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FACULDADE SÃO LUIZ

CURSO DE FILOSOFIA

DAUGMAR ZEITZ KRAUS

EXPRESSIVIDADE ESTÉTICA NAS OBRAS ARTÍSTICAS DO


MUSEU ARQUIDIOCESANO DOM JOAQUIM

BRUSQUE
2023
EXPRESSIVIDADE ESTÉTICA NAS OBRAS ARTÍSTICAS DO
MUSEU ARQUIDIOCESANO DOM JOAQUIM

Daugmar Zeitz Kraus 1

1. INTRODUÇÃO

O presente artigo pretende trabalhar os elementos estéticos de Santo


Agostinho de Hipona relacionando com duas obras, escultura de Maria Madalena e
do Bom Jesus, expostas no Museu Arquidiocesano Dom Joaquim, conhecido
comumente como “Museu de Azambuja”. O foco de análise do artigo não recai
exclusivamente sobre os aspectos técnicos das esculturas, como materiais e detalhes,
mas, sobretudo, sobre a expressividade intrínseca que essas obras encerram.
Buscando compreender as impressões e emoções que os artistas buscaram transmitir
através dessas representações religiosas, mergulhando no âmago de suas intenções
artísticas com base na estética de Santo Agostinho.
Assim sendo, inicialmente apresentar-se-á uma breve descrição das obras e
sua origem, depois relacionar-se-á os elementos estéticos do pensamento de Santo
Agostinho com a escultura de Maria Madalena e do Bom Jesus, e, por último, as
considerações finais com os assuntos apresentados.

2. DESENVOLVIMENTO

Dentro do contexto histórico e cultural o respectivo museu é importante para


os bruquenses, haja vista as atuações dos padres católicos na região, ajudando na
formação cultural e religiosa da comunidade. Em vista disso, o museu foi construído
no ano de 1933, ao lado das instalações do Hospital Azambuja (Hospital
Arquidiocesano Cônsul Carlos Renaux), localizado no bairro Azambuja, em Brusque.
O museu tem em torno de 4 mil peças de acervo histórico, divididos em 3 andares,
iniciando o primeiro andar como acervo de história natural, o segundo andar contém
o maior acervo de arte sacra do sul do país, e, no último andar, há um acervo histórico
dos primeiros imigrantes residentes de Brusque e do estado (Cf. FUNDAÇÃO
CULTURAL DE BRUSQUE).
Após esta pequena explanação sobre o museu, o artigo quer evidenciar duas
obras exposta, A escultura de Maria Madalena, “Imagem 1”, e a escultura do Bom
Jesus, “Imagem 2” 2. Os aspectos que serão abordados não é propriamente os seus
acidentes, como a forma de pintura, tinta, detalhes e outros, mas a expressividade
contida nas escultaras, isto é, quais foram as impressões que o autor buscou
apresentar na sua obra artística.

1
Natural da cidade de Guaramirim, no estado de Santa Catarina. Estudante do Curso de bacharel em
filosofia pelo Colégio e Faculdade São Luiz, pertencente a congregação dos Sacerdote do Coração de
Jesus, localizada em Brusque -SC.
2
As imagens fotografadas das obras estão anexadas na página final deste artigo.
2

