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VOCÊ TEM MEDO DE ORAR E NÃO SER

ATENDIDO?...
Jesus disse que deseja que a nossa alegria, a alegria dos
discípulos do Evangelho, dos seguidores da Palavra da
Vida, seja alegria completa; não em parte, mas plena;
assim como plena, diz Ele, deve ser a nossa vida; visto que
Ele, de Si mesmo, dizia a nós: “Sem mim nada podeis
fazer” — deixando-nos desse modo claro que a certeza de
que nossa alegria só pode vir de nossa relação de implante
Nele.
No lugar no qual Ele disse que deseja que nossa alegria
seja completa [João 17], Sua referencia a completude de
nossa alegria se vincula à nossa confiança em Deus, pela
qual temos com Ele a intimidade de pedir em oração,
sobretudo se a disposição do coração é permanecer na Sua
Palavra; assim como um ramo sadio e frutuoso de uma
videira só continua sadio e frutuoso se permanecer ligado
ao tronco da videira.
A oração [...] pode ser nossa grande fonte de alegria!
Todavia, não existe nenhum poder na oração em-si...
Oração não é mandinga e nem macumba...
Digo: oração a Jesus [...] não o é!...
Sim, pois oração a Jesus, mesmo que use o nome de Jesus,
só é oração em Jesus e para Jesus... — se for em
conformação à Palavra de Jesus, ao Evangelho; posto que
orações feitas a Jesus, em nome de Jesus, mas fora do
espírito do Evangelho, fora do ensino de Jesus, longe do
mandamento do amor e do perdão, afastadas do sentido do
que Jesus chama vida e valor diante de Deus, não são
orações a Deus, mas àquele que ama o ódio, o capricho, a
magia, a manipulação, o culto à própria vontade, à
necessidade psicológica carrega de morte e perversão, a
mentira, a vingança e a hipocrisia..., que é o diabo.
Jesus, no entanto, mandou que orássemos mais do que nos
mandou fazer qualquer outra coisa!...
Além disso, Ele disse que a oração que acontece em paz e
submissão à vontade de Deus e segundo o espírito do
Evangelho, sempre será ouvida; e sempre trará até nós a
certeza e a demonstração de nossa amizade com Deus pela
obediência em fé ao Evangelho; posto que os verdadeiros
amigos de Deus, os que pedem e recebem, são amigos de
Deus apenas porque demonstram seu amor e fé pela
permanência no mandamento do amor, que é o sentido do
Evangelho.
Desse modo Jesus ensina que a oração é o fator mais
simples e prático de experiência de alegria espiritual,
quando se ora com amor e submissão, quando se pede com
confiança, quando se intercede com amizade e ardente
amor fraterno, quando mesmo desejando algo, e pedindo
algo com clareza especifica, ainda assim não se faz a
esperança escrava do desejo pessoal, pois apesar de se
pedir, pede-se Àquele que sabe o que nos será melhor...;
coisa que o mais esclarecido de nós está longe de saber.
Você tem medo de orar?...
Pergunto por que a maioria dos crentes que eu conheço só
ora em vigília ou reunião de oração, pois, na solitude [...]
não crêem que serão ouvidos; posto que fiam-se no
“ajuntamento dos que oram” como se fosse um poder-em-
si... — e isto porque não têm amizade com Deus, posto
que pessoalmente saibam que não mantêm nenhuma
amizade com Jesus pela obediência ao Evangelho e ao
mandamento do amor, do perdão e da misericórdia.
Sim, não crêem em sua amizade com Deus, e, por isto, não
oram; posto que temam não receber; visto que somente
pensem em resposta às suas orações como atendimento
aos seus caprichos, os quais, são egoísmos oferecidos
como petição ao Pai.
Daí temerem orar sozinhos...
Daí precisarem da oração grupal como elemento de força
aos seus pedidos pessoais...
Pense nisso!
QUE DAREI
O salmo pergunta: “ Que darei ao Senhor por todos os seus beneficios para
comigo?” O coracao grato quer dar alguma coisa quando recebe algo! Ha’
tambem uma outra questao e que precede a essa: “Que darei ao Senhor
para que realize beneficios para comigo?” No primeiro caso e’ a pergunta
