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Breves loucuras

VOLUME 1

Lana Machado

Copyright © 2019 Lana Machado


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9.610/98 e previsto pelo artigo 184 do Código Penal Brasileiro.
Para as garotas da minha ilha, CLM
Capítulo 1
TÉO

Ela estava olhando pra mim do outro lado da piscina. Com um


canudo preso entre os lábios vermelhos, ela estava olhando pra mim como se
pedisse para que eu me aproximasse.
Porra... Assim fica difícil de me controlar.
Tentei prestar atenção ao que os meus primos diziam, balbuciando
como imbecis depois das doses de whisky, mas não dava para manter a
porra da cabeça no lugar com aqueles olhos em mim durante a festa toda. Ela
ainda estava usando um vestido preto e, quando cruzava as pernas, eu sentia
uma necessita brutalmente de tirá-lo. Ela sabia que estava mexendo com a
minha cabeça desde que chegou e tudo o que os seus olhos faziam era
traduzir esse orgulho maldoso.
― Tá fraco hoje, heim, primo! ― Binho falou, batendo nas minhas
costas. Tirei os olhos dela para fitar o desgraçado. ― Vira essa porra de
uma vez! ― Ele apontou para o copo nas minhas mãos.
O whisky era dos bons, forte e antigo. Há alguns anos, eu e os meus
primos nos mataríamos para beber uma garrafa da despensa sem que os
nossos pais vissem. Uma vez tínhamos pegado um de dez anos, presente de
gringo, e a minha madrasta quase teve uma ataque quando nos viu na casa da
piscina entortando a garrafa no bico.
Mas aquela porra era forte pra caralho e, se eu fizesse o que o meu
primo insistia com os olhos, terminaria a noite chapado como ele.
― Não hoje ― eu disse, dando um último gole no whisky para
deixá-lo de lado.
― Porra, Téo! ― Léo pegou o copo para ele. O garoto era o primo
mais novo e mais cachaceiro dos Ferrero. Binho soube moldar o irmão
certinho durante esses dois últimos anos. ― Desperdiçar bebida assim é
pecado, meu!
― Que quê foi? ― Binho perguntou, abrindo um sorriso de canto.
Ele cambaleou um pouco na minha frente. ― Sua mulher não deixa? Fica
puta se você chapa?
Ao invés de responder o imbecil, peguei um cigarro do maço e
acendi, a fim de dar um descanso aos meus neurônios. Fazia tempo que eu
não comemorava o aniversário do velho Ferrero em uma festa com gente pra
caralho, na maioria, empresários e empresárias daquela região do Rio. O
meu pai já tinha me apresentado ou me feito rever todos os seus colegas e
amigos, e eu tive que escutá-lo repetir sempre a mesma apresentação:
― Esse é o meu mais velho, Téo. Fazendo Engenharia Mecânica na
federal do Rio Grande do Sul.
Então eu tinha que bancar o simpático enquanto me perguntavam
sobre a minha vida em Porto Alegre e evitar uma careta desconfortável
quando as mulheres mais velhas colocavam a mão no meu rosto e diziam
“mas como ele cresceu!”, “como ele está bonito!”, “ele já tem namorada,
porque a minha filha ia adorar conhecê-lo!”...
Era nessa parte que Binho e Léo chegavam na conversa: filha?
― Sofia é mó brother, meu ― Léo disse quando eu ofereci um
cigarro. ― Ela não é mulher de dar ordem, é?
Bem, depende muito do contexto...
― Não. Ela é tranquila ― respondi.
― Nem tanto ― Binho falou, encostando-se a uma cadeira antes que
acabasse caindo na piscina. ― Daquela vez me fez pagar quando eu disse
que mulher era ruim de sinuca. Nunca fui tão humilhado...
Eu podia me lembrar daquela primeira vez que eu e Sofia viemos
juntos para o Rio, depois das minhas irmãs fazerem chantagem emocional
com a gente. O meu pai, Roberta e Duda já a conheciam antes de nós dois
termos nos mudado de São Paulo, mas o resto da família, a minha madrasta,
tios e primos, a conheceram durante uma semana do meio do ano.
Todo mundo tinha gostado dela; para ser honesto, bem mais do que
gostavam de mim. Até Angélica, que costumava ser bastante seletiva quando
se tratava de pessoas, acabou caindo nos encantos de Sofia Müller, e uma
vez eu até a escutei dizendo para o meu pai:
― Como ele arranjou uma garota simpática desse jeito?
Eu poderia ficar aborrecido, mas tive que aceitar que essa era uma
pergunta boa pra porra.
Sofia gostava de ficar em família, e isso era algo que o meu velho
nunca teve comigo quando eu era adolescente, então, quando vínhamos para
o Rio, ela me persuadia a fazer todos os caralhos que eu nunca tive costume
de fazer com os Ferrero: jantares e almoços à mesa, tardes na piscina e praia
em família.
