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Prefácio
Introdução
Capítulo 1
O Deus Noivo
Capítulo 2
Sete Tipos de Jejum Bíblico
Capítulo 3
Como Entender o Jejum do Noivo
Capítulo 4
Famintos de Tudo o que Deus Quer nos Dar
Capítulo 5
Jejum: Abrace a Fraqueza Voluntária
Capítulo 6
Cinco Expressões do Estilo de Vida de Jejum
Capítulo 7
Jejuando para Quebrar Fortalezas Espirituais
Capítulo 8
Cinco Recompensas do Estilo de Vida de Jejum
Capítulo 9
Sete Dificuldades do Estilo de Vida de Jejum
Capítulo 10
Sete Perigos do Estilo de Vida de Jejum
Capítulo 11
Como Responder à Crise Global: A Dinâmica da
Oração
Capítulo 12
O Jejum Global do Noivo: Estabelecendo uma
Cultura de Joel 2
Sobre os Autores
Prefácio
“J
assustadora e o ato, completamente inacessível.
Entretanto, enquanto aquele ligeiro tremor diante da ideia
do jejum percorre a espinha, eu encorajo todos vocês a
mergulhar ainda mais nas realidades encontradas dentro
deste livro. As Recompensas do Jejum é uma introdução
prática à glória encontrada em algo que foi perdido nos nossos dias.
A ideia do sacrifício voluntário é rara e se perdeu na nossa
cultura que busca o entretenimento, a gratificação e o prazer.
Especialmente no estilo de vida do jovem adulto dos nossos dias, há
uma procura constante pelo prazer. Temos toda e qualquer coisa à
nossa disposição mediante um toque com a ponta dos dedos, e
esse redemoinho de possibilidades só nos deixa desiludidos e
insatisfeitos. Na busca de resolver essa insatisfação, corremos para
mais uma coisa “melhor”, apenas para ficarmos mais insatisfeitos e
procurando com mais força ainda. Mergulhamos em uma era de
facilidade e conforto, mas perdemos vários princípios fundamentais
da vida cristã. Creio que o jejum seja um deles.
Embora viver um estilo de vida de jejum, ou mesmo fazer um
único período de jejum em geral seja visto como “radical”, creio que
o contrário é que é verdade. O jejum está na raiz do cristianismo.
Não é apenas para os radicais. Não é apenas para os extremistas.
Não é apenas para santos religiosos. Na verdade, os resultados do
jejum expõem fraqueza e humildade. Negar desejos e necessidades
básicas faz com que estejamos mais conscientes da nossa
humanidade e da nossa fragilidade. Entendemos o quanto somos
insignificantes, mas o quanto Deus é grande. Nos períodos de
jejum, somos confrontados com nossa verdadeira natureza e
lembramos mais uma vez quão infinita é a nossa Fonte.
Então, não, o jejum não é para os fortes. Não é para os
durões. Não é para os perfeitos. O jejum é para o indivíduo comum,
fraco, frágil e simples que entende sua insuficiência e tem uma
necessidade desesperada de mais de Deus. As realidades do jejum
realmente são um pouco peculiares. Não faz sentido para a mente
natural como sacrificar-se de comida e de prazeres possa
desbloquear o coração e a mente para receber mais do próprio
Deus, mas a configuração do Seu Reino é perfeita. Por que Deus
determinou que fosse assim? Sua natureza e Seu caráter devem ser
encontrados ao fazermos perguntas como essa, e eu encorajo você
a fazê-las enquanto lê este livro. Faça perguntas enquanto mergulha
no conhecimento sobre o jejum, e Deus revelará porções desse
mistério e o levará ainda mais a cultivar um estilo de vida onde o
jejum seja vivido de maneira consistente.
Amados, essa é a nossa glória! É nossa glória dizer “não” aos
prazeres terrenos passageiros que nos cercam aqui e agora. Deus
nos deu a oportunidade de escolhê-lo deste lado da eternidade,
acima de todas as coisas menos importantes. O jejum é mais que
negar comida a nós mesmos. Não se trata realmente de passar
fome. Embora realmente sintamos fome quando o praticamos, o
jejum na verdade tem a ver com experimentar mais de Deus.
Quando estamos fisicamente fracos por não comer, ficamos mais
sensíveis a Deus e às coisas de Deus. Experimentamos Jesus em
um nível mais profundo. Isso tem a ver com escolher a fraqueza
voluntária para que Cristo possa abundar ainda mais dentro de nós.
O jejum é o caminho para a revelação e o encontro que não
podemos receber de nenhuma outra maneira.
Quero encorajá-lo enquanto você inicia esta jornada. Talvez o
jejum faça parte da sua vida há muito tempo. Talvez você tenha
jejuado algumas vezes e queira saber mais. Talvez você tenha
tentado uma ou duas vezes e tenha sentido que fracassou. Talvez
você nunca tenha ouvido falar em jejum. Onde quer que você esteja,
quero elogiá-lo por chegar até aqui. O simples fato de você ter
interesse no jejum mostra sua fome por Deus. Estou empolgado
com onde Ele irá levá-lo, e com o que será destravado em você
enquanto entra na plenitude do que Ele tem para sua vida.
Estamos todos no mesmo time. Somos todos frágeis. Somos
todos fracos. Estamos todos desesperados por mais de Deus. Fale
com Ele; pergunte a Ele do que você deve jejuar e como deve
jejuar; e depois ore pela graça do Senhor, sabendo que Ele ama o
fato de você estar simplesmente em busca de mais dele. O jejum
não é assustador... É simplesmente o estilo de vida cristão. Essa
deve ser a disciplina prática da vida de todo cristão. Não é tão difícil
quanto pensamos. É totalmente alcançável pela pessoa comum,
normal, fraca, de vinte e poucos anos, que ama pizza. Todos nós
podemos entrar no estilo de vida de jejum... E estou certo de que
você verá isso fazer uma enorme diferença na sua vida.
Oro para que, ao ler este livro, você seja movido e encorajado
a abraçar o “estilo de vida de jejum”. Oro para que você leve a sério
a mensagem de que o jejum é um dom dado por Deus, destinado
por Ele a nos levar a uma revelação e a uma experiência mais
profunda com Seu poder, Seu amor, Suas afeições e Suas
emoções.
Dwayne Roberts
Upper Room, Denver, EUA
(Pastor do Campus)
Introdução
C
testemunharão a segunda vinda de Jesus. Embora ninguém
saiba o dia nem a hora desse evento, a Bíblia diz que
devemos conhecer os tempos da Sua vinda (1
Tessalonicenses 5:1-6). Jesus pode voltar dentro de dez
anos, ou em cinquenta anos. Suponho que isso aconteça
mais próximo a cinquenta anos do que a dez, mas
independentemente do número de anos, creio que estamos no
começo da última geração. A Bíblia nos dá uma grande quantidade
de informações proféticas sobre a geração que verá o Seu retorno.
Deus derramará Sua glória e liberará Seus juízos de uma maneira
sem precedentes nesse tempo. Jesus tem cuidado da Sua Igreja e
vai levá-la à vitória, mesmo em meio a um mundo devastado pela
fúria de Satanás, pela intensificação do pecado de homens e
mulheres, e pelos juízos de Deus.
O Espírito Santo está preparando a Noiva de Cristo — o
Corpo de Cristo — neste momento para os dias vindouros de glória
e oposição. O Senhor precisa transformar radicalmente a Igreja a
fim de prepará-la para o Seu retorno! O que a igreja ocidental hoje
aceita como valores e práticas normais será alterado drasticamente
quando nossa mente for renovada e formos transformados no povo
que Deus originalmente nos projetou para ser.
Como podemos nos preparar para experimentar a plenitude do
que Deus está prestes a liberar? Como podemos cooperar com o
Espírito Santo enquanto Ele nos conduz à mesma intimidade e ao
mesmo poder que eram vistos na Igreja do Novo Testamento?
Assim como foi para os santos do primeiro século e para a Igreja ao
longo das eras, será parte desse processo viver o que nós na IHOP
( International House of Prayer ) chamamos de “o estilo de vida de
jejum”.
Por definição, jejuar é abster-se de alimentos. O jejum que
buscamos, porém, vai muito além de apenas negar a nós mesmos a
nutrição física. Nosso desejo é posicionar o coração para encontrar
Jesus como o Deus Noivo. Ao longo da história, as pessoas
costumavam jejuar com o foco errado, buscando conquistar o favor
e a atenção de Deus. Mas nunca podemos manipular Deus.
Podemos praticar atos de humilhação pessoal extremos no desejo
de provar nossa dedicação a Ele, mas não é isso que Deus está
buscando. O que lhe dá prazer é nossa obediência e nossa busca
por intimidade com Ele. Fazer a Sua vontade é mais importante para
Deus do que o jejum. O Senhor falou, através do profeta Samuel,
que é melhor obedecer do que oferecer a Ele um sacrifício especial
(1 Samuel 15:22-23).
Como, então, devemos abordar o jejum durante esse tempo
tão urgente? Quando jejuamos, deve ser como um meio para
chegar a um fim e não como um fim em si mesmo. Não jejuamos
para provar nada a Deus ou para merecer Seu favor. As religiões
orientais praticam o jejum que está preocupado com o eu, uma vez
que seus seguidores procuram conquistar a bênção de Deus, mas a
Bíblia nos ensina a jejuar para nos fortalecermos na busca por
envolvimento com Deus e com a Sua vontade.
O jejum regular é parte da vida cristã normal. É o cristianismo
básico. Em Mateus 6:16, Jesus usou a frase: “Quando jejuarem” (e
não se jejuarem), sugerindo que o jejum deveria ocorrer no curso
normal da vida de todo discípulo. Jesus prometeu que Deus
recompensaria abertamente aqueles que encarassem o jejum com o
espírito correto (Mateus 6:18). O jejum é uma graça que aumenta
significativamente a receptividade à voz do Senhor e à Sua Palavra,
permitindo que nos aprofundemos em nosso relacionamento com
Deus de uma maneira que vai além do que experimentamos
normalmente. Jejuamos para encontrar Deus mais íntima e
profundamente, e para transformar o mundo.
Em Isaías 58, Deus ordenou o jejum para (1) soltar as cadeias
da injustiça em nossas vidas; (2) desatar os fardos pesados na vida
de outros; (3) ajudar os oprimidos a serem libertos quando
ministramos a eles pela unção do Espírito; (4) quebrar todo jugo do
espírito religioso; (5) dar pão ao faminto e abrigo ao pobre; (6)
permitir que a luz da revelação da Palavra de Deus nasça sobre nós
como a luz da manhã; (7) permitir que nossa saúde emocional e
física brote velozmente; (8) fazer com que a justiça desponte nos
lugares nos quais temos dificuldades; e (9) fazer com que a glória e
o poder do Senhor operem em nossos ministérios.
