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Coberturas

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Esportivo
Copa do Mundo Fifa

Responsável pelo Conteúdo:


Prof. Esp. Jesse Nascimento

Revisão Textual:
Prof.ª Dr.ª Selma Aparecida Cesarin
Copa do Mundo Fifa

Nesta unidade, trabalharemos os seguintes tópicos:


• Eliminatórias da Copa do Mundo;
• Relacionamento com Jogadores,
Dirigentes e Comissão Técnica da Seleção;
• Direitos de Transmissão;
• Credenciamento;

Fonte: Getty Images


• Os Bastidores da Copa do Mundo;
• As Limitações da Cobertura Esportiva;
• Zona Mista;
• Entrevista Coletiva;
• IBC;
• Estratégia de Cobertura.

Objetivo
• Entender como funciona a dinâmica de Cobertura Esportiva na Copa do Mundo da FIFA e
procurar mostrar como é um pouco dos bastidores da Competição, desde as eliminatórias
até uma partida de um dos maiores eventos do mundo.

Caro Aluno(a)!
Normalmente, com a correria do dia a dia, não nos organizamos e deixamos para o úl-
timo momento o acesso ao estudo, o que implicará o não aprofundamento no material
trabalhado ou, ainda, a perda dos prazos para o lançamento das atividades solicitadas.
Assim, organize seus estudos de maneira que entrem na sua rotina. Por exemplo, você
poderá escolher um dia ao longo da semana ou um determinado horário todos ou alguns
dias e determinar como o seu “momento do estudo”.
No material de cada Unidade, há videoaulas e leituras indicadas, assim como sugestões
de materiais complementares, elementos didáticos que ampliarão sua interpretação e
auxiliarão o pleno entendimento dos temas abordados.
Após o contato com o conteúdo proposto, participe dos debates mediados em fóruns de
discussão, pois estes ajudarão a verificar o quanto você absorveu do conteúdo, além de
propiciar o contato com seus colegas e tutores, o que se apresenta como rico espaço de
troca de ideias e aprendizagem.
Bons Estudos!
UNIDADE
Copa do Mundo Fifa

Contextualização
O estudo da Unidade vai mostrar ao aluno um pouco de como funciona a sistemática
em relação à cobertura de Copa do Mundo. É com base na experiência de repórter,
apresentador, narrador e chefe de redação que espero contribuir com esclarecimentos
importantes relacionados a um dos maiores eventos esportivos do mundo.

Estar na cobertura da Copa do Mundo significa o ápice da carreira para o jornalista


que cobre Futebol. É o reconhecimento de que tudo convergiu para que o momento
chegasse. Agora é ir ao evento e colocar em prática aquilo que foi apreendido ao longo
do tempo.

Eu procuro ser justo na análise de quem deve estar ou não em um evento desse porte.
Seria ideal que o Sistema adotasse o mérito, mas, certamente, não é o que será visto em
boa parte dos Veículos de Comunicação, infelizmente.

Muitas vezes, o bom profissional fica à parte do processo e o amigo do Chefe ou


mesmo o Chefe embarca para a missão. O resultado daí não será dos melhores.

Você ainda saberá como funciona a logística de transmissão e o que pode e não pode
durante a Copa do Mundo.

Mais não pode do que pode...

E se você não sabe, saiba a partir de agora, que a Copa do Mundo é um evento feito
para as Emissoras de televisão, que pagam verdadeira fortuna para transmitir o mundial.

Enfim, nada exime o jornalista ao longo do tempo de ser diferente, buscar fonte e
fazer relacionamentos que serão pontes importantes na cobertura de um evento como
a Copa do Mundo.

Nada substitui a investigação dos fatos de forma profunda e apartidária. A ética, nes-
se ponto, também é tema crucial e deve ser observada com extremo rigor.

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Eliminatórias da Copa do Mundo
A Copa do Mundo FIFA, na realidade, começa com a disputa das eliminatórias, que
são jogadas em cada Continente. Ao longo de dois anos, as Seleções nacionais se en-
frentam para saber quais são as melhores Seleções, que irão à fase final da competição,
que é chamada Copa do Mundo.