No começo, eu pensei que seria um porre fazer esse tipo de coisa. Eu
estava conversando mais com o meu pai, mas sabia que a minha madrasta
ainda guardava algum ressentimento do tempo que eu morava com eles e
aprontava pra caralho com os meus primos. Talvez, Angélica nunca fosse me
perdoar por ter colocado fogo no banheiro de visitas. No seu aniversário.
Enquanto ela recebia todas as amigas da alta sociedade...
Mas aquela primeira semana não fui ruim como eu imaginava. Eu
até... gostei de ter passado um tempo com os Ferrero, sem incendiar cômodo
algum da casa.
Além da minha madrasta, os meus primos e amigos da cidade
acabaram conhecendo a minha namorada e quase morreram por isso. Os
filhos da puta não tinham noção de realidade quando a viram pela primeira
vez... Puta merda, pareciam um bando de animais que nunca viram uma
mulher gostosa! Digo, caralho, eu sabia que todo mundo ia achá-la gostosa
pra porra, porque Sofia era, mas o mínimo que eles poderiam fazer era
fingirem que não estavam vendo.
A minha paciência acabou mesmo quando um amigo antigo, Rodrigo,
que eu nem tinha mais tanto contato, veio me perguntar como era fazer
espanhola nos peitos dela e comer a sua bunda redonda...
Aquele dia, eu só não matei o filho da puta porque Binho, Léo e o
resto dos meus amigos me seguraram. Eu fiquei tão puto que nem consegui
dormir à noite, mesmo que Sofia tivesse insistido para que eu só me
esquecesse do imbecil e cortasse qualquer tipo de contato.
― Amor, fica tranquilo ― ela disse naquele tom de voz doce que
costumava me acalmar, mas não naquele momento.
Claro, Sofia não tinha escutado o pior, sobre a parte de atolar o pau
no rabo dela tão forte igual a espada do Rei Artur, por isso não tinha ideia
do quanto eu queria ver sangue naquele dia. Binho e Léo disseram que
Rodrigo estava muito bêbado, que eu deveria desculpá-lo, mas isso não tinha
a ver com porre. Tinha a ver com filha-da-putagem.
Eu sabia que a minha namorada era gostosa, ninguém precisava me
afirmar isso.
― Eu avisei que ela era boa na sinuca ― eu disse a Binho,
empurrando as lembranças que só me deixavam mais estressado. Já estava
de saco cheio da festa e há quatro dias na seca, não precisava de mais merda
para congestionar a minha cabeça. ― Eu avisei pra não apostar o corte de
cabelo... ― Acabei rindo um pouco e Léo me acompanhou.
Naquele dia que Binho disse a Sofia que mulher não sabia jogar
sinuca, eu soube no exato momento que as palavras saíram da sua boca que
ele estava fodido na mão da minha mulher. Sofia era gente boa, tranquila...
até se sentir desafiada ou insultada.
O meu primo tinha um cabelo comprido desde os dez anos. Ele nunca
tinha cortado curto, muito menos raspado aquela porra até aquele fim de
tarde...
― Você acha que eu devo ser ruim, então? ― Sofia parou no meio da
varanda e botou as mãos nos quadris.
― Não ruim, mas você é toda delicada, prima... E mulher não
consegue ser objetiva na hora de bater nas bolas.
Eu poderia ter avisado ao meu querido primo que aquela garota foi
criada com um velho que fundou os botecos da sociedade brasileira. O avô
de Sofia, seu Oswaldo, era sinuqueiro com pacto. O homem não perdia uma
partida, nem mesmo quando eu pedia arrego...
Mas eu queria tanto raspar os mechinhas clarinhas do filho da tia
Joana que eu deixei o pau torar. Quando Binho me perguntou se Sofia era
boa, eu só balancei a cabeça em confirmação, mas não disse que, quando nos
conhecemos, ela arrancou a minha dignidade masculina em menos de vinte
minutos.
No decorrer no jogo, conforme Sofia encarapuçava as bolas ímpares
como se tivesse algum poder mutante, eu me perguntei se fiquei com aquela
expressão otária que Binho sustentava na primeira vez que joguei com ela.
Ao redor da mesa, havia gente pra caralho da família, o que foi pior quando
a minha namorada pegou a máquina de cabelo e ela mesma raspou os mechas
do meu primo.
Foi um dos melhores dias da minha vida familiar, sem sombras de
dúvida.
― Olha o que a prima fez comigo ― Binho falou, passando a mão no
cabelo curto. ― Nunca fui tão vítima de bulliyng como naquele dia...
― Ninguém mandou você falar aquele bagulho de objetividade nas
bolas ― Léo falou, rindo. ― Ela nem precisou de um taco pra acabar com
as suas!
Entrei na onda de risada por um instante, mas logo que terminei o
cigarro voltei a olhar para o outro lado da piscina.
Ela não estava mais lá.
Vasculhei o espaço todo da casa: os grupos de pessoas conversando,
as minhas irmãs se acabando no doce de festa, o aniversariante passando do
limite de bebida que a minha madrasta estipulou e garçons entregando
taças...
