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NATAL
2019
IGOR KENNELY FERREIRA OLIVEIRA
NATAL
2019
Universidade Federal do Rio Grando do Norte – UFRN
Sistema de Bibliotecas – SISBI
Catalogação de Publicação na Fonte. UFRN – Biblioteca Setorial do Centro Ciências Sociais Aplicadas – CCSA
______________________________
Professor Doutor Zivanilson Teixeira e Silva
Orientador/DEPEC UFRN
NATAL (RN)
2019
DEDICATÓRIA
A Deus, por tudo. Aos meus pais, pelo amor. Ao meu orientador, Professor Dr.
Zivanilson Teixeira e Silva.
SUMÁRIO
LISTA DE TABELAS
LISTA DE GRÁFICOS
LISTA DE QUADROS
LISTA DE FIGURAS
RESUMO
ABSTRACT
1. INTRODUÇÃO .................................................................................................... 01
1.1 OBJETIVOS GERAIS........................................................................................................03
1.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS..............................................................................................03
1.3 TRANSPORTE NO BRASIL: ABORDAGEM HISTORIOGRÁFICA .................... 03
1.4 OBJETIVOS.........................................................................................................07
1.5 ESTRUTURA DO TRABALHO.............................................................................08
2. REVISÃO DA LITERATURA.................................................................................09
2.1 O TRANSPORTE NO BRASIL.............................................................................09
2.2 CARACTERÍSTICAS DOS MODAIS DE TRANSPORTE ................................... 09
2.3 TRANSPORTE AEROVIÁRIO ............................................................................ 11
2.4 TRANSPORTE FERROVIÁRIO ......................................................................... 12
2.5 TRANSPORTE AQUAVIÁRIO ............................................................................ 14
2.6 TRANSPORTE HIDROVIÁRIO .......................................................................... 15
2.7 TRANSPORTE RODOVIÁRIO ........................................................................... 16
3 IMPORTÂNCIA DOS SISTEMAS DE TRANSPORTE PARA A ECONOMIA ....... 18
3.1 SISTEMA DE TRANSPORTE EFICIENTE E LOGÍSTICA .................................. 19
3.2 PANORAMA do Sistema de Transporte ............................................................. 22
3.3 Situação Atual dos Modais de Transporte .......................................................... 27
3.3.1 Transporte Aéreo .......................................................................................... 27
3.3.2 Transporte Aquaviário .................................................................................. 28
3.3.3 Transporte ferroviário ................................................................................... 32
3.3.4 Transporte Rodoviário .................................................................................. 34
4. PERSPECTIVAS FUTURAS PARA O SETOR DE TRANSPORTE NO BRASIL 37
5. CONCLUSÃO ...................................................................................................... 38
REFERÊNCIAS ....................................................................................................... 39
Lista de Tabelas
Tabela Página
Gráfico Página
Quadro Página
Figura Página
1
consegue atingir 20,7% e as hidrovias cerca de 13,6% das cargas, restando aos
modos dutoviário e aéreo, pequenas participações, algo em torno de 4,2% e 0,4%, de
modo respectivo, segundo o relatório da CNT (2014).
Custos logísticos altos prejudicam a competitividade, e isso afeta o
desenvolvimento econômico, sobretudo nas regiões mais atrasadas ou situadas na
fronteira agrícola, em função das opções de transporte insuficientes e inapropriadas.
De acordo com o estudo do Banco Mundial, as perdas ligadas a esse tipo de problema
se avolumam anualmente atingindo mais de US$ 1.3 bilhões (BRASIL, 2007).
Contudo, a despeito dos custos logísticos terem uma significância de perdas
para o país, tanto em competitividade quanto em elevação dos custos para o
consumidor interno e o modal rodoviário ser geralmente o principal responsável por
esta elevação de custo (TRANSPORTE, 2008).
No entendimento de Vianna (2007), o valor do frete no Brasil é baixo por causa
da inexistência de barreiras à entrada e às fortes barreiras à saída, haja vista que
qualquer pessoa pode fazer o papel de um transportador, bastando apenas se
apossar de um veículo de carga qualquer e tirar a carteira de motorista. Já para quem
faz parte do ramo é difícil conseguir sair por falta de alternativas de trabalho que venha
proporcionar uma renda similar, em decorrência da baixa escolaridade.
