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Sexta-feira, 07 de Maio de 2021.

DIÁRIO DO EXECUTIVO Minas Gerais - Caderno 1

SECRETARIA DE ESTADO DE DESENVOLVIMENTO SOCIAL

RESOLUÇÃO SEDESE Nº20, 06 DE MAIO DE 2021

Institui o Sistema Estadual de Redes em Direitos Humanos – SER-DH


como modelo da política pública em direitos humanos e dispõe sobre
suas ferramentas.

Considerando o art. 26 da Lei Estadual nº 23.304, de 30 de maio de 2019, que institui como
competência da Secretaria de Estado de Desenvolvimento Social (SEDESE) formular, planejar,
dirigir, executar, controlar e avaliar as ações setoriais a cargo do Estado relativas à proteção, à
defesa e à reparação dos direitos humanos de públicos específicos, entre os quais crianças e ado-
lescentes, lésbicas, gays, bissexuais, travestis e transexuais - população LGBT -, pessoas com
deficiência, mulheres, migrantes, idosos, pessoas ameaçadas de morte, população m situação de
rua e outros grupos historicamente discriminados; à educação em direitos humanos; à promoção
de ações afirmativas e ao enfrentamento da discriminação racial contra a população negra, indí-
gena, quilombola e de comunidades tradicionais; ao enfrentamento da violência e à promoção da
autonomia das mulheres; ao enfrentamento da violência e à inclusão social e produtiva da popu-
lação jovem; às políticas transversais de governo relativas à igualdade entre mulheres e homens e
ao combate às violências, aos preconceitos de origem, raça, cor, sexo e idade e a qualquer outras
formas de discriminação;

Considerando o art. 45 do Decreto 47761 de 20/11/2019 que estabelece que a Subsecretaria


de Direitos Humanos tem como competência planejar, formular, coordenar, executar, monitorar e
avaliar políticas públicas de direitos humanos que visem o desenvolvimento social da população,
por meio da integração e articulação de ações para promoção, proteção e reparação aos direitos
humanos e do fortalecimento da participação social, com atribuições de: I – formular e promover
ações integradas e articuladas entre as redes de políticas setoriais, atuando de forma descentrali-
zada e regionalizada para a garantia dos direitos humanos; II – planejar e coordenar ações de moni-
toramento e avaliação das violações de direitos humanos para subsidiar e garantir mecanismos
institucionais de proteção e denúncia; III – promover ações de cooperação regional e municipal,
com o objetivo de descentralizar as políticas de direitos humanos; IV – promover o diálogo e a atua-
ção conjunta com a sociedade civil; V – coordenar a política de educação em direitos humanos e a
promoção da cultura da paz; VI – coordenar o Centro Risoleta Neves de atenção psicossocial à
mulher em situação de violência; VII – apoiar os órgãos colegiados de participação e controle social
da política de direitos humanos; VIII – monitorar e avaliar políticas setoriais relativas à igualdade
entre mulheres e homens e ao combate às violências, aos preconceitos de origem, raça, cor, sexo e
idade e a qualquer outra forma de discrimi nação;IX – planejar, coordenar e desenvolver ações de
promoção, proteção e reparação de direitos humanos inclusive de públicos específicos, entre os
quais crianças e adolescentes, população LGBT, pessoas com deficiência, mulheres, pessoas
idosas, migrantes, pessoas em situação de trabalho análogo ao escravo, tráfico de pessoas e refú-
gio, pessoas ameaçadas de morte, população em situação de rua, juventude, população negra, indí-
gena, quilombola e povos e comunidades tradicionais, vítimas de tortura e intolerância religiosa,
atingidos por barragens e outras violações de direito; X – acompanhar, monitorar e fiscalizar a execu-
ção de contratos, convênios, parcerias e instrumentos congêneres, pactuados pela Sedese, na sua
área de competência.

Considerando a Lei Estadual 23.551, de 13 de janeiro de 2020, que dispõe sobre banco de
dados relativos à condição da mulher no Estado;

Considerando a Lei Estadual 22.256, de 26 de julho de 2016, que institui a política de atendi-
mento à mulher vítima de violência no Estado;

Considerando a Lei nº 13.146, de 6 de julho de 2015, que institui a Lei Brasileira de Inclusão da
Pessoa com Deficiência (Estatuto da Pessoa com Deficiência);

