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I9AR

ENGENHARIA DE APLICAÇÃO
E. G. RENDEIRO LTDA - ME
Consultorias & Projetos
CNPJ: 03.616.329/0001-70; I.E.: 15.209.070-3
Rodovia BR 316 km 25, S/N – Cajueiro – Benevides – Pará, CEP: 68795-000
-

RELATÓRIO DE ENSAIO DE COMISSIONAMENTO DO


GRUPO GERADOR COM MOTORES CATERPILLAR,
MODELO C32, UDG – 96, DA UTE GOIÂNIA II

Belém, 27 de Setembro de 2016.

Consultores:

Prof. Eraldo Cruz dos Santos. Dr. Eng. – UFPA.

Prof. Gonçalo Rendeiro. Dr. Eng. – I9AR Engenharia de Aplicação

Belém – Pará – Brasil


2016
ÍNDICE

1. INTRODUÇÃO............................................................................................................................. 3

2. OBJETIVOS DO RELATÓRIO ................................................................................................... 4

3. BRENTECH ENERGIA S. A. ...................................................................................................... 4

3.1. Características Técnicas da UDG – 96 da UTE Goiânia II ................................................. 4

3.2. Operação da UDG – 96 da UTE Goiânia II ......................................................................... 7

4. TESTE DE ACEITAÇÃO OU COMISSIONAMENTO DA UDG 96 ........................................ 7

4.1. Técnicas de Ensaio ............................................................................................................... 7

4.2. Equipamentos de Medição Utilizados no Teste ................................................................. 12

4.3. Processos de Execução dos Ensaios da UDG 96 ............................................................... 18

5. RESULTADOS ........................................................................................................................... 21

5.1. Análise das Condições Locais ........................................................................................... 21

5.2. Consumo Específico da UDG 96 ....................................................................................... 22

5.3. Potências da UDG 96 ......................................................................................................... 24

5.4. Análises de Gases da UDG 96 ........................................................................................... 25

5.5. Análise de Vibrações da UDG 96 ...................................................................................... 27

5.6. Análise de Termográfica da UDG 96 ................................................................................ 34

6. CONLUSÕES E RECOMENDAÇÕES ..................................................................................... 39

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ................................................................................................. 42

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1. INTRODUÇÃO

O presente relatório de comissionamento visa apresentar as principais características


operacionais do grupo gerador1 – GG 96, instalado no galpão III da usina termelétrica – UTE Goiânia
II, localizada no município de Aparecida de Goiânia, estado de Goiás que faz parte do sistema
interligado de geração de energia do Estado de Goiás. Este grupo gerador utiliza como elemento
propulsor um motor de combustão interna a Diesel.
Este relatório utiliza como referencia de análise os procedimentos e normas da ABNT para a
realização dos testes de comissionamento. O objetivo do teste é levantar o campo básico de
funcionamento do motor a Diesel, fabricado pela empresa Caterpillar, modelo C32, presentes nas
instalações da Brentech Energia S. A.
O campo básico de funcionamento indica a faixa ideal para operação de uma Unidade Diesel
Geradora – UDG, para o regime de trabalho determinado pelo usuário ou praticado pelo sistema de
geração ao qual o grupo gerador faz parte, sem que haja prejuízos ao funcionamento normal da UDG
em um determinado período de tempo a ser avaliado.
A UTE Goiânia II é uma usina de complementação e de carga de base, para um regime de
operação prime, isto porque esta usina está interligada ao sistema elétrico brasileiro. O regime prime,
segundo a norma da ABNT NBR ISO 8528 – 9 / 2014, é um regime de operação onde os grupos
geradores operam diariamente, por vinte e quatro horas ao longo do ano, porém com potência elétrica
efetiva (carga) reduzida.
O teste de comissionamento apresentado neste relatório visa avaliar ainda as características
das UDGs entregues à Brentech Energia S. A., em função da celebração de um contrato de venda e
compra de grupos geradores e outras avenças, entre a empresa vendedora Genrent e a empresa
compradora Brentech Energia S. A. Na qual a Brentech se responsabilizava pela compra de 28 (vinte
e oito) grupos geradores com motores a Diesel, fabricados pela empresa Caterpillar, modelos C 32,
com potência elétrica de 850 ekW por motor, totalizando 23.800 ekW.
No início do relatório é apresentada uma breve introdução, seguida do objetivo do relatório e
das principais características da UTE Goiânia II, visando contextualizar o documento. Logo após,
serão descritas as características dos procedimentos desenvolvidos para a realização dos testes de
comissionamento de UDGs envolvento as técnicas de ensaio, os equipamento de medição e o
processo de ensaio, a fim de caracterizar o regime de operação do grupo gerador, em função da
variação de potência. O relatório é finalizado com as conclusões e recomendações.

1
Um grupo gerador é um conjunto formado por uma unidade geradora, um quadro de comandos elétricos, equipamentos
auxiliares e periféricos necessários ao processo e uma subestação de energia.

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2. OBJETIVOS DO RELATÓRIO

Este relatório tem por objetivo apresentar as características e as condições operacionais do


ensaio de comissionamento do grupo gerador equipado com motores a Diesel, cuja fabricação é da
empresa Caterpillar, modelo C32, base UDG – 96, instalados na UTE Goiânia II (galpão III). Visando
realizar um estudo comparativo das condições da instalação, com o contrato de venda e compra de
grupos geradores e outras avenças entre as empresas envolvidas (Genrent e Brentech Energia S. A.),
de forma que possa ser emitido um parecer das condições operacionais das unidades geradoras para
atendimento a finalidade ou objeto da compra.

3. BRENTECH ENERGIA S. A.

A UTE Goiânia II é gerenciada pela Brentech Energia II S. A. Esta usina é localizada no


município de Aparecida de Goiânia, região metropolitana de Goiânia. Esta usina, tem atualmente uma
potência total contratada de 140 eMW.

3.1. Características Técnicas da UDG – 96 da UTE Goiânia II


A unidade Diesel geradora – UDG da base 96 da UTE Goiânia II, conforme informações do
setor de engenharia da Brentech Energia S. A., entrou em operação em 01/06/2013, às 10h43min,
porém ela já estava com 4.164,48 horas de operação. Esta UDG apresenta as seguintes características
técnicas:
Motor Diesel:
 Fabricado pela Caterpillar, em 2008, modelo C32, 800 ekW (1.037 kVA), de 32,1 litros
de cilindrada total e 12 cilindros, dispostos em “V”, com dois turbocompressores. A
rotação é de síncrona é de 1.800 rpm e o sistema de arrefecimento dos motores é indireto,
razão de compressão de 15:1. Os controles de regulação de velocidade e de partida são
elétricos, conforme mostrado na Figura 1;
 Esta UDG, conforme o manual técnico do fabricante do motor (1.000 kVA Power Module
Utility Switchgear C32 Acert Technology 50 / 60 Hz Convertible Sound Attenuated ISO
20 FT. CSC Certified – Prime Power 400 V, 50 Hz, 1.000 kVA (800 ekW) 480 V, 60 Hz,
910 ekW) tem aplicação como unidade de stand-by ou marítima.
 Este motor iniciou os trabalhos de comissionamento com 12.311 horas de operação.

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Figura 1. Motor Diesel Caterpillar C32, UDG – 96, instalados no galpão III da UTE Goiânia II.

 O plano de manutenção é de 250, 500, 750, 1000, para intervenções intervalares, sendo
que a revisão parcial ocorre com 7.500 horas e a revisão geral ocorre com 15.000 horas de
operação. As informações da engenharia da Brentech este motor fez uma revisão parcial
no dia 08/06/2015, quando estava com 11.986.10 horas de operação.

Alternador (Geradores Elétricos):


 A placa do gerador elétrico da UDG 96 encontra-se desgastada, com suas informações
apagadas, contudo, como os motores são semelhantes, às informações de placa podem ser
vistas na placa mostrada na Figura 2, que mostra um exemplo das placas dos alternadores,
com as características técnicas de uma dos geradores elétricos do galpão III da UTE
Goiânia II;
 Conforme o contrato de compra e venda de grupos geradores, o grupo gerador entregue a
Brentech Energia S. A., é fabricado pela Caterpillar, modelo C32, com uma potência de
serviço de 850 ekW (1.020 kVA) de potência instalada cada, com 460 V, 1443 A, 60 Hz,
fator de potência 0.8 e 1800 rpm;
 Na Figura 2 é possível perceber que os parâmetros elétricos dos geradores são os mesmos
que contam do contrato de venda e compra de grupos geradores e outras avenças,
celebrados entre as empresas Genrent e a Brentech Energia S. A. Porém é importante
enfatizar que alguns parâmetros não condizem à operação da UTE Goiânia II.

