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JEAN LUCA DA SILVA BARP

KATELLYN FERREIRA DOS SANTOS


TIAGO MORILHA BASSO

PROJETO DA ESTRUTURA EM MADEIRA DE UM TELHADO PARA


COBERTURA COM TELHAS CERÂMICAS.
TERÇAS

Londrina
2023
JEAN LUCA DA SILVA BARP
KATELLYN FERREIRA DOS SANTOS
TIAGO MORILHA BASSO

PROJETO DA ESTRUTURA EM MADEIRA DE UM TELHADO PARA


COBERTURA COM TELHAS CERÂMICAS.
TERÇAS

Projeto avaliativo da disciplina 6TRU020 -


Construções em Madeira do 4º ano do curso de
Engenharia Civil da Universidade Estadual de
Londrina – UEL.

Docente: Prof. Dr. Carlos Henrique Maiola.

Londrina
2023
LISTA DE FIGURAS

Figura 1 - Representação do galpão .......................................................................... 5


Figura 2 - Plantas e elevações do galpão .................................................................. 5
Figura 3 - Corte esquemático da tesoura adotada ..................................................... 6
Figura 4 - Representação das terças ......................................................................... 7
Figura 5 - Disposição dos caibros .............................................................................. 7
Figura 6 – Catálogo da telha Italiana .......................................................................... 8
Figura 7 - Representação das galgas e das ripas ...................................................... 8
Figura 8 - Propriedades da dicotiledônea 40 .............................................................. 9
Figura 9 - Coeficientes de pressão externa e interna o carregamento de vento ...... 12
Figura 10 - Coeficientes de pressão ......................................................................... 13
Figura 11 - Carregamento do vento.......................................................................... 14
Figura 12 - Esquema do carregamento nas terças................................................... 16
LISTA DE QUADRO

Quadro 1 - Cargas atuantes na cobertura ................................................................ 11


Quadro 2 - Cargas permanentes e variáveis na cobertura ....................................... 14
Quadro 3 - Cargas atuantes nas terças.................................................................... 15
Quadro 4 - Ações decompostas atuantes nas terças ............................................... 16
Quadro 5 - Coeficientes de segurança para o E.L.U ................................................ 17
SUMÁRIO

1 CARACTERÍSTICAS DO PROJETO ........................................................... 4


1.1 LOCALIZAÇÃO E UTILIZAÇÃO ............................................................................. 4
1.2 DIMENSÕES DO GALPÃO .................................................................................. 4
2 ESQUEMA ESTRUTURAL DA COBERTURA ............................................. 7
3 CARREGAMENTO ..................................................................................... 10
3.1 CARGAS ATUANTES NA COBERTURA ............................................................... 10
4 VERIFICAÇÕES ......................................................................................... 15
4.1 TERÇA .......................................................................................................... 15
4.1.1 Carregamento ............................................................................................. 15
4.1.2 Combinação ................................................................................................ 16
4.1.3 Verificação .................................................................................................. 18
REFERÊNCIAS......................................................................................................... 24
4

1 CARACTERÍSTICAS DO PROJETO

O presente trabalho visa apresentar o dimensionamento de um


telhado para cobertura com telhas cerâmicas. Para realização do dimensionamento
foi definido a classe da madeira, os perfis dos elementos, as dimensões de pé-direito,
vãos longitudinais e transversais, sua localização, as ações atuantes, sejam elas
permanentes, de sobrecarga ou ventos, além disso as verificações de resistência
quanto as ripas, caibros, terças e banzo superior da tesoura.

1.1 LOCALIZAÇÃO E UTILIZAÇÃO

A edificação a ser dimensionada trata-se de um galpão de uso


generalizado com baixo fator de ocupação, localizado no município de Londrina. O
galpão se localiza em um terreno plano e pouco acidentado, com poucos obstáculos
como árvores e edificações de grande porte.