Dei um passo para o lado, estreitando os olhos, quando a enxerguei
entrando na casa da piscina: as suas mãos abriram sutilmente a porta de
vidro, enquanto o corpo no vestido preto sumia na escuridão.
Você sabe que eu vou atrás de você, não sabe, gostosa?
― Já volto ― eu disse aos meus primos, afundando a bituca do
cigarro no copo de whisky. Léo quase teve um enfarte.
― Ei, já, já vamô cantar o parabéns pra tio, primo ― Binho falou.
― Angélica pediu pra gente não sair daqui...
Hesitei por um momento, sabendo que a minha madrasta ficaria puta
se eu aparecesse bem agora, quando eu devia estar com o meu pai. Eu tinha
vindo ao Rio para isso, afinal, além de ter chegado há quatro dias para o
torneio de surf da Roberta...
Mas, puta merda, a casa da piscina estava vazia de convidados! As
luzes estavam apagadas e a única coisa que se movia lá dentro agora era o
corpo dela, naquele vestido preto que me deixava louco desde o minuto que
ela desfilou na sala com ele e me perguntou: ficou bom?
O inferno foi concordar que estava bom e não poder fazer nada para
tirá-lo e ficar ainda melhor.
Foda-se o parabéns. Roberta e Duda vão estar pulando ao redor do
velho Ferrero, ele nem vai perceber que eu saí...
― Já volto, porra... Vou só pegar uma coisa no quarto ― eu disse ao
meu primo.
Binho não demorou muito a entender o que estava rolando, porque eu
estava tão louco pra deixar a festa. Ele sabia que eu estava há quatro dias
sem foder e que isso nunca poderia fazer bem pra mim, que morava com a
minha namorada desde o começo do ano...
― Beleza, primo ― Binho respondeu, batendo nas minhas costas de
mim. ― Eu limpo a tua barra por aqui.
Assenti com a cabeça, batendo nas suas costas de volta, e saí voado
do meio dos meus familiares e amigos do meu pai. As minhas tias tentaram
me parar de novo para conversar, mas, agora, tempo era boceta, e eu
precisava daquela boceta o quanto antes...
Terminei de cruzar o espaço da piscina e, espiando ao meu redor,
entrei na varanda da pequena casa e abri a porta de vidro. Só dei espaço
para que eu meu corpo passasse e, logo que botei os pés na sala, fechei a
cortina para deixar tudo mais escuro.
Eu podia sentir o cheiro do perfume dela enquanto caminhava até o
meu antigo quarto, onde ficávamos hospedados. Além do cheiro de flor,
havia o cheiro da sua pele que apenas eu conhecia a fundo, e me imaginar
mordendo o seu pescoço, peitos, barriga e pernas já me deixava duro pra
porra naquele trajeto.
Eu vou tirar esse vestido preto de você, gostosa, como pensei em
fazer o tempo todo lá fora, com você me provocando...
Nem precisei tatear as paredes para caminhar apressadamente até
onde ela estava. Além de saber o caminho de cor, havia um vão claro saindo
da porta, denunciando a intrusa que estava lá.
Eu não conseguia pensar em mais nada além da putaria que eu somei
nesses quatro dias dormindo sozinho. Fazia muito tempo que eu não sentia o
vazio do outro lado do colchão e era tão estranho acordar no meio da
madrugada e não sentir o corpo dela ao meu lado nem o seu cheiro que eu
acabava descansando mal...
Nem consigo acreditar que finalmente vou te comer... Puta merda,
só de te imaginar nua agora, tremendo em baixo de mim, eu quero...
Gozar.
Gozar nas calças, sem ao menos tirar o pau da boxer.
Eu pensei que isso fosse acontecer quando eu a vi inclinada, com a
bunda empinada na minha direção, enquanto ela procurava por algo na bolsa
de viagem.
Ela não percebeu que eu estava atrás dela no mesmo instante, por
isso pegou distraidamente o que precisava na mala, uma presilha de cabelo,
e domou os fios que tinham crescido bastante desde que ela havia cortado
nos ombros. No momento que prendeu o cabelo, enxerguei a sua nuca um
pouco úmida, e quando ela gesticulou a mão para tirar um pouco da umidade
com o dorso, eu não consegui mais ficar tão distante dela.
Agarrei Sofia por trás, subindo as minhas mãos da sua barriga até os
peitos emoldurados no vestido e pressionando o meu pau na sua bunda, para
ela saber o quanto eu precisava do seu corpo. Sofia se assustou por um
instante, mas não demorou até reconhecer o meu toque, e se relaxou em mim,
entregando-se do mesmo jeito que se entregou na nosso primeira vez: eu sou
sua a partir agora, faça o que quiser comigo.
Porém, quando eu apertei os seus seios e investi uma mordida na sua
orelha, Sofia se distanciou um pouco dos meus braços para se virar para
mim. Havia um sorriso enorme nos lábios carnudos, enquanto os seus olhos
me encaravam com diversão.
― O que você tá fazendo aqui, Ferrero filho? ― ela me perguntou,
envolvendo o meu pescoço com os seus braços.
