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JEAN LUCA DA SILVA BARP

KATELLYN FERREIRA DOS SANTOS


TIAGO MORILHA BASSO

PROJETO DA ESTRUTURA EM MADEIRA DE UM TELHADO PARA


COBERTURA COM TELHAS CERÂMICAS – ANÁLISE DA RIPA

Londrina
2023
JEAN LUCA DA SILVA BARP
KATELLYN FERREIRA DOS SANTOS
TIAGO MORILHA BASSO

PROJETO DA ESTRUTURA EM MADEIRA DE UM TELHADO PARA


COBERTURA COM TELHAS CERÂMICAS – ANÁLISE DA RIPA

Projeto avaliativo da disciplina 6TRU020 -


Construções em Madeira do 4º ano do curso de
Engenharia Civil da Universidade Estadual de
Londrina – UEL.

Docente: Prof. Dr. Carlos Henrique Maiola.

Londrina
2023
LISTA DE FIGURAS

Figura 1 - Representação do galpão ......................................................................... 5


Figura 2 - Representação da tesoura ........................................................................ 5
Figura 3 - Plantas e elevações do galpão ................................................................. 6
Figura 4 - Representação das terças ........................................................................ 7
Figura 5 - Disposição dos caibros ............................................................................. 7
Figura 6 - Informações do catálogo da telha Italiana ................................................. 8
Figura 7 - Representação das galgas e das ripas ..................................................... 8
Figura 8 - Propriedades da dicotiledônea D40 .......................................................... 9
Figura 9 - Coeficientes de pressão externo e interno do carregamento de vento ... 12
Figura 10 - Coeficientes de pressão ........................................................................ 13
Figura 11 - Carregamento do vento ......................................................................... 14
Figura 12 - Força atuante perpendicular a ripa........................................................ 16
Figura 13 - Coeficiente de fluência .......................................................................... 23
Figura 14 - Fatores redutor para ações variáveis .................................................... 24
Figura 15 - Valores limites de deslocamento ........................................................... 25
LISTA DE QUADRO

Quadro 1 - Cargas permanentes da cobertura ........................................................ 11


Quadro 2 - Quadro resumo dos carregamentos atuantes na cobertura .................. 14
Quadro 3 - Carregamento atuante nas ripas ........................................................... 15
Quadro 4 - Carregamento perpendicular as ripas ................................................... 16
Quadro 5 - Coeficiente de ponderação para estado limite último ............................ 17
Quadro 6 - Deslocamento permanente e variável ................................................... 22
SUMÁRIO

1 CARACTERÍSTICAS DO PROJETO ..................................................................... 4


1.1 LOCALIZAÇÃO E UTILIZAÇÃO ..................................................................................... 4
1.2 DIMENSÕES DO GALPÃO .......................................................................................... 4
2 ESQUEMA ESTRUTURAL DA COBERTURA ....................................................... 7
3 CARREGAMENTO ............................................................................................... 10
3.1 CARGAS ATUANTES NA COBERTURA ....................................................................... 10
4 VERIFICAÇÃO DA RIPA ...................................................................................... 15
4.1 CARREGAMENTO............... .................................................................................... 15
4.2 COMBINAÇÃO....... ..................................................................................................17
4.3 VERIFICAÇÃO...................... .................................................................................. 18
REFERÊNCIAS......................................................................................................... 26
4

1 CARACTERÍSTICAS DO PROJETO

O presente trabalho visa apresentar o dimensionamento de um


telhado para cobertura com telhas cerâmicas. Para realização do dimensionamento
foi definido a classe da madeira, os perfis dos elementos, as dimensões de pé-direito,
vãos longitudinais e transversais, sua localização, as ações atuantes, sejam elas
permanentes, de sobrecarga ou ventos, além disso as verificações de resistência
quanto as ripas.

1.1 LOCALIZAÇÃO E UTILIZAÇÃO

A edificação a ser dimensionada trata-se de um galpão de uso


generalizado com baixo fator de ocupação, localizado no município de Londrina. O
galpão se localiza em um terreno plano e pouco acidentado, com poucos obstáculos
como árvores e edificações de grande porte.