1.2 DIMENSÕES DO GALPÃO

O galpão e seus elementos construtivos estão apresentados na figura


1. A estrutura possui 20 metros de comprimento e vão de 8 metros. Seu pé-direito
possui 4 metros de altura. O galpão não tem forro, e como a cobertura é feita com
telhas cerâmicas, a carga do vento de sucção pode ser desconsiderada, visto que as
telhas não serão amarradas à estrutura.
O galpão é composto por dezoito pilares, por nove pórticos, oitenta e
oito terças (apresentadas na figura 1 por linhas vermelhas), oitenta caibros (linhas em
azul) e nove tesouras.
Às terças foram distribuídas a cada 0,8 metros e são vigas
longitudinais colocadas na cobertura, servem de apoio para os caibros e transferem
as principais cargas da cobertura para as tesouras, ou também chamadas de treliças.
As tesouras são estruturas em madeira formadas por banzos
superiores e inferiores, montantes e diagonais, que transferem as cargas que chegam
a ela para os pilares. As tesouras utilizadas no galpão são do tipo Howe,
recomendadas para estruturas de madeira por apresentar diagonais comprimidas, a
seguir figura 2, ilustrando a tesoura.
5

Os pórticos são constituídos de dois pilares e uma treliça,


responsáveis pela estabilidade da estrutura e levar os carregamentos até a fundação.

Figura 1 - Representação do galpão

Fonte: Os próprios autores

O galpão apresenta aberturas na parte frontal, duas portas. Nas


partes laterais e na parte posterior, tem duas janelas em cada face. Como mostra a
figuras 2, abaixo.

Figura 2 - Plantas e elevações do galpão


6

Fonte: Próprios autores

Na figura 3, está mostrado o corte esquemático da tesoura adotada


para a cobertura analisada
Figura 3 - Corte esquemático da tesoura adotada

Fonte: Próprios autores


7

2 ESQUEMA ESTRUTURAL DA COBERTURA

A principal parte da estruturação da cobertura é a tesoura. Como dito


anteriormente, a tesoura é estruturada por banzo superior e inferior, montantes e
diagonais. As seções de cada um dos elementos foram predeterminadas. Os banzos
e montantes tem uma seção transversal simples, de 5 x 10 cm. Já as diagonais são
formadas por uma seção composta de 2,5 x 10 cm. Lembrando que as tesouras foram
dispostas a cada 2,5 metros.
Tendo a tesoura estruturada, tem-se os outros elementos da
cobertura. Às terças (com hachura azul) foram dispostas na estrutura a cada 0,8 m na
projeção horizontal do banzo inferior, como mostrado na figura 3. A seção transversal
da terça é de 10 x 5 cm.
Figura 4 - Representação das terças

Fonte: Os próprios autores

Os caibros da estrutura (com hachura vermelha) foram dispostos a


0,5m de distância um do outro. A seção transversal dos caibros é de 5 x 5 cm.

Figura 5 - Disposição dos caibros

Fonte: Os próprios autores


8

As ripas são colocadas conforme a galga da telha. A galga da telha


foi determinada levando em conta a galga mínima da telha, que foi obtida pelo
catálogo, como mostrado na figura 5, que para a telha italiana é de 36,6 cm.

Figura 6 – Catálogo da telha Italiana

Fonte: Cerâmica laranjal

Como a galga mínima dessa telha é 36,6 cm, a galga utilizada foi de
38 cm, ou seja, a cada 38 cm será colocada uma fileira de ripas nos caibros.
Lembrando sempre que a primeira fileira de ripas, será de seção composta com uma
ripa em cima da outra e a galga entre a primeira e a segunda ripa será um pouco
menor que a do restante, será de 29 cm, como mostrado na figura 6. A seção das
ripas é de 1,5 x 5 cm.

Figura 7 - Representação das galgas e das ripas

Fonte: Os próprios autores

Como dito no item 1.2, como o fechamento da cobertura é feita com


telhas cerâmicas, é desconsiderado o vento de sucção, por conta de as mesmas não
9

serem amarradas na estrutura.


Como mostrado na figura 6, o rendimento da telha italiana adotada é
de 13 telhas/m². Não se tem a inclinação máxima admitida por essa telha, porém a
inclinação adotada para essa cobertura é de 50%. O catálogo traz que o peso de cada
telha é de 3,2 kg por telha.
A classe da madeira adotada foi a D40 (Cedrilho), que tem como
densidade característica 750 kg/m³, como mostrado na figura 8.

Figura 8 - Propriedades da dicotiledônea 40

Fonte: NBR 7190 (2022)


10

3 CARREGAMENTO

A seguir serão explicitados os procedimentos necessários para o


dimensionamento das cargas operantes na cobertura.