Convoco os cristãos para jejuarem pelo menos um dia por
semana. É melhor jejuar dois dias por semana. A maioria das
pessoas pode fazê-lo. Precisamos desesperadamente de mais
revelação de Jesus como nosso Noivo, que tem um desejo e uma
afeição ardentes por nós. Enquanto vivemos na verdade do
paradigma da Noiva, jejuamos porque ansiamos por Jesus. O
Senhor disse aos fariseus que viria o dia em que o Noivo seria tirado
dos discípulos, e então eles jejuariam devido ao seu anseio por Ele
(Mateus 9:15). Quando Jesus subiu ao céu depois da Sua morte e
Sua ressurreição, Ele foi tirado, no sentido indicado nessa
passagem. A Noiva de Cristo deve ansiar por Sua volta, Sua
segunda vinda, e o jejum é uma maneira de expressarmos esse
anseio.
Minha esperança é que este livro ajude a equipar você para
abraçar a disciplina, a graça e a alegria do jejum, a fim de que possa
encontrar a plenitude de tudo o que Deus, como seu Noivo celestial,
tem para você.
Mike Bickle
Diretor
Base da International House of Prayer Missions, Kansas City,
Missouri
Capítulo 1
O Deus Noivo
H
de cristãos, provavelmente observaria uma reação, em
grande parte, de distanciamento e desinteresse geral. Eles
considerariam o jejum um tema secundário, uma disciplina
cristã opcional, um exercício entre uma série de outros.
Hoje, porém, vejo essa reação coletiva mudar entre os
cristãos. Há uma fome e um desespero crescente que flui do
reconhecimento pelo Corpo de Cristo de que somos espiritualmente
áridos. Entendemos que temos uma grande necessidade da
manifestação do amor e o poder de Deus dentro de nós.
Consequentemente, vemos claramente um entusiasmo crescente
pelo jejum, e até pelo jejum como estilo de vida.
Esse novo interesse no jejum é um dom de Deus para o Corpo
de Cristo. É parte do compromisso de Deus em preparar a Igreja
para o tempo que em breve virá, de glória e crise nos tempos do fim.
Essa resposta imediata com certeza é a obra de Deus em nosso
meio, e está inconfundivelmente alinhada com a Palavra de Deus.
Com ousadia, Jesus enfatizou que o Pai recompensa o jejum
(Mateus 6:17-18). Essa proclamação por si só torna o jejum de
grande importância para os verdadeiros seguidores de Jesus. Não é
algo secundário. A graça do jejum não deve ser negligenciada.
Há uma tensão no jejum e em viver um estilo de vida de
jejum. Embora Deus realmente recompense o jejum, as
recompensas que Ele dá não são conquistadas ou merecidas por
nós por causa do nosso jejum. Somos pessoas fracas, que nunca
podem merecer o favor de Deus ou Suas recompensas, mas
podemos apenas recebê-los. Nós recebemos a graça do jejum nos
posicionando diante da Sua infinita bondade. Ele quer inundar
nossa vida com muitas recompensas, as quais são internas,
quando nosso coração o encontra; externas, quando nossas
circunstâncias são tocadas pelo Seu poder; e eternas, quando o
jejum impacta até as recompensas eternas.
De fato, as recompensas que o Pai dá àqueles que jejuam
regularmente são vastas. E é por isso que, neste momento, Ele está
preparando o coração dos cristãos em todo o mundo para dizer
“sim” ao estilo de vida de oração e jejum do Novo Testamento. Ele
vai nos preparar à medida que experimentamos a afeição de Jesus
como nosso Deus Noivo. Nossa capacidade de experimentar mais
do nosso glorioso Deus está intimamente ligada ao fato de
abraçarmos a graça do jejum.
A Mensagem do Noivo
A Mensagem do Noivo é um chamado para uma intimidade ativa
com Deus. Paulo ensinou que o Espírito sonda as profundezas de
Deus para revelá-las a nós (1 Coríntios 2:10-12). Deus convidou
cada um de nós a experimentar as coisas profundas do Seu
coração. Ele se abriu para entendermos e sentirmos Suas
emoções, Seus desejos e Suas afeições. Isso foi fundamental para
Paulo quando orou pela Igreja e pediu que pudéssemos
compreender a profundidade do amor de Deus (Efésios 3:18-19). À
medida que descobrimos as profundezas do amor de Deus, pouco
a pouco, combinadas com a graça do jejum, começamos a alcançar
as recompensas internas prometidas a nós por Jesus (Mateus 6:17-
18). E ficamos radiantes interiormente quando despertamos para
essa realidade.
Qual é a profundidade do Seu amor? Quais são as emoções
de Jesus? Em primeiro lugar, vamos considerar que Ele é cheio de
terna misericórdia. Em outras palavras, Ele é gentil conosco nas
nossas fraquezas. É terno conosco na nossa imaturidade espiritual.
Algumas pessoas confundem imaturidade com rebelião. Na sua
imaturidade, elas imaginam que Deus está zangado com elas como
se fossem rebeldes. É verdade que Deus fica irado com a rebelião,
mas Ele tem um coração de ternura para com os cristãos sinceros
que, embora imaturos e fracos, procuram obedecer a Ele. Deus nos
aprecia mesmo na nossa fraqueza. Essa é a verdade profunda que
precisamos entender. Durante o tempo da sua juventude, Davi
disse que Deus o livrou porque tinha prazer nele (Salmos 18:19).
Davi não era um homem maduro espiritualmente quando escreveu
o Salmo 18. No mesmo salmo ele proclamou que a bondade de
Deus o engrandeceu (v. 35). Davi não temia que Deus o tratasse
com dureza por causa das suas fraquezas. Deus realmente tem
prazer em nós na nossa fraqueza; Ele tem prazer em nós enquanto
estamos crescendo, e não apenas depois que amadurecemos.
Em segundo lugar, o coração de Jesus é cheio de alegria. Ele
tem um coração feliz, mais do que qualquer homem da história.
Deus ungiu Jesus com óleo de alegria, mais do que a qualquer um
dos Seus companheiros ou dos demais seres humanos (Hebreus
1:9). Tradicionalmente, muitas pessoas costumavam ver Deus como
alguém irado ou triste quando se relacionava com elas. A verdade
nos confunde — Jesus é acima de tudo alegre quando interage com
cristãos sinceros. Mesmo nas nossas fraquezas podemos nos
aproximar dele e ter confiança de que Ele tem prazer em se
relacionar conosco.
Em terceiro lugar, as emoções de Jesus são cheias de afetos
ardentes por nós. Jesus se sente a nosso respeito da mesma
maneira que o Pai se sente a respeito dele (João 15:9). Isso é
estonteante! A segunda Pessoa da Trindade se sente acerca dos
seres humanos imperfeitos da mesma maneira que a Primeira
Pessoa da Trindade se sente a respeito dele. A profundidade do
amor do Pai por Jesus é insondável, e nós compartilhamos do
mesmo amor. Isso parece impensável, mas a Bíblia nos diz que é
verdade.
Em quarto lugar, Jesus, o Noivo, é zeloso. O amor não é
passivo e o Deus da afeição é um fogo consumidor (Deuteronômio
4:24). Seu ciúme por nós é tão forte quanto a sepultura, uma chama
poderosa, a própria chama de Deus (Cântico dos Cânticos 8:6-7).
Com um zelo atroz, Ele consome tudo que impede o amor em nós,
tudo o que se coloca no caminho. Ele não aceitará ter apenas uma
parte do nosso coração. Ele o quer por inteiro, portanto continuará a
buscar zelosamente cada aspecto da nossa vida até sermos
completamente dele. Do Seu zelo vêm Seus juízos, que destroem
tudo o que se opõe ao amor e tudo o que fere a Sua Igreja
(Provérbios 6:34; Ezequiel 38:18-19; Zacarias 1:14; 8:2; Apocalipse
19:2). O Senhor vigia Seu povo com grande zelo e com grande
fervor (Zacarias 8:1-2).
Respondendo ao Noivo
Ao reconhecermos Jesus como nosso Noivo e nos vermos como
Sua Noiva, receberemos o poder do espírito de oração e seremos
cheios de coragem para viver uma vida entregue a Deus em
santidade. Só então o jejum parecerá apropriado, razoável ou
mesmo sábio. A única resposta lógica ao amor extravagante de
Deus por nós é a resposta do amor sincero, caracterizado por
negarmos a nós mesmos. Ao fazer isso, tomaremos posse das
coisas mais elevadas que Deus tem para nós. A presente era não
passa de uma breve janela na eternidade. À luz da eternidade,
esta vida não passa de um pequeno “momento” que temos para
responder em plena obediência e amor a Jesus. Amando-o,
buscamos obedecer a Ele a qualquer preço. Respondendo ao Seu
amor, recebemos tudo o que Ele anseia derramar em nossa vida.
Jesus disse que se nós amamos o Senhor, guardaremos Seus
mandamentos; mas se não os guardarmos, nosso amor não é
genuíno (João 14:15, 23-24).
O primeiro mandamento é amar a Deus de todo o coração
(Mateus 22:37). A Igreja ocidental atualmente não coloca esse
mandamento no seu lugar de direito, mas o Espírito Santo usará a
revelação de Jesus como o Deus Noivo para restaurá-lo ao primeiro
lugar em nossa vida. Antes de o Senhor retornar, toda a Igreja
estará perdidamente apaixonada por Deus e vivendo um estilo de
vida de entrega e de feliz santidade. O Deus perdidamente
apaixonado será adorado por uma Noiva que também desfalece de
amor.
Como podemos passar de um amor imaturo para um amor
ardente e totalmente entregue a Deus? Mergulhando de cabeça na
revelação do Seu desejo por nós. É simples assim. É tão simples,
na verdade, que parece quase bom demais para acreditar. Com fé,
devemos receber o testemunho do Seu amor irredutível por nós,
mesmo na nossa fraqueza, e isso nos dará o poder de corrermos
para Deus quando cairmos, em vez de fugirmos dele. Em meio ao
fracasso, precisamos lembrar que nosso Deus é um Deus de
alegria, que nos ama e que gosta de nós, e não um Deus que é
rápido em se irar e que está continuamente decepcionado
conosco. Nosso amor por Ele crescerá à medida que levarmos a
sério esse princípio fundamental com relação aos sentimentos do
Senhor por nós.
