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1ª Edição
Francisco Morato, SP
O Estandarte de Cristo
2020
Este livreto é composto de duas partes
Parte 1
Biblical Elders and Deacons
Por Nehemiah Coxe
Parte 2
The Special Duty of Pastors of Churches
The Works of John Owen, Vol. 16, Sec. 5 (pp. 105-132).
The True Nature of the Church and Its Government
Por John Owen
Extraído de
“Obras de John Owen”, vol. 16, seç. 5 (pp. 105-132).
Visite: oestandartedecristo.com
Sumário
PARTE 1
Pastores & Diáconos Bíblicos | Nehemiah Coxe
I. Exposição.
A. O trabalho geral: ordenar as coisas que ainda restavam.
B. O trabalho específico: Nomeação de presbíteros em cada cidade.
C. O caráter daqueles que deveriam “pôr em ordem”.
1. Paulo tem o caráter de um apóstolo de Jesus Cristo.
2. Tito tinha o caráter e o ofício de um evangelista.
II. A ordenação de diáconos.
A. A ordenação de diáconos na igreja de Jerusalém.
B. Recomendações para aqueles que são ordenados ao ofício de diácono.
1. Fidelidade.
2. Compaixão.
3. Prudência.
4. Diligência.
C. Recomendações para a congregação que os chamou para esse ofício.
III. Ordenação de Pastores.
A. A continuação dos pastores.
B. Bispos, anciãos, presbíteros, pastores e mestres.
C. As qualificações exigidas da pessoa que almejam esse ofício.
D. Os deveres de um pastor.
1. Os Deveres Públicos.
(1.) O pastor se destaca como um intermediador entre Deus e o povo.
a. Orações públicas.
b. Pregação.
1. Seja cuidadoso ao lidar com as almas e consciências dos
homens, sabendo que é pela salvação das almas que você deve
trabalhar, pois o cuidado delas está lhe está confiado e você terá
que prestar conta por elas a Deus.
2. Para que isso possa ser feito, certifique-se de que você fala
“segundo as palavras de Deus” (1 Pedro 4:11) e pregue ao povo a
doutrina que é retirada da pura fonte da Palavra de Deus.
3. Lembre-se de que o dever requerido por sua posição não é
pregar a si mesmo, mas ao Senhor Jesus Cristo (2 Coríntios 4:5).
(2.) É seu dever administrar as ordenanças.
(3.) É seu dever exercer a disciplina na igreja.
2. Os deveres privados.
IV. O Dever de um pastor para com seu povo.
A. Um ministro de Cristo ao povo.
1. Que há uma dignidade verdadeira e proveitosa no ofício que você deve
administrar.
2. Se você recebeu seu ofício de Cristo, então você é responsável diante
dele for desempenhá-lo.
3. Aqueles a quem Cristo emprega em sua obra podem esperar sua
presença e assistência graciosa em todas as dificuldades que o
acompanham.
4. Certamente Cristo recompensará aquele que está empenhado
fielmente em seu serviço.
B. O cuidado e responsabilidade pelas almas.
V. O dever do povo em relação aos seus pastores.
A. Os deveres da congregação.
1. Vocês devem ter um grande amor para com seu pastor em virtude do
trabalho dele.
2. Você deve se submeter a eles enquanto desempenham seu ofício.
3. Vocês devem orar continuamente a Deus pelos seus pastores.
4. Vocês são obrigados a fornecer um sustento confortável para seus
pastores.
(1.) Lembrem-se das obrigações pastorais.
a. Um ministro é obrigado a se dedicar inteira e somente à sua
vocação ministerial, e não se enredar nos negócios desta vida, para ele
possa agradar a Deus que o chamou para essa batalha espiritual — e
ele só pode ser dispensado dessa obrigação se houver uma verdadeira
necessidade disso (2 Timóteo 2:1-7).
b. Não é menos dever de um ministro do que de outros homens,
sustentar a sua própria família, cuidar de sua esposa, filhos e outras
pessoas que, porventura, vivam com eles, os quais não podem ser
deixados expostos a mil misérias e tentações caso ele venha a lhes
faltar.
c. Um pastor ou bispo possui uma responsabilidade especial de ser
hospitaleiro e de fazer de si mesmo um padrão de caridade e
generosidade compassiva para com as almas dos pobres.
(2.) Razões pelas quais a congregação está obrigada a desempenhar esse
dever para com o seu pastor.
a. Pela lei eterna da natureza.
b. Pelo mandamento expresso e nomeação de Cristo.
c. Pelo grande e evidente mal e inconveniência que decorre da
negligência desse dever.
B. Como a congregação pode encorajar o pastor.
1. Em primeiro lugar, lembre-se de que seu pastor é o ministro de
Cristo, alguém que ministra os mistérios de Deus para você no nome
dele.
2. Em segundo lugar, um ministro trabalha para a salvação das suas
almas preciosas e imortais; portanto, é muito mais do que seu próprio
interesse do que do dele que você cumpra o seu dever
conscientemente.
VI. Conclusão.
PARTE 2
O Dever Especial dos Pastores de Igrejas | John Owen
Palavra.
É uma promessa atinente ao Novo Testamento que Deus
concederia à Sua Igreja “pastores segundo o seu próprio
coração, que o alimentariam com conhecimento e com
inteligência” (Jeremias 3:15), e isto pelo ensino ou pregação
da Palavra, e não de outra forma. Esse alimentar é a
essência do ofício de um pastor no que tange ao seu
exercício; de modo que aquele que não o faz, ou não o pode
fazer, ou não pretende alimentar o rebanho, não é pastor,
qualquer que seja o chamado ou serviço exterior que ele
possa ter na igreja. O cuidado de pregar o Evangelho foi
entregue a Pedro e, através dele, a todos os verdadeiros
pastores da igreja, sob o nome de “apascentamento”.
Conforme o exemplo dos apóstolos, eles devem se livrar de
todo embaraço para que possam se dedicar inteiramente à
Palavra e à oração (Atos 6:1-4). A sua obra é “trabalhar na
palavra e na doutrina” (1 Timóteo 5:17) e, desse modo,
apascentar o “rebanho sobre o qual o Espírito Santo os
constituiu bispos” (Atos 20:28), e isso é o que lhes é
atribuído, em todas as ocasiões, àqueles em liderança.
