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INSTITUTO LOCKMANN

POV (PROGRAMA DE ORIENTAÇÃO VOCACIONAL)


MINISTÉRIO PASTORAL

CAROLINA GRANITO DO CANTO PONTE

DE: PASTOR
A: PASTOR
Princípios para ser um pastor segundo o coração de Deus

TERESÓPOLIS
2021
CAROLINA GRANITO DO CANTO PONTE

DE: PASTOR
A: PASTOR
Princípios para ser um pastor segundo o coração de Deus

Resenha sobre o livro de Hernandes Dias


Lopes, que contém direcionamentos a todos
aqueles que são envolvidos ou sentem-se
chamados a envolver-se com o ministério
pastoral.

TERESÓPOLIS
2021
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DIAS LOPES, Hernandes. De: pastor a: pastor – princípios para ser um pastor segundo o
coração de Deus. 12º ed. São Paulo. Editora United Press, 2021.

RESUMO: O livro “De: pastor a: pastor”, do autor Hernandes Dias Lopes, traz uma abordagem
de extrema importância a respeito da vida ministerial e dos compromissos assumidos por
aqueles que se dispõe a seguir o chamado. O autor também se propõe a traçar um panorama da
realidade da classe pastoral brasileira nos dias de hoje, mostrando situações onde há extrema
necessidade de arrependimento e mudança para que um avivamento possa verdadeiramente se
instaurar em nosso meio.

O livro começa trazendo um prefácio, onde aborda de modo mais amplo seu tema central.
Sua proposta é, basicamente, despertar nos pastores e pastoras a necessidade de que se
coloquem verdadeiramente como a lenha que queima no altar e incendeia toda a igreja. A obra
nos chama para a necessidade de voltarmos às origens da igreja primitiva e seguirmos exemplos
com os de Paulo, que levava o ministério até as últimas consequências, tomando sua atuação
como privilégio, não sacrifício.

Em relação ao capítulo um, este aborda os perigos que circulam aquele que se dispõe a
exercer a vocação pastoral, principalmente no que se diz respeito às questões de integridade e
moral, lavando em consideração que vivemos um tempo onde a classe pastoral, que deveria ser
vista como exemplo de ética, se encontra completamente descredibilizada. Algumas das
questões que o livro dá destaque são: a existência de pastores que não se converteram
verdadeiramente, pregando aos outros aquilo que nunca viveram; a atuação de pastores não
vocacionados, que se voluntariam ao ministério sem o chamado de Deus e acabam tornando o
ministério a opção restante, não a única que importa.

Há também, segundo Dias Lopes, aqueles que são preguiçosos, e escolhem abraçar o
chamado, mas sem, de fato, escolher exercer seu ministério com excelência; há aqueles
corrompidos pela ganância, que mentem e enganam as ovelhas porque o lucro vale mais que a
salvação de seu rebanho; há o que deveria ser pastorado, não pastorear, e põe tudo a perder por
falta de controle emocional; há aqueles desqualificados e que enterram talentos, seus e do
rebanho, pelo medo do fracasso, e há os confusos teologicamente, que pregam heresias e obras
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fraudulentas por falta de sustentação e conhecimento bíblico. Existem também pastores


déspotas e os que sofrem desse mal, sendo aqueles que manipulam as ovelhas por insegurança
ou que são postos como reféns de líderes que se consideram donos da casa de Deus. Há aqueles
que estão iludidos, sem compreender que o pastoreio é feito de sacrifícios, não honras; há
aqueles que têm suas vidas matrimoniais e financeiras destruídas, e ainda assim pregam aos
outros sobre uma integridade que não tem; e há aqueles envolvidos em pecados devastadores,
o que os leva a fazer a obra sem aprovação do dono da obra. Seja qual for o caso, o autor aponta
para a necessidade de arrependimento e transformação verdadeira, pois o fogo começa a
queimar na igreja através de seus pastores.

Todas essas são questões que o pastor precisa vigiar, uma vez que estando tão propenso
a cair como todos os outros, ou até sofrendo mais ataques. É tempo de orar, clamando ao Senhor
por um tempo de mudança e restauração. É preciso que voltemos a buscar com todo o nosso
coração a vivência de um ministério relevante.