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Figura 2. Placa do gerador elétrico.

A Figura 3 mostra a placa de identificação de um dos grupos geradores instalados no galpão


III da UTE Goiânia II.

Figura 3. Placa de identificação do grupo gerador.

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3.2. Operação da UDG – 96 da UTE Goiânia II
Diferentemente das informações mostradas na Figura 2 a operação desta UDG é para uma
potência elétrica de 680 ekW (816 kVA) de potência instalada cada, com 460 V, 1443 A, 60 Hz, fator
de potência 0.9 e 1800 rpm, para um regime contínuo.
Segundo as normas da e ABNT NBR ISO 3046 – 1 (1995), ABNT NBR 14664 (2001) e
ABNT NBR ISO 8528 – 1 (2014) a definição dos regimes de operação para grupos geradores são:
 Stand-by: neste regime o equipamento é dimensionado para alimentar cargas variáveis
em serviço de emergência, enquanto durar a interrupção da rede elétrica. Operando com
carga máxima com até 10% de sobrecarga. Com Uso recomendado de 300 horas/ano.
 Contínuo: neste regime o equipamento é dimensionado para alimentar cargas variáveis
em serviço programados, como por exemplo, em serviço para atendimento ao horário de
pico da rede e/ou serviço de emergência. Operando com carga ou potência elétrica
nominal sem sobrecarga. Uso recomendado de 1000 horas/ano.
 Prime: neste regime o equipamento é dimensionado para alimentar cargas variáveis
durante todo o tempo necessário, sem que haja prejuízo aos componentes do conjunto
gerador. Operando com carga ou potência elétrica reduzida (60 a 80 % da potência
elétrica nominal). Uso recomendado de 8.400 horas/ano.

4. TESTE DE ACEITAÇÃO OU COMISSIONAMENTO DA UDG 96

Neste item serão descritas as características gerais do ensaio de comissionamento da unidade


geradora da base 96 da UTE Goiânia II, tomando com base as informações das normas da ABNT
NBR ISO 8528 e NBR 14664.

4.1. Técnicas de Ensaio


Para a realização dos ensaios nos motores dos grupos geradores deverá ser adotado o
procedimento existente nas normas da ABNT NBR 06376 (1985) e NBR 8422 (1984). Estas normas
conduzem o ensaio para as seguintes características:
 Análise da curva de carga da localidade;
 Verificação dos parâmetros operacionais da unidade geradora (potência em cargas
parciais, máxima contínua e em sobrecarga);
 Realização da medição direta da vazão de combustível, tanto na alimentação como no
retorno do combustível para o tanque de serviço diário:

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o A potência do combustível (PC) pode ser calculada pela relação entre o poder
calorífico inferior do combustível (PCI) e a massa de combustível (𝑚̇𝐶 ), conforme
mostrado na Equação (1):

𝑃𝐶 = 𝑃𝐶𝐼 ∙ 𝑚̇𝐶 (𝑘𝑊 ) (1)

 Monitoramento dos parâmetros elétricos (ABNT NBR 8422, 1984 e NBR ISO 3046-1):
o Potência ISO
o Potência ISO é a potência determinada sob as condições de operação da bancada de
ensaio do fabricante e ajustada às condições-padrão de referência do capítulo 5 da
norma NBR ISO 3046-1;
o Potência ISO padrão: Esse é o nome dado à potência efetiva contínua líquida, que o
fabricante declara que um motor é capaz de fornecer continuamente, entre os
intervalos normais de manutenção estabelecidos pelo fabricante, e sob as seguintes
condições:
a) A uma velocidade angular estabelecida sob as condições de operação da
bancada de ensaio do fabricante do motor;
b) Com a potência declarada ajustada às condições padrão de referência do
capítulo 5 da norma NBR ISO 3046-1;
c) Realizando-se as manutenções prescritas pelo fabricante do motor.

o Potência de eixo (Peixo) ou potência de saída: é a potência mecânica no eixo do motor,


que é a potência nominal, geralmente expressa em hp ou kW;
o Potência indicada (PI): é a potência desenvolvida dentro dos cilindros. Pode ser
obtida através do somatório das potências efetiva e de atrito, ambas à mesma
velocidade angular e mesmas condições de ensaio quando aplicável, pelo diagrama
indicador;
o Potência efetiva (Pefe): é a potência disponível do motor para a produção de trabalho
mecânico útil (potência de eixo);
o Potência de serviço (Pr): é a potência determinada sob as condições ambientes e de
operação de uma aplicação do motor.
o Potência máxima contínua (PMC): é a maior potência que o motor pode desenvolver
continuamente a uma determinada velocidade angular e nas condições de referência
padrão, desde que operando adequadamente.

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 Definição de uma unidade geradora padrão para a realização dos ensaios e uso do
fluxograma para monitoramento e teste de recepção, mostrado na Figura 4;

Figura 4. Fluxograma para monitoramento e teste de recepção das unidades geradoras.

 Análise das condições operacionais locais ou condições padrões de referência, durante o


ensaio de comissionamento, onde os valores de referência, segundo as normas da ABNT
NBR ISO 8528 – 1 e NBR ISO 3046-1, são:
o Pressão barométrica total: pr = 100 kPa (1000 mbar);
o Temperatura do ar ambiente: Tr = 25 °C (298.16 K);
o Umidade relativa: Ør = 30 %;
o Temperatura da água no sistema de refrigeração: Tasr = 25 °C (298.16 K).

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 Verificação das características do combustível a ser utilizado durante os ensaios (retirada
de amostra e análise do tanque de serviço diário), segundo a norma da ABNT NBR ISO
8528 – 6:
o A densidade média do biodiesel (B7):  = 8425 kg/m3;
o Temperatura de alimentação: 45 °C;
o Temperatura do retorno: 90 °C;

 Verificação do consumo de combustível (𝑚̇ 𝐶 );


o Poder calorífico inferior do combustível (PCI): 42.707 kJ/kg;
o A fórmula para cálculo do consumo de combustível ou da massa de combustível está
mostrada na Equação (2):

V = volume de combustível consumido, em m3.


𝑉 ∙ 𝛾 𝑘𝑔  = densidade do combustível, em kg/m3. (2)
𝑚̇𝐶 = ( ) , 𝑜𝑛𝑑𝑒
𝑡 ℎ
t = tempo de consumo do combustível, em h.

 Aquisição e cálculo da potência de eixo:


o A potência de eixo é calculada pela Equação (3):
P el Pel = Potência elétrica do gerador.
P eixo = (kW) onde :
 el (3)
el = Rendimento elétrico do gerador.

 Realização da comparação da curva de consumo específico do fabricante com a obtida


nos testes locais:
o O consumo específico de combustível das unidades geradoras é calculado pela
Equação (4):

𝑚̇𝐶 𝑘𝑔 𝑚̇𝐶 𝑘𝑔
𝐶𝑒𝑠𝑝 (𝑚𝑜𝑡𝑜𝑟) = ( ); 𝐶𝑒𝑠𝑝 (𝑈𝐷𝐺 ) = ( ) (4)
𝑃𝑒𝑖𝑥𝑜 𝑘𝑊ℎ 𝑃𝑒𝑙 𝑘𝑊ℎ

 Cálculo do rendimento global do motor e da unidade geradora: Os rendimentos dos


motores térmicos são usados como parâmetros comparativos entre motores na avaliação
de perdas caloríficas e mecânicas. São coeficientes que expressam a eficiência dos
motores térmicos na conversão da energia proveniente da combustão.
o O rendimento global do motor de combustão interna é calculado pela Equação (5):

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Peixo x 100 (%)
 motor = (5)
Pc

o O rendimento global da unidade geradora pela Equação (6):

 UDG = P el x 100 (%) (6)


Pc

A aquisição dos pontos para a realização dos ensaios de comissionamento deverá ser realizada
conforme a metodologia abaixo:
 Sincronizar a unidade geradora com a rede elétrica local:
o Frequência: 60 Hz;
o Rotação: 1.800 rpm;
o Fator de potência: 0,98.

