SIMULADO CADERNO DE QUESTÕES

FUVEST 2a FASE Atenção:

2a Fase – Primeiro Dia Este caderno contém as questões do 1o dia do simulado
a
de 2 fase da FUVEST.

Número matrícula NOME (em letra de forma)

0 1 2 3 4 5 6 7 8 9

DISCIPLINA

PORTUGUÊS
ÁREA DESTINADA AO CORRETOR INSTRUÇÕES
NOTAS
0 1 2 3 4 5 1. Só abra este Caderno 7. A resposta de cada 11. Você poderá retirar-se
1 quando o fiscal autorizar. questão deverá ser da sala após 2 horas do
2 escrita exclusivamente início da prova.
2. Este Caderno contém
3 no quadro a ela 12. Caso precise sair
dez questões discursivas.
destinado. O que estiver da sala, levante a mão
QUESTÕES

4
5
3. O simulado deverá fora desse quadro não e aguarde o fiscal
6
ser feito com caneta será considerado na autorizar.
7
esferográfica de tinta correção.
13. Durante o simulado,
8
azul ou preta. Não utilize
8. Nas questões que são vedadas a
9
caneta marca-texto.
exigem cálculo, é comunicação entre os
10 4. Respostas feitas indispensável explicitar candidatos e a utilização
a lápis não serão a resolução na página de qualquer material de
corrigidas, tal como de respostas. A banca consulta, eletrônico ou
procedem bancas de correção não aceitará impresso.
examinadoras. um simples resultado. 14. No final do simulado,
5. Escreva com letra 9. Os espaços em você deverá entregar ao
PROVA DE legível as respostas das branco, nas páginas dos fiscal os Cadernos de
questões. Questões e a folha avulsa
SEGUNDA FASE enunciados, podem ser
da redação, com todos
utilizados para rascunho.
6. Se errar, risque a os dados de identificação
1o DIA palavra e a escreva 10. Duração da prova: preenchidos.
novamente. quatro horas. Você
Exemplo: . deverá controlar o tempo
Não será permitido o disponível, com base no
uso de corretivo. relógio projetado em sala
e nos avisos do fiscal.

ASSINATURA
P

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 ANGLO VESTIBULARES

01
O bom senso é a coisa mais bem distribuída do mundo: porque cada um pensa estar tão provido dele que até os mais difíceis
de contentar com outros bens quaisquer não têm por costume desejar mais senso do que aquele que já possuem – e é inverossímil
que todos se enganem. Mais do que isso, o bom senso testemunha que a faculdade de raciocinar perfeitamente e de distinguir o
verdadeiro ou falso, que constitui o que propriamente se chama bom senso ou razão, é naturalmente igual em todos os homens e,
deste modo, testemunha também que a diversidade das nossas opiniões não resulta do fato de uns sermos mais juizados do que os
outros, mas somente da ideia de que conduzimos os nossos pensamentos por via diversa e não consideramos as mesmas coisas.
Porque ter espírito bom não é o bastante, pois o principal é utilizá-lo convenientemente. As maiores almas são tão capazes dos maio-
res vícios como das maiores virtudes, e os que avançam muito lentamente são capazes de obter maiores vantagens, se seguirem
sempre o caminho reto, do que aqueles que correm muito mas se afastam desse caminho.
Por mim, jamais presumi que o meu espírito fosse mais perfeito que o das pessoas comuns e até tenho desejado possuir um
pensamento tão rápido ou uma imaginação tão clara e tão distinta, ou uma memória tão ampla ou tão presente como algumas
pessoas. E não sei de outras, além das qualidades que servem à perfeição do espírito, porque, uma vez que a razão constitui a única
coisa que nos faz homens e nos distingue dos animais, estou em crer que o bom senso se encontra inteiramente em cada um de nós,
seguindo, neste caso, a opinião comum dos filósofos, que afirmam que não há grandes diferenças entre as naturezas dos indivíduos
da mesma espécie.
René Descartes, Discurso do método.

a) O enunciador utiliza diversos substantivos para designar, no contexto, o “bom senso” nesse texto. Cite três deles.
b) O primeiro período do segundo parágrafo confirma a afirmação inicial de que o “bom senso é a coisa mais bem distribuída do
mundo”? Justifique sua resposta.

