de ▪ Em parceria com os municípios e organizações da sociedade civil,
políticas, legislação e fomentar e apoiar programas que visem a literacia digital das raparigas
regulamentos e mulheres
▪ Criar parcerias com sector privado da área das telecomunicações para o desenvolvimento de projectos que promovam o
conhecimento tecnológico inclusivo e orientado para o futuro

104
EIXOS DE SOLUÇÃO

A concessão de apoio directos às famílias, condicionais e incondicionais, são essenciais para


aumentar a escolarização das raparigas e prevenir o seu abandono precoce das escolas
ILUSTRATIVO

Distribuição de livros escolares e uniformes para crianças no Quénia

▪ Em 2003, o governo do Quénia tornou o ensino gratuito e a entrega de livros escolares e cadernos, o que
levou a um aumento significativo da participação escolar

▪ O “Programa de Patrocínio à Criança (CSP)”, dinamizado por uma ONG holandesa, com o apoio de doadores
internacionais, passou a garantir que as crianças tivessem acesso a uniformes escolares e outro material escolar

▪ Com a entrega de uniforme escolar, juntamente com outros materiais escolares, o absenteísmo escolar reduziu
em mais de um terço, em especial o das crianças mais pobres. Também serviu para incentivar uma maior
participação das meninas no ensino primário. Em termos percentuais, a redução global do absenteísmo
foi estimada em 44%

Programa de bolsas de estudos para as meninas em escolas primárias no Quénia


▪ De forma a encorajar as alunas a permanecer mais tempo no sistema e a progredir para o ensino secundário,
foi criado um programa de bolsas, com um valor monetário à aluna e outro às suas famílias. As bolsas eram
atribuídas às alunas com melhores resultados no final da primária

▪ A avaliação constatou que a existência das bolsas impulsionou o esforço em sala de aula dos alunos e
melhorou as notas dos alunos nos exames. Houve também uma redução de cerca de 25% no absentismo
escolar entre os alunos

▪ Os níveis de frequência dos professores nas escolas também aumentaram, dado que pais frequentavam mais
a escola para avaliar o desempenho dos filhos, e pressionavam os professores a aumentar o foco na educação
dos mesmos

Fonte: Centre For Public Impact – BCG Foundation: https://www.centreforpublicimpact.org/ 105


EIXOS DE SOLUÇÃO

Investindo numa nova geração: Desenvolvimento do empreendedorismo para jovens


ILUSTRATIVO

O governo de Moçambique desenvolveu um ambicioso plano educacional para preparar melhor os jovens, raparigas e
rapazes, para actividades empreendedoras

Resultados chave
• Pelo menos 255 escolas implementaram o programa
• 1521 professores foram treinados
• Pelo menos 240.000 estudantes fizeram o curso, 47% deles do sexo feminino
• 85% dos estudantes adquiriram habilidades empreendedoras
• Representação igual entre raparigas e rapazes a iniciar pequenos negócios
• Estudantes de áreas rurais e urbanas mostram igual compromisso com o curso

A educação para o empreendedorismo desempenha um papel importante para desenvolver atitudes, competências e
conhecimentos que permitirão a rapazes e raparigas jovens gerarem seu próprio rendimento, criarem empregos, bem como
contribuírem para o crescimento económico do país. Devido ao impacto muito positivo, o Ministério da Educação e Cultura
integrou o programa na estratégia nacional formal de educação para implementação em todo o país

106
EIXOS DE SOLUÇÃO

Detalhe: Acesso a cuidados médicos e a formas de saúde modernas condição para um A SER APROFUNDADO
NO WORKSHOP SECTORIAL

capital humano saudável, activo e produtivo


Eixos de solução Iniciativas Principais medidas

Fase 1 (2020-2035) Fase 2 (depois de 2035)

