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O Inferno e o Paraíso: The First Maker

Gramado - Rio Grande do Sul, Brasil. Tempos atuais.

" O Paraíso não existe, no entanto, o inferno é real."

Esta é a frase que assombra meus pensamentos desde a minha infância, e quem
a criou? Não poderia ter sido ninguém além de mim, afinal eu sou o único capaz
de enxergar o que todos não podem ver, o único que pode vislumbrar essa
verdade, carrego esse fardo. No entanto, por ser o único que enxerga isso,
também sou o único que pode transformar essa verdade, e torná-la mentira, eu
carrego esse fardo.

Enquanto caminho pelas calçadas de Gramado - Rio Grande do Sul, ouço o


gargalhar das folhas de algumas árvores e imediatamente olho na direção de
onde vinha o som, naquele momento passei a encarar as folhas caindo e
lembrei-me de meu passado.

Gramado - Rio Grande do Sul, Brasil. 15 anos atrás

Eu estava observando as folhas de uma das árvores do templo, as folhas caiam e


o vento soprava como uma brisa leve, eu fechei meus olhos e senti o frescor. De
repente a paz e o silêncio são quebrados com o deslizar da porta atrás de mim,
que se abria e do outro lado dela saia minha mãe. – Vamos meu filho, já está na
hora. – Disse ela enquanto esboçava um doce sorriso em seu rosto, mas que pra
mim era algo amedrontador. Eu me levantei, me aproximei dela e disse em um
tom sereno – Sim mamãe, vamos. – Nós então caminhamos até o salão
principal dentro do templo, ao entrar pela porta vejo centenas de pessoas
ajoelhadas de frente para mim, então caminho até um altar onde eu também me
ajoelho porém de frente para todos eles. Eu os observava de cima enquanto eles
começavam a me venerar e abaixar suas cabeças. – Vamos começar a devoção
de hoje, primeiramente paguem por sua entrada ao paraíso. – Dizia minha mãe
enquanto todos retiravam dinheiro de seus bolsos, logo começavam a entregar o
dinheiro para meu pai que o recolhia com um grande saco que a cada segundo
se enchia mais e mais com o dinheiro daqueles devotos.
Após recolher o dinheiro de todos, vejo meu pai no fundo do salão fazendo um
sinal com as mãos, indicando para minha mãe que poderíamos começar.
– Muito bem, daremos início a devoção de hoje, todos podemos começar. –
Após essas palavras ditas por minha mãe, todos abaixaram a cabeça até encostar
suas testas no chão de madeira refinada do salão, então começaram todos a dizer
palavras, alguns começavam uma canção já outros emitiam apenas alguns sons
que se encontravam em harmonia.

Eu sabia o que eu deveria fazer, basta que eu fizesse o de sempre e tudo ficaria
bem, mas eu não queria fazer, queria que toda aquela farsa acabasse, sempre que
eu fazia aquilo eu sentia dores de cabeça, até mesmo começava a enxergar
coisas, eu já não sabia mais o quanto eu aguentaria, eu olhava para todos ali e só
conseguia pensar: "Tolos, o paraíso não existe". De repente sinto minha mãe
beliscar meu braço com força, porém de forma sutil, então ela dizia de forma
que somente eu escutasse – Vamos o que pensa que está fazendo? Faça aquilo
de uma vez! – então eu a encarei por alguns instantes sentindo a dor em meu
braço, logo puxei meu braço fazendo com que ela o soltasse, sem muita escolha
eu suspirei e comecei a fazer sinais com as mãos, não demorava muito e meus
olhos começavam a brilhar em diversas cores diferentes, uma luz forte era
emitida deles e vagava por diversas cores diferentes.

Logo todos levantaram a cabeça admirando o brilho em meus olhos,


continuaram a me adorar e de minhas mãos saíram correntes elétricas que
brilhavam em diversas cores assim como meus olhos, essas correntes passavam
pelo corpo de cada um deles sem os ferir e logo cessava. Todos me olhavam
maravilhados mais uma vez, mas eu não sentia nada, apenas angústia e medo,
mamãe e papai pareciam felizes enquanto encaravam a bolsa de dinheiro e logo
todos mais uma vez começavam a ir embora após "mais um passo em direção ao
Paraíso"

Eu fazia isso todos os dias, papai e mamãe enriqueciam com as habilidades que
eu tinha e que nem eu mesmo sabia de onde vinham ou como eu sabia as
utilizar. Eu sentia minha sanidade chegando ao limite toda vez que eu fazia
aquilo, era como se eu perdesse um pedaço de mim a cada vez que eu usava
meus dons, minha cabeça doía e minha pele coçava, mas mamãe e papai não se
importavam, apenas queriam mais dinheiro e se eu não os desse o que queriam
coisas ruins aconteciam.
Felizmente, enquanto eu caminhava para mais uma devoção, desta vez uma que
acontecia tarde da noite, eu comecei a escutar gritos vindo do salão principal do
templo, fui até lá entender o que está a acontecendo e então eu vi. Uma criatura
grotesca atacava a todos e estava com o corpo de minha mãe em sua mão com
as garras a atravessando e com o corpo de meu pai em sua mandíbula. As
pessoas gritavam e esperavam tentando abrir a porta do templo mas ela está a
totalmente fechada, derrepende vejo a criatura olhar em minha direção, eu não
estava triste pela morte dos meus pais, na verdade aquela cena de alguma forma
me confortava, eu passei a admirar aquela criatura por alguns instantes, mas de
repente sinto ela me acertar com força me jogando contra a parede, ali percebi
que ela iria trazer o meu fim, mesmo assim eu não deixava de admira-la.

Eu não queria morrer, então naquele momento comecei a fazer os sinais, meus
olhos novamente tomava aquele brilho que variava entre milhares de cores,
então das minhas mãos saia aquela carga elétrica, mas muito mais poderosa do
comum ela acertou a criatura e se expandiu por todo o salão matando todos
aqueles adoradores que gritavam ainda mais alto enquanto seus corpos
derretiam com a energia. Aquela, aquela foi a primeira vez onde me senti bem
usando o meu dom, fiquei maravilhado novamente, mas quando me dei conta a
criatura ainda não havia morrido, ela resistiu ao ataque e quando ela estava
prestes a trazer o meu fim, um homem com uma espada apareceu cortando a
criatura em dois pedaços e me salvando.

Gramado - Rio Grande do Sul, Brasil. Tempos atuais.

Desde aquele dia onde Siegus me salvou, eu entrei para ordem, ele me ensinou
tudo que sei e como utilizar melhor minhas habilidades, me mostrou o
Paranormal e me fez entender o que eu era, de alguma forma eu nasci exposto
ao Paranormal e por isso sempre fui tão diferente dos outros, graças. Siegus eu
pude conhecer o paranormal e entender o meu objetivo. O Paranormal é
maravilhoso, eu preciso chegar ao outro lado, alcançar 100% de NEX e me
tornar uma divindade poderosa o bastante para tomar todos o Paranormal e criar
eu mesmo o paraíso, onde somente os que merecerem entraram, aqueles que não
forem dignos serão punidos, ou com a morte, ou permanecendo no inferno, o
mundo em que vivemos.

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