02
Até os dicionaristas pererecam para definir palavras
Um bom linguista sempre anda de ouvidos atentos para a fala cotidiana, lugar onde a língua é realizada sem muitos freios, com
“a contribuição milionária de todos os erros”, como já dizia Oswald de Andrade. Foi com a fala cotidiana que dona Araci, moradora
da interiorana cidade de Cerquilho (SP), chamou-nos a atenção, relembrando um verbo bastante comum por lá: o “pererecar”, em
frases como “Por que você está pererecando para lavar esta louça?”
Mas “pererecar” existe?
Leigos sobre o funcionamento das línguas vinculam o registro em dicionários à própria existência dos vocábulos, como se a
língua surgisse apenas após ser referendada por eruditos – contrariando inclusive a visão mítica segundo a qual “no início era o
verbo”. No caso de “pererecar”, os principais dicionários de língua portuguesa registram o termo, mas parecem desconhecer essa
acepção utilizada por moradores de diferentes regiões interioranas do país.
Para Cândido de Figueiredo (1913), “pererecar” é brasileirismo, verbo intransitivo, no sentido de mover-se vertiginosamente de
um lado para outro; ficar desnorteado. [...] Dicionários mais recentes (é o caso do Houaiss) parecem reproduzir os predecessores,
ampliando um pouco seu campo semântico: andar às tontas, desnorteado, aturdido; dar saltos (o pião); saltar repetidas vezes (o
jogador), e de modo inesperado, para fugir às disputas de bola; saltar, quicar (a bola) de modo inesperado, fugindo ao controle do(s)
jogador(es).
Como mostram esses exemplos, o sentido com que o verbo é empregado no interior paulista – o de “ter dificuldades para algo”,
“penar para realizar uma tarefa” – ainda não está contemplado em importantes obras de consulta.
MÓDOLO, Marcelo; BRAGA, Henrique. “Até os dicionaristas pererecam para definir palavras”. Jornal da Usp. 25/2/2022.
Disponível em: https://jornal.usp.br/?p=494559. Acesso em: 10 jan. 2023.

a) Indique um pressuposto estabelecido pela palavra “até” sobre os dicionaristas no enunciado “Até os dicionaristas pererecam
para definir palavras”. Reescreva esse enunciado, substituindo a palavra “pererecam” por um sinônimo adequado ao contexto.
b) No trecho: Um bom linguista sempre anda de ouvidos atentos para a fala cotidiana, lugar onde a língua é realizada sem muitos
freios, com “a contribuição milionária de todos os erros”, há uma oração na voz passiva. O agente da voz passiva, no entanto,
não foi explicitado na oração. Reescreva o trecho citado, acrescentando à oração um agente da passiva coerente com o contexto.

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 PRIMEIRO DIA — 03/2023CICLO DE SIMULADOS 1

QUESTÃO 1 NOTA

NOTA
QUESTÃO 2

QUADROS DESTINADOS ÀS RESPOSTAS DAS QUESTÕES. TEXTOS ESCRITOS FORA DESTE QUADRO (OU A LÁPIS, OU A CANETA DE
TINTA PRETA) NÃO SERÃO CONSIDERADOS PELO CORRETOR.

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03
Leia o cartaz abaixo, de propaganda do Ministério da Saúde para vacinação contra a paralisia infantil:

FOTOWARE FOTOSTATION

a) Por poder ser interpretada tanto em sentido literal quanto em sentido figurado, a expressão “duas gotinhas” apresenta duplo
sentido no contexto da propaganda. Indique quais são os dois sentidos.
b) No enunciado a seguir, o leitor é interpelado em terceira pessoa do singular. Reescreva-o utilizando a segunda pessoa do singu-
lar. Realize somente as mudanças necessárias.
“Vacine seu filho menor de 5 anos contra a paralisia infantil. Procure um posto de vacinação na sua cidade e não esqueça de
levar o cartão da criança.”

