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01 Introducao Eclesiologia
01 Introducao Eclesiologia
CONTEMPORÂNEA
AULA 1
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• No interior das igrejas, a fim de que as práticas sejam sempre revisadas
e alinhadas;
• Entre membros e líderes, para que exista harmonia no entendimento
doutrinário de todos os integrantes da congregação;
• Entre pastores e sacerdotes, para trazer a memória os propósitos iniciais
da igreja ali fundada e corrigir práticas e pensamentos que estejam
dissonantes da doutrina bíblica ou ineficientes na relação com a
comunidade do entorno;
• De professores e pesquisadores em teologia, para promover a
importância do tema e confirmar a realidade eclesiológica da igreja
brasileira;
• Em congressos e eventos, com o objetivo de conscientizar pastores e
líderes sobre a relevância do tema;
• Em ambientes acadêmicos e fóruns de discussão, por meio do diálogo,
com o objetivo de formular um conceito a respeito da eclesiologia
contemporânea, considerando a pluralidade de ideias que surgem em
virtude dos diversos ambientes denominacionais, para ampliação do
conhecimento e estabelecimento de filtro para aplicação na comunidade
local.
1.1 Deus trabalha por meio de pessoas
Desde o seu início, a história da igreja é escrita por Deus por meio de
pessoas.
Ainda lá na igreja primitiva, um dos personagens centrais foi Pedro, um
homem simples, um pescador galileu e que se irritava facilmente. Após a
ressurreição de Jesus, ele foi instrumento de Deus para alcançar as pessoas da
sua cidade com a pregação do evangelho. Também foi o líder dos discípulos no
início da jornada de constituição da igreja.
Do mesmo modo, Paulo, um dos personagens mais relevantes do Novo
Testamento, era um homem com muitas qualidades, mas também tinha seus
defeitos.
Ele era considerado “chato” por muitos e, graças a sua fama de
perseguidor, quando foi de Damasco para Jerusalém, precisou contar com a
defesa de Barnabé para ser aceito entre os apóstolos: “Mas Barnabé, tomando-
o consigo, levou-o aos apóstolos. Contou-lhes como Saulo tinha visto o Senhor
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no caminho, e que o Senhor tinha falado com ele. Também contou como, em
Damasco, Saulo tinha pregado ousadamente em nome de Jesus” (Atos 9.27).
As dificuldades relacionais de Paulo envolvem outros capítulos ao longo
do Novo Testamento. Logo depois de ser aceito, durante sua estadia em
Jerusalém, ele teve problemas com os helenistas, cristãos de fala grega. Paulo
discutia com eles e houve um movimento entre esse grupo considerou matá-lo
(Atos 9.28-30). Tempos depois, Paulo e Barnabé, o mesmo que o defendera
diante dos apóstolos, discutiram sobre levar consigo em viagem a João, o
Marcos, e essa briga foi tamanha que eles se separaram (15:36-39).
As dificuldades de Paulo, a exemplo de Pedro, não o impediram de ser
essencial para o crescimento da igreja. Ele foi o responsável pela implementação
da igreja em diversas cidades, escreveu boa parte dos livros que compõem o
Novo Testamento, discipulou pessoas e foi mentor de vários pastores como
Timóteo e Tito, por exemplo.
Assim como foi com Pedro e Paulo, ainda hoje Deus deseja trabalhar por
meio das pessoas na ampliação de seu Reino. Para isso, no entanto, é
imprescindível que se faça a leitura correta deste tempo, ou seja, é importante
entender o modo e o contexto em que as pessoas vivem nos dias atuais.
Considerando que a tarefa da igreja é apresentar as pessoas a esperança
da salvação, promovendo a aproximação delas até a Deus, a exemplo do que
fizeram os cristãos do primeiro século, que transformaram a forma de viver dos
judeus, dos gregos e dos romanos que viviam na sua época, a igreja atual deve
apresentar à sociedade uma eclesiologia capaz de transformar o mundo.