1.2 DIMENSÕES DO GALPÃO

O galpão e seus elementos construtivos estão apresentados na figura


1. A estrutura possui 20 metros de comprimento e vão de 8 metros. Seu pé-direito
possui 4 metros de altura. O galpão não tem forro, e como a cobertura é feita com
telhas cerâmicas, a carga do vento de sucção pode ser desconsiderada, visto que as
telhas não serão amarradas à estrutura.
O galpão é composto por dezoito pilares, por nove pórticos, oitenta e
oito terças (Apresentada na figura 1 por linhas vermelhas), oitenta caibros (Linhas em
azul) e nove tesouras.
Às terças foram distribuídas a cada 0,8 metros e são vigas
longitudinais colocadas na cobertura, servem de apoio para os caibros e transferem
as principais cargas da cobertura para as tesouras, ou também chamadas de treliças.
As tesouras são estruturas em madeira formadas por banzos
superiores e inferiores, montantes e diagonais, que transferem as cargas que chegam
a ela para os pilares. As tesouras utilizadas no galpão são do tipo Howe,
recomendadas para estruturas de madeira por apresentar diagonais comprimidas, a
seguir figura 2, ilustrando a tesoura.
5

Os pórticos são constituídos de dois pilares e uma treliça,


responsáveis pela estabilidade da estrutura e levar os carregamentos até a fundação.

Figura 1 - Representação do galpão

Fonte: Os próprios autores

Figura 2 - Representação da tesoura

Fonte: Os próprios autores


6

O galpão apresenta aberturas na parte frontal, duas portas. Nas


partes laterais e na parte posterior, tem duas janelas em cada face. Como mostra a
figura 3, abaixo.
Figura 3 - Plantas e elevações do galpão

Fonte: Próprios autores


7

2 ESQUEMA ESTRUTURAL DA COBERTURA

A principal parte da estruturação da cobertura é a tesoura. Como dito


anteriormente, a tesoura é estruturada por banzo superior e inferior, montantes e
diagonais. As seções de cada um dos elementos foram predeterminadas. Os banzos
e diagonais tem uma seção transversal simples, de 5 x 10 cm. Já os montantes são
formados por uma seção composta de 2,5 x 10 cm. Lembrando que as tesouras foram
dispostas a cada 2,5 metros.
Tendo a tesoura estruturada, tem-se os outros elementos da
cobertura. Às terças (com hachura azul) foram dispostas na estrutura a cada 0,8 m na
projeção horizontal do banzo inferior, como mostrado na figura 4. A seção transversal
da terça é de 10 x 5 cm.
Figura 4 - Representação das terças

Fonte: Os próprios autores

Os caibros da estrutura (com hachura vermelha) foram dispostos a


0,5 m de distância um do outro. A seção transversal dos caibros é de 5 x 5 cm.

Figura 5 - Disposição dos caibros

Fonte: Os próprios autores


8

As ripas são colocadas conforme a galga da telha. A galga da telha


foi determinada levando em conta a galga mínima da telha, que foi obtida pelo
catálogo, como mostrado na figura 6, que para a telha italiana é de 36,6 cm.

Figura 6 - Informações do catálogo da telha Italiana

Fonte: Cerâmica laranjal

Como a galga mínima dessa telha é 36,6 cm, a galga utilizada foi de
38 cm, ou seja, a cada 38 cm será colocada uma fileira de ripa nos caibros. Lembrando
sempre que a primeira fileira de ripa, será de seção composta com uma ripa em cima
da outra e a galga entre a primeira e a segunda ripa será um pouco menor que a do
restante, será de 29 cm, como mostrado na figura 7. A seção das ripas é de 1,5 x 5
cm.

Figura 7 - Representação das galgas e das ripas

Fonte: Os próprios autores


9

Como dito no item 1.2, como o fechamento da cobertura é feita com


telhas cerâmicas, é desconsiderado o vento de sucção, por conta de as mesmas não
serem amarradas na estrutura.
Como mostrado na figura 6, o rendimento da telha italiana adotada é
de 13 telhas/m². Não se tem a inclinação máxima admitida por essa telha, porém a
inclinação adotada para essa cobertura é de 50%. O catálogo traz que o peso de cada
telha é de 3,2 kg por telha.
A classe da madeira utilizada na cobertura, foi a D40 (Cedrilho), que
tem como densidade característica 750 kg/m³, como mostra a figura 8.

Figura 8 - Propriedades da dicotiledônea D40

Fonte: NBR 7190 (2022)


10

3 CARREGAMENTO

A seguir serão explicitados os procedimentos necessários para o


dimensionamento das cargas operantes na cobertura.