É a beleza indescritível de Jesus, o Deus Noivo, que fascina
nosso coração assim como fez com o coração de Davi. Davi
desejava uma coisa acima de tudo: contemplar a beleza de Deus
(Salmos 27:4). À medida que entramos mais profundamente na
compreensão do amor de Deus por nós, nosso desejo de viver
“vidas voltadas para o único alvo”, governadas pelo primeiro
mandamento, crescerá e expandirá. Começaremos,
inevitavelmente, a ansiar por ter uma revelação contínua do Seu
coração, um entendimento mais profundo da nossa identidade
como Noiva, e ter maior experiência do Seu amor imutável.
Teremos fome por mais de Deus.
A graça do jejum é a resposta de Deus ao nosso clamor por
“mais”. O jejum amplia nossa capacidade de receber a verdade e
acelera o processo das verdades de Deus criando raízes em nosso
coração. É uma maneira dada por Deus para abrir espaço para mais
de Deus e, portanto, é um componente essencial para a antiga
pergunta: “Como posso crescer em meu amor por Deus?”. Para
crescer em amor, nossa capacidade para Deus precisa aumentar, e
para isso precisamos incorporar a prática do jejum à nossa vida. O
jejum alimenta nossa experiência do amor de Deus. Essa verdade
profunda é o centro deste livro. Precisamos entender os
fundamentos bíblicos do que chamamos de “o jejum do Noivo”, que
recebe poder pelo encontro do Corpo de Cristo com Jesus como o
Deus Noivo. No próximo capítulo, veremos os diferentes tipos de
jejuns que a Bíblia estabelece, inclusive o jejum do Noivo.
Capítulo 2
Sete Tipos de Jejum Bíblico
Odres Novos
Odres novos representam as novas estruturas necessárias para
servir às pessoas que têm experiências com o vinho novo. As
pessoas do vinho novo veem Deus, veem a si mesmas e veem sua
missão de maneira muito diferente do que viam antes de
encontrarem Jesus como Noivo. Elas têm novos valores e novos
paradigmas do Reino. Esses cristãos que recentemente começaram
a desfalecer de amor precisam de novas estruturas, e essas novas
estruturas precisam ser governadas por líderes que compartilhem
dos valores que fluem de experimentar as afeições e o poder do
Noivo. Aqueles que sustentam os paradigmas, os valores e o
controle do velho odre não podem liderar essas pessoas.
Jesus falou sobre odres novos para aquela geração,
apontando para as novas estruturas que surgiriam em resultado do
derramamento do Espírito no dia de Pentecostes. Ele sabia que o
sistema da sinagoga não seria suficiente para prover uma estrutura
para aqueles que estavam experimentando continuamente Seu
poder, Sua revelação e Sua paixão. Jesus estava profetizando que
as velhas estruturas se romperiam e que o vinho se derramaria e
seria perdido. O Senhor logo substituiu o odre velho existente (a
estrutura religiosa da sinagoga) por uma comunidade de cristãos do
Novo Testamento liderada por pessoas improváveis, como
pescadores, ex-prostitutas e coletores de impostos. Esse princípio
de precisar de odres novos para um novo mover do Espírito se
repetiu muitas vezes ao longo da história, e se repetirá no fim desta
era.
Hoje, o Espírito Santo deseja novamente derramar vinho novo
— a presença ativa do Noivo. Deus nos dará tudo que Ele deu à
Igreja Primitiva. Na geração na qual o Senhor voltar, os milagres do
Livro de Atos se combinarão aos milagres do Livro de Êxodo.
Quando o Espírito Santo vier em pleno poder manifesto, todos os
odres que não concordarem com Ele serão rompidos e quebrados.
Não é possível habitar com Deus a não ser estando em unidade
com Ele. O vinho do Espírito Santo só será derramado
continuamente dentro de um ambiente ou de uma estrutura que lhe
seja apropriada. O vinho das verdades recém-enfatizadas que o
Espírito Santo ilumina em um avivamento, em geral se perde nos
sistemas antiquados. Nada é mais trágico que o vinho sendo
derramado e a presença e o poder manifesto do Espírito se
perderem. Algumas estruturas antiquadas deste tempo serão
reavivadas e renovadas. Entretanto, a maioria não o será. A história
mostra que um novo mover de Deus geralmente encontra
resistência por parte das pessoas. Grandes mudanças estão vindo
para cada um de nós, assim como para a estrutura da Igreja e dos
ministérios.
Nesta hora vindoura, milhões de pessoas experimentarão
novas dimensões do coração e do poder de Deus enquanto elas o
encontram como o Rei Noivo e Juiz. As estruturas religiosas de hoje
são lideradas predominantemente por pessoas que não estão
desfalecendo de amor. Elas não saberão o que fazer com as ex-
prostitutas e os pescadores que são ungidos com esse
desfalecimento. O jejum do Noivo é um jejum dos meios através dos
quais a onda de desfalecimento de amor dominará a Igreja,
resultando na criação de novas estruturas para acomodá-los. A
revelação de Jesus como o Noivo, junto com o jejum do Noivo, será
uma parte vital da transição dos sistemas de odres velhos para as
estruturas e o modo de vida do Novo Testamento.
Capítulo 4
Famintos de Tudo o que Deus
Quer nos Dar
ana falando) Vários anos atrás, o Senhor começou a trazer
(Dconvicção ao meu coração sobre a pouca fome que eu tinha
por Ele. Deus abriu meu entendimento para o quanto queria me
dar verdadeiramente e me mostrou o quanto minha experiência real
estava distante dessa plenitude. Então, Ele começou a
desestabilizar minha vida de propósito, revelando-me o princípio de
que Ele dá mais de Si mesmo de acordo com nossa fome por mais.
Até que minha capacidade de receber dele fosse ampliada pela
fome espiritual, eu ficaria limitada na minha experiência com Deus.
Embora conhecesse Deus a vida inteira, eu nunca havia
considerado que me faltava essa fome interior. Meu coração era
muito pequeno, não tinha tanta capacidade, mas eu não sabia disso.
Eu pensava que amava Deus intensamente, mas Ele me revelou
que, na verdade, minha sede era pequena se comparada com o que
poderia ser. Essa revelação foi realmente um presente. Naquele
momento, entrei no que agora chamo de “anseio por ansiar” ou
“fome por ter fome”. Eu estava na tensão entre querer
sinceramente querer Deus e ainda não ter sido dominada pela
fome por Ele; e era exatamente aí que Deus queria que eu
estivesse. Fome gera fome e, com o tempo, Ele fez meu desejo
inicial se desenvolver para um desejo forte e, então, o Senhor me
respondeu com mais dele, como Ele ama fazer. Jesus disse: “Bem-
aventurados os que têm fome e sede de justiça, porque eles serão
saciados” (Mateus 5:6, ARA).
Jesus libera Seu poder e Sua presença a nós em proporção
direta à nossa fome por Ele. A fome espiritual vem quando
adquirimos a visão de ter tudo que Deus quer dar ao nosso espírito
deste lado da eternidade. Deus quer levar os cristãos de hoje muito
além do que os primeiros cristãos experimentaram no Livro de
Atos. Antes de voltar, Ele vai derramar o Espírito Santo em níveis
que a Igreja historicamente nunca testemunhou. A dimensão total
daquilo com o qual Ele quer inundar nosso ser em termos de
experiência do prazer divino e de encontros poderosos com o
Espírito Santo ainda não chegou sequer à nossa mente (1 Coríntios
2:9-12). Mas essa plenitude, essa abundância da recompensa
divina transferida para o homem interior, é a visão que Deus anseia
que busquemos. Mais uma vez, Ele dará de acordo com nossa
fome; assim, nossa prioridade deve ser a de nos tornarmos
famintos.
Alguns pensam que estão espiritualmente famintos quando
têm um interesse recém-despertado pelas coisas de Deus. Mas
interesse ainda não é fome. Comprar um livro que fala do Reino é
bom, mas ainda não é fome. Fome é quando não podemos viver
sem mais, quando fazemos alterações radicais no nosso estilo de
vida a fim de buscarmos Deus. Uma boa maneira de medir a
realidade da nossa fome é medindo o quanto somos capazes de
reorganizar a vida, o tempo, o dinheiro e o conforto para buscar o
motivo da nossa fome.
Jeremias profetizou sobre a fome espiritual genuína quando o
Senhor disse estas palavras através dele: “‘Então, clamareis a mim
e eu os ouvirei. Buscar-me-eis e achar-me-eis, quando me
buscardes de todo o vosso coração. E serei achado de vós’, diz o
Senhor” (Jeremias 29:12-14, ARA). Deus promete que será
encontrado quando for buscado por qualquer pessoa que tenha um
coração genuinamente faminto.
Jeremias nos ensinou que apenas fazer orações não é o que
Deus requer de nós. Usar uma linguagem espiritual e fazer
declarações grandiosas na oração não impressiona Deus. Ele
inspeciona as profundezas do coração humano e vê o vazio e a
esterilidade espiritual. É aí que boa parte da Igreja ocidental erra o
alvo. Podemos frequentar cultos com regularidade e até ir a
algumas reuniões de oração. Podemos dizer a Deus que o amamos
e que queremos mais no nosso relacionamento com Ele. Mas,
enquanto isso, Deus está nos chamando para viver o estilo de vida
radicalmente diferente e necessário para experimentarmos uma
intimidade profunda com Ele. O Senhor está buscando algo muito
mais profundo que a frequência às reuniões de oração. Ele quer
realmente tomar posse de nós. Quer que nossa vida seja governada
e regida pelo nosso anseio por Ele. E a fome espiritual é de máxima
importância para mantermos a busca por Deus.
Precisamos de mais encontros pessoais com Deus, mas
também de que Seu poder seja liberado em sinais, maravilhas e
milagres. A manifestação do Seu poder também é precedida por
uma fome desesperada. A Igreja precisa operar em oração intensa e
constante, aliada ao jejum, a fim de que o poder manifesto de Deus
se revele em nosso meio. Enquanto nos contentarmos com
paralíticos que não andam, cegos que não veem e surdos que não
ouvem, viveremos sem esses milagres. A mudança que ansiamos
não acontecerá sem intensidade espiritual (Jeremias 29:13),
portanto, em Sua graça, o Senhor está fazendo de nós um povo que
não pode viver sem a plenitude da Sua bênção. Nossa parte é nos
tornarmos tão dominados pela visão elevada de tudo o que Deus
quer nos dar, que simplesmente não possamos viver com as coisas
da maneira como elas estão. Precisamos fazer nossa parte e Deus
fará a dele.
Violência Espiritual
No Antigo Testamento havia uma grande limitação do que um
cristão podia experimentar em Deus. A porta para todos entrarem
nas coisas profundas do Espírito (1 Coríntios 2:10) só foi aberta
quando Jesus estabeleceu a Nova Aliança por meio da Sua morte
e ressurreição, que deu o Espírito Santo ao coração dos homens
(Hebreus 10:19-22). Antes disso, o Espírito de Deus vinha
ocasionalmente sobre certas pessoas, geralmente profetas ou reis,
a fim de ungi-los para que realizassem uma tarefa específica.