E, para um mundo transformado, é necessário que, primeiro, as pessoas
sejam transformadas para melhor. E isso só é possível por meio da vivência do
evangelho transformador.
Conhecer, portanto, o contexto, a cultura e as tradições são essenciais
para que exista efetividade no esforço da evangelização. Paulo, por exemplo,
gerou transformação e apresentou o evangelho aos carcereiros e guardas que o
vigiavam quando estava preso, e ele foi preso muitas vezes.
Ainda sobre o poder e o caráter transformador da igreja, podemos citar o
exemplo dos discípulos de Jesus. Afora Judas, o traidor, todos os outros tiveram
suas vidas transformadas e foram agente de transformação na vida de outras
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pessoas, não apenas em Jerusalém, mas, a partir da metade de suas vidas,
também em outros lugares, para onde realizaram viagens missionárias,
conforme narram os pais da igreja.
Eles gastaram suas vidas em favor do evangelho e foram martirizados
pela causa, com exceção do apóstolo João, que morreu de morte natural, exilado
na ilha de Patmos, onde também escreveu o livro do Apocalipse, revelação de
Deus para o povo de todos os tempos, inclusive dos dias atuais.
Assim como os judeus, gregos e romanos foram transformados pelo
evangelho pregado pelos cristãos da igreja primitiva, aos crentes desses dias
cabe o desenvolvimento de uma eclesiologia capaz de transformar a vida das
pessoas para melhor, vivenciando um cristianismo não apenas nominal, mas real
e capaz de convencer o ladrão a não roubar mais, o mentiroso a viver de modo
íntegro, e o homem de coração vil a se espelhar em Jesus e viver uma vida de
humildade, generosidade e amor.
É fácil observar que grande parte das ações realizadas pelas igrejas de
hoje são ações templocêntricas, ou seja, são realizadas dentro das estruturas
físicas da instituição e não se voltam para a sociedade, a fim de estabelecer com
esta qualquer conexão ou atender às necessidades do povo.
Esse comportamento recorrente das comunidades locais precisa ser
urgentemente reconsiderado. A igreja não deve concentrar todas as suas
atividades e ações para a convivência interna dos membros, mas deve voltar
também sua atenção para as necessidades da sociedade em seu entorno; afinal,
uma das principais expectativas que existem em relação à igreja é que ela seja,
sim, um local onde as pessoas servem e adoram a Deus em Espírito e em
Verdade e também que seja capaz de alcançar as pessoas que estão fora.
Nesse caso, o único caminho para estabelecer essa conexão com quem está
fora é voltando a atenção para além das estruturas internas.
A ideia de templo que existe hoje considera o espaço físico como local de
culto e convivência entre os membros. É comum, por exemplo, que as pessoas
convidem umas às outras para visitar ou conhecer a sua igreja, normalmente
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referindo-se ao espaço físico. Mas essa não era a ideia de igreja que existia entre
os primeiros cristãos, lá no primeiro século.
O texto neotestamentário afirma que, naquele tempo, os cristãos se
reuniam diariamente nas casas e no pátio do templo em Jerusalém (Atos 5.42).
Mas, com a dispersão dos cristãos para outras cidades, por conta da
perseguição encabeçada principalmente por Saulo, a congregação em templos
tornou-se impossível, já que não existiam igrejas espalhadas pelas cidades
como acontece nos dias de hoje.
Em um momento seguinte, por volta do ano 70 da era cristã, Jerusalém
foi invadida e o templo destruído.
Apesar desses percalços, a igreja continuou crescendo por meio das
reuniões nas casas. Aliás, esse período é reconhecido como um tempo de
grande e forte expansão do cristianismo e a necessidade de realizar ações “para
fora do templo” é considerada fator determinante para esse crescimento.
A popularização de templos nas cidades só aconteceu com a conversão
de Constantino, imperador romano no início do século IV. A partir de sua decisão
por seguir a fé cristã, ele passou a construir templos por todo o reino, subsidiados
pelo império romano e só a partir daí os cristãos passaram a praticar a religião
no interior das igrejas, ideia e hábito que perdura até os dias de hoje.