3.1 CARGAS ATUANTES NA COBERTURA

As cargas ou ações características são forças aplicadas a um


componente de uma estrutura ou à estrutura como uma unidade. Essas cargas podem
ser divididas em dois grupos: Cargas permanentes e Cargas acidentais (variáveis).
As cargas permanentes são constituídas pelo peso próprio da estrutura e pelos pesos
de todos os elementos construtivos fixos e instalações permanentes. As cargas
permanentes normalmente geram forças de campo gravitacional, ou seja, ações
verticais. O presente trabalho tem como ação permanente o peso próprio das
tesouras, peso próprio das ripas, peso próprio dos caibros, peso próprio das terças e
peso próprio das telhas.
O peso próprio da tesoura, foi obtido através da fórmula de Howe,
como mostra a equação 1, abaixo.

𝑔𝑡 = 2,45 ⋅ (1 + 0,33 ⋅ 𝑙) [𝑘𝑔/𝑚²] (1)

Dado que o vão entre as tesouras é 8 metros, 𝑙 = 8, tem-se que o


peso próprio da tesoura é 9 𝑘𝑔/𝑚2 𝑜𝑢 0,09 𝑘𝑁/𝑚².

Com relação ao peso próprio dos elementos da cobertura como as


ripas, caibros e terças, utilizou-se a equação 2.

𝑔 = 𝑆𝑡𝑟𝑎𝑛𝑠. ⋅ 𝜌12% (2)

Onde 𝑆𝑡𝑟𝑎𝑛𝑠. é a seção transversal do elemento de cobertura, 𝜌12% é


a densidade característica da madeira a 12 %, para a madeira D40 o valor é
7,5 𝑘𝑁/𝑚³. Dado que a seção da ripa é 0,00075 m², do caibro 0,0025 m² e da terça
0,005 m², obtém-se que o peso próprio das ripas é 0,006 𝑘𝑁/𝑚, o peso próprio dos
caibros 0,019 𝑘𝑁/𝑚 e o terças 0,038 𝑘𝑁/𝑚.
11

Já em relação ao peso próprio das telhas, obtém-se segundo o


catálogo da cerâmica laranjal que cada telha italiana possui 3,2 𝑘𝑔/𝑝𝑒ç𝑎 𝑜𝑢 0,032 𝑘𝑁/
𝑝𝑒ç𝑎, dado que para cada metro quadrado é necessário 13 telhas, tem-se
0,416 𝑘𝑁/𝑚², no entanto o fabricante fornece também que a telha absorve 30 % da
água que atinge a superfície da telha, sendo assim, acrescentando 30 % no valor do
peso da telha, obtém-se o valor de 0,541 𝑘𝑁/𝑚²
A seguir, o quadro 1, resumindo todas as cargas permanentes
atuantes na cobertura.

Quadro 1 - Cargas permanentes da cobertura

CARGAS PERMANENTES
Peso próprio da tesoura 0,090 kN/m²
Peso próprio da ripa 0,006 kN/m
Peso próprio caibro 0,019 kN/m
Peso próprio terça 0,038 kN/m
Peso próprio da telha 0,541 kN/m²

Fonte: Os próprios autores

Outro carregamento que ocorre no projeto analisado é a carga


variável, foi adotado como carga variáveis, as cargas de sobrecarga e vento
sobrepresão. A respeito da ação de sobrecarga, considerou cobertura acessível para
manutenção, logo, sobrecarga característica mínima é de 0,25 kN/m².
Por fim, o carregamento do vento de sobrepressão, foi obtido segundo
o tópico 4.2.3 da NBR 6123/1988, onde a força de ação variável é calculada através
da multiplicação do coeficiente de pressão e da pressão dinâmica, equação 3, abaixo.

𝑔𝑣 = 𝐶𝑝 ⋅ 𝑞 (3)

Onde, 𝑔𝑣 é a força do carregamento; 𝐶𝑝 é o coeficiente pressão e 𝑞


é a pressão dinâmica.
Utilizando a tabela do Excel ‘Programa de vento’ do Aluno Leonardo
Pereira Regatieri, foi possível obter a pressão dinâmica. Visto que a velocidade do
vento na cidade Londrina é 42 𝑚/𝑠, tem-se que 𝑉𝑜 = 42 𝑚/𝑠 . Para o fator S1, o
terreno como sendo plano ou fracamente acidentado (𝑆1 = 1), já o fator S2, adotou
Categoria III, classe A e dimensões maiores que 20 metros (𝑆2 = 0,89) e por fim o
12

fator S3, empregou, o grupo 3 (𝑆3 = 0,95). Mediante a esses dados a planilha
forneceu uma pressão dinâmica de 0,78 𝑘𝑁/𝑚². Além da pressão dinâmica, a planilha
também concede os coeficientes de pressão externo e interno, a seguir a figura 9,
ilustrando os coeficientes de pressão externo e interno para o vento a 0º e 90°,
respectivamente.