Outro fator contributivamente importante nessa tendência é a distância entre os
principais centros econômicos do país, pois de acordo com estudo apresentado no III
Fórum ABAG – Infra-estrutura e Logística no Agronegócio por Nigri (2005), o ponto de
equilíbrio entre os custos dos modais rodoviário, ferroviário e hidroviário sucede-se
em torno de 500 milhas, ou 830 km, isto é, abaixo destas distâncias o rodoviário é
considerado o menor custo ton./Km. Desse modo, no transporte inter-regional Sul e
Sudeste, abrangendo Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Paraná, São Paulo, Rio de
Janeiro, Minas Gerais e Espírito Santo, as distâncias são mediadas dentro dessa
faixa, sendo que estas duas regiões corresponde a 73,10% do PIB nacional (IBGE,
2010).
Neste estudo, buscou-se realizar um diagnóstico, apresentar a caracterização
do setor de transportes e o estudo da eficiência econômica, partindo de suas
potencialidades, a fim de apresentar sugestões que possibilitem manter e melhorar a
eficiência e rentabilidade do transporte de cargas no Brasil.
2
1.1 Objetivo geral
4
aperfeiçoamento de métodos e sistemas, de maneira a atender sempre mais
eficientemente seus demandantes (GRACIANO, 1971).
Ainda delineando a ideia do referido autor, a economia do mundo inteiro
depende, em simples análise, da circulação de mercadorias e pessoas. Nos países
desenvolvidos, especificamente no setor de serviços, o qual inclui o transporte,
geralmente é o que predomina tanto sobre o industrial, quanto sobre o setor de
exploração de recursos naturais, isto é, o setor terciário consegue sobrepor-se ao
primário e secundário.
Para o autor em tela, as rodovias, ferrovias e vias navegáveis, não são
utilizadas somente para a interligação entre as diversas regiões de um país, mas
constituem principalmente o meio de penetração, colonização e integração das mais
variadas localidades com a comunidade nacional, conduzindo benefícios e evolução
a todos os lugares da nação, e desse modo torna-se um fator de integração nacional.
De acordo com Andreazza (1981), até a década de 70, aproximadamente 90%
do comércio existente entre os países sul-americanos faziam uso da via marítima, isto
porque o sistema de transporte terrestre estava bastante precário, não havendo
ligações entre os locais de remessa e consumo das mercadorias. Todavia, o sistema
naval não se aprimorou de forma adequada, conservando importantes entraves muito
prejudiciais ao desenvolvimento, como o tempo nos processos de carga e descarga,
o excesso de inspeções e a papelada requerida pelos órgãos responsáveis.
A cabotagem apresenta ainda, além da inflexibilidade de transporte, problemas
que encarecem o serviço, a título de exemplo: roubos de mercadorias nos portos e
nos navios, taxas e despesas excessivas, demora excessiva nos portos em razão de
falta ou inadequação de equipamentos, além de excesso de burocracia, de estragos,
perdas, destruição e avarias de qualquer natureza nos produtos transportados
(BARAT, 2007c).
Nesse sentido, citado acima justifica que o transporte marítimo também não
efetivou papel importante no processo de industrialização do Brasil, apesar dos
investimentos recebidos durante o período colonial e apesar também da necessidade
de transporte envolver o deslocamento de mercadorias dos grandes centros urbanos
e industriais localizados no litoral, ou próximos dele. Após a Segunda Guerra, a
navegação foi incapaz de competir com o transporte rodoviário.
Entre 1970 e 1980, em função da crise do petróleo, o governo destinou vultosos
5
recursos à malha ferroviária sem que alcançasse resultados significativos em ganho
de produtividade e eficiência. Não tendo o mérito de atender de forma satisfatória à
demanda existente, de modo que colabore com a redução dos custos das mercadorias
e fazê-las chegar a todos os destinos de consumo. Contudo, (BARAT, 2007c) afirma
que nos 30 anos que se seguiram à década de 1970, o sistema RFFSA conseguiu
atingir densidades de tráfego superiores a de países industrializados da Europa, isto
é, a ineficiência, o alto custo e a baixa produtividade, dentre outros.