3.1 CARGAS ATUANTES NA COBERTURA

As cargas ou ações características é uma força aplicada a uma


componente de uma estrutura ou à estrutura como uma unidade. Essas cargas podem
ser divididas em dois grupos: Cargas permanentes e Cargas acidentais (variáveis).
As cargas permanentes são constituídas pelo peso próprio da estrutura e pelos pesos
de todos os elementos construtivos fixos e instalações permanentes. As cargas
permanentes normalmente geram forças de campo gravitacional, ou seja, ações
verticais. O presente trabalho tem como ação permanente o peso próprio das
tesouras, peso próprio das ripas, peso próprio dos caibros, peso próprio das terças e
peso próprio das telhas.
O peso próprio da tesoura, foi obtido através da fórmula de Howe,
como mostra a equação 3, abaixo.

𝑔𝑡 = 2,45 ⋅ (1 + 0,33 ⋅ 𝑙) [𝑘𝑔/𝑚²] (1)

Dado que o vão entre as tesouras é 8 metros, 𝑙 = 8, tem-se que o


peso próprio da tesoura é 9 𝑘𝑔/𝑚 𝑜𝑢 0,09 𝑘𝑁/𝑚².
Com relação ao peso próprio dos elementos da cobertura como as
ripas, caibros e terças, utilizou-se a equação 4.

𝑔=𝑆 . ⋅𝜌 % (2)

Onde 𝑆 . é a seção transversal do elemento de cobertura, 𝜌 % é


a densidade característica da madeira a 12 %, para a madeira D40 o valor é
7,5 𝑘𝑁/𝑚³. Dado que a seção da ripa é 0,00075 m², do caibro 0,0025 m² e da terças
0,005 m², obtém-se que o peso próprio das ripas é 0,006 𝑘𝑁/𝑚, o peso próprio dos
caibros 0,019 𝑘𝑁/𝑚 e o terças 0,038 𝑘𝑁/𝑚
11

Já em relação ao peso próprio das telhas, obtém-se segundo o


catálogo da cerâmica laranjal que cada telha italiana possui 3,2 𝑘𝑔/𝑝𝑒ç𝑎 𝑜𝑢 0,032 𝑘𝑁/
𝑝𝑒ç𝑎, dado que para cada metro quadrado é necessário 13 telhas, tem-se
0,416 𝑘𝑁/𝑚², no entanto o fabricante fornece também que a telha absorve 30 % da
água que atinge a superfície da telha, sendo assim, acrescentando 30 % no valor do
peso da telha, obtém-se o valor de 0,541 𝑘𝑁/𝑚²
A seguir, o quadro 1, resumindo todas as cargas permanentes
atuantes na cobertura.

Quadro 1 - Cargas atuantes na cobertura


CARGAS PERMANENTES
Peso próprio da tesoura 0,090 kN/m²
Peso próprio da ripa 0,006 kN/m
Peso próprio caibro 0,019 kN/m
Peso próprio terça 0,038 kN/m
Peso próprio da telha 0,541 kN/m²
Fonte: Os próprios autores

Outro carregamento que ocorre no projeto analisado é a carga


variável, foi adotado como carga variáveis, as cargas de sobrecarga e vento
sobrepressão. A respeito da ação de sobrecarga, considerou cobertura acessível para
manutenção, logo, sobrecarga característica mínima é de 0,25 kN/m². Este valor deve
ser multiplicado pelo cosseno de 26,6º, resultando em uma ação de 0,224 kN/m² sobre
o caibro.
Por fim, o carregamento do vento de sobrepressão, foi obtida segundo
o tópico 4.2.3 da NBR 6123/1988, onde a força de ação variável é calculada através
da multiplicação do coeficiente de pressão, da pressão dinâmica e da área de
influência da mesma, equação 6, abaixo.

𝑔𝑣 = 𝐶 ⋅ 𝑞 (3)

Onde, 𝑔𝑣 é a força do carregamento; 𝐶 é o coeficiente pressão e 𝑞


é a pressão dinâmica.
Utilizando a tabela do Excel ‘Programa de vento’ do Aluno Leonardo
Pereira Regatieri, foi possível obter a pressão dinâmica. Visto que a velocidade do
12

vento na cidade Londrina é 42 𝑚/𝑠, tem-se que 𝑉𝑜 = 42 𝑚/𝑠 .