Figura 9 - Coeficientes de pressão externo e interno do carregamento de vento

Fonte: Tabela do Excel ‘Programa de vento’

Dado que, o coeficiente de pressão é o coeficiente de pressão interno


menos o coeficiente de pressão externo, tem-se que o coeficiente de pressão para o
vento a 0° é igual a -0,1 em ambas as águas do telhado e coeficiente de pressão para
o vento a 90° igual a -0,16 em um lado da cobertura e 0,10 em outro, como ilustra a
figura 10, a seguir.
13

Figura 10 - Coeficientes de pressão

Fonte: Adaptado de Tabela do Excel ‘Programa de vento’

.
Mediante a equação 3, os coeficientes de pressão detalhados
anteriormente, e a pressão dinâmica de 0,78 kN/m², tem-se que os esforços
resultantes para o carregamento do vento sobrepresão a 0º nos dois lados da
cobertura é 0,078 𝑘𝑁 e o carregamento do vento sobrepresão a 90º no lado esquerdo
é 0,125 𝑘𝑁, e no lado direito o valor de −0,078 𝑘𝑁, devido ao fato de ocorrer sucção
nessa região será desconsiderado a ação do vento neste lado. Abaixo a figura 11,
ilustrando o carregamento do vento atuante na cobertura.
14

Figura 11 - Carregamento do vento

Fonte: Adaptado de Tabela do Excel ‘Programa de vento’

Decompondo essa força, visto que o ângulo de inclinação é 26,56°,


obtém-se que a componente X do vento sobrepresão a 0º é 0,070 𝑘𝑁 e a componente
Y é de 0,0349 𝑘𝑁, já para o vento sobrepressão a 90° a componentes X é 0,112 𝑘𝑁 e
a componente Y é de 0,056 𝑘𝑁.
A seguir um quadro resumo de todas as ações atuantes nas treliças
de coberturas.

Quadro 2 - Quadro resumo dos carregamentos atuantes na cobertura

CARREGAMENTO DA COBERTURA

Peso próprio da tesoura 0,090 kN/m²

Carregamento Peso próprio da ripa 0,006 kN/m


Permanente Peso próprio caibro 0,019 kN/m
Peso próprio terça 0,038 kN/m
Peso próprio da telha 0,541 kN/m²
Sobrecarga 0,25 kN/m²
Vento Sobrepressão a 0° (Ambos lados) 0,078 kN/m²
Vento Sobrepressão a 0° (Eixo x) 0,070 kN/m²
Carregamento
Vento Sobrepressão a 0° (Eixo y) 0,0349 kN/m²
Variável
Vento Sobrepressão a 90° (Lado esquerdo) 0,125 kN/m²
Vento Sobrepressão a 90° (Eixo x) 0,112 kN/m²
Vento Sobrepressão a 90° (Eixo y) 0,056 kN/m²

Fonte: Os próprios autores


15

4 VERIFICAÇÃO DA RIPA

As ripas são um dos componentes da trama que forma a cobertura, é


nas ripas que as telhas se apoiam diretamente. Para uma análise mais simplificada,
adotou que as ripas funcionam com um elemento contínuo, biapoiado, no qual a
distância entre os apoios corresponde o valor da distância entre os caibros, 50 cm.

4.1 CARREGAMENTO

Para dar início na verificação da resistência da ripa é necessário antes


analisar o carregamento atuante na ripa, as cargas que se aplicam nas ripas são: Peso
próprio das ripas; Peso próprio da telha; Sobrecarga e Vento. Nota-se que esses
carregamentos atuantes são os mesmos apresentados no item 3.1, carregamento da
cobertura, no entanto a ripa encontra-se inclinada sobre os caibros, sendo assim será
necessário decompor essas forças nos eixos perpendiculares às ripas. Vale ressaltar
que a ação do vento já atua perpendicular às ripas, logo, não são decompostas na
análise, além disso adotou o maior valor de carregamento do vento, assim, vento
sobrepressão a 90°. A seguir o quadro 3, com os carregamentos atuantes nas ripas.