Portanto, como já foi dito, esse trabalho e dever são
essenciais para o ofício de um pastor. Um homem é um
pastor para aqueles a quem ele conduz pelo ensinamento
pastoral, e não para quaisquer outros; aquele que não
alimenta dessa forma não é pastor. Tampouco lhe é
requerido apenas que pregue ora ou outra, ao seu bel
prazer, mas que ele deixe de lado todos os outros trabalhos,
embora lícitos, e todas as outras obrigações na igreja, se a
sua constante atenção à elas puderem desviá-lo daquela
tarefa – para que ele esteja a trabalhar com o máximo de
sua capacidade naquelas coisas. Sem isso, nenhum homem
será capaz de prestar contas do ofício pastoral de modo
confortável no último dia.
Certamente, não há nada mais que seja exigido de
qualquer homem além daquilo para o que Deus lhe dá
capacidade. Fraqueza, doença e enfermidades físicas
podem incapacitar os homens para o verdadeiro exercício
desse dever naquela assiduidade e frequência que são
requeridas em casos comuns. Alguns podem, pela idade ou
por outra doença incapacitante, tornarem-se totalmente
desabilitados para tanto — caso em que é seu dever desistir
do ofício e ser dispensado dele. Ou, se sua deficiência é
apenas parcial, eles devem providenciar uma substituição
adequada, para que a edificação da igreja não seja
prejudicada. Mas, para os homens, fingir que são pastores
de igreja e serem incapazes ou negligentes nessa tarefa e
dever, é viver em aberta rebeldia às ordenanças de Cristo.
Temos vivido para ver e ouvir o escárnio reprovador e o
desprezo lançados sobre o preceito de “trabalhar na palavra
e na doutrina” (1 Timóteo 5:17). Todas as formas de
desencorajamentos são alegadas na tentativa de suprimí-lo
em diversas circunstâncias. De fato, alguns foram tão longe
a ponto de declarar que a obra da pregação é desnecessária
na igreja. Isso reduziria a religião à leitura e à ordem da
liturgia. A próxima tentativa deles, suspeito eu, pode ser a
de excluir o próprio Cristo de sua religião — a isto é que
negar a necessidade da pregação do Evangelho conduz; de
fato, caminha muito nesse sentido.
Diversas coisas são necessárias para esse trabalho e
dever de pregação pastoral, tais como:
(1.) Sabedoria espiritual e entendimento dos
mistérios do Evangelho, para que possam declarar à
igreja “todo o conselho de Deus” e “as insondáveis
riquezas de Cristo”.
A maior parte da igreja, especialmente aqueles que são
versados no conhecimento e na experiência, tem um
discernimento espiritual para essas coisas. O apóstolo ora
para que todos os crentes possam tê-lo. Mas se aqueles que
os instruem, ou que deveriam fazê-lo, não têm algum grau
de eminência nisso, então não podem ser úteis para
conduzir os outros à perfeição. O pouco cuidado ou
preocupação com isso tornou o ministério de muitos
pregadores, nos dias atuais, tanto infrutífero quanto inútil.
(2.) Experiência do poder da verdade que eles
pregam, em suas próprias almas.
Sem isso, eles não poderão empenhar sua vida e seu
coração à sua própria obra; e a maior parte de seu trabalho
não será proveitosa para os outros. O trabalho de pregação
pastoral é buscado, por esses homens, visando sua própria
vantagem, ou como algo que traz alguma satisfação pela
ostentação e suposta reputação que o acompanha. Mas um
homem só prega bem para os outros o sermão que prega
para sua própria alma. O homem que não se alimenta e não
cresce ao digerir o alimento que fornece para os outros,
dificilmente o tornará saboroso para eles. Na verdade, ele
não sabe se a comida que tem fornecido pode ser veneno, a
menos que ele mesmo a tenha provado realmente. Se a
Palavra não habitar com poder em nós, ela não sairá com
poder de nós. Nenhum homem vive em estado mais
lastimável do que aqueles que não acreditam de fato
naquilo que continuamente persuadem os outros de
acreditarem. A falta dessa experiência do poder da verdade
do Evangelho em suas próprias almas é o que nos rende
tantas orações insípidas e sem vida – excêntricas em
palavras e desprovidas de poder — em vez de pregar o
Evangelho em demonstração do Espírito. Que digam o que
quiserem, é evidente que a pregação de alguns homens,
bem como a ausência de pregação de outros, extraviaram o
crédito de seu ministério.
(3.) Habilidade para manejar bem a Palavra
(2 Timóteo 2:15).
Isso consiste em uma sabedoria prática, por meio da
atenção diligente à Palavra da verdade, para descobrir qual
é o alimento verdadeiro, substancial e adequado para as
almas dos ouvintes — para dar a todos os tipos de pessoas
na igreja sua porção apropriada. E isto requer,
(4.) Uma consideração prudente e diligente da
condição do rebanho sobre o qual qualquer homem
seja instituído,
quanto à sua força ou fraqueza, seu crescimento ou
falha no conhecimento (se, de acordo com suas
capacidades, precisam de leite ou alimento sólido), suas
tentações e deveres, e sua decadência ou prosperidade
espiritual — e isso não só de modo geral mas, tanto quanto
possível, em relação a todos os membros da igreja,
individualmente. Sem a devida atenção para essas coisas,
os homens pregam aleatoriamente, combatendo algo
incerto, como aqueles que desferem golpes no ar (1
Coríntios 9:26). Pregar sermões que não são feitos para
beneficiar aqueles para quem são pregados, insistir em
doutrinas gerais que não se adequam à condição dos
ouvintes e falar palavras sem considerar se essas palavras
devem ser ditas são coisas que deixarão exaustos da
pregação aqueles cujas mentes não são notoriamente
avantajadas; e estes deixarão exaustos os demais
simplesmente por ouvi-los.
(5.) Todas essas coisas, em todo o exercício de
seu dever, devem ser constantemente acompanhadas
da evidência do seu zelo pela glória de Deus e da
compaixão pelas almas dos homens.
Se isso não for vigorosamente exercitado nas mentes e
almas daqueles que pregam a Palavra, recomendando-se
eles mesmos à consciência de seus ouvintes, então o
aspecto vivificante, a vida e a alma da pregação serão
perdidos.
