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HOMILÉTICA

Professor: André Felipe da Cunha


28/06/2021 à 19/07/2021
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AULA 1

O QUE É HOMILÉTICA

O significado de homilética diz respeito à preparação e comunicação de sermões


bíblicos feitos para a pregação. Em outras palavras, é a disciplina teológica que se
encarrega de instruir alguém na organização dos seus pensamentos para comunicar
com eficiência um sermão baseado na Bíblia sagrada.

A HOMILÉTICA é:

 CIÊNCIA sob o ponto de vista de seus fundamentos teóricos, históricos,


psicológicos e sociais;
 ARTE quando considerada nos seus aspectos estéticos, a beleza do
conteúdo e da forma;
 TÉCNICA pelo modo especifico de sua execução ou ensino;
 RELIGIOSA por sua função espiritual de transformação, adoração e poder.

A palavra HOMILÉTICA se originou a partir do grego:

 HOMILETIKE – ensino em tom familiar


 HOMILEO – derivado de “homiletike” que significa conversar
 HOMILIA – adaptação de “homileo”, quer dizer discurso com a finalidade de
agradar

No século XVII, o cristianismo se aproveitou de características da excelente retórica


grega e as levou para a igreja, dando o nome de homilética.

Segundo o dicionário brasileiro, HOMILÉTICA é: “Eloquência de púlpito, arte de


pregar sermões”.

Ou seja, homilética é considerada o estudo da arte de pregar, utilizando os


princípios da retórica com a finalidade específica de falar sobre a Bíblia cristã.
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Vamos formar juntos então, o conceito do que é HOMILÉTICA:

 ______________________________________________________________

 ______________________________________________________________

 ______________________________________________________________

É importante destacar que Deus não se limita a nenhuma regra de retórica. Ele
está acima de todas as coisas e, não raras são as vezes que recebemos uma
palavra que entra como flecha ao nosso coração, vinda de uma pessoa
completamente leiga em relação a qualquer método ou estudo homilético.

Ele faz o que quer, com quem Ele quer, quando bem desejar.

OBJETIVO

O estudo da homilética é indicado a todo aquele que deseja aprender a PREPARAR


e APRESENTAR os sermões através de pregações bíblicas mais eficazes e
interessantes, de maneira a cativar o público.

Quando aplicada corretamente, a homilética traz orientação ao pregador, que


abordará com mais clareza o texto ao ouvinte. Se os temas apresentados forem
mostrados com eficiência, a igreja conseguirá entender como fazer a aplicação
pessoal do conteúdo ministrado.

Vale lembrar que a mensagem cristã, quando construída, precisa necessariamente


convergir à, pelo menos, um ou mais dos seguintes objetivos:

 Arrependimento
 Conversão
 Renúncia
 Metanóia
 Mudança de atitudes
 Encorajamento
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ALÉM DO DISCURSO

Pregar não é somente discursar, mas principalmente, entender que todo pregador é,
acima de tudo, um porta-voz divino. Sendo assim, as palavras não devem ser as de
sua boca, mas as da boca de Deus, pois existe uma expectativa do próprio Deus em
relação ao alimento que será dado à Sua igreja.

Por isso, a vida do pregador deve ser condizente com a sua pregação.

Ele precisa passar credibilidade, pois suas ações sempre falarão mais alto que suas
palavras. Portanto, é fundamental sempre oferecer a verdade. Viver aquilo que se
prega torna o discurso respeitável e digno de receber confiança.

HISTÓRIA

A homilética surgiu na Mesopotâmia, há mais de 3000 anos a.C., para auxiliar a


necessidade que os sacerdotes tinham de prestar contas dos seus recebimentos e
gastos às corporações a que pertenciam.

Entretanto, homilética como termo designativo (que designa algo) com suas
técnicas, sistematização e adaptação às habilidades humanas, nasceu entre os
gregos com o nome de retórica. Posteriormente foi adaptada no mundo romano com
o nome de oratória, e, finalmente, para o mundo religioso com o nome de homilética.

Assim, ela nasce quando, a partir do século IV d.C., os pregadores cristãos


buscaram estruturar suas mensagens utilizando o melhor da retórica grega e da
oratória romana.

Nos primórdios do cristianismo, os cultos cristãos assemelhavam-se às reuniões da


sinagoga judaica, limitando-se à leitura e interpretação das Escrituras, tendo os
sermões, muitas vezes, o caráter narrativo. No entanto, a partir do movimento
reformista de 1517 (Reforma Protestante de Martinho Lutero, simbolizada pela
publicação das suas 95 Teses na porta da Igreja do Castelo de Wittenberg), os
pregadores começaram a dedicar maior atenção ao estudo da arte e das técnicas,
interessados em melhor comunicarem seus sermões.
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PANORAMA BÍBLICO

A palavra BÍBLIA se originou a partir do grego βιβλία e significa LIVRO.

A forma mais antiga de livro que se tem notícia são os rolos de papiro. Por volta de
2.500 a.C. os antigos egípcios desenvolveram a técnica de confecção das folhas de
papiro, usando material proveniente de uma planta abundante das margens do Rio
Nilo, chamada Cyperus Papyrus.

O papiro então, era confeccionado a partir do caule dessa planta, cortado em finas
tiras. Depois disso, essas tiras eram molhadas, sobrepostas e cruzadas para, por
fim, serem prensadas. Prontas as folhas, elas eram coladas uma ao lado da outra,
formando uma longa fita. Dessa forma, eram enroladas e armazenadas.

A palavra grega para papiro era “biblos”, derivada do nome do porto fenício de
Byblos, hoje Jubayl, no Líbano, através do qual o papiro era exportado. O plural de
“biblos” em grego era “ta biblía”, que significava literalmente 'os livros', e que acabou
entrando para o latim eclesiástico na forma singular, para designar o conjunto de
livros sagrados que compõem a Bíblia.

A Bíblia foi escrita por cerca de 40 autores, ao longo de mais de 1600 anos. O
Antigo Testamento foi escrito em Hebraico e Aramaico, enquanto o Novo
Testamento foi escrito em Grego.

Alguns dos materiais usados foram:

 TÁBUAS DE PEDRA – em formato retangular, com provavelmente 45cm de


altura e 30cm de largura (Exemplo: os Dez Mandamentos de Êxodo 24:12);

 PAPIRO – espécie de papel rudimentar, feito de folhas extraídas de uma


planta do mesmo nome, originária do Rio Nilo;

 PERGAMINHOS – feito de couro de animal curtido até ficar bem macio e era
deixado numa espécie de cal para que ficasse branco, servindo como papel.
Media em torno de 7 metros de comprimento. Quando colados ou costurados,
chegavam a medir até 20 metros. Peles de cabras e ovelhas eram
comumente usados pelos escribas.
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Alguns textos foram escritos em cavernas, outros em prisões, outros em palácios,


outros em casas, por escritores de diferentes culturas, épocas e vivências sociais.
Os homens tentam, ao longo de milhares de anos, provar a contradição da Bíblia e
que ela está errada, mas, até hoje, ninguém conseguiu e nem nunca conseguirá.