Para o fator S1, o terreno como sendo plano ou fracamente


acidentado (𝑆1 = 1), já o fator S2, adotou Categoria III, classe A e dimensões maior
que 20 metros (𝑆2 = 0,89) e por fim o fator S3, empregou, o grupo 3 (𝑆3 = 0,95).
Mediante a esses dados a planilha forneceu uma pressão dinâmica de 0,78 𝑘𝑁/𝑚².
Além da pressão dinâmica, a planilha também concede os coeficientes de pressão
externo e interno, a seguir a figura 9, ilustrando os coeficientes de pressão externo e
interno para o vento a 0º e 90°, respectivamente.

Figura 9 - Coeficientes de pressão externa e interna o carregamento de vento

Fonte: Tabela do Excel ‘Programa de vento’

Dado que, o coeficiente de pressão é o coeficiente de pressão interno


menos o coeficiente de pressão externo, tem-se que o coeficiente de pressão para o
vento a 0° é igual a -0,1 em ambas as águas do telhado e coeficiente de pressão para
o vento a 90° igual a -0,16 em um lado e 0,10 em outro, como ilustra a figura 10, a
13

seguir
.
Figura 10 - Coeficientes de pressão

Fonte: Adaptado de Tabela do Excel ‘Programa de vento’

Mediante a equação 6, os coeficientes de pressão detalhados


anteriormente, e a pressão dinâmica de 0,78 kN/m², tem-se que os esforços
resultantes para o carregamento do vento sobrepressão a 0º nos dois lados da
cobertura é 0,078 𝑘𝑁 e o carregamento do vento sobrepresão a 90º no lado esquerdo
é 0,125 𝑘𝑁, e no lado direito o valor deu −0,078 𝑘𝑁, devido ao fato de ocorrer sucção
nessa região será desconsiderado a ação do vento nesse lado. Abaixo a figura 11,
ilustrando o carregamento de vento atuante na cobertura.
14

Figura 11 - Carregamento do vento

Fonte: Adaptado de Tabela do Excel ‘Programa de vento’

Decompondo essa força, visto que o ângulo de inclinação é 26,565°,


obtém-se que a componente X do vento sobrepresão a 0º é 0,070 𝑘𝑁 e a componente
Y é de 0,0349 𝑘𝑁, já para o vento sobrepressão a 90° a componentes X é 0,112 𝑘𝑁 e
a componente Y é de 0,056 𝑘𝑁.
A seguir um quadro resumo de todas as ações atuantes nas treliças
de coberturas.

Quadro 2 - Cargas permanentes e variáveis na cobertura


CARREGAMENTO DA COBERTURA

Peso próprio da tesoura 0,090 kN/m²

Carregamento Peso próprio da ripa 0,006 kN/m


Permanente Peso próprio caibro 0,019 kN/m
Peso próprio terça 0,038 kN/m
Peso próprio da telha 0,541 kN/m²
Sobrecarga 0,25 kN/m²
Vento Sobrepressão a 0° (Ambos lados) 0,078 kN/m²
Vento Sobrepressão a 0° (Eixo x) 0,070 kN/m²
Carregamento
Vento Sobrepressão a 0° (Eixo y) 0,0349 kN/m²
Variável
Vento Sobrepressão a 90° (Lado esquerdo) 0,125 kN/m²
Vento Sobrepressão a 90° (Eixo x) 0,112 kN/m²
Vento Sobrepressão a 90° (Eixo y) 0,056 kN/m²
Fonte: Os próprios autores
15

4 VERIFICAÇÕES

A seguir será apresentado as verificações a respeito das terças da


tesoura que atua na cobertura.

4.1 TERÇA

As terças são um dos componentes da trama que forma a cobertura,


é nas terças que os caibros se apoiam diretamente, as terças por sua vez se apoiam
nos banzos superiores. Para uma análise mais simplificada, adotou que as terças
funcionam como um elemento biapoiado, no qual a distância entre os apoios
corresponde à distância entre as tesouras, 2,5 metros.