Todas essas coisas parecem comuns, óbvias e
universalmente reconhecidas; mas a ruína do ministério de
muitos pela falta delas, ou por defeitos notáveis nelas, é –
ou não pode ser menos que – igualmente conhecida. E a
mera menção delas (que é tudo o que eu pretendo fazer
aqui) é suficiente para evidenciar quão imperativo é, para
todos os pastores de igrejas, que se dediquem à palavra e à
oração, se ocupem da Palavra e da doutrina, que sejam
continuamente aplicados nessa obra, que empenhem todas
as faculdades de sua alma e que incitem todas as suas
graças e dons para o exercício constante do cumprimento
de seu dever. Pois “para estas coisas quem é idôneo?” (2
Coríntios 2:16). Assim como a consideração dessas coisas é
suficiente para instigar todos os ministros à fervorosa
oração pelas provisões do auxílio e assistência divina para a
obra que eles não podem realizar por suas próprias forças,
também é suficiente para adverti-los de que evitem todas
as coisas que os desviariam ou distrairiam de sua atenção
constante à sua tarefa.
Quando os homens se ocupam do ofício pastoral e
julgam não ser o seu dever pregar, ou não são capazes de
fazê-lo, ou buscam fazê-lo apenas em ocasiões solenes, ou
cumprem-no como uma tarefa necessária, mas carecem de
sabedoria, habilidade, diligência, cuidado, prudência, zelo e
compaixão que são necessários para isso, a glória e a
utilidade do ministério é totalmente destruída.
2. O segundo dever de um pastor para com o
oposição.
Essa é uma das principais finalidades do ministério, e
um dos principais meios de preservação da fé que uma vez
foi dada aos santos. Isso está confiado especialmente aos
pastores de igrejas, como o apóstolo repete, de modo
frequente e enfático, tal tarefa a Timóteo, e por ele a todos
aqueles a quem a dispensação da Palavra foi confiada. Ele
dá a mesma tarefa para os presbíteros da igreja em Éfeso. O
que ele diz de si mesmo, “o evangelho da glória de Deus
bem-aventurado, que me foi confiado” (1 Timóteo 1:11), é
verdadeiro a respeito de todos os pastores de igrejas, de
acordo com sua medida e chamado; e todos eles deveriam
ter por alvo a avaliação de seu ministério nisto: “Combati o
bom combate, acabei a carreira, guardei a fé”
(2 Timóteo 4:7). A igreja é a “coluna e firmeza da verdade”
(1 Timóteo 3:15); e assim o é principalmente em seu
ministério. A negligência pecaminosa desse dever foi a
causa da maioria das heresias perniciosas e dos erros que
infestaram e arruinaram a igreja. Muitos daqueles cujo
dever era preservar íntegra a doutrina do Evangelho em sua
profissão pública, “falaram coisas perversas, para atraírem
os discípulos após si” (Atos 20:30). Bispos, presbíteros e
mestres públicos foram instigadores de heresias, razão pela
qual esse dever deve ser especialmente observado nestes
tempos, quando as verdades fundamentais do Evangelho
são impugnadas por todos os lados, por todos os tipos de
adversários.
Uma série de coisas são necessárias para tanto, tais
como:
(1.) Um entendimento claro, sadio e abrangente
de toda a doutrina do Evangelho,
alcançado por todos os meios que são úteis e
comumente prescritos para esse fim, especialmente pelo
estudo diligente da Escritura, com fervorosa oração pela
iluminação e entendimento. Os homens não podem
preservar para os outros aquilo que eles mesmos ignoram.
A verdade pode ser perdida por fraqueza assim como por
maldade, e a falha nisso, em muitos, é deplorável.
(2.) Amor pela verdade que eles tanto
aprenderam e compreenderam.
A menos que olhemos para a verdade como uma pérola,
como algo valorizado acima de tudo, como algo que deve
ser comprado a qualquer preço e como aquilo que é melhor
do que todo o mundo, não nos esforçaremos para preservá-
la com a diligência devida. Alguns estão prontos para
romper com a verdade facilmente, ou se tornar indiferentes
a ela; temos uma multidão de exemplos disso em nossos
dias. Seria fácil dar exemplos de várias verdades
evangélicas importantes, pelas quais nossos antepassados
na fé lutaram com toda seriedade, e estavam prontos para
selar com o seu próprio sangue, mas que agora são
totalmente desconsideradas e desafiadas por alguns que
pretendem sucedê-los em seu ofício. Se os ministros não
tiverem uma percepção do poder daquela verdade em suas
próprias almas, e se não saborearem da sua bondade, então
não se deve esperar o desempenho desse dever por parte
deles.
(3.) Um cuidado consciencioso e temor de
oferecer apoio ou encorajamento a opiniões novas,
especialmente aquelas que se opõem a qualquer
verdade cujo poder e eficácia têm sido experimentados
entre aqueles que creem. A curiosidade vã, as conjecturas
ousadas e a prontidão para propalar sua própria imaginação
causaram problemas e danos nada desprezíveis à igreja.
(4.) Erudição e capacidade mental para discernir e
refutar as oposições dos adversários da verdade
e, assim, tapar suas bocas e convencer aqueles que a
questionam (Cf. Tito 1:9-11).
(5.) A sólida confirmação das verdades mais
importantes do Evangelho, nas quais todas as outras
verdades se explicam, em seu ensino e ministério.
Os homens podem e muitas vezes prejudicam e, de
fato, traem a verdade pela fraqueza de pleito por ela.
(6.) Manter vigilância diligente sobre seus
próprios rebanhos contra a astúcia dos sedutores
forasteiros,
e contra qualquer raiz de amargura do erro que venha a
surgir entre eles.
(7.) A assistência conjunta de presbíteros e
mensageiros de outras igrejas com as quais eles
estão em comunhão,
ao declarar a fé que todos eles professam; devemos
falar mais amplamente sobre isso mais tarde.
É evidente que a erudição, o trabalho, o estudo, as
dores, a capacidade e o exercício das faculdades racionais
são normalmente necessários para o correto cumprimento
desses deveres. Naquilo em que os homens podem ser úteis
para a igreja em outras coisas, mas são defeituosos nestas
coisas, é apropriado que andem e ajam de modo tanto
circunspecto quanto humilde, muitas vezes desejando e
aderindo ao conselho daqueles a quem Deus confiou mais
talentos e maiores capacidades.