1. Transversalização da Garantir o acesso ▪ Promover a adopção de uma agenda de Igualdade e Equidade de ▪ Uso de tecnologia para consultas à distância ou
Igualdade de Género na das mulheres de Género no domínio da Saúde em alternativa a lógica de clínicas/consultas
governação qualquer idade à ▪ Apoiar estratégias conjuntas que visem a promoção de serviços de itinerantes
saúde sexual e saúde sexual e reprodutiva para os jovens ▪ Investimentos no sector da saúde feitos com a
reprodutiva segundo ▪ Identificar e implementar estratégias que envolvam homens e lente de género e acautelando as necessidades
métodos modernos mulheres em actividades relacionadas com a saúde da família, particulares da saúde das mulheres
regulação da fertilidade e adopção de práticas sexuais seguras
2. Investimento em Capital ▪ Com parceiros locais e comunitários, lançar campanhas de
Humano sensibilização sobre direitos reprodutivos e saúde sexual

▪ Criação de uma rede de conselheiros para a saúde das mulheres devidamente treinados e certificados (em
complementaridade dos profissionais de saúde)
3. Criação de
oportunidades económicas Prevenção e combate ▪ Estabelecer parcerias com organizações da sociedade civil para
ao VIH/Sida e DST implementar em todo o país programas e projectos que visem a
prevenção do contágio pelo VIH/SIDA através da disseminação de
informação e promoção do acesso ao preservativo
▪ Realizar campanhas públicas e mobilização política para fazer
4. Mudança de atitudes face ao VIH/SIDA que afecta em particular as mulheres e
raparigas

5. Adopção e aplicação de
políticas, legislação e
regulamentos

107
EIXOS DE SOLUÇÃO

Conselheiros para a saúde (das mulheres) e uso das tecnologias para garantir acesso à
saúde: boas práticas ILUSTRATIVO

O que é O que é

▪ Complementar médicos com ▪ O telemóvel pode ser usado para aumentar drasticamente o alcance de
agentes/conselheiros de saúde locais treinados profissionais de saúde mais treinados, como médicos e enfermeiros
com menor intensidade - embora
profissionalmente - que respondem às ▪ A tecnologia está disponível: a maioria das pessoas na África Subsaariana já tem
comunidades de origem – o acesso aos cuidados acesso a telemóveis por meio de amigos, familiares ou acordos de
de saúde poderia melhorar substancialmente compartilhamento de grupos

Como fazer Como fazer

▪ Baseia-se na contratação de mulheres locais ▪ Um modelo bem-sucedido empregaria call centers urbanos com agentes clínicos,
como agentes/conselheiras de saúde. As enfermeiros e médicos
mulheres rurais são percebidas como mais
confiáveis (e merecedoras de confiança) do que ▪ Em vez de atender directamente os pacientes, esses centros actuariam como
os homens por outras mulheres rurais. Mais, polos que aumentariam o impacto dos agentes de saúde locais, fornecendo-lhes
nalguns países, as mulheres já são o ponto focal suporte clínico avançado
de muitas iniciativas de saúde, incluindo as
reprodutivas Exemplo internacional
Timor-Leste: Primeiro projecto de Saúde Móvel no
▪ A formação necessária deve variar de acordo país (2013), parceria entre Ministério da Saúde e
com as especificidades do programa de cada país parceiros de desenvolvimento, e visa o
acompanhamento das grávidas e a prestação de
cuidados de saúde, ligando-as via sms às parteiras que acompanham Liga Inan
gestação, parto acompanhado e cuidados pós-natais

Fonte: “Three practical steps to better health for Africans”, by Tim Knapp, Ben Richardson, and Shrey Viranna; http://www.ligainan.org/ 108
EIXOS DE SOLUÇÃO

Clínicas itinerantes – boas práticas em diferentes países e continentes


ILUSTRATIVO

O que é

O uso de clínicas móveis para levar ferramentas de diagnóstico, medicamentos às comunidades locais. Nos últimos anos várias
organizações começaram a empregá-las em escala. Isso sugere que eles podem desempenhar um papel importante na
maximização do alcance dos agentes de saúde locais, reduzindo ainda mais as barreiras de transporte que impedem muitos
africanos (sobretudo, mulheres) de receber atendimento.

