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Quase tudo que sei


sobre o Pantáculo
UM CAPÍTULO DE QUASE TUDO QUE SEI
SOBRE A A∴A∴

Enquanto símbolo; enquanto o corpo;


enquanto arma; como desenvolvê-lo.

Frater F. 418

11 nov. 2022. Leia em 28 min.

LER DOAR

Quase tudo que sei sobre o


Pantáculo
Neste artigo é abordado:

Contexto

O Pantáculo na A∴A∴

O Pantáculo enquanto símbolo

O Pantáculo enquanto Corpo

O aspecto material do Corpo

Desenvolvendo o Corpo

O Pantáculo enquanto Arma Mágica

Contexto

O pantáculo pode significar muitas coisas diferentes


dependendo de para quem você pergunta. A resposta
mais simplista, é que o pantáculo é a arma elemental
correspondente ao elemento terra, que geralmente
tem a forma de um disco e que nele estão gravados
símbolos e fórmulas que buscam representar o
universo.

Ele tem sido usado em muitas correntes de magia e


misticismo tais como magia salomônia, enoquiana,
wicca, etc., as vezes como uma das armas elementais,
as vezes como um talismã ou amuleto para alguma
finalidade específica.

Sigillum Dei Aemeth — Feito à mão por nosso


Irmão Rodrigo Vignoli

O Pantáculo na A∴
∴A∴

Na Astrum Argentum, confeccioná-lo faz parte


das tarefas do grau de Neófito conforme o item 8
do Juramento/Tarefa em Liber Collegii Sancti. As
instruções de sua confecção são dadas em Liber A
vel Armorum enquanto instruções sobre o aspecto
simbólico e iniciático dele são dadas em Liber
ABA. Um video ensinando os aspectos técnicos de
confeccionar um pantáculo de cera está
disponível aqui.

Tenho observado que muitos Neófitos quando


abordam o assunto pela primeira vez se sentem
tentados a estudar os pantáculos clássicos dos Irmãos
do passado. Não há problema algum nisso, desde
que ele não se conforme nos moldes deles ou em
plagiá-los ao invés de produzir uma obra conforme
sua experiência individual do universo.

O design e fórmulas do Pantáculo de um Neófito


deve ser conforme a individualidade deste, razão
pela qual modelos feitos por outras pessoas
dificilmente seriam apropriados.

O Pantáculo enquanto objeto é um ponto de


ancoragem, um medium de matéria através do qual
aquela ideia é ancorada em Assiah, o plano da
manifestação. O objeto por si só, por mais bem
elaborado que tenha sido é apenas um símbolo
daquilo com o que, por virtude da consubstânciação
se torna um: O corpo.

Ao se tornar ciente disso o Neófito preguiçoso diz a


si mesmo: “Eu tenho um corpo, então tenho um
pantáculo! O assunto está concluído!” Ele não
poderia estar mais enganado.

Citando Crowley em Liber ABA, negritos por


minha conta:

O nome Pantáculo implica uma imagem do


Todo, onme in parvo, mas isto é através de
uma transformação mágica do Pantáculo.
Assim como tornamos a Espada simbólica de
tudo pela força da nossa Magia, assim
também nós trabalhamos sobre o
Pantáculo. Aquilo que é meramente um
pedaço de pão comum será o corpo de
Deus.

A Baqueta era a vontade do homem, a


sabedoria dele, o seu verbo; a Taça era a sua
Compreensão, o veículo da graça; a Espada era
sua Razão; e o Pantáculo será seu corpo, o
Templo do Espírito Santo.

Qual o comprimento deste Templo? Do Norte


ao Sul.
Qual a largura deste Templo? Do Leste ao
Oeste.
Qual é a altura deste Templo? Do Abismo ao
Abismo.
Não existe, pois, qualquer coisa móvel ou
imóvel sob os céus que não esteja incluída
neste Pantáculo, se bem que ele seja apenas
de “oito polegadas” de diâmetro, e da grossura
de meia polegada.