A história do transporte ferroviário de cada país evidencia as necessidades
econômicas, o pensamento político da administração e a ideia nacional concernente
aos transportes (ANDREAZZA, 1972). A ideia planejada em cada nação era de uma
política de unidade nacional, abrangendo o conceito de integração econômica, social
e cultural.
Em relação ao sistema rodoviário de transporte de cargas, esse se justifica por
uma característica particular que é o baixo nível de investimento inicial, isto é, se uma
determinada localidade demonstra um potencial de exploração econômica qualquer
no curto, médio ou ainda longo prazo, a interligação entre esta localidade e o restante
do mundo dar-se-á preferencialmente por rodovias, pois estas vão se ajustando à
demanda de acordo esta se apresenta. Num primeiro momento são abertas estradas
sem pavimentação, sendo essas apropriadas para o deslocamento de veículos de
pequeno porte, transporte de pessoas, produtos e mercadorias que entram e saem.
Conforme a demanda aumenta as estradas vão se adequando ao aumento desse
fluxo de trânsito, com pavimentação, duplicação das pistas, dentre outros.
Conforme Silveira (2006), no período compreendido entre 1945 e 1980 o
transporte de mercadorias através de caminhões teve predomínio crescente e as
causas principais apontadas para esse crescimento atribuiu-se primeiramente ao
objetivo exportador do modal ferroviário, e depois, devido a sua degradação em
decorrência de maus investimentos, e isso ligado à baixa produtividade dos portos
que foi motivada, entre outras causas, pela legislação desestimuladora.
A globalização faz com que problemas e soluções migrem entre as nações e
muitas vezes se busca encontrar possíveis soluções prontas em países desenvolvidos
importando processos, equipamentos e conhecimentos, mas que nem sempre se
adequam à realidade do país. Nessa busca comparativa de eficiência é ponto comum
julgar o modal rodoviário como o mais caro e menos adequado ao Brasil em razão de
6
suas dimensões. Entretanto, é cabível lembrar que a consolidação do processo de
integração econômica da Europa foi baseada fortemente no transporte rodoviário, e
isso se deu justamente por causa da sua flexibilidade e maior diversidade de países
de origem e destino, correspondendo em 2004 a 72,6% do total transportado, de
acordo dados da Organization for Economic Cooperation and Development (OECD)
(BATISTA; PAVAN, 2007).
Os custos de transporte afetam diretamente os preços das mercadorias
transacionadas no país e no exterior de modo amplo e geral, pela sua simples
existência. Influenciam na concorrência porque afeta os preços, provocando
divergências favoráveis para alguns e desfavoráveis a outros, por isso é
fundamentalmente importante que os custos sejam reduzidos, contudo, isto só é
possível se houver investimento pesado e constante em infraestrutura, em
planejamento, em tecnologia, em treinamento e qualificação da mão-de-obra
envolvida.
1.4 Objetivos
7
pudesse operar com capacidade ideal e, ademais, fosse promovida a
complementaridade entre os sistemas e não apenas a concorrência, deixando que
esta se desse entre organizações de mesmo ramo e não entre diferentes
modalidades. Isso iria permitir a redução dos preços de fretes, aumentar os níveis de
produção, ampliar os mercados consumidores, e desse modo reduziria os custos das
mercadorias, proporcionando o crescimento e o desenvolvimento econômico e social.
2. REVISÃO DE LITERATURA
9
*TKU – Toneladas transportadas por quilômetro útil.
Fonte: CNT, 2014.
10
2.3 TRANSPORTE AEROVIÁRIO
11
os custos com combustível, manutenção e mão-de-obra. Desse modo, esses
elementos se alteram por causa da distância a ser coberta e do volume a ser
transportado, isto é, pela sua capacidade de carga em toneladas-quilômetro
(BOWERSOX e CLOSS, 2001).
Talvez o fluxo maior de transporte aéreo ocorra mais em situação de
emergência do que nos caso de rotina. As empresas geralmente optam por utilizar o
transporte aéreo de cargas regulares apenas nos casos em que se justifica o alto
custo. Os produtos que mais utilizam o transporte aéreo com regularidade são aqueles
de grande valor ou altamente perecíveis, isto é, produtos de pequeno volume e alto
valor agregado ou que exijam distribuição rápida. O período de comercialização de
um produto é demasiadamente limitado, já que o transporte aéreo poderá ser
unicamente o meio prático para viabilizar as operações logísticas (SLACK et al.,
2002).
