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Os Editores
IFMA CAMPUS BURITICUPU | NÚCLEO DE HUMANIDADES
Fala,
estudante!
Entrevista
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Leivla Maria Marques Santiago
2° ano do curso de Meio Ambiente
- CAROL
- MITZA
Breves considerações sobre a leitura de textos clássicos da Filosofia no Ensino dessa disciplina acadêmica
Prof. Dr. Tadeu Júnior de Lima Nascimento
Papo
Científico
Todavia, o problema, ao que parece, não está
restrito à opção pelo uso desses textos atuais, mas
à tendência ao completo abandono da leitura de
fontes primárias em função das secundárias, como
ainda adverte Calvino:
A leitura de um clássico deve oferecer-nos alguma
surpresa em relação à imagem que dele tínhamos.
Por isso, nunca será demais recomendar a leitura
direta dos textos originais, evitando o mais
possível bibliografia crítica, comentários,
interpretações. A escola e a universidade
deveriam servir para fazer entender que nenhum
livro que fala de outro livro diz mais sobre o livro
em questão; mas fazem de tudo para que se
acredite no contrário. Existe uma inversão de
valores muito difundida segundo a qual a
introdução, o instrumental crítico, a bibliografia
são usados como cortina de fumaça para
esconder aquilo que o texto tem a dizer e que só
pode dizer se o deixarmos falar sem
intermediários que pretendam saber mais do que
ele (CALVINO, 2007, p. 12).
Breves considerações sobre a leitura de textos clássicos da Filosofia no Ensino dessa disciplina acadêmica
Prof. Dr. Tadeu Júnior de Lima Nascimento
Papo
Científico
A crítica de Calvino soa forte e é evidente que comentadores são importantes para
“amarrar” compreensões de uma obra ou ajudar quando o texto parece demasiado “obscuro”
(lembremos que o filósofo árabe Avicena teria lido a Metafísica de Aristóteles quarenta vezes,
até decorado-a, mas dizia não tê-la compreendido). Como dissemos, na Filosofia,
especialmente antiga e medieval, era comum que filósofos fizessem comentários a obras que
já eram consideradas “clássicas” ou simplesmente a escritos de outros pensadores de sua
época como forma até mesmo de contrapô-los, é o que chamamos de doxografia (δόξα +
γράφειν, algo como: opinião + escrever).
Sem esses “comentários”, inclusive, não saberíamos da existência de diversos textos que não
chegaram até nós por completo. De certa forma, esse costume ainda se perpetua na
universidade por meio de monografias, dissertações, teses, artigos etc. Como bem disse André
Comte-Sponville (1997, p. 31), “a filosofia medita e se lembra”, ou seja, a filosofia está sempre
“olhando para trás”, uma característica que, claro, não lhe é exclusiva, mas bastante
acentuada.
Porém, para além das produções propriamente acadêmicas, popularizam-se os paliativos
antes mencionados, mesmo em uma área tão arraigada, a sua tradição como a filosófica. Isso
nos faz refletir sobre a influência dessa prática na formação dos futuros licenciados (ou até
mesmo bacharéis) em filosofia e como isso pode reverberar na sua metodologia de ensino.
No livro Metodologia filosófica, Dominique Folscheid e Jean-Jacques Wunenburger nos
chamam a atenção para a relevância da “herança” a que os estudantes de filosofia têm
acesso e para qual podem um dia contribuir:
Exceto no caso de um gênio capaz de reinventar tudo pelas próprias forças, a filosofia não
escapa a essa regra comum da cultura que impõe a cada um apoiar-se nos outros para se
alimentar e crescer. Desde a aprendizagem da língua materna, a educação se faz por uma
retomada de herança. Nesse sentido, todo leitor comporta-se normalmente como vampiro. Se
você vier a ser filósofo, será por sua vez vampirizado. Essa é a lei da espécie (FOLSCHEID e
WUNENBURGER, 2006, p. 6-7).
Essa “lei da espécie” é notável no processo dialético do pensamento filosófico, em que teses,
antíteses e sínteses fazem parte da tessitura de sua história, de como pensadoras e
pensadores fundamentais, nesta tradição, ofereceram uma nova perspectiva para problemas
já tratados por seus antecessores ou contemporâneos.