Ao contrário da Copa do Mundo, até as Eliminatórias de 2018, não havia a necessi-


dade de compra dos direitos de transmissão para Rádios e Portais de Internet, mas as
TVs precisavam ter os direitos para a exibição dos jogos.

Em TV aberta, a Globo foi que transmitiu os jogos, mas na TV fechada, a disputa


era mais acirrada, vez que cada Federação Nacional negociava os direitos de transmis-
são como bem entendesse. Por exemplo, a ESPN poderia transmitir um jogo do Brasil,
como visitante, porque a negociação fora feita com a Federação de outro país e não
com a CBF.

Como os jogos da Seleção Brasileira sempre acontecem isolados, não havendo a


ocorrência de outro evento de Futebol no país, no mesmo dia de partidas eliminatórias,
todos canalizam as atenções para tal jogo.

É natural que as emissoras de Rádio transmitam a partida (99% das emissoras de rá-
dio fazem o evento off-tube), vez que não precisam pagar pelos direitos de transmissão.

Para a transmissão de tais jogos, existe uma preparação, que é feita ao longo da
semana de cobertura com a Seleção Brasileira e que envolve alguns pontos básicos da
Cobertura, respeitando a característica de cada Mídia.

Rádio
Não perde a característica da agilidade na informação. As Emissoras Radiofônicas
costumam ter Programas Esportivos diários e a atenção para as coisas da Seleção é
aumentada, de acordo com a importância do evento e do jogo.

Ao longo da cobertura dos jogos da Seleção pelas Eliminatórias, o repórter prepara o


material que será usado no dia da realização da partida (geralmente os jogadores ficam
reunidos durante 10 dias. Eles se apresentam em um domingo ou segunda e ficam até
quarta ou quinta da semana subsequente).

A profissionalização do Futebol trouxe limitações à maioria dos repórteres que acom-


panham a Seleção, haja vista que a chamada Zona Mista, com entrevista coletiva, virou
padrão no dia a dia de Cobertura do time canarinho.

É possível agendar entrevistas exclusivas com as assessorias dos jogadores ou mesmo da


CBF, mas não conte com isso, caso você não tenha um bom relacionamento com as partes.

Relacionamento é tudo, abre portas, principalmente no meio Rádio, que é visto como
patinho feio da Cobertura.

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A organização no meio Rádio, e não só nele, pode render boas pautas. Para quem é
setorista da Seleção, ser organizado rende matérias exclusivas.

Quando eu fazia a cobertura do time brasileiro nas eliminatórias da Copa da África


do Sul, eu tinha um arquivo separado com cada fala dos jogadores e Comissão Técnica
ao longo da competição.

Com essa espécie de Banco de Dados, eu estava pronto para contradizer qualquer
fala de personagens do time, ou mesmo trazer à tona um detalhe que fora dito dois anos
atrás, que é o período de disputa da competição. Enfim, eu tinha um arquivo que todos
poderiam ter, mas tenho certeza que ninguém se dava ao trabalho de fazer isso.

Eu consegui enfoques diferentes ao longo da trajetória de cobertura da Seleção gra-


ças a isso.

TV
As Televisões, de forma geral, não têm os Direitos de Transmissão do evento. A úni-
ca Emissora aberta que possui os direitos é a TV Globo. Na TV fechada, os direitos
de transmissão foram adquiridos pelos canais SporTV, FOX Sports e, às vezes, alguns
jogos eram adquiridos pela ESPN Brasil.

É evidente que os jornalistas da TV Globo gozam de privilégios e atenção especial da


CBF e dos jogadores. Falar com os jornalistas da referida Emissora significa ter grande
repercussão sobre determinado tema.

É compreensível que o alcance também seja maior e, por ser detentora dos Direitos,
também é natural que haja maior proximidade dos atletas com a Emissora. As entrevis-
tas exclusivas, portanto, são mais rotineiras do que em qualquer outro veículo.

A cobertura dos Canais de TV fechada segue o mesmo panorama, porém com me-
nor grau de “intimidade”, com jogadores e Comissão Técnica, mas, ainda assim, com
maior zona de influência em relação ao Rádio e a outras Mídias.

