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CRIMES CONTRA A FÉ PÚBLICA

Crimes assimilados ao de moeda falsa

Art. 290 - Formar cédula, nota ou bilhete representativo de moeda com fragmentos de cédulas, notas ou
bilhetes verdadeiros; suprimir, em nota, cédula ou bilhete recolhidos, para o fim de restituí-los à
circulação, sinal indicativo de sua inutilização; restituir à circulação cédula, nota ou bilhete em tais
condições, ou já recolhidos para o fim de inutilização:

Pena - reclusão, de dois a oito anos, e multa.

Parágrafo único - O máximo da reclusão é elevado a doze anos e multa, se o crime é cometido por
funcionário que trabalha na repartição onde o dinheiro se achava recolhido, ou nela tem fácil ingresso, em
razão do cargo.

As condutas incriminadas são: a) formar outra nota hábil a circular legitimamente


por meio de justaposição de fragmentos de cédulas, notas ou bilhetes verdadeiros que já
foram inutilizados ou recolhidos; b) fazer desaparecer, por qualquer meio, o sinal que
demonstra a inutilização do dinheiro já recolhido, com intuito de colocá-lo novamente em
circulação; c) devolver ao tráfego monetário o dinheiro formado com pedaços de outras
cédulas inutilizadas ou recolhidas.
Se o agente é servidor na repartição onde está recolhido o dinheiro ou, se em
razão do cargo, tem fácil acesso ao material, a pena é aumentada em função da maior
reprovação (maior desvalor da ação). Conforme saliente Régis Prado, é necessário um
nexo entre a função exercida e o crime, não bastando a mera qualidade de funcionário.
Aquele que usar, como propaganda, impresso ou objeto que pessoa inexperiente
possa confundir com moeda corrente incorre na contravenção prevista no art. 44 do DL
3.688/41. Neste caso, deve estar ausente o dolo de utilizar o impresso como cédula
verdadeira.

“A modificação do valor de cédula verdadeira mediante aposição de fragmentos de outra não


constitui o crime de falsificação propriamente dito, mas o assemelhado de adulteração. A adição de partes
de cédulas, dizeres ou algarismos, de cédulas verdadeiras, a cédulas também verdadeiras, para aumentar-
lhes o valor, não constitui o delito de moeda-falsa, mas crime a esse assemelhado” (RT 208/538).

Petrechos para falsificação de moeda

Art. 291 - Fabricar, adquirir, fornecer, a título oneroso ou gratuito, possuir ou guardar maquinismo,
aparelho, instrumento ou qualquer objeto especialmente destinado à falsificação de moeda:

Pena - reclusão, de dois a seis anos, e multa.

Grande parte da doutrina considera que o art. 291 é crime subsidiário. Se o agente
incorrer em uma das condutas do tipo e, ainda, pratica outra do art. 289, responde apenas
pela falsificação.
Os objetos listados no tipo (maquinismo, aparelho, instrumento) devem ser
destinados à falsificação. Há doutrinadores que entendem não ser necessário que o objeto
seja apto, basta que seja destinado à falsificação. Também não é necessário que haja o
funcionamento efetivo do objeto, quer dizer, mesmo que este nunca tenha produzido uma
única cédula falsificada, pode configurar o crime a posse deste objeto.
O elemento mais problemático do crime é seu elemento subjetivo, pois deve ficar
provado o dolo específico do agente, que consiste em falsificar moeda.

“Comprovado, através dos exames procedidos pelo Instituto Nacional de Criminalística e pela
Casa da Moeda do Brasil, que os objetos apreendidos em mãos do réu prestavam-se para fabricar moeda
falsa, impõe-se sua condenação” (RT 118/542).

Emissão de título ao portador sem permissão legal

Art. 292 - Emitir, sem permissão legal, nota, bilhete, ficha, vale ou título que contenha promessa de
pagamento em dinheiro ao portador ou a que falte indicação do nome da pessoa a quem deva ser pago:

Pena - detenção, de um a seis meses, ou multa.

Parágrafo único - Quem recebe ou utiliza como dinheiro qualquer dos documentos referidos neste artigo
incorre na pena de detenção, de quinze dias a três meses, ou multa.

Atenção ao texto da lei: a ação incriminada é emitir o título sem permissão legal.
Quer dizer, a simples formação do título não é crime, é mero ato preparatório, portanto,
impunível.
Adverte Silva Franco: É indispensável que o título ou documento contenha
promessa de pagamento em dinheiro, para como tal circular. O título deverá ser ao
portador, ou seja, não indicando o nome da pessoa a quem deve ser pago. É titular do
crédito aquele que o exiba como detentor.
Castiglione diz que o objetivo do art. 292 é impedir que títulos ao portador
concorram com a moeda, perturbando a circulação normal e a fé pública. Por isso, é
fundamental que o título seja ao portador.

“Também em relação à nota promissória existe a autorização genérica da Lei 2.044, para a
emissão sem o nome da pessoa a quem deva ser paga, não havendo incidência, quando tal se verifique, na
figura criminal prevista no art. 292, segunda parte, do CP” (TACRIM – RT 249/341).

QUESTÕES:

1) Qual a diferença entre a conduta descrita no art. 289, § 1.° e a primeira parte do art.
290, ambos do CP?

2) Por qual crime responde o agente que, utilizando máquina própria, falsifica moeda?

3) Em relação ao art. 291, em qual momento pode o agente ser preso em flagrante, nas
modalidades possuir e guardar?

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