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1.

Leia o fragmento de uma crônica para responder Leia a crônica abaixo para responder à questão:
à questão:
BOCA DE LUAR (Fragmento) O Homem Nu (Fragmento)
Você tem boca de luar, disse o rapaz para a Fernando Sabino
namorada, e a namorada riu, perguntou ao rapaz Ao acordar, disse para a mulher:
que espécie de boca é essa, o rapaz respondeu que — Escuta, minha filha: hoje é dia de pagar a
é uma boca toda enluarada, de dentes muito alvos e prestação da televisão, vem aí o sujeito com a conta,
leitosos, entende? Ela não entendeu bem e tornou a na certa. Mas acontece que ontem eu não trouxe
perguntar, desta vez que lua correspondia à sua dinheiro da cidade, estou a nenhum.
boca, se era crescente, minguante, cheia ou nova. — Explique isso ao homem — ponderou a mulher.
Ao que o rapaz disse que minguante não podia ser, — Não gosto dessas coisas. Dá um ar de vigarice,
nem crescente, nem nova só podia ser lua cheia, uai. gosto de cumprir rigorosamente as minhas
Aí a moça disse que mineiro tem cada uma, onde é obrigações. Escuta: quando ele vier a gente fica
que se viu boca de lua cheia, até parece boca cheia quieto aqui dentro, não faz barulho, para ele pensar
de lua, uma bobice. O rapaz não gostou de ser que não tem ninguém. Deixa ele bater até cansar
chamada de bobice a sua invenção, exclamou meio — amanhã eu pago.
espinhado que boca de luar, mesmo sendo de luar Pouco depois, tendo despido o pijama, dirigiu-se ao
de lua cheia, é completamente diferente – insistiu: banheiro para tomar um banho, mas a mulher já se
com-ple-ta-men-te – de boca cheia de lua; é uma trancara lá dentro. Enquanto esperava, resolveu
imagem poética[...] fazer um café. Pôs a água a ferver e abriu a porta de
Carlos Drummond de Andrade serviço para apanhar o pão. Como estivesse
1. O trecho da crônica representa a conversa entre completamente nu, olhou com cautela para um lado
um casal de namorados. O objetivo do rapaz, ao e para outro antes de arriscar-se a dar dois passos
dizer que a moça tem boca de luar, foi até o embrulhinho deixado pelo padeiro sobre o
a) fazer uma piada. mármore do parapeito. Ainda era muito cedo, não
b) fazer uma crítica. poderia aparecer ninguém. Mal seus dedos, porém,
c) fazer um elogio. tocavam o pão, a porta atrás de si fechou-se com
d) fazer uma brincadeira. estrondo, impulsionada pelo vento.