Isso se deve ao fato de a Bíblia ser inerrante e infalível.

Há muitas discussões acerca desses dois temas, com alguns teólogos defendendo
que um termo sobrepõe o outro, porém, para elucidar melhor a questão, vamos
pensar no seguinte:

 Imagine o cadastro de membros da igreja. Nele, todos têm seus dados sem
nenhum tipo de erro formal, com todas as informações preenchidas e nenhum
dado falso. Porém, o pastor, ao visitar alguém, verifica que a pessoa não
mora mais no local cadastrado. O endereço é verdadeiro, mas ela agora está
residindo em outro lugar. Ou seja, essa lista é inerrante, mas falível.

 Noutro exemplo mais simples, imagine uma calculadora. Ela é incapaz de


errar um cálculo, porém, é totalmente capaz de falhar, caso esteja com sua
bateria enfraquecida. Ou seja, ela também é inerrante, mas falível.

A inerrância bíblica implica em acreditar que a Bíblia é totalmente verdadeira em


todas as suas partes e em tudo que ela ensina. A infalibilidade bíblica implica em
acreditar que tudo aquilo que a Bíblia diz a respeito do homem, do mundo e de
Deus, já aconteceu ou ainda irá acontecer, sejam suas profecias ou promessas.

A Bíblia é unitária, harmônica e coerente. Ela se explica por si própria, prova do


quão perfeita e poderosas são as palavras ali registradas: "Toda a Escritura é
inspirada por Deus e útil para o ensino, para a repreensão, para a correção e para a
instrução na justiça" (2 Timóteo 3:16).

A Bíblia foi escrita por homens, mas Deus é o verdadeiro autor da Bíblia. Foi
Ele quem inspirou os homens na elaboração de cada livro: "Antes de mais nada,
saibam que nenhuma profecia da Escritura provém de interpretação pessoal, pois
jamais a profecia teve origem na vontade humana, mas homens falaram da parte de
Deus, impelidos pelo Espírito Santo" (2 Pedro 1:20-22).
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ORGANIZAÇÃO BÍBLICA

No que tange a parte organizacional, propositalmente, a Bíblia não foi disposta de


forma cronológica, mas sim, por estilos literários, para melhor entendimento e leitura.

 66 LIVROS – Antigo Testamento (39) e Novo Testamento (27).

 ANTIGO TESTAMENTO – Pentateuco (5), Históricos (12), Poéticos (5),


Proféticos (17 – Maiores: 5 / Menores: 12).

 NOVO TESTAMENTO – Evangelhos/Biografias (4), Histórico (1), Cartas (21),


Revelação (1).
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A palavra testamento significa ALIANÇA.

À título de curiosidade, a Bíblia católica contém 73 livros, 7 a mais que a evangélica,


sendo eles os livros de: Tobias, Judite, Sabedoria de Salomão, Eclesiástico, I e II
Macabeus e Baruque (ou Baruc).

Vamos entender melhor o porquê de cada divisão ter sido feita dessa forma.

ANTIGO TESTAMENTO

1. PENTATEUCO - Do grego “pentateuchos”, significa 'livro de cinco volumes', é


composto pelos 5 primeiros livros da Bíblia. Estes fazem parte da Torá, o
Livro da Lei para os judeus.

2. HISTÓRICOS - Formado por 12 livros que contam a história do povo de Israel


desde a conquista da Terra Prometida até o exílio babilônico.

3. POÉTICOS - 5 livros fazem parte deste grupo. São poesias, sabedorias,


provérbios e cânticos. Estes estão organizados por ordem de relevância.

4. PROFETAS MAIORES - Os livros proféticos são registros dos profetas sobre


o povo de Israel. Neste grupo há uma sub-divisão - profetas maiores (5) e
menores (12) - organizados por ordem de relevância.

5. PROFETAS MENORES - A nomenclatura não quer dizer que um profeta era


"maior do que o outro", na verdade, a definição está relacionada a extensão
da obra literária. Os livros dos profetas menores têm menos capítulos do que
os livros dos profetas maiores.

PERÍODO INTERTESTAMENTÁRIO (OU INTERBÍBLICO)

Este período remete ao que não foi escrito. É justamente o espaço de tempo em que
nada foi profetizado entre o Antigo e o Novo Testamento. Os "anos de silêncio"
duraram aproximadamente 400 anos. É a página em branco entre os testamentos.
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NOVO TESTAMENTO

1. EVANGELHOS - Os 4 Evangelhos relatam o nascimento, ministério, morte,


ressurreição e a ascensão de Jesus. Destes, 3 Evangelhos são denominados
como sinóticos - que tem a mesma visão - pois respeitam a mesma sequência
de fatos (Mateus, Marcos e Lucas). Apenas o Evangelho de João se difere
dos demais por ter diferenças em vários detalhes, na ênfase e no vocabulário.

2. HISTÓRICO - É composto por apenas um livro que aborda sobre a história e


implementação da Igreja Primitiva depois do derramar do Espírito Santo e a
expansão do Evangelho.

3. CARTAS / EPÍSTOLAS - São cartas apostólicas direcionadas às primeiras


igrejas espalhadas no mundo antigo, Num total de 21 cartas. Todas as cartas
estão organizadas cronologicamente, sendo que as 13 primeiras cartas são
de autoria do Apóstolo Paulo, enquanto as 8 cartas restantes foram escritas
por outros autores.

4. REVELAÇÃO / APOCALIPSE - Apenas o Livro de Apocalipse - escrito por


João (talvez não o discípulo) - faz parte desta categoria. Ele narra
profeticamente os acontecimentos dos últimos dias da igreja na terra.

ORGANIZAÇÃO EM CAPÍTULOS E VERSÍCULOS

Originalmente, os textos não eram divididos dessa forma. Prova disso é que, o
próprio Jesus, quando citava as Escrituras, fazia uso da expressão “está escrito”,
pois não havia forma de referenciar a localização exata do texto como fazemos hoje.

A organização da Bíblia em capítulos e versículos não ocorreu do dia para noite, e


nem em um único evento, foi sendo feita em diferentes épocas.

A divisão em capítulos, foi feita pelo arcebispo inglês Stephen Langton, no século
XIII, no ano 1227. A organização foi feita a partir da Vulgata (versão latina da Bíblia)
e posteriormente Lagnton capitulou as versões da Bíblia em hebraico e grego.
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Já a divisão dos versículos se deu séculos depois. Santi Pagnini foi o primeiro a
tentar organizar a Bíblia em versículos numerados, no ano 1527.

Apesar da publicação de Pagnini, foi o impressor Roberto Estienne que criou a


versão utilizada até os dias de hoje. Em 1551, Roberto Estienne fez a divisão em
versículos da versão grega do Novo Testamento e em 1555 fez a divisão completa
da versão latina.