13
ligado à atividade econômica, ele consegue movimentar basicamente cinco produtos
ou grupos de produtos, a saber: minérios de ferro, granéis agrícolas para exportação,
combustíveis, produtos siderúrgicos e cimento. Na maioria dos sistemas de ferrovias
do mundo desenvolvido ou em desenvolvimento, existe grande predominância de
alguns produtos no total da carga, no entanto, no Brasil a concentração destes
produtos atinge a 90% e apenas o minério de ferro representa 70% do volume que é
transportado por trens.
17
3 IMPORTÂNCIA DOS SISTEMAS DE TRANSPORTE PARA A ECONOMIA
18
representaria uma economia de R$ 56,6 bilhões de reais. Mas para que isso se torne
possível, é imprescindível investimento considerável de maneira a superar os entraves
existentes na atual oferta de infraestrutura de transporte. E assim, conforme o plano
CNT de Logística 2012, o investimento mínimo seria cerca de R$ 404 bilhões de reais
(CNT, 2012).
19
Gráfico 1: Evolução Real da Produtividade do Brasil (2005 a 2014).
20
do Brasil, os empresários agregaram mais valor ao seu produto em quase todos os
anos, apesar das más condições da infraestrutura brasileira. Mesmo assim, o setor de
transporte e logística tem apresentado bons números na evolução nacional, quadro
geral da economia brasileira, ao equiparar internacionalmente fica bastante diferente.
No Gráfico 2, observa-se a evolução da produtividade do trabalho da economia do
Brasil, bem como de outros países em relação aos Estados Unidos (EUA).
Gráfico 2: Evolução da Produtividade do Trabalho nos países da: Alemanha, Noruega, Rússia, China,
Índia, Argentina, Brasil e Chile - 2005 a 2013.
24
planejamento e no desenvolvimento de um sistema de transporte integrado. Tanto no
transporte de passageiros como em relação ao de cargas, mesmo predominando
alguns modais em relação aos outros, localizam-se problemas que exigem
intervenções prioritárias em todos os modais (CNT, 2014).
O transporte aéreo tem se deparado com problemas que resultam de
deficiências na gestão e entraves institucionais e regulatórios, no qual repercutem na
capacidade operacional e no controle do tráfego aéreo. Em 2010, conforme
informações do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA), entre os 20
principais aeroportos brasileiros, 14 desenvolviam suas operações acima da
capacidade, com uma taxa de ocupação correspondendo em média de 187%. Outros
três aeroportos encontravam-se em um nível de situação preocupante, com uma taxa
de ocupação ultrapassando os 80%. Um dos fatos tangíveis do quadro de deficiências
e dificuldades dá-se em relação aos atrasos nas obras de ampliação dos terminais
aeroportuários. O aumento da demanda, com a expansão do mercado interno de
aviação e a excepcionalidade dos grandes eventos esportivos, incrementa
complexidade aos duros desafios enfrentados pelo setor. Uma crise de confiança no
sistema designados ao público em geral, tem sido conduzida em função da baixa
qualidade que é notada pelos usuários, decorrente de atrasos e cancelamentos de
vôos.
O transporte rodoviário, apesar de existir predominação na repartição modal,
aponta em sua infraestrutura problemas decorrentes de deficiências no planejamento,
na execução e na manutenção. Deficiências que foram frequentemente identificadas
na Pesquisa CNT de Rodovias 2013, ficando clara a extensão dos problemas das
rodovias brasileiras, a referir-se a pavimento, sinalização e geometria. A comparação
feita com países de dimensões semelhantes, tanto em extensão de rodovias
pavimentadas quanto em extensão de rodovias em segmento com mais de uma faixa
por sentido, aponta que o Brasil apresenta uma grande desvantagem competitiva se
equiparados aos países em questão, ficando abaixo da média, em se tratando do
conjunto de países. O vasto número de rodovias em estado precário de conservação
e funcionalidade, como a idade média da frota rodoviária elevada, aumentam
consideravelmente os riscos de acidentes e de avarias nos veículos, tendo como
consequências significativas o elevado número de vítimas nos acidentes e a emissão
de poluentes.