Considerando a Lei nº 11.340, de 7 de agosto de 2006, que cria mecanismos para coibir a
violência doméstica e familiar contra a mulher, que tem como diretriz a promoção de estudos e pes-
quisas, estatísticas e outras informações relevantes, com a perspectiva de gênero e de raça ou etnia,
concernentes às causas, às consequências e à frequência da violência doméstica e familiar contra a
mulher, para a sistematização de dados, a serem unificados nacionalmente, e a avaliação periódica
dos resultados das medidas adotadas e, ainda, a celebração de convênios, protocolos, ajustes,
termos ou outros instrumentos de promoção de parceria entre órgãos governamentais ou entre
estes e entidades não governamentais, tendo por objetivo a implementação de programas de erradi-
cação da violência doméstica e familiar contra a mulher;

Considerando a Lei nº 10.741, de 1º de outubro de 2003, que dispõe sobre o Estatuto do Idoso
e dá outras providências;

Considerando a Lei nº 8.069, de 13 de julho de 1990, que dispõe sobre o Estatuto da Criança e
do Adolescente;
Considerando a Lei Estadual 21.966, de 11 de janeiro de 2016, que estabelece que para melhor
identificação da incidência das situações de violação de direitos, o Estado instituirá o Sistema de
Registro e Notificação de Violação de Direitos, que oferecerá aos órgãos gestores do Sistema Único
de Assistência Social informações territorializadas da ocorrência de violação de direitos, dando sub-
sídios para melhor planejamento e execução das políticas públicas de proteção social especial de
média e alta complexidades;

Considerando que a partir da Declaração Universal dos Direitos Humanos os Estados mem-
bros se comprometeram a promover, em cooperação com a Organização das Nações Unidas, o
respeito universal e efetivo dos direitos do Homem e das liberdades fundamentais;

Considerando o Decreto nº 7.037, de 21 de dezembro de 2009, que aprova o Programa Nacio-


nal de Direitos Humanos - PNDH-3, tem como uma de suas diretrizes a integração e ampliação dos
sistemas de informações em Direitos Humanos e construção de mecanismos de avaliação e monito-
ramento de sua efetivação;

Considerando a necessidade de criar fontes de dados e padrões estaduais para o registro de


informações que possibilitem identificar, mapear e territorializar a incidência de violações de Direi-
tos Humanos em Minas Gerais, a nível estadual, regional e municipal e que subsidiem o planejamento,
a execução e a gestão de estratégias voltadas para a universalização dos Direitos Humanos pela
gestão estadual;

Considerando a obrigatoriedade de notificação das violências estabelecidas na legislação


vigente, relativos aos públicos prioritários da política de Direitos Humanos;

A Secretária de Estado de Desenvolvimento Social no uso de suas atribuições que lhe confere
o cargo, conforme Lei Estadual nº 23.304, de 30 de maio de 2019, em seu art. 26, e considerando as
competências desta Secretaria, RESOLVE:

CAPÍTULO I
Do Sistema Estadual de Redes em Direitos Humanos – SER-DH

Art. 1º - Fica instituído o Sistema Estadual de Redes em Direitos Humanos – SER-DH como
modelo de gestão de política pública de Direitos Humanos.

Art. 2º - O Sistema Estadual de Redes em Direitos Humanos – SER-DH terá como fundamen-
tos:

I – respeito à dignidade de toda pessoa humana;


II – respeito à diversidade;

III – respeito ao livre desenvolvimento da personalidade e ao livre exercício da cidadania;

IIV – respeito à liberdade de informação e transparência.

Art. 3º - O SER-DH terá como finalidade o fortalecimento, em conjunto com atores governa-
mentais e não-governamentais, da rede de proteção e promoção em direitos humanos e, como obje-
tivos:

I - Promover a integração de redes de proteção e promoção de direitos;

II - Induzir a articulação e modelagem das redes de proteção e promoção de direitos;

III - Promover a incidência (advocacy) da pauta de Direitos Humanos;

Art. 4º – A integração de redes de proteção e promoção de direitos deverá ser realizada a


partir da construção de metodologias de registro, monitoramento e avaliação de casos de violência
cometidas contra grupos temáticos ou sistematicamente vulnerabilizados.

Parágrafo único: Grupos temáticos ou sistematicamente vulnerabilizados, para fins dessa


Resolução, tratam-se de grupos, sujeitos, subjetividades e identidades que historicamente foram
submetidos às relações de dominação e à condição de invisibilidade e que, por isso, apresentam uma
agenda de mobilização política e, também, grupos, sujeitos e identidades que, de forma emergente,
são invisibilizados ou desqualificados em discursos por não apresentarem características e experi-
ências hegemônicas.

Art. 5º - A indução da articulação e modelagem das redes de proteção e promoção de direitos


deverá ser realizada a partir da realização de parcerias com instituições governamentais e não
governamentais com vistas a fomentar a responsividade nas tratativas aos casos de violências.