A primeira Bíblia impressa a ter capítulos e versículos foi a Bíblia de Genebra,


publicada em 1560 na Suíça. Nesta Bíblia foi utilizada a divisão de capítulos de
Stephen Langton e a organização dos versículos numerados de Roberto Estienne,
modelo seguido até os dias de hoje.

CANÔN BÍBLICO

Cânone bíblico ou cânone das Escrituras é a lista de textos (ou "livros") religiosos
que uma determinada comunidade aceita como sendo inspirados por Deus.

No caso da Bíblia cristã, a escolha de quais livros a compõem não foi feita de
maneira aleatória. Eles foram submetidos à canonização, que é o processo pelo qual
receberam aprovação e aceitação dos líderes da igreja.

A palavra Cânon significa regra, régua, vara de medir, padrão. Ou seja, para que um
livro tivesse lugar no cânon deveria ser submetido a regras muito exigentes e
consistentes e estar em concordância de alguns parâmetros para sua legitimidade.

Tudo começou por volta dos anos 300 a 400 d.C., quando os líderes cristãos
começaram a debater o que era e o que não era a palavra de Deus e o que deveria
e não deveria fazer parte das escrituras sagradas, como hoje a conhecemos.

A discussão durou séculos e vários concílios foram realizados, até que então, em 13
de dezembro de 1545, na cidade de Trento, Itália, o Papa Paulo III realizou 19º
concílio ecumênico da Igreja Católica, chamado de Concílio de Trento, que durou 18
anos, encerrando-se em 4 de dezembro de 1563.
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O objetivo deste concílio era assegurar a unidade da fé e a disciplina eclesiástica


católica, no contexto da Reforma da Igreja Católica e da reação à divisão então
vivida na Europa devido à Reforma Protestante, lidera por Martinho Luthero.

Nesse encontro foi definida a lista de livros que compõe a Bíblia sagrada, bem
como, a diferença entre a versão protestante e a católica, esta última, ficando com 7
livros a mais, conhecidos por nós como apócrifos ou deuterocanônicos, por
acreditarmos não possuírem inspiração divina.
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AULA 2

OS TIPOS DE SERMÃO E SUAS PARTICULARIDADES

Dentro de Teologia, podemos, basicamente, dividir os sermões em 3 diferentes


tipos, sendo eles: TEMÁTICO, EXPOSITIVO e TEXTUAL. Cada um possui
características únicas que os fazem diferentes entre si, podendo o ministro escolher
o que melhor se adapta ao seu estilo de pregação e a finalidade do momento.

Assim como as influências sociais, culturais e familiares vão formando nossa


personalidade ao longo do tempo, cada pregador vai construindo, ao longo do
tempo, seu próprio estilo de comunicar a palavra de Deus e não deve, de maneira
alguma, se comparar a outros na busca da utópica perfeição.

Entender que cada pessoa carrega dentro de si uma identidade única em Deus, faz
com que a barreira da comparação seja vencida e possamos fluir em nosso
ministério com ousadia e graça.

Para os momentos em que nos sentirmos incapazes ou inferiores a alguém,


devemos lembrar que Deus sabe exatamente quem Ele escolheu para usar, com
todos os defeitos e qualidades.

E o entendimento correto acerca do que Deus considera adequado para usar,


quebra toda resistência e possibilidade de dizermos não à Ele. Afinal, capacidade
nunca foi um requisito para Deus.

Ele não busca os mais preparados, Ele busca os mais dependentes. Um


coração humilde e disposto vale mais para Deus do que uma mente teologicamente
prepotente. Pois todo aquele que acha que tem algo a oferecer, acaba apoiando a
expectativa do agir de Deus em cima de suas próprias habilidades.

Ele é a fonte. Nós somos apenas o canal.

Vejamos, então, detalhadamente cada tipo de sermão e suas características.


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SERMÃO TEMÁTICO

Certamente, entre os três tipos de sermão, este é o mais fácil de ser produzido,
sendo o recomendado para quem está iniciando na arte da pregação.

Contudo, mesmo diante da facilidade que ele proporciona, existe uma forma correta
de elaborar um esboço de sermão temático, e é por isso que aprenderemos a
seguir, tudo que é necessário para construí-lo acertadamente.

Podemos dizer que, em suma, a pregação temática é aquela cuja mensagem é


desenvolvida em torno de um único tema central. Ela não se detém a um texto
específico, podendo usar várias passagens bíblicas para apoiar o tema escolhido.

As principais divisões são tiradas do próprio assunto escolhido.

Entretanto, apesar de ser um dos mais fáceis a desenvolver, sem dúvidas, também
é um dos mais fáceis de errar. É preciso ter cuidado para que os textos escolhidos
não tragam outros assuntos que quebrem a unidade necessária para o bom
desenvolvimento da mensagem.

Por se tratar de um tema, alguns pregadores separam versículos isolados e acabam


tirando-os do contexto, e, consequentemente, falando heresias. Por isso, por mais
que seja fácil é preciso redobrar a atenção ao elaborar este tipo de sermão.

CARACTERÍSTICAS do sermão temático:

 A divisão da mensagem não depende do texto. É extraída do próprio tema.


 Uma vez usado o texto bíblico, não há necessidade de usá-lo novamente, a
não ser que contenha a ideia central do sermão.
 Escolhido o tema, busca-se em qualquer parte da Bíblia pelos textos que
apoiem as ideias selecionadas.
 É o mais apropriado para os que estão iniciando no púlpito.
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EXEMPLO de sermão temático:

 TEMA: CARACTERÍSTICAS DO AMOR DE DEUS


1. O amor de Deus é eterno (Jeremias 31:3)
2. O amor de Deus é soberano (Deuteronômio 7:8)
3. O amor de Deus é grande (Efésios 2:4)
4. O amor de Deus é imutável (João 13:1)

O sermão temático não precisa, necessariamente, trabalhar com divisões em


tópicos. Eles servem para orientar o pregador e facilitar a condução da mensagem,
porém, não são uma obrigação, ficando a critério de cada um utiliza-los ou não.

VANTAGENS do sermão temático:

1. Variedade de assuntos – Qualquer tema pode ser desenvolvido.

2. Variedade de embasamentos bíblicos – O pregador não precisa se prender a


uma porção única da Bíblia, mas pode aplicar diversos textos que falam sobre
um mesmo tema.

3. Facilidade de preparo – Não exige tanto conhecimento de exegese bíblica.


Permite liberdade para que o pregador organize e entrelace as ideias como
achar melhor.

4. Facilidade para alcançar o objetivo – O tema serve de bússola na busca das


metas estabelecidas. Se o pregador deseja provar uma ideia, por exemplo,
todos os argumentos podem ser dirigidos para essa ideia escolhida.

DESVANTAGENS do sermão temático:

1. Risco de secularismo – O pregador corre o risco de prender-se tanto ao


assunto e às suas implicações que pode acabar ficando distante da Bíblia,
principalmente se o assunto tiver conotação social.

