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18º ENCONTRO

A. Planejamento das atividades de


leitura do texto

Professor(a),

Como bem sabemos a leitura é um processo de interação entre o leitor e o


texto. É, portanto, um processo que deve ser construído. Mas essa construção
deve ser feita pelo aluno. Para isso, você deve se colocar como um guia, um
mediador e não como um detentor do saber.

Neste ENCONTRO, iniciaremos nossas atividades com um planejamento da


leitura fazendo algumas propostas para desenvolver a leitura do texto “Zezinho
e Filomena”.

Se possível, convide alunos de outra sala para fazer uma atividade conjunta
a fim de que os alunos se apresentem e se conheçam melhor. Depois abra o
debate sobre como se sentem ao conhecer novos colegas.

Antes de pedir que os alunos façam a primeira leitura, coloque apenas o


título no quadro e comece a averiguar o que eles já sabem sobre o assunto.

Vocês se lembram de algum livro cujo título é composto de nomes


de gente?
Vamos ver quem tem nomes iguais nesta sala?
Quem não gosta do nome e gostaria de trocá-lo? Por quê?

Nesse momento, você pode fazer antecipações com os alunos.

Quem serão Zezinho e Filomena?


Observando o texto, vocês veem sinais de diálogos?
Quem escreveu esse texto?

Agora, mostre o texto aos alunos e procure articular essas informações com
outras, como:

Qual a origem desse texto?


Esse texto é real ou imaginário?

Essa é a hora da primeira leitura do texto, que pode ser silenciosa. Leitura
feita, vamos levar os alunos a buscar o sentido das palavras que constam do
Glossário. Caso haja muitas dúvidas ou divergências entre eles, convide-os a
consultar o dicionário.

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Ao término dessa atividade, peça aos alunos que falem sobre as impressões
do que leram (livremente) para que você tenha uma ideia do perfil de cada
aluno/leitor. Em seguida, você pode fazer um exercício de compreensão do
texto, uma exploração topográfica, isto é, um exame parágrafo a parágrafo, linha
a linha, enfim, de tudo o que compõe visualmente o texto, com as seguintes
perguntas:

Quem é o personagem principal?


Onde moravam Zezinho e Filomena?
Como é o Zezinho? E a Filomena, como é?
Onde Raimundo e Julinho encontraram o Zezinho?

Depois dessa primeira leitura, você pode ler o texto em voz alta, ou fazer
uma leitura compartilhada e, em seguida, pode levá-los a fazer algumas
inferências, ou seja, a construir novos sentidos para o texto. É o plano da
interpretação do texto, em que se usam estratégias que caracterizam o
comportamento reflexivo, de nível consciente do leitor.

Por que a avó dos meninos disse que Zezinho morreria logo?
Quem é Zezinho? E quem é Filomena?
O que salvou a vida de Zezinho?
Vocês acham que é possível seres diferentes serem tão amigos? Por quê?

Você pode aproveitar a leitura para relacionar o texto à época atual.

Por que o autor mostrou a amizade de dois bichos tão diferentes?


Esse texto pode se referir a uma situação com os humanos? Por quê?

Outras estratégias de leitura podem ser adotadas. Estas representam apenas


algumas sugestões. Passemos, então, às atividades complementares que
deverão ser realizadas após a leitura do texto.

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Zezinho e Filomena

Filomena vai ter uma vida muuuito longa – diz a avó.