04
Leia o excerto seguinte.
Um amigo foi passar sete dias de férias num “resort sustentável”, de alto luxo, localizado no interior de um “imaculado recife
de coral”, no arquipélago das Maldivas. Na recepção avisaram-no de que não teria internet nem televisão no quarto. Aliás, o melhor
seria deixar o celular ali mesmo, numa caixa, juntamente com os sapatos.
— Foi uma experiência incrível. — Disse-me. — Fiquei uma semana inteira sem internet, longe das redes sociais. E descalço,
conectado com a terra e com a natureza…
Desconectarem-se (conectando-se com a terra e a natureza) é o novo sonho de consumo dos ricos mais ricos e sofisticados.
Estas pessoas gastam rios de dinheiro para viverem alguns dias por ano inteiramente mergulhadas na realidade. Bem sei que, no
caso, a realidade em questão inclui um mar cor de esmeralda e lagosta grelhada ao almoço.
AGUALUSA, José Eduardo. “Luxos do subdesenvolvimento”. O Globo. Disponível em: https://oglobo.globo.com/cultura/
jose-eduardo-agualusa/coluna/2022/09/luxos-do-subdesenvolvimento.ghtml. Acesso em: 4 out. 2022.

a) Hipérbole: ênfase expressiva resultante do exagero da significação linguística (Dicionário eletrônico Houaiss ).
Considerando a definição citada, identifique um exemplo de hipérbole no excerto.
b) Considerando o contexto, explique como se constrói o sentido não literal em “desconectarem-se”.

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QUESTÃO 3 NOTA

NOTA
QUESTÃO 4

QUADROS DESTINADOS ÀS RESPOSTAS DAS QUESTÕES. TEXTOS ESCRITOS FORA DESTE QUADRO (OU A LÁPIS, OU A CANETA DE
TINTA PRETA) NÃO SERÃO CONSIDERADOS PELO CORRETOR.

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05
Leia o fragmento a seguir.
Um estudo recente publicado na revista científica NeuroImage e realizado por pesquisadores da Universidade Zhejiang, na Chi-
na, detectou que o TikTok ativa áreas do cérebro relacionadas à sensação de prazer e recompensa. A pesquisa analisou um grupo
de 30 alunos da universidade, de 19 a 30 anos. Todos são usuários da plataforma, sendo que 46% afirmaram assistir diariamente a
mais de uma hora de vídeos curtos do TikTok. Quase todos (93%) preferem os vídeos personalizados aos genéricos. Para o estudo,
usuários foram expostos tanto a vídeos personalizados, aqueles filtrados pelo algoritmo da plataforma de acordo com os gostos
do usuário, quanto aos genéricos, que costumam aparecer logo que é baixado. Os resultados indicam que os dois tipos de vídeos
ativam o SN (substância negra), relacionada à região rica em neurônios dopaminérgicos, que tem papel importante em mecanismos
de busca e recompensa.
Disponível em: www1.folha.uol.com.br/cotidiano/2022/04/entenda-como-tiktok-fisga-cerebro-de-usuarios-com-videos-curtos.shtml (adaptado).
Acesso em: 10 jan. 2023.

a) A pesquisa analisou um grupo de 30 alunos da universidade, de 19 a 30 anos.

No trecho destacado, está correta a ausência de acento grave, indicador do fenômeno da crase, entre os dois numerais? Justifi-
que sua resposta.
b) Para o estudo, usuários foram expostos tanto a vídeos personalizados, aqueles filtrados pelo algoritmo da plataforma de acordo
com os gostos do usuário, quanto aos genéricos, que costumam aparecer logo que é baixado.
Identifique, no trecho destacado, um problema de concordância que interfere na coesão textual. Em seguida, explique de que
forma o sentido da frase é afetado.

06
Analise a campanha publicitária do Departamento de Trânsito de São Paulo para responder às questões.

FOTOWARE FOTOSTATION

Disponível em: www.ccpagencia.com.br/fullscreen-page/comp-j4h3m24k/

74313fbe-c93c-402e-bfa4-c1f33c039e70/8. Acesso em: 10 jan. 2023.

a) Transponha para a voz ativa o enunciado sobre a porcentagem de acidentes causados por falha humana, fazendo as adaptações
necessárias.
b) O texto sincrético explora recursos verbais e não verbais para produzir expressividade. Se o enunciado verbal sobre a porcenta-
gem de acidentes tivesse sido originalmente redigido na voz ativa, haveria mudança de sentido e de efeito de sentido? Justifique
sua resposta.