4.1.1 Carregamento

Para dar início na verificação da resistência da terça é necessário


antes analisar o carregamento, as cargas que se aplicam nas terças são: peso próprio
das ripas; peso próprios dos caibros, peso próprio das terças; peso da telha;
sobrecarga e vento. Nota-se que esses carregamentos atuantes são os mesmos
apresentados no item 3.1, carregamento da cobertura, no entanto a terça encontra-se
inclinada sobre os banzos, sendo assim será necessário decompor essas forças nos
eixos perpendiculares às terças. Vale ressaltar que a ação do vento já atua
perpendicular às terças, logo, não são decompostas na análise, além disso adotou o
maior valor de carregamento do vento, sendo assim vento sobrepressão a 90°. A
seguir o quadro 3, com os carregamentos atuantes nas terças.

Quadro 3 - Cargas atuantes nas terças


CARREGAMENTO
Peso próprio da ripa 0,015 kN/m²
Peso próprio do caibro 0,038 kN/m²
Peso próprio da terça 0,038 kN/m
Peso próprio da telha 0,541 kN/m²
Sobrecarga 0,224 kN/m²
Vento Sobrepressão a 90° 0,125 kN/m²
Fonte: Os próprios autores
16

Como comentado anteriormente, alguns carregamentos serão


necessários decompor, visto que a terça se encontra inclinada, dado que a inclinação
da terça é 26,6° e que no eixo 1 é a força atuante multiplicada pelo seno e no eixo 2
é a força aplicada multiplicada pelo cosseno, como mostra a figura 9, a seguir.

Figura 12 - Esquema do carregamento nas terças

Fonte: Próprios autores

Observa-se que os carregamentos peso da telha, sobrecarga, ação


do vento e peso próprio da ripa e do caibro encontram-se distribuídos por metro
quadro, visto que está sendo considerado a terça como um elemento biapoiado, será
necessário também multiplicar esses carregamentos pela distância entre as terças
(0,894 metros). Abaixo o quadro 4, apresentando o carregamento perpendicular a ripa
em kN/m.

Quadro 4 - Ações decompostas atuantes nas terças


Carga Resultante Fk (kN/m)
G1 0,038
Peso trama
G2 0,075
Peso Gte1 0,216
telhas Gte2 0,432
q1 0,089
Sobrecarga
q2 0,179
Vento V2 0,050
Fonte: Os próprios autores

4.1.2 Combinação

Em posse das ações atuantes na estrutura, faz-se necessário realizar


algumas combinações delas para quantificar e obter os esforços solicitantes mais
desfavoráveis na estrutura.
17

Além disso, através dessas combinações é possível também verificar


a segurança em relação aos estados limites, ou seja, estados em que a estrutura se
encontra imprópria para o uso.
Os estados limites podem ser classificados em estados limites últimos
ou estados limites de serviço, conforme sejam referidos à situação de ruína ou de uso
em serviço, respectivamente. Com relação a combinação das ações, adotou a
combinação última normal, tendo como ação principal carga de uso e vento, a seguir
a equação 7, da combinação última normal.

𝑝 = 𝛾 ⋅𝐹 , + 𝛾 ⋅ (𝐹 , + Ψ ∙ 𝐹 , ) (4)

Onde, 𝛾 é o coeficiente de ponderação das ações, Ψ é o fator de


combinação, 𝐹 , ação permanente, 𝐹 , é ação variável principal e 𝐹 , são as
demais ações variáveis. De acordo com as tabelas 1 e 6 da NBR 8681/2003, tem-se
que os coeficientes de ponderação das ações atuante na ripa, são:

Quadro 5 - Coeficientes de segurança para o E.L.U

γg γq Ψ0
gr1
Peso da ripa 1.300 - -
gr2
gc1
Peso do caibro 1.300
gc2
gtr1
Peso da terça 1.300
gtr2
Peso das telhas gte1
1.500 - -
italianas gte2
q1
Sobrecarga - 1.500 0.500
q2
v1
Vento - 1.400 0.600
v2
Fonte: Os próprios autores

Com base na equação 7 e o quadro 5, tem-se que a combinação


última normal com ação variável principal sendo a sobrecarga é 0,0051 𝑘𝑁/𝑐𝑚 e
0,0106 𝑘𝑁/𝑐𝑚 para 𝑝𝑑 e 𝑝𝑑 , respectivamente.
18

Já para a combinação última normal com ação variável principal


sendo o vento, obteve-se 0,0044 𝑘𝑁/𝑐𝑚 e 0,0092 𝑘𝑁/𝑐𝑚 para 𝑝𝑑 e 𝑝𝑑 ,
respectivamente. A fim de projeto, adotou-se o pior caso, logo, 𝑝𝑑 = 0,0051 𝑘𝑁 e
𝑝𝑑 = 0,0106 𝑘𝑁.