Entretanto, após a morte e a ressurreição de Jesus, o Espírito
Santo se tornou acessível a todos. Ele agora habita em todos os
cristãos e os impulsiona, possibilitando uma experiência de
proximidade a todos os que estão famintos da presença de Deus.
Trata-se de uma transição grandiosa, um presente e um convite
tão ilimitado e glorioso, que não creio que tenhamos compreendido
ainda a profundidade do que aconteceu. Deus disponibilizou tudo a
nós por meio do Seu Espírito Santo no nosso homem interior! O
peso desse presente é tão grande que deveria nos fazer tremer de
assombro.
Jesus abriu toda uma nova compreensão sobre como viver a
vida no Espírito quando ensinou que o Reino de Deus é tomado de
maneira violenta, ou seja, que força espiritual pode ser empregada
para buscá-lo. “E, desde os dias de João o Batista até agora, se faz
violência ao reino dos céus, e pela força se apoderam dele” (Mateus
11:12, ACF). Dizer que o Reino sofre violência ou é tomado à força
significa que ele “permite” (recompensa ou requer) força espiritual
na nossa busca por Deus. Sim, tudo está disponível a nós no
Espírito, mas precisamos entrar nessas coisas de maneira ativa.
Precisamos tomar posse delas. Nessa passagem, Jesus nos
convidou a usar de força espiritual ao dizer, basicamente: “O Reino
do céu permite que usemos de intensidade violenta — alguém
aceita o convite?”. Isso não se aplica apenas às áreas óbvias de
batalha espiritual. O Senhor está nos estimulando a buscar uma
intimidade profunda com Ele, por meio de um amor santo e violento,
e a cultivar um estilo de vida de “violência espiritual”.
Mais uma vez, o jejum exerce um papel vital e insubstituível
nesse contexto. É “violento” tanto nas suas exigências quanto no
seu impacto sobre a nossa existência. Exige que confrontemos cada
área da vida que não esteja em concordância com o Espírito.
Requer que declaremos guerra ao pecado, a Satanás e ao espírito
religioso. Entretanto, o jejum libera um impacto gloriosamente
violento sobre a nossa vida, nos libertando dos caminhos de pecado
e nos enchendo com a revelação de Deus.
Ser espiritualmente violento significa que pagaremos qualquer
preço de renúncia a fim de obedecer à vontade de Deus. Salomão
disse isso bem: “Se alguém oferecesse todas as riquezas da sua
casa para adquirir o amor, seria totalmente desprezado” (Cântico
dos Cânticos 8:7). Em outras palavras, quando o amor está fazendo
a sua obra em nosso coração, não existe preço alto demais. O
homem dará a quem ama todos os seus bens liberalmente, sem
levar em conta o preço. A fonte da nossa “violência espiritual” não é
o medo; é o amor de Deus. Qualquer tipo de violência ou entrega
que não esteja enraizada no amor não tem proveito algum, segundo
a descrição de Paulo (1 Coríntios 13:3). O amor alimenta nossa
intensidade espiritual.
A obediência radical exerce um efeito devastador sobre a
carne, mas faz o espírito voar em Deus. Ela confronta e reorganiza
a maneira como gastamos nosso tempo e nosso dinheiro; como
falamos e nos divertimos; como expressamos nossa sexualidade e
buscamos sucesso ou honra. Não é uma realidade casual. Ela
permeia todas as áreas da vida. O jejum é tão violento em sua
oposição à própria carne e ao próprio orgulho quanto em seu
impacto sobre o reino do diabo e seus sistemas religiosos. Mas,
interiormente, ele tem o efeito de nos aproximar daquilo para o qual
fomos criados, à medida que as fortalezas são destruídas e somos
libertos para voar em Deus.
Jesus associou a violência espiritual ao estilo de vida radical
de João Batista. Ele chamou João de o maior homem nascido de
mulher (Mateus 11:11). Qual era a medida da grandeza de João? A
que Jesus fez referência nessa descrição maravilhosa do profeta?
Sem dúvida, não foi ao tamanho do seu ministério ou ao número de
pessoas que ele impactou. Os números eram muito baixos se
comparados ao tamanho dos ministérios de hoje. Jesus estava se
referindo à violência espiritual de João. João carregava uma
determinação tremenda de seguir a Deus sem concessões, por isso
Jesus descreveu-o com uma aclamação tão forte.
Nós também podemos ser grandes em Deus se formos
determinados e violentamente intensos em nossa obediência a Ele.
Você pode imaginar estar diante do trono de Deus um dia e ouvir a
voz real de Jesus, aquela Voz de muitas águas, declarar: “Eu chamo
você de grande aos Meus olhos”? Grandeza para Deus tem a ver
com amor, obediência e mansidão; tem a ver com uma
determinação violenta no coração daqueles que o buscam. Todo
aquele que quiser ser grande em Deus pode ser. O Reino dos céus
leva em conta a intensidade violenta, e os violentos o tomam pela
força.
Pagando o Preço
A maioria dos cristãos não se importa de ouvir pregações sobre
santidade e obediência radical. O que perturba a Igreja ocidental é
ver alguém realmente viver esses princípios em áreas da vida real
que afetem seu tempo e seu dinheiro. Isso é algo que atinge o alvo.
Isso convence os cristãos que ainda não decidiram viver em cem
por cento de obediência. A razão para isso é uma sensação
automática de juízo.
Sim, Deus recompensa a intensidade espiritual. A medida que
Ele abrirá para nós será tão grande quanto a medida da nossa
busca perseverante. Mas há um preço. O preço da obediência não é
indefinido; e não é algo sobre o que podemos simplesmente falar. É
aí que a tensão começa a aumentar. Precisamos deixar de lado as
concessões, os confortos egoístas, o orgulho, o medo e o raciocínio
religioso. A obediência precisa ser vivida nas questões práticas da
vida real. Para aqueles com almas radicais, eis uma advertência:
isso não é um convite para ser irresponsável. Não precisamos
abandonar as responsabilidades que Deus nos deu a fim de
obedecermos a Ele. Isso é uma contradição. O que estamos falando
é sobre o compromisso abnegado de ouvir e obedecer,
independentemente do que Ele nos diga para fazer.
O rei Davi viveu uma vida de obediência radical e zelo
consumidor, e isso lhe custou o respeito de muitas pessoas,
inclusive de sua família. O Salmo 69 é um salmo messiânico, o que
significa que ele expressa a vida e a oração de Davi, e ao mesmo
tempo aponta para Jesus, nosso Messias. Davi fala sobre suportar
afrontas por causa do seu zelo por Deus (v. 7). Ele foi ridicularizado
por buscar a Deus radicalmente. Ele se sentia como “um estranho”
para os seus irmãos (v. 8). Seus amigos e sua família não o
reconheciam mais porque seus valores, suas práticas e seu estilo
de vida (v. 9) eram muito diferentes dos deles. O zelo por Deus o
havia consumido, e eles o rejeitavam por isso.
O
fraqueza a fim de experimentar mais do poder e da
presença de Deus. Talvez nada seja menos atraente para
nós que a fraqueza. Assim, nada parece menos convidativo
do que abraçar essa fraqueza voluntariamente. Entretanto,
esse é o convite que Deus nos faz. É um paradoxo que nos
tornemos fracos no natural a fim de recebermos a força do Espírito.
Por que Deus escolheu o jejum como uma maneira tão importante
para encontrá-lo? Por que Ele fez de algo tão simples — como orar
e não comer — algo tão poderoso? A mente natural não consegue
encontrar sentido nisso porque nós, por natureza, desprezamos a
fraqueza e rejeitamos todos os tipos de deficiência. Amamos nos
sentir fortes e poderosos, mas desprezamos a sensação de
vulnerabilidade e fragilidade. No entanto, há algo na dimensão da
fraqueza que Deus não permitirá que evitemos.
A encarnação de Jesus deixa claro que a fraqueza é parte do
plano de Deus de levar as pessoas a Ele em amor. Quando
pensamos na vida de Jesus, percebemos que o próprio Deus se
revestiu da carne fraca do homem e abraçou voluntariamente as
fraquezas físicas quando andou sobre a terra. “Pois não temos um
sumo sacerdote que não possa compadecer-se das nossas
fraquezas, mas sim alguém que, como nós, passou por todo tipo de
tentação, porém, sem pecado” (Hebreus 4:15). Podemos chamá-lo
de irmão porque Ele se tornou um de nós, sujeitando-se à mesma
fraqueza que nós experimentamos. Não foi por acaso, mas sim o
plano perfeito de Deus.
Quando Paulo estava lutando com o chamado de Deus para
andar em fraqueza, Jesus encorajou-o revelando que a liberação do
poder de Deus em sua vida estava ligada à disposição de abraçar a
fraqueza (2 Coríntios 12:9). Trata-se de uma revelação fantástica e
fundamental para entendermos o propósito do jejum. As fraquezas
das quais Paulo está falando nas passagens citadas (2 Coríntios 1-
12) não eram morais, e sim resultados de suas escolhas divinas.
Elas se encaixam em duas categorias. Primeiro, vemos que as
fraquezas na vida de Paulo eram voluntárias. Elas incluem oração,
jejum, viver uma vida simples e servir com humildade e diligência.
Segundo, havia fraquezas no ministério de Paulo que eram
involuntárias, inclusive o espinho em sua carne, a perseguição, a
enfermidade, a reprovação e a angústia. Quando Paulo se gabava
da sua fraqueza (2 Coríntios 12:9), ele estava se referindo tanto às
fraquezas involuntárias da perseguição quanto à fraqueza voluntária
do estilo de vida de jejum.
Jejuando Regularmente
Jejuar é um presente que deveríamos abraçar mais, em vez de
ocasionalmente. O jejum deve ser um estilo de vida. Não deveria ser
empregado como uma injeção no braço algumas vezes por ano, ao
contrário, foi destinado a ser uma parte consistente da nossa vida,
uma ferramenta disponível para expandir nossa capacidade
espiritual para termos mais de Jesus.
Quanto mais jejuamos, mais fácil o jejum se torna. De fato, o
ritmo do corpo muda quando jejuamos regularmente. É semelhante
ao exercício. Quando não nos exercitamos com frequência e, então,
começamos, a princípio é difícil. O sistema cardiovascular grita
pedindo para que desaceleremos e os músculos doem no dia
seguinte. Temos de nos exercitar constantemente por um período
antes que o corpo se ajuste. Do mesmo modo, nosso corpo vai se
acostumar e nossas emoções vão mudar quando passarmos para
um ritmo natural de jejum.