Exemplos

Índia: o Health Management and Research Institute, implantou 475 clínicas móveis em Andhra Pradesh em apenas um ano,
conseguindo melhorar a cobertura médica da população rural do estado

Turquia: usou clínicas móveis para dar a grande parte da população rural do país maior acesso a serviços médicos

Egipto: usa camiões para transportar hospitais temporários por todo o país

Namíbia e a Nigéria: desenvolvem projectos similares

Como fazer

Menor é geralmente melhor: as vans podem cobrir mais terrenos e estradas pobres da África do que veículos maiores. As vans devem
estar equipadas com refrigeradores para transportar vacinas refrigeradas, medicamentos e amostras de laboratório para e de clínicas
de saúde distantes. Estas vans também devem ter uma cama para tratar pacientes.

Fonte: “Three practical steps to better health for Africans”, by Tim Knapp, Ben Richardson, and Shrey Viranna
109
EIXOS DE SOLUÇÃO

A SER APROFUNDADOS
Detalhe: Criação de oportunidades económicas e de condições adequadas NO WORKSHOP SECTORIAL

Eixos de solução Iniciativas Principais medidas


Fase 1 (2020-2035) Fase 2 (depois de 2035)

Fomento do ▪ Programa de formação e consultadoria de apoio à criação de pequenas e médias empresas para mulheres
empreendedorismo que pretendam integrar o mercado de trabalho através da criação do próprio emprego
1. Transversalização da ▪ Programas de incentivo à formalização da actividade das mulheres nas indústrias criativas
Igualdade de Género na (formal) das mulheres
▪ Programas de incentivo à organização e empreendedorismo de mulheres trabalhadoras rurais (formas de
governação produção e produtos agrícolas ou de base agrícola valorizados no mercado)
▪ Fomento e apoio à criação de cooperativas e associações de mulheres no meio rural que vise a
formalização dos seus negócios
▪ Programas de mentoring para empreendedorismo, permitindo acesso e acompanhamento por parte de
empreendedoras mais experientes e o apoio nas diferentes fases do negócio e no acesso a crédito
2. Investimento em Capital
Humano
Promoção da ▪ Lançar um conjunto de iniciativas de sensibilização para a temática da IG junto do sector privado (médias e
responsabilidade grandes empresas), incluindo a elaboração de um guião de diagnóstico para que as empresas (auto-)
social das avaliem as suas práticas ao nível da igualdade de género para o desenho e implementação de Planos de
empresas Igualdade de Género nas Empresas (PIGE)
3. Criação de ▪ Distinguir as empresas que realizam ou promovem acções concretas e positivas na área da igualdade entre
oportunidades económicas mulheres e homens e da qualidade no trabalho, no emprego e na formação profissional (incluindo a
elaboração de PIGE)
▪ Fomentar junto das grandes empresas o recurso a empresas fornecedoras lideradas por mulheres por
forma a integrá-las nas redes de fornecimento
▪ Promover junto do sector empresarial o estabelecimento de programas de mentoria e formação dirigidos às
mulheres que visem a preparação para cargos de gestão
4. Mudança de atitudes ▪ Flexibilidade de horários de trabalho para homens e mulheres com dependentes, sem penalização
remuneratória ou de desenvolvimento das carreiras
▪ Formação de decisores de topo e intermédios dos sectores público e privado para a importância das
políticas de articulação trabalho-família

▪ Estabelecimento de horários
5. Adopção e aplicação de escolares (creches e todos os níveis
políticas, legislação e de ensino) flexíveis e compatíveis
regulamentos com o mercado de trabalho

110
EIXOS DE SOLUÇÃO

Empoderamento de mulheres produtoras de cerveja artesanal


ILUSTRATIVO

Burkina Faso

As mulheres no Burkina Faso, especialmente nas áreas


rurais, têm baixas taxas de alfabetização, elevadas taxas
de desemprego e desigualdade de acesso à terra, crédito
e tecnologia. No entanto, a produção de cerveja em
pequena escala é uma importante fonte de rendimento
para as mulheres rurais