 Aguardar em torno de cinco minutos para realizar a variação de potência da unidade


geradora, a fim de obter a estabilização do sistema de geração;
 A potência utilizada como referência para a carga total da UDG deverá ser à potência
efetiva nominal do contrato de compra e venda da UDG, ou seja, 850 ekW;
 A variação de potência elétrica efetiva ou de carga para a realização do ensaio de
comissionamento ou de aceitação de grupos geradores, ao longo do tempo, segundo a
norma da ABNT NBR ISO 8528 – 6, poderá ser realizada no intervalo de 0,5 a 2,0 horas,
assim sendo, optou-se pela aquisição de valores de acordo com a distribuição mostrada
abaixo:
o 25 % da potência efetiva para meia hora de aquisição de dados – 212,5 ekW;
o 50 % da potência efetiva para meia hora de aquisição de dados – 425 ekW;
o 60 % da potência efetiva para meia hora de aquisição de dados – 510 ekW;
o 70 % da potência efetiva para uma hora de aquisição de dados – 595 ekW;
o 80 % da potência efetiva para uma hora de aquisição de dados – 680 ekW;
o 90 % da potência efetiva para uma hora de aquisição de dados – 765 ekW;
o 100 % da potência efetiva para uma hora de aquisição de dados – 850 ekW;

É importante salientar que este procedimento é válido para quaisquer UDGs e que todos os
parâmetros de ensaios necessários para a avaliação da UDG 96 foram aquisitados e registrados para
os sete pontos de potência mostrados acima.
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4.2. Equipamentos de Medição Utilizados no Teste

Os equipamentos utilizados para obtenção das informações para a realização dos testes de
comissionamento foram:
Analisador de parâmetros elétricos SAGA 4500, para obtenção dos parâmetros elétricos, cujo valor foi
comparado com o painel do motor, conforme mostrado na Figura 5, que mostra o local da instalação do
analisador de energia;

Figura 5. Medidor de Energia SAGA 4500 instalado nos bornes de saída do gerador elétrico.

A instalação foi através dos transformadores de potencial – TP, em 460 V, no painel do motor
e dos transformadores de corrente – TC, instalado através de sondas Rugosky nos cabos do gerador.

 Medidores de vazão LS450-A, próprios para medição da vazão de combustível: um para a


tubulação de alimentação e outro para a tubulação de retorno do combustível, conjuntamente
com o computador aquisitor PHI, para medição da vazão de combustível a ser consumida durante
os testes, conforme mostrado na Figura 6;
 Sensores de temperatura PT100, instalados nas tubulações de alimentação e de retorno de óleo
combustível, para equalização da temperatura do combustível durante os testes, conforme
mostrado na Figura 6;

Os medidores de vazão instalados nas tubulações de alimentação e de retorno de combustível,


conforme mostrado na Figura 6, têm suas temperaturas compensadas para 20 °C, de forma que os
valores de consumo de combustível, indicados nos mostradores dos medidores, possam ser corrigidos
e mostrados no computador aquisitor.

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Figura 6. Bancada de medidores de vazão (LS450-A), sensores de temperatura (PT100) e computador
aquisitor PHI, instalados nas tubulações de alimentação e de retorno de óleo combustível.

 Câmara termográfica FLIR T440, para obtenção das temperaturas externas dos diversos
componentes do motor, durante a execução dos testes;
 Medidor de temperatura e de umidade ambiente FLIR MR77, posicionados nas proximidades do
motor, conforme mostrado na Figura 7;
 Barômetro Testo 511, posicionado nas proximidades do motor testado, para medição da pressão
do local da instalação, mostrado na Figura 7;

Figura 7. Medidores de temperatura, de umidade e de pressão absoluta.

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 Analisador de gases Optima 7, modelo MRU, cuja sonda foi instalada na tubulação de saída de
gases, após a junta de expansão e o indicador do analisador de gases instalado na lateral do
gerador elétrico;

(a) (b)
Figura 8. Analisador de gases Optama 7: a) Sonda do medidor instalado na tubulação de saída de
gases de escape e b) Analisador Optma 7, instalado na lateral do motor.

Segundo Martinelli Jr. (1998) as limitações de emissões de gases conforme a Resolução


CONAMA N°. 001 de 08/03/90 e a norma a norma brasileira NBR14489 – Motor Diesel – Análise e
determinação dos gases e do material particulado emitidos por motores do ciclo Diesel – Ciclo de 13
pontos, publicada pela ABNT em 04/2000.
A Tabela 1 mostra as limitações de emissões de gases de escape e de particulados de motores
de combustão interna com motores diesel novo, em boas condições de operação e aprovado em testes
de emissões de gases.

Tabela 1. Limitações de emissões de gases de motores do ciclo diesel.


Sigla Descrição Valor Limite (g/hph) Valor Limite (g/kWh)
HC Hidrocarbonetos não queimados 2,40 3,22
NOx Óxidos de Nitrogênio como N2 11,49 15,40
CO Monóxido de Carbono 0,40 0,54
PM Material particulado 0,50 0,67
SO2 Anidrido Sulfuroso 0,62 0,83
CO2 Gás Carbônico 510 683,65
N2 Nitrogênio 3.400 4.557,64
O2 Oxigênio 490 656,84
H2 O Vapor d’água 180 241,29
Fonte: NBR 14489 (2000).

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 Medidor de vibração NK 880, para análise da severidade de vibração a partir das análises dos
espectros de vibração, a partir da velocidade de vibração em oito pontos de medição, durante a
realização dos testes de comissionamento, conforme mostrado na Figura 9. Os acelerômetros
foram instalados no conjunto gerador, segundo as recomendações da norma da ABNT NBR ISO
8528 – 9, para acoplamento com flange, nos seguintes pontos de medição:
o NK880: posicionado nas proximidades do motor Figura 9(a);
o Acelerômetro 1 – Instalado na seção dianteira inferior do motor, na direção horizontal,
Figura 9(b);
o Acelerômetro 2 – Instalado na seção dianteira superior do motor, na direção vertical;
o Acelerômetro 3 – Instalado na região central inferior na lateral esquerda do motor, na
direção horizontal, conforme mostrado na Figura 9(c);
o Acelerômetro 4 – Instalado seção superior traseira do motor, na direção axial, Figura 9(d);
o Acelerômetro 5 – Instalado no acoplamento do grupo gerador, na direção vertical, conforme
mostrado na Figura 9(d);
o Acelerômetro 6 – Instalado na seção superior do mancal frontal do alternador elétrico, na
direção axial, Figura 9 (e);
o Acelerômetro 7 – Instalado na seção lateral esquerda do alternador, na direção horizontal,
Figura 9(e);
o Acelerômetro 8 – Instalado no mancal traseiro do alternador, a direção axial, Figura 9(f).

É importante ressaltar que o sistema de aquisição tem cabos de comunicação blindados com
dez metros de comprimento, o que possibilita a instalação do sistema nas proximidades do grupo
gerador onde foi realizado o ensaio de comissionamento.

(a) (b)

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(c) (d)

(e) (f)
Figura 9. Analisador de vibração NK880 e os acelerômetros instalados nos pontos de medição do
motor e do alternador.

Segundo a norma da ABNT NBR ISO 8528 – 9 a severidade de vibração é um termo genérico
que designa um valor ou conjunto de valores, com valor máximo, valor médio ou valor RMS (valor
da quantidade de vibração), ou outro parâmetro descritivo da vibração.
Ainda segundo a NBR ISO 8528 – 9 para os motores de combustão interna todos os
acelerômetros visam adquirir as velocidades de vibração, tanto em seu valor verdadeiro, conhecido
como RMS, que mostra a média dos valores aquisitados em um determinado intervalo de tempo e a
análise leva em consideração os valores das velocidades de vibração de pico.
O sistema de medição utilizado deve prover os valores RMS de deslocamento, velocidade e
aceleração, com uma precisão de ± 10% sobre a faixa de 10 Hz a 1,0 MHz, e uma precisão de - 20 a
+10% sobre a faixa de 2 a 10 Hz. É importante ressaltar que o sistema de aquisição e análise da
vibração NK 880 atende a todas as exigências da norma.
Considerando que, durante os testes, são aquisitados um conjunto significativo de dados,
optou-se em realizar a avaliação da severidade de vibração do motor de combustão interna a partir
dos valores de velocidade RMS e de pico, isto porque a norma ABNT NBR ISO 8528 – 9, apresenta a
relação entre as grandezas a serem analisadas conforme as Equações (7) e (8):

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𝑆𝑅𝑀𝑆 = 0.0159 ∙ 𝑉𝑅𝑀𝑆 (7)

𝑎𝑅𝑀𝑆 = 0.628 ∙ 𝑉𝑅𝑀𝑆 (8)

