Você está na página 1de 6

UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA – UNESP

CÂMPUS DE ASSIS

ADAPTAÇÃO DO CONTO “VANKA” - TCHEKOV


PARA TEATRO

ELABORAÇÃO DAS ALUNAS


TARSILIA F. P. GOES
JULIA R. YAMASSAki
JÉSSICA AKEMI AOKI

ASSIS
2023
CENÁRIO

Casa do sapateiro:
- prateleira
- formas de sapatos
- ferramentas
- banco (tamborete)
- pena enferrujada
- folha de papel amassada
- frasco de tinta
- vela

Figurino:
- roupas de camponês trabalhador
- sem sapatos

Tempo/espaço:
- casa do sapateiro, onde Vanka Jukov, um menino de 9
anos que fora deixado com Aliákhin, para aprender o ofício. Era noite de Natal.
VANKA SE SENTA DE JOELHOS, COLOCA O PAPEL EM CIMA DE UM
BANCO E COMEÇA A ESCREVER, DITANDO PARA SI MESMO EM VOZ
ALTA. ANTES, OLHAS PARA PORTAS E JANELAS ESCURAS, COM
EXPRESSÃO ASSUSTADA.

- Querido vovô Constantin Macáritch...Desejo que seu Natal seja abençoado.


Não tenho mais meus pais, mas sei que tenho a você, por isso te dedico essa
carta.

VANKA OLHA MAIS UMA VEZ AS JANELAS ESCURAS E VÊ APENAS O


BRILHO DA CHAMA DA VELA E, COM AS MÃOS , UMA EM CADA FACE E
COTOVELOS APOIADOS NO BANCO. IMAGINA:
“carta-canção”
é um velho vivo e ligeiro, magro e miúdo
sessenta e cinco, risonho sempre de tudo

passa o dia dormindo e na criadagem


graceja à noite enrolado em seu casaco
p’ras cozinheiras caminha na safadagem
a velha Kaschtanka atrás dele e faz buraco

cachorro Viun de corpo comprido


como jesuíta ele rouba galinha
passa na frente em silêncio perdido
vô ri beliscando a mulherada da cozinha

Kaschtanka e Viun lado a lado n’aldeia


meu vô Constantin sob estrelas passeia

E fuma’çaos fiapos no telhado mudo


Meu vô Constantin sempre risonho de tudo
FOCO NO ROSTO DE VANKA, QUE SUSPIRA FORTE, MOLHA A PENA E
CONTINUA A ESCREVER:

- Ontem, vô Macáritch, eu apanhei. Só porque adormeci enquanto estava


balançando o filhinho do patão, no berço. Ele me castigou e todos riram, todos
os aprendizes como eu. Eles me mandam comprar vodca e roubar pepino dos
patrões, depois sou surrado com o que estiver na frente. Ah, vovô, você não
imagina tudo o que eu sofro, mas tenho certeza que virá me buscar...deixa
você ler essa carta!

VANKA SOLUÇA ESFREGANDO OS OLHOS. Entra a


“canção de lamento”
vou te preparar, vovozinho
teu rapé e vou rezar, pois sou
a te encontrar, o teu netinho
e teu pé eu vou calçar, eu vou

pode me espancar que eu rio


não é pior que ‘só o pão’
manhã e noite, sem dar pio
sopa de repolho não me dão

me leva pra aldeia contigo


me livra da cova que vou ter
engraxo botas, vozim amigo
sapatos aprendo a fazer

DE ROSTO MAIS LÍVIDO, COM UM MEIO SORRISO, CONTINUA:


-Vô, querido, você me compra um presente e coloca no pé da árvore dos
patrões? Quero uma noz dourada dentro de um bauzinho todo verde.

SUSPIRA FUNDO E OLHA PRA JANELA COM EXPRESSÃO DE


MELANCOLIA LEMBRANDO DO TEMPO FELIZ EM QUE VIVERA JUNTO DO
AVÔ, DIZENDO:
- Me leva daqui vovô! Não aguento mais, vou morrer se você não vier me
buscar! (em soluços)

O CENÁRIO ESCURECE. (MUDA O CENÁRIO PARA UM LUGAR ESCURO


DE NEVE) - ENTRA A “canção do sono-esperança” E O PALCO VAI SE
ILUMINANDO VAGAROSAMENTE FOCANDO O CORPO DE VANKA
DORMINDO NO MEIO DA NEVE.

“canção do sono-esperança”
em quatro, a folha é dobrada
adentro envelope, escrita
triste não foi endereçada
pro meu avô d’aldeia – explica

terminou o que pretendia


sem que se interrompesse
sem atrapalhar o que escrevia
que esperança florescesse

em nome do avô ele deixou


na primeira caixa que achou
mais tarde, nem se sabe de que jeito
dorme Vanka - esperança no peito

sem acalento algum


sonha fogão, avô, Viun
repousam todos num
momento d’esperança
só de ‘um’

Você também pode gostar