25
O transporte ferroviário, mesmo com sua capacidade para volumes maiores de
mercadorias, como minérios e grãos, por longas distâncias, em função das
características físicas e econômicas do país, ainda precisa avançar, significativamente
em contínuos investimentos, necessariamente para a ampliação da malha e aquisição
de equipamentos e material rodante. Constata-se, portanto nesse modal, uma
demanda contida pelo transporte de produtos industrializados. Mas esses fatores que
ainda dificultam sua competitividade, exclusivamente com o transporte rodoviário, é a
regulamentação do setor e a pequena flexibilidade da malha.
O custo do frete, a confiança aplicada nos prazos de entrega e a disponibilidade
de vagões apropriados, constituem algumas das características do transporte
ferroviário que devem ser melhorados, a fim de obter o seu maior aproveitamento.
Nas extensas áreas urbanas, onde a resolução é da responsabilidade do poder
público, algum dos problemas enfrentados trata-se do progresso da urbanização
irregular sobre áreas de jurisdição da ferrovia e a ocorrência de passagens de nível
critica, abrangendo resultados negativos na qualidade do serviço ferroviário, na
velocidade desenvolvida e na segurança (CNT, 2014).
O transporte marítimo defronta-se com problemas associados à pressão da
urbanização sobre as infraestruturas portuárias, tendo em vista os consideráveis
impactos em sua expectativa de expansão e na união a outros modais. A ampliação
dos cais e das áreas portuárias se limita pelas ocupações urbanas, provocando desse
modo o acréscimo de custos a sua expansão, limitando-se por restrições, geralmente
chamado gargalos, o fluxo de cargas por meio dos acessos terrestres, de e para os
portos, relacionadas à infraestrutura, a regulamentação e aos processos burocráticos.
Dentro desse contexto, a disponibilidade de terminais é mínima e a
profundidade de terminais são muito pequenas, havendo também a insuficiência de
profundidade em alguns locais acessíveis e de atracação de navios. Para isso, são
requeridos investimentos em tecnologia e equipamentos e na capacitação dos
profissionais que atuam nesse setor. A frota precisa ser renovada, com maior oferta
de navios com bandeira nacional. As altas taxas de tributação, a burocracia complexa,
o marco regulatório pouco flexível e sem clareza jurídica, impõe custos que devem ser
reduzidos. Um dos problemas notórios é a dificuldade no escoamento da produção
agrícola, com as constantes e longas filas de caminhões nas rodovias que transportam
até os portos (CNT, 2014).
26
3.3 SITUAÇÃO ATUAL DOS MODAIS DE TRANSPORTE
28
146.000.000,00 (cento e quarenta e seis milhões de reais) a serem aplicados. Trata-
se da primeira fase do processo de implantação deste sistema em portos do Brasil.
Diante deste contexto, já houve licitação dos projetos para implantação deste sistema
em dois portos brasileiros: Santos/SP e Vitória/ES, sendo declarada vencedora a
empresa da Espanha chamada INDRA nos dois locais.
No Projeto de Lei Orçamentária de 2015 são previstos os seguintes
investimentos na implantação nos controles de apoio ao Tráfego de Navios:
Quadro 2: Projeto de Lei Orçamentária Anual – 2015.
29
Conforme a SEP/PR, o “sistema portuário brasileiro” é constituído por 37 portos
públicos, sendo marítimos e fluviais. Desses, 16 são delegados, que tem sua
operação autorizada à administração por parte dos governos do Estado e Prefeituras.
Os outros 18 portos marítimos são administrados de forma direta, tendo o Governo
Federal como acionista majoritário.
Abaixo (Figuras 1 e 2) demonstra a distribuição geográfica dos 34 principais
portos públicos e 130 Terminais de Uso Privado (TUP):
Figura 1: Portos Públicos no Brasil.
30
Figura 2: Terminais Portuários Brasileiros de Uso Privativo.
31
Com o avanço da implantação de VTS/VTMIS nos portos e terminais brasileiros
também terá serventia para o Sistema de Gerenciamento da Amazônia Azul
(SisGAAz), ambicioso programa desenvolvido pela Marinha do Brasil, o qual prevê o
monitoramento das águas jurisdicionais do país. Este é um fator que certamente irá
impulsionar, com maior robustez, a efetivação de projetos de VTS/VTMIS.