A cobertura nos Canais Esportivos e fechados em tempos de eliminatórias ganha


proporção diferenciada e tudo gira em torno da Seleção Brasileira. Aqui vale aquele di-
tado: “Quem tem mais garrafa vazia para vender”. Na TV aberta não muda muita coisa,
exceção feita aos jornalísticos da Emissora que passam a informar com maior destaque
os jogos da Seleção no período de disputa.

Portais
Trabalham com informações em tempo real e a construção do relacionamento com
jogadores e com o meio acontece ao longo da competição.

Têm dificuldades parecidas com as encontradas por jornalistas que militam no rádio.
A organização dos assuntos em um Banco de Dados pode significar matérias exclusivas
e de grande repercussão. Diante da concorrência com os demais meios, aqui, a aposta
é em Jornalismo Investigativo, vez que há muitos concorrentes focados no Hard News.

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Impresso
Os jornalistas precisam fugir do local comum e cavoucar informações exclusivas e
que lhes coloquem à frente de TVs, Rádios e Mídias Digitais.

É possível fazer uma Cobertura mais ampla e analítica. Um bom time de comentaris-
tas esportivos também atraí bom público para o Jornal impresso, mas, principalmente,
para as publicações on-line daquele impresso.

Entre as possibilidades da cobertura, não descarto o desenvolvimento de um podcast.

Relacionamento com Jogadores,


Dirigentes e Comissão Técnica da Seleção
O que vai balizar o bom trabalho do Jornalista Esportivo na cobertura de um evento
como Copa do Mundo é o relacionamento com os jogadores, dirigentes e comissão téc-
nica ao longo do período de preparação.

Óbvio que esse relacionamento com alguns ou com a maioria vem antes da Seleção,
uma vez que cada um desses profissionais tem um clube. Essa agremiação é, na maioria das
vezes, de um grande centro, como São Paulo, Rio de Janeiro, Minas e Rio Grande do Sul.

Os atletas que jogam fora do nosso país já passaram por Equipes de ponta antes
de estarem em Clubes renomados do Futebol internacional, e os jornalistas que faziam
a cobertura destes clubes cultivam algum tipo de relacionamento com eles. São laços
estabelecidos, muitas vezes, desde as categorias de base.

O relacionamento deve ser construído ao longo do tempo não só com jogadores, diri-
gentes e Comissão Técnica. Há todo o entorno que cerca a Seleção que ajuda o repórter
perspicaz, como devemos ser, a entender melhor a dinâmica de aproximação para ter
as melhores informações.

O roupeiro, o segurança, o agente de algum jogador, o familiar de algum atleta, o


motorista do ônibus e o melhor amigo podem ser uma fonte.

Em síntese, isso não ocorre da noite para o dia e também não acontece em contatos es-
porádicos. É preciso regar esse relacionamento para que ele dê frutos no momento certo.

O repórter vai saber até onde ele pode chegar nessa relação e avaliar, no caso dos
agentes do Futebol, se está servindo como isca para outros interesses, que fazem parte
do jogo, mas que termina quando a fonte exige algo em troca de uma notícia ou tenta
“plantar” uma notícia que não é verdadeira para beneficiar o cliente. Nesse caso, o jor-
nalista precisa, acima de tudo, ter ética e reavaliar o relacionamento.

Lembre-se de que durante o período de disputa da Copa do Mundo, muitas negocia-


ções envolvendo os jogadores de Futebol acontecem. Então, estar munido de boas fontes
pode valer ouro num momento como esse.

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Foi durante a disputa de jogos das eliminatórias para a Copa do Mundo da África,
que o meia Kaká foi negociado. Na ocasião, o Brasil faria um jogo em Recife e dias antes
Kaká, então meia do Milan, negociava para ser jogador do Real Madrid. A negociação
se concretizou antes da partida pelas eliminatórias e consegui desenvolver um bom tra-
balho, porque tinha relacionamento com as fontes.

Na ocasião, Kaká precisou passar por exames detalhados na capital pernambucana,


uma vez que, por causa de contusão de joelho, ele poderia não ser aprovado. Ele foi
examinado pelo médico da Seleção e também por um especialista de ortopedia em
Recife. Esse foi o pulo do gato. Descobrir quem era o médico e entrevistá-lo. A missão
foi cumprida com sucesso e de forma exclusiva. O médico em conjunto com os médicos
da Seleção Brasileira dera o aval para a transferência do jogador.