Breves considerações sobre a leitura de textos clássicos da Filosofia no Ensino dessa disciplina acadêmica
Prof. Dr. Tadeu Júnior de Lima Nascimento
Papo
Científico
Trata-se, portanto, de um procedimento corriqueiro, mas que merece atenção,
principalmente quando o observamos sob o prisma da didática, da formação docente, ou
seja, como parte da metodologia utilizada por quem se propõe ao ensino de filosofia. Isso
porque, apesar da demasiada modéstia ou do excessivo “respeito” para com os principais
nomes dessa área do conhecimento, todo professor ou professora dessa disciplina
acadêmica deveria ser e se assumir também como um filósofo/filósofa, um “amigo da
sabedoria (σοφια)”, do contrário, seria como alguém ensinar natação sem saber nadar.
Filosofar parece, portanto, condição sine qua non para se ensinar a filosofar e, por mais
que, de certo modo, seja algo por vezes considerado natural ao ser humano, a tradição
demonstrou características da reflexão filosófica que lhe garantem uma identidade.
Nesse sentido, a leitura de textos clássicos da filosofia gera um tipo de hábito: é um
treinamento para enfrentar problemas tidos como filosóficos ou problematizar,
filosoficamente, questões tidas como banais pelo senso comum. Dessa forma,
Ler textos filosóficos é entrar em relação com pensamentos filosóficos já advindos, para
penetrá-los e apropriar-se deles. A leitura é, portanto, indissociável do próprio
pensamento. Ao lermos Platão ou Descartes, pensamos nós mesmos como Platão ou
Descartes. Pensamos não apenas por eles, mas neles ‒ pensamos, simplesmente
(FOLSCHEID e WUNENBURGER, 2006, p. 9).
A reflexão filosófica “profissional”, portanto, como parte significativa da experiência
docente, exige, naturalmente, o conhecimento de textos clássicos da tradição, seja
enquanto “estado da arte” primordial no ensino de determinado tema ou apenas para a
formação de quem atua nesse magistério. Entretanto, se o foco está, em última instância,
no desenvolvimento da capacidade discente de refletir, filosoficamente, sobre
determinado assunto, os textos clássicos também serão um “material didático” importante
e, dada a complexidade que muitos deles carregam, o docente será o mediador que
deverá ter ciência dos termos próprios daquele texto, dos conceitos construídos por
aquele filósofo ou filósofa, do contexto da obra etc. Explica-nos Severino que
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Papo
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O objetivo final de todo professor de filosofia
deverá ser fazer de seus alunos, em alguma medida,
filósofos. Em virtude disso, deverá tentar promover
neles uma atitude filosófica, já que será ela que,
eventualmente, dará lugar ao desejo de filosofar.
Nesse marco, os textos filosóficos serão uma
ferramenta central para o filosofar, mas não um fim
em si mesmo. Compreender um texto é um passo no
caminho da filosofia, e não o último (SEVERINO,
2009, p. 81).
Portanto, se é benéfico para os alunos o contato
com tais textos, é necessário que os clássicos da
filosofia não sejam “estranhos” aos docentes dessa
área, mas sim que permitam alargar o horizonte
bibliográfico de ambas as partes envolvidas no
processo de ensino. Se há várias obras como o
Parmênides de Platão ou Fenomenologia do Espírito
de Hegel que são consideradas de difícil
compreensão até mesmo para quem tem carreira
acadêmica na filosofia, existem outros “clássicos” de
diferentes graus de compreensibilidade que, a
depender do nível de leitura e intepretação que
uma turma apresenta no geral (levando em
consideração, claro, que os discentes se diferem,
individualmente, quanto a esse nível), podem ser
convenientes, salutares e uma ferramenta
fundamental para aproximar as novas gerações não
apenas da historiografia filosófica, mas também de
sua reflexão, da criticidade, do próprio filosofar.
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Papo
Científico
REFERÊNCIAS
Referências
CALVINO, Ítalo. Por que ler os clássicos. Tradução
de Nilson Moulin. São Paulo: Companhia das
Letras, 2007.
COMTE-SPONVILLE. Pequeno tratado das grandes
virtudes. Tradução de Eduardo Brandão. São
Paulo: Martins Fontes, 1997.
FOLSCHEID, D.; WUNENBURGER, J.J. Metodologia
Filosófica. 3. ed. São Paulo: Martins Fontes, 2006.
GALLO, Sílvio. Metodologia do ensino de filosofia:
Uma didática para o ensino médio. Campinas, SP:
Papirus, 2012.