Sendo SRMS o deslocamento da vibração, e, mm; VRMS o valor da quantidade de vibração, em


mm/s e aRMS a aceleração da vibração, em m/s2.
Durante os primeiros valores aquisitados durante os testes de comissionamento devem ser
identificados os locais que apresentem os maiores valores da velocidade de vibração de forma que
seja possível realizar o acompanhamento desses valores no decorrer os testes.
A norma ABNT NBR ISO 8528 – 9 determina ainda que para motores diesel de combustão
interna que operem com rotação entre 1.300 e 2.000 rpm, para potências maiores que 200 ekW os
limites de vibração são:
 Deslocamento de vibração RMS para o motor deve ter um valor menor que 0.72 mm e
para o alternador elétrico os valores devem ser menores que 0,32 mm para o mancal
dianteiro e 0,45 mm para o mancal traseiro;
 Velocidade de vibração RMS para o motor deve ser menor que 45 mm/s e para o
alternador elétrico (gerador) os valores devem ser menores que 20 mm/s para o mancal
dianteiro e 28 mm/s para o mancal traseiro;
 Aceleração da vibração RMS para o motor deve ser menor que 28 m/s2 e para o
alternador elétrico (gerador) os valores devem ser menores que 13 m/s2 para o mancal
dianteiro e 18 m/s2 para o mancal traseiro;

Segundo Santos (2012) a vibração é um fenômeno inerente do processo de operação de


qualquer tipo de máquina com evolução muito rápida em curto espaço de tempo e diversos fatores
influenciam no crescimento deste parâmetro, como por exemplo, a potência de geração, a existência
ou não de uma base ou suporte para o conjunto gerador, o tempo de operação da UDG em relação a
última revisão.
Nos testes de comissionamento deve-se iniciar o levantamento das informações da vibração
que deve ser avaliada, periodicamente, durante a operação normal da UDG.

 Dosímetro Extech, modelo SL355, para avaliação da potência sonora nas diversas seções do
motor durante os testes de comissionamento;
 Anemômetro Dwyer, modelo UHH, para obtenção da velocidade do vento ao redor da UDG
durante a execução dos testes;

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4.3. Processos de Execução dos Ensaios da UDG 96

Segundo a programação desenvolvida para os testes de comissionamento a instalação dos


equipamentos de medição, listados no item 4.2, foi realizada no dia 12/09/2016, no período
vespertino, após a realização da integralização do Eng. Eraldo Santos, pelo responsável pela
segurança das instalações da usina.
A instalação dos equipamentos visou atender os elementos constantes nos procedimentos de
ensaio, baseado nas normas da ABNT. Os equipamentos de medição foram instalados pelo Eng.
Eraldo Santos, juntamente com os mantenedores da operação da usina, logo após os equipamentos
foram testados, a fim de evitar falhas durante os ensaios de comissionamento.
O teste de comissionamento foi realizado no dia 13/09/2016 e iniciado às 10h00min, com a
realização de uma reunião onde todos os presentes ficaram cientes das condições dos testes, foi
enfatizada a necessidade de se seguir os procedimentos de segurança para a operação de UDGs,
conforme mostrado na Figura 10, onde se observa um operador na operação da UDG 96 antes do
início dos testes de comissionamento.

Figura 10. Grupo gerador durante a aquisição dos pontos de medição durante o ensaio de
comissionamento.

Antes de colocar a UDG em operação foi solicitado aos mantenedores que acompanharam o
teste de comissionamento que verificassem os níveis de água e de óleo do motor, se não havia

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vazamentos nas instalações dos equipamentos de medição, sendo que os mesmos informaram que as
condições do motor estavam em condições normais.
De acordo com o procedimento elaborado e repassado para equipe de engenharia da Brentech
S. A., cada aquisição dos valores deveria ocorrer após o período de estabilização da carga, após
variação (potência de serviço), conforme indicado no item 4.1 deste relatório.
A UDG 96 foi colocada em operação e foi aguardado o tempo de aquecimento. Durante as
verificações foram analisadas as condições da partida e realizada a rampa de partida do motor pela
equipe de operação da usina.
Foi realizada a medição dos parâmetros de funcionamento do grupo gerador, inicialmente,
sem carga. Depois de finalizada a rampa de potência, foi solicitado ao operador do turno que
colocasse a potência de 212.5 ekW, com aquisição dos pontos em um período de trinta minutos.
Conforme a Caterpillar (2012) o motor da unidade diesel geradora – UDG 96 opera com
perdas mecânicas de aproximadamente 18,5 %, distribuídas em perdas mecânicas e no acoplamento,
além de restrição de ar no sistema de admissão, do sistema de resfriamento e em função da má
qualidade e da alta temperatura de operação do combustível utilizado, o que reduz a potência efetiva
para até 75% da potência elétrica nominal, ou seja, 637,5 ekW, assim sendo deve-se se obter o menor
consumo específico para a UDG.
Nas condições expostas acima o fator de utilização da UDG fica em torno de 0,75, para um
fator de potência médio de 0.98, ou seja, deseja-se trabalhar com o máximo de potência ativa e o
menor consumo específico durante a operação do motor.
A aquisição dos primeiros valores de carga do motor ocorreu sem grandes problemas, apesar
de ser percebido um aumento significativo da temperatura de operação do motor.
Durante os testes de comissionamento da UDG 96, ocorreu uma saída inesperada de operação
do grupo gerador, sem causa identificada pelos operadores. Foi percebido que houve a abertura do
disjuntor do gerador, às 14h12min, dez minutos após iniciada a medição da carga de 765 ekW, ou
seja, a medição de 90 % da potência elétrica nominal.
A UDG voltou à operação normal às 14h14min, após ser refeita a rampa partida, dando
prosseguimento aos testes da unidade geradora.
O teste foi paralisado novamente às 15h35min, quinze minutos após iniciado o último ponto
de medição, com carga de 840 ekW, ou seja, com aproximadamente 100 % da potência elétrica
nominal do alternador. O motor foi retirado de operação com o acionamento do botão de emergência
do painel do alternador, depois de constatado rompimento do mangote de ligação entre o
turbocompressor e o intercooler, com escapamento de gases, conforme mostrado na Figura 11(b), que
mostra em destaque a seção de rompimento do mangote do turbocompressor.

19 / 43
O teste continuou sendo realizado às 16h15min, após a troca do mangote, conforme mostrado
na Figura 11(a), que mostra um dos mantenedores realizando a troca do componente avariado.

(a) (b)
Figura 11. Mangote do turbocompressor que rompeu durante o teste de comissionamento:
a) Substituição do mangote e b) Detalhe da seção do mangote que rompeu durante os testes do motor.

Foi percebido após o reinício dos testes que o motor não conseguiu manter, ao longo do teste a
potência elétrica nominal de 850 ekW. Nesta carga o motor operou com alta temperatura, acima de
600 °C, com velocidade de vibração RMS acentuada, ultrapassando os limites máximos de pico
aceitos pelas normas, com elevada emissão de NOX, com uma variação acentuada da carga para o
último ponto. A variação ficou entre 820 a 845 ekW. Toda esta instabilidade mostra que nestas
condições o motor não pode operar no regime prime, apenas no regime contínuo.
Em função do limite estipulado na programação da realização do teste de comissionamento,
após o reinício dos testes ele foi finalizado às 17h00min com a realização da ultima leitura e, logo
após, a realização da rampa de resfriamento do grupo gerador.

20 / 43
5. RESULTADOS

Conforme mencionado anteriormente, o teste de comissionamento da UDG 96 da UTE


Goiânia II foi iniciado às 10h20min do dia 13/09/2016 após a realização da rampa de partida do
motor pela equipe de operação da usina.
Os resultados dos testes foram concentrados nos seguintes elementos:
 Análise das condições locais;
 Consumo específico da UDG e do motor diesel;
 Analise das potências de eixo do motor e elétrica do alternador;
 Análise de gases de escape do motor;
 Análise de vibrações, a partir dos acelerômetros;
 Análise termográfica;

5.1. Análise das Condições Locais


A avaliação das condições do local onde foram realizados os testes de comissionamento na
UDG 96 da UTE Goiânia II, permite realizar um comparativo entres os valores obtidos na bancada de
testes do fabricante dos motores, que pode ser encontrado nos manuais do equipamento, com os
valores após as instalações dos grupos geradores em seu local de trabalho.
Dessa forma pode-se determinar o campo básico de funcionamento do conjunto gerador para o
local de trabalho, definindo a potência elétrica efetiva a ser liberada para a operação prime, que é o
regime praticado pelos sistemas de operação instalados na UTE Goiânia II, para uma rotação síncrona
de 1800 rpm e frequência de 60 Hz.
Os objetivos dos testes de comissionamento na UDG 96, usando os procedimentos
normalizados são:
 Obtenção dos parâmetros de curvas de funcionamento (consumo específico x Percentual
da carga efetiva liberada) de um grupo gerador com motor Diesel;
 Utilização das normas ABNT para motores estacionários;
 Aquisição dos dados medidos conforme as normas brasileiras;
 Análise da curva de funcionamento de determinação da potência nominal efetiva;
 Correção da potência nominal efetiva para as condições padrão;
 Determinação do campo básico de funcionamento do grupo gerador.

