RGM: Gabriel Hamed – 32025513 RGM: José Ernane de Sousa Ribeiro - 31853404 RGM: Júlio César da Silva - 29583403 Sónia Sultuane SÓNIA SULTUANE nasceu em Maputo, Moçambique, em 4 de março de 1971. É uma artista multifacetada – poeta, artista plástica, escritora, colaboradora da imprensa e curadora. É uma voz afirmada na poesia, desde a estreia com a obra Sonhos, em 2001. Além de escritora e artista plástica, seu mérito é reconhecido, por seu papel social na valorização das mulheres do mundo, por sua participação em festivais internacionais e moçambicanos.
Prémio Femina 2017 – Mérito nas Letras: Literatura – Poesia
em Portugal. Esse prêmio é destinado às “Notáveis Mulheres Portuguesas e da Lusofonia, oriundas de Portugal, dos Países de Expressão Portuguesa, das Comunidades Portuguesas e Lusófonas, e Luso-descendentes”, que se tenham distinguido com mérito ao nível profissional, cultural e humanitário no mundo, pelo Conhecimento e pelo seu relacionamento com outras Culturas. “Escritora do ano 2014”, pelo seu papel social na valorização das mulheres, no Festival Internacional de Poesia Mujeres Poetas Internacional, organizado pelo ‘Círculo de Escritores Moçambicanos na Diáspora”. Africana ● Ou pelo sangue que que me o corre negro, árabe, essa mistura ● dizes que me querias sentir que me faz filha de um continente africana, onde todos se dizes e pensas que não o sou, e que me trazem esta só porque não uso capulana, mais forte que a indumentária ou porque não falo changana, e sabes porque não uso missiri nem Porque visto, falo, respiro, sinto e cheiro missangas, afinal o que é que tu saberás? O que é deixa-me rir… Deixa-me mas quem é que te disse?! deixa-me rir… Só porque ando de “Levis, Gucci ou Diesel”, não o sou… será? Será que o meu sentir passa pela indumentária? A poesia de Sónia Sultuane levanta grandes Capulana: é um tecido de algodão com uma questões políticas de seu país. Moçambique é grande diversidade de cores e plano de fundo e fonte de sua grande estampas, mas que se diferencia de outros produção poética. A poeta utiliza de artifícios tecidos para a sociedade moçambicana, pois carregam historicamente um valor simbólico e da língua, elementos culturais e comuns ao tradicional, por meio das formas do uso em cotidiano para marcar a geografia de seus especial pelas mulheres. versos. O contra plano com grandes marcas da Changana: grupo étnico africano que habita própria Moçambique desigual em suas vertes maioritariamente na província moçambicana de e suas importações capitalistas europeias. Gaza. “Levis, Gucci ou Diesel”, O poema “Africana” desemboca a sensação do desconhecido. O ver e se aventurar dentro de um verso, dentro de um texto escrito de quem tem sede do desconhecido para depois reconhecer e desmembrar. Em grande parte, toda poesia é feita de retalhos de visões do autor como diz a própria poeta “que me faz filha de um continente em tantos onde todos se misturam, e que me trazem esta profundidade”, (SULTUANE, p. 14, 2017). Sendo assim: a poesia (a arte) é motriz para entender a sociedade. Sónia Sultuane remenda seu barco para conseguir levar sua poesia a um lugar na qual todos possam navegá-la. Das características da autora: a utilização de marcas industrializadas mostra a condição social e econômica da voz que ora se enuncia no poema, no sentido de desenvolver uma crítica em mão dupla no que diz respeito à questão da moçambicanidade: ser moçambicana é algo visceral, de corpo e alma, é algo extrapola os estereótipos tradicionais. O riso marcado pelo verso “deixa-me rir” é um registro da ironia, pois soa como um desdém em relação às tentativas deste interlocutor imaginário em incutir uma pureza identitária que é impossível para um continente totalmente misturado. Ser consciente da mistura se torna importante porque provoca os leitores da contemporaneidade a perceber como uma visão eurocêntrica da cultura pode impedir o conhecimento de outras culturas que são basilares para entendimento de nós mesmos. Os povos africanos estão em plena luta por uma emancipação política que permita a construção de uma nova noção de identidade. “Somos uma mistura desde a colonização[...]” Além disso, leva-se em conta a multiculturalidade que é própria de cada País. Assumir a identidade africana é assumir seus diferentes sangues: “negro, árabe, indiano, essa mistura exótica, que me faz filha de um continente em tantos onde todos se misturam” Com uma comparação à cultura Brasileira, podemos notar que o eu lírico se identifica como mestiço, “e sabes porquê? Porque visto, falo, respiro, sinto e cheiro a África”. Bibliografia SULTUANE, Sónia. No colo da lua. Maputo: da Autora. 2009. SULTUANE, Sónia. Roda das Encarnações. Editora Kapula. São Paulo. 2017.
Se não é a canção nacional, para lá caminha: a presentificação da nação na construção do samba e do fado como símbolos identitários no Brasil e em Portugal (1890-1942)