O projecto visa capacitar as mulheres através de:


▪ Prestação de assistência técnica a 1600 mulheres
para que possam melhorar a eficiência de sua
produção
▪ Uma redução nos níveis de trabalho experimentados
pelas mulheres e meninas, e melhorias em sua
segurança pessoal como resultado da conversão de
fogões a lenha para fogões com eficiência energética
▪ O estabelecimento de quatro novos clusters, a fim de
promover acesso colectivo das mulheres a instituições
financeiras e a novas possibilidades de negócios e
conhecimento

111
EIXOS DE SOLUÇÃO

Detalhe: Criação de oportunidades económicas A SER APROFUNDADOS


NO WORKSHOP SECTORIAL

Eixos de solução Iniciativas Principais medidas

Fase 1 (2020-2035) Fase 2 (depois de 2035)

1. Transversalização da
Igualdade de Género na
governação Fomento da ▪ Promover junto do sector público e privado o desenvolvimento de tecnologia dirigida às mulheres, como
tecnologia e a criação de Apps, que potenciem a autonomia, segurança, informação das raparigas e mulheres
inclusão digital ▪ Promover junto das empresas de telecomunicações, um programa de acesso a telemóveis de baixo
custo
▪ Utilização dos meios digitais para partilha de informação sobre direitos e oportunidades, incluindo na
2. Investimento em Capital área da saúde, educação e formação, potenciando a info-inclusão em todo o território
Humano

3. Criação de
oportunidades económicas

4. Mudança de atitudes

5. Adopção e aplicação de
políticas, legislação e
regulamentos

112
EIXOS DE SOLUÇÃO

Detalhe: Mudança de atitudes essencial à desconstrução de estereótipos A SER APROFUNDADOS


NO WORKSHOP SECTORIAL

Eixos de solução Iniciativas Principais medidas


Fase 1 (2020-2035) Fase 2 (depois de 2035)

Desconstrução de ▪ Mobilizar homens com reconhecido papel na sociedade (ao nível cultural, politico, económico, desportivo, etc) para
estereótipos de género campanhas de sensibilização nos meios de comunicação social e redes sociais que visem combater e prevenir a violência
contra as mulheres e raparigas, desconstrução de estereótipos do papel do homem e mulher na sociedade, etc
1. Transversalização da ▪ Desenvolver e implementar com entidades relevantes (ministérios da saúde, educação, trabalho; lideranças comunitárias,
Igualdade de Género na religiosas, organizações da sociedade civil) um programa para consciencialização das mulheres sobre os seus direitos
governação
▪ Apoiar as organizações da sociedade civil, através de formação, assistência técnica e material, para uma participação
activa destas na advocacia e protecção dos direitos das mulheres, incluindo para movimentos que visem promover formas
de masculinidade e feminilidade mais igualitárias; promovam discussão sobre temáticas parentalidade activa, formação e
promoção do papel do pai na prevenção da violência
2. Investimento em Capital ▪ Desenvolver e introduzir nos cursos da oferta formativa apoiada por fundos públicos a dimensão da igualdade entre
Humano mulheres e homens

Escolas e Universidades ▪ Produção de guiões educativos para a igualdade de género destinados ao