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QUESTÃO 5 NOTA

NOTA
QUESTÃO 6

QUADROS DESTINADOS ÀS RESPOSTAS DAS QUESTÕES. TEXTOS ESCRITOS FORA DESTE QUADRO (OU A LÁPIS, OU A CANETA DE
TINTA PRETA) NÃO SERÃO CONSIDERADOS PELO CORRETOR.

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07
Os textos a seguir foram extraídos do romance Angústia, de Graciliano Ramos.
TEXTO I
Certo dia uma cascavel se tinha enrolado no pescoço do velho Trajano, que dormia no banco do copiar. Eu olhava de longe
aquele enfeite esquisito. A cascavel chocalhava, Trajano dançava no chão de terra batida e gritava: – “Tira, tira, tira”.
RAMOS, Graciliano. Angústia. Rio de Janeiro: Record, 2011. p. 87.

TEXTO II
Tornei a baixar a cabeça, desanimado, continuei a olhar os pés dos raros transeuntes que passavam na rua. Ia e vinha. Um,
dois, um, dois – meia-volta. Este exercício era irritante. A porta escancarada convidava-me a abandonar tudo, a sair sem destino
– um, dois, um, dois – e não parar tão cedo. Nenhum sargento me mandaria fazer meia-volta. Os meus passos me levariam para
oeste, e à medida que me embrenhasse no interior, perderia as peias 1 que me impuseram, como a um cavalo que aprende a trotar.
Tornar-me-ia de novo meio cigano, meio selvagem, andaria numa corrida vagabunda pelas fazendas sertanejas, ouviria as cantigas
dos cantadores e as conversas das velhas nas fontes, veria à beira dos caminhos estreitos pequenas cruzes de madeira, as mesmas
que vi há muitos anos, enfeitadas de flores secas e fitas desbotadas. Indicaria uma delas, estirando o beiço. Quem teria morrido ali?
E alguém me informaria, repetindo as histórias dos cantadores e as conversas das velhas nas fontes: – “Um sujeito que namorou a
noiva de outro”.
RAMOS, Graciliano. Angústia. Rio de Janeiro: Record, 2011. p. 87.

Glossário
1. peias: corda ou peça de ferro que se prende aos pés dos animais.

a) A postura física do narrador evidencia um traço de personalidade. Indique esse traço, transcrevendo um trecho do texto em que
ele se evindencia.
b) Os dois trechos selecionados apresentam pequenas narrativas. Escreva sobre a relação de cada uma dessas micronarrativas com
a história principal do romance Angústia.

08
[...] Miguilim mesmo começava a ter medo, trás do que ouvia, que nem pragas. Ah, Tio Terêz devia de ir embora, de ligeiro,
ligeiro, se não o Pai já devia estar voltando por causa da chuva, podia sair homem morto daquela casa, Vovó Izidra xingava Tio Terêz
de “Caim” que matou Abel, Miguilim tremia receando os desatinos das pessoas grandes, tio Terêz podia correr, sair escondido, pela
porta da cozinha... Que fosse como se já tivesse ido há muito tempo!... Levava um punhado de comida, pegava a carossa 1 de palha-
-de-buriti, para se agasalhar de tanta chuva, mas devia de ir, tudo era aquele perigo enorme...
ROSA, Guimarães. Campo geral. In: Manuelzão e Miguilim. 9. ed. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1984. p. 28.

Glossário
1. Carossa: espécie de capa feita de palha.

a) Embora a narrativa de “Campo geral” seja feita em terceira pessoa, o narrador se aproxima da perspectiva de uma das persona-
gens. Indique essa personagem e mostre como essa aproximação se revela no trecho transcrito.
b) O que a referência a “Caim”, no trecho, revela a respeito de Vovó Izidra? Que relação se estabelece entre essa referência e Tio
Terêz? O catolicismo dessa referência é a única manifestação mística da narrativa? Justifique sua resposta.

