Você está na página 1de 37

GÊNERO CRÔNICA

UM GÊNERO FRONTEIRIÇO
OU UM OLHAR SOBRE O
COTIDIANO
IFRN

Profª. Clara Glenda Mendes Galdino


MOMENTO DE LEITURA
“MINEIRINHO”, DE
CLARICE LISPECTOR
Um convite à investigação...
● O que há em comum entre esses textos?
● Qual a linguagem adotada?
● Qual a finalidade/objetivo?
● Qual o contexto de publicação?
UM GÊNERO
FRONTEIRIÇO
ALGUMAS (IN)DEFINIÇÕES
1) Crônica jornalística – aborda, de modo mais direto, questões ligadas
à ética, política, economia, meio ambiente e assuntos que estão na
mídia atualmente, podendo fazer uso de recursos como a ironia e o
humor. Geralmente, dialoga com a notícia.

2) Crônica literária – majoritariamente, consiste na narração de um


acontecimento, envolvendo espaço e personagens. No texto, é visível
todo um trabalho artesanal com a linguagem, de modo que ela impacta
o leitor. Aborda questões que envolvem a sociedade e o cotidiano.
Tende a ser atemporal.
SOBRE A CRÔNICA, IVAN ÂNGELO
Uma leitora se refere aos textos aqui publicados como “reportagens”. Um
leitor os chama de “artigos”. Um estudante fala deles como “contos”. Há os que
dizem: “seus comentários”. Outros os chamam de “críticas”. Para alguns, é “sua
coluna”.
Estão errados? Tecnicamente, sim – são crônicas –, mas... Fernando
Sabino, vacilando diante do campo aberto, escreveu que “crônica é tudo o que
o autor chama de crônica”.
A dificuldade é que a crônica não é um formato, como o soneto, e muitos
duvidam que seja um gênero literário, como o conto, a poesia lírica ou as
meditações à maneira de Pascal. [...]
SOBRE A CRÔNICA, IVAN ÂNGELO
É mais exato apreciá-la desdobrando-se no tempo, como fez
Antonio Candido em “A vida ao rés do chão”: “Creio que a fórmula
moderna, na qual entram um fato miúdo e um toque humorístico,
com o seu quantum satis de poesia, representa o amadurecimento
e o encontro mais puro da crônica consigo mesma”. Ainda ele: “Em
lugar de oferecer um cenário excelso, numa revoada de adjetivos e
períodos candentes, pega o miúdo e mostra nele uma grandeza,
uma beleza ou uma singularidade insuspeitadas”.
Elementos que não funcionam na crônica: grandiloquência,
sectarismo, enrolação, arrogância, prolixidade. Elementos que
funcionam: humor, intimidade, lirismo, surpresa, estilo, elegância,
solidariedade. [...]
COM A PALAVRA, OS CRONISTAS
“Na crônica a gente pode, vamos dizer assim,
chutar. No sentido de que, quando não tem
assunto, a gente inventa qualquer bobagem
pra escrever.” (Luís Fernando Veríssimo)
“De notícias e não notícias faz-se a
crônica.”
(Carlos Drummond de Andrade)