A discussão eclesiológica contemporânea não condena, de nenhum
modo, a reunião em templos. O que se propõe é o despertamento para a
necessidade de equilibrar as ações e estratégias de cada congregação
considerando a sociedade do seu entorno e o atendimento as suas
necessidades.
A necessidade contemporânea da igreja, portanto, é:
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dominical também eram realizados pela manhã e isso porque fazia-se a correta
leitura da realidade daquele tempo e considerava que as pessoas moravam
predominantemente em áreas rurais, ou seja, precisavam percorrer grandes
distâncias até o local de culto; elas não possuíam energia elétrica; e tinham o
hábito de dormir cedo e acordar muito cedo para trabalhar no campo.
Nos dias atuais, a observação das tendências e do estilo de vida das
pessoas também é necessária na organização e planejamento das atividades
comunitárias e eclesiásticas da igreja local. Agora, no início do Século XXI, a
maior parte dos brasileiros vive em grandes metrópoles ou em áreas urbanas,
por exemplo. Essas e outras características devem ser observadas pela igreja
de modo que a leitura deste tempo seja feita de forma correta, inclusive para
identificar as necessidades das pessoas, que também mudam de uma época
para outra.
No Brasil, essa leitura deve ser feita com bastante cuidado, isso porque
as profundas diferenças sociais, geográficas e naturais entre as distintas e
distantes regiões impõem diferentes necessidades e, portanto, carecem de
diferentes soluções.
Por exemplo, existem lugares em que o inverno é muito rigoroso e outros
em que a temperatura ao longo do dia é extremamente alta e gera muito
desconforto. A liderança em cada um desses locais precisa avaliar o melhor
momento de culto e a estruturação da igreja de formas totalmente diferentes. É
fácil entender, por exemplo, que a solução ideal para uma igreja local em Porto
Alegre não deve funcionar da mesma maneira na igreja plantada em Manaus,
por exemplo.
Cabe ao líder ou à liderança eclesiástica de cada congregação fazer a
correta leitura do seu contexto, da comunidade local e seu entorno, seja o bairro
ou mesmo a cidade, e estabelecer estratégias para atender às necessidades do
povo.
Em relação aos princípios bíblicos, a igreja contemporânea deve ser:
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• Composta por ministérios equilibrados, ou seja, uma igreja que atua com
bom senso, atenta às necessidades sociais da comunidade e, da mesma
forma, comprometida com a promoção do evangelho e a real
transformação que ele promove, buscando comunicar-se com as
diferentes gerações e atendê-las de modo satisfatório.
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TEMA 4 – A IGREJA EVANGÉLICA DO SÉCULO XXI
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Revolução Francesa e o advento do iluminismo, filosofia que defende a união da
razão com a ciência e levanta pressupostos de igualdade.
Já o pensamento pós-moderno rejeita o pensamento moderno e promove
o individualismo e a despreocupação com as questões sociais. Os valores da
pós-modernidade promovem o individualismo excessivo, a valorização da
globalização, relativismo no modo de pensar, liberalismo teológico, a
secularização, o pluralismo teológico e um certo pragmatismo religioso.
5.2 A globalização
5.3 O relativismo
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correta ou incorreta. Defende-se que “o ponto de vista é a vista a partir de um
ponto”.
A igreja prega justamente o contrário dessa ideia, promovendo o
evangelho como verdade absoluta e apresentando Jesus como única forma de
o ser humano achegar-se a Deus.
5.5 A secularização
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a suas vontades. Isso vai na contramão do cristianismo e seus princípios, que
promove justamente a transformação de vida das pessoas por meio evangelho.
NA PRÁTICA
FINALIZANDO
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REFERÊNCIAS
BÍBLIA. Nova Almeida Atualizada. São Paulo: Sociedade Bíblica do Brasil, 2017.
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