No que é referível à segurança, ressaltando-se itens associados à segurança
dos terminais portuários, é extensamente conhecida por aqueles que vivem o dia a
dia dos portos. Vários portos fazem a operação com cargas acima de suas
capacidades técnica e física. Devido a isso, a Comissão Nacional de Segurança
Pública nos Portos (CONPORTOS), determinou a Resolução nº 47/2011, a qual cria
critérios para a realização de auditorias nas instalações portuárias, podendo resultar
no descredenciamento de vários terminais portuários em todo o Brasil, o que os leva
a investir na segurança das suas instalações.
32
km, sendo 22.219 km - 78,7% em bitola estreita (1,00 m), 5.461 km - 19,3% em bitola
larga (1,60 m) e 510 km – 2% em bitola mista. Essa malha traspassava 22 Unidades
da Federação, em todas as Regiões.
O total de carga transportada em 2012 por todas as concessionárias equivaleu
a 459.947 toneladas úteis, significando um crescimento de 18,2% em comparação ao
ano de 2006. A produção de transporte em toneladas-quilômetros útil correspondeu a
301.653, um crescimento considerável de 26,5% em relação a 2006. Nesse período,
a quantidade de locomotivas em circulação aumentou em 44,2% e de vagões
aumentou 44,9%. E o número de acidentes por milhão de trem-quilômetro foi reduzido
em 43,4%.
Conforme informações da ANTT, no período de 2006 a 2012, os investimentos
acumulados praticados pelas concessionárias equivaleram à soma de R$ 22,10
bilhões. Investimentos que se destinaram basicamente à via permanente 38,3% do
investimento total, e ao material rodante 37,2%. Relacionado à natureza de
mercadoria transportada, em 2011, houve destaque no minério de ferro, destacando-
se com a maior participação em toneladas úteis 75,2%, acompanhado da soja e do
farelo de soja 5,0%.
Os investimentos privados têm promovido melhoria no serviço prestado do
transporte ferroviário, assim como a um melhor aproveitamento da vocação desse
modal para transportar uma grande capacidade de mercadorias por meio de longas
distâncias. Desse modo, apesar dos desenvolvimentos efetivados no transporte
ferroviário, e dos resultantes ganhos em segurança e eficiência e no aumento da
demanda, ultimamente, muito ainda precisa ser feito. Contudo, se faz necessário mais
que apenas investimentos, precisa fazer também alterações no quadro legal e
burocrático, em face aos desafios que se impõe ao setor.
De acordo com a Pesquisa CNT de Ferrovias 2011, identificaram-se alguns dos
entraves ao desenvolvimento do sistema ferroviário nacional, entre eles, citam-se: as
invasões das faixas de domínio, as passagens em nível críticas prioritárias, os
gargalos logísticos e operacionais, falta de interligação da malha, restrições a
aquisição de nova tecnologia e de materiais, marco regulamentar inconsistente e
complexo e dificuldades na obtenção de financiamentos.
Entre as intervenções recomentadas pelo estudo, está à unificação das bitolas
(de bitola estreita para bitola larga), a construção de ferrovias com sistema de
33
integração a portos marítimos e hidroviários e a construção de contornos ferroviários.
34
que 36,2% (35.002 km) das rodovias estão sob condições satisfatórias, Ótimo ou Bom.
Do total de pesquisas das rodovias, em 63,8% foram identificados problemas com a
pavimentação, na sinalização e na geometria da via, indicando as situações Regular
(34,4%), Ruim (21,4%) e Péssimo (8%).
Em relação ao Estado Geral, as Unidades da Federação que registram os
maiores percentuais de trechos com condições bastantes satisfatórias são: São Paulo
com 82,2%, Rio de Janeiro com 65,0% e Paraná com 62,8%. Já os Estados com os
menores percentuais de rodovias em condições satisfatórias são Acre 0,0%, Pará
5,2% e Amazonas 10,4%. Desse modo, é possível confirmar que, as rodovias
pavimentadas além de terem uma pequena participação com base na malha total,
suas condições são insatisfatórias em uma considerável parcela da sua extensão. Os
gargalos físicos que decorrem disso, ao aumentar o Custo Brasil, causam problemas
em todo o sistema logístico, dificultando a competitividade do país, no que se refere a
sua infraestrutura.
