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ZÉ PREGUICA CONTRA A DENGUE

Texto de Felipe Piton

Adaptação e direção de Tarcizio Rafael

PERSONAGENS:

ZÉ PREGUIÇA, UM CAIPIRA ................................................Ivan Daniel

VAMPIRESCO, O VAMPIRO ANIMALESCO ............................Ricardo Alves

MOSQUITO DA DENGUE AEDES AEGYPTI..............................Gustavo Melo

AGENTE DE SAÚDE.................................................................Gustavo Melo

PRODUÇÃO E OPERAÇÃO TÉCNICA.......................................Tarcizio Rafael

(CENÁRIO - QUINTAL DA CASA DE ZÉ, COM MUITA SUJEIRA, PNEUS, LATAS, GARRAFAS, PRATINHOS E
VASINHOS DE FLOR, SACOLAS PLÁSTICAS)

Entra Zé Preguiça, o caipira, com um radinho no ouvido.

LOCUTOR - GRAVAÇÃO DO RÁDIO: COMUNICADO URGENTE: (ou Zé lendo o jornal)

EPIDEMIA DE DENGUE NA NOSSA CIDADE. O BRASIL TODO ESTÁ COM ALTOS ÍNDICES DESSA DOENÇA QUE
PODE ATÉ MATAR! SE VOCÊ ESTÁ COM ALGUNS DESSES SINTOMAS: DORES NO CORPO, FEBRE ALTA,
DORES MUSCULARES, TONTURAS, NÁUSEAS E VÓMITOS, DIARREIA, MANCHAS AVERMELHADAS PELO
CORPO E FALTA DE APETITE, PROCURE UM POSTO DE SAÚDE MAIS PRÓXIMO E NÃO SE AUTOMEDIQUE.
TOME BASTANTE LÍQUIDO E REPOUSE. A ÚNICA MANEIRA DE NOS LIVRARMOS DA DENGUE É ACABANDO
COM OS CRIADOUROS. NÃO DEIXE ÁGUA PARADA EM SUA CASA, EM SEU TERRENO, COMO EM PNEUS,
GARRAFAS, PRATINHOS DE VASOS DE FLOR E SACOS PLÁSTICOS. VAMOS COMBATER A DENGUE, O
MOSQUITINHO LISTRADO É COISA SÉRIA!

ZE — Oi pessoar, tudo bem cocêis? Muito prazer, meu nome é Zé Preguiça. Me chamam assim porque falam
que eu pareço mais um bicho preguiça... tenho preguiça de tudo... ai ai... agora que meu serviço de hoje já
acabô, vortei pra minha casinha, pra descansá e ter sossego, ouço essa coisa no rádio... meu Pai do Céu... o
que anda acontecendo nesse mundão de Deus, esse mundão véio sem porteira?! Onde já se viu um
mosquitinho que transmite DENGUE!? Eu não conheço esse mosquitinho e nem acredito que um bichinho
tão pequenininho possa fazer a gente ficar doente, de fica di cama, até ir pro hospitar. (Para e olha pro
quintal bagunçado). Olhando pro meu quintal, até que ele tá bem limpinho, vocês não acham? Num vô tê
pobrema com o tal do Aedis Egípcio... Eu acho que meu quintar tá muito bão do jeito que tá e pronto acabô!
Eu vô é dormir que eu ganho mais, isso sim... amanhã é um otro dia.

Som de Asas de morcego batendo e vendaval. Entra Vampiresco.

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VAMP — Ai, ui, ui ai... eu não acredito no que tá acontecendo... tá começando a doer tudo no meu corpo, as
perninhas (mexe as pernas), os praci vira de costas), meu popó (mexe o bumbum)... Me desculpem, eu nem
me apresentei, meu nome é Vampiresco, o vampiro animalesco (faz som de um rugido de leão e penteia os
cabelos toda hora, uma gag do personagem)

ZÉ — Mai que baruio é esse drento do meu quintar? Que falatório é esse todo (se assusta com o Vampiro)
Virgem Santíssima! Vai de retrô coisa ruim! (começa a tremer e se ajoelha) Vai pra trás coisa feia,
urubuzento, feioso. (Pega dois pedaços de pau e faz uma cruz).

VAMP — Calma humano... eu quero falar com você... muito prazer, meu nome é Vampiresco, o vampiro
animalesco (faz a gag do ruído e penteia o cabelo).