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QUESTÃO 7 NOTA

NOTA
QUESTÃO 8

QUADROS DESTINADOS ÀS RESPOSTAS DAS QUESTÕES. TEXTOS ESCRITOS FORA DESTE QUADRO (OU A LÁPIS, OU A CANETA DE
TINTA PRETA) NÃO SERÃO CONSIDERADOS PELO CORRETOR.

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Lira III
De amar, minha Marília, a formosura Mas sendo amor igual para os viventes,
Não se podem livrar humanos peitos. Tem mais desculpa ou menos esta chama:
Adoram os heróis, e os mesmos brutos Amar formosos rostos acredita,
Aos grilhões de Cupido estão sujeitos. Amar os feios de algum modo infama.
Quem, Marília, despreza uma beleza, Quem lê que Jove amou, não lê nem topa,
A luz da razão precisa; Que ele amou vulgar donzela:
E se tem discurso, pisa Lê que amou a Dânae bela,
A lei, que lhe ditou a Natureza. Encontra que roubou a linda Europa.
Cupido entrou no Céu. O grande Jove 1
Uma vez se mudou em chuva de ouro; Se amar uma beleza se desculpa
Outras vezes tomou as várias formas Em quem ao próprio Céu, e terra move:
De General de Tebas, velha e touro. Qual é a minha glória, pois igualo,
O próprio Deus da Guerra, desumano, Ou excedo no amor ao mesmo Jove?
Não viveu de amor ileso; Amou o Pai dos Deuses Soberano
Quis a Vênus, e foi preso Um semblante peregrino 2:
Na rede, que lhe armou o Deus Vulcano. Eu adoro o teu divino,
O teu divino rosto, e sou humano.
GONZAGA, Tomás Antônio. Marília de Dirceu. In: A poesia dos inconfidentes. Rio de Janeiro: Editora Nova Aguilar, 1996. p. 577.

1. Jove: o mesmo que Júpiter, o deus dos deuses, segundo a mitologia romana
2. Peregrino: neste caso, raro, excepcional, excelente

a) Em que se baseia a comparação feita pelo enunciador entre si e Jove, o “Pai dos Deuses”?
b) Qual é o elemento que, segundo o poema, atinge e ordena toda a existência, seja ela humana ou divina? Justifique sua resposta.

10
Romance LXXXV ou do testamento da Marília
Triste pena, triste pena Cortesias, cortesias
que pelo papel deslizas! de quem diz adeus ao mundo:
— que cartas não escreveste, breves lembranças; presentes
— que versos não improvisas, amáveis, de moribundo.
— que entre cifras te debates Que sois vós, ouro das Minas,
e em cifras te imortalizas... no oceano de Deus, tão fundo?
Ai, fortunas, ai, fortunas... Reparti-vos, reparti-vos,
Doblas, oitavas, cruzados, ouro de tantas cobiças...
vastos dinheiros antigos, (Tanto amor que separastes,
pelas paredes guardados, entre injúrias e injustiças!
prêmio de tantos traidores, E agora aqui sois contado
dor de tantos condenados! para a piedade das missas!)
Escreve Marília, escreve Triste pena, triste pena...
seu pequeno testamento; Triste Marília que escreve.
na verdade, por que vive, Tão longa idade sofrida,
se a morte é o seu alimento? para uma vida tão breve.
se para a morte caminha, Muitas missas... Muitas missas..
na sege do tempo lento? (Que a terra lhe seja leve.)
MEIRELES, Cecília. Romanceiro da inconfidência. São Paulo: Global, 2015, p. 234-235.

a) Tendo em vista a trajetória de Marília narrada no Romanceiro, explique a oposição contida nos versos “Tão longa idade sofrida/
para uma vida tão breve”.
b) A segunda estrofe menciona “traidores” e “condenados”. Quais personagens do Romanceiro podem ser apontados como exem-
plo de cada uma dessas categorias?

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QUESTÃO 9 NOTA

NOTA
QUESTÃO 10

QUADROS DESTINADOS ÀS RESPOSTAS DAS QUESTÕES. TEXTOS ESCRITOS FORA DESTE QUADRO (OU A LÁPIS, OU A CANETA DE
TINTA PRETA) NÃO SERÃO CONSIDERADOS PELO CORRETOR.

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