na desconstrução de ensino básico e ao ensino secundário
estereótipos de género ▪ Programa de formação para professores e outro pessoal educativo ensino
básico e secundário na área da igualdade de género
3. Criação de
oportunidades económicas ▪ Revisão dos currículos do ensino básico e secundário segundo a lente da
igualdade de género
▪ Introdução da educação sexual nos programas escolares
▪ Programa de formação, sensibilização e desconstrução de estereótipos de
género associados à formação e às profissões de futuro destinado a alunas
do ensino secundário (ex. programa ‘Engenheiras por um dia’ nas escolas
4. Mudança de atitudes secundárias)
▪ Com entidade relevante, fomentar o associativismo de raparigas e mulheres
nas escolas e universidades através de cursos de dirigentes associativos
▪ Programa específico e intensivo (todos os níveis de ensino) de educação não formal para crianças e jovens com o objectivo
de combater estereótipos de género, masculinidades tóxicas, violência, etc
▪ Com o governo local e as escolas implementar um projecto-polito que vise ações de educação menstrual para os jovens,
5. Adopção e aplicação de incluindo a distribuíção gratuita de pensos higénicos e tampões às raparigas, e sessões dirigidas sobre a utilização dos
políticas, legislação e mesmos
regulamentos ▪ Programa específico e intensivo (todos os níveis de ensino) de educação não formal para crianças e jovens com o objectivo
de combater estereótipos de género, masculinidades tóxicas, violência, etc
113
EIXOS DE SOLUÇÃO

Aumentar a participação das raparigas nas STEAM: iniciativas de sensibilização para essas áreas
em níveis de ensino precoce ILUSTRATIVO

O projecto vem responder aos objectivos da Agenda para a Igualdade no Mercado de Trabalho e nas
Empresas, contribuindo para o Programa de combate à escolha por mulheres e por homens de áreas
profissionais distintas, fenómeno também conhecido por segregação sexual das ocupações profissionais

No contexto português, as profissões associadas às engenharias e às tecnologias têm evoluído de forma


muito positiva quando falamos de remunerações e de rendimentos, de possibilidades de carreira e de potencialidades de inovação e de
progresso para a economia

Contrariamente a esta tendência, a percentagem de mulheres que frequentam os cursos de engenharia e tecnologias tem evoluído de modo
negativo e preocupante. Quer isto dizer que a taxa de feminização destes cursos se tem mantido baixa e sem alterações.

Pretende-se levar as alunas do ensino não superior a optar pelas engenharias e pelas tecnologias, desconstruindo a ideia de que estas
são domínios masculinos, e fomentar nos rapazes a ideia de que todas as áreas profissionais devem ser partilhadas pelos dois sexos.
O Projecto pretende valorizar a ideia de que todos os ambientes profissionais devem ser igualmente amigáveis para mulheres e para
homens

O projecto Kakuma no Quénia é responsável pela criação de uma rede de Escolas denominadas “Laboratório de Inovação”,
que desenvolveram o seu próprio curriculum, combinando os 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável com as áreas
STEAM (ciência, tecnologia, engenharia, artes e matemática).
O objectivo é promover a empatia pelo conhecimento, a cidadania global e elevar as habilitações das crianças que residem
em campos de refugiados

Fonte: https://www.cig.gov.pt/acoes-no-terreno/projetos/engenheiras-um-dia; Schools of the Future - Defining New Models of Education for the Fourth Industrial Revolution; Fórum Económico Mundial 114
EIXOS DE SOLUÇÃO

Guiões de educação género e cidadania – diferentes níveis de ensino


ILUSTRATIVO

▪ Os “Guiões de Educação Género e Cidadania” e “Conhecimento, Género e Cidadania no Ensino Secundário”


produzidos e editados pela Comissão para a Cidadania e a Igualdade de Género (CIG) são materiais científico-
pedagógicos destinados à integração da igualdade de género nos currículos dos diferentes ciclos dos ensinos básico
e secundário

▪ Estes materiais pedagógicos dão cumprimento ao artigo 5º da Convenção para a Eliminação de Todas as Formas de
Discriminação Contra as Mulheres, das Nações Unidas

Fonte: CIG
115
EIXOS DE SOLUÇÃO

Detalhe: Mudança de atitudes essencial à desconstrução de estereótipos A SER APROFUNDADOS


NO WORKSHOP SECTORIAL

Eixos de solução Iniciativas Principais medidas

Fase 1 (2020-2035) Fase 2 (depois de 2035)