Quadro 3 - Carregamento atuante nas ripas

CARREGAMENTO
Peso próprio da ripa 0,006 kN/m
Peso próprio da telha 0,541 kN/m²
Sobrecarga 0,250 kN/m²
Vento Sobrepressão a 90° 0,125 kN/m²

Fonte: Os próprios autores

Como comentado anteriormente, alguns carregamentos serão


necessários decompor, visto que a ripa se encontra inclinada, e essa inclinação é de
26,6°, logo, no eixo 1 tem- se a força atuante vezes o seno da inclinação e no eixo 2
a força aplicada vezes o cosseno da inclinação, como mostra a figura 12, a seguir.
16

Figura 12 - Força atuante perpendicular a ripa

Fonte: Maiola (2023)

Observa-se também que os carregamentos peso da telha, sobrecarga


e a ação do vento encontra-se distribuído por metro quadrado, dado que está sendo
considerado a ripa como um elemento contínuo, biapoiado, será necessário também
multiplicar esses carregamentos pela galga da telha (0,38 metros). E no caso da
sobrecarga será necessário multiplicar o carregamento final por cosseno da
inclinação.
Abaixo o quadro 4, apresentando o carregamento perpendicular da
ripa em kN/m.

Quadro 4 - Carregamento perpendicular às ripas

Área de
Ação F,k Unidade Influência F,k (kN/m)
(m)
g1 0,003 (kN/m) 0,003
Peso da ripa 1,
g2 0,005 (kN/m) 0,005
gt1 0,242 (kN/m²) 0,092
Peso das telhas italianas 0,380
gt2 0,484 (kN/m²) 0,184
q1 0,112 (kN/m²) 0,038
Sobrecarga 0,380
q2 0,224 (kN/m²) 0,076
v1 0,000 (kN/m²) 0,000
Vento 0,380
v2 0,125 (kN/m²) 0,047

Fonte: Os próprios autores


17

4.2 COMBINAÇÃO

Em posse das ações atuantes na estrutura, faz-se necessário realizar


algumas combinações delas para quantificar e obter os esforços solicitantes mais
desfavoráveis na estrutura. Além disso, através dessas combinações é possível
também verificar a segurança em relação aos estados limites, ou seja, estados em
que a estrutura se encontra imprópria para o uso. Os estados limites podem ser
classificados em estados limites últimos ou estados limites de serviço, conforme sejam
referidos à situação de ruína ou de uso em serviço, respectivamente. Com relação a
combinação das ações, adotou a combinação última normal, tendo como ação
principal carga de uso e vento, a seguir a equação 4, da combinação última normal.

𝑚 𝑛
(4)
𝑝𝑑 = ∑(𝛾𝑔𝑖 ⋅ 𝐹𝑔𝑖,𝑘 ) + 𝛾𝑄 ⋅ (𝐹𝑄𝑖,𝑘 + ∑ Ψ𝑜𝑗 ∙ 𝐹𝑄𝑗,𝑘 )
𝑖=1 𝑗=2

Onde, 𝛾 é o coeficiente de ponderação das ações, Ψ é o fator de


combinação, 𝐹𝑔 ação permanente, 𝐹𝑄𝑖,𝑘 é ação variável principal e 𝐹𝑄𝑗,𝑘 são as demais
ações variáveis. Vale ressaltar que quando a ação variável do vento é a principal, faz-
se necessário multiplicar esse carregamento por 0,75 também, visto que é uma ação
muito rápida.
De acordo com as tabelas 1 e 6 da NBR 8681/2003, tem-se que os
coeficientes de ponderação das ações atuante na ripa, são:
Quadro 5 - Coeficiente de ponderação para estado limite último

Ação F,k (kN/m) γg γq Ψ0

g1 0,003
Peso da ripa 1,300 - -
g2 0,005
gt1 0,092
Peso das telhas italianas 1,500 - -
gt2 0,184
q1 0,038
Sobrecarga - 1,500 0,500
q2 0,076
v1 0,000
Vento - 1,400 0,600
v2 0,047

Fonte: Os próprios autores


18

Com base na equação 4 e o quadro 5, tem-se que a combinação


última normal com ação variável principal sobrecarga é 0,0020 𝑘𝑁/𝑐𝑚 e 0,0044 𝑘𝑁/𝑐𝑚
para 𝑝𝑑1 e 𝑝𝑑2 , respectivamente. Já para a combinação última normal com ação
variável principal o vento, obteve-se 0,0017 𝑘𝑁/𝑐𝑚 e 0,0039 𝑘𝑁/𝑐𝑚 para 𝑝𝑑1 e 𝑝𝑑2 ,
respectivamente. A fim de projeto, adotou-se o pior caso, logo, 𝑝𝑑1 = 0,0020 e 𝑝𝑑2 =
0,0044

4.3 VERIFICAÇÃO

Primeira verificação da ripa é quanto ao estado limite último de


tensões normais, no qual os valores correspondentes das equações 5 e 6 precisam
ser menores ou igual a um.

