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Fundamentacao de Sentenca e o Dever de E
Fundamentacao de Sentenca e o Dever de E
ESTUDOS EM
HOMENAGEM A
FUNDAMENTAÇÃO DE SENTENÇA
E O DEVER DE ENFRENTAR OS
ARGUMENTOS DAS PARTES
Vol. 9
Londrina/PR
2023
Dados Internacionais de Catalogação na
Publicação (CIP)
CDD 341.4
1. ARISTÓTELES. Metafísica: texto grego com tradução ao lado de Giovanni Reale. São Paulo: Loyola,
2015. p. 3.
PREFÁCIO
3. Sermoens do P. Antonio Vieira da Companhia de Jesus, Quinta Parte. Lisboa: Miguel Deslandes,
M.DC.LXXXIX, nº II – Sermão da Segunda Dominga do Advento, nº 57, p. 59 e 60.
A qualidade deste livro pode facilmente ser percebida nas quase
seiscentas (600) notas de rodapé criadas pelo Prof. Eduardo Kucker Zaffari
para corroborar suas profundas conclusões sobre este complexo e atual
tema surgido com o novo CPC. Por isso, Fundamentação da sentença e o dever
de enfrentar os argumentos das partes certamente preencherá esta imperdoável
lacuna que existia no processo civil brasileiro, tanto para aqueles que
academicamente se interessem pelo instituto quanto para aqueloutros
operadores do direito que com ele se deparam todos os dias no foro.
Mas não se engane quem acredita que a obra não ostenta volume
suficiente para responder as grandes questões relacionadas a Fundamentação
da sentença e o dever de enfrentar os argumentos das partes, pois como bem disse
HAMLET, “la brevedad es el alma del talento”4.
CAPÍTULO 1
1.1 A Evolução Histórica da Fundamentação da Sentença ...............................23
1.2 A Distinção entre os Motivos da Sentença e a Fundamentação como Direito
Fundamental ..............................................................................................................45
1.3 Efeitos Internos e Externos do Dever de Fundamentar .............................62
CAPÍTULO 2
2.1 São a Arbitrariedade e a Discricionariedade a mesma coisa? ......................75
2.2 Poder, Ideologia e seus Reflexos no Pensamento Político...........................80
CAPÍTULO 3
3.1 Os Reflexos do Estado Democrático de Direito no Campo do Direito
Processual e o Princípio do Contraditório ...........................................................91
3.2 O Enfrentamento dos Argumentos Deduzidos pelas Partes e as
Consequências de sua Inobservância ................................................................ 106
3. Neste sentido, Darci Guimarães Ribeiro recorda que, nos países de tradição da Common
Law, a consagração do Princípio da Supremacia Parlamentar, ao contrário de criar uma
falsa percepção que o juiz não criaria o Direito, acabou por reforçar a necessidade de uma
substancial igualdade entre as partes, reforçado pelos precedentes judiciais. (SCARPINELLA
BUENO, Cassio. Comentários ao código de processo civil. São Paulo: Saraiva, 2017. v: 1: arts. 1º a
317, p. 117).
4. Desde já se adverte que a abordagem adotada por Luiz Fernando Castilhos Silveira,
comentador da obra de Lonergan, é diferente desta pesquisa, a qual busca outros fins.
Eduardo Kucker Zaffari 21
8. RIBEIRO, Darci Guimarães. Da tutela jurisdicional às formas de tutela. Porto Alegre: Livraria do
Advogado, 2010. v. 2, p. 106.
CAPÍTULO 1
13. PETIT, Eugéne. Tratado elemental de derecho romano. México: Porrúa, 2007. p. 43.
14. LOBO, Abelardo da Cunha. Curso de direito romano: história, sujeito e objeto de direito:
instituições jurídicas. Brasília, DF: Senado Federal: Conselho Editorial, 2006. p. 27.
15. IHERING, Rudolph Von. Abreviatura de el espíritu del derecho romano. Por Fernando Vela.
Buenos Aires: Revista de Occidente Argentina, 1947. p. 289.
16. ALVES, José Carlos Moreira. Direito romano. Rio de Janeiro: Forense, 2008. p. 17-18.
17. CRETELLA JÚNIOR, José. Curso de direito romano. Rio de Janeiro: Forense, 1973. p. 360.
18. “In primitive Rome social life was regulated by a series of norms, the mores maiorum, which the
Romans had inherited from their ancestors. Some of these norms were regarded as being of human origin,
some as of divine origin, but there had never been any clear distinction between the two categories.” (grifo
do original) (TELLEGEN-COUPERUS. Olga. A short history of roman law. New York: Taylor &
Francis. 2003. p. 17.); (PETIT, Eugéne. Tratado elemental de derecho romano. México: Porrúa, 2007. p.
36.); (LOBO, Abelardo da Cunha. Curso de direito romano: história, sujeito e objeto de direito: instituições
jurídicas. Brasília, DF: Senado Federal: Conselho Editorial, 2006. p. 137).
19. LOBO, Abelardo da Cunha. Curso de direito romano: história, sujeito e objeto de direito:
instituições jurídicas. Brasília, DF: Senado Federal: Conselho Editorial, 2006. p. 136.; PETIT,
Eugéne. Tratado elemental de derecho romano. México: Porrúa, 2007. p. 36.
26 FUNDAMENTAÇÃO DE SENTENÇA
E O DEVER DE ENFRENTAR OS ARGUMENTOS DAS PARTES
numa verdadeira mixagem entre o Jus (leges regio e lex humana) e Fas (lex divina)20
e realizada por Tarqüinio (o Soberbo), era distribuído através do Colégio
Sacerdotal21 e pelo Rex, num solene ritual necessário para a validade e eficácia
dos atos. O processo dividia-se num sistema profano, cujas ações eram a
vindicatio e a manus injectio, e num sistema religioso, que se dava pela legis actio
sacramento22.