SEVERINO, A. J. Como ler um texto de filosofia. 2.
ed. São Paulo: Paulus, 2009.
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OS (DES) CAMINHOS DAS ÁGUAS NOS LEVAM
A UMA VOÇOROCA EM BURITICUPU-MA
1
Orgulho e Preconceito
Joe Wright, 2006
A obra traz uma reflexão a respeito do
comportamento da sociedade
aristocrática, no início do século XIX, na
Inglaterra, e fala sobre a busca da
felicidade e o desejo pessoal colocado
acima das convenções sociais. Elizabeth
Bennet vive com sua mãe, pai e irmãs no
campo, na Inglaterra. Por ser uma das
filhas mais velhas, ela enfrenta uma
crescente pressão de seus pais para se
casar. Quando Elizabeth é apresentada
ao belo e rico Darcy, faíscas voam.
Embora haja uma química óbvia entre os
dois, a natureza, excessivamente,
reservada de Darcy ameaça a relação.
Dica de Rebeka da Silva Rocha Oliveira
1º ano do curso de Meio Ambiente.
Imagem disponível em cafecomfilme.com.br
Equilibrium
2
Imagem disponível em martialartsactionmovies.com
3
Radioactive
Marjane Satrapi, 2020
Disponível na Netflix do Brasil, o
filme Radioactive narra a vida de
4
Imagem disponível em cafecomfilme.com.br
1
Crítica da razão negra
Achile Mbembe, 2013
Este livro é fundamental para pensar a
evolução do pensamento racial. O autor é um
2
Imagem disponível em cpinterest.com.br
3
A arte de viver para as novas gerações
Raoul Vaneigem, 1967
Considero um livro fundamental pra gente
pensar muitos elementos da
4
Mulheres do Rock: Elas levantaram a voz e
Imagem disponível em rollingstone.uol.com.br
conquistaram o mundo
Laura Gramuglia, 2021
"Mulheres do Rock: Elas levantaram a voz e conquistaram
o mundo", escrito pela autora Laura Gramuglia, é um livro
incrível que nos apresenta a história fascinante e
inspiradora das mulheres no mundo do rock. Uma das
coisas mais legais sobre "Mulheres do Rock" é que ele
aborda não apenas as conquistas musicais dessas artistas,
mas também suas lutas pessoais e a forma como elas
usaram sua música para expressar suas vozes e lutar por
igualdade de gênero. O livro nos mostra como essas
mulheres usaram o poder da música para inspirar e
empoderar outras pessoas. "Mulheres do Rock" é uma
Dica da Profa. Maristhela Rodrigues
celebração do talento e da coragem das mulheres que
ousaram entrar no mundo do rock, mesmo enfrentando
adversidades e preconceitos.
1
Erva venenosa (Poison Ivy)
Rita Lee, 3001, 2000
“Erva Venenosa (Poison Ivy)” é uma canção
Alegria, alegria
Caetano Veloso, 1968
“Alegria, Alegria” é uma canção composta por
Caetano Veloso que foi o marco inicial do movimento
Tropicalismo em 1967. A revolucionária letra de
2
Caetano Veloso se inicia com versos que sugerem
liberdade, apesar do duro contexto político do país.
Imagem disponível em docogs.com.br Dica de Geovana Neves, 1º ano do curso de Meio Ambiente.
3
Eu não sou racista
Dica de Maria Francisca Melo da Conceição
Nego Max, Eu não sou racista, 2000 2º ano do curso de Análises Químicas
A música “Eu não sou racista” ,do Nego Max, é uma crítica à
discriminação racial presente na sociedade brasileira. O rapper fala
sobre a hipocrisia e a falta de empatia daqueles que afirmam não serem
racistas, mas ainda assim têm comportamentos preconceituosos no dia a
dia. A letra explora as experiências de quem já enfrentou o racismo vs
Imagem disponível em
quem só assistiu calado. A música apresenta uma batida forte e uma
observatoriodoaudiov mensagem impactante, além de chamar atenção para a necessidade de
isual.com.br se combater o racismo e de se construir uma sociedade mais justa e
igualitária. Um ponto interessante é que a música foi apresentada por
duas partes que defendem pontos de vista bem distintos.
17 e 18 – Interclasse de vôlei
Os Jogos Interclasse são atividades esportivas, que buscam integrar alunos de
classes/séries diferentes, no intuito de promover um momento de lazer e
descontração.