𝜎𝑀1,𝑑 𝜎𝑀2,𝑑 (5)


+ 𝑘𝑚 ⋅ ≤ 1,0
𝑓𝑚,𝑑 𝑓𝑚,𝑑

𝜎𝑀2,𝑑 𝜎𝑀2,𝑑 (6)


𝑘𝑚 ⋅ + ≤ 1,0
𝑓𝑚,𝑑 𝑓𝑚,𝑑

Onde, 𝜎𝑀 é a tensões normais, 𝑓𝑚,𝑑 é e 𝑘𝑚 é o coeficiente de


correção, visto que a seção da ripa é retangular 𝑘𝑚 = 0,7.
As tensões normais, são os valores de cálculo da máxima tensão
atuante devido ao momento fletor atuante, essa tensão é calculada através da
equação 7, abaixo.

𝑀𝑑 (7)
𝜎𝑀 =
𝑊

Onde, 𝜎𝑀 é a tensões normais, 𝑀𝑑 é o valor de cálculo do momento


fletor atuante e 𝑊 é o módulo de resistência da seção transversal.
19

Sendo que o momento fletor e módulo de resistência é obtido pela


equação 8 e 9, respectivamente.

𝑝𝑑 ⋅ 𝐿2 (8)
𝑀𝑑 =
8

ℎ ⋅ 𝑏2 (9)
𝑊=
6

Onde, 𝑝𝑑 é o carregamento atuante (𝑝𝑑1 = 0,0020 𝑘𝑁/𝑐𝑚 e 𝑝𝑑2 =


0,0044 𝑘𝑁/𝑐𝑚 ); 𝑏 é a base da seção da ripa, 5 cm ou 1,5 cm; ℎ a altura da ripa, 1,5
ou 5 cm, referente ao eixo em que ocorre a flexão; 𝐿 é o vão entre os caibros, 50 cm.
Assim, 𝑀𝑑1 = 1,875 𝑘𝑁. 𝑐𝑚, 𝑀𝑑2 = 0,62 𝑘𝑁. 𝑐𝑚 , 𝑊1 = 1,875 𝑐𝑚³ e 𝑊2 = 6,250 𝑐𝑚³.
Mediante a esses valores e a equação 10, tem que a tensões normais são: 𝜎𝑀1𝑑 =
0,73 𝑘𝑁/𝑐𝑚² e 𝜎𝑀2𝑑 = 0,10 𝑘𝑁/𝑐𝑚².

Já o valor de cálculo da resistência à flexão, é obtido pela equação


10, abaixo.

𝑓𝑐0𝑘 (10)
𝑓𝑚,𝑑 = 𝑓𝑐𝑜𝑑 = 𝐾𝑚𝑜𝑑 ⋅
γwc

Dado que, a classe de umidade do ambiente da madeira é 2 (𝐾𝑚𝑜𝑑2 =


0,9) e o carregamento é de longa duração (𝐾𝑚𝑜𝑑1 = 0,7), tem-se que 𝐾𝑚𝑜𝑑 = 0,63,
visto que 𝐾𝑚𝑜𝑑 é a multiplicação de 𝐾𝑚𝑜𝑑1 por 𝐾𝑚𝑜𝑑2 . Além disso, 𝑓𝑐0𝑘 = 4 𝑘𝑁/𝑐𝑚²,
visto que a madeira da ripa é um D40 e o coeficiente adotado para γwc = 1,4. Portanto,
𝑓𝑚,𝑑 = 1,80 𝑘𝑁/𝑐𝑚².

Sendo assim, em virtude de 𝜎𝑀1𝑑 = 0,73 𝑘𝑁/𝑐𝑚², 𝜎𝑀2𝑑 = 0,10 𝑘𝑁/


𝑐𝑚², 𝑘𝑚 = 0,7 e 𝑓𝑚,𝑑 = 1,80 𝑘𝑁/𝑐𝑚², tem-se a partir das equações 8 e 9 os seguintes
resultados de verificação:
20

0,73 0,10 (11)


+ 0,7 ⋅ ≤ 1,0
1,80 1,80
0,445 ≤ 1,0

0,73 0,10 (12)


0,7 ⋅ + ≤ 1,0
1,80 1,80
0,339 ≤ 1,0

Observa-se que em ambos atende a verificação, logo, a ripa atende a


verificação quanto ao estado limite último de tensões normais.