4.1.3 Verificação

Como a terça está submetida à flexão oblíqua, primeiramente se faz


a verificação das ações normais devido ao momento em torno do eixo 1 e do eixo
principal 2. Para isso as equações 8 e 9 precisam ser menores ou igual a um.

𝜎 , 𝜎 , (5)
+ 𝑘 ⋅ ≤ 1,0
𝑓 , 𝑓 ,

𝜎 , 𝜎 , (6)
𝑘 ⋅ + ≤ 1,0
𝑓 , 𝑓 ,

Onde km para seções retangulares é 0,7, fmd é a resistência ao


momento e 𝜎 , é a tensão solicitante devido ao momento na direção 1, 𝜎 , a
tensão solicitante devido ao momento na direção 2. As tensões são calculadas usando
as equações 10 e 11.

𝑀 (7)
𝜎 , =
𝑊
𝑀 (8)
𝜎 , =
𝑊

Onde 𝑀 , é o momento, que é calculado usando as equações 12 e


13. E o Wi é o módulo elástico, calculado usando as equações 14 e 15.

𝑝 ∗ 𝑙²
𝑀 = (9)
8
𝑝 ∗ 𝑙²
𝑀 = (10)
8
19

𝑏 ∗ ℎ²
𝑊 = (11)
6
𝑏 ∗ ℎ²
𝑀 = (12)
6

Onde, 𝑝𝑑 é o carregamento atuante (𝑝𝑑 = 0,0051 e 𝑝𝑑 =

0,0106 ); 𝑏 é a base da seção da terça, 10 cm ou 5 cm; ℎ a altura da terça, 10 ou 5

cm, referente ao eixo em que ocorre a flexão; 𝐿 é o vão entre as tesouras, 250cm.
Assim, 𝑀𝑑 = 82,76 𝑘𝑁. 𝑐𝑚, 𝑀𝑑 = 39,69 𝑘𝑁. 𝑐𝑚 , 𝑊 = 83,33 𝑐𝑚³ e 𝑊 =
41,667 𝑐𝑚³. Mediante a esses valores e a equação 10, tem que a tensões normais
são: 𝜎 = 0,99 𝑘𝑁/𝑐𝑚² e 𝜎 = 0,95 𝑘𝑁/𝑐𝑚². Já o valor de cálculo da resistência
á flexão, é obtido pela equação 16, abaixo.

𝑓 (13)
𝑓 , = 𝑓 =𝐾 ⋅
γ

Dado que, a classe de umidade do ambiente da madeira é 2 (𝐾 =


0,9) e o carregamento é de longa duração (𝐾 = 0,7), tem-se que 𝐾 = 0,63,
visto que 𝐾 é a multiplicação de 𝐾 por 𝐾 . Além disso, 𝑓 = 4 𝑘𝑁/𝑐𝑚²,
visto que a madeira da terça é um D40 e o coeficiente adotado para γ = 1,4.
Portanto, 𝑓 , = 1,80 𝑘𝑁/𝑐𝑚². Sendo assim, em virtude de 𝜎 = 0,99 𝑘𝑁/𝑐𝑚²,
𝜎 = 0,95 𝑘𝑁/𝑐𝑚², 𝑘 = 0,7 e 𝑓 , = 1,80 𝑘𝑁/𝑐𝑚², tem-se a partir das equações 8
e 9 os seguintes resultados de verificação:

0,99 0,95
+ 0,7 ⋅ ≤ 1,0
1,80 1,80 (14)
0,922 ≤ 1,0
0,99 0,95
0,7 ⋅ + ≤ 1,0
1,80 1,80 (15)
0,915 ≤ 1,0

Observa-se que em ambos atende a verificação, logo, a terça atende


a verificação quanto ao estado limite último de tensões normais.
20

Segunda verificação, estado limite último de tensões cisalhantes, tem-


se que os valores correspondentes das equações 16 precisa ser menor ou igual ao
valor de cálculo da resistência ao cisalhamento paralelo às fibras. Observa-se que em
ambas a direções 1 e 2, é necessário atender esse critério.