ZÉ — Oras bolas... donde já se viu um vampiro estranho desse jeito falando comigo... venha já aqui que vou
arrebentar sua fuça, isso sim...

(Corre atrás do vampiro, cena cómica, com música, como uma pantomima. Após um tempo, Vampiresco
para cansado e pede trégua)

VAMP — Calma meu senhor... tenha calma!

ZE — Que calma que nada! Ocê qué me mordê!

VAMP — Nãooooo... não quero te morder... eu quero conversar com você!

ZE — Que conversá o que? Nada de conversa fiada. Suma da minha casa senão eu desço a vassora na sua
cabeça e ocê vai simbora daqui debaixo de paulada!

VAMP — Nossa! Mas quanta grosseria numa pessoa só! Eu quero falar pra você que...

ZE — Fora daqui! -

VAMP - Mas é que...

ZE - Fora!

VAMP - Mas é que..

ZE - Fora!

VAMP — Mas é que...

ZE - Fora!

VAMP - Chega!

(Vampiresco solta um ruído estrondoso, seguido de trovões, faz cara feia e depois se arruma e sorri para Zé).

ZE - Drento...

VAMP - Não entendi.

ZE — Drento. Eu tava mandano ocê pra fora, agora eu disse que ocê pode ficá drento.

VAMP — Assim está melhor... eu, eu preciso me sentar, me sinto fraco, com sede...

ZE (fazendo cruz com dois paus) — Tá vendo... ocê qué me mordê!

VAMP — Pare com isso... eu não estou aqui pra te morder... vamos começar do começo.

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ZE — Porque começá do fim não dá, não é mesmo?

VAMP - O quê?

ZE — Océ que falou "começá do começo"... é lógico que começa do começo, porque começá do fim é
impossiver, tudo que começa é do começo, porque é do começo que se começa as coisas, porque se fosse do
fim seria o finar e não o começo, porque...

VAMP — Chegaaaaaaaaaaaa!!!

ZE — Dispois o grosso sô eu.

VAMP — Olha meu senhor, estou me sentindo fraco e vim até aqui pedir a sua ajuda, mas já estou quase
desistindo.

ZE — A porta da rua é a serventia da casa, ou melhor, o portão. O portão ali da frente da minha casa, pode
sair por ele, ou voar por cima dele, sei lá como o senhor se locomove.

VAMP — Por favor... quer parar de retrucar tudo o que eu falo e me escute um pouquinho?

ZE — Fale ué, já que entrô no meu quintar sem sê convidado..

VAMP — Pois bem, como eu ia dizendo, meu nome é Vampiresco, o vamp..

ZE — O Vampiro animalesco, isso eu já entendi.

VAMP — Isso mesmo, o vampiro animalesco (faz a gag). E qual a sua graça?

ZE — Num sô a Graça não...

VAMP — Perguntei o seu nome.

ZE - Zé Preguiça. O capira parecido com o bicho preguiça (mia e desarruma os cabelos, tirando sarro da gag
do vampiro).

VAMP — Muito prazer Zé Preguiça. Posso te chamar de Zé?

ZE — Pode uai...

VAMP — Já te disse que não estou aqui pra te morder. Pelo contrário, estou aqui porque preciso da sua
ajuda.

ZE — Da minha ajuda? Mas você não é malvado? Porque que precisa da minha ajuda?

VAMP — No momento eu sou do bem. Paz e Amor. Eu preciso da sua ajuda pra acabar com um inimigo que
nos é comum!

ZE — Pois eu achava que ocê era o inimigo.

VAMP — Antigamente os vampiros eram vistos assim. Mas olhe, nem presas eu tenho pra poder te morder,
nem com fome eu estou... Os tempos mudaram meu caro. Preciso da sua ajuda, porque estou sentindo dores
terríveis no meu corpo. Eu acabei me alimentando de uma humana que estava com dengue... agora quem
está com dengue sou eu!

ZE — Mordeu? Num tô falando, ocê vai me mordê sim senhor!