2. Risco de inaplicabilidade – A preocupação excessiva de expor e explorar ao


máximo o assunto, pode levar o pregador a ficar só no plano das ideias e não
conseguir fazer o público visualizar sua mensagem numa aplicação prática.
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3. Risco de superficialidade – Por ser um método fácil, há o risco do pregador


negligenciar o estudo mais profundo. Afinal, é mais cômodo reunir vários
versículos da Bíblia sobre determinado assunto sem se aprofundar em
nenhum deles do que estudar profundamente o significado de um único texto.

SERMÃO EXPOSITIVO

O significado da palavra exposição é: “apresentação organizada de um assunto”,


dando a conotação de que é o sermão fundamentado essencialmente na explicação
de um tema bíblico.

Neste sentido, é correto afirmar que é o sermão que ajuda os ouvintes a entenderem
o significado do texto bíblico e o que Deus quer que façam à luz do que ele ensina.
Por isso, o pregador deve se esforçar para apresentar com pureza e clareza o
verdadeiro sentido da passagem escolhida.

O sermão expositivo é também, a transmissão de uma passagem bíblica com mais


de dois ou três versículos, onde todas as ideias saem do texto e do contexto,
deixando que o texto e o contexto determinem as divisões e o conteúdo do sermão.

Muitas pessoas tem o pensamento equivocado, achando que pregação expositiva é


fazer um comentário exaustivo em cima da passagem bíblica, de forma que se
explique palavra por palavra, vírgula por vírgula.

Mas na verdade, a verdadeira pregação expositiva é aquela que se concentra na


exposição (explicação) das verdades contidas no texto, sem alterar a mensagem
principal que a própria Escritura está ensinando, de forma organizada e profunda.

E, apesar de ser o mais difícil de preparar e que exige mais habilidade exegética que
os outros, este sermão é o que penetra na alma com mais poder.

Sendo assim, a chave para um sermão expositivo bem-sucedido é:

1. Ler – o texto.
2. Explicar – o contexto.
3. Aplicar – na vida do ouvinte.
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CARACTERÍSTICAS do sermão expositivo:

 Trabalha o texto, dando ênfase a ele - Pode até haver alguma referência a
outra passagem, mas apenas para ilustrar ou reforçar o texto base escolhido.

 É fiel ao texto - Isso é o que em teologia se chama integridade hermenêutica.


Ou seja, é o respeito às regras de interpretação bíblica, sem qualquer
tentativa de forçar o texto a dizer o que na realidade não diz.

 Tem coesão – As diferentes partes da mensagem devem estar unidas entre


si, sempre voltando ao ponto central que é a passagem escolhida. Isso faz
com quem a mensagem tenha um tema único e não vários diferentes.

 Ele tem movimentação lógica - O ouvinte deve ser conduzido de um ponto de


partida até a linha de chegada. Se o pregador está falando da cura do cego
Bartimeu, por exemplo, o ouvinte precisa acompanhá-lo nessa trajetória. Ou
seja, acompanhar a história da passagem do início ao fim.

 O sermão tem aplicação - Pregação sem aplicação não é expositiva. Por isso
é preciso que os eventos do passado se reflitam nas coisas que acontecem
hoje, no dia-a-dia dos ouvintes. O que a pregação resolve na vida do ouvinte?

EXEMPLO de sermão expositivo:

 TEMA: COMO O CRISTÃO DEVE ANDAR


 TEXTO BASE: 1 Tessalonicenses 4:1-18
1. Deve andar em santidade (vs. 1-8)
2. Deve andar em amor (vs. 9-10)
3. Deve andar em honestidade (vs. 11-12)
4. Deve andar em esperança (vs. 13-14)

VANTAGENS do sermão expositivo:

1. Valoriza a mensagem de Deus – Por estar baseado e estruturado num texto


bíblico, não há o risco de se pregar um assunto desnecessário, já que o
próprio texto é a mensagem cujas ideias serão apresentadas no sermão.
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2. Honra a Bíblia - Pelo fato de tratar a Bíblia como foi escrita, a pregação
expositiva caracteriza-se por respeitar o texto e seu sentido original. Além
disso, coloca a Bíblia acima de qualquer outra fonte.

3. Promove o crescimento espiritual - A pregação expositiva encoraja o povo a


estudar por si mesmo a Palavra de Deus, conduzindo a congregação à
maturidade espiritual e ao descobrimento das verdades bíblicas.

Uma das técnicas para um bom sermão expositivo é, sem dúvidas, fazer perguntas
ao texto. O método jornalístico usa 6 perguntas chaves, sendo elas:

 Quem? O quê? Quando? Onde? Por quê? Como?

Outras perguntas mais abrangentes podem ser feitas e que devem ser respondidas
no sermão expositivo, como por exemplo:

1. O que o texto significa?


2. Quais as circunstâncias que levaram o texto a ser escrito?
3. O que nós temos em comum com os personagens do texto?
4. Como as pessoas de hoje deveriam reagir à verdade do texto?
5. Qual a maneira mais eficiente de comunicar a mensagem do texto?

A resposta dessas perguntas exige uma pesquisa afim de descobrir o contexto. E


isso naturalmente requer tempo e esforço, mas esse é exatamente o preço de uma
boa pregação expositiva e que fará a diferença na hora da exposição.

Importante destacar que no sermão textual, o estudo do contexto é importante. Mas,


no expositivo, ele é indispensável à fiel comunicação da mensagem bíblica.

SERMÃO TEXTUAL

A últimas das três divisões, é o tipo de sermão elaborado a partir de um texto bíblico
menor, onde o tema e as divisões são tirados apenas do texto base. Ou seja, a
estrutura do sermão é construída a partir da passagem bíblica escolhida.

Normalmente são textos pequenos.


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Neste tipo de sermão, geralmente as ideias estão visíveis na passagem bíblica e as


divisões podem ser as mesmas palavras do próprio texto, trazendo afirmações bem
diretas e que produzem ideias nítidas.

A principal diferença do sermão expositivo para o sermão textual, é a extensão da


passagem bíblica em que se baseia. Porém, na prática, ambos se sobrepõem.

EXEMPLOS de sermão textual:

 TEMA: JESUS É TUDO QUE PRECISAMOS


 TEXTO BASE: João 14:6
1. O caminho para o céu
2. A verdade que liberta
3. A vida que salva

 TEMA: OS TRÊS ESTÁGIOS PARA A VITÓRIA


 TEXTO BASE: Salmos 37:5
1. Entregar – “Entrega o teu caminho ao Senhor”
2. Confiar – “Confia Nele”
3. Descansar – “E Ele tudo fará”

 TEMA: BENÇÃOS DO SALMO 23


 TEXTO BASE: Salmos 23:1
1. Relacionamento – “o Senhor é o meu”
2. Confiança – “meu pastor”
3. Provisão – “de nada terei falta”

ATIVIDADE M1

Elabore, pelo menos, 4 estruturas de sermões de cada tipo apresentado. Extraia da


Bíblia todas as informações necessárias, sendo 2 do Antigo Testamento e 2 do Novo
Testamento para cada tipo. Reveja exemplos da apostila caso tenha dúvida. Dê seu
melhor e não se preocupe se errar. Apenas acredite em si mesmo, você é capaz!
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AULA 3

COMO PREPARAR UM SERMÃO

Ao contrário do que possa parecer, a arte da pregação não é tão fácil e simples
assim. Ela é um conjunto de fatores que se comunicam entre si, dando forma ao
resultado final, que é a ministração da mensagem em público.