3⋅𝑉
𝜏 = ≤ 𝑓 (16)
2⋅𝑏⋅ℎ

Onde, 𝜏 é a o valor de cálculo da máxima tensão de cisalhamento


atuante; 𝑉 é o valor de cálculo do esforço cortante atuante; 𝑏 é a largura da seção
transversal na posição considerada; ℎ é a altura da seção transversal na posição
considerada e 𝑓 é o valor de cálculo da resistência ao cisalhamento paralelo às
fibras. As tensões cisalhamento, são os valores de cálculo da máxima tensão atuante
devido ao carregamento atuante, essa tensão é calculada através da equação 17,
abaixo.

𝑝𝑑 ⋅ 𝐿 (17)
𝑉 =
2

Onde, 𝑝𝑑 é o carregamento atuante (𝑝𝑑 = 0,0051 𝑘𝑁/𝑐𝑚 e 𝑝𝑑 =


0,0106 𝑘𝑁/𝑐𝑚 ) e 𝐿 é o vão entre as tesouras, 250cm. Portanto, 𝑉 =
0,6350 𝑘𝑁 𝑒 𝑉 = 1,3242 𝑘𝑁.
Já o valor de cálculo da resistência ao cisalhamento paralelo às fibras,
é obtido pela equação 18, abaixo.

𝑓 (18)
𝑓 = 𝐾 ⋅
γ

Dado que, a classe de umidade do ambiente da madeira é 2 (𝐾 =


0,9) e o carregamento é de longa duração (𝐾 = 0,7), tem-se que 𝐾 = 0,63,
visto que 𝐾 é a multiplicação de 𝐾 por 𝐾 . Além disso, 𝑓 = 6 𝑀𝑃𝑎 =
0,60 𝑘𝑁/𝑐𝑚², visto que a madeira da ripa é um D40 e o coeficiente adotado para γ
= 1,8. Portanto, 𝑓 = 0,21 𝑘𝑁/𝑐𝑚².
21

Sendo assim, em virtude de 𝑉 = 0,6350 𝑘𝑁, 𝑉 = 1,3242 𝑘𝑁, 𝑏 a


base da seção da ripa, 10 cm; ℎ a altura da terça, 5 e 𝑓 = 0,21 𝑘𝑁/𝑐𝑚², tem-se a
partir da equação 16 os seguintes resultados de verificação:

3 ⋅ 0,6350 (19)
𝜏 = ≤ 0,21
2 ⋅ 10 ⋅ 5
0,0190 ≤ 0,21

3 ⋅ 1,3242 (20)
𝜏 = ≤ 0,21
2 ⋅ 10 ⋅ 5
0,0397 ≤ 0,21

Observa-se que em ambas as direções atende a verificação, logo, a


terça atende a verificação quanto ao estado limite último de tensões cisalhantes.
Terceira verificação, estabilidade lateral de vigas de seção retangular,
nota-se que o carregamento que ocorre na direção 1, causa flexão em torno do eixo
2, onde a terça tem a menor seção e consequentemente a menor inércia,
diferentemente das ripas, deve-se fazer a verificação para as terças.
Para a estabilidade lateral, se tem a equação 24.
𝐿 𝐸, (21)

𝑏 𝛽 ∗𝑓 ,

Onde 𝐿 é a distância entre as tesouras (𝐿 = 2,5 𝑚𝑒𝑡𝑟𝑜𝑠) onde b é a


largura da terça (𝑏 = 0,05 𝑚𝑒𝑡𝑟𝑜𝑠), 𝐸 , é o módulo de elasticidade efetivo (𝐸 , =
913,5 𝑘𝑁/𝑐𝑚²), 𝛽 é o coeficiente de correção que segundo a tabela 8 da norma, para
seção onde a razão entre a altura e a base é 2 (𝛽 = 8,8) e 𝑓 , é a resistência ao
momento (𝑓 , = 1,8 𝑘𝑁/𝑐𝑚²). Tem-se a partir da equação 24 que:

250 913,5 (22)



5 8,8 ∗ 1,8
50 ≤ 57,67

Observa-se que a terça atende a verificação da estabilidade lateral.