1. Transversalização da
Lideranças comunitárias ▪ Avaliar e se necessário ajustar o projecto “Njango de Valores” e dar continuidade à sua implementação a nível nacional
Igualdade de Género na
governação
na desconstrução de ▪ Desenvolver brochuras/ manuais, incluindo nas línguas nacionais, que abordem as diferentes temáticas relevantes para o
estereótipos de género objectivo da igualdade de género
▪ Realizar workshops nas comunidades que visem a desconstrução de estereótipos de género e promova valores de igualdade
e valorização das raparigas e mulheres na comunidade e família
▪ Desenhar uma acção de formação dirigida exclusivamente às autoridades tradicionais/sobas e com estes desenhar um
2. Investimento em Capital projecto para implementação nas comunidades e junto das famílias que vise a desconstrução
Humano

Cultura e meios de
▪ Criar um Prémio Igualdade de Género que premeie uma produção ▪ Implementar programa de bolsas na área das
nacional (da comunicação social, cinema, teatro, literatura, etc) que artes para apoiar projectos profissionais de
comunicação social na
aborde a condição da mulher e promova a consciência da sociedade mulheres
desconstrução de
3. Criação de sobre os direitos humanos das mulheres
estereótipos de género
oportunidades económicas ▪ Capacitar profissionais de comunicação social sobre a igualdade de
género e promover uma comunicação social e uns media livres de
estereótipos de género

▪ Financiar e apoiar o estabelecimento de grupos de mulheres e jovens raparigas que, através da cultura, implementem
projectos na área dos direitos humanos
4. Mudança de atitudes ▪ Apoiar a produção de produtos culturais valorizadores do papel da mulher angolana na sociedade

5. Adopção e aplicação de
políticas, legislação e
regulamentos

116
EIXOS DE SOLUÇÃO

Barbershop – A Barbearia, iniciativa para romper estereótipos de género


ILUSTRATIVO

A Barbearia foi uma iniciativa da Islândia e do Suriname em 2014, inspirada


na campanha HeForShe e na iniciativa dos Campeões de Género de
Genebra.

Os eventos/reuniões de barbearia fornecem um cenário para discussões e


reflexões de homem para homem sobre seus próprios comportamentos,
privilégios e papéis, que criam barreiras para o empoderamento das
mulheres.

Ao mesmo os homens discutem como se podem tornar agentes de mudança


na conquista da igualdade de género.

Esta metodologia incentiva os homens a comprometerem-se proactivamente


com a igualdade de género quer ao nível individual quer colectivo.

Os homens passam a inspirar outros homens na procura da igualdade de


género.

A Barbershop Toolbox foi desenvolvida para permitir que outras pessoas


mobilizem os homens ao seu redor pela igualdade de género. A Caixa de
Ferramentas faz parte dos compromissos da Islândia com o movimento
HeForShe e podem ser utilizados e disseminados

Fonte: https://www.government.is/topics/foreign-affairs/international-affairs/barbershop/; https://www.heforshe.org/en/barbershop


117
EIXOS DE SOLUÇÃO

A SER APROFUNDADOS
Detalhe: Adopção e aplicação de políticas, legislação e regulamentos NO WORKSHOP SECTORIAL

Principais eixos de solução Fase 1 (2020-2035) Fase 2 (depois de 2035)

Sistema integrado ▪ Configuração de todas as formas violência contras as raparigas e as ▪ Programas de regresso à escola destinado
de combate e mulheres como crime público a raparigas/mulheres vítimas de violência
1. Transversalização resposta a ▪ Prevenir e combater as práticas nefastas, incluindo os casamentos infantis, ▪ Programas de formação profissional/
da Igualdade de situações de precoces e forçados, e a mutilação genital feminina capacitação destinados a mulheres vítimas
Género na governação violência contra as ▪ Criação de corpo policial especialmente formado para atender casos de de violência, garantindo a sua integração
mulheres violência contra as mulheres com atendimento permanente /24h económica e autonomia
▪ Programa integrado de formação de profissionais de saúde e da educação
para a sinalização e denúncia de casos de violência contra raparigas e
mulheres
2. Investimento em Capital
▪ Alargamento da rede de abrigos a vítimas de violência
Humano

