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O significado bíblico de “mundo” em João 3.16


Por John Tweeddale em 29 ago, 2016

Uma das guinadas mais surpreendentes de João 3.16 é que somos informados
que Deus ama o mundo. Podemos ser tentados a pensar que há muitas coisas
no mundo para Deus amar. Afinal de contas, como não admirar as paisagens
urbanas e rurais, alta gastronomia e churrascos de quintal, sinfonias clássicas
e música popular, pinturas renascentistas e rabiscos de jardim de infância? O
mundo que conhecemos está repleto de texturas, desafios, oportunidades e
alegrias. O problema é que tudo o que é bom, interessante e bonito no
mundo está saturado
Quer de pecadores.
ficar atualizado Desde
das nossas novasque Adão e Eva se rebelaram
postagens?
contra Deus no jardim, o mundo se tornou uma terra desolada. Não obstante
quão maravilhoso o mundo pareça, ele não é digno do amor redentor de
Deus.
NÃO SIM!
Entender como o mundo é indigno do amor de Deus é a chave para João 3.16.
Só assim apreciaremos o presente inesperado que Deus dá. Este ponto foi
bem estabelecido há muitos anos pelo estimado teólogo Benjamin
Breckinridge Warfield. Em seu sermão “O incomensurável amor de Deus”,
Warfield investiga o significado do termo “mundo” (em grego kosmos) em
João 3.16, a fim de sondar as profundezas do amor de Deus.

Qual é o significado de “mundo” nesta passagem? A partir das ideias de


Warfield, encontramos quatro respostas possíveis.

Em primeiro lugar, muitas pessoas acreditam que “mundo” significa todas as


pessoas, sem exceção. Em outras palavras, quando João 3.16 diz que Deus
ama o mundo, isso significa que ele ama todas as pessoas, uma por uma, de
forma igual. A lógica é algo deste tipo: Deus ama todas as pessoas; Cristo
morreu por todas as pessoas; portanto, a salvação é possível para todas as
pessoas. No entanto, essa visão parece sugerir que o amor de Deus é
impotente, e que a morte de Cristo é ineficaz. Caso contrário, a conclusão
natural desta posição seria a de que todas as pessoas são efetivamente salvas,
em vez de apenas potencialmente salvas. Se Deus ama todas as pessoas, e
Cristo morreu por todas as pessoas; se o amor de Deus não é impotente, e
morte de Cristo não é ineficaz, então a única conclusão a que se pode chegar
é que a salvação é assegurada para todas as pessoas. No entanto, este ponto
de vista contradiz o ensino da Bíblia sobre o julgamento de Deus, tal como é
evidenciado pelo contexto imediato em João 3.17-21.

Em segundo lugar, outros argumentam que “mundo” significa todas as


pessoas, sem distinção. Esta opção enfatiza que Deus ama mais de um tipo
de pessoa ou grupo étnico. A morte de Cristo na cruz não foi apenas por
judeus, mas também por gentios. O amor de Deus não se restringe a
fronteiras nacionais, mas se estende a todos os tipos de nações, tribos,
culturas, línguas e povos. A isso, todo o povo de Deus (tanto arminianos
quanto calvinistas) diz um caloroso “Amém”. Apesar de este ponto de vista ter
a vantagem de ficar
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se encaixar dentro do contexto
maior do evangelho de João sobre a identidade global dos “filhos de Deus”
(por exemplo, João 1.9-13; 4.42), ele não chega a capturar o forte contraste
entre “Deus amou” e “o mundo” que João 3.16 deliberadamente evoca.
Em terceiro lugar, uma nuance popular da opção anterior entre os teólogos
reformados é argumentar que “mundo” em João 3.16 se refere aos eleitos. Ao
longo de todo o Evangelho de João, Jesus enfatiza a particularidade de sua
graça. “Todo aquele que o Pai me dá, esse virá a mim” (6.37). “Eu sou o bom
pastor; conheço as minhas ovelhas, e elas me conhecem a mim […] e dou a
minha vida pelas ovelhas” (10.14-15). ”Se vós fôsseis do mundo, o mundo
amaria o que era seu; como, todavia, não sois do mundo, pelo contrário, dele
vos escolhi, por isso, o mundo vos odeia” (15.19). “É por eles que eu rogo; não
rogo pelo mundo, mas por aqueles que me deste, porque são teus” (17.9). E
assim por diante. O ponto é que o povo de Deus é escolhido de um mundo
descrente. Novamente, este ponto de vista possui um tom importante ao
destacar a doutrina bíblica da eleição, mas o foco do termo “mundo” em João
3.16 não é tanto sobre a identidade do povo de Deus, mas sobre a natureza
do amor de Deus.

Isso nos leva à opção final. Uma defesa consistente pode ser feita para
crermos que “mundo” se refere à qualidade do amor de Deus. Warfield
declara de forma convincente:

[Mundo] não é aqui tanto um termo de extensão; antes, é um termo de


intensidade. Sua conotação primária é ética, e o objetivo de seu emprego
não é sugerir que o mundo é tão grande que é preciso uma grande dose
de amor para abarcá-lo completamente, mas que o mundo é tão ruim que
é preciso um grande tipo de amor para poder amá-lo, e sobretudo para
amá-lo como Deus o amou quando deu o seu Filho por ele.

O mundo representa a humanidade pecadora, e não é digno do amor salvífico


de Deus. Fora do amor de Deus, o mundo está sob a sua condenação. Mas em
Cristo, os crentes experimentam o amor surpreendente, redentivo e infinito
de Deus. João 3.16 não diz respeito à grandeza do mundo, mas à grandeza de
Deus.

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Por: John Tweeddale. © Ligonier Ministries. Website: ligonier.org. Traduzido com


permissão. Fonte: The World.
Original: O significado bíblico de “mundo” em João 3.16. © Voltemos ao Evangelho.
Website: voltemosaoevangelho.com. Todos os direitos reservados. Tradução: João
Paulo Aragão da Guia Oliveira. Revisão: Yago Martins.

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John Tweeddale
Rev. John W. Tweeddale é reitor acadêmico e professor de teologia na Reformation
Bible College em Sanford, Fl.

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Por Alberto Felipe

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