Senti os seus peitos se pressionarem contra mim e instintivamente
movi as mãos para a sua bunda, apertando-a até levantá-la um pouco.
Perfeito.
― Você me chamou ― eu falei, dopado de tesão.
Novamente, tentei uma investida: fui em direção aos seus lábios e
tentei contornar a parte da cama onde a mala de viagem não ocupava. Porém,
Sofia desviou os lábios dos meus e nos parou depois de dois passos.
― Eu não te chamei coisa nenhuma. ― Ele riu.
― Claro que chamou ― eu insisti, franzindo o cenho. ― Você ficou
o tempo todo olhando pra mim do outro lado da piscina...
― E?
― E... ― comecei a responder, acompanhando as suas sobrancelhas
se levantarem sutilmente. Não adianta fazer a desentendida, Müller. Você é
a minha mulher. Eu conheço os seus olhares. ― A gente precisa um do
outro, linda ― eu preferi dizer, colocando uma mecha solta atrás da sua
orelha. ― Foi horrível dormir sem você esses dias...
A expressão divertida de Sofia se suavizou um pouco e a sua
respiração ficou um pouco pesada, de maneira que eu soube que as minhas
palavras tiveram efeito.
Só mais um “eu estou morrendo de saudade” e ela é minha...
― Eu tive que apresentar trabalho e fazer duas sessões de foto, amor.
Queria ter vindo antes, para o torneio da Roberta... ― ela começou a dizer.
― Eu sei ― respondi, movendo o meu rosto lentamente para
alcançar o seu. Beijei a sua testa, a bochecha e depois o lábios. ― Nunca
mais venho sozinho. ― Tentei fazer uma expressão miserável que merecia
um boquete.
― Ah, que marra! ― Sofia respondeu, rindo. Em seguida, quando eu
pensei que ela fosse pender na minha direção, a minha namorada tirou os
braços de mim e caminhou em direção à mala para fechá-la. ― Depois que a
festa terminar e os convidados forem embora, a gente vem para o quarto de
novo, tá? ― ela falou como se aquilo pudesse me consolar agora. ― Eu
trouxe a sua fantasia preferida... ― Sofia mordeu o canto do lábio, tão
deliciosa que eu senti o meu pau latejar de novo.
Só que imaginá-la naquela roupa de gata...
Puta que me pariu.
― Só deixa eu dar umas metidinhas, amor ― eu pedi.
― Metidinhas? ― Sofia perguntou.
― Cinco metidas... Depois mais dez...
― Téo...
― Já faz quatro horas que você chegou aqui, não dá pra esperar mais
― eu disse a ela, sincero. ― Você tá muito gostosa, porra!
Sofia riu um pouco, cruzando os braços no peito.
― Você é doente, Ferrero.
― Você também é, Müller.
Ela estreitou um pouco os olhos.
― Sério?
― Diz a verdade ― eu falei, aproximando-me dela ―, você tá me
provocando desde que essa maldita festa começou. Você sabia que eu ia
ficar de pau duro quando te visse com esse vestido, você sabia que eu não ia
poder te foder quando desfilou com ele na minha frente e na frente das
minhas irmãs e você ficou se divertindo às custas das minhas necessidades
humanas esse tempo todo ― acusei-a, abaixando o rosto para encará-la bem
de perto. ― A psicopata dessa relação é você, amor.
Sofia gargalhou, dessa vez, alto o suficiente para extinguir todos os
silêncios do quarto.
Escutar essa risada pelo celular era uma coisa. Escutar
pessoalmente, direcionada para mim, era outra.
Aquele som eufórico e livre era apenas uma maneira de atestar que
eu a amava, todos os dias, mesmo quando era difícil dividir um mesmo teto.
Até quando ela era chata pra caralho e ficava enchendo o meu saco para
guardar as minhas coisas, até quando ela surtava por motivos bobos e
quando era teimosa e afiada a ponto de me tirar do sério, eu não me
arrependia uma única vez de estar quebrando pau com a garota da excursão
de formatura.
― Tudo bem, eu confesso: te provocar é uma das minhas atividades
favoritas ― ela disse, colocando as mãos na gola da minha camisa. ― Mas
não sou só eu que mecho com as suas necessidades humanas... ― Sofia
entreabriu os lábios e então um botão da minha camisa para beijar a
tatuagem de astro que despontava no peito.
Puta merda... É agora. Vou te comer como um condenado às suas
pernas, gostosa.
― Deixa que eu resolvo isso ― disse, correndo, louco, na direção
dos seus lábios.
Porém, pela segunda vez, Sofia desviou do meu beijo. Assim: com o
coração de gelo e as pernas também, ela me negou o que tinha acabado de
sugerir.
Porraaaaaa...
― A festa do seu pai tá acontecendo lá fora, Téo ― ela falou,
distanciando-se um pouco. ― A gente vai voltar com que cara depois de ter
transado?
― Com caras felizes pra cacete? ― Gesticulei os braços.
Mas ela fez um careta, ainda que fosse verdade.
― Você que não dá, amor. Tá calor pra caralho, a gente vai suar, se
sujar e demorar... Todo mundo vai perceber.
