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CENTRO UNIVERSITÁRIO FARIAS BRITO

BACHARELADO EM PSICOLOGIA – TURNO NOITE


DISCIPLINA DE PRÁTICAS INTEGRATIVAS III
PROFESSORA GIZELE MEIRA
BRENO GOMES FURTADO ALVES - 2020004

POR QUE EU QUERO SER UM PSICÓLOGO?

A explicação a respeito do meu desejo de ser psicólogo passa inevitavelmente


pela minha história de vida e pelas experiências que marcaram a minha personali-
dade. Nem sempre percebi em mim a vontade de ser um profissional de saúde men-
tal, mas, ao longo dos anos e tendo passado por inúmeras vivências especiais, aquela
inclinação foi ficando muito forte em mim e eu acabei optando por fazer uma forma-
ção acadêmica nessa área. Hoje eu vejo que esta escolha, à luz de tudo o que vivi e
tenho vivido atualmente, tem sido fundamental para alterar a rota da minha exis-
tência e marcado profundamente este tramo específico da minha jornada pessoal.

Penso que a palavra primordial para entender minha história na Psicologia é


cuidado. Não com o significado que normalmente se dá a ela no contexto do nosso
curso, mas vista com um viés ao mesmo tempo mais abrangente e mais profundo.
Mais abrangente porque toca em áreas mais vastas do que aquelas que são trabalha-
das à luz da terapia psicológica, especialmente no que diz respeito à experiência cri-
ativa e espiritual dos indivíduos, suas vidas inseridas num contexto singular de
transformação de mundo, de mudança de realidade. E mais profunda porque vai a
lugares mais íntimos do ser humano, ali onde muitas vezes o cuidado terapêutico
não logra alcançar num primeiro momento e onde a ajuda é pertinente. Este cuidado
é entendido num sentido mais completo e misterioso, mais pungente e visceral, exa-
tamente porque dele todos nós, que experimentamos este mundo caótico em que
vivemos, temos tido uma necessidade premente e inescapável.

Eu falo do cuidado porque ele tem sido presente na minha vida desde cedo,
tanto como vivência íntima como percepção na realidade ao meu redor. Eu cresci
num contexto familiar e social no qual a importância da experiência de fé era – e é
ainda – fundamental. A minha vida inteira até aqui é marcada pela convicção de que
as pessoas todas são cuidadas por Deus e que dependem, para estarem vivas e en-
contrarem o propósito em suas vidas, deste cuidado essencial. Em todas as circuns-
tâncias, em cada momento de vida, eu me percebia sendo cuidado por Deus e pelas
pessoas que Ele foi colocando em minha história, e esta vivência de carinho divino
acabou por moldar, de uma forma eu diria até categórica, a minha visão de mundo e
meu sentido de missão entre as pessoas. É uma experiência de caráter eminente-
mente religioso, de fundo espiritual, mas que acabou por formatar a maneira como
eu enxergo o meu papel junto daqueles que Deus vai colocando em meu caminho.

Observando a minha realidade pessoal, eu percebo que os indivíduos, em


maior ou menor grau, de uma maneira mais ou menos intensa, estão sedentos deste
cuidado em suas vidas. E eu, tendo em um determinado período me decidido a abra-
çar o sacerdócio católico, resolvi dar a minha contribuição particular para tentar sa-
nar esta deficiência na existência dos meus semelhantes. Como opção de vida, como
missão primordial na minha história pessoal, como desejo vívido em meu coração.
Por razões que não cabem ser mencionadas aqui, e que renderiam um livro inteiro
para serem explicitadas e debatidas, esta escolha que havia feito não deu resultado,
mas a opção por ser instrumento de cuidado não arrefeceu. E, nesse momento, ter
lido o livro Em Busca de Sentido, do psiquiatra Viktor Frankl, teve capital importân-
cia no processo de descoberta do papel que me cabia na realidade na qual eu estava
instalado.

Frankl me ensinou que, mais do que tudo na experiência dos indivíduos, a


fome fundamental do ser humano é a do sentido em suas vidas. É o desejo do pro-
pósito primordial, de algo a que se dedicar ou de alguém a quem amar, o que ali-
menta o sujeito e o estimula a viver a sua existência de modo a realizá-la em pleni-
tude. Isso sedimentou em mim a necessidade de continuar na senda do cuidado, exa-
tamente porque, ao meu redor, eu percebia a carência de sentido de vida naqueles
que se aproximavam de mim. Porque precisam encontrar-se, encontrar a meta que
as motivam a prosseguir mesmo em meio a tantas desilusões, a tantos descaminhos,
é exatamente para ajudar as pessoas que eu decidi optar pela Psicologia como via de
cuidado. O caminho terapêutico, da saúde mental, da cura das questões psíquicas, é
o itinerário que tenho seguido nestes últimos tempos de forma a dar azo a este de-
sejo, que trago no mais íntimo de mim, de ajudar as pessoas a superarem a suas de-
mandas mais dolorosas e encontrarem a cura interior.
Não imaginava que, a esta altura da vida, eu iria recomeçar a vida de estudos
optando justamente pela saúde mental. Mas, em vista das circunstâncias e da minha
própria experiência interior, ter escolhido a Psicologia encontrou eco nas minhas
próprias disposições interiores de ajudar as pessoas a lidarem com suas questões
íntimas, assim como tenho enfrentado as minhas. Ter encontrado o cuidado na mi-
nha caminhada me credencia a buscar, apesar das minhas muitas limitações e defei-
tos, ministrar esta ajuda a todos aqueles que, uma vez entrem em contato comigo,
desejem alcançar o sentido em suas vidas.

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