O medo de jejuar é pior que o jejum em si. É uma mentira dizer
que as exigências do nosso ritmo de vida moderno tornam o jejum
impraticável para o cristão atual. Na verdade, o jejum não é nem
difícil demais nem desconfortável demais para nós. Podemos ficar
cansados, mas a mesma graça que Deus dava aos cristãos do
passado será dada a nós. Na verdade, no fim desta era haverá um
percentual muito maior de cristãos entrando na graça do jejum do
que em qualquer outro momento da história.
Entrando no Deserto
O estilo de vida de jejum é mais do que um conceito ou uma nova
atividade que experimentamos por algum tempo. É uma jornada
pessoal na vida de oração pelo desvendar de dimensões cada vez
maiores em Deus. Essa jornada de oração, fortalecida e
intensificada por uma vida de jejum, também pode ser chamada de
“estilo de vida de deserto”. Fraqueza e deserto são quase
sinônimos. O deserto no Antigo Testamento era um lugar de teste,
treinamento e de encontro com Deus. No deserto, deixamos tudo
para trás a fim de sermos sustentados somente por Ele. Não existe
nada mais lá a não ser Deus. Ao dizer “sim” a um estilo de vida de
jejum, entramos voluntariamente no deserto. Abraçamos a fraqueza
natural a fim de adquirir força sobrenatural.
Deus treinou muitos dos Seus servos escolhidos no deserto.
Moisés ficou no deserto por cerca de oito anos. Davi amadureceu no
deserto. A experiência de José na prisão foi um período de deserto.
Elias retirou-se para lá, João Batista vivia lá, Paulo passou três anos
lá, e Jesus ia até lá para jejuar.
Um dos mistérios de Deus é que em nossa fraqueza no
deserto podemos encontrar portas de entrada para a força dele.
Esse mistério é revelado no fim da jornada da noiva em Cântico dos
Cânticos. A Sulamita, uma representação da Noiva, surge do
deserto, recostada ao seu Amado Jesus. Ela descobriu o segredo
da Sua força sendo aperfeiçoada na fraqueza enquanto sobe
vitoriosamente da jornada de sua vida na terra, apoiada na força
dele. “Quem é esta que sobe do deserto e vem encostada ao seu
amado?” (Cântico dos Cânticos 8:5, ARA).
No deserto da oração e do jejum, enfrentamos a esterilidade
da própria alma. Esse deserto voluntário é o lugar de transformação.
Ali contendemos com Deus, como Jacó fez, para que Ele nos
transforme nesse processo. Negamos a nós mesmos
voluntariamente alguns dos “prazeres legítimos” a fim de
experimentarmos os “prazeres superiores”. O deserto do jejum nos
despoja dos falsos confortos, forças e seguranças. Temos de
encarar o fato do quanto nossa alma se escora em mil coisas que
não são Deus, e do quanto é difícil sentir amor por Ele ou pelos
outros quando essas escoras são removidas. Será que estamos
entorpecidos pelo espírito desta era sem que o saibamos? Estamos
debaixo do cativeiro do consumismo da nossa sociedade? Fomos
cegados por comer demais, dormir demais e pelo excesso de
entretenimento? Nosso coração está inchado e rígido por termos
dado a ele muito pouco da Palavra de Deus e demais dos confortos
deste mundo? A resposta na maioria das vezes é sim. A solução é
entrar no deserto voluntário da oração e do jejum. À medida que nos
despojamos de todos os outros amores, o Senhor nos transforma
em pessoas que amam a Ele.
Retirando as Escoras
Deus ordenou um tempo de espera no nosso processo de transição
dos prazeres inferiores e do pecado para os prazeres superiores do
Evangelho. Precisamos fazer a transição para vivermos
primeiramente pela Palavra de Deus, e em segundo lugar pelos
prazeres legítimos que Deus nos dá, em vez do contrário, que é a
maneira como a maioria de nós vive agora. Podemos ter uma vida
em Deus que é real, profunda e poderosa após essa transição, uma
vida na qual somos primeiramente alimentados, estimulados e
apoiados pela Palavra de Deus. Nessa transição, existem
obstáculos a serem vencidos. Esses impedimentos podem ser
vencidos e este é o processo da nossa transformação.
Quando colocamos em espera nossas fontes carnais normais
de conforto e apoio, vemos a nossa miséria e a nossa esterilidade
espiritual com olhos bem reais. O que estava adormecido vem à
tona. Quando todas as escoras do conforto foram retiradas daqueles
que estavam no estádio Superdome depois do furacão Katrina, foi
possível ver a fúria que estava a apenas um centímetro da
superfície mostrar sua cara feia. Essa fúria está em todos nós sem a
graça de Deus. É difícil encarar essas fraquezas, mas depois que
recebemos mais de Deus, mesmo em pequena medida, sabemos
que não podemos voltar ao velho modo de vida estimulado
predominantemente pela carne.
Muitos de nós experimentamos uma sensação de estar
“divididos ao meio” quando jejuamos voluntariamente dos nossos
velhos estímulos e confortos, mas os estímulos espirituais ainda não
adquiriram vida em nós. Durante um período, sentimos o vazio do
jejum, mas ainda não experimentamos os prazeres superiores do
Espírito. Temos a visão do que está por vir, em termos de uma vida
vibrante em Deus, e a luta do que ficou para trás; mas ainda não
temos a realidade plena. Tivemos uma pequena prova das
dimensões que estamos prestes a conhecer em Deus, mas esse
conhecimento não é tão dominante ou predominante a ponto de
colocar um fim aos nossos velhos vícios. Quando não
experimentamos os prazeres superiores pelos quais estamos nos
esforçando, costumamos voltar aos velhos estímulos de conforto,
apenas para descobrir que eles perderam seu poder por causa da
nossa visão elevada em Deus. O velho caminho não tem mais força
para nos satisfazer, e ainda não temos a capacidade de receber o
novo caminho. Podemos sentir que estamos pendendo entre duas
dimensões. Bem-vindo ao estilo de vida de jejum!
Ainda não desenvolvemos a capacidade para receber
exatamente aquilo que necessitamos para ter vida e força. Vemos
essa dinâmica nas áreas naturais da alimentação, da luz do sol e do
exercício. Alguém que acaba de ser salvo da inanição não tem
capacidade de digerir a maioria dos alimentos que lhe são
oferecidos imediatamente. Uma pessoa que ficou trancada no
escuro por muito tempo anseia pela luz do sol, mas seu brilho a
princípio é doloroso demais para suportar. Uma pessoa que não se
exercitou por anos não pode fazer exercícios pesados por muitas
horas no primeiro dia sem se machucar. Estamos em uma transição,
e nossas capacidades precisam ser ampliadas para entrarmos
naquilo pelo que almejamos. Tudo isso faz parte da nossa jornada
para avançarmos em amor. Fomos trazidos até aqui por causa do
nosso desejo por Deus. No processo de transformação, o Senhor
responderá ao nosso anseio por Ele, mas não imediatamente.
Nessa transição, somos deixados por algum tempo na
excentricidade crua da queda livre. Nesse lugar, Deus gera
humildade. É precioso. Por causa da dificuldade da nossa jornada,
ficamos menos dispostos a ter atitudes julgadoras para com os
outros. Todo esse processo dá origem à mansidão em nós,
enquanto lembramos continuamente a doçura e a dor da nossa
própria jornada. Mas o período de transição terminará. De acordo
com Jesus, os pobres de espírito e aqueles que têm fome e choram
por Deus, serão abençoados e cheios (Mateus 5:3-6).
O Senhor quer levantar um povo que pode falar com
autoridade sobre encontrar alegria no deserto. À medida que o
Corpo de Cristo em todo o mundo entrar nessa transição no fim
desta era, esses precursores poderão articular a visão do
conhecimento de Deus e explicar os detalhes e as razões da
jornada. Eles irão trilhar o caminho do deserto primeiro, e, portanto,
podem guiar outros com a sabedoria aprendida com a própria
jornada com o Senhor. As pessoas cuja principal fonte de vida é a
Palavra de Deus dão esperança e coragem àqueles que desejam
ingressar em uma vida mais profunda no Senhor. Suas vidas
provam que isso pode ser feito. O estilo de vida de jejum é
simplesmente uma vida dedicada regularmente à oração, ao jejum,
às ofertas, ao serviço a outros e a abençoar os inimigos. O primeiro
passo em direção a essa vida é receber a visão de ter uma
existência profunda em Deus. João Batista foi um precursor que fez
do deserto o seu lar. Ele vivia no espírito de oração e jejum. Deus
está derramando esse mesmo espírito nesta geração.
Capítulo 6
Cinco Expressões do Estilo
de Vida de Jejum
ocê consegue imaginar o que as pessoas reunidas ao redor
V
de Jesus devem ter sentido quando Ele começou a fazer
Seu sermão mais importante, aquele que hoje chamamos
de Sermão do Monte? Elas eram apenas pessoas como
você e eu, com a vida cheia de preocupações, questões e
dificuldades. Imagino todos os tipos de homens, mulheres e
crianças reunidos ao redor de Jesus. De um lado está um senhor
idoso com a fisionomia um tanto triste, mas também um homem
com uma aparência terna, que viveu muitos anos sob o fardo
maçante da Lei. Ele procurou criar os filhos sob esses princípios, e
embora um deles esteja realmente seguindo esse caminho, dois se
rebelaram, cheios de ira e desprezo, e seus corações estão
amargurados e distantes até agora. Do outro lado de Jesus imagino
uma mulher jovem, viúva recente, com a dor ainda queimando em
seu coração. Ela espera encontrar algum raio de esperança e luz
nas palavras que esse novo Mestre irá dizer hoje.
O carpinteiro de Nazaré abre a boca e começa a pronunciar
verdades e princípios vivos sobre o Reino de Deus que deixam
Seus ouvintes perplexos. Ele fala como alguém que tem autoridade,
e quando as pessoas comuns ouvem Suas palavras, seus corações
ficam atordoados e suas mentes giram em total perplexidade. Ele
ensina de uma maneira que ninguém jamais fez. Os ensinamentos
dos escribas pareciam túmulos vazios e abandonados se
comparados à vida e ao peso que transpiravam de cada palavra da
boca de Jesus (Mateus 7:28-29). “Quem é este Homem?”, eles se
perguntam. “Que tipo de autoridade é esta?”
E o que foi que Jesus falou naquele dia que Mateus disse que
foi tão extraordinário? Ele pronunciou mistérios totalmente
imponentes e incapazes de ser discernidos? As palavras dele foram
tão difíceis de compreender que as pessoas se afastaram, confusas
e desanimadas com sua falta de entendimento? Não, o Sermão do
Monte, embora estivesse cheio de autoridade divina e sabedoria
eterna, não poderia ser mais simples em sua apresentação e
aplicação. Até as crianças ali reunidas podiam entender. Quando
ouviram as palavras de Jesus e se impressionaram com Sua
autoridade, creio que elas também ficaram atônitas com a
simplicidade do que Ele apresentou como os princípios
fundamentais do Reino.