Inicialmente, o procedimento se dava frente ao sacerdote que decidia
se as partes poderiam dar seguimento à ação e de que maneira. Após,
o procedimento se desenrolava perante o iudex, com a fase decisória e o
veredicto23, em que o texto dos motivos era escondido das partes24. Revelava-
se um único dispositivo e com a menor publicidade possível25. Por essa razão
Eugéne Petit afirma que era exatamente a falta de precisão das regras que
favorecia o arbítrio dos magistrados patrícios26. Mesmo o advento da Lei das
XII Tábuas após a revolução plebeia, no ano 304 da fundação de Roma27
(450 a.C.), a forma de revelação da decisão não foi alterada, pois apenas se
consolidou por escrito o direito que vinha sendo praticado28.
Com a queda do período régio29 e a instauração da República, os
sacerdotes são substituídos pelos magistrados públicos e o procedimento
bipartido. Essa alteração, possível apenas com a queda do último rei, tem
por motivo a descentralização dos poderes militar, civil e religioso, até então
20. Relacionando Ius e Fas, José Carlos Moreira Alves refere que a corrente que explicaria a
ligação entre ambas seria que nefas seria o que a religião não permite, por conseguinte, o fas
seria o permitido pela religião. Sendo o fas a manifestação da vontade humana (consoante
o permitido pela religião, surgirá o Ius, conduta permitida e conforme o fas. (ALVES, José
Carlos Moreira. Direito romano. Rio de Janeiro: Forense, 2008. p. 81).
21. LOBO, Abelardo da Cunha. Curso de direito romano: história, sujeito e objeto de direito: instituições
jurídicas. Brasília, DF: Senado Federal: Conselho Editorial, 2006. p. 139.
22. LOBO, Abelardo da Cunha. Curso de direito romano: história, sujeito e objeto de direito: instituições
jurídicas. Brasília, DF: Senado Federal: Conselho Editorial, 2006. p. 140.
23. TELLEGEN-COUPERUS. Olga. A short history of roman law. New York: Taylor & Francis. 2003.
p. 22.
24. TUCCI, José Rogério Cruz e. A motivação da sentença no processo civil. São Paulo: Saraiva, 1987.
p. 25-26.
25. TUCCI, José Rogério Cruz e. A motivação da sentença no processo civil. São Paulo: Saraiva, 1987.
p. 27.
26. PETIT, Eugéne. Tratado elemental de derecho romano. México: Porrúa, 2007. p. 36.
27. PETIT, Eugéne. Tratado elemental de derecho romano. México: Porrúa, 2007. p. 38.
28. LOBO, Abelardo da Cunha. Curso de direito romano: história, sujeito e objeto de direito:
instituições jurídicas. Brasília, DF: Senado Federal: Conselho Editorial, 2006. p. 144.
29. A monarquia Romana tem seu fim no ano de 509 a.C., com a queda do rei etrusco Tarquínio
(o Soberbo). Teriam precedido Tarquínio, os chefes de governo Numa Pompílio (Sabino),
Tullus Hostilius (Latino), Ancus Martius (Sabino), Tarquinius Priscus (Etrusco, o antigo) e
Servius Tullius (Etrusco). (LOBO, Abelardo da Cunha. Curso de direito romano: história, sujeito
e objeto de direito: instituições jurídicas. Brasília, DF: Senado Federal: Conselho Editorial,
2006. p. 135).
Eduardo Kucker Zaffari 27
30. LOBO, Abelardo da Cunha. Curso de direito romano: história, sujeito e objeto de direito:
instituições jurídicas. Brasília, DF: Senado Federal: Conselho Editorial, 2006. p. 140.
31. ALVES, José Carlos Moreira. Direito romano. Rio de Janeiro: Forense, 2008. p. 15-16.
32. Abelardo da Cunha Lobo leciona que, inicialmente, a magistratura era exercida pela Pretura
que, posteriormente, foi dividida entre o Pretor Peregrinus, responsável pelos atos de jurisdictio
e imperium entre cidadãos e estrangeiros, ou dentre estes últimos; e Pretor Urbanus, cuja
magistratura era a já estabelecida. Competia ao Pretor a administração da justiça. (LOBO,
Abelardo da Cunha. Curso de direito romano: história, sujeito e objeto de direito: instituições
jurídicas. Brasília, DF: Senado Federal: Conselho Editorial, 2006. p. 163-164). Eugéne Petit
explana que, antes dos Pretores, eram os reis e os Cônsules que exerceram a magistatura,
respectivamente. (PETIT, Eugéne. Tratado elemental de derecho romano. México: Porrúa, 2007. p.
614).
33. TUCCI, José Rogério Cruz e. A motivação da sentença no processo civil. São Paulo: Saraiva, 1987.
p. 27.
34. PETIT, Eugéne. Tratado elemental de derecho romano. México: Porrúa, 2007. P. 612.
35. IHERING, Rudolph Von. Abreviatura de el espíritu del derecho romano. Por Fernando Vela.
Buenos Aires: Revista de Occidente Argentina, 1947. p. 115.
36. IHERING, Rudolph Von. Abreviatura de el espíritu del derecho romano. Por Fernando Vela.
Buenos Aires: Revista de Occidente Argentina, 1947. p. 75-76.
37. TUCCI, José Rogério Cruz e. A motivação da sentença no processo civil. São Paulo: Saraiva, 1987.
p. 28.