de quem recebeu graca e gostaria de ser grato. No segundo caso e’
questao de quem quer saber o que daria a fim de estimular Deus a
trabalhar em seu favor. Dar a Deus pelo que se recebeu ou dar para
receber, sao elementos constitutivos do melhor do coracao humano. Faz
parte do instinto religioso mais primitivo que se instalou como culpa e
vergonha como resultado da queda. E’ equivocado tal desejo, mas e’
naturalmente puro em sua ignorancia. “Nao darei ao Senhor sacrificio que
nao me custe nada...”—e’ o clamor honrado do ofertante. Essa vontade de
ser grato pelo bem recebido poe o individuo num estagio um pouco mais
avancado: o rio da graca, de fato, gera um afluente menor, que procedendo
dele—do rio da graca—vai existir serpenteando em outros mundos e
beneficiando outras florestas e matas. Ja’ o desejo de dar algo que
provoque a graca e’ apenas parte da mais antiga forma religiosa de sentir.
Esta presente em todas as formas de tentativa de ligacao ou vinculacao ao
sagrado: do animismo ao cristianismo. Hoje assiste-se na maior parte das
chamadas igrejas evangelicas a mesma crenca (nao da’ para chamar de
fe’). Quando eu era menino...ha! naquele tempo ate’ as perversoes dos
evengelicos ainda se resguardavam com certo pudores. Nao se oferecia
nenhum despacho a Deus e nem se trocava bencaos por promessas de
campanhas ou novenas realizadas. Muito menos se vinculava tudo a um
“sacrificio em dinheiro”. O proprio dizimo teve e ainda tem esse papel de “
troca”. Ouco pessoas me dizendo que estao “ devendo” o dizimo ou que
estao sem “ moral com Deus” pelo atraso nas ofertas que deveriam ser
destinadas `a “igreja”—templo, pastor e organizacao eclesiastica! “Que
darei ao Senhor por todos os seus beneficios para comigo?”—indagava o
salmista. “Tomarei o calice da salvacao...”—completa ele, nao sem tambem
falar que o que ele votara a Deus, isso tambem cumpriria. “ Que darei...?” “
Tomarei.....!” Na graca e’ assim: para se dar tem-se que receber. Na graca
e’ recebendo que se recebe, para se dar de novo uma mao vaziamente
grata. O que se paga pelo favor imerecido e’ a gratidao humilde de
estender a mao e tomar mais: grata e fartamente! Tudo o mais que
faco...devo fazer com gratidao, nada mais e nem menos do que isto!
Portanto, nem tenho que fazer para receber e nem, em tendo recebido,
fazer tambem nada que ultrpasse a resposta singela do amor grato. Por
essa razao e’ que a verdade da graca de Deus e’ crida apenas como algo
que se tem que crer, mas que na pratica deixa a todos sem chao e sem um
“ ponto de negociacao” para comecar, e nenhum pavimento firme para se
edificar nada que nao seja em fe e em gratidao. Facil? Nao! Horreivelmente
dificil! Ninguem deseja nao ter algum “ dinheiro espiritual” no bolso da
tunica de linho branco e finissimo para pagar pelo menos a gorjeta pelo
servico dos anjos. Nao serve apenas crer que “ esta’ consumado” e que o “
escrito de dividas que era contra nos...foi rasgado e encravado na Cruz...”
Essa e’ a humildade de espirito que nos assusta. Jejuns, sacrificios, trocas,
votos, promessas, novenas, campanhas, correntes, e descarregos—todas
essas coisas—colocam supostamente o poder em nossas maos. Nos e’
que temos o que trocar com Deus. E Deus tem que a aceitar contetemente
o negocio proposto por nos. O salmo 50 denuncia essa tentativa de
barganha. Deus diz: “ Se eu estivesse precisando de qualquer coisa na
minha propria criacao, eu pegaria...afinal, ela e’ minha”. O que Deus espera
e’ um coracao que nao tente resistir `a Sua Graca e que responda a ela
apenas com gratidao. A gratidao e’ que faz nascer em nos uma vida que
faz jus `a Graca: recebo apenas porque Ele e’ bom...e meu papel e’ jamais
negar ao meu coracao o privilegio dessa fe’. Caio Fabio
ORAÇÃO DE GRATIDÃO POR NOSSAS PRÓPRIAS IGNORÂNCIAS