5. Pertence à sua função e ao seu ofício
Deus.
Os meios ordinários de conversão foram entregues à
igreja, e o dever da igreja é observá-los. De fato, um dos
principais objetivos da instituição e da preservação de
igrejas é a conversão das almas. Quando não houver mais
nenhumas a serem convertidas, não haverá mais igreja na
terra. Ampliar o reino de Cristo, difundir a luz e o sabor do
Evangelho, ser subserviente ao chamado dos eleitos e
reunir todas as ovelhas de Cristo ao Seu aprisco, são coisas
que Deus planeja por meio de Suas igrejas neste mundo.
Agora, a causa principal e instrumental de todas essas
coisas é a pregação da Palavra; e isso está confiado aos
pastores das igrejas. É verdade, os homens podem ser (e
frequentemente são) convertidos a Deus pela eventual
ministração da Palavra por aqueles que não são chamados
ao ofício. Pois é o próprio Evangelho que é o “poder de Deus
para a salvação” (Romanos 1:16), não quem quer que o
administre. Ela tem sido eficaz para esse fim, mesmo no
necessário e eventual ensino de mulheres. Mas
frequentemente ela é eficaz no exercício dos dons
espirituais por aqueles que não são declarados oficiais da
igreja, embora isso não impeça sua ministração. Mas a
ministração do glorioso Evangelho do Deus bem-
aventurado, no que concerne a todos os Seus propósito,
está confiada aos pastores da igreja; e o primeiro alvo da
pregação do Evangelho é a conversão dos homens deste
mundo. E isso é verdadeiro na pregação de todos aqueles a
quem Cristo confiou esse trabalho.
O trabalho dos apóstolos e evangelistas trazia esta
ordem: Em primeiro lugar, eles deveriam fazer de homens,
discípulos, por meio da pregação do Evangelho para
conversão; e essa era sua principal função, como Paulo
testifica. Nisto, eles foram gloriosamente úteis ao
estabelecer as fundações do reino de Cristo por todo o
mundo. A segunda parte do seu trabalho era ensinar
aqueles que eram convertidos, e fazer discípulos que fariam
e observariam tudo o que Cristo lhes havia ordenado. No
cumprimento dessa parte da sua comissão, eles reuniram
os discípulos de Cristo em igrejas sob autoridade de seus
próprios oficiais ordinários. Embora o trabalho desses
oficiais, pastores e mestres ordinários seja da mesma
natureza do trabalho dos apóstolos e evangelistas, o seu
método é diferente. Pois a sua primeira obra ordinária é
conduzir e ensinar todos os discípulos de Cristo a
praticarem e observarem todas as coisas que designadas
por Ele — isto é, a pregar e a supervisionar os rebanhos
locais aos quais estão relacionados. Entretanto, eles não
são, por isso, dispensados de uma participação na outra
parte do trabalho — a pregação da Palavra para a conversão
das almas.
Eles não estão vinculados ao método dos apóstolos e
evangelistas; de fato, em virtude de seu ofício, eles são
normalmente excluídos disso. Depois que um homem é
chamado para ser um pastor de uma igreja local, não é seu
dever deixar essa igreja e sair, para cima e para baixo,
pregando para a conversão de estranhos. Digo,
ordinariamente não deve ser assim. Em muitos casos, pode
ocorrer que a edificação de alguma igreja local deva dar
lugar à glória de Cristo no que concerne ao chamado dos
membros da igreja universal. Mas, no cumprimento do ofício
pastoral, existem já muitas oportunidades para pregar a
palavra para a conversão das almas, tais como:
(1.) Quando quaisquer pessoas não convertidas
entram nas reuniões da igreja, e são transformadas
pelo poder da Palavra.
Nós experimentamos isso todos os dias. Um homem,
pregando para uma congregação, ao mesmo tempo e no
mesmo lugar, não pode pregar com autoridade ministerial
para aqueles que são da igreja à qual ele está vinculado e
pregar aos outros apenas em virtude de um dom espiritual
que ele recebeu. Nenhum homem pode distingui-los em sua
própria consciência — e não há nenhuma regra ou razão
para fazê-lo. Pastores, no que diz respeito ao todo de seu
ofício e a todos os seus deveres— muitos dos quais podem
ter somente a igreja como objeto — são ministros, em ofício,
para a igreja; portanto, são ministros da igreja. No entanto,
eles também são ministros de Cristo, e é por Ele, e não pela
igreja, que a pregação do Evangelho lhes é confiada. E tanto
lhes é confiada, em virtude de seu ofício, que devem usá-la
para todas as suas finalidades segundo a maneira e o
método de Cristo — sendo a conversão dos pecadores uma
dessas finalidades. Nenhum homem pode pensar a si
mesmo como tendo uma capacidade dupla enquanto está
pregando para a mesma congregação, e nenhuma
experiência humana pode realizá-lo.
(2.) Na pregação ocasional em outros lugares,
para os quais o pastor de uma igreja pode ser
chamado e dirigido pela providência divina.
Embora não pensemos na ficção de uma personagem
indelével seguindo ordens sagradas, não pensamos também
que o ofício pastoral seja tal que um homem deva deixá-lo
para trás a cada vez que sai de casa; tampouco está em seu
próprio poder, ou no poder de todos os homens do mundo,
despojá-lo desse ofício, a menos que seja dele dispensado
ou deposto pelo próprio Cristo, pelo comando da Sua
Palavra. Onde quer que um verdadeiro ministro pregue, ele
prega como ministro; pois como ministro, a ministração do
Evangelho é confiada a ele quanto a todas as suas
finalidades, dentre as quais a finalidade principal, como foi
dito, é a conversão das almas. Na verdade, isso é de tal
gravidade que o conforto e a edificação das igrejas locais
devem lhe ceder lugar. Quando, portanto, há grandes
oportunidades e chamados providenciais para pregar o
Evangelho para a conversão das almas, e sendo a colheita
tão grande que não há trabalhadores o suficiente, é lícito,
na verdade, é o dever de pastores de igrejas locais deixar a
sua presença constante em seu encargo pastoral nessas
igrejas, pelo menos por um período, para que se apliquem à
pregação mais pública da Palavra para a conversão das
almas dos homens. Tampouco qualquer igreja local está
indisposta a isso, caso entenda que toda a finalidade das
igrejas locais é tão somente a edificação da igreja universal,
e que o seu benefício e privilégio é dar lugar à glória de
Cristo em tudo. O bom pastor deixará as noventa e nove
ovelhas para buscar uma que vagueia; e certamente
podemos deixar algumas por algum tempo, para buscar
uma grande multidão das que vagueiam, quando somos
chamados para isso pela providência divina — e eu poderia
desejar sinceramente que fôssemos provados nisso neste
tempo.