As condições locais obtidas no dia do ensaio foram:

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 Local: UTE Goiânia II:
o Altitude Local: 742 m.
o Pressão Barométrica:
 Inicial: 92,792 kPa;
 Final: 91,615 kPa.
o Umidade Relativa:
 Inicial: 36,5 %
 Final: 25,7%
o Temperatura Ambiente:
 Inicial: 27,1 °C;
 Final: 32,7 °C.
o Velocidade média do escoamento do ar ao redor do motor:
 Na lateral direita: 5,7 m/s;
 Na lateral esquerda: 5.9 m/s;
 Na extremidade da ventoinha do radiador: 7,5 m/s;
 Na região central do radiador: 9.8 m/s;
o Nível de ruído (intensidade sonora) produzido durante a operação do motor:
 Na seção dianteira do motor ao lado do radiador: 115,5 dB;
 Na lateral direita ao lado do motor: 111,6 dB;
 Na lateral esquerda ao lado do motor: 111,9 dB;
 Na seção traseira do grupo gerador a um metro: 103,5 dB;
 Base: UDG 96:
o Horímetro do Grupo Gerador:
 Início de Operação: 4.164,48 h;
 Última Manutenção: 11.986,10 h;
 Inicial: 12.311,00 h;
 Final: 12.317,70 h.

5.2. Consumo Específico da UDG 96

Segundo Santos (2012) o consumo específico do combustível – CESP é um indicador de


desempenho na operação, que expressa à eficiência operacional para o regime de trabalho adotado
pela UTE, podendo ser individual (do motor), da UDG ou global da usina, dentro de seu campo
básico de funcionamento, ou de sua faixa operacional.

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Este indicador é calculado pela relação entre o consumo ou massa de combustível diário ou
mensal – 𝒎̇𝑪 , obtido pela diferença de níveis no tanque de serviço e/ou de armazenamento da usina
ou por medidores de vazão instalados nas linhas de alimentação e de retorno, pela média da potência
de eixo horária – PEIXO (para medida do CESP do motor) ou pela potência elétrica horária – PELET (para
medida do CESP d USG), ou seja, pela energia gerada pelo grupo gerador – EG, SANTOS (2012).
A Figura 12 mostra o gráfico com os resultados do consumo específico pelo percentual da
potência elétrica efetiva.

Teste de Recepção de Motores Diesel - UTE Goiânia II - UDG 96


0,620
Curva de Recepção do Fabricante
Curva de Recepção do Ensaio
0,570
Curva de Recepção Nominal
Consumo Específico (l/kWh)

0,520

0,470

0,420

0,370

0,320

0,270
20 25 30 35 40 45 50 55 60 65 70 75 80 85 90 95 100
Percentual da Potência Efetiva

Figura 12. Curva de consumo específico pelo percentual da potência elétrica efetiva da UDG 96 para
operação de 60 Hz.

Através da avaliação do consumo específico é possível comparar os valores deste indicador


para o banco de testes, informado polo fabricante do motor ou do conjunto gerador; para a condição
nominal padrão, segundo as normas da ABNT NBR ISO 3046-1 (1995) e NBR ISO 8528 – 6 (2014)
e a curva de recepção obtida durante a realização do ensaio de recepção (aceitação) ou
comissionamento do grupo gerador no local da instalação.
O campo básico de funcionamento ou de operação de uma UDG é a faixa de potência elétrica
efetiva, onde se encontram os menores valores do consumo específico, sendo a fixa comum para as
diversas curvas de consumos específicos comparativos.

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A Tabela 2, mostra os valores mínimos, efetivos e máximos do campo básico de
funcionamento da UDG 96, com o comparativo dos valores do fabricante, nominal e do ensaio, após
a realização dos testes de comissionamento da unidade geradora.

Tabela 2. Campo básico de funcionamento da UDG 96 ensaiada.


Valor Mínimo Valor Efetivo Valor Máximo
Faixa de Operação (%) 70 78 85
Fabricante Nominal Ensaio
Potências elétricas efetivas (ekW) 595 663 722,5
Consumo específico Mínimo (l/kWh) 0,297 0,308 0,312
Consumo específico Nominal (l/kWh) 0,298 0,310 0,326
Consumo específico Máximo (l/kWh) 0,304 0,329 0,343

5.3. Potências da UDG 96

Usando o equacionamento mostrado no procedimento (item 4.1), observa-se que potência de


eixo do motor – PEIXO deve ser maior que a potência elétrica do alternador – PEL, isto ocorre devido as
perdas mecânicas do motor e do acoplamento, assim sendo a Figura 13 mostra o resultado das
potências pelo percentual da potência elétrica efetiva.

Teste de Recepção de Motores Diesel - UTE Goiânia II - UDG 96


1000,28 Potência de Eixo
900,28 Potência Elétrica

800,28
700,28
Potências (kW)

600,28
500,28
400,28
300,28
200,28
100,28
0,28
20 25 30 35 40 45 50 55 60 65 70 75 80 85 90 95 100
Percentual da Potência Elétrica Efetiva

Figura 13. Curva de potência pelo percentual da potência elétrica efetiva da UDG 96 para 60 Hz.

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Considerando um rendimento elétrico do alternador elétrico – el de 0,934 a Tabela 3, mostra
os valores mínimos, efetivos e máximos do campo básico de funcionamento da UDG 96, com o
comparativo dos valores do fabricante, nominal e do ensaio, após a realização dos testes de
comissionamento da unidade geradora.

Tabela 3. As potências de eixo e elétrica da UDG 96 ensaiada.


Valor Mínimo Valor Efetivo Valor Máximo
Faixa de Operação (%) 70 78 85
Potência elétrica efetiva (ekW) 588.30 647,42 704,40
Potência de Eixo (bkW) 629.87 692.17 754.17

5.4. Análises de Gases da UDG 96

As analises dos gases de exaustão durante o teste de comissionamento da UDG 96 mostra que
o motor foi ajustado para a operação com queima pobre de combustível, ou seja, com uma quantidade
de ar maior do que a quantidade de combustível. Este fato é evidenciado no gráfico mostrado na
Figura 14, que apresenta a emissão de gases para o oxigênio (O2), monóxido de carbono (CO) e
dióxido de carbono (CO2) pelo percentual de carga ou potência elétrica efetiva do grupo gerador.

Teste de Recepção de Motores Diesel - UTE Goiânia II - UDG 96


14,0
CO

12,0 CO2
O2
10,0
Emissão de Gases (ppm)

8,0

6,0

4,0

2,0

0,0
25 50 60 70 80 90 100
Percentual da Potência Elétrica Efetiva

Figura 14. Curva de emissão de gases pelo percentual da potência elétrica efetiva da UDG 96.

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Percebe-se que quase todo o oxigênio do ar que é admitido durante a admissão de ar é
consumido na combustão do motor.
Realizando o balanço entre os produtos da reação durante a combustão e em função da
configuração de queima pobre percebe-se que enquanto os valores de O2, CO e CO2 e,
consequentemente, de material particulado encontram-se baixos, conforme mostrado na Tabela 1.
Contudo, os valores de monóxido de nitrogênio – NO, óxido de Nitrogênio – NOX e Anidrido
sulforoso – SO2 encontra-se com valores extremamente elevados, conforme mostrado na Figura 15,
onde se pode observar a curva de emissão de gases pelo percentual da potência elétrica efetiva da
UDG 96, medida durante o teste de comissionamento.

Teste de Recepção de Motores Diesel - UTE Goiânia II - UDG 96


1400,0
NO
NOX
1200,0 SO2
Emissões de Gsases (ppm)

1000,0

800,0

600,0

400,0

200,0

0,0
25 50 60 70 80 90 100
Percentual da Potência Elétrica Efetiva

Figura 15. Curva de emissão de gases pelo percentual da potência elétrica efetiva da UDG 96.

É importante ressaltar que é possível realizar a configuração do motor da UDG para um


balanceamento dos gases de emissão, realizando regulagens nos setup do motor de forma que seja
possível reduzir os níveis de NO, NOX e SO2.
Ressalta-se ainda que os valores medidos e apresentados nas Figura 14 e Figura 15, são para
medições com equipamento calibrado instalado na tubulação de saída dos gases de escape do motor
para um ponto acima da junta de expansão.