VAMP — Não é nada disso... olha... eu me arrependo de todas as pessoas que eu mordi até hoje... aqui no
Brasil não tem como eu me alimentar de ninguém, quase todo mundo está com dengue! Se eu mordo, eu

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fico doente também! Temos que combater esse mosquito que transmite a dengue! Ele é o vilão dessa
história toda... Você pode me ajudar ou não a recuperar minhas forças? Eu te ajudo a combater esse terrível
e cruel inimigo!

ZE — O que eu ganho com isso?

VAMP — A sua saúde, é claro!

ZE — Minha saúde eu já tenho, muito agradecido.

VAMP — Mas e os outros humanos, seus amigos, sua família? Nós temos que combater a dengue pra salvar a
todos, a dengue está se espalhando rapidamente! Ainda mais num país tropical como o Brasil, em que o
calor é predominante. A dengue se prolifera ainda mais no calor e em água parada, água limpa é a preferida
dos mosquitos listradinhos.

ZE — Mas o que eu posso fazer pra combater essa tar de dengue? Sô uma pessoa só, num vô consegui fazê
essas mudança toda! Eu tô com preguiça e se ocê quer sabe, eu ainda num credito que um mosquitinho de
nada possa fazer um estrago tão grande quanto ocê tá falando aí...

VAMP — Ele é capaz de um estrago enorme... Você precisa acreditar em mim. É por isso que estou aqui.
Você me ajuda a recuperar as minhas forças e antes de eu voltar pras minhas terras, eu ajudo você a limpar
seu quintal que está cheio de criadouros dos mosquitos que transmitem a dengue...

ZE — Peraí! Meu quintar tá muito bão do jeito que tá!

VAMP — Tá muito bom mesmo... bom pra dengue se espalhar.

ZE — Escuite aqui, ocê qué ensiná o Padre Nosso pro vigário, é?

VAMP — Por favor, me escute! Você vai fazer um bem pra você mesmo e para o próximo! Devemos pensar
em nós e nos outros também. Ajude-me a obter minhas forças de volta, que eu ajudo você a combater a
dengue! E juro que nunca mais mordo ninguém na minha vida... vou mudar meus hábitos alimentares!

ZE — Num sei não, ainda num tô muito convencido.

VAMP — Por favor, por favorzinho?!

ZE — Depois se eu te ajudo, ocê vai me mordê.

VAMP — Podemos fazer um acordo. Eu não volto atrás com a minha palavra!

ZE — Eu tamém não. Vamu fazê um acordo então, mas eu só vou te ajudar pra vc miorá e ir embora o quanto
antes da minha casa, pra eu tê certeza de que ocê num vai me mordê.

VAMP — Eu te dou minha palavra que näo vou te morder! (Estende a mäo para o ZE)

ZE (apedando a mäo de Vamp) - Do que océ precisa pra recuperar as forças?

VAMP -Chå de alho.

ZE — (abismado) Chå de alho? Achei que océ num gostasse de alho...

VAMP — Um equívoco dos humanos em relação aos vampiros. O alho é nossa força.

ZE — Pois bem, eu vö fazé o tar chå de alho, vamo lå pra drento que eu faço. Océ bebe e descansa pra miorå.
SO que vou avisando que num tenho caixäo em casa procé durmi. VAMP — Posso dormir em outro
lugarzinho escuro, embaixo da cama, por exemplo...

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ZE — Se é assim, sim.

VAMP — E vocé vai me deixar ajudå-lo a combater nosso principal inimigo: a Dengue?

ZE — Vamo lå pra drento enquanto eu penso nessas mudanqas pra combaté a tar de dengue, Vö colocå na
balanqa e vé se vale a pena.

VAMP (grita como um grito de guerra) — Fora Aedes Aegypti! Xö Dengue!

ZE — (assustado, com a mäo no coraçäo) Mai uma dessas e eu desqo paulada nocé... Deus me livre. Cada
uma que me aparece. (faz o Sinal da cruz)

Zé vai pra trås da coxia, Vamp para e fica esperando. Zé retorna.

ZE — O que océ tå prantado feito besta ai?

VAMP — Vocé precisa me convidar para entrar na sua casa. Eu sou um vampiro, se esqueceu?

ZE — Ahhh, pois se é assim, entre seo Vampiro!

Os dois entrem. Toca uma müsica e um zunido ao fundo. O mosquito Aedes aparece.