A escultura de Maria Madalena é uma obra “provavelmente do séc. XIX” 3, sua


origem é do estado do Mato Grosso, artista anônimo e fora doada ao museu em 1964.
Maria Madalena é uma figura bíblica, relatada nos evangelhos, em diversos
momentos. Sua figura para os cristãos representa o arrependimento e o perdão, além
de ser uma seguidora de Jesus Cristão.
A escultura mostra Maria Madalena debruçada por cima de pedras
pontiagudas, com parte de seus cabelos caídos sobre seus ombros. Seu olhar
profundo, demonstrando uma tristeza interior profunda por algo que a marcou, como
se estivesse pensando sobre todo o acontecimento e quais seriam suas implicações.
Pelo conhecimento bíblico, Maria Madalena vivenciou de perto toda morte e
ressurreição de Jesus, sua figura demonstra o amor de criatura para com seu Criador.
Evidente que seu sofrimento é majoritariamente maior que as dores do mundo, como
representado pelas pedras, ela não está preocupada com a dor física que a pedra
pode proporcionar, é uma dor mais profunda, como o autor buscou realçar em seu
olhar. Posto isto, com todos os elementos apresentados sobre Madalena e o que se
pode ler ao visualizar a figura, o autor buscou relatar a reação interior de Maria
Madalena diante de tudo o que estava acontecendo com Jesus em sua Paixão.
A segunda escultura é do Bom Jesus, é uma obra do final do séc. XIX, tem
sua origem da capela de Itinga, localizada na cidade de Tijucas em Santa Catarina, o
artista foi Cesare Zanluca e fora doada ao museu em 1960 por Mons. Augusto Zucco.
Importante ressaltar que essa escultura é de expressão popular, em outras palavras,
é uma escultura feita por um artista com aptidão artística e sem uma qualificação
acadêmica, deste modo, não é uma arte rica em detalhes e técnicas aprimoradas.
A escultura Sacra é de Jesus Cristo, em seu julgamento que antecederia sua
morte na cruz, esse julgamento faz parte, para a fé cristã, da “Paixão de Cristo”. Há
dois detalhes relevantes a serem explícitos. O primeiro está com as mãos cruzadas,
simbolizando um rendimento sem qualquer oposição ao ato, sem um qualquer
julgamento. O segundo detalhe está na expressão de tranquilidade de Jesus que o
autor queria passar, olhando a escultura pode-se perceber Jesus com uma postura
serena esperando o seu julgamento no qual ele já saberá o veredito.
Diante do exposto, as duas obras são datadas do mesmo século e as duas
são esculturas artísticas de Arte Sacra. Os artistas em suas respectivas artes puderam
expressar claramente o significado artístico de seu trabalho, como o de Maria
Madalena em sua tristeza interior e do Bom Jesus em seu julgamento.
A análise das esculturas de Maria Madalena e do Bom Jesus à luz do
pensamento de Santo Agostinho convida a pessoa a explorar profundamente a
dimensão espiritual e emocional presentes nessas obras de arte. Santo Agostinho,
tendo em vista seu foco na interioridade e nas emoções como elementos essenciais
da experiência artística religiosa, como a Arte Sacra, lembra da importância de
considerar a riqueza das emoções que as obras evocam (Cf. ESKELSEN, 2013, p.
14-17).
Ao observar a escultura de Maria Madalena, é possível discernir a profunda
tristeza que permeia sua figura. Para os cristãos, Maria Madalena representa o
arrependimento e o perdão, além de ser uma seguidora devota de Jesus Cristo. A luz
do pensamento agostiniano, pode-se interpretar essa escultura como um reflexo da
relação entre a criatura e o Criador (Cf. ESKELSEN, 2013, p. 43).

3
Como descrito na etiqueta descritiva, em frente a imagem.
3

A escultura do Bom Jesus, com sua expressão tranquila e mãos cruzadas,


oferece uma oportunidade de reflexão a luz do pensamento agostiniano. A
representação de Jesus Cristo no momento de seu julgamento, conforme descrito na
"Paixão de Cristo", é capturada com uma serenidade que sugere uma aceitação
resignada do destino. Santo Agostinho, que frequentemente discutia a relação entre
o Criador e a criatura, poderia interpretar essa representação como uma manifestação
da completa confiança e submissão de Jesus ao plano divino (Cf. ESKELSEN, 2013,
p. 43). A tranquilidade de Jesus, mesmo diante de um julgamento que antecederia
sua crucificação, reflete a busca pela perfeição espiritual e a serenidade que emana
da relação com o Divino (Cf. ESKELSEN, 2013, p. 18-19).

3. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Considerando a estética de Agostinho sobre a beleza como uma manifestação


da perfeição divina, pode-se apreciar a simplicidade das esculturas como uma
expressão da busca pela perfeição espiritual em vez da perfeição estética. O artista
do Bom Jesus, talvez sem uma qualificação acadêmica formal, conseguiu transmitir a
profundidade espiritual e emocional desses temas sagrados por meio de suas obras.
Assim, ao examinar as esculturas de Maria Madalena e do Bom Jesus sob a
luz do pensamento agostiniano, a pessoa é convida a contemplar não apenas a
estética das obras, mas também a riqueza de significado espiritual e emocional que
elas evocam na pessoa, ressaltando a relação entre a criatura e o Criador, a busca
pela perfeição espiritual e a manifestação da beleza como uma expressão da
perfeição divina.
REFERÊNCIAS

ESKELSEN, Adilson. O enlace entre ética e estética na perspectiva das paixões


humanas em Agostinho. Orientação de Nadja Hermann. 2013. 84 f. Tese para
obtenção do título de Doutor em Educação - Pontifícia Universidade Católica do Rio
Grande do Sul, Porto Alegre, 2013.

FUNDAÇÃO CULTURAL DE BRUSQUE. MUSEU ARQUIDIOCESANO DOM


JOAQUIM (MUSEU DE AZAMBUJA). Brusque: FCB. Disponível em: https://www.f
cbrusque.sc.gov.br/museu/museu-arquidiocesano-dom-joaquim-museu-de-
azambuja/. Acesso em: 21 set. 2023.
ANEXOS

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