22

Por fim, quarta e última verificação, quanto ao estado limite de serviço,


a flecha. A flecha será considerada somente em torno do eixo 1, de forma que é
considerado o carregamento somente no eixo 2. A verificação é feita com a equação
25.
𝛿 , ≤𝛿 (23)

A equação 23 traz que, a deformação do estado limite de serviço tem


que ser menor ou igual à deformação limite da norma. Tem-se que 𝑆 , é calculado
pela equação 24.

(24)
𝛿 , =𝛿 = 𝛿 , 𝐺𝑖, 𝑘 + 𝛿 , 𝑄𝑗, 𝑘

Onde, 𝛿 é a deformação final, 𝛿 , 𝐺𝑖, 𝑘 é a deformação final


causada pelas ações permanentes e 𝛿 , 𝑄𝑗, 𝑘 é a deformação final causada pelas
ações variáveis. Onde 𝛿 , 𝐺𝑖, 𝑘 e 𝛿 , 𝑄𝑗, 𝑘 são calculadas pelas equações 25 e 26
respectivamente.

𝛿 , 𝐺𝑖, 𝑘 = 𝛿 , , ∗ (1 + ∅) (25)

𝛿 , 𝑄𝑗, 𝑘 = 𝛿 , , ∗ 𝜓 (1 + ∅) (26)

Onde, 𝛿 , 𝐺𝑘 é a deformação instantânea causada pelas ações


permanentes, 𝛿 , 𝑄𝑘 é a deformação instantânea causada pelas ações variáveis e
∅ é o coeficiente de fluência em função da umidade (∅ = 0,8). Onde 𝛿 , 𝐺𝑖, 𝑘 e
𝛿 , 𝑄𝑗, 𝑘 são calculadas pelas equações 27 e 28 respectivamente.

5 𝑔∗𝐿 (27)
𝛿 , 𝐺𝑖, 𝑘 = ∗
384 𝐸 ∗ 𝐼

5 𝑞∗𝐿 (28)
𝛿 , 𝑄𝑖, 𝑘 = ∗
384 𝐸 ∗ 𝐼
23

Onde, 𝑔 é a soma das cargas permanentes, 𝑞 é a soma das cargas


variáveis, 𝐿 é o vão das terças (𝐿 = 250 𝑐𝑚), 𝐸 é módulo de elasticidade médio (𝐸 =
1450 𝑘𝑁/𝑐𝑚²) e 𝐼 é a inércia do eixo 2 (𝐼 = 416,667 𝑐𝑚 ). Tendo que 𝑔 =
0,508𝑘𝑁 𝑒 𝑞 = 0,088 𝑘𝑁, substituindo os valores nas equações 24 a 28, tem-se que
𝛿 , = 0,431 𝑐𝑚.
A norma traz que o valor limite para a deformação final (𝛿 ), para
vigas biapoiadas tem que estar entre 𝑎 . Então usando a equação 23 tem-se:

250 (29)
0,431 𝑐𝑚 ≤ 𝑐𝑚
300
0,431 𝑐𝑚 ≤ 0,833 𝑐𝑚
(30)

Observa-se que a terça atende a quarta e última verificação. Portanto


está bem dimensionada para o usa na cobertura em questão.
24

REFERÊNCIAS

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 7190: Projeto de


estruturas de madeira. Rio de Janeiro, 2022.

CERÂMICA LARANJAL. Catálogo de produtos. Disponível em:


https://faulim.com.br/default/ceramicalaranjal/imagens/catalogos/catalogo-ceramica-
laranjal-fevereiro2023--pdfsite-v2.pdf. Acesso em: 17 maio. 2023.

REGATIERI, Leonardo Pereira. Tabela do Excel ‘Programa de Vento’. Disponível em:


https://drive.google.com/file/d/12DWOemiv418hZeTTW_Zf8Jgf-opIMyQf/view. Acesso
em: 20 nov. 2022.

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