Os ministros que, merecidamente, têm sido mais
notórios nos últimos tempos, nesta e nas nações vizinhas,
foram aqueles cujo ministério Deus fez eminentemente
bem-sucedido para a conversão das almas. Afirmar que eles
não fizeram o seu trabalho como ministros, em virtude de
seu ofício ministerial, é jogar fora a coroa e destruir a maior
glória do ministério. De minha parte, se eu não me achasse
compelido a pregar enquanto ministro, e enquanto ministro
autorizado em todos os lugares e em todas as ocasiões,
quando eu sou chamado a isso, penso que não pregaria
muito mais neste mundo. Tampouco sei qual regra seguem
aqueles que prosseguem na constante pregação pública por
muitos anos e, no entanto, não desejam nem pretendem ser
chamados para qualquer ofício pastoral na igreja. Mas não
devo insistir no debate dessas coisas aqui.
6. Pertence a eles, por conta da sua função
desvios.
“Uma língua erudita” é necessária a eles, para que
saibam dizer “uma boa palavra ao que está cansado” (Isaías
50:4). Uma excelente qualificação de nosso Senhor Jesus
Cristo, no exercício da Sua função sacerdotal agora no Céu,
é que Ele é sensível às nossas fraquezas e Ele sabe como
socorrer os que são tentados. Todo o seu rebanho neste
mundo é uma comitiva de homens tentados; Sua própria
vida na terra é por Ele chamada de “hora da tentação”
(Apocalipse 3:10), e aqueles encarregados de Seu rebanho
abaixo dele deveriam ter consciência de suas fraquezas e se
empenhar de uma maneira especial para socorrer os que
são tentados. Mas sempre existem alguns dentre eles que
são lançados em escuridão e desolações de uma forma
peculiar: alguns estão à beira de sua conversão a Deus,
conquanto têm um profundo senso do terror do juízo
Senhor, da severidade da condenação e da incerteza de sua
condição; alguns são reincidentes no pecado e omissões de
seus deveres; alguns estão passando por grandes, doloridas
e duradouras aflições; alguns estão lidando com
acontecimentos prementes, urgentes e específicos; alguns
estão enfrentando uma ausência; alguns estão sofrendo as
bofetadas de Satanás e as sugestões de pensamentos
blasfemos em suas mentes, juntamente com muitas outras
ocasiões de natureza semelhante. Ora, as perturbações,
desolações, desânimos e temores que surgem nas mentes
de pessoas nessas experiências e tentações são vários,
muitas vezes persuadidos e fortificados com argumentos
astutos e falsas aparências, desorientando as almas dos
homens à beira do desespero e da morte.
É próprio do ofício e do dever dos pastores:
(1.) Ser capaz de compreender corretamente os
vários casos desses tipos que ocorrerão,
a partir desses princípios e fundamentos da verdade e
da experiência que trarão uma confiança apropriada na sua
aplicação prudente, visando o alívio dos envolvidos – isto é,
ter “uma língua erudita, para que eu saiba dizer a seu
tempo uma boa palavra ao que está cansado” (Isaías 50:4).
Isso não vai ser feito por uma coleção e classificação de
casos, o que, contudo, ainda é útil e tem seu lugar; pois
dificilmente encontraremos dois casos do mesmo que
possam ser classificados exatamente pela mesma regra,
pois todos os tipos de circunstâncias lhes conferem
variedade. Mas, para isso, é preciso habilidade,
entendimento e experiência quanto à natureza da obra do
Espírito de Deus sobre as almas dos homens; do conflito
que existe entre a carne e o Espírito; dos métodos e das
artimanhas de Satanás; das artimanhas dos principados e
potestades ou espíritos malignos que estão nos lugares
celestiais; da natureza, efeitos e finalidades das ausências
divinas — juntamente com a sabedoria para aplicar esses
princípios ou para fazer remédios apropriados para cada dor
ou enfermidade. Essas coisas são desprezadas ou
negligenciadas por alguns, e seguidas por outros apenas em
casos de consciência, quando se sabe que alguns
perverteram terrivelmente as suas próprias consciências e
as dos outros, para escândalo e ruína da religião enquanto
prevaleceram. Não digo isso para debater o quão úteis,
nessas coisas, podem ser esses livros escritos sobre casos
de consciência; eles podem ser de grande utilidade para
aqueles que sabem como usá-los corretamente. Mas os
meios apropriados pelos quais os pastores e os mestres
devem obter essa habilidade e compreensão são o estudo
diligente das Escrituras e a meditação sobre elas, oração
fervorosa, experiência nas questões espirituais e tentações
em suas próprias almas — com uma observação prudente
quanto à maneira como Deus lidou com outros, e às
maneiras pelas quais se faz oposição à obra de Sua graça
neles. Sem essas coisas, todas as pretensões a essa
capacidade e dever do ofício pastoral são vãs; razão pela
qual todo esse trabalho é tão negligenciado.
(2.) Estar pronto e disposto a assistir os casos
especiais que possam lhes ser trazidos,
e não olhar para os mesmos como distrações
desnecessárias; antes, uma dedicação adequada a eles é
parte central de seu ofício e dever. Desestimular,
desencorajar qualquer de procurar alívio de confusões
dessa natureza, tratá-los com uma aparente morosidade ou
indiferença é o mesmo que rejeitar o coxo, afastar o doente
e de modo nenhum expressar o cuidado de Cristo para com
o seu rebanho (Isaías 40:11). Na verdade, é dever deles dar
atenção àqueles que possam estar tão perturbados,
procurá-los e lhes dar o seu conselho e orientação em todas
as ocasiões.