“[...] as crônicas são maneiras de enlaçar


aquele leitor adormecido que só está
precisando ser acordado para se tornar um
devorador de livros contumaz.” (Carlos Fialho,
cronista potiguar contemporâneo)
O NOVO NORMAL, ANTÔNIO PRATA
Primeira festa pós-quarentena. O anfitrião, ansioso, passa de roda em roda
entretendo os convidados. Ao lado da janela avista, sozinho, um desconhecido.
— Oi, tudo bem? Você é o...?
— Novo Normal.
— Não acredito! Você é o Novo Normal?!
— Eu mesmo.
— Rapaz! Você chegou, finalmente! Faz um ano que só falam de você! Ah, o Novo
Normal vai ser assim, o Novo Normal vai ser assado! Posso te dar um abraço?
O Novo Normal recua.
— Ah, claro! Contágio, né? Óbvio! Gente, gente! Vem cá! Esse aqui é o Novo Normal!
Uma meia dúzia se aproxima, uns estendem as mãos, outros já se espicham pra um
beijo.
CONTINUAÇÃO
— Péra, pessoal, o Novo Normal é sem abraço, beijo ou aperto de mão, certo, Novo? Pode
chamar de Novo?
— Prefiro Novo Normal, pra não confundir com o partido.
Uma convidada o olha, curiosa.
— Não sei por que, mas confesso que eu te esperava baixo, gordinho e careca.
— Muita gente me imagina assim. Acho que é o nome, né? Novo Normal, muito “o”, lembra
ovo... Mas durante a quarentena o pessoal comeu muito, o Novo Normal é alto.
— Escuta, cê aceita uma bebida? Uma comida?
— Obrigado, eu engordei 7 kg durante a quarentena e bebi demais. Os hábitos do Novo
Normal agora são comida saudável e zero álcool.
Uma convidada abandona, discretamente, a taça de vinho sobre uma mesa. Um convidado
dispensa uma empada num vaso de pacová. Um outro puxa papo.
— Fala mais de você. O Novo Normal gosta de sair? De ir no cinema? No teatro? Em show?
— Não. Nada disso rola com o Novo Normal. Com a quarentena, as relações à distância se
estabeleceram pra ficar.
CONTINUAÇÃO
Uma convidada, decepcionada, toma a dianteira:
— E aquela previsão de que o Carnaval pós-quarentena ia ser tão louco que faria
Sodoma e Gomorra ficarem parecendo Aparecida do Norte?
— Deu chabu. O Novo Normal é saudável, cauteloso, precavido. O carnaval pós
pandemia será pelo Zoom. Quem quiser anotar aí, aliás:
www.telecotech.ziriguizoom.med.
— Ponto med?!
— É. O Carnaval agora é organizado pelo Ministério da Saúde. E o Carnaval de rua,
pelo Ministério da Ciência e Tecnologia, porque é todo dentro do Minecraft.
— Que horror! Eu tô solteira! Como eu vou arrumar um namorado, assim?
— Uma das coisas que a quarentena provou é que todo mundo pode viver sem sexo,
contanto que os sites liberem o acesso.
— Você não tem namorada?
— Presencialmente, não.
CONTINUAÇÃO
Deprimido com o Novo Normal, o anfitrião sai da roda discretamente e vai tomar
uma água na cozinha. Ali encontra uma galera aglomerada, morrendo de rir de uma
história contada por um gordinho, baixinho, careca, uma versão gente fina de um
George Costanza, com uma cerveja numa mão e um cigarro na outra. O anfitrião
cutuca uma amiga por ali:
— Quem é o figura?!
— Não tá reconhecendo? É o Velho Normal! Saindo daqui a gente vai pra um
caraoquê na Liberdade e vamos terminar a noite comendo uma bisteca no Sujinho.
Topa?
Quatro e meia da manhã, abraçados, todos sobem a Consolação pulando e
cantando: “Ooooo! Velho Normal voltô ô ô! Velho Normal voltô ô ô! Velho Normal
voltôôôô oooo!”.