MOSQUITO (rindo) — Rårårå.... esses humanos säo mesmo uns bobinhos, olha so quanta coisa velha e
jogada neste quintal: Vou colocar meus ovinhos neste pneuzinho e logo logo estaräo nascendo mais
mosquitinhos listradinhos, os meus filhinhos!!! (coloca um saco fingindo ser os ovos no pneu. Pausa / vê o
püblico). Eu nem me apresentei: olå! Meu nome é Aedes Aegypti, mais conhecida popularmente como
Mosquito da Dengue! agora eu estou cheia, mas daqui a pouco eu vou querer dar mais uma picadinha em
alguém, deixe me ver em quem serå, uni duni té, salamé mingué, o escolhido foi você! (ri) Brincadeirinha,
agora estou bem cheinha mesmo, só vim procurar um novo lugar pra ficar, Agora vou descansar um pouco e
esperar a minha próxima refeiçäo!

O mosquito fica no canto do palco, como se estivesse dormindo em Cima de sacolas, etc.

Entram Vamp e Zé.

ZE — O único pobrema

VAMP — Eu adoro sol, praia, mar, piscina.

ZE — Derretê? (incrédulo) O mundão veio sem porteira tá perdido memo... vampiro que gosta de sol... era só
o que me faltava...

VAMP — O que você acha de começarmos a arrumar o seu quintal e eliminarmos alguns desses criadouros?

ZE — Sei não... tô com uma preguiça...

VAMP — Pode parar de preguiça. Contra a Dengue temos que ser firmes e fortes! (começa a se coçar) Ai...
mais um sintoma... as manchas vemelhas... olha, estão nascendo em todo o meu corpo!!!

ZE — óia, num é que tem umas borbuia pelo corpo docê mesmo! Deixe que eu ajudo a coça.

Os dois se coçam e vão chegando perto um do outro, quase encostam a cabeça, como num beijo. Percebem
e cada um sai pra um lado.

ZE — Eitâ ferro! Tá me estranhado seu Vampiresco?

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VAMP — Não é nada disso... por favor... eu ainda estou debilitado, tenha dó de mim...

O Mosquito acorda e fica observando so dois, meio escondido.

MO — Hummm... do jeitinho que eu gosto, uma pessoa nova pra eu morder! Esse vampirinho de meia tigela
e o amiguinho dele. Ai... estou tão contente por ele deixar a casa nessa bagunça!!! Cheinha de água parada!!!

VAMP — Zé, acho que vou ter que usar o seu banheiro...

ZE — Por que? Por causa de tanto líquido que ocê bebeu pra ajudar na recuperação da dengue?

VAMP — Não, acho que vem outro sintoma por aí... (fica com ânsia e sai correndo pra coxia fazendo barulho)

ZE — Então corre que eu não quero vê ocê por o chá de alho pra fora!

MO — Ai que legal!!! Todos os sintomas que ele tem por causa da minha picada, isso me deixa feliz, porque
desse jeito meus descendentes vão ficar motivados pra continuar o meu reinado!!!

VAMP (voltando) — Ai... que ruim é ficar assim... Vamos imediatamente arrumar essa bagunça. Começando
pelas sacolinhas plásticas.

ZE — Tá bão... tá bão... Mas océ tá mió?

VAMP — Mais ou menos, mas pra combater esse mosquito, eu faço qualquer coisa!

Pegam as sacolas plásticas.

MO — Mas o que eles estão fazendo? Estão acabando com a minha casa!!!

Vamp se abaixa e começa a se retorcer.

VAMP — Zé... acho que outro sintoma está vindo por aí... não vou aguentar... tenho que correr pro
banheiro... (sai trançando as pemas)

ZE — Vixi, vai cagá pas perna agora? Era só o que faltava memo...

MO — Dores no corpo! Náuseas e vómitos! Diarreia!!! São todos meus aliados! Bem feito pra esse vampiro
que quer acabar com os lugares que eu chamo de casa!

Vamp volta.

VAMP — Ai ai... essa febre que não passa, esses sintomas que estão cada vez piores...

ZE — Eu acho bão ocê ir pro médico... e depois descansar...

VAMP — Mas o médico iria se assustar com um vampiro, nem iria querer me tratar... e outra coisa,
precisamos limpar o seu quintal!

ZE — Chega de falá de quintal e de otras coisa... ocê vai pro médico e pronto acabô. O doutô é meu amigo e
eu falo que ocê é meu amigo também... ele vai te ajudar... Senão daqui a pouco ocê vai destruí meu banheiro
de tanto que tá usando ele.