E a preparação é a parte mais importante do contexto que envolve a pregação. É


onde tudo acontece primeiro: a mensagem é entregue por Deus ao pregador, o tema
é definido, a passagem bíblica é escolhida, o público alvo é identificado e o sermão
é desenhado de maneira a alcançar os objetivos centrais da pregação do evangelho.

A pregação do sermão em público é só o reflexo de tudo que já aconteceu antes no


particular. Isso significa que, se o pregador não se preparou, não se consagrou, não
se dedicou à preparação e ao estudo da mensagem, não tirou tempo de oração,
entre tantos outros fatores que envolvem esse contexto, muito provavelmente,
exceto se for pela graça de Deus, sua pregação será como meras palavras jogadas
ao vento, sem nenhum impacto real no mundo espiritual e nem na vida da igreja.

Cumpre relembrar que Deus não se prende a regras teológicas e pode usar até
mesmo alguém que se converteu hoje para uma pregação de grande impacto, mas
geralmente não é assim que acontece.

Por isso, uma pregação feita com preparação terá muito mais chances de
transformar vidas do que aquela feita sem nenhuma organização, pois Deus age,
inclusive, conforme aquilo que nos capacitamos a realizar.

Vejamos então, alguns métodos que são fundamentais na preparação do sermão.

COMECE ORANDO

A melhor forma de começar a preparar uma pregação é preparando a própria vida


por meio da oração. Para se preparar um sermão compreensível e impactante, você
precisa dedicar tempo à oração.
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Nem sempre a mensagem que queremos pregar é a mensagem que Deus quer
entregar à igreja, e sempre que Deus dá um direcionamento, precisamos deixar
nossa opinião de lado e seguir fielmente aquilo que nos foi solicitado por Ele, afinal,
Ele é onisciente e sabe exatamente o motivo do que está nos pedindo.

E é através da oração que pedimos ajuda ao Espírito Santo acerca do que pregar.
Preparar uma pregação sob o poder da oração vai nos proporcionar:

 Direção do Espírito Santo na escolha do texto/tema


 Clareza de pensamento nos estudos
 Maior capacidade interpretativa
 Intimidade com Deus
 Poder e unção espiritual
 Autoridade no púlpito

IDENTIFICANDO O PÚBLICO ALVO

Público alvo são as pessoas que irão ouvir a sua pregação. E ele pode ser
segmentado por faixa etária (crianças, adolescentes, jovens), gênero (homens,
mulheres), familiar (mães, pais, filhos), estado civil (solteiros, casados, divorciados),
ou até mesmo segmento religioso (novos convertidos, líderes, ateus), entre outras.

Conseguir identificar quem será o público alvo é uma ferramenta tão importante
quanto a escolha do tema, pois, imagine preparar uma mensagem sobre solteiros e
prega-la para famílias.

Pode ser pregada? Até pode. Mas ela não fará tanto sentido nesse momento de vida
deles e, consequentemente, não gerará interesse e tampouco transformação.

Cada público exige uma mensagem personalizada e adaptada às suas realidades


para que ela seja ainda mais eficaz e possa verdadeiramente gerar mudança.
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Isso não significa, de maneira alguma, que uma mensagem preparada para crianças
não possa ser ministrada num culto de domingo a noite, pois o que muda não é a
essência da mensagem, mas sim a forma como ela será pregada e a linguagem que
será utilizada de acordo com cada público.

Nem sempre será possível descobrir com antecedência a quem iremos pregar, e
nesses casos, uma mensagem com linguagem mais genérica e que possa ser
entendida pela maioria das pessoas é a melhor opção.

Uma das características de bons pregadores, é a sua capacidade de se adaptar a


diferentes tipos de públicos. Essa técnica é adquirida com muito tempo de
experiência, entre erros e acertos.

ESCOLHENDO O TEMA

O tema da mensagem é o que dará sentido e norte a tudo que o pregador falará ao
público, por isso, deve ser escolhido de maneira consciente e sob uma direção
espiritual. Essa escolha pode ser feita de várias formas, e nenhuma delas, de certo
modo, está errada.

Por exemplo, o tema pode ser escolhido com base em algum acontecimento
relevante recente, ou um assunto que o pregador considera importante e deseja
ensinar à igreja, e ainda, certamente, conforme Deus lhe pedir para que seja
ministrado.

Há uma frase de Karl Barth que diz que: “o cristão deve segurar numa das suas
mãos o jornal e na outra a Bíblia”, e ela reflete bem a importância de o pregador
estar atento aos acontecimentos globais para ter uma mensagem contemporânea.

O mais importante é ter certeza que, independente do tema proposto, ele está de
acordo com a vontade de Deus.
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Algumas dicas podem ajudar nessa fase da preparação:

1. Escolha temas que falem ao seu coração – As melhores mensagens são


aquelas que o pregador tem propriedade e domínio sobre o assunto.

2. Escolha textos que atinjam uma necessidade da igreja – Conhecer a


necessidade do público ajuda na escolha do tema. Quando você for
convidado a ministrar, entenda que não é feio perguntar ao pastor qual o
tema que ele gostaria que você pregasse. Isso mostra o quão preocupado
você é em suprir a necessidade espiritual da congregação, sem altivez ou
sentimento de superioridade. Nós, pregadores, estamos à disposição para
servir a igreja de Cristo, e não o contrário.

3. Prefira textos de sentido claro para pregar – A roda já foi inventada, a Bíblia já
foi escrita, não precisamos tentar reinventar o evangelho. Exemplo: uma
pregação sobre genealogia ou leis levíticas pode até ser interessante, mas
muito pesada e exige um nível de conhecimento muito maior.

4. Prefira textos com foco positivo – Isso não é uma regra, tudo vai depender do
contexto do momento, mas geralmente, textos com enfoque positivo são mais
atraentes ao público.

5. Incentive a imaginação – Uma lei da comunicação é que os ouvintes preferem


ver a ter que pensar, portanto, pinte um quadro na mente deles e dê-lhes algo
para ver, sentir e fazer. Jesus era especialista nisso e sempre usava das
situações do cotidiano para entregar a sua mensagem. Exemplo: Quando
perguntaram a Jesus quem era o próximo, ele então, pintou o quadro do Bom
Samaritano, com cenas de atividade, conflitos e pessoas.

REALIZANDO AS PESQUISAS

O pregador deve ter como principal instrumento de pesquisas não o Google, mas a
sua Bíblia. Ela contém maior fonte de conhecimento do que toda a internet jamais
conseguirá dispor, pois é o único livro em que o próprio autor se faz presente a cada
palavra: Deus.
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Dito isso, ter uma Bíblia com linguagem atualizada e que possibilite ao pregador,
antes do que o público, entender a mensagem e a si próprio ser ministrado, é
fundamental e inegociável.