Oh, Senhor meu Deus! Eu te invoco, pois tu me salvas! Tu és o Deus


que operas maravilhas, que me vestes e me calças enquanto faço a
travessia de um longo deserto, cercado de altos montes, habitado por
serpentes cujas mordeduras são mortais. De meu caminho avisto os
gigantes, filhos do Enaquins e que ainda sobrevivem com rostos de
humanos, porém trazem no coração o ódio das bestas feras e dos anjos
sem cura. Tu tens sido meu refúgio desde antes de eu te conhecer
como abrigo para a minha alma. Tuas asas de misericórdia se
estendiam sobre mim ainda quando eu não te conhecia como socorro
na tribulação. Ó Deus, Senhor de minhas ignorâncias, sentinela de
meus caminhos; como em ti encontro meu socorro! Percebo o teu
cuidado em tudo o que não vejo, e só fico sabendo dele quando o laço
maligno há muito já foi quebrado. Examino os teus feitos e fico
perplexo. Descubro teus intentos de amor, e envergonho-me de todas
as minhas obstinações. Discirno sempre com muito atraso o guiar de
tua mão, e quedo-me ante tua paciência, e abismo-me com a liberdade
de teu amor de Pai, pois, imagino como te dói o disciplinar-me. Sei que
sou filho muito amado! Tua mão invisível e, por vezes, indiscernível, é
poderosa. Falas sobre as muitas águas, e elas te atendem de pronto.
Côas o espumejar das ondas, e elas te servem água limpa. Ó meu
Deus, como é grande a sutileza de teu poder. Olha para mim, emenda
meus ossinhos esmagados, rejunta em o que desconjuntastes em
minha pobre existência. Como me foi o bom o Dia Mal. Chamo-o agora
de minha de Grande Benção. Aos que não te conhecem, tudo o que
lhes dói, é mal. Mas para aquele que na luz vê a luz, até as trevas
carregam em suas sombras a Graça de teu amor. Senhor Deus de
meus pais e de meus filhos, que tua mão seja sobre eles e sobre todas
as gerações que nascerem da semente de tua promessa. Pois eu sei
que a tua Graça é deveras melhor que a vida. Os meus lábios de
exaltam como quem respira. Que dos lábios deles proceda o teu louvor
como do bico do rouxinol que com seu canto encanta as matas de
minha terra. Ó Deus! Sê tu o libertador de minha casa e de minha
herança. Caio
VALEM, NOSSOS VALES DE OSSOS SECOS?