VAMP — Também não é assim Zezinho..

ZE — Que Zezinho que nada, larga mão de frescura... seu fresco! Já sei, ocê devia chamar Vampiresco o
Vampiro Fresco...

VAMP — Pare de falar besterias vai, antes de ir ao médico, vamos colocar essas garrafas no lixo. Me ajude.

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Zé e Vamp colocam as garrafas no lixo e saem. O mosquito fica e furioso.

MO — Onde já se viu, eles querem acabar comigo, mas isso não vai ficar assim! (desarrum joga no chão todo
o lixo que Zé e Vamp recolheram. Ouve-se barulho de chuva) Agora sim, com essa chuva a água vai ficar
parada em todos esses lugares deliciosos de se morar. Assim está bem melhor... quando eles voltarem, vão
ver só uma coisa... eu vou dar uma picada naquele tal de Zé que ele nunca via se esquecer de mim! Rárárá!!!
(sai)

Zé e Vamp retomam.

ZE — Prontinho, viu como foi bom ir pro médico?

VAMP — Foi bom mesmo, se temos algum dos sintomas da dengue, devemos procurar o mais rápido
possível um posto de saúde!

ZE — E o mió de tudo é que ocê tá fazendo um monte de amigo por aqui... desse jeito num vai querê nem
vortá pra suas terra!

VAMP — Sabe que eu já estou pensando nisso Zé. Seria uma boa.

ZE — Eu dexo ocê morá aqui comigo por uns tempo, mas só por uns tempo.

VAMP — Vou pensar na sua oferta... agora vamos voltar e colocar mãos à obra contra a dengue e... (assusta-
se) Quem fez isso? Quem bagunçou tudo o que tínhamos arrumado?

Procura saber respostas com a plateia, nisso, o mosquito entra sorrateiro.

MO — Olá meus caros!

Vamp e Zé dão um pulo de susto.

ZE — Valha-me Deus... óia o tamanho desse mosquito feio, fiote de cruz credo!

MO — Olha como fala comigo seu Zé... eu tenho uma arma contra você!

ZE - E eu posso sabe o que?

MO — Minha picada.

Tenta se aproximar de Zé, mas Vamp entra no meio.

VAMP — Nada disso Sr. Aedes Aegypti, ninguém pica o meu amigo!

MO — Você é muito saidinho pro meu gosto, vampirosinho de meia tigela!

VAMP — Vampirosinho de meia tigela uma ova! Eu sou Vampiresco, o vampiro animalesco! (faz a gag)

MO (rindo) — Era só o que me faltava, nem presas você tem, ainda se diz um vampiro por completo, tenha
dó. Não é você quem vai me impedir de picar o seu amigo!

ZE — Num fique tirando sarro do meu amigo aqui não, viu seu Aedes. Se ele ficá furioso ele manda ocê pros
ares.

MO — Isso é o que nós vamos ver. Ninguém pode acabar comigo!

VAMP — Aí é que você se engana! Se conscientizarmos todas as pessoas sobre o risco que você é,
conseguiremos combater você e toda a sua raça! (ZE e VAMP — Fora Aedes Aegypti! Xô Dengue! Vito de
guerra).

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MO — Eu quero ver vocês me pegarem!

Começa uma corrida em que Vamp e Zé correm atrás do mosquito, em determinado momento, é tropeça no
pneu com os ovos do mosquito.

ZE — Epa.. mas o que é isso aqui?

VAMP — Ora ora ora, são filhotes desse mosquitinho!

MO — Nãooo! Meus filhotes não! Me devolvam meus filhotes!

ZE — Nada disso! Se eu deixar, ocê e seus filhotes vão continuar tocando o terror em nossas cidades,
continuar picando um monte de gente e deixando todo mundo doente! Isso tem que acabar. Pra começar a
mudança, tem que ser agora! Cada um fazendo a sua parte a dengue vai ter que acabar. Eu vou começar a
minha parte agora! Seus fiote vão sê jogado no rio, onde tem água corrente e eles não vão fecundar... (Joga o
saco de filhotes pra longe, na coxia) Vamp dá umas vassouradas no mosquito, que fica se contorcendo e
antes de sair, diz:

ZE — Pode näo ser a ültima vez, mas que seu fim jå tå chegando, ah tå... a comeqar pela minha casa!