26 / 43
5.5. Análise de Vibrações da UDG 96

Conforme mencionado anteriormente, durante os testes de comissionamento da UDG 96 foi


realizada a identificação dos pontos que apresentaram os maiores valores para a velocidade de
vibração, tanto, RMS como os valores de pico e eles são:
 Acelerômetro 1 – Instalado na seção dianteira inferior do motor, na direção horizontal;
 Acelerômetro 3 – Instalado na região central inferior na lateral esquerda do motor, na
direção horizontal;
 Acelerômetro 6 – Instalado no mancal frontal do alternador, na direção axial;
 Acelerômetro 8 – Instalado no mancal traseiro do alternador, a direção axial.

A avaliação dos valores de velocidade de vibração foi analisada para os pontos de operação
ótima da UDG 96. As Figura 16 a Figura 23 mostram as curvas de velocidade de vibração RMS e de
Pico obtida durante os testes de comissionamento da UDG 96.
As Figura 16 e Figura 17 mostram as curvas dos valores médios da velocidade de vibração,
obtida, durante a realização do teste de comissionamento do motor da UDG. Nelas as linhas
pontilhadas (verde) representam os limites dos valores de velocidade de vibração e a linha vermelha
contínua representa o maior valor da velocidade de vibração na faixa de operação recomendada para
o motor.

Figura 16. Curva de velocidade de vibração (RMS) do acelerômetro 1 na UDG 96.

Conforme pode ser observado no gráfico da Figura 16 os valores da velocidade de vibração


RMS para a seção dianteira do motor encontram-se dentro da faixa considerada normal para o
acelerômetro 1, de acordo com a norma da ABNR NBR ISO 8528 – 9 (2014).

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Figura 17. Curva de velocidade de vibração (valor de pico) do acelerômetro 1 na UDG 96.

A Tabela 4 mostra os valores da severidade da velocidade de vibração RMS e de pico,


comparada com os valores limites da norma da ABNR NBR ISO 8528 – 9 (2014), para a faixa
operacional recomendada para o motor.

Tabela 4. Severidade de vibração na seção frontal do motor da UDG 96 ensaiada.


Acelerômetro 1 – Seção Frontal do Motor
VRMS VPICO Limite SRMS SPICO Limite aRMS aPICO Limite
Faixa Operacional
(mm/s) (mm/s) (mm/s) (mm) (mm) (mm/s) (m/s2) (m/s2) (m/s2)
70 15,88 42,54 0,252 0,676 9,97 26,72
78 16,33 41,49 0,260 0,659 10,26 26,06
45 0,72 28
85 16,11 43,71 0,256 0,695 10,12 27,45
100 17,91 47,17 0,285 0,750 11,25 29,62

Na Tabela 4 observa-se que os valores de deslocamento, de velocidade e de aceleração de


vibração RMS, para a faixa operacional, encontram-se dentro dos limites da norma, porém os valores
de pico ultrapassam o valor aceitável pela norma.
Observa-se ainda nas Figura 16 e Figura 17 e na Tabela 4 que o aumento da carga efetiva do
motor para uma operação prime com potência de 100 %, ou seja, 850 ekW, faz com que os valores
limites de deslocamento, velocidade e aceleração de vibração de pico encontram-se acima dos valores
limites apresentados pela norma.
Se for considerado que o motor da UDG 96 acabou de sair de um processo de manutenção
parcial, conforme informado pela engenharia da Brentech, a evolução dos valores apresentados acima
devem ser acompanhados com periodicidade mensal.

28 / 43
É importante ainda ressaltar que o teste de comissionamento foi feito com apenas a UDG 96
em operação, não havendo outras UDGs em operação, desta forma não foi considerado os efeitos de
vibração das outras UDGs na operação da UDG 96.
As Figura 18 e Figura 19 mostram as curvas dos valores médios das velocidades de vibração
RMS e de pico para o motor, obtidas durante a realização do teste de comissionamento do motor da
UDG.

Figura 18. Curva de velocidade de vibração (RMS) do acelerômetro 3 na UDG 96.

Conforme pode ser observado no gráfico da Figura 18 os valores da velocidade de vibração


RMS para a seção lateral esquerda do motor encontram-se dentro da faixa considerada normal para o
acelerômetro 3, contudo os valores tendem a crescer acentuadamente, quanto maior for para potência
de operação da UDG.

Figura 19. Curva de velocidade de vibração (valor de pico) do acelerômetro 3 na UDG 96.

29 / 43
Durante a verificação dos locais que apresentaram os maiores valores dos parâmetros de
vibração, como motor operando sem carga, o acelerômetro 3 foi considerado o mais crítico e com os
maiores valores dos parâmetros, portanto, durante a execução dos testes este sensor serviu de
referências para o acompanhamento do motor.
A Tabela 5 mostra os valores da severidade da velocidade de vibração RMS e de pico,
comparada com os valores limites da norma da ABNR NBR ISO 8528 – 9 (2014), para a faixa
operacional recomendada para o motor para a seção lateral esquerda do motor.

Tabela 5. Severidade de vibração na seção lateral esquerda do motor da UDG 96 ensaiada.


Acelerômetro 3 – Lateral Esquerda do Motor
VRMS VPICO Limite SRMS SPICO Limite aRMS aPICO Limite
Faixa Operacional
(mm/s) (mm/s) (mm/s) (mm) (mm) (mm/s) (m/s2) (m/s2) (m/s2)
70 25,00 93,17 0,398 1,481 15,70 58,51
78 25,44 92,36 0,404 1,469 15,98 58,00
45 0,72 28
85 25,26 94,95 0,402 1,510 15,86 59,63
100 27,64 105,16 0,439 1,672 17,36 66,04

Na Tabela 5 observa-se que os valores de deslocamento, de velocidade e de aceleração de


vibração RMS, para a faixa operacional da seção central esquerda do motor, encontram-se dentro dos
limites da norma, porém os valores dos parâmetros de vibração, para os valores de pico, ultrapassam
os valores aceitáveis pela norma, chegando quase ao dobro dos valores limites recomendado,
indicando a necessidade de acompanhamento mensal dos parâmetros medidos.
Observa-se ainda nas Figura 18 e Figura 19 e na Tabela 5 que o aumento da carga efetiva do
motor para uma operação prime com potência de 100 %, ou seja, 850 ekW, faz com que os valores
limites de deslocamento, velocidade e aceleração de vibração de pico encontram-se muito acima dos
valores limites apresentados pela norma.
Nas condições de carga máxima, para o regime de operação prime, poderão ocorrer inúmeras
e sequenciadas falhas e defeitos, além do aumento da temperatura de operação da UDG, provocados
pela vibração, principalmente em juntas, mangueiras, mangotes e nos mancais, com paradas totais da
UDG, ao longo do tempo.
Utilizando os mesmos critérios que foram usados no motor foi realizada a verificação dos
parâmetros de vibração para o alternador elétrico acoplado no motor da UDG 96, foram obtidas as
Figura 20 e Figura 21 que mostram as curvas com os valores médios das velocidades de vibração
RMS e de pico para o alternador elétrico acoplado no motor, obtidas durante a realização do teste de
comissionamento do motor da UDG 96.
Conforme pode ser observado no gráfico da Figura 20 os valores da velocidade de vibração
RMS para a seção superior do mancal frontal do alternador elétrico encontram-se dentro da faixa

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considerada normal para o acelerômetro 6, contudo os valores tendem a crescer acentuadamente,
quanto maior for para potência de operação da UDG.

Figura 20. Curva de velocidade de vibração (RMS) do acelerômetro 6 na UDG 96.

Figura 21. Curva de velocidade de vibração (valor de pico) do acelerômetro 6 na UDG 96.

A Tabela 6 mostra os valores da severidade da velocidade de vibração RMS e de pico,


comparada com os valores limites da norma da ABNR NBR ISO 8528 – 9 (2014), para a faixa
operacional recomendada para seção superior do mancal frontal do alternador elétrico.
Na Tabela 6 observa-se que os valores de deslocamento, de velocidade e de aceleração de
vibração RMS, para a faixa operacional da seção superior do mancal frontal do alternador,
encontram-se dentro dos limites da norma. Porém os valores dos parâmetros de vibração, para os
valores de pico, ultrapassam os valores aceitáveis pela norma, chegando quase ao dobro dos valores
limites recomendado, indicando a necessidade de acompanhamento mensal dos parâmetros medidos.