Ofertar
Servir
Servir aos outros é o segundo dos atos de caridade de que Jesus
falou. Quando gastamos nosso tempo e nossa energia com outros
estamos jejuando do que poderíamos ter usado para promover os
próprios interesses. É bíblico usar uma parte do nosso tempo e da
nossa energia para prover para nós mesmos, para nossa família,
para nosso negócio ou nosso ministério, ou apenas para nossa
reserva de emergência. No entanto, quando participamos de atos de
caridade — atos de bondade e de serviço a outros — estamos
gastando esse tempo em benefício de outros. Isso está no centro do
que significa ter um espírito de servo. O tempo “desperdiçado”
servindo é um tempo que não podemos usar para lutar por uma
posição ou para estabelecer nosso conforto e nosso prazer pessoal.
Assim, confiamos no Senhor para trabalhar em nosso favor de uma
maneira que excede o que poderíamos ter realizado gastando
aquela mesma quantidade de tempo para promover nosso nome,
nossa causa e nosso conforto. No quadro maior, fazemos mais
investindo tempo em servir e permitindo que Deus recompense
nossos esforços.
Jesus exemplificou a vida de serviço mais do que qualquer
outra. Ele não veio para ser servido, mas para servir (Mateus 20:28).
Jesus não nos chama para nada que Ele próprio não tenha nos
excedido tremendamente ao realizar. Ao entregarmos a vida para
servir a outros, estamos abraçando o que Ele abraçou, e assim nós
o abraçamos. Parte da intimidade mais profunda com Deus
acontece quando derramamos a vida no serviço a outros. Ele não
nos chamou para isso simplesmente porque essa é uma maneira
boa e piedosa de viver, mas porque ao servirmos a outros ficamos
face a face com o Servo de todos.
Orar
“Mas quando você orar, vá para seu quarto, feche a porta e ore a
seu Pai, que está no secreto. Então seu Pai, que vê no secreto, o
recompensará” (Mateus 6:6). Jesus seguiu em frente nos chamando
para uma vida de oração — a terceira expressão do estilo de vida de
jejum. Orar também é difícil no sentido de que a carne combate
intensamente a aparente falta de produtividade. Orar a um Deus
invisível é um empreendimento oneroso: o impacto da oração em
geral é retardado e frequentemente não é discernido, e a
recompensa prometida por Deus nem sempre é o que imaginamos.
Orar e ler a Palavra de Deus são tipos de fraqueza voluntária
que representam um jejum do nosso tempo e das nossas emoções
(Mateus 6:5-13). Em vez de usar todo o tempo que temos para
aumentar nosso status ou nosso sucesso, usamos parte dele para
buscar a face de um Deus invisível. Em vez de sermos entretidos
pela televisão ou de navegar na Internet, intercedemos por aqueles
a quem Ele ama.
Quando doamos tempo a Deus, perdemos outras
oportunidades de fazer contatos; de edificar o ministério, os
negócios ou o status pessoal; ou de recreação e entretenimento.
Como mencionei anteriormente, nos meus primeiros anos, eu
reclamava: “Senhor, eu poderia fazer muito mais para Ti se eu não
tivesse de passar tempo orando”. Orar me parecia um desperdício.
Esse tipo de jejum, porém, é o oposto de um “desperdício” de
tempo. É verdade que não usamos aquelas horas para socializar,
ter comunhão ou promover nossa posição, mas, por isso, somos
forçados a confiar nossa vida ao Senhor para que Ele nos dê favor e
promoção, e rapidamente descobrimos que nunca conseguiremos
dar mais do que Deus, até mesmo em questão de tempo e energia.
Também estamos jejuando da nossa energia emocional
durante a oração quando nos derramamos e intercedemos pela
bênção de Deus sobre outros. Ao fazer isso, confiamos que Deus
tocará aqueles a quem amamos. Isso já seria recompensa
suficiente. Entretanto, Deus também nos dá o retorno pelo tempo e
pela energia emocional a fim de nos abençoar pessoalmente. Ele
costuma multiplicar esse investimento nos dando uma produtividade
maior. Realizamos mais pelos outros e por nós mesmos ao pedir a
Deus do que realizaríamos trabalhando sem orar. O prazo no qual
Deus nos recompensa com maior produtividade pode não ser
notado por anos. Você pode semear dez ou vinte anos em oração e
de repente Deus pode abrir uma porta de oportunidade para você
exercer maior impacto através da oração em um evento ou em um
período da vida do que durante os vinte anos anteriores. Parte
dessa produtividade intensificada não será vista até a era que está
por vir, mas Ele nos recompensa durante a presente era.
Perseverar em uma vida de oração e estudar Sua Palavra gera
tanto dificuldades quanto recompensas. Embora jejuemos da nossa
energia emocional e do nosso tempo, somos levados à comunhão
com o coração ardente de Jesus, o grande Intercessor. Adquirimos
vida interior através dos encontros de amor no nosso homem
interior, que Ele derrama enquanto esperamos diante dele. Esse
chamado à oração é árduo, mas também vem com a promessa de
um aumento imenso da nossa intimidade com Deus.
Abençoar os inimigos
(Dana
falando.) Quando realmente senti o convite do Senhor para
dizer “sim” à graça do jejum há vários anos, lembro-me de
tremer até mesmo diante da simples ideia de jejuar. Parecia
uma montanha à minha frente. Eu achava difícil me conectar com a
razão pela qual isso era tão importante para a vida cristã e ainda
mais difícil imaginar que poderia haver realmente recompensas ao
fazer isso. Entretanto, o Senhor logo me surpreendeu, como Ele
ama fazer quando dizemos “sim” a esse convite.
Quando comecei a incorporar o jejum regular à minha agenda,
percebi, pouco a pouco, que o jejum não era o trabalho penoso que
eu havia imaginado. Não apenas isso, mas havia partes dele que
eram maravilhosas. Por exemplo, eu amava a ternura que sentia
diante de Deus nos tempos de jejum, a sensibilidade e o amor pelo
Senhor que repousavam em meu coração. Progressivamente, Deus
começou a me conquistar ao me permitir experimentar os benefícios
do jejum. Passei a valorizá-lo e a amá-lo a tal ponto que agora
anseio pelos dias de jejum. Essa talvez seja uma das realidades
mais surpreendentes que encontrei no jejum: receber a graça para
realmente amá-lo.
O jejum por natureza não tem nada de atraente. Como
pessoas que foram criadas para o prazer, por um Deus de prazeres
intermináveis, não somos naturalmente atraídos por esse tipo de
disciplina. Antes de desfrutar alguns dos benefícios reais
adquiridos com o jejum, eu jamais teria imaginado que poderia ser
possível, ainda que remotamente, gostar de jejuar. Mas isso é
possível, e comprovável, quando essas recompensas começam a
tocar nosso coração. Embora eu saiba que mal me aproximei das
profundezas desses benefícios maravilhosos, creio de todo o meu
coração na existência real deles. Meu desejo é passar o resto dos
meus dias, pela graça de Deus, respondendo ao convite do jejum e
recebendo suas recompensas. Jesus acena para cada um de nós a
fim de participarmos desse convite (Mateus 6:17-18).
J
dificuldades muito reais. As recompensas coexistem com os
fardos. Embora os benefícios a serem experimentados sejam
verdadeiramente superiores, não invalidam ou anulam os
problemas que temos. Ao longo dos anos, vimos pessoas
ficarem animadas com o jejum e ficarem fortes por alguns
meses, mas depois se desiludirem e desistir. A maneira certa de
manter um estilo de vida de jejum e oração é correr em um ritmo de
longa distância, como em uma maratona. Se entendermos que tipos
de desafios podem ser encontrados, estaremos equipados com
perseverança para suportá-los, e evitaremos a decepção de uma
entrega desinformada e de uma desistência imprevista. Ser
prevenido é estar armado antecipadamente.
Os obstáculos dos quais precisamos estar cientes são internos
e externos, espirituais e naturais, físicos e mentais. Antes de vermos
as dificuldades e os perigos em detalhes, como faremos nesses
próximos capítulos, é importante enfatizar o princípio de que os
benefícios do jejum verdadeiramente superam as dificuldades. Sim,
existem obstáculos, mas as graças adquiridas excedem muito os
rigores dos obstáculos se perseverarmos ao longo de cada um
deles.
O
nadar em águas infestadas de tubarões, uma vez que o
inimigo, Satanás, espreita nas profundezas, procurando
nos devorar. Consideramos algumas das dificuldades do
estilo de vida de jejum; agora vamos considerar alguns dos
perigos.
Não há neutralidade nos efeitos do jejum em nossa vida. Ele
nos fortalece para o bem, ou contribui para nos afastar do caminho
da sabedoria e da retidão bíblica. Seja qual for a motivação que
temos quando jejuamos, é isso que é fortalecido em nós. É isso
que queremos dizer com o fato de o jejum não ser neutro. Se nossa
motivação é crescer em amor, então é isso que será fortalecido em
nós. Por outro lado, se nossos motivos são para autoexaltação,
então as coisas negativas serão fortalecidas em nós quando
jejuamos. Assim, é importante não tratarmos o jejum de modo
informal, com motivações desmedidas, ou correremos o risco de
fazer mais mal do que bem à nossa vida espiritual.
A busca por ser uma pessoa que ama a Deus de todo o
coração tem riscos potenciais agregados. Precisamos usar a
sabedoria e não sermos simplistas ou ingênuos, sabendo que
existem riscos, como a possibilidade de encontros demoníacos
falsos, isolamento, espírito de pobreza, distúrbios alimentares,
legalismo operando em um espírito de religiosidade (procurando
conquistar uma posição junto a Deus), austeridade desmedida e
orgulho espiritual. A única maneira de ficarmos seguros e não
cairmos nessas armadilhas é passando muito tempo estudando a
Palavra de Deus. A Bíblia é a autoridade final que julga todas as
nossas experiências.
Perigo no 2: isolamento
Um dos perigos comuns do jejum é o isolamento. Aqueles que jejuam
regularmente podem facilmente se perder quando se isolam do
Corpo de Cristo. O jejum precisa ser acompanhado de uma grande
humildade e de uma interdependência santa com os demais a fim de
nos preservar de qualquer pensamento errado. Deus estabeleceu
Seu Reino de tal maneira que precisamos buscar o Senhor juntos,
como família. Não somos completos em nós mesmos. Somente
somos completos quando funcionamos juntos como Corpo de Cristo
(Colossenses 2:10; 1 Coríntios 12:12-25). Temos a mente de Cristo
(1 Coríntios 2:16) na medida em que nos relacionamos uns com os
outros. Isso não pode acontecer e não acontece no isolamento.