(3.) Suportar com paciência e ternura a fraqueza,
a ignorância, a apatia e a sua hesitação em crer e
para aceitar reprimenda – sim, talvez até mesmo
suportar a impertinência daqueles que assim são
tentados.
Essas coisas vão abundar entre eles, em parte pelas
suas fraquezas naturais, muitos sendo fracos e talvez
perversos, mas especialmente pela natureza de suas
tentações, propensas a perturbar e inquietar suas mentes, a
enchê-los de pensamentos confusos e fazê-los irascíveis
com tudo quanto lhes concernirem espiritualmente. Se não
se exercer para com eles muita paciência, mansidão e
condescendência, rapidamente serão desviados do
caminho.
No exercício de todo o ofício pastoral, não há dever que
seja de maior importância do que esse, nem com o qual o
Senhor Jesus Cristo esteja mais preocupado, nem que seja
mais eminentemente adequado à natureza do próprio ofício.
Mas trata-se de um trabalho ou dever que, pelas razões
mencionadas, deve ser acompanhado do exercício de
humildade, paciência, autonegação e sabedoria espiritual —
portando experiência com desvios exaustivos em outras
situações. Alguns dos antigos tomaram para si o
gerenciamento da conduta das almas dos homens e
transformaram toda essa parte de seu ofício e dever em um
artifício que chamaram de “confissão auricular”,[16] pela qual
eles deturparam as consciências dos cristãos para promover
seu próprio conforto, riqueza, autoridade e,
frequentemente, finalidades ainda piores.
7. Um sofrimento compassivo para com todos
qualquer nação.
Em que consiste essa comunhão, e do que ela
necessita, será dito mais tarde. Compete aos seus pastores
o cuidado fundamental com ela, para a edificação das
igrejas. Quer isso seja feito por cartas de aconselhamento
mútuo, de felicitações ou consolo, ou no testemunho de
comunhão com os que foram chamados ao pastorado
naquelas igrejas; quer seja feito mediante a convocação em
sínodos para consulta de seus interesses comuns (algo que
constituiu grande parte do governo eclesiástico primitivo), é
dever dos pastores comparecer e cuidar disso.
11. Vou concluir com algo a respeito desses
Cristo.
Eu me refiro a uma conversa santa, exemplar e humilde,
em toda a santidade e honestidade. As regras e preceitos
da Escritura, os exemplos de Cristo e Seus apóstolos, junto
com os exemplos dos bispos ou pastores das igrejas
primitivas — e a natureza da coisa em si, juntamente com a
religião que professamos — inegavelmente provam que
esse dever é necessário e indispensável para um ministério
evangélico. Seria fácil encher um livro, para provar esse
ponto, com exemplos antigos com testemunhos da Escritura
e dos primeiros escritores entre os cristãos, com exemplos
de fracassos públicos e privados, e com demonstrações
evidentes de que a ruína da religião cristã, na maioria das
nações onde ela foi professada — e, assim, a ruína das
próprias nações — procedeu da ambição, orgulho, luxúria,
impureza, profanação e outras formas de conversas imorais
daqueles que foram chamados de “clero”. Vemos a partir de
observação diária — e isso é algo escrito com os raios do sol
— que a religião não fará progresso e nem será
aperfeiçoada entre o povo se qualquer coisa for feita nas
igrejas sem que os seus pastores, ou aqueles que são
considerados pastores, não sejam exemplares na obediência
ao Evangelho e na santidade. Se as pessoas admitidas
neste ofício forem levianas ou profanas em seus hábitos,
roupas e conversas; se forem corruptas em sua
comunicação, repugnantes e estéreis quanto ao seu
discurso espiritual; se elas forem cobiçosas, opressoras e
litigiosas; se forem negligentes quanto a seus deveres
sagrados em suas próprias famílias, e portanto incapazes de
incentivar os outros à tal diligência; e ainda mais, se eles
são abertamente sensuais, imorais e pervertidos — então
podemos dar adeus a toda a glória e poder da religião entre
as pessoas que estão comprometidas com suas
responsabilidades.
Para lidar com essa característica (ou complemento) do
ofício pastoral, seria necessário considerar distintamente e
explicar todas as qualificações prescritas pelo apóstolo
como necessárias para bispos ou presbíteros, evidenciadas
como necessárias antes de serem adequadamente
chamados para esse ofício;[17] mas me engajar nessa tarefa
não condiz com meu propósito nesta obra.
Considerações sobre os Deveres dos
Pastores da Igreja
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O Estandarte de Cristo
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pequeno volume ajude a causa do glorioso Evangelho, testemunhando
claramente quais são as suas principais doutrinas… Aqui os membros mais
jovens da nossa igreja terão um Corpo de Teologia, que servirá como uma
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razão da esperança que há neles… Apeguem-se fortemente à Palavra de Deus
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A Interpretação das Escrituras
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quanto em particular. Além disso, é uma ordenança que conduz aqueles que
possuem o espírito de súplica para grande familiaridade com Deus, e também
possui efeitos tão notáveis que alcançam grandes coisas de Deus, tanto para a
pessoa que ora como para aqueles por quem ela ora. A oração abre o coração
de Deus e através dela a alma, mesmo quando vazia, é preenchida. Através da
oração o cristão também pode abrir seu coração a Deus como o faria com um
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Piedade Cristã: Os Frutos do Verdadeiro Cristianismo
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Todo aquele que foi justificado pela graça de nosso Senhor Jesus Cristo
encontrará aqui um excelente guia para que possa viver de modo agradável a
Deus. Este livro faz lembrar a magistral obra, A Prática da Piedade, do
piedosíssimo Lewis Bayly, por seu fervor e fidelidade bíblicos, e por sua
sobriedade e zelo piedoso de obedecer aos mandamentos do Senhor em todas
as áreas de nossas vidas e em todos os nossos relacionamentos. O autor nos
exorta à prática da verdadeira piedade cristã a partir de Tito 3:7-8.
O Homo como Sacerdote em seu Lar
Samuel Waldron
John Owen fez uma defesa magistral da grande doutrina bíblica da Santíssima
Trindade contra os socinianos. Dificilmente veremos hoje alguém que se
denomine um sociniano, mas não é tão raro assim encontrar alguém indouto e
inconstante que segue as pisadas deles e nega a verdade bíblica sobre a
bendita doutrina da Trindade, para sua própria perdição eterna (2Pe 3:16).