Acesso ao ▪ Programas de sensibilização contra o preconceito de género inconsciente ▪ Pacotes de políticas públicas de licenças
mercado de destinados a gestores de topo e a chefia intermédias no sector privado e destinadas ao cuidado de crianças e outros
trabalho igualitário público dependentes que promovam a igualdade nas
e não ▪ Políticas activas de quotas para garantir o acesso das mulheres a cargos de responsabilidades cuidadoras de homens e
3. Criação de discriminatório decisão económica (de topo ou intermédias) das organizações de média e mulheres e que lhes garantam a manutenção
oportunidades económicas grande dimensão do sector público e privado do trabalho e a remuneração
▪ Política activa de igualdade salarial entre mulheres e homens, prevendo
penalizações para organizações incumpridoras
▪ Políticas de tolerância zero a comportamentos abusivos no trabalho
(assédio moral e assédio sexual), obrigado organizações de média/grande
dimensão a planos específicos de prevenção e combate destes fenómenos
4. Mudança de atitudes
▪ Políticas de incentivo a grandes organizações (sector público e privado)
para a realização de auditorias de género internas

▪ Criação de organismo público responsável pela fiscalização das condições de igualdade e não discriminação de género ou
sexual no trabalho e no emprego (com eventual capacidade sancionatória)

5. Adopção e aplicação de
políticas, legislação e
regulamentos

118
EIXOS DE SOLUÇÃO

Delegacia Especializada no Atendimento à Mulher (DEAM)


ILUSTRATIVO

As DEAMs são unidades especializadas da Polícia Civil no Brasil que


realizam acções de prevenção, protecção e investigação dos crimes de
violência doméstica e violência sexual contra as mulheres, entre outros

Entre as suas funções destacam-se:


• registo de Boletim de Ocorrência;
• solicitação ao juíz das medidas de protecção de urgência nos casos
de violência doméstica e familiar contra as mulheres
• realização da investigação dos crimes

Tem como princípios fundamentais:


• Assegurar tranquilidade das mulheres vítimas de violência, através
das actividades de investigação, prevenção e repressão dos delitos
praticados contra a mulher;
• Auxiliar as mulheres agredidas, seus autores e familiares a
encontrarem o caminho da não violência, através de trabalho
preventivo, educativo e curativo efetuado pelos sectores jurídico e
psicossocial

Fonte: https://www.tjse.jus.br/portaldamulher/rede-de-enfrentamento/equipamentos/deams
119
EIXOS DE SOLUÇÃO

Provedoria para a igualdade: um organismo de fiscalização da igualdade e direitos humanos com


elevada abrangência ILUSTRATIVO

O que é:

• Agência governamental Norueguesa, administrativamente tutelada pelo Ministério da Cultura. O


Ministério assegura o financiamento da entidade mas esta opera de forma independente

• A principal missão é promover a igualdade e combater a discriminação com base no género, etnia,
religião, deficiência, orientação sexual, identidade de género, expressão de género e idade.

• Representa os interesses daqueles que são discriminados

O que faz:

• Oferece orientação gratuita a indivíduos, empregadores e organizações:


• As pessoas/trabalhadores contactam para denunciar situações de bullying, assédio sexual,
discriminação, exclusão, abuso e violência.
• Empregadores e representantes sindicais contactam com perguntas sobre como evitar a
discriminação no local de trabalho

• Apoia a elaboração de leis e planos de acções públicas

• Faz a monotorização do cumprimento obrigações da Noruega em três convenções da ONU:


Convenção sobre a Eliminação de Todas as Formas de Discriminação contra as Mulheres (CEDAW);
Convenção sobre Discriminação Racial (CERD); e Convenção sobre os Direitos das Pessoas com
Deficiência (CDPD)
Fonte: https://www.ldo.no/en/ldo-english-page/
120
EIXOS DE SOLUÇÃO