― E daí?! Ninguém vai ter coragem de perguntar em voz alta!
― Mas o seu pai, a sua madrasta e, possivelmente, a Roberta vão
saber, e a última coisa que eu quero é que a sua família saiba que estávamos
trepando ao invés de comemorar com eles ― Sofia argumentou.
Porraaaaa... Porraaaaa mesmo.
Eu até poderia argumentar com a minha namorada, mas eu sabia que
entrar em uma discussão agora não me ajudaria em nada.
Como eu disse antes, tempo era boceta, e eu estava perdendo
enquanto não escolhesse um caminho a seguir.
Estava puto por ela ter me provocado apenas por diversão? Sim.
Estava com mais tesão por causa disso? Óbvio.
Por isso, eu decidi comovê-la como antes e apelar para o passado:
― Você se lembra daquela primeira vez que a gente terminou e você
foi atrás de mim até o Tribos? ― eu perguntei, usando um tom de voz
concentrado, enquanto tentava demostrar muita dor no coração ao invés de
senti-la no meu pau. ― Você estava usando aquele vestido vermelho, tava
gostosa pra caralho dançando na pista de dança e, quando e fui atrás de
você, você me deu um fora...
Sofia se desconcertou um pouco com a mudança de rumo da
conversa, mas eu percebi que os seus ombros caíram um pouco:
― Eu estava bêbada. E com ciúme ― Sofia argumentou.
― E eu estava com saudade ― eu contra argumentei. Isso a calou no
mesmo instante, deixando-a vulnerável, e foi nessa hora que eu me aproximei
de novo. Coloquei o polegar nos seus lábios, analisando a cor do batom
vermelho, imaginando aquela marca em mim daqui alguns segundos... ―
Quando eu fico longe de você assim, por dias, eu me lembro daquele
término, de quando eu pensei que te perdi pra sempre... ― apelei com força,
orgulhando-me do peito na minha frente que ficou pulsando. Continuei
encarando-a firme, enquanto ela me fitava de volta, pensativa. ― Te ver e
não te ter é o meu inferno, amor.
Não demorou muito para Sofia entreabrir os lábios e vir na minha
direção, sedenta pelo beijo que eu tentei investir antes. O seu gosto me
envolveu, assim como os braços, e, novamente, eu senti aqueles peitos
gostosos pra porra se pressionarem, duros, contra mim.
Bingo, porra!
Apressado pra caralho e correndo contra o relógio, eu empurrei a
porra da mala para o chão e a deitei na cama, como sonhei em tê-la nos
últimos quatro dias. As suas mãos avançaram para o meu rosto e Sofia
intensificou o beijo, abrindo as pernas para me envolver entre elas.
Gostosa... Tão gostosa nesse vestido... Acho que vou te comer nele
mesmo, só vou tirar essa...
― Lindo... ― Sofia suspirou, enquanto eu agarrava as suas coxas. A
carne suave me fez desligar conforme eu apertava-a para vê-la gemer,
arrepiando, mais um pouco. ― Téo...? Amor...
― O que foi? ― eu respondi apenas por impulso, já que a minha
boca estava muito concentrada em descer pelo decote do vestido.
― O que você acha de me ver primeiro, como daquela vez, no
chalé...? ― Sofia perguntou.
Aquilo chamou um pouco a minha atenção, mas eu afundei a boca no
início do seu peito e suguei a pele. Porém, Sofia agarrou os meus cabelos e
fez com que eu a olhasse, enquanto esfregava-se no meu pau, rebolando
lentamente.
― Qual vez? ― eu acabei cedendo.
― Quando eu me toquei pra você ― ela respondeu, passando os
lábios na boca, com respiração arfante. ― Você sabe o que eu sinto falta
quando me lembro daquele dia? ― Sofia perguntou, maliciosa. Gesticulei a
cabeça, trouxa. ― De você se tocando pra mim de volta... ― Em seguida,
tudo o que ela fez foi afastar o meu peito com a mão e, quando eu estava
longe do seu tronco, afastou-me com um dos saltos da sandália até que eu
ficasse de pé novamente. Fiquei vidrado na sua expressão safada e mais
ainda quando olhei para o meu peito sendo empurrado por aquele salto,
enquanto as pernas se alongavam. Puta que me pariu... Isso tá ficando
melhor do que eu imaginava. ― Deixa eu tirar o vestido pra você, enquanto
você se toca pra mim, lindo...
Ela estava pedindo autorização pra fazer um strip antes que eu a
comesse? Sério isso, porra?!
É por isso que você é a mulher da minha vida, Sofia Müller. Você
sabe como me deixar louco a ponto de suar quente.
― Claro que eu me toco, linda ― eu disse a ela, enquanto guiava as
minhas mãos até o cinto das calças. ― O que eu não faço por você, hum?
Sofia sorriu, meiga e, ao mesmo tempo, safada. Ela se ajoelhou no
colchão, enquanto me esperava tirar o cinto, abrir as calças e botar o meu
pau pra fora.