Portanto a refutação que Owen faz das principais objeções dos oponentes dessa
doutrina permanece útil também para os nossos dias. Sobretudo é proveitosa a
exposição fiel e profunda feita por ele sobre os principais textos bíblicos que
revelam essa verdade fundamental sobre o único e verdadeiro Deus: Pai, Filho e
Espírito.
Os 5 Pontos do Calvinismo
C.H. Spurgeon
[1]
Septuaginta: tradução das Escrituras do Antigo Testamento hebraico para o
grego, iniciada no século III a.C.
[2]
κατ ὰ π όλιν e κατ ἐ κκλησίαν : “cada cidade” e “cada igreja”.
[3]
Extraordinário: Coxe distingue entre dons e ofícios “ordinários” e
“extraordinários” na igreja. Os “ordinários” são aqueles que foram nomeados
por Cristo e seus apóstolos para o exercício continuado na igreja, como
presbíteros/pastores e diáconos. Os “extraordinários” são aqueles que foram
nomeados por Cristo com a finalidade temporária de estabelecer as igrejas na
sua infância, como apóstolos e profetas.
[4]
O caminho apontado por Cristo para o chamamento de qualquer pessoa,
capacitada e dotada pelo Espírito Santo, para o ofício de bispo ou ancião em
uma igreja, é que ele seja escolhido para isso pelo sufrágio comum da própria
igreja e solenemente separado por jejum e oração, com a imposição das mãos
do presbitério da igreja, se houver algum nela anteriormente constituído. E de
um diácono, que ele seja escolhido por semelhante sufrágio, e separado por
meio de oração, e semelhante imposição de mãos (Segunda Confissão de Fé
Batista de Londres de 1689, Capítulo XXVI, Sobre a Igreja, parágrafo 9).
[5]
Seu ministério... antecedente às igrejas: Cristo designou os apóstolos
antes que existissem congregações do Novo Testamento; os apóstolos, em
seguida plantaram e regaram tais igrejas (1 Coríntios 3:5-11).
[6]
Bispos diocesanos: pastores que, em algum momento no passado, receberam
a responsabilidade de cuidar de múltiplas igrejas em uma determinada área
(diocese).
[7]
Grego: tradução do termo grego Ἑ λληνιστ ῶ ν (Hell ē nist ō n) do qual
derivamos a palavra portuguesa helenista. “Esse termo provavelmente se refere
aos judeus cuja língua principal era o grego em distinção daqueles que falvam
uma língua semítica [a família de línguas que inclui o hebraico, árabe, aramaico
e outros]... Gutbrod (Theological Dictionary of the New Testament 3:389) fala da
diferença entre aqueles que eram nativos de Israel e aqueles que vinham de
fora, entretanto é a prática social e religiosa que parece ser central para essa
distinção. As diferenças linguísticas e sociais produziram diferenças culturais
que, por sua vez, criaram uma divisão na igreja que a comunidade agora
reconhece e trabalha rapidamente para corrigi-la” (Darrell L. Bock, Acts, 258).
[8]
Quando... nos voltamos para os registros da história encontramos provas
suficientes para demonstrar que as igrejas continuaram mesmo após a
ascensão do Sistema Episcopal a defender e a exercer o direito de eleição,
aquele grande princípio que é a base da liberdade religiosa. A autoridade mais
antiga e mais autêntica sobre este assunto depois das próprias Escrituras é
derivada de Clemente de Roma, contemporâneo com alguns dos apóstolos. Este
honroso Pai, em sua epístola à igreja de Corinto cerca de 96 d.C, ou, de acordo
com Bispo Wake, entre os anos 60 e 70 de Cristo, fala dos regulamentos que
foram estabelecidos pelos apóstolos para a nomeação de outros para sucedê-los
depois de seu falecimento. Esta nomeação deveria ser feita com o
consentimento e aprovação de toda a igreja... fundamentado em seu
conhecimento prévio das qualificações do candidato para este ofício. Este
testemunho indica claramente a cooperação ativa da Igreja na nomeação de
seus ministros (Lyman Coleman, A Church without a Prelate: The Apostolical and
Primitive Church, 12).
[9]
Neste parágrafo, Nehemiah Coxe, deixa extremamente clara sua posição
cessacionista e considerando que ele foi comissionado pelos seus outros irmãos
batistas particulares para ser um dos editores da CFB1689 e levando em conta
também o próprio texto da Confissão (1:1, 6, 9, 10; 8:8; 10:1; 18:3; 22:1),
podemos facilmente concluir que o cessacionismo, como descrito neste
parágrafo, ou seja, a posição genuinamente bíblica, foi também a posição mais
comum entre todos os primeiros pais batistas particulares confessionais. As
igrejas batistas reformadas da ARBCA, sendo confessionais da CFB1689, creem
nesses mesmos princípios. Recomendamos com alegria a leitura de um de seus
documentos concernente à Posição da ARBCA Sobre A Continuação dos Dons de
Revelação nos Nossos Dias.
[10]
De jure: por lei; conforme a lei.
[11]
“Os presbíteros que governam bem sejam estimados por dignos de
duplicada honra, principalmente os que trabalham na palavra e na doutrina” (1
Timóteo 5:17).
[12]
Expressão latina: Verba docente, exempla trahunt — Palavras instruem,
exemplos lideram.
[13]
As Escrituras nos informam que o valor definido em Deus para com o
Seu quanto à salvação deles foi baseado em Seu propósito eterno para salvá-los
por causa de Seu amor, não baseado em qualquer valor inato que Ele tenha
visto neles (Romanos 5:6-8, Efésios 2:8-10).
[14]
Não que a salvação seja pelas obras de obediência, contudo a realidade
da nossa fé e salvação, a qual é somente pela graça, é evidenciada pelas boas
obras (Efésios 2:8-10). Para entender melhor e relação entre a fé e as obras na
salvação recomendamos o livro de Joel Beeke e Steven Lawson Raiz e Fruto:
Harmonizando Paulo e Tiago sobre a Doutrina da Justificação (O Estandarte de
Cristo: 2020).
[15]
Pound: Unidade monetária inglesa. Cem pounds no final do ano de 1600
equivalia, em valores atualizados, a cerca de £12.200,00 (doze mil e duzentas
libras) ou $19.500,00 (dezenove mil e quinhentos dólares) ou R$103.000,00
(cento e três mil reais).