Hoje bati um papo com Ezequiel. Viajei para tempos antigos a fim de
encontrá-lo. Cheguei de mansinho e o cumprimentei com reverencia e
amizade. Eis o que ele me disse: Meu nome é Ezequiel, vivo entre os
desterrados do meu povo, em Babilônia. Deus falou a mim muitas
vezes. Numa delas, veio sobre mim a mão de Deus; e ele me levou no
Espírito, e me pôs no meio de um vale que estava cheio de ossos. Eu
olhei em volta e só havia ossos... E Deus me fez andar ao redor deles...
E eram muito numerosos sobre a face de todo vale... Os ossos estavam
sequíssimos! Deus então me perguntou: Filho do homem, poderão
reviver estes ossos? Olhei para eles. Todos estavam mais que mortos,
demasiadamente secos e mortos! Então, respondi: Senhor Deus, tu o
sabes! O que poderia eu responder a Deus? Que opinião teria eu a
dar? Eu não consigo imaginar a ressurreição de um único osso! Como
posso responder a Deus sobre as possibilidades de um Vale de Ossos
Secos vir a conhecer a ressurreição e a vida? Senhor Deus, tu o sabes!
—foi o que respondi ao Senhor. Então Ele me disse: Profetiza sobre
estes ossos, Ezequiel, e dize-lhes: Ossos secos, ouvi a palavra do
Senhor! Assim diz o Senhor Deus a estes ossos: Eis que vou fazer
entrar em vós o fôlego da vida, e vivereis. E porei nervos sobre vós, e
farei crescer carne sobre vós, e sobre vós estenderei pele, e porei em
vós o fôlego da vida, e vivereis. Então sabereis que eu sou o Senhor!
Quando Deus manda, eu sempre obedeço. Ele sabe o que manda.
Então, eu profetizei, conforme a ordem que Ele me deu. Ora, enquanto
eu profetizava houve um ruído... Era algo que soava como um estranho
rebuliço... Então, perplexo, eu vi os ossos se achegaram, cada osso ao
seu osso. Tudo estava se encaixando... Cada osso achava o seu lugar
naquele mar de ossos desconjuntados e separados. Os ossos
buscavam os seus iguais, cada um correspondendo ao seu próprio
corpo e lugar. Os esqueletos estavam agora ajuntados como corpos de
ossos. Então, olhei, e vi que cresciam enervações sobre eles... Depois,
vi que cresceu carne sobre os nervos e os ossos. E cada corpo ganhou
sua própria pele... Mas ainda eram apenas cadáveres: ossos
rejuntados, cobertos de nervos, porém não havia neles fôlego de vida.
Então Deus me falou outra vez: Profetiza ao fôlego da vida, profetiza, ó
filho do homem, e dize ao fôlego da vida: Assim diz o Senhor Deus:
Vem dos quatro ventos, ó fôlego da vida, e assopra sobre estes mortos,
para que vivam! Fiz conforme ele me ordenou. E assim eu disse: Vem
dos quatro ventos, ó fôlego da vida, e assopra sobre estes mortos, para
que vivam! Desse modo, profetizei conforme Deus me ordenara! Então,
o fôlego da vida entrou neles e viveram, e se puseram em pé... Era um
exército sobremodo grande! Um vale de ossos desconjuntados, se
rejuntam com perfeição. Nervos cobrem seus esqueletos. Carne
humana e pele, vestem-nos conforme a Palavra do Senhor. Mas, eis
que agora, os defuntos recebem a vida, e colocam-se em pé como um
grande exército! Deus é assombro! Então Deus me falou outra vez e me
disse: Filho do homem, estes ossos são toda a casa de Israel, são o
meu povo. Eis que eles dizem: Os nossos ossos secaram-se, e pereceu
a nossa esperança; estamos de todo cortados; não mais crêem que
podem ser trazidos à vida. Portanto, Ezequiel, profetiza, e dize-lhes:
Assim diz o Senhor Deus: Eis que eu vos abrirei as vossas sepulturas,
sim, das vossas sepulturas vos farei sair, ó povo meu, e vos trarei à
terra de Israel! E quando eu vos abrir as sepulturas, e delas vos fizer
sair, ó povo meu, sabereis que eu sou o Senhor! E porei em vós o meu
Espírito, e vivereis, e vos porei na vossa terra; e sabereis que eu, o
Senhor, o falei e o cumpri, diz o Senhor! Era humanamente impossível.
Mas Deus sabe o que diz. Eu apenas confirmo: Senhor Deus, tu o
sabes! A visão era maravilhosamente assombrosa. Mas o povo
continuava sendo o povo, e o cativeiro continuava a ser o nosso lugar.
Tudo havia acontecido nos lugares do Espírito, mas nada havia mudado
na terra; nem eu sabia o que fazer depois de tudo o que ouvi. Eu cri!
Então, a Palavra do Senhor veio a mim outra vez, dizendo: Tu, pois, ó
filho do homem, toma um pau, e escreve nele as seguintes palavras:
Por Judá e pelos filhos de Israel, seus companheiros! Depois toma
outro pau, e escreve nele: Por José, vara de Efraim, e por toda a casa
de Israel, seus companheiros; e ajunta um pau ao outro, para que se
unam, e se tornem um só na tua mão! Então, entendi que nunca
haveria ressurreição, se os defuntos não aceitassem sua comum
desgraça e sua comum salvação! Então vi que nossa morte procedia de
nossa desunião! Então entendi que a Palavra da Ressurreição era
também a Palavra da União, e que não haveria libertação enquanto os
irmãos vivessem como num vale de ossos, secos e desconjuntados. O
milagre vem de Deus! Os homens, entretanto, precisam parar de
guerrear entre si, do contrário, eles mesmos cavam as suas próprias
sepulturas! Agradeci a mensagem e beijei o rosto macho e verdadeiro
de meu irmão Ezequiel. E também entendi que aquilo que ele discerniu
para os seus dias, era também aquilo que se precisa discernir hoje,
quando o povo de Deus está esparramado pelo vale da desgraça, e
seus defuntos guerreiam entre si, e a morte os acalenta. Caio
O QUE É ORAÇÃO PARA VOCÊ?

