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da narrativa
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IES
DE
Brasil
S.A. N este módulo entenderemos melhor a estrutura
dos textos narrativos e alguns de seus elementos
constitutivos. Afinal, histórias fazem parte da vida de
todos nós.
ck Photo.
Isto
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As Narrativas
Contamos, ouvimos, lemos e escrevemos histórias todos os dias. Por isso é muito impor-
tante estudarmos os elementos que compõem essas histórias, ou melhor, as narrativas. Para
conhecermos esses elementos, vamos ler os textos abaixo:
Zezinho e o coronel
Coronel Iolando sempre foi a fera do bairro. Quando a patota do Zezinho era tudo
criança, jogar futebol na rua era uma temeridade, porque o coronel, mal começava a bola
a rolar no asfalto, saía lá de dentro de sabre na mão e furava a coitadinha. Teve um dia
que Zezinho vinha atacando pela esquerda e ia fazer o gol, quando o coronel da Polícia
Militar, naquele tempo ainda capitão, saiu e cercou o atacante, de braços abertos. Pare-
cia um beque lateral direito, tentando impedir o avanço do adversário. Por amor ao fu-
tebol, Zezinho não resistiu, driblou o garboso militar e entrou no gol com bola e tudo.
Ah! Rapaziada... foi fogo. O então capitão Iolando ficou que parecia uma onça com
sinusite. Ali mesmo, jurou que nunca mais vagabundo nenhum jogaria bola outra vez em
frente a sua casa. E, com a sua autoridade ferida pelo drible moleque do Zezinho, botou
um policial de plantão em cada esquina, durante meses e meses. No bairro, havia assalto
toda noite, mas o coronel preferia botar dois guardas chateando os garotos a deslocá-los
da esquina para perseguir ladrão.
Isso eu só estou contando para que sintam o drama e morem na ferocidade do co-
ronel Iolando.
Prosseguindo: ninguém na redondeza conseguia entender como é que aquele
frankenstein de farda podia ter uma filha como a Irene, tão lindinha, tão meiga, tão
redondinha. E entre os que não entendiam estava o mesmo Zezinho, cuja patota, noutros
tempos, batia bola na rua.
Muito amante da pesquisa, Zezinho foi devagarinho pro lado da Irene. Primeiro um
cumprimento, na porta do cinema, depois um papinho rápido ao cruzar com ela na porta
da sorveteria e foi-se chegando, se chegando e pimba... desembarcou os comandos.
Quando a Irene percebeu, estava babada por Zezinho. Se ele quisesse, ela seria até o
chiclete dele.
Claro, o namoro foi sempre à revelia do coronel Iolando, que não admitia nem a
possibilidade de a filha olhar pro lado, quanto mais para o Zezinho, aquele vagabundo,
cachorro, comunista.
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Sem paqueração não há repressão. O pai não sabia de nada e a filha foi folgando, até
que – chegou um dia, ou melhor, chegou uma noite – a Irene tinha saído para ir à casa da
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Margaridinha, de araque, naturalmente, e na volta, depois de ficar quase duas horas
agarrada com Zezinho debaixo de uma jaqueira, na segunda transversal à direita, permi-
tiu que o rapaz a acompanhasse até o portão.
Coincidência desgraçada: o coronel Iolando estava-se preparando para sair e ir co-
mandar um batalhão no combate à passeata de estudantes. Chegou à janela justamente
na hora em que Irene e aquele safado chegavam ao portão. Tirou o trabuco do coldre e
desceu a escada de quatro em quatro degraus, botando fumacinha pelas ventas arrega-
nhadas. Parecia um búfalo no inverno.
Não deixou que o inimigo abrisse a boca. Berrou para Irene:
— Entre, sua sem-vergonha – e a mocinha escafedeu-se.
Virou-se para o pobre do Zezinho, mais murcho que boca de velha, ali encolhidinho,
e agarrou-o pelo cangote, suspendendo-o quase a um palmo do chão, e o rapaz ia até
dizer “Coronel, o senhor tirou o chão de baixo de mim”, pra ver se com a piadinha me-
lhorava o ambiente, mas não teve tempo:
— Seu cretino – berrou Iolando – está vendo este revólver?
(Zezinho estava.)
— Pois eu lhe enfio o cano no olho e descarrego a arma dentro da sua cabeça, seu
cafajeste. Está entendendo?
(Zezinho estava.)
— E vou lhe dizer uma coisa: está proibido de continuar morando neste bairro. Ama-
nhã eu irei pessoalmente a sua casa para verificar se o senhor se mudou, está ouvindo?
(Zezinho estava.)
— Se o senhor não tiver, pelo menos, a cinquenta quilômetros longe desta área,
passarei a enviar uma escolta diariamente a sua casa para lhe dar uma surra. Agora suma-
se, seu inseto.
O coronel soltou Zezinho, que, sentindo-se em terra firme, tratou de se mandar o
mais depressa possível. O coronel, por sua vez, deu meia-volta, entrou em casa, vestiu o
dólman e avisou à filha que quando voltasse ia ter.
O coronel Iolando foi cercar os estudantes na passeata, houve aquela coisa toda
que os senhores leram nos jornais e, quando retornou ao lar, encontrou a esposa muito
apreensiva:
— Não precisa ficar com esse olhar de coelho acuado, sua molenga – avisou Iolando:
— Eu só vou dar uns tapas na sem-vergonha da nossa filha.
— Eu não estou apreensiva por isso não, Ioiô (ela chamava o coronel de Ioiô). Eu
estou com pena é de você.
— De mim? – o coronel estranhou.
— É que a Irene e o Zezinho saíram agora mesmo para casar na igreja do bispo de
Maura. Deixaram um abraço pra você.