Na sequência de sua abordagem, o livro trabalha a temática da vocação de uma forma


bastante interessante. Chamo atenção para o fato de que a vocação não pode vir da opção que
nos resta ao não de nossos sonhos, mas deve ser o chamado que não podemos negar ou passar
adiante. O ministério não deve ser procurado. Ele vem para pessoas diferentes, em tempos
diferentes, conforme convém a Deus e Seu propósito. Me identifiquei especialmente com a fala
do autor a respeito de o ministério não ter sido seu primeiro desejo, mas que jamais o trocaria.
Isso também foi um sentimento que me tomou e toma até hoje. Não existe nada para além do
Senhor e seu Reino. E é importante entender que somente a graça e a misericórdia do Senhor
nos vocaciona. A honra e glória é e deve ser somente Dele!

Deus chama para obra e específica a missão que Ele quer de nós. Isso deve nos bastar.
É preciso amar a missão, amar a pregação e amar as ovelhas das quais cuidamos. É
preciso conhecer a palavra, mas também a realidade das ovelhas. É preciso que estejamos
atentos a tudo ao nosso redor.

O próximo tema abordado por Dias Lopes em seu livro é o preparo do pastor, abordagem
essa muito importante uma vez que percebemos cada vez mais que, como aponta o autor, temos
vivido uma crise institucional. Vemos pastores que se deixam levar pelo dinheiro, pela fama e
se apoiam em seu próprio estrelismo, mas deixam de lado a verdade contida na Palavra do
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Senhor. Nesse sentido, o autor destaca a necessidade de que novos Elias sejam levantados: sem
nome, sem grandeza, mas apenas com uma vida de oração e um coração disposto a obedecer. É
preciso entender que, como pastores, nossa autoridade e legitimação vem somente do Senhor,
e a Sua aprovação nos basta. Será preciso ser levado ao fogo e ao deserto. É preciso ser
amassado pelo oleiro e é preciso que em tudo a honra e glória seja do Senhor. Então estaremos
no caminho certo de sermos bem preparados.

Em relação à vida devocional do pastor, o autor aborda sobre a crise na classe pastoral
e a necessidade de que os pastores sejam os primeiros avivados. Temos visto pastores com
graves questões pendentes em relação a sua vida pessoal e também em sua vida devocional. A
grande questão é que, se quisermos avivamento, os pastores devem ser os primeiros avivados,
principalmente porque eles cuidam do resto do povo. Se o pastor está doente, a igreja acaba
morrendo e o avivamento para por falta de guia espiritual.

Nesse sentido, é preciso que os vocacionados ao ministério compreendam que não basta
pregar, mas que é preciso que a primeira palavra venha da vida daquele que fala. Precisamos
de ministros que verdadeiramente compreendam que nada substitui uma vida no secreto com o
Pai, baseada em jejum, oração e conhecimento da Palavra. Precisamos sempre lembrar que
somos ministros do Senhor, e que sem Ele nosso ministério não tem propósito. Segundo o autor,
à medida que devemos ter de um ministério de sucesso deve ser marcado pela intimidade que
se busca com o Criador. Não basta ter palavra, é preciso ter fogo, e o fogo vem da intimidade.

O autor também aborda sobre os atributos necessários a um pastor de excelência. Aqui


ele traz muito a vida e o testemunho do apóstolo Paulo, que foi um grande exemplo de pastor
guiado por Deus. Assim como foi o apóstolo, é necessário que se levantem pastores mais
preocupados com a salvação das almas que com o conforto e seus interesses próprios. É preciso
que se levantem aqueles dispostos a dar a vida pelas ovelhas, se colocando disponíveis para
tomar o papel de pais e mães espirituais.