Fonte: https://www1.folha.uol.com.br/colunas/antonioprata/2020/06/o-novo-normal.shtml
CRÔNICA:
CONCEITO GERAL
Ligada
. ao tempo (chrónos), ou melhor,
ao seu tempo, a crônica o atravessa
por ser um registro poético e muitas
vezes irônico, através do que se
capta o imaginário coletivo em suas
manifestações cotidianas. (SOARES,
2007)
HISTÓRICO
O vocábulo crônica, do grego chronikós, relativo a tempo
(chrónos), pelo latim chronica, mudou de sentido ao longo dos
séculos. Empregado principalmente no início da era cristã,
designava uma lista ou relação de acontecimentos
ordenados conforme a sequência linear do tempo. Dessa
forma, a crônica se limitava a registrar os eventos, sem
aprofundar-lhes as causas ou dar-lhes qualquer interpretação.
CARTA DO “DESCOBRIMENTO”
“A pele deles é parda e um pouco avermelhada. Têm rostos e
narizes bem feitos. Andam nus, sem cobertura alguma. Nem se preocupam
em cobrir ou deixar de cobrir suas vergonhas mais do se que
preocupariam em mostrar o rosto. E a esse respeito são bastante
inocentes. Ambos traziam o lábio inferior furado e metido nele um osso
verdadeiro, de comprimento de uma mão travessa, e da grossura de um
fuso de algodão, fino na ponta como um furador. (…)
Parece-me gente de tal inocência que, se nós entendêssemos a sua
fala e eles a nossa, eles se tornariam, logo cristãos, visto que não
aparentam ter nem conhecer crença alguma. (...) E poderá ser facilmente
impressa neles qualquer marca que lhes quiserem dar, já que Nosso
Senhor lhes deu bons corpos e bons rostos, como a bons homens. E creio
que não foi sem razão o fato de Ele nos ter trazido até aqui.”
CARTA DO “DESCOBRIMENTO”
“Esta terra, Senhor, me parece que da ponta que mais contra o sul vimos até à
outra ponta que contra o norte vem, de que nós deste porto houvemos vista, será
tamanha que haverá nela bem vinte ou vinte e cinco léguas por costa. [...] De ponta
a ponta, é toda praia parma, muito chã e muito formosa. [...]
Nela, até agora, não pudemos saber que haja ouro, nem prata, nem coisa
alguma de metal ou ferro; nem lho vimos. Porém a terra em si é de muito bons ares,
assim frios e temperados como os de Entre Douro e Minho, porque neste tempo de
agora os achávamos como os de lá.
Águas são muitas; infindas. E em tal maneira é graciosa que, querendo-a
aproveitar, dar-se-á nela tudo, por bem das águas que tem. Porém o melhor fruto,
que nela se pode fazer, me parece que será salvar esta gente. E esta deve ser a
principal semente que Vossa Alteza em ela deve lançar.”
CRÔNICA MODERNA
Pereira (2004): a busca do cronista por um efeito
estético dá à crônica maior grau de conotação, e o
autor passa a recriar as particularidades dos fatos
sociais do cotidiano a partir de uma perspectiva
conotativa, fazendo com que a crônica deixe de ser
apenas um artigo que ordena acontecimentos
cronologicamente. É um gênero controvertido, cuja
caracterização varia de país para país.
LINGUAGEM
Em função do grande público, é preciso buscar
primeiramente a clareza e uma dimensão de oralidade na
escrita. Daí porque a crônica seja considerada por muitos
críticos um gênero menor e aquela vontade de “forma” que
todo o grande artista possui termina subjugada pela
necessidade de ser acessível a todos.

TIPOS DE CRÔNICA (TONS):


Podemos falar na existência de vários tipos de crônica, que muitas
vezes se confundem: lírica, poética, humorística, filosófica, ensaio,
reflexiva, histórica, jornalística, entre outras.
“CHATEAR” E “ENCHER”
Um amigo meu me ensina a diferença entre “chatear” e “encher”.
Chatear é assim: você telefona para um escritório qualquer na cidade.
— Alô, quer me chamar por favor o Valdemar?
— Aqui não tem nenhum Valdemar.
Daí a alguns minutos você liga de novo.
— O Valdemar, por obséquio.
— Cavalheiro, aqui não trabalha nenhum Valdemar.
— Mas não é do número tal?
— É, mas aqui nunca teve nenhum Valdemar.
Mais cinco minutos, você liga o mesmo número:
— Por favor, o Valdemar já chegou?
— Vê se te manca palhaço. Já não lhe disse que o diabo desse
Valdemar nunca trabalhou aqui?
CONTINUAÇÃO
— Mas ele mesmo me disse que trabalhava aí.
— Não chateia.
Daí a dez minutos, ligue de novo.
— Escute uma coisa: o Valdemar não deixou pelo menos um recado?
O outro dessa vez esquece a presença da datilógrafa e diz coisas impublicáveis.
Até aqui é chatear. Para encher, espere passar mais dez minutos, faça nova ligação:
— Alô!
— Quem fala?
— Quem fala aqui é o Valdemar! Alguém telefonou para mim?

CAMPOS, Paulo Mendes. “Chatear” e “encher”. Disponível em:


https://armazemdetexto.blogspot.com/2018/12/cronica-chatear-e-encher-paulo-mendes.html. Acesso
em: 05 março 2021.
PRINCIPAIS CARACTERÍSTICAS DA
CRÔNICA
● Geralmente, é uma narrativa curta, criada a partir de fatos do
dia a dia ou da atualidade;
● Utiliza-se da linguagem do cotidiano:
○ Linguagem oralizada, com traços de informalidade;
○ Variedades linguísticas;
○ Linguagem atrativa.
● Tem como suporte meios jornalísticos, literários e mídias
sociais;
● Tem a função de contar uma história de modo a:
○ expressar e provocar emoções;
○ desenvolver o prazer pela leitura e pela escrita;
○ despertar senso crítico e expor posicionamento;
○ refletir profundamente sobre a temática e o cotidiano.
ESTRUTURA GERAL DA CRÔNICA
● Unidade temática – parte-se, em geral, de um fato cotidiano.
● Unidade de tempo – em geral, a crônica centra-se no passado, mas o
presente também é bastante usual.
● Unidade de espaço – o espaço, na crônica, não é necessariamente físico
ou real, mas alude, frequentemente, ao espaço do fato cotidiano motivador
do texto.
● Número de personagens – pequeno.
● Diálogo – frequentemente, há diálogos, mas não há obrigatoriedade.
● Descrição e narração – o texto é, em geral, narrativo (devido ao relato e à
análise do fato que motiva a produção da crônica), mas pode assumir tons
descritivos e argumentativos, neste caso, devido a uma crítica ou a uma
reflexão presente.
● Conclusão – normalmente, leva o leitor a uma reflexão sobre a temática.
CRÔNICA NARRATIVA
O momento em que sua filha descobre a verdade sobre você