E o Zezinho? – Raimundo quis saber.
Esse vai morrer logo.
E se Raimundo pergunta por que, a avó diz que é o destino, e se ele pergunta
o que é destino, ela responde que é o que não se pode mudar. O garoto não se
conforma tanto com isso, Zezinho é tão novo.
Coitado do Zezinho.
Tanto o Zezinho quanto a Filomena vivem no quintal. O Zezinho é ligeiro,
inquieto, vive explorando, principalmente o que ele vê pelo chão. A Filomena
é lenta, parece não ligar pra nada, sempre muuuuito devagar. Ou fica parada
mesmo, quietinha, às vezes encolhida dentro do seu casco. E o quintal tem outros
moradores, é bem movimentado de gente e bicho, num vai e vem de manhã até o
entardecer.
Naquele dia, quando Raimundo foi dar milho, logo percebeu a falta do
Zezinho. Onde foi o Zezinho? Estranho, ele é sempre o primeiro a chegar na hora
da comida. Não estava. Anda ciscando por aí, já, já ele vem, pensou o garoto,
enquanto espalhava os grãos para os outros esfomeados. Nem era a primeira vez
que um bicho sumia e reaparecia mais tarde.

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A Filomena continuava lá, recolhendo o calor do sol no seu casco.
O Zezinho sumiu? E a sopa de domingo? – A avó deixou escapar.
Vó, não. Ele é muito novo ainda – protestou Raimundo.
Zezinho não voltou ao entardecer, nem ao anoitecer, nem mesmo no dia
seguinte. Isso era estranho mesmo. Nunca ele tinha sumido desse jeito. Teria se
mudado para o quintal do vizinho? Ou foi tão longe e se perdeu? Vai ver o Zezinho
desconfiou que a sua hora de virar sopa estava chegando, vai ver fugiu por isso.
Raimundo decidiu chamar o irmão, entretido com um brinquedo novo,
uma luneta de bambu feita pelo avô.
Julinho, venha. Vamos procurar o Zezinho.
Saíram os dois em busca, ele podia ter se escondido em algum outro quintal
das redondezas. E se for jogado na panela do vizinho? Aí, de nada adiantaria ter
fugido.
Os dois andaram por entre capins, tentando perceber movimentos e ruídos.
O irmão, todo animado, espiava através de sua luneta. E num certo momento,
gritou Raimundo.
Achei, minha luneta é mágica!
Onde?
Aqui!
Raimundo correu pra trás de uma moita, onde o irmão o chamava. E viu o
Zezinho assustado, com um dos pés preso numa arapuca. O pé do Zezinho estava
estranho, meio solto. Com cuidado, os dois carregaram ele de volta para o quintal.
Ah, encontraram o aventureiro? – a avó viu os meninos chegando.
Vó, ele tá machucado.
Com o pé quebrado – disse ela, assim que o viu de perto.
E agora?
Melhor ele virar sopa logo.
Vó, não! Olha como ele tá, assustado que só.
A avó deve ter ficado com pena do Zezinho, perdido e machucado.
Vocês, procurem umas varetas.
Enquanto isso, a avó buscou barbantes. Cortou as varetas que Raimundo
e Julinho acharam e arranjou uma tala para firmar o pé do Zezinho. Assustado
como nunca, o coitado ficava com aqueles olhos mais redondos do que já eram.
Por um tempo ele teve de andar pulando num pé só.
E aí aconteceu uma coisa estranha. Talvez nem tão estranha assim. Afinal,
os dois eram bem diferentes, mas eram moradores do mesmo quintal. Zezinho
se apegou à Filomena. Enquanto os outros corriam de lá para cá, ficavam eles
imóveis, se olhando. Assim, apenas se olhando. Um nos olhos do outro.
Olha só a Filomena e o Zezinho – Raimundo falou pro irmão.

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O quê? – Julinho estava mais preocupado em rodar o pião.


Não reparou? Agora ficam juntinhos. Eles se gostam, não é, vó?
Parece mesmo que se apaixonaram – a avó riu.
HIRATSUKA, Lúcia. In Carta Fundamental: agosto de 2012. Fragmento.

Glossário
Para ajudá-lo a compreender o texto, procure inferir o sentido das palavras
abaixo:
destino (l. 4): que não se pode prever.
casco (l. 11): revestimento duro que protege os pés de alguns animais (cavalo,
vaca, entre outros).
entretido (l. 26): distraído; que teve sua atenção completamente desviada.
luneta (l. 27): instrumento cilíndrico, munido de uma ou duas lentes, que serve
para auxiliar a vista ou aumentar objetos a grande distância.
arapuca (l. 39): armadilha para caçar pequenos pássaros ou aves.
tala (l. 50): aparelho rígido ou flexível, que se destina a imobilizar partes de
membros.

