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Estudo da linguagem fotográfica na escola pode ser

caminho para a Alfabetização Midiática-Visual

Vitória Brito Santos, Doutora em Diversidade Cultural e Inclusão Social (FEEVALE).


Líder Pedagógica no Senac de Uruguaiana, Uruguaiana, RS, Brasil.

Alissom Roberto Brum, Mestrando do Programa de Pós-Graduação em Diversidade


Cultural e Inclusão Social na Universidade Feevale, Novo Hamburgo, RS, Brasil.

Saraí Patrícia Schmidt, Doutora em Educação (UFRGS). Professora Titular da


Universidade Feevale com atuação nos Programa de Pós-Graduação em Diversidade
Cultural e Inclusão Social e Processos e Manifestações Culturais, Novo Hamburgo,
RS, Brasil.

Pensar a escola como um espaço de


construção de saberes e de cidadania
é um ato cujo ponto de partida reside
em premissas aliadas a processos
comunicacionais. O ensino, nessa
ordem, volta-se para as liberdades que
cada um/a tem de manifestar opiniões,
bem como agir de acordo com suas
próprias habilidades e formas de
interpretar o mundo.

Estar no ambiente escolar, vale reforçar, é um dos princípios garantidos pela


Declaração Universal dos Direitos Humanos (DUDH). A educação é, sobretudo,
comunicacional e isso não se deve apenas ao contexto presente, a era das redes. Os
ecossistemas comunicacionais e formativos que compreendem a mídia e os códigos de
comunicação como diretamente ligados ao modo de existir e de ser cidadão/ã na
contemporaneidade são o ponto chave nessa articulação.
Na esfera dessas discussões, é necessário delimitar algumas noções e criar
estratégias para desenvolver uma educação midiática no âmbito escolar. Uma dessas
delimitações é o que denominamos de “Alfabetismo Visual”, ponte de ancoragem da
pesquisa que deu origem ao artigo Alfabetização Midiática-Visual: um Direito Humano na
Escola, publicado no periódico Educação em Revista (vol. 39, e41688, 2023).
O artigo retrata uma pesquisa que pressupõe o Alfabetismo Visual como uma
dimensão de atuação da própria Educação Midiática, sendo uma etapa significativa que
envolve esse processo formativo, objetivando perceber a mídia através de um olhar mais
específico para as produções imagéticas que, igualmente, constituem esse universo.
Este estudo foi desenvolvido no âmbito do Grupo de Pesquisa Criança na Mídia:
Núcleo de Estudos em Educação, Comunicação e Cultura, da Universidade Feevale, no Rio
Grande do Sul. O grupo desenvolve formações docentes que integram uma ampla pesquisa
institucional, mobilizando acadêmicos da graduação e pós-graduação e articuladas com o
Convênio de Educação Antidiscriminatória que ocorre com a rede pública de ensino do
município de Novo Hamburgo/RS.
O estudo aqui narrado tem caráter exploratório/bibliográfico, de natureza básica e
abordou as discussões que cercam as noções de fotografia, mídia, educação e direitos
humanos, tendo como base conceitos teóricos que versam sobre Alfabetização Midiática-
Visual (Educação Midiática e Alfabetismo Visual).
A partir da problematização sobre o papel do/a professor/a e da escola na mediação
dos conteúdos midiaticamente consumidos pelos/as estudantes, considerando os efeitos da
cultura da mídia e das imagens na constituição da realidade e das identidades
infantis/juvenis contemporâneas, o projeto desta investigação buscou apreender quais são
as compreensões, aptidões e aflições que os/as docentes possuem em relação às didáticas
voltadas à Alfabetização Midiática-Visual dentro de seus específicos contextos escolares de
atuação.
Desenvolvido a partir da metodologia da pesquisa-ação, o estudo organizou-se em
etapas e contou com a participação de docentes da rede pública de ensino do município
onde está situada a universidade. Ademais, alicerçou-se em investigações consolidadas da
área da Comunicação/Educação e dos Estudos Culturais. Um dos resultados foi a criação
de um Guia da Alfabetização Midiática-Visual, um documento pautado no estudo e no uso
da linguagem fotográfica na escola.

Imagem: elaboração dos autores.

Em relação às fases que constituíram a pesquisa, o primeiro momento objetivou


diagnosticar a percepção dos/as docentes sobre o que significa alfabetizar e ser alfabetizado
neste atual tempo, bem como as concepções que os/as educadores/as possuem sobre
Alfabetização Midiática-Visual.
Já a segunda parte, de caráter qualitativo, visou uma ação dialógica junto a um grupo
focal de professores/as, com o intuito de construir um possível caminho prático-
metodológico para o desenvolvimento de didáticas voltadas à construção de uma
Alfabetização Midiática-Visual na escola.
Foi possível perceber que, mesmo na atualidade, frente às novas formas visuais de
os sujeitos se comunicarem e produzirem sentidos sociais, as imagens continuam sendo
uma realidade cultural relegada, muitas vezes, a segundo plano no que tange às lógicas de
ensino no espaço escolar.
A intervenção realizada no território escolar, a partir do trabalho promovido com
alguns/mas professores/as por meio do estudo da linguagem fotográfica, propiciou aos/às
educadores/as e aos/às educandos/as a construção de saberes que viabilizam um contato
mais consciente e crítico com relação aos artefatos comunicacionais. Dessa forma,
esperamos, são ampliadas as responsabilidades e possibilidades de autonomia quanto ao
uso das tecnologias midiáticas como forma de luta democrática e expressão cidadã.

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