Não deixe para fazer essa aproximação com as fontes na última hora; caso contrário,
você até pode ir para a Cobertura da Copa do Mundo, mas ficará no lugar comum e
fará o feijão com arroz, no máximo. Ao invés de cumprir Tabela e ser coadjuvante,
invista no papel principal, mesmo que você não seja o escolhido para tal.

Direitos de Transmissão
A Copa do Mundo é um evento feito para a Televisão. É com base na comercialização
desse produto que a FIFA fatura bilhões de dólares. No Brasil, é o Grupo Globo (TV
Globo) que tem os direitos audiovisuais de todas as mídias, até 2022. Ele sublicencia os
direitos para outras TVs abertas, quando existe o interesse de outras Emissoras, para
TVs fechadas e para Rádios. Os valores não foram divulgados, mas se estima que girem
em torno de R$ 200 milhões.

Como detentora dos direitos, a Globo coloca para o Mercado audiovisual os valores
que são envolvidos na compra dos direitos. Nas últimas edições, ela transmitiu sozinha o
evento em TV aberta, porque não apareceu nenhuma Emissora com cacife para bancar
o que ela pedia para sublicenciar o evento.

As Emissoras de Rádio também pagam pelos Direitos de Transmissão, coisa que, por
exemplo, não acontece com os jogos do Campeonato Brasileiro, Copa Libertadores,
Paulista e Copa do Brasil.

Lembro-me da Copa do Mundo realizada no Brasil. Participei ativamente das nego-


ciações pela Rádio Globo de São Paulo, sendo que, na ocasião, as Rádios interessadas
na transmissão do evento precisariam desembolsar perto de R$ 1 milhão (valores consi-
derados vultosos para o meio Rádio).

As Emissoras tradicionais compraram os direitos de transmitir, mas não é só isso.


Tudo é cobrado num evento com essa dimensão.

O espaço estúdio no IBC (International Broadcast Center) custava, em média, o de


menor tamanho, seis mil dólares (falaremos mais a respeito do IBC à frente).

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A posição para a transmissão era paga, algo em torno de 500 dólares por pessoas.
Há também uma série de outras compras que podem ser feitas, no cardápio de transmis-
são elaborado pela FIFA com as parceiras, como linha de dados, linha telefônica, passe
para entrevista no campo, passe para entrevista no túnel de acesso para o vestiário,
ou seja, além de comprar os direitos de transmissão, as emissoras de TV e Rádio ainda
arcam com essas outras despesas extras. A ida ao estádio na Copa do Mundo ou ao IBC
é facultativa. Cada Emissora decide a melhor logística para a transmissão.

É possível comprar os Direitos de Transmissão, por exemplo, e transmitir os jogos do


Brasil, via off-tube. Caso queira o som internacional das partidas (ambiente e entrevistas
da FIFA), é preciso ter um estúdio no IBC para que o som seja enviado ao Brasil.

Como você pode perceber, é um evento altamente rentável para a FIFA. Estimativas
davam conta de que a Copa do Mundo da Rússia gerou receita da ordem de R$ 6,6
bilhões aos cofres da entidade somente com a negociação dos direitos televisivos.

Os detentores de direitos da Copa 2018 estão relacionados a seguir:


• TV: Globo, SporTV, Fox Sports;
• Rádio: Rádio Bandeirantes/BandNews FM, Rádio Gaúcha, Rádio Globo/CBN,
Rádio Itatiaia, Rádio Jornal, Jovem Pan, Rádio Nacional, Rádio Sagres, Rede
Transamérica, Super Rádio Tupi, Rádio Verdes Mares/Rádio Tamoio;
• Internet: Globoplay, G1 e Globoesporte.com.

Credenciamento
O credenciamento não é dado a todos os Veículos de Comunicação. Os detentores
de direitos têm as credenciais necessárias para uma boa cobertura. A liberação das cre-
denciais ocorre pelo grupo detentor dos direitos.

Na Copa do Mundo do Brasil, por exemplo, nem todos aqueles que tiveram creden-
ciamento solicitado para cobrir a Copa foram atendidos no Sistema Globo de Rádio.