Além dela, o pregador também pode usar outras fontes de pesquisas acessórias,
como a internet, os livros, dicionários bíblicos, etc. Tudo é comunicável e pode ser
consultado e utilizado, desde que não afronte as verdades bíblicas, sob pena de
estar incorrendo em heresia.

CONSTRUINDO O ESBOÇO DAS IDEIAS

Independente do tipo de sermão escolhido e do tema proposto, toda mensagem


obrigatoriamente precisa ter um início, um meio e um fim.

É isso que dará sentido à pregação e trará objetividade ao sermão: onde ele deve
chegar. Qual a finalidade da mensagem que o pregador está trazendo. Se não tiver
destino, facilmente se perderá no meio do caminho e não chegará a lugar nenhum.

Nas técnicas de redação, essa divisão é chamada de INTRODUÇÃO,


DESENVOLVIMENTO e CONCLUSÃO.

Geralmente, na introdução dizemos O QUE, no desenvolvimento dizemos COMO, e


na conclusão dizemos PORQUE.

Para definir o tempo de cada uma dessas divisões, considerando uma mensagem
de 40 minutos, a organização mais indicada para que a pregação alcance melhor o
seu objetivo é a seguinte:

 Introdução – 5 min (10%)


 Desenvolvimento – 30 min (80%)
 Conclusão – 5 min (10%)

Obviamente isso não é uma regra, cabendo suas adaptações a cada realidade e
sempre obedecendo o que o Espírito Santo está direcionando.
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Portanto, a INTRODUÇÃO é o processo pelo qual o pregador prepara a mente dos


ouvintes e prende o interesse na mensagem que vai ministrar. É na introdução, nos
primeiros minutos de fala, que o pregador conquistará ou perderá a atenção de seu
público, por isso, uma mensagem bem começada já é “meio caminho andado”.

Duas dicas para uma boa introdução são:

 Ser breve e objetiva – deve apenas criar o interesse em continuar ouvindo.


Ela não é o coração da mensagem, mas vai levar a igreja até ele.

 Ser interessante – trazer temas comuns do dia-a-dia é sempre eficaz.


Assuntos muito complexos, de difícil entendimento ou distantes da realidade
da igreja devem ser evitados. Fazer perguntas ao público é uma das técnicas
para chamar a atenção.

Importante destacar que nem sempre a introdução precisa começar com a leitura do
texto bíblico. Pode-se tranquilamente iniciar com uma abordagem diversa, desde
que esta faça o plano de fundo para a leitura bíblica que virá a seguir.

Isso porque, na nobre arte de ministrar a Palavra, cada parágrafo do sermão deve
estar linkado entre si de maneira a construir um pensamento retilíneo e unificado,
dando sentido à mensagem como um todo. Coisas que fogem do contexto devem
ser evitadas a todo custo.

Dito isso, utilizar a introdução para demonstrar a importância do que será falado é
fundamental para criar o primeiro vínculo com o ouvinte. Não de maneira arrogante
ou egocêntrica, mas sempre com humildade e, principalmente, tirando de si mesmo
qualquer expectativa do agir de Deus e transferindo a quem é o único que realmente
tem poder para transformar realidades.

Quem transforma é Deus. Quem liberta é Deus. Quem cura é Deus. O pregador é
apenas o comunicador do Evangelho e não o próprio agente de transformação.

Alguns pregadores usam a maior parte do tempo na introdução da mensagem e pior,


acham isso o máximo, como se fosse um troféu pessoal. Entretanto, isso só
demonstra despreparo e incapacidade de organizar corretamente o seu sermão.
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O resultado é uma mensagem com desenvolvimento fraco e raso, e uma conclusão


inconclusiva, feita apressadamente, haja vista que não lhe sobrou tempo hábil de
fazer com excelência.

Adiante, o DESENVOLVIMENTO é o lugar onde o pregador explorará a fundo o seu


sermão. Ele é o chamado “coração da mensagem” e é nele que as questões
suscitadas pelo texto escolhido, ou as respostas às perguntas levantadas na
introdução serão resolvidas à luz da Palavra.

Alguns pregadores utilizam tópicos nesta parte, como maneira de facilitar a


condução do sermão e tentar trazer mais clareza para quem está lhe ouvindo.

Todavia, deve-se tomar muito cuidado para que, na ânsia de tentar explicar demais,
não acabe saturando a mensagem com excesso de tópicos e confundindo mais do
que esclarecendo.

Como diz o ditado, menos é mais. Afinal, uma boa pregação (a dita eficaz) não é
aquela que explica tudo, mas aquela que explica bem o pouco que explica.

Algumas dicas para um bom desenvolvimento são:

 Não tente impressionar com palavras difíceis – A igreja é lugar de pessoas


com todos os níveis de escolaridade. Uma pregação para ser eficaz não
depende de palavras complexas, mas da humildade do coração de quem a
prega, que será transmitida em simplicidade nas suas palavras.

 Sempre que possível, utilize de testemunhos – Preferencialmente


testemunhos próprios. Eles trazem credibilidade ao que o pregador está
falando e aproximam o ouvinte, mostrando a humanidade do ministro.

 Demonstre a aplicabilidade da sua mensagem – Traga ensinamentos práticos


para o ouvinte. Contextualizar o sermão é uma das ferramentas mais
poderosas para qualquer pregador. Jesus fez isso o tempo todo. Falar sobre
realidades distantes criará um abismo entre você o público, pois ele não
conseguirá se ver na situação que você está tentando fazê-lo se ver.
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Por fim, é na CONCLUSÃO onde tudo se resolve, a costura de ideias termina de ser
feita e a mensagem converge ao seu objetivo final: transformação de vidas.

Por isso, ela é o clímax do sermão! Uma boa conclusão pode, inclusive, suprir as
deficiências de outras partes da pregação ou servir para aumentar seu impacto,
sendo sem dúvidas, o elemento mais poderoso de todo o discurso e não deve ser
feita de qualquer maneira.

Alguns pregadores tem a errônea ideia de que, ao chegar aqui, a mensagem já foi
pregada e agora não há mais nada que precise ser feito a não ser se despedir.

Muito engana-se quem pensa assim.

Um sermão pode ter sido impecavelmente pregado, porém, se o pregador não


souber como finaliza-lo, será surpreendido negativamente com os resultados.

E aqui, portanto, cabe explicar as 4 formas de conclusão mais utilizadas:

1) Recapitulação – geralmente, esse tipo é usado quando a mensagem consiste


numa série de argumentos ou ideias, exigindo dos ouvintes muita atenção à
linha de pensamento do pregador. Deve ser feita de forma que, ao resumir e
recapitular os pontos principais da mensagem, ela não seja pregada de novo.