Observe que Paulo disse que “nós”, juntos, temos a mente de Cristo.
Ele não disse “eu” a tenho no meu isolamento.
Quando entrarmos em um estilo de vida de jejum e oração,
precisamos ser intencionais sobre estarmos comprometidos com
nossos irmãos e nossas irmãs no Senhor. O isolamento
desconsidera a glória e a graça de Deus que é transferida aos
outros. O isolamento é um ato de antisserviço, anticompaixão e
antissocial — todas as realidades que estão opostas ao coração de
Deus. Alguns movimentos monásticos históricos focaram em ser
livres da contaminação pessoal e caíram no erro do isolamento.
Eles evitavam se envolver com outras pessoas porque imaginavam
que isso significava que estariam expostos à contaminação.
Entretanto, a Palavra de Deus nos convida a um estilo de vida
de jejum porque essa é a melhor maneira de cumprir os dois
grandes mandamentos: amar a Deus e amar os outros. Jesus até
disse que nossa grandeza era medida por servirmos uns aos outros.
(Mateus 20:26-28; Lucas 22:26). É verdade que precisamos ter
momentos a sós com Deus, e que cada um de nós mantém uma
busca pessoal por intimidade com Ele. Mas é essencial
permanecermos comprometidos com outros cristãos; precisamos
nos recusar a nos retirarmos para um estranho isolamento.
D
livre-arbítrio, o que significa que nos foi dada habilidade
para tomar decisões reais que têm consequências
temporais e eternas. Embora a nobreza da escolha possa
ser gloriosa se for exercida em retidão, ela também pode
ser perigosa se for influenciada pelo pecado e pela
rebelião. A falha em reconhecer seriamente a resposta que a
Palavra de Deus necessita resultará em uma vida de oportunidades
desperdiçadas.
Entretanto, a sabedoria de um estilo de vida de obediência aos
preceitos das Escrituras terá um impacto dramático sobre nossa
vida nesta era, e será recompensada para sempre na era que está
por vir. Uma das escolhas mais sábias que podemos fazer nesta
vida é orar. A oração pode ser expressa de muitas maneiras
edificantes, variando da meditação devocional tranquila à oração
intercessória coletiva por avivamento. Nesse contexto, focaremos na
função da oração intercessória .
O Salmo 2 revela um aspecto espantoso do relacionamento
entre o Pai e o Filho, concedendo à oração uma significância que
mal podemos calcular. No versículo 8, Deus Pai diz a Jesus, o Filho:
“Pede-me, e te darei as nações como herança e os confins da terra
como tua propriedade”. Observando o mistério da Divindade, vemos
que o Homem Jesus, como a segunda Pessoa da Trindade, opera
Seu governo através da intercessão. Ao longo dos Seus dias na
terra, Ele estava sempre se retirando em isolamento para orar
(Marcos 1:35; Lucas 5:16). Jesus escolheu os apóstolos após uma
noite em oração (Lucas 6:12), e nas horas que levaram à Sua
crucificação Ele clamou a Deus em favor dos Seus discípulos (João
17). O papel de Jesus na oração vai muito além dos limites da Sua
primeira vinda. Ele está sentado à destra de Deus e vive para
sempre para interceder (Romanos 8:34; Hebreus 7:25). Quando Ele
voltar e governar a terra desde Sião, Seu governo funcionará como
uma casa de oração para todas as nações (Isaías 56:7).
Esses são apenas vislumbres da verdade majestosa
entretecida ao longo da Bíblia: que a oração é o modo principal que
Deus escolheu para Jesus liberar o poder do Pai e introduzir Seu
Reino eterno. Como Sua Noiva, quando oramos, entramos em
parceria com Ele, o eterno intercessor. Assim como Cristo procurou
amigos para vigiar com Ele no jardim do Getsêmani (Marcos 14:32-
38), Ele convida para sempre Seu povo à intimidade e à autoridade
da oração.
Nossa decisão de aceitar esse convite ou de negligenciá-lo
tem ramificações profundas. Independentemente do que as pessoas
ou os demônios fizerem, Deus realizará os principais eventos do
plano que Ele determinou para o futuro — como a segunda vinda de
Jesus, Seu Reino sobre toda a terra, Satanás ser lançado no lago
de fogo, etc. Entretanto, Ele nos deu um papel dinâmico, através da
nossa reposta a Ele em oração, jejum e obediência, para determinar
parte da “qualidade de vida” que experimentaremos no natural e no
espiritual. Ele abre portas de bênção e fecha portas de opressão em
resposta às nossas orações. Há bênçãos que Deus só liberará
quando Seu povo pedir por elas na parceria íntima da oração. Há
opressões demoníacas que só sairão em resultado da oração e do
jejum (Mateus 17:21). Isaías ensinou que Ele anseia por liberar Sua
graça e Seu poder, mas na verdade aguarda até ouvir o clamor do
Seu povo em intercessão. “Contudo, o Senhor espera o momento
de ser bondoso com vocês; Ele ainda se levantará para mostrar-lhes
compaixão... Como Ele será bondoso quando você clamar por
socorro! Assim que Ele ouvir, lhe responderá” (Isaías 30:18-19).
Coletiva
É preciso humildade para abraçar tudo o que envolve reunir-se
coletivamente. As diferenças na adoração e nos estilos de oração,
nas ênfases doutrinárias e nas nossas personalidades fazem com
que a humildade seja necessária se quisermos nos reunir de
maneira regular. A mansidão que isso produz no nosso coração
promove uma atmosfera que conduz à atividade do Espírito Santo.
O Livro de Atos retrata sistematicamente a companhia apostólica de
cristãos unidos em oração em conjunto com grande liberação do
poder do Espírito Santo (Atos 1:14; 2:1; 4:24; 5:12). Existem muitas
outras passagens que também comunicam essa verdade. Por
exemplo, Davi disse: “Como é bom e agradável quando os irmãos
convivem em união!... Ali o Senhor concede a bênção” (Salmos
133:1, 3). Atos 1:14 é outro exemplo: “Todos eles se reuniam
sempre em oração...”.
O Pai só libera Sua plenitude para Sua família. Podemos ir até
certo ponto em Deus na nossa dedicação individual; há um teto no
Espírito até nos reunirmos. É preciso uma resposta coletiva,
unificada, por um período de tempo, para alcançar os níveis mais
altos da bênção pretendida por Deus sobre uma cidade ou nação. E,
ainda, o fogo em nosso coração pode se extinguir quando estamos
sós. Somos fortalecidos quando nos agrupamos com pessoas que
têm a mesma paixão e a mesma visão.
Intercessória
A oração intercessória clama a Deus em favor de outros e influencia
o curso das nações. Ezequiel expressou o desejo de Deus por
alguém que se colocasse na brecha entre Ele e Israel, alguém que
orasse de uma maneira que fizesse com que o juízo de Deus fosse
detido. Não encontrando nenhum intercessor, o Senhor destruiu a
terra. “Procurei entre eles um homem que erguesse o muro e se
pusesse na brecha diante de mim e em favor desta terra, para que
eu não a destruísse, mas não encontrei nenhum” (Ezequiel 22:30).
Quando Deus estava irado com Israel por causa do seu pecado,
Moisés se colocou na brecha entre Israel e Deus em oração. Deus,
na verdade, condescendeu, ou mudou Seu plano, e não destruiu a
nação. A intercessão de Moisés resultou em Deus manifestar Sua
misericórdia em vez do juízo (Êxodo 32:9-14).
Não basta orarmos para expressar nossa devoção pessoal a
Deus. Muitos que amam sua comunhão com Deus em oração não
têm revelação sobre a autoridade que a Igreja possui na
intercessão. Fomos chamados para nos colocarmos com autoridade
na brecha pelos outros, quer seja pela Igreja, por cidades e nações
inteiras, ou pelos indivíduos que ainda não conhecem o Senhor.
Adoração
Finalmente, quando a intercessão coletiva ocorre no ambiente de
músicas e canções proféticas, ela unifica, sustenta e inspira o povo
de Deus de uma maneira única. Mais pessoas podem entrar em um
nível mais profundo por períodos maiores quando a oração é aliada
à adoração ungida. Em Apocalipse 5:8, os anciãos que se reúnem
ao redor do trono seguram uma harpa, que representa a adoração,
e um cálice, que representa as orações dos santos. Unir a adoração
com a intercessão está em concordância com o padrão eterno do
céu.
A importância de capturarmos o poder da adoração
intercessória coletiva é intensificada dramaticamente nos nossos
dias porque a terra está no limiar de uma calamidade e de um
avivamento sem precedentes. Uma tempestade de glória e de juízo
surge no horizonte, e precisamos ter discernimento com relação à
resposta apropriada ao Dia que virá como um laço sobre todos os
que habitam nas nações (Lucas 21:35). O chamado primordial de
Deus a uma nação em crise é para nos reunirmos para orar, adorar,
jejuar e nos arrependermos dos pecados, pedindo a Deus para
liberar Seu poder em nosso favor. Mas antes de olharmos mais de
perto a resposta que Deus pede de nós, precisamos entender
melhor a natureza desse cataclismo mundial iminente.
O zelo de Deus
Os juízos de Deus são motivados por Seu zelo pela pureza do Seu
povo. A Igreja é rápida para falar sobre o papel de Satanás, e até
sobre o papel do homem pecador, mas hesitamos e ficamos
inseguros quanto ao papel de Deus em causar as crises. O papel
de Deus é se opor a qualquer operação do Seu inimigo, que é o
pecado. Até a nação escolhida, Israel, tornou-se inimiga de Deus
por viver em pecado: “Apesar disso, eles se revoltaram e
entristeceram o seu Espírito Santo. Por isso ele se tornou inimigo
deles e lutou pessoalmente contra eles” (Isaías 63:10). A
concordância com as trevas, mesmo quando praticada por aqueles
que conhecem Jesus, resulta em um relacionamento de inimizade
com o Santo de Israel. Tiago 4:4 é claro com relação a isso:
“Adúlteros, vocês não sabem que a amizade com o mundo é
inimizade com Deus? Quem quer ser amigo do mundo faz-se
inimigo de Deus”.
Está claro que é o Cordeiro de Deus quem abre os selos e
orquestra os acontecimentos descritos no Livro de Apocalipse. Mas
o papel de Deus no juízo é muito controverso, mesmo dentro da
Igreja. Seu propósito no juízo é remover tudo que impede o amor.