Segurei o meu cacete duro há minutos, sentindo a pressão do sangue
caminhar até a cabeça. Sofia o fitou com saudade, comprimindo os seios
com os braços ao se aproximar um pouco, e eu tive vontade de me masturbar
neles e fazê-la me chupar em seguida, ao invés de fazer a sua vontade...
Para de inventar putaria agora, Ferrero. Só faz o que ela mandou
de uma vez.
Fiz menção com os olhos para que ela tirasse o vestido preto antes
que eu começasse a tocar a punheta. Então Sofia se distanciou um pouco
novamente e começou a fazer um strip para mim, intercalando o olhar entre
os meus olhos e o meu pau.
Primeiro, ela moveu as mãos até o zíper do vestido, que ficava na
lateral do corpo. Depois de deslizar devagar, fazendo com que o tecido se
desprendesse um pouco, a sua mão foi para a alça, que até retirou até
revelar...
O peito nu.
O mamilo escurecido, duro e empinado...
Caralho...
Eu tinha ideia de que ela estava sem sutiã todo esse tempo, porque,
se soubesse, eu teria ficado três vezes mais fodido durante a festa.
Comecei a manusear o meu pau, conforme a sua mão envolvia o peito
para acariciá-lo. Aquilo estava tão bom que eu aumentei a frequência da
punheta logo de começo. Quando ela beliscou o próprio mamilo e um
gemido baixo saiu dos seus lábios, aquilo me incentivou a me aproximar
mais um pouco e colocar um dos joelhos na cama, para que ela visse mais de
perto como eu estava duro com aquela imagem.
Sofia era o ser mais lindo quando gemia, baixo, alto; era como a
porra de sereia cantando para me atrair para o fundo da água.
E eu estava louco para me afogar nela. Sempre.
― Seu pau é tão grosso, Ferrero ― ela disse, enquanto movia a mão
para a outra alça do vestido. O segundo peito se desenhou no seu tronco e,
no momento que Sofia abaixou o tecido, ela se levantou no colchão cama em
conjunto, deslizando o vestido até cair nos pés. ― Eu amo o gosto dele. ―
Sofia passou o língua por toda a extensão do lábio superior.
Ver aquela mulher apenas de calcinha e saltos em cima da minha
cama de adolescente fez a vida fazer sentido mais uma vez. Eu pensei:
caralho, tudo faz sentido agora, o meu pau está reencontrando a razão de
tudo neste quarto.
― Por que você não chupa, então, gostosa? ― eu perguntei a ela,
batendo uma punheta ferrada para aquele corpo mítico.
― Ah... A visão tá tão boa, amor ― ela disse.
― Sim... ― eu respondi, passando os olhos pelas pernas, a boceta
ainda escondida pela renda, a barriguinha lisa, os peitos pesados...
― Você sente falta de mais alguma coisa? ― ela perguntou, lendo os
meus pensamentos.
― A sua bunda ― eu falei. Estava começando a sentir o impulso de
gozar, as veias pareciam se multiplicar até a cabeça do meu pau, então
diminui a velocidade da punheta. ― Rebola daquele jeito pra mim, até o
colchão... Depois já fica de quatro, pra eu te foder bem forte, safada do
caralho.
Sofia sorriu ao escutar o xingamento.
― Eu sou sua safada do caralho? ― ela perguntou, fazendo um tipo
de biquinho com os lábios, como se pedisse por mais. Assenti com a cabeça,
engolindo em seco. Puta merda... Se você continuar assim, eu vou gozar na
minha mão e não dentro de você... ― O que mais eu sou sua, senhor
Ferrero? ― Sofia insistiu naquela nova provocação.
Ela fez uma carinha de insolente, a mesma que fazia há alguns meses,
quando estávamos estudando para o vestibular e ela bancava a aluna má.
Por sorte, a minha namorada era inteligente pra caralho, porque o
professor dela mexeu mais com a sua boceta do que com os números...
Sofia gostava de ouvir putaria, e eu adorava dizê-la:
― Você é a minha puta. Agora se vira pra mim.
Ela mordeu o lábio e fechou os olhos por um momento, deliciando-se
com o meu tom duro. Em seguida, Sofia fez o que eu mandei e se virou,
dando-me a visão daquela bunda gostosa do caralho que eu passei os últimos
meses esporrando e queria passar os próximos, meses, anos, vidas...
― Puta que me pariu, amor... Que gostosa ― eu falei, intensificando
o toque da punheta diante daquela bunda.
Esporrar nela seria bom, mas gozar dentro de Sofia, seria melhor. E
eu estava pouco me fodendo para o que estava rolando lá fora a esse ponto,
aqui, estávamos sozinhos, e eu precisava prová-la toda antes de gozar. Tinha
passado quatro dias sem a minha mulher, o meu corpo inteiro de contorcia de
vontade por ela, e a única maneira de honrar isso era comendo tudo o que
existia sobre Sofia até fazê-la gozar como a puta que se tornava na minha
cama, na nossa cama.