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Tabela 6. Severidade de vibração no mancal frontal do alternador elétrico da UDG 96 ensaiada.
Acelerômetro 6 – Seção Superior do Mancal Frontal do Alternador
VRMS VPICO Limite SRMS SPICO Limite aRMS aPICO Limite
Faixa Operacional
(mm/s) (mm/s) (mm/s) (mm) (mm) (mm/s) (m/s2) (m/s2) (m/s2)
70 13,55 42,16 0,215 0,670 8,51 26,48
78 13,40 37,54 0,213 0,597 8,42 23,58
20 0,32 13
85 13,79 39,09 0,219 0,622 8,66 24,55
100 15,01 43,63 0,239 0,694 9,43 27,40

Por se tratar de uma região nas proximidades do acoplamento do motor é esperado maior
estabilidade dos valores. Assim sendo, observa-se ainda nas Figura 20 e Figura 21 e na Tabela 6 que
o aumento da carga efetiva do motor para uma operação prime com potência elétrica de 100 %, ou
seja, 850 ekW, faz com que os valores limites de deslocamento, velocidade e aceleração de vibração
de pico encontram-se muito acima dos valores limites apresentados pela norma.
Este efeito pode ocasionar desbalanceamento do acoplamento do conjunto gerador,
aquecimento no mancal, defeitos no rolamento da seção frontal, ao longo do tempo, portanto,
recomenda-se acompanhamento mensal da evolução deste parâmetro.
As Figura 22 e Figura 23 mostram as curvas dos valores médios das velocidades de vibração
RMS e de pico para o acelerômetro instalado na seção superior do mancal traseiro do alternador
elétrico, obtidas durante a realização do teste de comissionamento do motor da UDG.

Figura 22. Curva de velocidade de vibração (RMS) do acelerômetro 8 na UDG 96.

Nas Figura 22 eFigura 23 podem ser percebida que foram registadas uma das saídas da UDG
96 de operação durante a medição dos valores para a carga de 100 % da potência elétrica nominal.
O motivo da saída foi o rompimento do mangote do turbocompressor que rompeu em função
da vibração e fadiga do material, conforme mencionado anteriormente.
Observa-se ainda que foram registrados, nas Figura 22 e Figura 23, o retorno da UDG 96 à
operação e o reinício da medição para a carga de 100 % potência elétrica efetiva.
32 / 43
Figura 23. Curva de velocidade de vibração (valor de pico) do acelerômetro 8 na UDG 96.

A Tabela 7 apresenta os valores da severidade da velocidade de vibração RMS e de pico,


comparada com os valores limites da norma da ABNR NBR ISO 8528 – 9 (2014), para a faixa
operacional recomendada para a seção superior do mancal traseiro do alternador elétrico acoplado ao
motor da UDG 96.

Tabela 7. Severidade de vibração no mancal traseiro do alternador elétrico da UDG 96 ensaiada.


Acelerômetro 8 – Seção Superior do Mancal Traseiro do Alternador
VRMS VPICO Limite SRMS SPICO Limite aRMS aPICO Limite
Faixa Operacional
(mm/s) (mm/s) (mm/s) (mm) (mm) (mm/s) (m/s2) (m/s2) (m/s2)
70 19,12 56,24 0,304 0,894 12,01 35,32
78 19,30 54,50 0,307 0,867 12,12 34,23
28 0,45 18
85 19,40 56,69 0,308 0,901 12,18 35,60
100 20,22 67,75 0,321 1,077 12,70 42,55

Na Tabela 7 observa-se que os valores de deslocamento, de velocidade e de aceleração de


vibração RMS, para a faixa operacional da seção superior do mancal traseiro do alternador,
encontram-se dentro dos limites da norma. Porém os valores dos parâmetros de vibração, para os
valores de pico, ultrapassam os valores aceitáveis pela norma, chegando quase ao dobro dos valores
limites recomendado, indicando a necessidade de acompanhamento mensal dos parâmetros medidos.
Observa-se ainda nas Figura 22 eFigura 23 e na Tabela 7 que o aumento da carga efetiva do
motor para uma operação prime com potência elétrica de 100 %, ou seja, 850 ekW, faz com que os
valores limites de deslocamento, de velocidade e de aceleração de vibração de pico encontram-se
muito acima dos valores limites apresentados pela norma e com tendência de crescimento.
O crescimento dos parâmetros de vibração pode ocasionar avarias sérias ao alternador, como
por exemplo, desgastes no mancal, trepidação anormal do conjunto gerador, avaria nos componentes

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elétricos do painel de comandos, aquecimento no mancal, defeitos no rolamento traseiro do
alternador, aquecimento do estator, perda de eficiência do alternador, ao longo do tempo, portanto,
recomenda-se acompanhamento mensal da evolução deste parâmetro.

5.6. Análise de Termográfica da UDG 96

A análise das temperaturas de operação da UDG 96 foi concentrada nos componentes do


motor, durante o teste de comissionamento e foi realizada somente para a faixa de operação
recomendada, ou seja, de 70 a 85 % da potência elétrica efetiva, concentrada nos seguintes pontos:
 Coletores de escape do motor;
 Temperatura do corpo do motor;
 Temperatura na saída do turbocompressor;
 Temperatura no ponto de medição dos gases de escape.

Considerando que o material dos coletores de escape, da junta de expansão e do lado quente
do turbocompressor tem emissividade de 0.8 (ferro fundido) as temperaturas das superfícies dos
componentes citados foram medidas com o uso da câmera termográfica.
A Figura 24 mostra que a temperatura dos componentes do motor durante o ensaio de
comissionamento para o início das medições, potência de 212.5 ekW.

(a) (b)
Figura 24. Bloco do motor durante a realização do teste de comissionamento na UDG 96: a) Imagem
termográfica e b) fotografia do corpo do motor.

A Tabela 8 mostra os valores das temperaturas de operação do motor medidos durante o


ensaio de comissionamento para o primeiro ponto de medição, ou seja, 212,5 ekW.

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Tabela 8. Temperaturas medidas durante o teste de comissionamento da UDG 96 ensaiada.
Valor Médio
Método Descrição Sensor Virtual
(°C)
Bx1 108,1
Sp1 131,5
Temperatura do bloco do motor
Sp3 106,3
Sp4 117.3
Termográfica
Temperatura do Cárter do motor Sp2 105,2
Temperatura do turbocompressor lado esquerdo 395
Temperatura do turbocompressor lado direito 390
Temperatura dos gases de escape 369
Temperatura do turbocompressor lado esquerdo 348
Infrared
Temperatura do turbocompressor lado direito 346

Os valores mostrados na Tabela 8 reportam que o motor ensaiado apresenta alta temperatura,
mesmo para o pouco tempo de trabalho.
Foi verificado durante os testes que o motor operou com temperaturas de óleo lubrificante, de
água e dos gases de escape elevadas e, considerando que apenas uma UDG estava em operação,
entende-se que a condição operacional apresentada possa ser agravada, com a operação de outras
UDGs nas proximidades da UDG 96, isto porque, a temperatura ambiente do galpão passa a
contribuir para a redução do rendimento do motor, pois as temperaturas de admissão do ar e do
combustível passam a serem maiores. Este fato contribui para a redução da potência de serviço do
motor, o que reduz, consequentemente, a potência elétrica da UDG.
A Figura 25 mostra as tubulações de saída de gases para uma operação com carga de 70 % da
potência elétrica nominal. Nesta condição a temperatura média dos gases na junta de expansão fica
em aproximadamente 415 °C, ou seja, em condições aceitáveis para a operação prime da UDG 96.

(a) (b)
Figura 25. Tubulação de exaustão de gases do motor para a carga de 70 (%) da potência elétrica ativa:
a) Imagem termográfica e b) fotografia da tubulação de exaustão do motor.

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As Figura 26 e Figura 27 mostram, respectivamente, os coletores de escape direito e esquerdo
do motor para as cargas de 70 e 80 % da potência elétrica efetiva do motor.

(a) (b)
Figura 26. Coletor de escape do lado direito do motor para a carga de 70 (%) da potência elétrica
ativa: a) Imagem termográfica e b) fotografia do coletor de escape direito do motor.

(a) (b)
Figura 27. Coletor de escape do lado direito do motor para a carga de 80 (%) da potência elétrica
ativa: a) Imagem termográfica e b) fotografia do coletor de escape esquerdo do motor.