2) Ilustração – Não é recomendado usar muitas ilustrações num mesmo sermão.


Caso já tenham sido feitas outras ao longo do sermão, torna-se
desnecessária na conclusão. (Exemplo de ilustração: Jesus, diabo e o muro).

3) Aplicação ou Apelo – À medida que a mensagem se aproxima da conclusão,


ela deve levar os ouvintes a perguntarem a si mesmos: “o que essa verdade
tem a ver comigo?”. Um final natural, simples e calmo geralmente é mais
impressionante e eficaz que um apelo emocional ou forçado de sentimentos.

4) Motivação – Nem sempre é preciso impor uma obrigação moral aos ouvintes.
É possível também, finalizar a mensagem proporcionando incentivo para que
respondam pessoalmente ao desafio abordado com ânimo e encorajamento.
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Por fim, alguns princípios devem ser observados para uma boa conclusão:

 Ser breve – conclusão não é pregar novamente, mas finalizar com a “cereja
do bolo” aquilo que já foi ministrado.

 Ser simples – Sem rodeios e direto ao ponto, o objetivo é: transformação.

 Ser preparada – Tanto a conclusão (como qualquer outra parte do sermão),


não deve ser improvisada, exceto por direção do Espírito Santo.

DEFININDO O TÍTULO

Escolher o título que o sermão receberá não é tão importante quanto a escolha do
tema e o conteúdo da mensagem. Todavia, isso não significa que ele não tenha
importância alguma.

É ele que criará o primeiro interesse do ouvinte quanto à mensagem e o desejo de


continua-la ouvindo. Dito isso, algumas dicas para definir o título são:

 Ter relação com a mensagem


 Ser interessante
 Não ser negativo
 Pode vir em forma de afirmação ou interrogação
 Ser curto e breve

Importante destacar que não é o título que dará sentido à construção da mensagem,
mas a mensagem que dará sentido ao título. Portanto, o recomendado é, primeiro,
preparar todo o sermão e então, por último, definir o título que ele terá.

DELIMITANDO O TEMPO DE PREGAÇÃO

Cientistas tem estudado o poder de concentração do ser humano e chegaram ao


resultado de que a faixa de tempo que uma pessoa consegue ficar concentrada em
uma mesma situação dura entre 10 a 18 minutos.
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E isso vale também para a pregação.

Não é à toa que os grandes pastores hoje ministram suas mensagens levando em
torno de 20 a 25 minutos. E isso, sem comprometer o conteúdo ou a eficácia do
sermão, afinal, o impacto de uma pregação não está relacionado ao tempo que ela
dura, mas à profundidade do que é falado.

Claro que há exceções, mas essa recomendação serve para - se é que podemos
chamar assim – um “culto normal” de uma igreja evangélica brasileira.

Cumpre observar ainda, que o tempo da pregação deve respeitar o solicitado pela
igreja que fez o convite. Por exemplo, se o pastor disse haver 30 minutos para a
ministração, não cabe uma pregação de 15 minutos e tampouco uma de 50.

Ou seja, não se deve falar de menos e nem falar demais. Equilíbrio é fundamental.

ATIVIDADE M1

Chegou a hora de colocar em prática tudo que você aprendeu até aqui. Assim,
elabore um sermão completo, utilizando as orientações da apostila e tirando dúvidas
com o professor, quando necessário. O sermão deve conter obrigatoriamente:

 Título
 Texto base
 Introdução
 Desenvolvimento
 Conclusão

O tema é livre, por isso, a dica é escolher um que já tenha afinidade e consiga
desenvolver um esboço com conteúdo e coerência. A atividade poderá ser finalizada
em casa, caso não haja tempo hábil em sala, devendo ser enviada ao e-mail do
professor até o dia 06/07, às 18:00h, para leitura e correções que forem necessárias.

Atividades enviadas após esse horário não serão aceitas e o aluno precisará fazer
reposição da nota em outra oportunidade.
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AULA 4

FINALIDADES DA PREGAÇÃO

Em geral, toda pregação bíblica tem por objetivo a persuasão para a vida da fé e
transformação do caráter à semelhança do caráter de Cristo Jesus. Esse alvo só é
alcançado com a exposição das verdades bíblicas acerca do ser humano e da sua
fragilidade longe de Deus.

Portanto, a finalidade da pregação não é difundir conhecimento, nem despertar


emoções, mas mover o coração do homem a dar uma resposta afirmativa às
expectativas de Deus a seu respeito.

Essa resposta pode se dar de várias formas, e a depender do tipo de sermão que
será pregado. Exemplos:

 Mensagem de edificação – É o tipo de pregação que trará instruções e


ensinamentos à igreja sobre áreas específicas da vida humana, visando
ajudar o ouvinte e fortalecer sua fé. Segundo o dicionário, a palavra
edificação significa: “ação de instruir, esclarecer, informar”.

 Mensagem de arrependimento – É o tipo de pregação que levará o ouvinte a


refletir sobre suas escolhas erradas e tentará convencê-lo, através do Espírito
Santo, dos seus pecados e da necessidade de interromper isso.

 Mensagem de exortação – Na prática, pode-se dizer que se sobrepõe à de


arrependimento anteriormente citada, porém, a sua ênfase não está nos
sentimentos, mas na razão. É a pregação que alerta sobre algo. Segundo o
dicionário, a palavra exortação significa: “conselho, advertência”.

Cumpre destacar que, a missão do pregador não é propriamente dar uma solução a
um problema da igreja, mas iluminar essa situação a partir das Escrituras e da
vivência de Jesus. Quem tem a solução dos problemas não somos nós, é Deus.
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Sobre a finalidade da pregação, o Pastor Carlito Paes muito bem abordou o assunto
quando disse:

A tarefa da pregação envolve diretamente três elementos básicos: O Deus da


pregação, o Livro da Pregação e o agente da pregação. E por vezes sabemos que
algumas pregações não são efetivas e nem tão pouco se tornam eficazes.

Então, onde está o problema? Vamos por uma simples eliminação: Não está em Deus,
porque Ele é o Ser perfeito. Também não está na Sua Palavra, porque ela é a perfeita
Palavra de Deus. Então, se existem problemas, estão relacionados diretamente com o
agente da pregação, isto é, nós! Os pregadores! E não poucas vezes, isto passa pelo
fato de o pregador não refletir sobre o alvo da pregação. Se não sabemos para quem
pregar e porque pregar, podemos cair na tentação de pregar sem propósito.

Cada pregador precisa estar sempre atento para o propósito da pregação, não estou
falando do objetivo geral ou específico da mensagem, e sim de algo maior, da razão de
ser de uma mensagem pregada para o homem! Toda pregação precisa ser a
transformação de vidas, uma mensagem que não muda a vida das pessoas não é uma
pregação bíblica! A pregação, embora que parecida, jamais pode ser comparada a um
discurso, uma apresentação de tese ou uma aula acadêmica.

Uma mensagem Bíblica não deve focar os planos dos homens e sim os propósitos de
Deus, porque estes vão prevalecer. O propósito da obra da pregação é transformar a
vida das pessoas.