B. Planejamento das atividades


complementares

1 Desenvolvendo habilidades de leitura

1. Nesse texto, a palavra destacada em “protestou Raimundo.”, (l. 21), tem o


sentido de
A) chatear-se.
B) fofocar.
C) implicar.
D) opor-se.
D3 – Inferir o sentido de uma palavra ou expressão.

2. Em “Filomena vai ter uma vida muuuito longa”, (l. 1), o advérbio destacado
dá uma ideia de
A) afirmação.
B) intensidade.
C) modo.
D) tempo.
D12 – Estabelecer relações lógico-discursivas presentes no texto, marcadas por
conjunções, advérbios, etc.

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3. O trecho “Olha como ele tá, assustado que só.” (l. 46), indica que o falante
usa a linguagem
A) culta, empregada em cerimônias.
B) cotidiana, falada entre amigos.
C) escolar, estudada na escola.
D) regional, empregada em certas regiões.
D10 – Identificar as marcas linguísticas que evidenciam o locutor e o interlocutor
de um texto

4. O pronome destacado em “os dois carregaram ele de volta para o quintal.”,


(l. 40), substitui a palavra
A) “avó” (l. 20)
B) “irmão” (l. 38)
C) “Raimundo” (l. 38)
D) “Zezinho” (l. 39)
D2 – Estabelecer relações entre partes de um texto, identificando repetições ou
substituições que contribuem para a continuidade de um texto.

5. Qual personagem falou “– Onde?” (l. 36)


A) Filomena.
B) Julinho.
C) Raimundo.
D) Zezinho.
D1 – Localizar informações explícitas em um texto.

6. Em relação ao fato de terem encontrado o Zezinho, há uma opinião em


A) “– Vó, ele tá machucado.”. (l. 42)
B) “– Com o pé quebrado”. (l. 43)
C) “– Melhor ele virar sopa logo.”. (l. 45)
D) “– Vocês, procurem umas varetas.”. (l. 48)
D11 – Distinguir um fato da opinião relativa a esse fato.

2 Compreendendo o texto

7. Onde moravam Zezinho e Filomena?


No quintal.

8. Como é o Zezinho? E a Filomena, como é?


Zezinho é ligeiro, inquieto; Filomena é lenta, sempre muito devagar.

9. Onde Raimundo e Julinho encontraram o Zezinho?


Numa arapuca, com os pés presos.

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3 Interpretando o texto

10. Por que a avó dos meninos disse que Zezinho morreria logo?
Porque ele ia virar sopa.

11. Quem é Zezinho? E quem é Filomena?


Zezinho é um galo; Filomena é uma tartaruga.

12. O que salvou a vida de Zezinho?


Ele ter se machucado e a avó ter ficado com pena dele.

13. Você acha que é possível seres diferentes serem tão amigos? Por quê?
(Resposta pessoal)

4 Pensando sobre o texto

14. Afinal, por que será que a avó, sempre que se referia ao Zezinho, falava
em “almoço de domingo”, “virar sopa”?
Porque ela tinha a intenção de fazer sopa do Zezinho.

15. O fato de Zezinho e Filomena serem diferentes não os impediu de se


apaixonarem. O que se pode aprender com isso?
Que as diferenças não impedem as pessoas de serem amigas.

16. Você acha que a avó agiu adequadamente ao fazer uma tala para firmar
o pé do Zezinho? Comente.
Sim. É preciso ajudar os que estão sofrendo.

5 Explorando a gramática no texto

Dígrafo
É o grupamento de consoantes o qual representa apenas um som.
São dígrafos:
1. ch, lh, nh = chapéu, palha, sonho.
2. rr, ss = carro, massa.
3. gu, qu (antes de “e” e “i”) = guerra, que.
4. sc, sç, xc = fascinar, desça, excelência.