O modo comum das pessoas pensarem em oração é o mesmo com o qual elas
pensam em “concentração mental”. Comumente se pensa que a força da
oração é do tamanho do esforço mental feito pela pessoa que ora. Desse
modo, crê-se que os ouvidos de Deus são abalados pelas emissões de nossas
energias de grito mental, e, freqüentemente, gritos mesmo... Também pensa-se
que somos nós quem damos o tema da oração para Deus. Espiritualmente,
entretanto, o processo é justamente o inverso. Não é Deus quem pára para me
ouvir. Eu é que devo ficar em oração até ouvir Deus. Todos nós sabemos há
muito que a oração não muda a Deus; muda, sim, aquele que ora. Oração é
um contínuo processo de pensar não de si-para-si, mas em Deus; não digo “em
Deus” como se Deus fosse o “objeto” da nossa concentração mental; como se
faz com “um deus” que tem que ser alcançado...que está longe...e, portanto, é
um outro objeto...ainda que eu o chame de “Deus”. Não! Assim como a
Verdade, a oração não é um trabalho mental, nem é objeto de uma teologia,
nem de uma doutrina; muito menos é sonho e mágica. Oração é um pensar-
ouvir-ser em Deus. Oração é um ato, não é uma mecânica. O ato de orar é
como o ato de viver. Os temas da oração são sempre os temas do ser; daí,
haver sempre oração, mesmo quando estou em silencio. O Pai vê em secreto!
Orar é conexão, é relação, é vinculo, é segredo! É como passar um e-mail para
um amigo, mas só se poder ter a certeza de que a notícia vai chegar se a
conexão acontecer—e a gente só sabe que a notícia chegou porque há
resposta; sendo que o “provedor de acesso” é amor, sinceridade, flagrante, e
nudez. Quem ora deve saber que trata-se de uma relação que não aceita
brincadeira de esconde-esconde. Aquele que ora aceita ficar nu até onde lhe
seja possível enxergar-se por inteiro. Sem nudez não há oração! Oração é
também gratidão. E a gratidão da oração não é pelas coisas recebidas, e nem
pelas conquistas; pois, se assim fosse, eu só poderia agradecer umas poucas
vezes na vida. Não! Oração é gratidão por Deus! É essa gratidão em Deus e
por Deus é aquilo que Paulo diz que santifica todas as coisas! A gratidão é a
oração que limpa os olhos; e não somente eles, mas limpa o nosso olhar do
mundo. Assim, todas as coisas ficam puras pelas ações de graças. E quando
alguém ora, não deve nunca duvidar. Mesmo quando as respostas parecem ter
sido enviadas pelo próprio diabo, visto quem nem sempre Deus responde o
que queremos; ainda que sempre responda me propondo o que faz bem,
mesmo quando dói. Quem ora, nunca não está orando. Cada respiração,
topada, cabeçada, cafuné, beijo, abraço, compreensão, susto, morte,
nascimento, estação do ano, brisa, chuva, tempestade, calor, frio, roupa,
banho, toalha, coalhada, rapadura, saputi, gol, copa do mundo, mergulho em
água fria, visão do mar, surpresa do por de sol, gozo, amizade, tristeza,
obstáculo, perseguição, simpatias, questões, medos, certezas...sim, tudo passa
a ser oração. Ora, quando Paulo diz que todas as coisas são santificadas pelas
ações de graças, ele não está nos ensinando um truque para transformarmos o
errado em certo ou a injustiça em justiça. Explore ou julgue a viúva, o órfão, o
pobre, o fraco, o cansado, o esmagado, o culpado, o ferido, o inocente ou
quem quer que seja, e sua oração será a sua própria maldição. Se alguém
pensa que pode agradecer depois da maldade, e que assim a iniqüidade se
tornará em bondade, está enganando a si mesmo; e sua oração é apenas seu
próprio juízo. Bem-aventurado é aquele que não se condena por aquilo que
agradece. Por isto é que não é a cena das “ações de graças” o que santifica a
vida, mas a gratidão; e, saiba, a gratidão sabe quando a oração é verdadeira,
visto que só os sinceros são gratos. Oração, portanto, é aquilo que sai do ser, e
é o ser santificado. Esse tal assim o é em Deus; e o é com a constante
consciência de que Nele sempre se está nu. Ora, num certo sentido até não
orar é uma oração, visto que oração é um ato, e não orar é, certamente, um
ato. Assim, há a oração que é amizade com Deus, e há a oração do nada, que
é inimizade para com Deus, ou total indiferença. A oração do nada é ouvida
também. E só Deus pode dizer como Ele responde a oração do nada. Oração
é, sobretudo, Confissão de Graça. Confissão da Graça recebida, e confissão
da Graça oferecida aos nossos devedores. Sem que seja assim, toda oração é
mero discurso. Então, para o engano daquele que ora, aconselha-se que grite
muito, e faça toda a concentração mental que puder. Não adiantará de nada
diante de Deus, mas o “devoto” vai para casa com a dor de cabeça de quem
pensa que orar é um grande esforço e que é o fruto de muitas e muitas
repetições. Quem ora fala pouco em oração; isto é o que tenho aprendido faz
muito tempo. Caio
PEDRO E JONAS: HOMEM DO MAR E ‘HOMEM AO MAR