Sofia olhou para trás, por cima do ombro, enquanto eu continuava
manuseando o meu pau para ela. Depois, ela fez o que eu pedi antes: desceu
rebolando até o colchão, como se fosse movida por uma onda constante.
Eu jurava que podia escutar a música da praia tocando para ela
mover os quadris assim. Ela nem precisava de canção alguma para ressoar,
solta, leve, linda...
Quando chegou ao colchão, Sofia ficou de quatro, ainda olhando por
cima do ombro. Eu estava tão feliz, tão extasiando, que podia sentir o suor
de alegria transpirando no peito trêmulo. Aliás, tudo em mim ficou trêmulo:
boca, peito, pernas, mãos envolta do meu pau... Era tanto tesão que nem os
meus músculos conseguiam se estabilizar.
Eu sabia que você queria isso lá fora, tanto quanto eu. Eu sabia
que você não ia resistir ao que eu faço com você, minha safada.
― Tá gostosa, a punheta? ― Sofia perguntou.
― Tá... ― respondi, gesticulando a cabeça em conjunto com os seus
movimentos. ― Mas meu pau fica melhor dentro de você.
Falando isso, estendi a mão e espalmei a sua bunda para trazê-la
para mais perto de mim, do meu pau. Agora, era só remover a calcinha e
foder até o final, como eu quis fazer desde que a trouxe para a casa do
aeroporto.
― E a lembrança? ― Sofia perguntou enquanto se aproximava aos
poucos.
― Que lembrança? ― perguntei, muito distraído ao tirar a renda do
meu caminho.
― Do Tribos ― ela esclareceu. ― Você nunca deixou de me ter,
amor. Nem quando terminamos...
Apenas gesticulei a cabeça, sem conseguir tirar os olhos do seu
buraco quando abaixei a calcinha e encontrei a sua boceta. Eu podia sentir o
olhar de Sofia em mim, esperando uma resposta, mas concentrar a cabeça do
meu pau na sua entrada e foder logo era a única coisa que eu o meu cérebro
mentalizava neste momento.
― Eu sei ― foi o que respondi sem pensar.
Vou te comer tão gostoso agora... Vou me acabar nessa boceta,
você nem vai levantar da cama...
― Sabe?
― Sei.
Eu estava preparado apenas para me empurrar para dentro daquela
boceta quando Sofia se afastou tudo de novo no colchão. Os meus olhos
acompanharam-na se afastar, as minhas mãos se desconectaram da carne da
sua bunda e o meu pau ficou desamparado, como antes.
Mas o quê...?
― Você não tinha dito que pensou que me perdeu pra sempre? ―
Sofia perguntou, e a sua voz soou mais alto, de repente.
Tirei os olhos do meu pau duro, que esteve quase lá, quase... Então
olhei para a dona da bunda diabólica, e franzi o cenho:
― Hã?
Sofia fechou os olhos em mim, mas depois de analisar o meu rosto
confuso, ela começou a rir.
Gargalhar.
O som eufórico e livre...
Debochado pra caralho.
― Você não tem vergonha na cara, Ferrero? ― Sofia me perguntei,
saindo da cama. Em seguida, ela pegou o vestido preto que tirou minutos
antes para colocá-lo de novo. Puta merdaaaaaaaa! ― Usando do passado
pra me comer? ― ela indagou. ― Fazendo carinha de cachorrinho sem dono,
porque não consegue esperar umas horinhas? ― Sofia riu. De novo. ― Você
é muito psicopata, amor.
Eu queria entender o que estava acontecendo, mas não estava dando,
porque o meu pau ainda estava pensando no que poderia ter sido e quase
foi...
O que ela estava fazendo? Por que ela estava falando isso agora?
A gente não vai trepar, caralho?!
― Sofia, o que você tá fazendo? ― eu perguntei, vendo-a enfiar a
porra do vestido.
― Vou voltar pra festa, claro ― respondeu, sem se importar com o
pau que ela amava bem duro na sua frente. Pra ela. Todo pra ela!
― Voltar agora?!
― Antes do parabéns. ― Sofia ajeitou as calças do vestido. ― Se
você não estiver lá pra cantar, Angélica vai te matar. E as garotas vão ficar
tristes e o seu pai vai sentir a sua falta... ― Ela subiu o zíper.
Não... Não, não, não...
Nãoooooooooo.
Ela não me deixaria na mão agora, como naquela dia, no Tribos. Ela
era a minha mulher agora, morava comigo, porra... Sofia não tinha motivos
para se vingar do meu pau dessa maneira tão vil...
― O meu pau tá sentindo a sua falta! ― eu disse.
Mas ela riu de novo, como se eu fosse uma garoto bobo que espera
beijar a garota mais bonita da escola, mas acaba beijando o rosto do mãe, na
saída.
― E ele vai matar a saudade depois da festa ― Sofia respondeu,
ajeitando-se no vestido de novo. Ela arrumou o cabelo e depois pegou um
batom que estava no criado. ― Eu nem deveria deixar ele matar, porque
você me manipulou, Ferrero.
― Eu??? ― perguntei, indignado. Botei o pau dentro das calças,
porque ele já estava muito ferido a este ponto. ― Você tá louca, Sofia?!