O Pantáculo enquanto símbolo

Ao compor o pantáculo enquanto ferramenta


simbólica externa ao indivíduo, ele se esforçará para
fazê-la uma representação do universo o mais
ampla e perfeita que ele seja capaz, e nisso ele
enfrentará o seguinte obstáculo:

Imagine que você está no centro da figura 1., o


quadrado branco representa aquilo que você
conhece, e os quadrados negros representam
aquilo que você sabe que desconhece. Sendo assim,
sua consciência percebe “1” conhecido e “8”
desconhecidos. Desejando melhorar essa proporção,
você consegue expandir sua consciência dominando
o quadradinho da direita (figura 2), mas ao dominá-
lo você se dá conta de três novas coisas que
desconhece. Agora você tem “2” conhecidos e
“10” desconhecidos. Então você domina os dois
quadradinhos imediatamente abaixo dos já
dominados (figura 3), e ao fazê-lo percebe quatro
novas coisas que desconhece, e você tem agora “4”
conhecidos contra “12” desconhecidos.

Eventualmente, lhe parecerá que você finalmente


virou o jogo. No exemplo acima (figura 4) o
indivíduo domina “36” coisas conhecidas, e
percebe “28” coisas que desconhece. Mas se ele
esteve prestando atenção no processo até o
momento, ele intuirá que…

15.
OC

Existem uma infinidade de coisas as quais sua


consciência não apenas é incapaz de abarcar, mas
sobre as quais sequer se deu conta de que
existem! Você sequer é capaz de perceber a
infinitude de coisas que desconhece.

Desta forma, é interessante que ao compor seu


Pantáculo, o Neófito explore e busque representar
ao menos:

1. A parte de si que ele conhece.

2. A parte de si que ele não conhece.

3. A parte do universo que ele conhece.

4. A parte do universo que ele não conhece.

5. A relação entre essas coisas conhecidas e


desconhecidas, próximas e distantes de sua
consciência.

Naturalmente, tal pantáculo se transformará


com o tempo — tanto sua representação simbólica
quanto as coisas objetivas das quais ele trata. E
quanto mais desenvolvida for a consciência, vivência
e maturidade do indivíduo, mais maduro será seu
Pantáculo.

O Pantáculo enquanto Corpo

No Liber Collegii Sancti sob o item 9 das tarefas


do Probacionista e Neófito respectivamente, lê-
se: “Ele se manterá casto e reverente para com o seu
corpo(…)” e “Ele fortificará de todos os modos o seu
corpo(…)”.

Muitos indivíduos fixam os limites do corpo à


máquina de carne e hormônios. Se dedicam
simplesmente ao corpo físico, e buscam entendê-lo
e cultivá-lo de maneira sã e equilibrada para que
funcione de maneira harmoniosa como ferramenta
em sua Grande Obra. Outros, nem isso.

Ao apresentar a alguns indivíduos a pergunta “quem


é você?”, as respostas que recebi foram de modo
geral uma coleção de rótulos e impressões somadas a
alguns poucos fatos. Quase sempre algo na linha do
“Sou Fulano, estudei tais assuntos, me formei em tal
área acadêmica, e hoje trabalho com não sei o que lá.
Minha visão política é assim e assado, nas minhas
horas de lazer gosto dos passatempos X e Y. Minha
comida favorita é tal. Tais coisas me atraem enquanto
essas outras me causam repulsa. Meus objetivos de
vida são A, B e C.”

Agora, digamos que tal pessoa morra. Os


assuntos que ela estudou estão contidos em seu
cérebro. Tudo que ele sabe e todas as memórias que
ele guardava de sua vida acadêmia e profissional
estão em seu sistema nervoso. A visão política que ele
possuía, sua moral e ética também. Até o gosto ou
desgosto por um alimento ou passatempo, afeto
por entes queridos ou coisas assim como o
desgosto por estes, e etc. existiam apenas
enquanto existia seu corpo que agora está
morto. Certamente a substância que o compunha
vai continuar existindo, transformada em alguma
outra coisa. Certamente lembranças sobre tal
indivíduo, suas ideias, obras, e até mesmo sua
genética poderá perdurar através de outros
indivíduos, mas estas coisas não serão mais de
modo algum “dele”.

Mesmo aqueles que defendem um dualismo entre


mente e corpo seriam tolos em negar que, mesmo ao
aceitar a premissa de que as emoções, os ideais e a
razão não acontecem dentro do corpo, é este que
ancora estas partes do ser à uma manifestação
pontual no plano das coisas concretas. Ele é o
veículo da Vontade no plano da Manifestação.