O Credenciamento não confere a garantia de que o jornalista fará o jogo no estádio


ou entrará nele para acompanhar uma partida. Por exemplo, as Emissoras de Rádio
podem ter comprado o lugar do repórter, do comentarista e do locutor no Estádio. Esses
estão garantidos e irão trabalhar na partida, tendo o direito de reportar direto do local do
evento. Mas as Emissoras que não compraram a posição no estádio podem concorrer ao
sorteio da posição nas partidas. A preferência, nesse caso, é para a imprensa dos países
dos Times que estarão em campo.

Nesse caso, no entanto, o profissional sorteado pode ir ao estádio, devidamente


credenciado, de posse do ingresso da partida, e poderá acompanhar a partida como ob-
servador, sendo vetado que ele trabalhe na partida da posição em que está vendo o jogo.

Há fiscalização da FIFA quanto a esse aspecto e caso o jornalista seja flagrado fazendo
o que não deve, poderá ter a credencial confiscada pelo Comitê Organizador da Copa.

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O Credenciamento para Jornais, Revistas e Portais de Internet também é avaliado


e liberado conforme avaliação da FIFA em relação aos veículos citados. Por exemplo, o
Jornal X pode pedir 20 credenciais, mas a FIFA pode liberar apenas duas. Dificilmente,
a Entidade irá liberar toda a carga de credenciais solicitada.

A credencial é um primeiro requisito para a participação de eventos oficiais da FIFA,


mas sempre haverá um segundo meio para a validação desse primeiro, como a inscrição
em uma lista de espera.

Os Bastidores da Copa do Mundo


A Copa do Mundo é um evento cercado de bastidores. Imagine que durante um mês
toda a cúpula do Futebol esteja reunida num determinado país. É nesse contexto que
surgem muitas negociações envolvendo a transferência de jogadores para outros Clubes
e também decisões relacionadas a disputas futuras das sedes dos mundiais futuros.

A Copa do Mundo envolve os mais diversos interesses e quem fez o dever de casa
de se relacionar bem ao longo da carreira, certamente, conseguirá extrair boas notí-
cias e entrevistas.

Ao longo do tempo, é possível ter relacionamento com dirigentes da CBF, CONMEBOL


(Confederação Sul-Americana de Futebol) e o presidente de outras Federações nacio-
nais. A internet é um facilitador, nesse sentido. O jornalista precisa fazer a ponte nesse
relacionamento e 95% não fazem bem o meio de campo.

É fato que a Cobertura de um evento como esse requer vários jornalistas colocados
em frentes estratégicas. É óbvio que o Grupo Globo, pelo investimento que faz, tem o
maior número de profissionais, e que esses têm verba de produção para investir em ma-
térias bem produzidas e que significam, muitas vezes, a notícia em primeira-mão.

Portais de Internet e impressos de maior repercussão também sempre investiram


pesado na mão de obra ao longo do evento.

O “patinho feio” da história é o Rádio que, na maioria das vezes, tem equipe enxuta
para a cobertura do evento in loco.

O culpado de coberturas tão escassas de mão de obra no local do evento não é o


Mercado, que relega uma pequena fatia dos investimentos em publicidade ao meio, e
sim quem gere as Emissoras.

Na maioria das vezes, são diretores que não sabem a dinâmica do veículo, portanto,
se cair em uma Emissora de Rádio, não se assuste com os rumos das Emissoras. A visão
de Mercado e de novos produtos e Tecnologias não é o forte de muitos diretores. Hoje,
quem melhor gere o meio é a Rádio Transamérica de São Paulo, que tem equipe tercei-
rizada. As rádios Gaúcha, de Porto Alegre, e Itatiaia, de Belo Horizonte, também são
emissoras com visão de Mercado e que investem forte nesses eventos.

É claro que a notícia em primeira-mão é almejada por todo jornalista que está na co-
bertura da Copa do Mundo, mas o que importa é a notícia com qualidade e aprofundada.

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Nunca se esqueça da sua credibilidade!

Como destaquei, a notícia em primeira-mão não é da TV X, Y ou Z ou da Rádio A,


B ou C; é do jornalista que sabe transitar entre as fontes e avaliar com perspicácia aquilo
que lhe é falado.