O problema do profeta Jonas era que ele não queria pregar para os Ninivitas,
que eram os opressores políticos e econômicos de seu povo. Assim, quando
Deus diz: “Prega; ou Nínive será subvertida!”; Jonas pensa: “Oba! Pregar o
quê? Vou pregar nada! Essa é a nossa hora!” E foi para o mar, embarcando
num navio que ia para Társis, no sul da Espanha de hoje. Ele queria ir para o
outro lado do mar. Pedro também tinha inimigos que ele certamente queria ver
aniquilados. Entre esses, além dos romanos, os cobradores de impostos, gente
como Mateus, o publicano de Cafarnaum, cidade onde Pedro morava e onde
pagava os impostos. Mateus seria o último homem para quem Pedro iria pregar
nas redondezas. Além disso, Mateus era um dos homens mais ricos de toda a
região, e tirava sua riqueza do árduo trabalho de gente simples e honesta como
Pedro.

O que tornava a situação ainda mais opressiva e amargurante era o fato de


que os impostos eram pagos naqueles dias de um modo perverso. No caso de
um pescador como Pedro, tudo o que ele pegava no mar era entregue ao
coletor de impostos, e, em troca, ele devolvia o ganho do pescador na forma de
peixe salgado, de qualidade inferior, e ainda com o valor do imposto deduzido.

Mateus estava para Pedro assim como os Ninivitas estavam para Jonas.
Fugindo de Deus, Jonas acaba sendo jogado ao mar pelos marinheiros do
navio, os quais identificaram nele um homem em fuga e sob perseguição dos
céus; por isso foi lançado ao mar. Devendo a Mateus ou aos homens, Pedro
tem que trabalhar amargurado. O texto de Lucas 4 parece revelar esse humor
alterado de Pedro, quando diz que pescara a noite toda e nada apanhara, mas
que, mesmo assim, instado por Jesus, lançaria as redes outras vez para
pescar.
E tantos foram os peixes que eles pegaram que estavam quase indo a pique.
Mas os peixes recolhidos do mar foram parar nas mãos do coletor de impostos.
E, como recompensa, o coletor pagou o milagre com peixe salgado.
Essa era a maneira de Jesus também tocar em Mateus. Sim, Mateus teria que
pegar o peixe do milagre e pagar com peixe seco. Mas Pedro não devia gostar
disso, apesar de estar impactado pela Graça. No entanto, quando Jesus
passou mais tarde por Mateus, e disse “Segue-me”, Mateus o seguiu sem
hesitação.O amor constrange! Jesus amara o inimigo dando a ele o peixe do
milagre e recebendo dele peixe seco, charque. Só Deus sabe o que esse ato
pode ter provocado na mente de Mateus. Já o profeta Jonas acaba sendo
forçado a pregar aos inimigos, e faz isto com rancor; e, diante do
arrependimento deles, se ira, posto que os interesses políticos, ideológicos, e a
força dos preconceitos, haviam ainda sobrevivido mesmo à viagem insólita, no
fundo do mar, no estômago do grande peixe. Assim, Jonas se ira com Deus. E
o arrependimento dos inimigos o torna mal e hostil, tomado de rancor homicida.
E, desse modo, mergulha no mar da amargura e do egoísmo, tendo seus
valores tão alterados emocionalmente que é capaz de chorar por uma erva que
secara sobre sua cabeça, enquanto não conseguia ter piedade daqueles
milhares de Ninivitas que não sabiam discernir entre a mão direita e a
esquerda. Diferentemente dele, Pedro acolhe Mateus, e o chama de irmão, e
esquece o peixe seco, e aceita ser com ele pescador de homens.

O resultado é aterrador: Jonas é jogado ao mar e, salvo do mar, mergulha no


oceano da amargura e da mesquinharia. Já Pedro é homem do mar, e, sendo
tirado do mar, acaba por, um dia, andar sobre as águas. Isto bem revela que
tudo neste mundo é fruto das escolhas do coração. Amargura sempre
submerge o ser no oceano das hostilidades emocionais. É a Síndrome de
Jonas.

Amor, acolhimento, perdão e abertura para a Graça, todavia, é o que torna


inimigos em irmãos, e faz com que os sapos engolidos um dia sejam logo
esquecidos, e, assim, a vida fica tão fácil e leve que o pescador anda sobre as
águas. Obviamente que aqui falo sempre em metáforas. Mas elas são
verdadeiras, conforme o testemunho da realidade e da vida. Quem as entender
não se afogará! Caio

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