Se você está pregando anos a fio a Palavra em sua igreja e as pessoas continuam do
mesmo jeito; crentes não crescem, continuando com atitudes mais cheias de
religiosidade do que de vida cristã; o problema não está com Deus e nem com a Bíblia,
está com o pregador. Cada um deve reavaliar sua vida e o propósito da mensagem que
tens pregado.

Deus não entregou a você a Sua Palavra simplesmente para pregar o que desejar e
quando desejar. Ele nos pôs como pregadores dela com o fim de que alcancemos
maturidade para transformar nossas vidas e para os que nos ouvem. Isto é, que
aconteça transformação de vidas. Ela não foi dada apenas para ampliar o nosso
conhecimento religioso ou acadêmico.

Veja: o propósito da pregação é o mesmo propósito da Bíblia. Em ambos há um


propósito corporativo para a pregação e para o ensino.
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“A finalidade desse conselho é aumentar [em todos os crentes] o amor que vem de um
coração puro, de uma consciência limpa e de uma fé verdadeira. Algumas pessoas se
desviaram dessas coisas e se perderam em discussões tolas.” I Tm 1.5,6 (NBLH)

“Assim nós anunciamos Cristo a todos. Aconselhamos e ensinamos a cada um, com
toda a sabedoria possível, para trazer todos à presença de Deus, como pessoas
espiritualmente adultas e unidas com Cristo.” Cl 1.28 (BLH)

Você pode observar claramente nos dois textos acima, que o propósito da Bíblia é o
mesmo da pregação, é que a vida das pessoas seja transformada e não simplesmente
que aconteça conhecimento Bíblico.

Você então pode me perguntar: Como acontece esta transformação de vida? Através
da Aplicação, veja:

“Assim será a Palavra que sair da minha boca; ela não voltará para mim vazia.” Is 55.11

Veja o que Dr. Bruce Wilson disse sobre a importância da aplicação:

“Se as pessoas não estão compartilhando sua fé em sua igreja, se elas não estão tendo
um momento diário à sós com Deus, se elas não estão vivendo vidas em comunhão
com Deus, então você precisa mudar o seu estilo de pregação. Você obviamente não
está vendo vidas transformadas através da Palavra de Deus. Portanto, qual é o
problema? O problema não é com a Palavra. O problema é o seu estilo de pregação!”1

Portanto, não restam dúvidas que a principal finalidade da pregação bíblica é a


transformação de vidas, sendo as demais coisas consequências desta primeira.

PREPARANDO O PREGADOR

Uma das mais valiosas lições que todo ministro do Evangelho deve carregar consigo
é que: mais importante do que preparar a pregação, é preparar o pregador.

Uma mensagem pode ter sido impecavelmente escrita. O pregador pode ter
dezenas de cursos e dominar como nenhum outro a arte da homilética, porém, se o
fator espiritual estiver fragilizado, o que era pra ser um sermão bíblico, acabará
sendo apenas um mero discurso.

1
https://www.gospelprime.com.br/o-proposito-de-deus-para-a-pregacao/
32

Aliado a isso, além do fator espiritual, outros aspectos formais fazem parte do
conjunto da preparação do pregador, com tanta importância quanto o primeiro.

Vejamos:

 Tenha vida de oração – Tudo começa primeiro no mundo espiritual e depois é


trazido à existência, no mundo material. Quando o pregador não tem vida
com Deus, isso é facilmente percebido pela igreja.

 Estude a palavra de Deus – Ela é a base fundamental para qualquer sermão


bíblico. A falta de intimidade com as Escrituras gera insegurança ao pregador
e, consequentemente, um sermão raso e fraco para a igreja. O despreparo e
falta de conhecimento sobre o assunto que está falando também é facilmente
identificado pelos ouvintes.

 Tire tempo de qualidade para preparar o sermão – Pregar o Evangelho é um


dos maiores privilégios de todo cristão, mas também uma enorme
responsabilidade. Por isso, o sermão não deve ser preparado de qualquer
maneira. Ele deve ser orado, bem pensado e construído com a ajuda do
Espírito Santo, sempre pedindo à Deus que mostre o que Ele quer falar com a
igreja naquele momento.

 Tenha uma linguagem contemporânea – A questão é que independente do


tempo e da história, o conteúdo jamais vai mudar, todavia, a maneira como
você prega precisa estar em constante mudança. Isto é, a exegese e a
hermenêutica não mudaram, mas a homilética sempre vai precisar ser
atualizada, porque o desafio da pregação sempre será conciliar a
comunicação de verdades que nunca mudam, para de forma clara fazer
chegar ao entendimento dos homens que estão em constantes mudanças.

 Não copie o jeito de outros pregadores, seja você mesmo – Um dos principais
erros de todo aquele que está começando na arte da pregação é tentar copiar
o estilo de alguém que admira. Deus deseja nos usar da nossa maneira, com
nosso próprio estilo de pregação. Ele sabe exatamente quem Ele escolheu
para usar e o porquê dessa escolha. Então, acredite nisso: seja você mesmo
pois Ele quer te usar exatamente do jeito do que você é.
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 Lance toda sua expectativa sobre Deus e não sobre suas habilidades –
Nossas habilidades não impressionam a Deus e capacidade nunca foi um
requisito Dele para usar alguém. Quando nos apoiamos sobre nossa teologia,
tiramos da mão de Deus o poder de fazer algo e o transferimos para nós,
deixando-o sem espaço para o seu agir. Os que criam expectativas em si
mesmos só receberão frustração.

Alguns pregadores tem a falsa ideia de que o Espírito Santo é responsável por suprir
a sua falta de preparação e zelo com a vida ministerial. Isso é um enorme engano.

De fato, o Espírito Santo é nosso auxiliador, mas ele agirá é na nossa incapacidade,
não no nosso despreparo. O poder de Deus se aperfeiçoa na nossa fraqueza, não
na nossa negligência.
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AULA 5

ATIVIDADE M2 – AULA PRÁTICA

Apresentação do sermão preparado na aula 3, para toda a turma.

Não se preocupe em ser o melhor, se preocupe em fazer o seu melhor e Deus


cuidará do resto pra você.

Utilize todas as lições ensinadas até aqui para se preparar e, em caso de dúvidas,
procure o professor para lhe auxiliar.

Acredite, você é capaz de muito mais do que imagina!


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AULA 6

ELEMENTOS DA ORATÓRIA

COMPORTAMENTAL
 Como subir
 Como segurar o microfone
 Posicionamento de palco
 Como se concentrar
 Como manter a calma

RETÓRICA
 Técnicas de empostamento da voz
 Português correto
 Gírias

EXPRESSÃO CORPORAL
 Postura
 Gesticulação com os braços e mãos
 Caminhar no altar

EXPRESSÃO FACIAL
 Caretas
 Se lamber
 Utilização das sobrancelhas

AULA 7

ATIVIDADE M3 – AULA PRÁTICA

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