O Senhor precisa daqueles que não buscam aplausos de homens, mas a aprovação Dele.
É necessário que os pastores vivam de forma íntegra e irrepreensível, se preocupando em
frutificar no ministério. É necessário que, como pastores, possamos alinhar nossa mensagem,
motivo e método à pura vontade de Deus. Somente assim seremos irrepreensíveis e obreiros
aprovados diante do Senhor.
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No capítulo seis o autor faz uma abordagem a respeito dos sofrimentos pastorais, em
um sentido de preparação. Muitos entram no ministério sob a expectativa de que é um trabalho
simples, mas o pastorado é um campo de batalha cuja recompensa está somente no céu. É
preciso que os pastores compreendam que perder a vida por Jesus é, na verdade, encontrá-la.
Não devemos temer o sofrimento, mas entender que no caminho do deserto o Senhor não nos
abandona.

Podemos sim nos sentirmos sozinhos, abandonados, sofrer com a ingratidão daqueles
em quem investimos. Podemos até mesmo sofrer privações de nossas necessidades, mas jamais
sofreremos da privação da presença e consolo do Senhor. É preciso viver em bom ânimo,
entendendo que nossa vida é uma oferta, que lutamos o bom combate e que devemos guardar a
fé, tendo a certeza de que Cristo vem e seremos recompensados pela glória futura. Como
pastores, precisamos entender que, mesmo diante da dor, somente uma vida que agrade ao
Senhor vale a pena ser vivida.

Outra abordagem trazida pelo livro se dá nos sete compromissos com os quais o pastor
deve cumprir em seu ministério. Essa é uma abordagem extremamente importante, uma vez
que nos desperta para a amplitude de nosso verdadeiro trabalho no pastorado. Dentro daquilo
que o autor aborda, encontram-se: o compromisso com Deus, mostrando a necessidade de
conhecer e se relacionar com o Deus que é dono da obra; o compromisso do pastor consigo
mesmo e com sua integridade espiritual, para que seja irrepreensível; o compromisso do pastor
com a palavra, de não pregar suas próprias ideias, mas expor as ideias do próprio Deus; o
compromisso com o ministério, que deve sempre se basear na vocação, na abnegação e na
paixão pela obra.

Também são mencionados a necessidade de o pastor se comprometer com a igreja, ou


seja, seu rebanho, servindo-os e guardando-os em suas necessidades; o compromisso com o
dinheiro, de não o tornar um deus e não basear nele seu ministério e, por fim, o compromisso
com a afetividade, mostrando para as ovelhas que elas são amadas por sua liderança e
necessárias ao corpo de Cristo.
O último capítulo do livro aborda a respeito do salário pastoral, trazendo uma visão dos
dois extremos que podem ocorrer dentro das igrejas. O primeiro deles vem da atitude pastoral
de amar ao dinheiro mais que o Senhor ou suas ovelhas. Esse tipo de atitude pastoral corrói e
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destrói aos poucos a saúde daquele corpo (a igreja), uma vez que sua mensagem passa a ser
única e exclusivamente comercial. O segundo extremo que pode ocorrer vem de uma
infidelidade da própria igreja de negar ao pastor seu sustento devido, para que viva de forma
digna.

Nesse capítulo o autor aborda diversas passagens que demonstram o direito do pastor
de receber seu sustento e também seu direito de negar o mesmo, a fim de servir ao propósito
maior da obra. Cabe ao próprio pastor ser flexível como foi Jesus e compreender que tipo de
atitude que exige a cultura do local onde se vai servir. O mais importante para nós é
compreender que, acima de tudo, não devemos ser empecilhos para o agir de Deus, mas
ferramentas para esse agir.

Finalizo dizendo o quão importante considerei essa leitura em minha caminhada para a
formação pastoral. Creio que, como pastores já reconhecidos por Deus e em processo de sermos
reconhecidos pelas instituições, precisamos compreender tudo aquilo que está por vir em nosso
ministério. O livro de Dias Lopes cumpre bem esse papel, trazendo uma abordagem clara e
objetiva, talvez até mesmo dura para alguns, mas creio que a firmeza em suas palavras, para
aqueles que estão verdadeiramente vocacionados, não tem peso de desânimo, mas vem alimento
de força para que entendamos o que esperar e para nós nos preparemos para tudo o que há de
vir e compreendamos o tamanho do compromisso que aceitamos assumir. Creio que “De: pastor
A: pastor!” é uma obra que todo obreiro ou obreira, vocacionado ou já atuante, deve ler, reler e
guardar no coração ao longo de seu ministério.

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