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A Essência da Oração de Petição e os Grandes Dons da

Oração

Colossenses 1:9-11
A palavra anterior, versículos de 1 a 8, nós decorremos em pontos
importantes da vida cristão: fé em Cristo e amor ao próximo, essência do
evangelho. E agora o apóstolo Paulo em continuação vai falando aos irmãos de
Colossos que eles estão constantemente em suas orações e petições.
Meus irmãos, é bom quando ouvimos que existem irmãos que oram por
nós? Digo que não é somente bom como também é comovedor poder ouvir as orações
de um santo por seus amigos; isto é justamente o que ouvimos nesta passagem. Bem pode
dizer-se que esta passagem nos ensina mais sobre a essência da oração de petição que
qualquer outra do Novo Testamento. Daqui aprendemos, como disse C. F. D. Moule, que a
oração faz duas grandes petições. Pede o discernimento da vontade divina, e logo o poder
para cumprir esta vontade.
A oração começa pedindo para ser repletos com um conhecimento cada
vez maior da vontade de Deus (v9). O grande objeto da oração é conhecer a vontade
do Senhor. Na oração não tentamos tanto que Deus nos escute como escutar nós
mesmos a Deus; não tentamos persuadir a Deus para que faça o que nós queremos,
mas sim de chegar a descobrir o que Ele quer que realizemos. Acontece com
frequência que na oração realmente dizemos: "Mude-se a sua vontade", quando
deveríamos dizer: "Faça-se a sua vontade". O primeiro objeto da oração não é tanto
falar a Deus, como ouvi-lo.
Este conhecimento de Deus deve traduzir-se numa situação concreta
humana. Oramos por sabedoria e inteligência espirituais. A sabedoria espiritual é a
sofia que podemos descrever como o conhecimento dos primeiros princípios. “A
inteligência (synesis), é o que os gregos às vezes descreviam como conhecimento
crítico, referindo-se à capacidade de aplicar os primeiros princípios a cada situação
que possa dar-se na vida”. Assim, pois, quando Paulo ora para que seus amigos
tenham sabedoria e inteligência, pede que entendam as grandes verdades do
cristianismo, que sejam capazes de aplicar essas verdades às tarefas e decisões da
vida de cada dia. É muito fácil que alguém seja um perito em teologia e um fracasso
na vida. Pode ser capaz de escrever e falar sobre as grandes verdades eternas e,
entretanto, carecer inteiramente de capacidade para aplicar essas verdades aos
assuntos de cada dia. O cristão deve conhecer o que significa o cristianismo, não em
teoria, mas no trabalho da vida diária.
Este conhecimento da vontade de Deus e esta sabedoria e inteligência
devem engendrar uma conduta reta. Paulo ora para que seus amigos se conduzam
de tal maneira que agradem a Deus. Não há nada prático no mundo como a oração.
A oração não é um escape da realidade. Não é uma solitária meditação em Deus ou
comunhão com Ele. Oração e ação andam de mãos dadas. Oramos não para escapar
da vida, senão para nos fazer mais capazes de enfrentá-la. Oramos não para nos
apartar da vida, senão para viver no consórcio (união) humano de como se deve viver.
Para realizar isto precisamos poder. Por isso Paulo ora para que seus
amigos sejam fortalecidos com todo o poder de Deus. O grande problema da vida não
é saber o que terá que fazer, mas sim fazê-lo. Na maioria dos casos temos consciência
do que devemos fazer numa situação dada; nosso problema é levar o conhecimento
à prática. O que precisamos é poder; o que recebemos na oração é poder. Se Deus
só nos dissesse qual é sua vontade para conosco, poderia ser uma situação de
frustração e tortura; mas Deus não só nos revela sua vontade, mas também nos
capacita a realizá-la. Por meio da oração conseguimos os maiores bens do mundo:
conhecimento e poder.
E no que poderíamos chamar a parte petitória da oração de Paulo
conclui com uma prece por três grandes dons. Quais são estes dons?
Dom da paciência: Hypomone se traduz ordinariamente por paciência,
mas não significa paciência no sentido de sentar-se para suportar os acontecimentos
ou de inclinar simplesmente a cabeça para deixar que a maré dos eventos passe sobre
alguém. Hypomone não só significa capacidade para suportar as coisas, mas também
habilidade para suportando, fazer com que as coisas se permutem em glória. É uma
paciência triunfadora. Hypomone é o espírito que não pode ser vencido por nenhuma
circunstância da vida e ao que nenhum acontecimento pode prostrar. A hypomone é
a capacidade de sair triunfante em qualquer coisa que a vida possa nos fazer. "Mas,
se esperamos o que não vemos, com paciência o esperamos." (Romanos 8:25);
"Lembrando-nos sem cessar da obra da vossa fé, do trabalho do amor, e da paciência
da esperança em nosso Senhor Jesus Cristo, diante de nosso Deus e Pai," (I
Tessalonicenses 1:3).
Dom da longanimidade: Makrothymia comumente se traduz como
longanimidade. Seu significado básico é o de paciência com as pessoas. É a
qualidade de mente e coração que faz com que o homem seja capaz de suportar as
pessoas de tal maneira que a antipatia, malícia e crueldade destas não o arrastem à
amargura; que sua rebeldia e tolice não o forcem ao desespero; que sua insensatez
não o arraste à exasperação nem sua indiferença altere seu amor. Makrothymia é o
espírito que jamais perde a paciência e que crê e espera nos homens. Assim como
nos temos o exemplo de Noé quando preparava a arco: "Os quais noutro tempo foram
rebeldes, quando a longanimidade de Deus esperava nos dias de Noé, enquanto se
preparava a arca; na qual poucas (isto é, oito) almas se salvaram pela água;" (I Pedro
3:20).
Paulo pede, pois, estas duas grandes qualidades: a hypomone, a
paciência que não pode ser vencida em nenhuma situação; a makrothymia, a
longanimidade que não pode ver vencida por nenhuma pessoa. Ora para que o cristão
seja tal que nenhuma circunstância possa dobrar sua fortaleza e nenhum ser humano
vencer seu amor. Ora pelo espírito que jamais se desespera em face de uma situação
ou perante uma pessoa; que recusa se desesperar com respeito às coisas ou com
respeito às pessoas. A fortaleza do cristão nos acontecimentos e a paciência com o
povo devem ser indestrutíveis.
Dom da alegria: E agregado a tudo isto vem a alegria. Tudo isto não é
uma lúgubre (que é sinal de ou que inspira uma grande tristeza) luta com
acontecimentos e pessoas; é uma atitude radiante e luminosa na vida. A alegria do
cristão é uma alegria em toda circunstância. Como diz C. F. D. Moule: "Se a alegria
não se arraigar na terra do sofrimento é frívola." É fácil estar prazeroso quando as
coisas saem bem, mas o regozijo cristão é algo que todos os contratempos da vida
não podem sufocar. "Regozijai-vos sempre no Senhor; outra vez digo, regozijai-vos."
(Filipenses 4:4).
Concluindo, a oração cristã, pois, é: "Faça-me, Senhor, vitorioso sobre
toda circunstância; faça-me paciente com cada pessoa e dê-me além disso uma
alegria do que nenhuma circunstância nem pessoa podem me privar." Amém.

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