Dividir o indivíduo em “partes da alma” como faz a


Qabalah ou em “agregados” como faz o budismo é
útil ao estudar certos aspectos dessas partes,
mas compreensão do conjunto do ser
dificilmente poderia ser produzida sem se
voltar para as relações entre estas partes, suas
interações, dependências, como se influenciam
mutuamente, etc.

“Está tudo na sua cabeça. Você só não sabe quão


grande a sua cabeça é.”

O módulo local e individual do processo chamado


“consciência” parece funcionar como um sistema
operacional — para simplificar, um app — que
opera sobre o hardware — o maquinário — que é a
base material. Quando percebemos algo externo, esse
algo passa pelos filtros de nossa linguagem,
memórias, metaprogramas, valores, crenças, etc. A
mercê desses filtros, aquela percepção externa é
distorcida, deletada, alterada e generalizada, e o
resultado agora transcrito de acordo com tais filtros
se torna uma representação interna daquilo que
existe externamente.

Representações internas são capazes de alterar


nosso estado nos deixando eufóricos ou deprimidos,
nos deixando receptivos ou na defensiva, calmos ou
tensos, etc. A relação “representação X estado” é
uma via de mão dupla, e nosso estado também
afeta nossas representações internas. Por exemplo,
uma pessoa bem disposta terá representações muito
mais positivas e agradáveis a respeito da maioria de
suas impressões do que uma pessoa fatigada.

Nosso estado é capaz de alterar nossa


fisiologia. Medo ou stress por exemplo poderá fazer
com que sua glândula adrenal secrete cortisol, que
alterará seu ritmo cardíaco, pressão arterial,
disposição, etc. Aqui também a relação é
mútua: Uma pessoa com os níveis hormonais
equilibrados, pressão arterial saudável, livre de
doenças, etc. terá estados muito mais positivos e
equilibrados do que se tivesse uma fisiologia
desequilibrada.

Em suma, representações internas alteram o nosso


estado mental, que por sua vez pode alterar a nossa
fisiologia; Nossa fisiologia também pode alterar
nosso estado, que por sua vez alterará as
representações internas. Nossa representação
interna das coisas, nosso estado mental atual e
nossa fisiologia atual se alteram mutuamente a
cada instante no processo da consciência.

Certas práticas místicas me trouxeram resultados que


me fazem crer em uma consciência não-local que
precede — e de alguma forma parece influenciar ou
resultar na consciência local. Esta consciência não-
local, no entanto, não parece dependente da local, e
muito menos do corpo, razão pela qual, para a
finalidade deste artigo, vou me ater aos
processos locais, que estão de toda forma
dependentes, ancorados e em constante
transformação mútua com a base material. Defino
“Corpo” como aquilo que ancora todas as partes
do ser a uma manifestação pontual e
individualizada.

O aspecto material do Corpo

Comecemos pelo mais simples. O corpo físico é seu


veículo para vivenciar e interagir no plano da
matéria. Por mais que seja possível realizar grandes
feitos com um corpo do qual se tenha subtraído
funcionalidades em razão de algum acidente, pela
falta de cuidados com ele, por alguma doença ou
mesmo por herança genética, o ideal é que o corpo
físico ofereça tanto quanto possível o mínimo de
contratempos ao indivíduo vinculado a ele. Me
parece difícil discordar de que as seguintes
características são desejáveis no corpo físico:

Saúde:

Quer você esteja se descobrindo ou se realizando, é


muito mais fácil fazê-lo estando cheio de energia,
disposição, bem estar, equilíbrio mental, mobilidade,
livre de dores e de doenças. Exceções existem, mas a
exceção quase sempre é o exemplo dado por tolos: Se
apegar a um caso em que a falta de saúde não
tenha atrapalhado — ou tenha até ajudado
alguém — em seu caminho espiritual como
desculpa para não cuidar de sua própria saúde
dificilmente trará bons resultados.