Art. 6º - A incidência política (advocacy) da pauta de Direitos Humanos deverá ser feita a partir
da disponibilização de repositório de conteúdos qualificados em Direitos com vistas a fomentar
debates capazes de induzir deslocamentos de culturalidade para formação de juízos morais mais
inclusivos de identidades e subjetividades humanas.

CAPÍTULO II
Das ferramentas do Sistema Estadual de Redes em Direitos Humanos

Art.7 º - O Sistema Estadual de Redes em Direitos Humanos terá como ferramentas:

I – Sistema Integrado de Monitoramento e Avaliação em Direitos Humanos – SIMA;


II - Plataforma web Portal SER-DH.

Art. 8º – O Sistema Integrado de Monitoramento e Avaliação em Direitos Humanos – SIMA –


terá como finalidade sistematizar metodologias de registro, monitoramento e avaliação de casos de
violação de Direitos Humanos e metodologias de indução de ações de promoção em Direitos Huma-
nos atentas às especificidades locais e regionais mineiras e a todas as normatividades nacionais e
internacionais de direitos Humanos de Minas Gerais e, como objetivos.

I - Melhorar a integração entre as redes de proteção e promoção de direitos e aperfeiçoar o


controle e a responsividade dos órgãos e serviços do Estado;

II – Identificar e mapear a incidência de violências em Minas Gerais, nos níveis estadual, muni-
cipal e regional;

III – Gerar informações de qualidade que subsidiem o planejamento, a execução e a gestão de


estratégias voltadas para proteção e promoção dos Direitos Humanos;

IV – Gerar informações para subsidiar as ações de apoio técnico e capacitação realizadas


pelo governo estadual para as equipes municipais de proteção de Direitos Humanos.

Art. 9º - O Portal web SER-DH terá como finalidade a promoção das pautas de Direitos Huma-
nos, a divulgação de dados abertos sobre violência e violações de Direitos Humanos cadastradas no
SIMA e a divulgação de experiências, materiais técnicos e materiais acadêmicos que fomentem as
discussões em Direitos Humanos.

CAPÍTULO III
Das parcerias

Art. 10 – As ferramentas do SER-DH poderão ser utilizadas por órgãos governamentais, não
governamentais e empresas privadas, de forma gratuita, por meio da realização de parcerias com a
Sedese.

Parágrafo primeiro: As parcerias para utilização das ferramentas do SER-DH terão processo
simplificado, regulamentado pela Sedese.

Parágrafo segundo: Fica assegurada à Sedese a utilização e publicização de dados de violên-


cia não sigilosos registrados no SIMA, de indicadores vinculados aos casos de violência e de relató-
rios de análise das violências e violações de direitos cadastradas por parceiros.

Parágrafo terceiro: Os profissionais juridicamente responsáveis pelos equipamentos gover-


namentais e não-governamentais e entidades privadas parceiros que utilizarem o SIMA, deverão
firmar termo de responsabilidade acerca do sigilo das informações prestadas.

Parágrafo quarto: Serão considerados sigilosos os dados de identificação civil das pessoas
em situação de violência, os dados de identificação civil dos potenciais violadores cadastrados no
SIMA e os dados de identificação civil dos responsáveis pelos atendimentos aos casos de violência.

Parágrafo quinto: Os parceiros poderão contribuir com envio de conteúdo e obras para o
Portal SER-DH, cabendo à Sedese a avaliação e a decisão sobre a publicação.

Parágrafo sexto: Em nenhuma hipótese será publicado conteúdo ofensivo à dignidade da


pessoa humana, aos Direitos Humanos, ao Estado Democrático de Direito e com caráter eleitoral.

Art. 11 – Competirá aos parceiros do SER-DH realizarem ações permanentes e articuladas


com órgãos governamentais e não-governamentais, com o objetivo de construir fluxos de encami-
nhamento para a tratativa dos casos de violência e de violações de direitos e criar estratégias para
impedir a subnotificação e a revitimização dos sujeitos em situação de violência e de grupos em situ-
ação de vulnerabilidade.

CAPÍTULO IV
Das disposições finais

Art. 12 - Os casos omissos desta Resolução serão tratados pela Sedese, amparados nas
normas aplicáveis e nos princípios da Administração Pública.

Art. 13 - Esta resolução entra em vigor na data da sua publicação no Diário Oficial.

Belo Horizonte, 06 de maio de 2021.

Elizabeth Jucá e Mello Jacometti

Secretária de Estado de Desenvolvimento Social

Acesse o Portal SER-DH:


serdh.mg.gov.br
https://serdh.mg.gov.br/

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