Reconheço, entretanto, que estar em um veículo de renome pode ser um facilitador,


pode abrir portas, mas não é a questão primordial.

As Limitações da Cobertura Esportiva


Não se frustre, jornalista!

A Copa do Mundo FIFA, como dito, impõe uma série de restrições aos jorna-
listas esportivos.

Vamos dividir os tópicos em jornalistas com Direitos de Transmissão e jornalistas sem


Direitos de Transmissão.

Com Direitos
Os jornalistas têm acesso a todos os eventos oficiais da Copa do Mundo. Alguns,
claro, requerem o ingresso para Cobertura, além da credencial. Treinos oficiais, que
são determinação da FIFA, um dia antes do jogo, podem ser cobertos pelos jornalistas
credenciados, bem como as entrevistas que acontecem depois deles. Aqui se inserem os
jornalistas das TVs e Rádios com Direitos. Os jornalistas de Impresso e Portais Digitais
têm o direito ao credenciamento e também tem acesso nas mesmas condições, obede-
cendo ao acesso aos pontos, de acordo com o número marcado na credencial.

A FIFA sorteia os jornalistas de Impresso e Portais para os eventos, uma vez que não
há espaço para todo mundo nas Arenas.

Sem Direitos
Os jornalistas, cujos veículos não têm Direitos de Transmissão, não têm acesso aos
eventos oficiais e aos treinos oficiais e muito menos às arenas de jogo. O material de entre-
vista coletiva também não pode ser usado por quem não tem os Direitos de Transmissão.

Essa limitação imposta por normas da FIFA não é, no entanto, impedimento para
que Emissoras que não têm os direitos enviem os jornalistas à Copa do Mundo. É possí-
vel fazer um grande trabalho falando sobre o bastidor do evento, mas o chamariz é mes-
mo a presença dos craques do Futebol internacional que se reúnem a cada quatro anos.

Para a cobertura dos times nacionais, aqueles que não têm direitos recorrem ao cre-
denciamento com as próprias federações nacionais.

A CBF sempre tem uma credencial para treinos da Seleção e esta é válida para todas
as atividades, menos para os treinos e para a entrevista da FIFA, um dia antes do evento.

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Zona Mista
A Zona Mista é o local por onde todos os jogadores são obrigados a passar depois de
uma partida de Copa do Mundo. Caso algum jogador não passe pelo local, a Seleção
Nacional é multada, e o jogador também.

Na área de Zona Mista se concentram todos os jornalistas aprovados para a cobertu-


ra e é nesse local que acontecem entrevistas com os principais personagens do evento.
Caso o jogador não queira falar, ele passa reto; é um direito dele.

Na zona mista, é feito um circuito, por onde os jogadores passam. Primeiro são po-
sicionadas as TVs, depois as Emissoras de Rádio e, por fim, os jornalistas de Impresso
e Portais.

Entrevista Coletiva
As entrevistas coletivas são parte da rotina de cobertura de Copa do Mundo. Elas es-
tão distribuídas em todos os lugares e a todo momento. É a commodity da Copa e todo
mundo que comprou os direitos tem. Alguns trechos são aproveitáveis, mas o conteúdo
a ser levantado está mesmo fora desse ambiente, com a apuração dos fatos que ainda
serão inéditos.

Lembrando-se de que aqueles que não têm direitos não acessam as coletivas e não possuem
o direito de usá-las (Rádio e TV) em nenhum momento da cobertura, e nem mesmo após.

Nos dias de jogos, para aqueles que têm direitos, são entregues os cartões da Coletiva
e da Zona Mista. Para os demais jornalistas, acontece um sorteio. Geralmente, os passes
para a coletiva são em maior número, vez que este é um evento que acontece, geral-
mente, num auditório do Estádio que é palco da partida e comporta, portanto, grande
número de profissionais.

O tempo da entrevista coletiva também é delimitado pela FIFA. Não ultrapassa 15


minutos. Os perguntadores são escolhidos por ordem de pedido e a FIFA prioriza jorna-
listas dos países que se enfrentaram no jogo realizado. Os jornalistas de outras naciona-
lidades são os últimos a serem escolhidos.

IBC
O IBC é um gigantesco centro de transmissão, onde todo o aparato de Tecnologia de
transmissão da Copa do Mundo está montado.