Segunda verificação, estado limite último de tensões cisalhantes, tem-


se que os valores correspondentes das equações 13 precisa ser menor ou igual a o
valor de cálculo da resistência ao cisalhamento paralelo às fibras. Observa-se que em
ambas as direções 1 e 2, é necessário atender esse critério.

3 ⋅ 𝑉𝑑 (13)
𝜏𝑑 = ≤ 𝑓𝑣𝑜𝑑
2⋅𝑏⋅ℎ

Onde, 𝜏𝑑 é a o valor de cálculo da máxima tensão de cisalhamento


atuante; 𝑉𝑑 é o valor de cálculo do esforço cortante atuante; 𝑏 é a largura da seção
transversal na posição considerada; ℎ é a altura da seção transversal na posição
considerada e 𝑓𝑣𝑜𝑑 é o valor de cálculo da resistência ao cisalhamento paralelo às
fibras.
As tensões cisalhamento, são os valores de cálculo da máxima tensão
atuante devido ao carregamento atuante, essa tensão é calculada através da equação
14, abaixo.

𝑝𝑑 ⋅ 𝐿 (14)
𝑉𝑑 =
2
21

Onde, 𝑝𝑑 é o carregamento atuante (𝑝𝑑1 = 0,0020 𝑘𝑁/𝑐𝑚 e 𝑝𝑑2 =


0,0044 𝑘𝑁/𝑐𝑚 ) e 𝐿 é o vão entre os caibros, 50cm. Portanto, 𝑉𝑑1 = 0,0496 𝑘𝑁 𝑒 𝑉𝑑2 =
0,1097.
Já o valor de cálculo da resistência ao cisalhamento paralelo às fibras,
é obtido pela equação 15, abaixo.

𝑓𝑣0𝑘 (15)
𝑓𝑣𝑜𝑑 = 𝐾𝑚𝑜𝑑 ⋅
γwc

Dado que, a classe de umidade do ambiente da madeira é 2 (𝐾𝑚𝑜𝑑2 =


0,9) e o carregamento é de longa duração (𝐾𝑚𝑜𝑑1 = 0,7), tem-se que 𝐾𝑚𝑜𝑑 = 0,63,
visto que 𝐾𝑚𝑜𝑑 é a multiplicação de 𝐾𝑚𝑜𝑑1 por 𝐾𝑚𝑜𝑑2 . Além disso, 𝑓𝑣0𝑘 = 0,6 𝑘𝑁/𝑐𝑚²,
visto que a madeira da ripa é um D40 (Cedrilho) e o coeficiente adotado para γwc =
1,8. Portanto, 𝑓𝑣𝑜𝑑 = 0,21 𝑘𝑁/𝑐𝑚².

Sendo assim, em virtude de 𝑉𝑑1 = 0,0496 𝑘𝑁, 𝑉𝑑2 = 0,1097, 𝑏 a base


da seção da ripa, 5 cm; ℎ a altura da ripa, 1,5 e 𝑓𝑣𝑜𝑑 = 0,21 𝑘𝑁/𝑐𝑚², tem-se a partir
da equação 13 os seguintes resultados de verificação:

3 ⋅ 0,0496 (16)
𝜏𝑑1 = ≤ 0,210
2 ⋅ 5 ⋅ 1,5
0,0099 ≤ 0,140

3 ⋅ 0,1097 (17)
𝜏𝑑2 = ≤ 0,210
2 ⋅ 5 ⋅ 1,5
0,0219 ≤ 0,140

Observa-se que em ambas as direções atende a verificação, logo, a


ripa atende a verificação quanto ao estado limite último de tensões cisalhantes.
22

Terceira verificação, estabilidade lateral de vigas de seção retangular,


nota-se que o maior carregamento ocorrer na direção 2, onde o caibro tem a maior
seção e menor carregamento ocorrer na direção 1, onde o caibro tem a menor seção,
devido a esse fato e o vão da ripa ser pequeno (50 cm), tem-se que essa verificação
não é crítica.
Por fim, quarta e última verificação, quanto ao estado limite de serviço,
flecha. A solicitação de serviço tem que ser menor ou igual ao limite da norma.
Primeiro passo, determinar o deslocamento teórico de serviço, dado que os
carregamentos atuantes na ripa são um carregamento linear, tem-se que o
deslocamento desses carregamentos podem ser calculados através da equação 18.