Leia o poema a seguir, que se aproxima bastante de 3. O texto de Fernando Sabino é uma crônica que
uma crônica, pois capta um assunto do cotidiano: a) narra, em versos, um fato comum do cotidiano.
b) narra mudanças de hábito na vida das
Retrato personagens.
"Eu não tinha este rosto de hoje, c) narra um fato comum do cotidiano sem humor.
assim calmo, assim triste, assim magro, d) narra um fato do cotidiano de forma humorística.
nem estes olhos tão vazios, nem o lábio amargo.
Eu não tinha estas mãos sem força, Leia o texto e depois resolva as questões 4 e 5:
tão paradas e frias e mortas;
eu não tinha este coração que nem se mostra. A outra noite
Eu não dei por esta mudança, Rubem Braga
tão simples, tão certa, tão fácil:
Em que espelho ficou perdida a minha face?― Outro dia fui a São Paulo e resolvi voltar à noite, uma
( Poema de Cecilia Meireles) noite de vento sul e chuva, tanto lá como aqui.
Quando vinha para casa de táxi, encontrei um amigo
2. Com base no poema, pode-se afirmar que ele e o trouxe até Copacabana; e contei a ele que lá em
a) apresenta um autorretrato. cima, além das nuvens, estava um luar lindo, de Lua
b) demonstra um novo rosto. cheia; e que as nuvens feias que cobriam a cidade
c) transmite a alegria da mudança. eram, vistas de cima, enluaradas, colchões de
d) expressa emoção de se sentir jovem. sonho, alvas, uma paisagem irreal.
Depois que o meu amigo desceu do carro, o chofer importa? Esse carinho me faz bem; eu o recebo terna
aproveitou um sinal fechado para voltar-se para mim: e gravemente; sem melancolia, porque sem ilusão.
- O senhor vai desculpar, eu estava aqui a ouvir sua Ele se irá como veio, leve nuvem solta na brisa, que
conversa. Mas, tem mesmo luar lá em cima? se tinge um instante de púrpura sobre as cinzas de
Confirmei: sim, acima da nossa noite preta e meu crepúsculo.
enlamaçada e torpe havia uma outra - pura, perfeita E olhem só que tipo de frase estou escrevendo!
e linda. Tome tenência, velho Braga. Deixe a nuvem, olhe
- Mas, que coisa... para o chão — e seus tradicionais buracos.
Ele chegou a pôr a cabeça fora do carro para olhar o Rubem
céu fechado de chuva. Depois continuou guiando Braga, Ai de ti, Copacabana
mais lentamente. Não sei se sonhava em ser aviador
ou pensava em outra coisa. 6. É correto afirmar que, a partir da crítica que o
- Ora, sim senhor... amigo lhe dirige, o narrador cronista
E, quando saltei e paguei a corrida, ele me disse um a) reflete sobre a obrigação de escrever sobre
"boa noite" e um "muito obrigado ao senhor" tão assuntos exigidos pelo público.
sinceros, tão veementes, como se eu lhe tivesse feito b) reflete sobre a oposição entre literatura e
um presente de rei. realidade.
c) reflete sobre diversos aspectos da realidade e sua
4. Na crônica, a frase que apresenta sentido representação na literatura.
conotativo é d) defende a posição de que a literatura não deve
a) [...] resolvi voltar à noite, uma noite de vento sul e ocupar-se com problemas sociais.
chuva [...]
b) [...] encontrei um amigo e trouxe de Copacabana 7. Em "E olhem só que tipo de frase estou
[...] escrevendo! Tome tenência, velho Braga", o
c) [...] colchões de sonho, alvas, uma paisagem irreal narrador
[...] a) chama a atenção dos leitores para a beleza do
d) [...] Ele chegou a pôr a cabeça fora do carro para estilo que empregou.
olhar[...] b) revela ter consciência de que cometeu excessos
com a linguagem metafórica.
5. A expressão ―noite preta, enlamaçada e torpe‖, em c) exalta o estilo por ele conquistado e convida-se a
linguagem metafórica, conotativa, serve para fazer reverenciá-lo.
referência à d) percebe que, por estar velho, seu estilo também
a) noite sem luar e chuvosa. envelheceu.
b) noite clara e brilhante.
c) noite chuvosa e fria. 8. Com relação ao gênero do texto, é correto afirmar
d) noite bela e calma. que a crônica
a) parte do assunto cotidiano e acaba por criar
Leia e resolva as questões 6 - 10: reflexões mais amplas.
b) tem como função informar ao leitor sobre os
A nuvem problemas cotidianos.
c) apresenta uma linguagem distante da coloquial,
— Fico admirado como é que você, morando afastando o público leitor.
nesta cidade, consegue escrever uma semana d) tem um modelo fixo, com um diálogo inicial
inteira sem reclamar, sem protestar, sem espinafrar! seguido de argumentação objetiva.
E meu amigo falou da água, telefone, Light em geral,
carne, batata, transporte, custo de vida, buracos na 9. No trecho ―sem melancolia, porque sem ilusão‖
rua, etc. etc. etc. Meu amigo está, como dizem as subentende-se que o narrador
pessoas exageradas, grávido de razões. Mas que a) sente-se incapaz de assumir compromissos
posso fazer? Até que tenho reclamado muito isto e amorosos e, por isso, não sofre.
aquilo. Mas se eu for ficar rezingando todo dia, estou b) não acredita no amor e, por isso, não sofre.
roubado: quem é que vai aguentar me ler? Acho que c) sabe que já está velho demais para o amor.
o leitor gosta de ver suas queixas no jornal, mas em d) sente-se emocionalmente maduro e, por isso, não
termos. teme desilusões amorosas.
Além disso, a verdade não está apenas nos
buracos das ruas e outras mazelas. Não é verdade 10. O texto apresenta um escritor inquieto a partir da
que as amendoeiras neste inverno deram um show reflexão que faz sobre
luxuoso de folhas vermelhas voando no ar? E ficaria a) os problemas da sociedade.
demasiado feio eu confessar que há uma jovem b) as suas dificuldades literárias.
gostando de mim? Ah, bem sei que esses c) as suas antigas amizades.
encantamentos de moça por um senhor maduro d) os temas das suas crônicas.
duram pouco. São caprichos de certa fase. Mas que

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