Todas as Emissoras oficiais de Rádio e TV e os jornalistas credenciados têm acesso


ao International Broadcast Center. Os espaços no local são pagos, como dissemos.

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No IBC, as emissoras de TV e Rádio fazem a transmissão off-tube para o Brasil.
A maioria dos jogos é transmitido do local, por uma questão de logística e de custos.
Evidente, que a TV estará presente nas partidas mais relevantes, mas o Rádio não.
O Rádio pode até deslocar o repórter para as sedes mais importantes, mas locutores,
comentaristas e apoio técnico ficam no IBC, onde também chega o chamado “som in-
ternacional”, que é o som ambiente de todas as partidas realizadas no mundial. Então, o
locutor transmite do IBC como se estivesse no Estádio.

O IBC também reúne a mais alta Tecnologia em termos de transmissão.

Lembro-me de que estava na Rádio Globo, em 2002, às vésperas da Copa do Japão


e da Coreia do Sul.

Eu estava na transmissão de uma partida do São Paulo, em Itu. O Companheiro


Romeu César fora enviado como repórter para a cobertura da Copa. Quando o Romeu
entrou no ar pela primeira vez, direto do IBC, era como se ele estivesse ao meu lado na
transmissão, tamanha a perfeição do som dele. O som chegava a ser igual ou melhor do
que o dos estúdios da Emissora.

No IBC, também circulam as mais variadas personalidades e ex-jogadores de grande


renome internacional, mas não se empolgue com isso. Será no máximo uma foto.

Digo isso, porque eles poderiam ser usados como fontes e entrevistados, mas as
Emissoras de Rádio e TV não são bobas e fazem contrato com essas personalidades,
que o impedem de dar entrevistas durante a Copa do Mundo.

Estratégia de Cobertura
A estratégia de Cobertura deve acontecer pelo menos um ano antes. O planejamento
é fundamental nessas horas. Isso é de responsabilidade da Coordenação da Equipe nas
rádios e TVs. Deixar os profissionais o mais perto possível do IBC ajuda a logística e mi-
nimiza o cansaço dos profissionais, vez que podem ser percorridas grandes distâncias.

A Equipe que ficar perto da Seleção Brasileira precisa ter o conforto de estar no
mesmo hotel, se possível, ou então, o mais próximo para evitar desgaste desnecessário.

Eu digo que o planejamento deve ser feito com antecedência, porque os hotéis são
bloqueados pelas agências que tem parceria com a FIFA e fica impossível fazer algum
tipo de reserva se não for com antecedência. Uma prática de algumas equipes é alugar
um imóvel no local base da competição. Isso barateia o preço da viagem.

A oferta de voos também precisa ser vista com antecedência para fugir dos preços
absurdos praticados às vésperas da Competição.

O que não é possível prever é o local dos jogos a partir da segunda fase. Nesse caso,
é preciso que o planejamento bloqueie voos para determinados possíveis destinos e tra-
balhe com o administrativo para evitar perdas.

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Também é de responsabilidade da Coordenação decidir quais jogos serão transmi-


tidos no Estádio e quais são os profissionais que serão escalados em cada jogo, pelo
menos até a primeira fase.

A organização e o planejamento significam o sucesso da Equipe, que deve contar


com boa retaguarda no Brasil.

Aqueles que não tiveram a oportunidade de estar no evento, precisam saber que a
conduta deles é tão ou mais importante do que aqueles que foram à Copa. Parceria e
união nesse tipo de cobertura é fundamental.

Não se esqueça disso!

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Material Complementar
Indicações para saber mais sobre os assuntos abordados nesta Unidade:

Leitura
MINEIRATZEN, Seleção Brasileira e Imprensa: A Representação da Derrota das Derrotas na
Folha de S. Paulo e O Globo.
https://bit.ly/2YiPSoP
Três Estilos de Transmissão Televisiva em Três Copas do Mundo de Futebol.
https://bit.ly/2H9yUSy
O Papel do Jornalismo nos Megaeventos Esportivos.
https://bit.ly/2ZUK9XF
Desafios do Jornalismo na Era dos Megaeventos Esportivos
https://bit.ly/2vz364g

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