Antes mesmo de ter uma filha já morria de medo disso: algum dia ela vai
perceber que eu não sei de nada. Sim, porque é pra isso, em grande parte, que
se tem filhos, pra que alguém no mundo acredite, nem que seja por alguns anos,
que você sabe alguma coisa. E é por isso, também, que se odeia tanto os
adolescentes: não é porque eles acham que os pais são idiotas, mas porque
eles perceberam que os pais são idiotas. No caso da minha filha, a queda do
mito paterno aconteceu um pouco mais cedo do que eu imaginava, mais
precisamente aos três dias de vida.
Minha filha não chorou quando nasceu. Só choramos nós, os pais, emocionados
de ter uma filha que não chora. Nasceu sorrindo, vê se pode, dizíamos nós,
chorando. Depois chorei outra vez quando ela mamou na mãe, e chorei de novo
quando vi os avós vendo a neta, e sendo avós pela primeira vez.
CONTINUAÇÃO
Acho que foi ali que ela começou a suspeitar: quem é esse cara chorando o
tempo todo? Barbudo, trinta anos na cara, chorando desse jeito? Será que ele
tem algum problema?
A epifania aconteceu mesmo quando a gente chegou em casa e, pela primeira
vez, ela chorou. E a partir daí não parava de chorar. Mamava e chorava e
mamava. No meio da madrugada, quando a mãe dela dormia um sono
merecido, peguei minha filha no colo e fomos pra sala. Achei que fosse resolver
no mano a mano.
Foi ali, só nós dois, no lusco-fusco, que ela percebeu tudo. Aos três dias de vida,
vi no fundo dos seus olhos que ela tinha descoberto que o seu pai não fazia a
menor ideia do que tava fazendo. E foi ali que ela começou a chorar de verdade.
CONTINUAÇÃO
Desculpa, cheguei a dizer, desculpa ter feito você nascer de um pai que não
sabe de nada, tanta gente escolada por aí e você veio parar logo na casa desse
marinheiro de primeira viagem, esse sujeito que tá chorando mais que você,
desculpa, filha, desculpa. E ela chorou mais ainda ao ver sua suspeita
confirmada.
Desde então assisti milhões de vídeos no YouTube sobre como fazer um bebê
parar de chorar. Vira pro lado, shh, shh, oferece o mindinho, shh, shh, balança,
suinga, shh, shh, faz charutinho, shh, shh. Passou, passou, passou. Até agora não
encontrei nenhum vídeo sobre como fazer um pai parar de chorar.
Filha, vou precisar de você. Seu pai também, coitado, acabou de nascer. Tá
perdidinho. Me
ensina a parar de chorar que nisso você já tá melhor que eu.
Gregório Duvivier
Jornal Folha de São Paulo, 22 de abril de 2018.
CRÔNICA NARRATIVA

PERSONAGENS (QUEM PARTICIPA)

ENREDO (O QUE ACONTECE)

ESPAÇO (ONDE ACONTECE)

NARRADOR (QUEM CONTA)

TEMPO (QUANDO ACONTECE)


MOMENTOS DA NARRATIVA: ENREDO

SITUAÇÃO INICIAL

COMPLICAÇÃO (DESEQUILÍBRIO)

CLÍMAX (MOMENTO DE MAIOR


TENSÃO)

DESFECHO (FINAL DA HISTÓRIA)