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(PRETA, Stanislaw Ponte. Zezinho e o Coronel. In: _____ . Dois Amigos e um Chato.
20. ed. São Paulo: Moderna, 1994. p. 57-59.)
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Glossário
Sabre – arma branca de lâmina reta e curva, pontuda e afiada de um só lado.
Beque – zagueiro.
Garboso – elegante.
Trabuco – revólver.
Coldre – estojo para revólver preso à correia da cintura.
Dólman – traje militar.
O texto que você leu é uma narrativa, ou seja, relata fatos, conta histórias. Há persona-
gens atuando e um narrador que relata a ação. Os fatos formam o enredo e o ambiente ou
o cenário é a localização dos acontecimentos. Há ainda o tempo (passado, presente) e o foco
narrativo. Veremos com mais atenção cada um desses elementos. Além desses, também temos,
nas narrativas, a apresentação (parte do texto em que são apresentadas algumas personagens
e expostas algumas circunstâncias da história), a complicação (onde se inicia propriamente a
ação), o clímax (ponto da narrativa em que a ação atinge um momento crítico) e o desenlace
ou desfecho (solução do conflito produzido pelas personagens).
O enredo
É o desenrolar dos acontecimentos e, geralmente, está centrado em um conflito. Em Ze-
zinho e o Coronel, o enredo é construído a partir da rigidez do coronel Iolando e da briga com
o garoto Zezinho.
Ambiente ou cenário
É o espaço por onde circulam as personagens e se desenrola o enredo, no caso do texto
lido, a rua da casa do coronel.
Tempo
O tempo é um fator muito importante na narrativa. A história pode ser contada no pre-
sente, no passado próximo ou em um passado remoto, mais “antigo”. Na história do Zezinho,
antes de falar sobre o namoro com Irene, há uma volta à infância para explicar a implicância do
coronel em relação ao menino.
de contar a história, participa dela. Já quando o foco narrativo está em 3.ª pessoa, temos o
narrador-onisciente. Nesse caso, ele é conhecedor de toda a história e sabe tudo sobre as
personagens (passado, futuro, sentimentos e emoções).
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Personagens
São seres, pessoas imaginárias que se comportam como gente de verdade. Podem ser pro-
tagonistas, personagens principais das narrativas; antagonistas, que se opõem aos protago-
nistas; coadjuvantes, personagens secundárias que se juntam aos protagonistas ou antagonis-
tas, e os figurantes, que apenas acessoram a narrativa, fazendo par com objetos e cenário.
4. Pelos dados que aparecem no texto, podemos concluir que o coronel deve ter com os
familiares um comportamento muito diferente do que tem com os não familiares, ou
será um comportamento semelhante? Justifique sua resposta.
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5. Um pai bravo, mandão, deve ter despertado na filha um grande sentimento de medo.
É isso o que sentimos ao ler o 10.º parágrafo? Explique sua resposta.
6. Um marido bravo, mandão, deve ter despertado na esposa também um grande senti-
mento de medo. É isso que sentimos ao analisar o diálogo entre o coronel e a esposa
nos últimos parágrafos do texto?
O diamante
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A mãe resolveu não insistir. Deixou Maria deitada na cama, abraçada com o seu
Snoopy, emburrada. Quando o pai de Maria chegou em casa do trabalho a mãe avisou:
— Melhor nem falar com ela...
Maria estava com cara de poucos amigos. Pior. Estava com cara de amigo nenhum.
Na mesa do jantar, Maria de repente falou:
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— Mas esta pintinha aqui nenhuma delas tem.
— É...
— Você já se deu conta que em todo mundo só existe uma você?
— Mas, pai...
— Só uma. Você é uma raridade. Podem existir outras parecidas. Mas você, você
mesmo, só existe uma. Se algum dia aparecer outra você na sua frente, você pode dizer:
é falsa.
— Então eu sou a coisa mais valiosa do mundo.
— Olha, você deve estar valendo aí uns três trilhões...
— Naquela noite, a mãe de Maria passou perto do quarto dela e a ouviu falando com
o Snoopy:
— Sabe um diamante?
(VERISSIMO, Luis Fernando. O Santinho. 3. ed. Porto Alegre: L&PM, 1991. p. 10-12.)
7. Quando Maria chega da escola, a mãe logo percebe algo diferente no seu comporta-
mento.
a) O que ela acha que a menina pode ter?
8. Quais são os argumentos utilizados para convencer a menina de que ela é muito va-
liosa para todos?
a) Pelo pai:
b) Pela mãe:
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9. Num momento do texto, o pai muda de estratégia. Com o que ele compara a menina?
10. O que ele afirma que ela tem em comum com o objeto?
Não. O texto inicia com: “Um dia, Maria chegou em casa...” Nesse caso, para que ti-
vesse um personagem-narrador, era necessário haver o pronome pessoal eu e o verbo
na 1.ª pessoa, cheguei.
2. Apresente os parágrafos correspondentes a cada uma das partes em que o texto foi
dividido:
Solução:
4.ª parte – depois do sufoco, que surpresa para o coronel. (parágrafos 19 a 24)
Imagine que você foi passar as férias na praia com um(a) amigo(a). Certo dia, vocês de-
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cidiram, acompanhados de seus pais, fazer uma “expedição” para conhecer melhor o ambiente.
Em 15 linhas, narre como foi essa aventura.
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Complete os quadros abaixo, antes de iniciar a escrita de seu texto:
Cenário
Local:
Época (tempo):
Principal personagem:
Conflito:
Solução:
Conclusão:
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ALUNO: TURMA: DATA:
TÍTULO:
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