[16]
Referência à tradição papista da “confissão auricular”. Para ler mais sobre
tais abusos, veja a obra de William Tyndale, The Obedience of a Christian Man,
1528, “Of Confession”. p. 57ff. {A vasta maioria das notas de rodapé da
presente tradução ou foram acrescentadas pelos editores ou pelos responsáveis
pela tradução e revisão.
[17]
1 Timóteo 3:2-7: “Convém, pois, que o bispo seja irrepreensível, marido de
uma mulher, vigilante, sóbrio, honesto, hospitaleiro, apto para ensinar; não dado
ao vinho, não espancador, não cobiçoso de torpe ganância, mas moderado, não
contencioso, não avarento; que governe bem a sua própria casa, tendo seus
filhos em sujeição, com toda a modéstia (Porque, se alguém não sabe governar
a sua própria casa, terá cuidado da igreja de Deus?); não neófito, para que,
ensoberbecendo-se, não caia na condenação do diabo. Tito 2:6-9: “Convém
também que tenha bom testemunho dos que estão de fora, para que não caia
em afronta, e no laço do diabo. Exorta semelhantemente os jovens a que sejam
moderados. Em tudo te dá por exemplo de boas obras; na doutrina mostra
incorrupção, gravidade, sinceridade, linguagem sã e irrepreensível, para que o
adversário se envergonhe, não tendo nenhum mal que dizer de nós. Exorta os
servos a que se sujeitem a seus senhores, e em tudo agradem, não
contradizendo.
[18]
Benefício eclesiástico: um ofício da igreja que confere renda/salário ao seu
possuidor.
[19]
Expressão original usada por Owen: “mathematical prognostications at
Rome – always condemned and always retained”.
[20]
1 Pedro 4:10-11: “Cada um administre aos outros o dom como o recebeu,
como bons despenseiros da multiforme graça de Deus. Se alguém falar, fale
segundo as palavras de Deus; se alguém administrar, administre segundo o
poder que Deus dá; para que em tudo Deus seja glorificado por Jesus Cristo, a
quem pertence a glória e poder para todo o sempre. 1 Coríntios 14:12: “Assim
também vós, como desejais dons espirituais, procurai abundar neles, para
edificação da igreja”.
[21]
Atos 13:1-3: “E na igreja que estava em Antioquia havia alguns profetas e
doutores, a saber: Barnabé e Simeão chamado Níger, e Lúcio, cireneu, e
Manaém, que fora criado com Herodes o tetrarca, e Saulo. E, servindo eles ao
Senhor, e jejuando, disse o Espírito Santo: Apartai-me a Barnabé e a Saulo para
a obra a que os tenho chamado. Então, jejuando e orando, e pondo sobre eles
as mãos, os despediram”.
[22]
1 Coríntios 16:3: “E, quando tiver chegado, mandarei os que por cartas
aprovardes, para levar a vossa dádiva a Jerusalém”. 2 Coríntios 3:1:
“Porventura começamos outra vez a louvar-nos a nós mesmos? Ou
necessitamos, como alguns, de cartas de recomendação para vós, ou de
recomendação de vós?”. 3 João 1:9: “Tenho escrito à igreja; mas Diótrefes, que
procura ter entre eles o primado, não nos recebe”.
[23]
Atos 14:23: “E, havendo-lhes, por comum consentimento, eleito anciãos
em cada igreja, orando com jejuns, os encomendaram ao Senhor em quem
haviam crido”. Tito 1:5: “Por esta causa te deixei em Creta, para que pusesses
em boa ordem as coisas que ainda restam, e de cidade em cidade
estabelecesses presbíteros, como já te mandei”.
[24]
Atos 20:28: “Olhai, pois, por vós, e por todo o rebanho sobre que o Espírito
Santo vos constituiu bispos, para apascentardes a igreja de Deus, que ele
resgatou com seu próprio sangue”. Filipenses 1:1: “Paulo e Timóteo, servos de
Jesus Cristo, a todos os santos em Cristo Jesus, que estão em Filipos, com os
bispos e diáconos”. Apocalipse 2:2: “Conheço as tuas obras, e o teu trabalho,
e a tua paciência, e que não podes sofrer os maus; e puseste à prova os que
dizem ser apóstolos, e o não são, e tu os achaste mentirosos”.
[25]
Epist. Conc. Efésios 1, ad Synod. in Pamphyl.
[26]
Concílio de Niceia, cânones 15 e 16; Concílio de Calcedônia, cânones 5 e 20.
[27]
Trata-se do fenômeno de acumular rendimento sem a devida dispensação do
ofício. Alguns sacerdotes chegavam a ter dois cargos distintos em uma mesma
paróquia, um inferior e outro superior. Nesse caso, se ausentavam do primeiro,
deixando os encargos a subalternos, mas mantinham os vencimentos e
benefícios, enquanto atuavam de fato no cargo mais elevado. Zwingli chegou a
fazer isso por algum tempo, antes de começar a reforma em Zurique.
[28]
Em 379, o sínodo em Antioquia, sob o arcebispo Meletios, solicitou que
Gregório fosse à Constantinopla para convencer aquela cidade a abraçar a
ortodoxia Nicena. Ele proferiu cinco discursos sobre a doutrina de Nicéia,
explicando a natureza da Trindade e da unidade da Divindade contra as heresias
Ariana e Apolinariana (subordinacionismo e monofisismo).
[29]
Fócio I de Constantinopla (c. 810/20 — c. 893) foi o patriarca de
Constantinopla entre 858 e 867 e, novamente, entre 877 e 886. Fócio é
considerado o mais poderoso e influente patriarca de Constantinopla desde João
Crisóstomo e como o mais importante intelectual de seu tempo.
[30]
Aqui, posto privado (private station), provavelmente está se refe à
capelanias familiares e privadas. Muitos nobres na época mantinham um serviço
de capelania em suas residências, e muitos pastores protestantes acabavam se
abrigando nesses postos sem ter que comprometer suas crenças. Muitos
batistas fizeram isso, porque isso os permitia pregar a Palavra sem ter que
comprometer suas consciências com o batismo de crianças, já que o batismo
infantil deveria ser feito pelas igrejas paroquiais, e não por capelães.