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Nesse texto, há várias palavras em que ocorre dígrafo.

17. Retire do texto três palavras em que ocorre dígrafo e anote-as na linha
abaixo.
Há várias ocorrências ao longo do texto. Destacamos alguns exemplos:
Zezinho (l. 2), quis (l. 2), esse (l. 3) que (l. 4 ), isso (l. 6), quanto (l. 8), quintal
(l. 8), chão (l. 9).

Discurso indireto
No discurso indireto não há diálogo. O narrador não põe os personagens a
falar diretamente, mas faz-se intérprete deles.

“Raimundo decidiu chamar o irmão, entretido com um brinquedo novo,” (l. 26)

Discurso direto
É o texto, oral ou escrito, da fala de alguém, na íntegra. É quando as palavras
de outra pessoa ou personagem são reproduzidas e separadas das falas do
narrador. Este é o mais comum e natural entre os tipos de discurso. É uma forma
de dar vida própria aos personagens, o que faz o leitor ficar mais interessado
e mergulhar na história. Para fazer discurso direto são utilizados dois pontos,
aspas ou travessão de diálogo. Esses recursos ajudam a identificar a quem
pertencem as falas.

“— O Zezinho sumiu? E a sopa de domingo?” (l. 20)

18. Retire do texto dois discursos: um na ordem indireta e outro na ordem


direta.
Ordem indireta: “E se Raimundo pergunta por que, a avó diz que é o destino,”
(l. 4) (Sugestão)
Ordem direta: “– E o Zezinho? – Raimundo quis saber.” (l. 2) (Sugestão)

Emprego de “onde” e “aonde”


O pronome relativo “onde” é denominado de “pronome relativo locativo”,
pois só pode ser empregado em substituição a um lugar.

“Maria, você sabe onde deixei meus óculos?"

Emprega-se “aonde” regido por preposição – quando houver um verbo ou


um nome que requeira a preposição “a”. Geralmente, equivale a “para onde”.

“Eles pretendem chegar aonde com tais perguntas?”

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19. Escreva duas frases usando “onde” e “aonde”.


Onde: Onde está Zezinho? (Sugestão)
Aonde: Aonde foi Zezinho. (Sugestão)

Desenvolvendo a escrita
6 Atividade para casa

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Em algumas histórias, os animais falam. Vamos dar voz ao Zezinho e


à Filomena? Escreva um pequeno diálogo entre eles, depois que ficaram
amigos, ou mais que amigos.
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7 Conhecendo o gênero textual

Conto
O conto é uma narrativa curta. Corresponde a um momento da vida
do personagem, ou dos personagens. O conto cria um universo de seres
e acontecimentos, de fantasia ou imaginação. Como todos os textos de
ficção, o conto apresenta um narrador, personagens, ponto de vista e
enredo. Classicamente, diz-se que o conto se define pela sua pequena
extensão. Mais curto que a novela ou o romance, o conto tem uma
estrutura fechada, desenvolve uma história e tem apenas um clímax.
Num romance, a trama desdobra-se em conflitos secundários, o que não
acontece com o conto. O conto é conciso.

8 Conhecendo o autor

Lúcia Hiratsuka
Nasceu em 1960, em Duartina, São Paulo. Além de escritora, trabalha com
ilustrações de livros infantojuvenis há quase quinze anos. Formada em Artes
Plásticas pela Faculdade de Belas Artes de São Paulo, Lúcia também frequentou
a Universidade de Educação de Fukuoka no Japão. Em 1988, seu trabalho
recebeu o Prêmio APCA e a coleção Contos e Lendas do Japão recebeu a
rubrica de Altamente Recomendável, concedida pela Fundação Nacional do
Livro Infantojuvenil – FNLIJ.

Sugestões de leitura
1. O bicho MI, 2. Biruta,
Elba GGomes e Histórias escolhidas,

O B
Luciene GGomes, Lygia Fagundes
Editora Franco. Telles, Boa Leitura
Editora, 1961.

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