É possível constatar que parte dos investimentos públicos autorizados de ano
a ano, acaba não sendo realizada de fato, diferença que se tornou muito significativa
nos últimos anos. Como é percebível, nas ultimas décadas, ocorreu uma redução
relevante do investimento público em infraestrutura de transporte, em 0% do PIB, de
1,8% em 1976 para 0,3% em 2013. Nesse mesmo ano, dos R$ 19,1 bilhões
autorizados para as infraestruturas de transporte, somente R$ 12,5 bilhões foram
efetivamente pagos. Essa situação decorre em função da dificuldade de execução e
de gerenciamento dos investimentos por parte do governo.
Em 1995, deu-se início a um programa de concessões de estradas federais a
operadoras privadas, logo em seguida, do mesmo modo foram concedidas algumas
rodovias estaduais. No período abrangido entre 1995 a 2013 os investimentos
acumulados, equivalendo a 33,7 bilhões, foram investidos, sobretudo em rodovias
estaduais de São Paulo, 53,3%. Nas rodovias federais foi de 28,8% e em rodovias
estaduais do Paraná, 9,3%. Em conformidade com a Pesquisa CNT de Rodovias
2013, apontou que 80.841 km (83,6%) estão sob gestão pública e 15.873 km (16,4%)
sob gestão concedida. Os trechos denominados satisfatórios (critérios Ótimo ou Bom)
nas estradas concedidas equivalem a 84,4% do total, portanto, este valor equivale a
apenas 26,7% nas estradas públicas. É possível destacar, o incremento na qualidade
notada pelos usuários das rodovias concedias, por meio da ampliação da capacidade
35
e de uma cuidadosa manutenção da malha rodoviária. Sendo assim, a execução dos
investimentos privados deve realizar-se em um ambiente econômico seguro, com
estabilidade contratual e, objetivos definidos de forma clara.
De acordo com o Departamento Nacional de Trânsito (Denatran), houve no
período de 2004 a 2013, um crescimento elevado no número de veículos no país, de
39,2 milhões passou para 78,8 milhões, isso representa um crescimento de 101,0%.
Conforme a Associação nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea),
no Brasil, no ano de 2013, foram fabricados e licenciados um montante de 3.767.370
veículos, desses, um percentual de 73,4% foram automóveis, 21,7% foram os
comerciais leves, 4,1% caminhões e 0,9% ônibus. Dados levantados da Associação
Brasileira dos Fabricantes de Motocicletas, Ciclomotores, Bicicletas e Similares
(Abraciclo), o volume de motocicletas vendidas em 2013, chegou a 1.592.677
unidades, isso equivale a um crescimento de 55,5% em comparação aos valores de
2005. Desse modo, esse crescimento tem tido um impacto relevante na gestão da
mobilidade urbana.
Já no ano de 2007 a 2013, o licenciamento de caminhões, reboques e
semirreboques cresceu cerca de 16,9%, isso demonstra um aumento da demanda de
serviços de transporte rodoviário e por conseguinte uma maior pressão sobre as
rodovias. Mesmo diante desse crescimento, no Brasil, a idade média da frota de
caminhões ainda é considerada alta, pois os caminhões de empresas têm idade média
de 8,5 anos, e os de autônomos cerca 21 anos em média (CNT, 2013).
A frota de veículos rodoviários de carga no Brasil em 2013 equivalia a 4.890.018
unidades, e a frota de ônibus cerca de 200 veículos. Sendo 17.309 ônibus
interestaduais e internacionais, 57.000 intermunicipais, 23.489 habilitados para
fretamento e 107.000 na prestação de serviços urbanos.
36
A cerimônia deu-se no Palácio do Planalto, onde foram assinados 35 atos bilaterais
em várias áreas, entre eles o Plano de Ação Conjunta 2015-2021. Com isso, serão
oito projetos a serem aplicados para a área de transporte, no total, sendo outros
setores também contemplados, como a agricultura e pecuária, energia, relações
exteriores, comunicação, meio ambiente, ciência e tecnologia, esportes, assim como
planejamento (CNT, 2015).