Ele não tem prazer em derramar Seu juízo sobre os maus (Ezequiel
33:11). Ele destruirá a tirania do pecado sobre os reinos do mundo e
estabelecerá um Reino de justiça que jamais terá fim (Apocalipse
11:15). Ele dispensará a ira sobre os maus e disciplinará aqueles
que estão na Igreja e que estão em rebelião a fim de trazê-los à
pureza. Quando Jesus dividir o céu na Sua segunda vinda e descer
com um brado (1 Tessalonicenses 4:16), Ele removerá
violentamente todas as coisas que o ofendem, e terá uma Noiva
imaculada (Mateus 13:41; Apocalipse 19:7-8).
A fúria de Satanás
A fúria de Satanás causará grande tumulto sobre a terra dentro dos
limites que Deus estabelece. Quando a hora dessa condenação se
tornar iminente, Satanás desatará sua fúria contra a nação de Israel
e contra todos aqueles que seguem o Cordeiro, conforme descrito
em Apocalipse 12:12, que diz: “Mas, ai da terra e do mar, pois o
diabo desceu até vocês! Ele está cheio de fúria, pois sabe que lhe
resta pouco tempo”.
O pecado do homem
O desafio mais aterrorizante que uma nação em pecado enfrentará
será o próprio Deus. Este é um desafio muito mais ameaçador que
os ataques de Satanás, os desastres naturais ou as tramas dos
terroristas. Os homens podem usar seu livre-arbítrio para ferir uns
aos outros. Eles são responsáveis pelas guerras e atos de violência
que estão se multiplicando nesses dias.
Assembleias Solenes
Precisamos ser claros acerca da importância das dimensões
coletivas de oração e jejum. Joel identificou esse componente
crucial quando convidou o povo para clamar a Deus coletivamente.
Essa passagem, junto com Joel 1:13-14, enfatiza o alcance desse
ajuntamento. A situação exigia que todas as pessoas, inclusive os
anciãos, as crianças e até os noivos e as noivas, fossem chamados
para essa santa convocação. Implícita nesse chamado abrangente
está a natureza grave e sagrada da assembleia.
Quando nos reunimos após uma calamidade ou nos
preparando para o que é iminente, precisamos fazer isso com uma
postura de humildade e lamento. Através do profeta Joel, o Senhor
instrui o povo a jejuar e lamentar, e aqueles que ministram a Ele a
chorar em intercessão durante toda a noite. Não basta se reunir e
orar casualmente. Quando o desastre nos atinge e quando olhamos
para a gravidade dos dias que estão diante de nós, precisamos
deixar de lado todas as distrações e lançar nosso coração em
gemidos e dores de parto com um só coração, suplicando ao
Senhor que tenha misericórdia.
Rasgando o Coração
Para que o jejum e a adoração intercessória coletiva sejam eficazes,
eles devem ser abraçados por um povo comprometido de todo o
coração. Rasgar significa partir algo violentamente ou à força.
Quando arrancamos o coração violentamente das áreas de pecado,
nós nos alinhamos com o que Deus requer. Tradicionalmente, os
povos antigos rasgavam suas vestes para mostrar sofrimento e
desespero. Quando Deus deseja o rasgar do coração (Joel 2:13),
Ele está falando de uma violência espiritual radical para com tudo o
que nos separa dele (Mateus 11:12). Parafraseando Joel, ele disse:
“Rasguem seus corações até abri-los! Não se poupem! Se houver
uma questão em suas vidas que sufoque o Espírito Santo, livrem-se
dela!”. Falando simbolicamente sobre esse rasgar radical, Jesus
disse: “Se o seu olho direito o fizer pecar, arranque-o e lance-o
fora... E se a sua mão direita o fizer pecar, corte-a e lance-a fora...”
(Mateus 5:29-30). Ele estava falando sobre uma busca radical por
justiça que rasga dolorosamente o coração no processo de
arrependimento. Em outras palavras, devemos abandonar todas as
concessões, seja qual for o preço.
Como ocidentais, esperamos ser comprometidos de todo
coração, de uma maneira que seja suave, fácil e dócil, mas
geralmente há dor envolvida no processo de cooperar com o
Senhor para arrancar o sistema de raízes do cativeiro em nossa
vida. Alguns prefeririam não ter de mudar o estilo de vida ou a
maneira como gastam o tempo na sua busca por liberdade e
santidade. Queremos que o Senhor faça nossos problemas
evaporarem sem nenhum custo ou esforço — sem a dor de
rasgarmos nossos corações. Não nos importamos de jejuar
algumas refeições ou de dedicarmos algumas horas para clamar
no quarto de oração. Mas geralmente negligenciamos a
necessidade de rasgarmos o coração porque não queremos sentir
a dor de um rasgar íntimo e pessoal.
Deus é contra grande parte do que a igreja rotula de termos a
nossa “liberdade na graça de Deus”. Muitas das “liberdades” pelas
quais a Igreja luta são as mesmas coisas contra as quais Deus está
lutando. A maneira como gastamos tempo e dinheiro; a maneira
como buscamos honra; a maneira como falamos, nos relacionamos
e demonstramos nossa amargura, tudo isso evidencia que não
abandonamos aquilo que nos afasta de Deus.
O coração de Deus Pai foi rasgado quando Ele entregou Seu
único Filho como sacrifício pelo pecado, e ele continua a ser
rasgado na Sua paciente longanimidade com Seu povo enquanto
ele se recusa a responder com arrependimento. Jesus rasgou Seu
coração quando foi para a cruz. Não é mistério a razão pela qual
Deus quer que rasguemos o nosso coração em amor por Ele. Ele
rasga o próprio coração na Sua busca por nós; Ele provou que não
nos ama de uma maneira desligada e distante. Para entrarmos
plenamente nesse amor e para participar da plenitude do jejum e
da oração nas assembleias solenes nosso coração precisa ser
rasgado.
R
jejum motivado pelo anseio pelo nosso Noivo celestial, e
entendendo a necessidade das assembleias solenes à luz
da crise global vindoura, a International House of Prayer
em Kansas City estabeleceu o Jejum Global do Noivo. No
início de cada mês, toda a equipe e todos aqueles que
gostariam de participar se reúnem por três dias de adoração
intercessória, oração e jejum coletivos.
Em Kansas City, nos reunimos na primeira segunda-feira,
terça-feira e quarta-feira de cada mês, e por sete dias em dezembro,
o que totaliza quarenta dias de jejum todos os anos. Nossa
intercessão coletiva é centralizada em torno de seis reuniões de
oração de duas horas todos os dias (seis horas, dez horas,
dezesseis horas, vinte horas, meia-noite e quatro horas da manhã).
Esses são momentos abençoados, reservados para chorarmos a
ausência de Jesus, para clamar pelo Seu retorno, para lembrar
nosso primeiro amor e para clamar para que uma atividade sem
precedentes do Espírito Santo seja liberada aqui e no exterior.
Apesar de ser uma resposta ao mandato das Escrituras, o
Jejum Global do Noivo foi iniciado pelo Senhor quando Ele falou
profeticamente à nossa liderança em janeiro de 2002. Ele instruiu a
comunidade de cristãos aqui a abraçar um compromisso contínuo
de realizar assembleias sagradas mensais até a volta de Jesus, e
de convocar o Corpo de Cristo em todo o mundo para fazer o
mesmo.
Ouça e Escute
“Ouçam isto, anciãos; escutem, todos os habitantes do país. Já
aconteceu algo assim nos seus dias? Ou nos dias dos seus
antepassados?” (Joel 1:2). É necessária a obra do Espírito Santo
para que nossos corações recebam a revelação desta mensagem.
Quer seja nos dias de Joel ou nos nossos, essa sabedoria não
muda. Sua primeira exortação é “ouçam e escutem”, o que significa
estudar diligentemente o livro de Joel. Sua mensagem central de
longo prazo é que a glória de Deus no avivamento está vindo, junto
com a crise do anticristo e a grande tribulação. Joel nos diz que
durante esse período, uma vida comprometida de todo o coração —
um estilo de vida de jejum — pode fazer a diferença porque Deus é
bondoso e libera a bênção em meio à crise se o Seu povo o buscar.
Joel desafia o povo a “ouvir”, o que significa que o povo precisa
levar um estilo de vida que intensifique sua capacidade de ouvir.
Precisamos “escutar” a fim de nos comprometermos em entrar
profundamente na mensagem. Esse ouvir não vem automaticamente
porque somos cristãos. Requer um cultivar intencional e deliberado
da revelação da mensagem de Joel. A fim de ouvir claramente
precisamos do espírito de revelação (Efésios 1:17).
Jesus fez este mesmo apelo às sete igrejas mencionadas em
Apocalipse, dizendo: “Aquele que tem ouvidos, ouça” (Apocalipse
2:7; 3:6). Parafraseando Jesus, Ele disse: “Prestem muita atenção,
porque é necessária a ajuda de Deus para ouvir realmente a
Palavra”. Tome cuidado com as informações que você recebe. Se
Deus não ajudar você a ouvi-las, você acabará esquecendo-as ou
desconsiderando-as. A mensagem dos tempos do fim é ofensiva à
carne; resistimos naturalmente ao que desafia nossas zonas de
conforto. A instrução de Deus para ouvirmos, para cultivarmos o
entendimento, é essencial. Se experimentarmos uma agitação inicial
com a mensagem dos tempos do fim, devemos persegui-la até que
nosso coração seja capturado pela revelação. Essa mensagem
precisa se tornar um entendimento vivo no nosso coração.
Outra maneira de dizer isso é que precisamos “comer o rolo”,
digerindo sua verdade até que ela se torne parte de nós (Ezequiel
3:1; Apocalipse 10:9). Se não alimentarmos o espírito com a
mensagem, a inspiração inicial que experimentamos ao ouvi-la
evaporará rapidamente. Oramos: “Senhor, não me contentarei até
que meu coração esteja queimando com revelação para que eu viva
de maneira diferente”. Assim como os discípulos no caminho para
Emaús, queremos que nosso coração queime dentro de nós ao
abrirmos as Escrituras (Lucas 24:32).
Proclame a Mensagem
Joel 1:3 nos diz que, depois que ouvirmos a mensagem, precisamos
dizer a outros. Devemos não apenas ouvir essa mensagem e nos
envolver com ela; precisamos também proclamá-la. O preço que
pagaremos por dizer a verdade com ousadia pode ser visto nas
perseguições que os profetas do Antigo Testamento sofreram. Eles
foram criticados, banidos, aprisionados e mortos. O Senhor honra a
coragem e a fé que são necessárias para proclamar a mensagem
do fim dos tempos de Joel 2, e Ele nos dará mais revelação e
autoridade se usarmos fielmente o que Ele nos confia. Jesus citou
Joel 1:2 quando Ele disse aos Seus discípulos: