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MIGALHAS DE PESO

Inserção de dados falsos


em sistemas de
informações - Art. 313-A
Marcelo Campelo

A inserção de dados falsos em sistemas de


informações é uma prática criminosa que tem se
tornado cada vez mais comum no mundo digital. Esta
conduta é prevista no art. 313-A do Código Penal
Brasileiro e pode resultar em graves consequências
para os envolvidos.

22/5/2023

A inserção de dados falsos em sistemas de


informações é uma prática criminosa que tem se
tornado cada vez mais comum no mundo digital. Esta
conduta é prevista no art. 313-A do Código Penal
Brasileiro e pode resultar em graves consequências
para os envolvidos.

Conceito

De acordo com autores de direito penal, a inserção de


dados falsos em sistemas de informações consiste
em adulterar informações de um sistema
informatizado, com o objetivo de prejudicar terceiros,
obter vantagem indevida ou causar danos a alguém.
O crime pode ser cometido tanto por meio de
programas maliciosos quanto por meio da
manipulação manual de dados.

A inserção de dados falsos em sistemas de


informações tem se mostrado uma prática comum
em diversos setores, como na administração pública,
no setor Unanceiro e na área de saúde, por exemplo.
Essa conduta criminosa pode causar prejuízos
Unanceiros, danos à reputação das organizações e
até mesmo colocar em risco a segurança e a
privacidade de dados de terceiros.

Texto de lei

O art. 313-A do Código Penal, incluído pela lei


12.737/12, deUne a conduta criminosa de inserção de
dados falsos em sistemas de informações. ConUra a
redação da lei:

Art. 313-A. Inserir ou facilitar, o funcionário


autorizado, a inserção de dados falsos, alterar ou
excluir indevidamente dados corretos nos sistemas
informatizados ou bancos de dados da
Administração Pública com o Um de obter vantagem
indevida para si ou para outrem ou para causar dano:
(Redação dada pela lei 13.964, de 2019)

Pena - reclusão, de 2 (dois) a 12 (doze) anos, e multa.


(Redação dada pela lei 13.964, de 2019)

A lei 13.964/19, conhecida como "Pacote Anticrime",


aumentou a pena prevista para a conduta criminosa
de inserção de dados falsos em sistemas de
informações. A pena de reclusão, que antes era de 3 a
12 anos, agora é de 2 a 12 anos, e a multa também foi
alterada.

Casos reais

Existem diversos casos de inserção de dados falsos


em sistemas de informações que ocorreram no Brasil
e no mundo. Em 2017, por exemplo, um servidor do
Tribunal Regional Federal da 1ª Região foi condenado
por inserir dados falsos em um processo judicial
eletrônico. O crime foi descoberto pela Corregedoria
do tribunal, que analisou os registros de acesso ao
sistema.

Outro caso ocorreu em 2019, quando um estudante


universitário foi preso por invadir o sistema da
universidade e alterar suas notas. O jovem usou seus
conhecimentos em informática para burlar a
segurança do sistema e mudar os registros de notas.

Recentemente, em julho de 2021, a Polícia Federal


degagrou a Operação “Fake SMS”, que investigou um
esquema de envio de mensagens falsas para obter
dados de correntistas de bancos. Os criminosos
utilizavam aplicativos de mensagens para enviar links
falsos que direcionavam as vítimas a sites
fraudulentos. Esses sites, por sua vez, solicitavam
informações pessoais e bancárias dos usuários.

Jurisprudência

A jurisprudência brasileira tem se posicionado de


forma Urme contra o crime de inserção de dados
falsos em sistemas de informações. Em um
julgamento realizado pelo Tribunal de Justiça de São
Paulo em 2018, um servidor público foi condenado
por inserir informações falsas em um sistema de
cadastro de beneUciários. O réu foi sentenciado a 6
anos e 6 meses de reclusão em regime fechado.

Em outro caso, julgado pelo Tribunal Regional Federal


da 5ª Região em 2019, um homem foi condenado por
inserir dados falsos em um sistema de informações
do Ministério da Fazenda. O réu foi sentenciado a 4
anos e 6 meses de reclusão em regime semiaberto.

A jurisprudência tem destacado a gravidade da


inserção de dados falsos em sistemas de
informações, especialmente quando há prejuízos
Unanceiros ou danos à honra e à imagem das vítimas.
Além disso, a jurisprudência tem considerado que a
conduta criminosa pode afetar a conUança da
sociedade nos sistemas informatizados, prejudicando
a segurança e a privacidade de dados de terceiros.

Perguntas e respostas

Quais são as penas previstas para quem


comete o crime de inserção de dados falsos
em sistemas de informações?

R: A pena prevista é de reclusão, de 2 a 12 anos, e


multa.

É possível cometer o crime de inserção de


dados falsos por engano?

R: Não. Para que haja a conUguração do crime, é


necessário que haja a intenção de alterar
informações de forma indevida.

Qual é a diferença entre o crime de inserção de


dados falsos e o crime de falsidade
ideológica?

R: No crime de falsidade ideológica, o objetivo é


falsiUcar documentos ou informações para prejudicar
terceiros ou obter vantagem indevida. Já no crime de
inserção de dados falsos em sistemas de
informações, o objetivo é adulterar informações de
um sistema informatizado.

A empresa pode ser responsabilizada caso um


de seus funcionários cometa o crime de
inserção de dados falsos?

R: Sim. A empresa pode ser responsabilizada caso


haja comprovação de que contribuiu para a prática do
crime.

Qual é a importância de denunciar casos de


inserção de dados falsos em sistemas de
informações?

R: A denúncia é importante para que o criminoso


possa ser responsabilizado e para que sejam
tomadas medidas para garantir a segurança dos
sistemas informatizados.

Conclusão

A inserção de dados falsos em sistemas de


informações é uma prática criminosa que pode
causar graves prejuízos para a sociedade como um
todo. Por isso, é fundamental que as empresas e
organizações invistam em medidas de segurança
para evitar a ocorrência desse tipo de crime. Além
disso, é importante que a população esteja atenta a
essa conduta criminosa e denuncie casos de
manipulação de informações em sistemas
informatizados.

Os casos reais e a jurisprudência mostram que a


justiça tem se mostrado ingexível com relação à
inserção de dados falsos em sistemas de
informações, aplicando penas severas aos
responsáveis por essa conduta criminosa. A
prevenção e a conscientização são fundamentais
para evitar que essa prática continue ocorrendo e
para garantir a segurança e a privacidade dos dados
de todos.

Marcelo Campelo
Advogado Criminalista, pós-graduado, atuante
há mais de 20 anos na Capital Paranaense.

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