É possível observar nas fotos das Figura 26 e Figura 27 que mesmo com uma operação com
alta temperatura os coletores de escape não apresentam grandes alterações na sua coloração, ou seja, a
operação pode ser considerada satisfatória para esta faixa de operação.
A configuração dos componentes deste tipo de motor indica que a máquina não deve ser
utilizada em aplicação estacionária e sim em aplicações marítimas, isto faz com que este motor opere
com alta temperatura, em função da posição dos turbocompressores, que ficam juntos ao corpo do
motor, aumentando a temperatura durante a operação dos componentes localizados próximos a este

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componente. Esta condição ocorre a perda significativa da potência elétrica efetiva, este é o fator que
impõe a este tipo de motor opere com uma redução de potência para a faixa do campo básico
recomendada.
Na Figura 28 é mostrada a tubulação de escape de gases do motor para uma condição de plena
carga, ou seja, 100 % da potência elétrica efetiva nestas condições visualmente não se percebe a
operação em temperaturas acima de 550 °C, muito acima da temperatura normal para os gases de
escape do motor.

(a) (b)
Figura 28. Coletor de escape do lado direito do motor para a carga de 70 (%) da potência elétrica
ativa: a) Imagem termográfica e b) fotografia do coletor de escape direito do motor.

As Figura 29 e Figura 30 mostram em detalhes os coletores de escape esquerdo e direito do


motor operando, respectivamente, para a carga de 100 (%) da potência elétrica efetiva.

(a) (b)
Figura 29. Coletor de escape do lado esquerdo do motor para a carga de 100 (%) da potência elétrica
ativa: a) Imagem termográfica e b) fotografia do coletor de escape esquerdo do motor.

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(a) (b)
Figura 30. Coletor de escape do lado direito do motor para a carga de 100 (%) da potência elétrica
ativa: a) Imagem termográfica e b) fotografia do coletor de escape direito do motor.

Nas Figura 29 e Figura 30 observa-se que as temperaturas de operação ultrapassam os valores


recomendados 700 °C, o que reduz a eficiência do motor e, consequentemente, a potência de serviço
do grupo gerador.
Outro fator que influencia na alta temperatura de operação do motor ensaiado é que, na UTE
Goiânia II, são utilizadas mantas para remoção de partículas de gases dos outros motores, ou seja,
para evitar a recirculação dos gases de escape.
O uso dessas mantas restringe ainda mais a quantidade de ar necessária para a operação do
motor, fazendo com que as máquinas tenham que operar com temperaturas maiores, próximas dos
limites operacionais estabelecidos pela engenharia da Brentech, reduzindo assim, a potência de
serviço da UDG.

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6. CONLUSÕES E RECOMENDAÇÕES

Os testes de comissionamento da UDG 96 da UTE Goiânia II, realizado nos dias 12


(preparação) e 13/09/2016 (execução), cuja responsabilidade é do Eng. Eraldo Cruz dos Santos, foi
realizado de forma satisfatória. Os resultados deste relatório são válidos somente para os motores a
Diesel fabricados pela empresa Caterpillar, modelo C32, instalados na UTE Goiânia II.
O objetivo do teste foi alcançado com a apresentação da faixa de operação ótima, ou seja, um
campo básico de operação ideal para o grupo gerador ensaiado que deve operar entre 70 e 85 % da
potência elétrica efetiva, desta forma o consumo específico de combustível, a temperatura de
operação, os limites de severidade de vibração apresentam valores aceitáveis e de acordo com as
normas brasileiras para este tipo de máquina.
Quando o motor estiver com uma potência efetiva de aproximadamente 663,0 ekW (78 % da
carga nominal) os parâmetros de funcionamento serão os menores e, no campo básico, será possível
operar esta UDG com regime prime, sem danos aos componentes do grupo gerador para uma
operação anual, com custos aceitáveis, de forma a manter o plano de manutenções previamente
desenvolvido pela engenharia da Brentech Energia S. A.
Caso seja necessário a UDG 96 poderá operar em regime contínuo, com 100 % da carga
nominal, desde que não sejam ultrapassadas a quantidade de horas recomendada pelas normas da
ABNT NBR ISO 8528 – 9 (2014) e ISO 3046 de 1.000 h/ano. Neste cenário existe a necessidade de
alterações no plano de manutenções, com a redução das periodicidades de execução das intervenções,
isto porque o número de falhas na operação deverá aumentar significativamente.
A redução da potência efetiva para entorno de 75 % da carga nominal ajuda a manter a vida
útil do grupo gerador sem que ocorram danos aos componentes da UDG.
As análises de vibração, da emissão de gases e termográfica indicam que quando se busca
operar esta UDG com 100 % da carga, isto é, 850 ekW, os parâmetros de operação tendem a
aumentar ao longo do tempo, podendo, inclusive, causar paradas repentinas ou atuação do sistema de
proteção do painel do motor, como os reles de alta temperatura da água e do óleos. Uns exemplos
desses fatos foram às paradas que ocorreram durante o teste de comissionamento, tanto por alta
temperatura de água ou do óleo lubrificante, quanto por vibração excessiva nos componentes do
motor e do alternador, que pode danificar componentes do grupo gerador.
A operação da UDG em uma condição de carga máxima deve acarretar redução da vida útil do
motor a Diesel da UDG 96 e, consequente aumento do custo de operação e de manutenção – O&M,
além da redução da confiabilidade operacional dos grupos geradores para períodos longos de
operação.

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Destaca-se ainda que o contrato de venda entre as empresas Genrent e Brentech Energia S. A.,
não especifica as características técnicas do motor, como por exemplo, a potência de eixo (em hhp ou
bkW) ou a aplicação do motor. No contrato são apenas apresentadas as características do gerador
elétrico, como potência 800 ekW, tensão 400 V e rotação de 1500 rpm.
Vale ressaltar que a frequência de geração utilizada na UTE Goiânia II é de 60 Hz e não de 50
Hz, e que a velocidade de rotação é de 1800 rpm e não 1500 rpm e que a tensão de geração é de
460 V e não 400V, como consta da placa de identificação dos geradores instalados na usina, ou seja,
o grupo gerador está adaptado para uma condição fora do projeto da máquina.
No tocante a emissão de gases de escape é importante que o motor seja regulado para que
ocorra a redução das emissões de NO e de NOX, pois estes dois parâmetros comprometem o
desempenho do grupo gerador como um todo.
Analisando a instalação do grupo gerador afirma-se que o motor de combustão interna a diesel
fabricado pela Caterpillar, modelo C32, UDG 96, instalado no galpão III da UTE Goiânia II, é um
motor para aplicações marítimas e não estacionária (em usinas termelétricas é preferível que o motor
seja estacionário).
Na análise da instalação, segundo Santos (2012), sabe-se que para um motor marítimo operar
como estacionário são necessárias adaptações nos sistemas de arrefecimento (melhoria da vazão de
ar), de admissão de ar (reposicionamento dos filtros de ar), de exaustão de gases (reposicionamento
dos turbocompressores, afastando-os mais do corpo do motor), bem como a adequação do plano de
manutenção para uma periodicidade menor, o que corrobora para o aumento do custo de O&M.
O alternador do grupo gerador também deve ser adaptado para operação prime. Na UTE
Goiânia II, existe o agravante da frequência de operação ser 60 Hz, enquanto que na placa de
identificação do gerador a frequência é de 50 Hz. Novamente são necessárias adaptações nos
componentes do alternador elétrico para operação prime de 60 Hz, como por exemplo, a substituição
do rolamento do mancal (pela mudança da rotação síncrona de trabalho de 1800 rpm), avaliação dos
entreferros do alternador de forma que seja possível identificar as perdas ao longo do tempo.
No motor da UDG 96 nota-se apenas adaptação no sistema de arrefecimento com mudança de
alguns componentes, como por exemplo, as correias de acionamento do ventilador, porém nenhuma
outra adaptação foi identificada na instalação do grupo gerador, ou informada pela equipe de
engenharia da Brentech S. A., ou seja, este motor foi vendido e instalado no galpão III da UTE
Goiânia II, em uma aplicação errada, devendo sim ter sua potência elétrica efetiva reduzida para a
faixa de operação indicada nos testes de comissionamento.
De maneira geral, a partir da análise dos resultados do teste de comissionamento, é possível
afirmar que a UDG 96 não está configurada e ajustada para operar com a potência elétrica nominal de
850 ekW (100 % da potência elétrica contratada para a UDG) em um regime de operação prime,

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conforme é requerido pela Brentech Energia S. A. no seu contrato de compra e venda de grupos
geradores.
Recomenda-se que o motor da UDG 96 seja configurado para operara somente na faixa do
campo básico levantado durante os testes de comissionamento, sendo seguidos os procedimentos de
O&M da engenharia da Brentech Energia S.A.

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