5 𝑞 ⋅ 𝐿4 (18)
𝛿= ⋅
384 𝐸0,𝑚𝑒𝑑 ⋅ 𝐼

Onde, 𝛿 é o deslocamento teórico de serviço; 𝑞 é o carregamento


atuante; 𝐿 o vão entre os caibros, 50cm; 𝐸0,𝑚𝑒𝑑 o módulo de elasticidade médio,
𝑏⋅ℎ3
1450 kN/cm² e 𝐼 é a inércia da seção 𝐼 = = 1,406.
12

Com base na equação 18 e dado que o valor de 𝐿 = 50 𝑐𝑚 e 𝐼 =


1,406 𝑐𝑚4 , tem-se os seguintes valores de deslocamento:

Quadro 6 - Deslocamento permanente e variável

𝜹𝒊𝒏𝒔𝒕,𝑮,𝒌 𝜹𝒊𝒏𝒔𝒕,𝑸,𝒌
Carregamento F,k (kN/m)
(cm) (cm)
Peso da ripa 0,005 0,0020 -
Peso das telhas italianas 0,184 0,0733 -
Sobrecarga 0,076 - 0,0303
Vento 0,047 - 0,0189
TOTAL 0,312 0,0753 0,0492

Fonte: Os próprios autores

Observa-se que o valor do carregamento usado é o atuante no eixo


2.
23

Depois de obter os deslocamentos permanentes e variáveis, utilizou


a combinação quase permanente de serviço para a combinação dos deslocamentos
permanente e variável, equação 19 e 20, respectivamente.

𝛿𝑓𝑖𝑛,𝐺,𝑘 = 𝛿𝑖𝑛𝑠𝑡,𝐺,𝑘 ⋅ (1 + 𝜙) (19)

𝛿𝑓𝑖𝑛,𝑄,𝑘 = 𝛿𝑖𝑛𝑠𝑡,𝑄,𝑘 ⋅ Ψ2 ⋅ (1 + 𝜙) (20)

Sendo os coeficientes de fluência (𝜙) igual a 0,8, visto que a madeira


analisada é serrada e tem classe de umidade igual a 2, como mostra a figura 13,
abaixo. E o coeficiente de redução (Ψ2 ), igual a 0,3, dado que as ações variáveis são
de locais em que não há predominância de pesos por longo período, figura 14.

Figura 13 - Coeficiente de fluência

Fonte: NBR 7190 (2022)


24

Figura 14 - Fatores redutor para ações variáveis

Fonte: NBR 7190 (2022)

Aplicando a equação 19 e 20, dado que 𝛿𝑖𝑛𝑠𝑡,𝐺,𝑘 = 0,0753, 𝛿𝑖𝑛𝑠𝑡,𝑄,𝑘 =


0,0492 , 𝜙 = 0,8 e Ψ2 = 0,3, tem-se que 𝛿𝐹𝐼𝑁,𝐺,𝑘 = 0,136 e 𝛿𝐹𝐼𝑁,𝑄,𝑘 = 0,0164, logo, o
deslocamento final será a soma do permanente mais a variável , assim, 𝛿𝐹𝐼𝑁 = 0,152.

Segundo a NBR 7190, para vigas biapoiadas o valor limite do


deslocamento pode variar do tamanho do vão dividido por 150 até o tamanho do vão
dividido por 300, como mostra a figura 15, a seguir. A fim de projeto adotou o
deslocamento limite igual ao vão por 150, assim, 𝛿𝐿𝑖𝑚𝑖𝑡𝑒 = 0,333.
25

Figura 15 - Valores limites de deslocamento

Fonte: NBR 7190 (2022)

Nota-se que 𝛿𝐹𝐼𝑁 = 0,152 é menor que 𝛿𝐿𝑖𝑚𝑖𝑡𝑒 = 0,333, portanto, a


ripa passa na verificação do deslocamento limite.
26

REFERÊNCIAS

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 7190: Projeto de


estruturas de madeira. Rio de Janeiro, 2022.

CERÂMICA LARANJAL. Catálogo de produtos. Disponível em:


https://faulim.com.br/default/ceramicalaranjal/imagens/catalogos/catalogo-ceramica-
laranjal-fevereiro2023--pdfsite-v2.pdf. Acesso em: 17 maio. 2023.

REGATIERI, Leonardo Pereira. Tabela do Excel ‘Programa de Vento’. Disponível em:


https://drive.google.com/file/d/12DWOemiv418hZeTTW_Zf8Jgf-opIMyQf/view. Acesso
em: 20 nov. 2022.

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