Comissão para a Igualdade no Trabalho e no Emprego – organismo exclusivamente focado na


igualdade no trabalho ILUSTRATIVO

O que é:
Estabelecida em Portugal em 1979, a CITE é o mecanismo que prossegue a igualdade e não discriminação
entre homens e mulheres no trabalho, no emprego e na formação profissional
Tem uma estrutura tripartida: Estado, sindicatos e organizações patronais

Prossegue:
• A igualdade e a não discriminação entre mulheres e homens no mundo laboral;
• A proteção na parentalidade;
• A conciliação da vida profissional, familiar e pessoal.

O que faz (não exaustivo):


• Pareceres e análise de queixas a pedido de qualquer pessoa;
• Parecer prévio ao despedimento de trabalhadoras grávidas, puérperas e lactantes, ou de trabalhador ou
trabalhadora no gozo de licença parental;
• Parecer prévio no caso de intenção de recusa, por parte da entidade empregadora, de autorização para
trabalho a tempo parcial ou com horário flexível a trabalhadores e trabalhadoras com filhos menores de 12
anos;
• Informação e apoio jurídico;
• Apreciação da legalidade de disposições em matéria de igualdade e não discriminação entre mulheres e
homens no trabalho e no emprego,;
• Assistência às vítimas de discriminação em razão do sexo no trabalho, emprego ou formação profissional;
• Diligências de conciliação, em caso de conflito individual, quando solicitado por ambas as partes;
• Formação em igualdade de género na área laboral para públicos estratégicos

Fonte: http://cite.gov.pt/
121
EIXOS DE SOLUÇÃO

Detalhe: Adopção e aplicação de políticas, legislação e regulamentos A SER APROFUNDADOS


NO WORKSHOP SECTORIAL

Principais eixos de solução Fase 1 (2020-2035) Fase 2 (depois de 2035)

1. Transversalização da Crescimento ▪ Avaliação e redefinição das políticas de quotas


Igualdade de Género na sustentável do ▪ Introdução de políticas de quotas ou politicas de paridade na ou politicas de paridade na política como meio a
governação número de mulheres política como meio a garantir a sustentabilidade da paridade entre garantir a sustentabilidade da paridade entre
em cargos de decisão mulheres e homens mulheres e homens
política ou em altos ▪ Introdução de políticas de quotas no acesso a altos cargos da ▪ Avaliação e redefinição das políticas de quotas
cargos da administração pública, garantindo a paridade entre homens e no acesso a altos cargos da administração
administração pública mulheres pública, garantindo a paridade entre homens e
2. Investimento em Capital mulheres
Humano

3. Criação de
oportunidades económicas

4. Mudança de atitudes

5. Adopção e aplicação de
políticas, legislação e
regulamentos

122
EIXOS DE SOLUÇÃO

Diversos países têm adoptado um sistema de quotas para promover a participação política
ILUSTRATIVO

Sem quotas / sem dados


Legislado quotas para candidatos
Lugares reservados
Quotas nos partidos políticos

https://www.idea.int/data-tools/data/gender-quotas/quotas
123
EIXOS DE SOLUÇÃO

Quotas para participação política – inscrição na Constituição


ILUSTRATIVO

No caso do Ruanda não se trata de uma lei de paridade, trata-se da


inscrição em sede da Constituição de uma quota mínima de 30%
para a participação das mulheres na política

As mulheres ruandesas no Parlamento:

• Nos anos 90, as mulheres representavam uma média de 18% dos


membros do Parlamento do Ruanda
• A Constituição do Ruanda de 2003 estabeleceu uma quota de 30%
de mulheres parlamentares
• Após as eleições de 2008, as mulheres passaram a representar
56% dos deputados no Parlamento e após as eleições de 2013 o
número saltou para 64%
• Em 2018, as mulheres representam 61% dos membros do
Parlamento

Fonte: https://www.ipu.org/parliament/RW
124

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