CRÔNICA ARGUMENTATIVA
Crônica do Amor
Por Arnaldo Jabour

Ninguém ama outra pessoa pelas qualidades que ela tem, caso contrário os
honestos, simpáticos e não fumantes teriam uma fila de pretendentes batendo
a porta.
O amor não é chegado a fazer contas, não obedece à razão. O verdadeiro amor
acontece por empatia, por magnetismo, por conjunção estelar.
Ninguém ama outra pessoa porque ela é educada, veste-se bem e é fã do
Caetano. Isso são só referenciais.
Ama-se pelo cheiro, pelo mistério, pela paz que o outro lhe dá, ou pelo
tormento que provoca.
Ama-se pelo tom de voz, pela maneira que os olhos piscam, pela fragilidade
que se revela quando menos se espera.
CONTINUAÇÃO
Você ama aquela petulante. Você escreveu dúzias de cartas que ela não
respondeu, você deu flores que ela deixou a seco.
Você gosta de rock e ela de chorinho, você gosta de praia e ela tem alergia a
sol, você abomina Natal e ela detesta o Ano Novo, nem no ódio vocês
combinam. Então?
Então, que ela tem um jeito de sorrir que o deixa imobilizado, o beijo dela é mais
viciante do que LSD, você adora brigar com ela e ela adora implicar com você.
Isso tem nome.
Você ama aquele cafajeste. Ele diz que vai e não liga, ele veste o primeiro trapo
que encontra no armário. Ele não emplaca uma semana nos empregos, está
sempre duro, e é meio galinha. Ele não tem a menor vocação para príncipe
encantado e ainda assim você não consegue despachá-lo.
Quando a mão dele toca na sua nuca, você derrete feito manteiga. Ele toca
gaita na boca, adora animais e escreve poemas. Por que você ama este cara?
CONTINUAÇÃO
Não pergunte pra mim; você é inteligente. Lê livros, revistas, jornais. Gosta dos
filmes dos irmãos Coen e do Robert Altman, mas sabe que uma boa comédia
romântica também tem seu valor.
É bonita. Seu cabelo nasceu para ser sacudido num comercial de xampu e seu
corpo tem todas as curvas no lugar. Independente, emprego fixo, bom saldo no
banco. Gosta de viajar, de música, tem loucura por computador e seu fettucine
ao pesto é imbatível.
Você tem bom humor, não pega no pé de ninguém e adora sexo. Com um
currículo desse, criatura, por que está sem um amor?
Ah, o amor, essa raposa. Quem dera o amor não fosse um sentimento, mas uma
equação matemática: eu linda + você inteligente = dois apaixonados.
Não funciona assim.
Amar não requer conhecimento prévio nem consulta ao SPC. Ama-se
justamente pelo que o Amor tem de indefinível.
CONTINUAÇÃO
Honestos existem aos milhares, generosos têm às pencas, bons
motoristas e bons pais de família, tá assim, ó!
Mas ninguém consegue ser do jeito que o amor da sua vida é! Pense
nisso. Pedir é a maneira mais eficaz de merecer. É a contingência maior
de quem precisa.
CRÔNICA ARGUMENTATIVA
Exposição do tema: momento inicial da crônica, no qual o
autor apresenta os elementos primordiais do tema,
introduzindo o leitor no cenário ou no assunto;
Posicionamento do autor sobre o tema: após uma
apresentação inicial, comumente se apresentam o
posicionamento do autor, a tese ou o ponto de vista dele a
respeito da temática trabalhada;
Argumentação: apresentação de elementos que aprofundam e
solidificam o ponto de vista do autor sobre;
Conclusão: síntese ou reflexão final a respeito do assunto.
ATIVIDADE
REFERÊNCIAS
BAKHTIN, M. Os gêneros do discurso. In: ______. Os gêneros do discurso. Trad. Paulo
Bezerra. 1ª Ed. São Paulo: Editora 34, 2016, p.11-22.

BRASIL. Ministério da Educação. Base Nacional Comum Curricular. Brasília, 2018.


Disponível em:
http://basenacionalcomum.mec.gov.br/images/BNCC_EI_EF_110518_versaofinal_site.pdf.
Acesso em: 21 dez. 2021.

CHIQUIM, G. A impressão do cotidiano: um estudo das ambiguidades da crônica e a


transgressão de seu caráter efêmero. Revista Literária, v. 11, 2013, p. 27-40.

ARAUJO, Djario Dias. Crônica: o cotidiano em destaque. In:_____. Diversidade textual:


propostas para a sala de aula. Formação continuada de professores/coordenado por
Márcia Mendonça. Recife, MEC/CEEL, 2008. P.55 – 66. Disponível em:
http://www.serdigital.com.br/gerenciador/clientes/ceel/arquivos/35.pdf

Você também pode gostar