VAMP — Assim é que se fala!

ZE — Me ajude Vampiresco, que agora eu tö uma fera com esse mosquito, vô dexa minha casa bem limpinha
e nada de criadouros da dengue por aqui!

VAMP — É com todo prazer!

Zé e Vamp arrumam tudo e deixam a casa em ordem.

VAMP — Bom, se é assim, chegou a hora da minha partida. Jå me Sinto bem melhor... Pelo menos minha
consciência estå mais tranquila.

ZE — Eu também, fiz minha parte. Se cada um fizer a sua, nös conseguiremos acabå com essa Dengue. Outra
coisa, Seo Vamp... ainda bem que seus dentöes num cresceram de vorta... vai que océ tivesse com vontade
de tomar o meu sangue agora, como o mosquitinho da dengue tava com vontade também?

(Müsica de terror, vendaval. Vamp olha hipnotizado para o pescoço de Zé, que comeqa a tremer).

ZE — Eu falei que num devia confiå nocé... océ vai me mordé!

Para a música e Vamp sorri.

VAMP — Brincadeirinha... era só pra te dar um susto. Jå te disse, vocé é meu amigo e eu näo mordo meus
amigos!

ZE — Sei sei... se bem que num sei se acho que océ é um vampiro de verdade, esses dente tinha que
aparecer pra eu acreditar...

VAMP — Quando eles crescerem, eu volto pra vocé poder olhå-los!

Os dois riem e se abraçam.

VAMP — Até breve meu amigo!

ZE — Tchau Seu Vamp, vö sinti saudade! Quando quisé, pode vir que a casa é sua!

VAMP — Eu voltarei pra te visitar! Até logo (sai)

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ZE — Eita nöis... Öia quanta coisa consegui fazé essa semana: um novo amigo, ajudei a despachar o mosquito
da dengue aqui de casa e os seus fiote... É pessoal, a Dengue é coisa séria. NÖs temos que fazer nossa parte,
antes que ela nos pegue.

Ouve-se batidas de palmas. Entra uma Agente de Saúde.

AG — Olå! Eu sou Agente de Saüde da Prefeitura e estou fazendo visitas em todas as casas da região para
verificar se não existem criadouros e focos da dengue. O Sr. sabe o que é a Dengue?

ZE — Vixi, como eu sei. Eu tenho um amigo que tå sarando da dengue agora.„

AG — Vejo que o seu quintal estå limpinho, tudo bem guardado, nenhum lugar em que possa ficar ågua
parada. O Sr. está de parabéns!

ZE — Muito obrigado!

AG — O Sr. sabia que o dia Nacional de Combate à Dengue é dia 19 de Novembro?

ZE — Num sabia não…

Música

ZE — Informação nunca é demais pessoal! VO fala procê dona, eu era preguiçoso pra um monte de coisa,
agora tô deixando de sê, principalmente por causa da dengue. Devemo fazê a nossa parte, na nossa casa,
avisar os nossos pais, nossos amigos e familiares, todos juntos devemos combater a dengue. Fora Aedes
Aegypti! XO Dengue! (Wito de guerra)

Agente se assusta com o de guerra. Vampiresco retoma correndo, agora com as presas crescidas na boca.

VAMP — Veja só Zé! Meus dentões. Eles voltaram!

AG — Vampirooooooooooooo!!!!!!!! Socorrooooo (sai correndo e vitando como louca)

ZE — Era só o que fartava. Gritá desse jeito por causa do meu amigo vampiro, ela tinha que ter medo assim é
da dengue, que faz mal pras pessoa e não docê, né Vamp?

VAMP — É verdade Zé, vamos atrás dela, mostrar que eu sou amigo... ela é corajosa, combate a Dengue, não
vai ter medo de um vampiro como eu... (saindo) Volte aqui queridinha, sou amigo, não vou te morder, sou
Vampiresco, o vampiro animalesco (faz a gag e sai de vez)

ZE — É cada uma que se a gente conta pros otro, falam que é história pra boi durmi... Tchau pessoal, a gente
se vê por aí na luta contra a dengue. Vito de guerra) Fora Aedes Aegypty! Xô Dengue!

FIM

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