Stephen Hawking desde 1963 até seu último dia


sofreu de esclerose lateral amiotrófica: Pouco a pouco
a doença paralisou seu corpo, tomando dele até
mesmo sua capacidade de falar, e em seus últimos
anos, o recipiente de sua magnífica pessoa era
limitado a uma única posição em sua cadeira de
rodas elétrica, e se comunicava através de um
computador que traduzia em fala micromovimentos
que ele fazia com a bochecha. Alguns poderão dizer
que tal condição não prejudicou sua obra, e que pode
ter sido determinante para o avanço da mesma, mas
isso não passaria de conjecturas. Ao negligenciar a
saúde você não será um novo Hawking — que
por sinal não poderia ter evitado tal sina mesmo se
desejasse. Você só estará tornando a sua vida
mais difícil.

Por mais óbvio que pareça, se o único veículo do


qual você dispõe para viajar estragar
irremediavelmente antes de você descobrir para onde
deseja ir, ou der perda total no meio do percurso,
você não vai viver a viagem em sua totalidade. Da
mesma forma, se você não viver o suficiente para
descobrir qual é a expressão máxima da sua
individualidade, ou ainda que descubra, não viva o
suficiente para realizá-la, a vida terminará sem
que tenha se manifestado em toda sua
plenitude.

Neuroquímica:

Se pretendemos que nossa consciência funcione no


mais alto nível — como dito em Cartões Postais
para Probacionistas: “Superconsciência da mais
alta ordem” — será vantajoso que nossa
neuroquímica, que é a base material sobre a qual esse
fenômeno ocorre, tenha se tornado uma plataforma
estável, poderosa e equilibrada para sustentar o
fenômeno.

Assim como é possível rodar um app em um sistema


ultrapassado ou comprometido, a superconsciência
pode sim ocorrer em uma neuroquímica
desequilibrada, mas seus resultados serão
proporcionalmente desequilibrados. Em tal
ambiente, é fácil se tornar vitima da insanidade,
obsessão, fanatismo, etc.

Quão difícil é para um cientista fazer qualquer


experimento que seja dispondo apenas de
equipamentos desregulados? Por esta razão é tão
importante que se você foi diagnosticado com
um desequilíbrio neurológico ou hormonal, que
você tome sua medicação em dia por quanto
tempo seja necessário ao seu bom
funcionamento.

Disciplina:

Desejamos que o corpo seja um aliado tranquilo e


prestimoso e não um opositor inquieto e sedento por
estímulo, ansioso pela satisfação de seus
caprichos. Desejamos ser capazes de dispor de
seus recursos à vontade, e o indivíduo destreinado
raramente é capaz disso.

Ele busca se aplicar ao que quer que seja, e logo é


perturbado por desconforto, necessidades sexuais,
fome, frio, cansaço, tédio, preguiça, etc. A justa
medida é comer quando se tem fome, dormir
quando se tem sono, gozar quando há
tesão. Pode parecer óbvio, mas vemos, por
exemplo, quem come por ansiedade, se
masturba por tédio ou dorme para fugir da
realidade. Uma base material que precise satisfazer
essas necessidades a todo momento, sem
regularidade, monopolizando para si todo senso de
“Eu” é mais um obstáculo do que auxílio.

Funcionalidade:

Esse ponto varia bastante. As inclinações de um


indivíduo bem como a expressão de sua obra pode
tomar diversas formas. Há situações em que tais
manifestações se dão correlacionadas com a voz,
visão, expressão corporal, capacidade atlética, etc.
Nesses casos a perda ou ausência dessas
funcionalidades poderão impactar tal expressão, que
terá de enfrentar resistência para se adaptar ou criar
novos caminhos. Isso despende tempo e energia, dois
recursos muito escassos para a maioria dos humanos
modernos.

Mesmo em casos que certas funcionalidades do


corpo não sejam essenciais, via de regra é melhor tê-
las do que não tê-las: É vantajoso dispor de um corpo
que sustente bem o próprio peso, possua
mobilidade, seja eficiente em sua própria
manutenção, e não precise de grandes quantidades
de energia e tempo para sanar insignificâncias do
cotidiano.

Desenvolvendo o Corpo

Fica evidente que as quatro características da qual


falamos mais acima — Saúde, Neuroquímica,
Disciplina e Funcionalidade — estão
interconectadas. Se um desses pilares vai mal, o
desenvolvimento dos demais pilares fica
prejudicado pelo elo mais fraco. Uma
neuroquímica desajustada prejudicará a saúde, falta

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