Também está prevista a criação de um fundo de US$ 50 bilhões entre o Banco
Industrial e de Comércio da China (ICBC) junto com a Caixa Econômica Federal, isso
poderá ultrapassar de US$ 100 bilhões de investimentos. A estrada de ferro terá uma
extensão de 4,4 mil km, partirá de Goiás passando pelos estados de Mato Grosso,
Rondônia e Acre e irá atravessar os Andes, chegando até os portos do Peru. Interliga-
se a malha da ferrovia Transcontinental, no Brasil, até o porto de Açu no Rio de
Janeiro. O projeto irá abrir uma saída pelo Oceano Pacífico, desse modo isso irá
facilitar e reduzir os custos com o escoamento do minério, da soja e ainda dos demais
produtos de exportação. Os estudos de viabilidade serão feitos até maio de 2016,
conforme acordo bilateral assinado, só então, terá-se-à conhecimento dos custos do
empreendimento (CNT, 2015).
A Confederação Nacional do Transporte, em 2014, introduziu um escritório em
Pequim, na intenção de minimizar a relação entre os empresários chineses e
brasileiros, e provocar uma melhora na infraestrutura de transporte e logística do
Brasil. A China anunciou a aplicação de fortes investimentos, e a CNT trabalha para
intensificar as parcerias. Conforme o diretor da CNT, o Brasil passa por um momento
em que necessita de investimentos, e a parceria com estrangeiros significa uma
alternativa para a melhoria da infraestrutura do país. As intervenções apontam para
uma visão sistêmica do transporte, com obras envolvendo todos os modais (CNT,
2015).
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5. CONCLUSÃO
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Para que este resultado venha se tornar possível, há a necessidade em que
haja a modernização tanto da infraestrutura rodoviária, como em relação as ferrovias
e portos. No entanto, imaginar que o problema do transporte do Brasil é a
concentração no modal rodoviário e que para o problema se tornar solúvel bastaria
transferir recursos de investimento de um para outro, ou pior ainda, que a transferência
da distribuição de cargas se desse por causa do sucateamento ou da piora de
eficiência do modal rodoviário, como parece de fato estar acontecendo, irá levar o país
a uma posição ainda pior no que se refere aos seus concorrentes externos, na
proporção em que perderá ainda mais competitividade em decorrência da piora do
seu quadro logístico.
Em contrapartida, é cabível ressaltar que, com relação às melhorias que
poderão acontecer nas rodovias brasileiras, que são obviamente necessárias, o setor
de transportes deve ser encarado de forma global, não segmentada, desde que, se o
objetivo a ser alcançado for a melhoria de sua eficiência. Nesse aspecto, não se deve
desvincular o planejamento de transportes do planejamento econômico e social do
país, o que engloba questões que tenha ligações com decisões quanto à localização
industrial, ao suprimento de insumos e à distribuição de produtos, isto é, questões
associadas ao planejamento logístico.
A crise financeira mundial, apesar dos reflexos econômicos, não reduziu a
preocupação dos empresários com a necessidade de investir em infraestrutura. A
exigência de ser mais competitivo dentro de um ambiente com menor demanda e a
perspectiva de volta do crescimento econômico contribuem mesmo num momento de
desaceleração da produção, para que a infraestrutura consiga se manter como uma
das maiores preocupações do setor industrial.
Se não há eficiência no setor rodoviário, por todos os fatores abordados nesta
pesquisa, é eficaz, na instância em que consegue cumprir sua função de movimentar
mercadorias de um extremo ao outro do país.
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REFERÊNCIAS
BATISTA, Eliezer; PAVAN, Renato Casali. A logística como condição básica para
o desenvolvimento sustentado: visão sistêmica, integrada e estratégica. São
Paulo: Macrologística, 2007. 25 p. Disponível em:
<www.ahkbrasil.com/upload_arq/Abertura.pdf>. Acesso em: 15 Jan. 2016.
BATISTA, Eliezer; PAVAN, Renato Casali. A logística como condição básica para
o desenvolvimento sustentado: visão sistêmica, integrada e estratégica. São
Paulo: Macrologística, 2007.
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Logística 2014. Brasília: CNT, 2014.
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