Ela passou o batom vermelho de novo, olhando-se no espelho do
quarto. Sofia estava me ignorando mesmo, como se não houvesse saudade
alguma para matar, como se quatro dias longe de mim não tivessem sido
difíceis...
Qual é a porra do meu problema por ficar com uma garota que
gosta de me deixar na mão?!
Depois que Sofia terminou de se ajeitar, ela veio na minha direção,
simulando um sorriso doce. Por dentro, eu sabia que ela estava rindo como a
maldita súcubo que era, que veio ao mundo para roubar as minhas energias
vitais.
― Você matou um pouco da saudade agora, Téo ― ela falou, com a
voz calma. As suas mãos voaram para a minha calça, que ela fechou, sem
piedade. ― Vamos voltar pra festa, cantar parabéns e, depois que todo
mundo for embora... ― Sofia prendeu o cinto, sentenciando que era
definitivo: não vai rolar boceta, seu tempo acabou ― ... quando todo
mundo for dormir, eu sou toda a sua. Você vai poder fazer o que quiser,
quantas horas quiser, tá bom? ― ela falou, dando um beijo no meu rosto. ―
Eu também estava com saudade de dormir do seu lado.
Sofia acariciou o meu rosto, mesmo que eu quisesse que acariciasse
outra coisa, e caminhou até a porta do quarto, para sumir no escuro com o
vestido preto de novo.
Você vai poder fazer o que quiser, quantas horas quiser...
Agora que essa porra de festa não passaria nunca!
Capítulo 2
SOFIA

Quando eu fico longe de você assim, por dias, eu me lembro daquele


término, de quando eu pensei que te perdi pra sempre...
Puffffffffff!
Eu não podia acreditar que Téo teve a pachorra de jogar essa ladainha
pra cima de mim lá no quarto, apenas para me levar para a cama! Apenas
não podia acreditar na tamanha cara de pau!
Inacreditável.
O meu namorado estava subestimando a minha inteligência em análise
do discurso, ou melhor: o meu pós-doutorado em Téo Ferrero.
Eu não tinha conhecido o garoto problema ontem, eu já morava com
Téo há mais de um ano e, bem antes de namorarmos, eu sabia o quanto ele
poderia ser convencido.
Sabe o que o matou nesse discurso? Essa historinha cafona de "eu
pensei que te perdi para sempre", quando o emissor tem o ego tão grande
quanto o pau!
Naquela noite, no Tribos, quando eu fui atrás dele mesmo que
tivéssemos terminado, Téo sabia por que eu tinha ido até a casa onde ele
tocava. O convencidinho nunca pensaria que me perdeu, quando eu estava lá,
louca para chamar a sua atenção...
E agora ele me vinha com essa? Depois de séculos?!
Me poupe, né, Ferrero!
Antes de sair da cama para colocar o vestido de novo, eu até fiquei um
pouco indignada com a manipulação que o meu namorado tentou recorrer
para me convencer a fazer aquela loucura. Mas, no momento que olhei para a
sua expressão abobada e carente, uma crise de risos me invadiu, e eu, tola,
acabei ficando com dó do safado.
Caramba, eu também estava com uma puta saudade dele!
Nestes quatro dias que fiquei sozinha em casa, era desconcertante
chegar da faculdade ou do trabalho e não encontrá-lo na sala, estirado no
sofá, ou na cozinha, dando conta do nosso jantar. Era difícil não vê-lo no
escritório no final da noite, estudando, todo sexy com o cenho franzido e o
cabelo negro bagunçado de tanto passar a mão. Era solitário não encontrar o
seu sorriso descontraído durante o banho, quando íamos escovar os dentes
ou enquanto eu passava creme nas pernas e ele fazia a barba... Dormir sem
Téo era pior ainda, porque a cama ficava gelada e, mesmo que ele vivesse
implicando com o Gato, o nosso felino passava a madrugada toda olhando
para a porta, como se o seu dono fosse entrar a qualquer momento para
arrancá-lo da cama e se jogar em cima de mim...
Desde que entrei no avião mais cedo, eu não via a hora de ser
envolvida por aqueles braços, senti-lo em cima de mim, com os músculos me
pressionando contra qualquer coisa sólida. Quando o vi no aeroporto e corri
na sua direção, tudo o que eu queria fazer era empurrá-lo para qualquer
canto e subir em cima dele antes mesmo que perguntasse: como foi a
viagem?
Digo, diferente de Porto Alegre, o Rio de Janeiro era um lugar quente e
ensolarado, o que me deixou completamente maluca quando enxerguei o meu
namorado usando camiseta, de maneira que o braço tatuado e lindo ficava
exposto, e óculos de sol...
Puta merda, Téo Ferrero usando Ray Ban era pornô feminino! Um que
só eu poderia desfrutar, no caso.
O que me acordou daquele sonho erótico que eu estava prontíssima
para realizar foi enxergar duas cabecinhas loirinhas chegando junto dele,
uma, em especial, competindo corrida com Téo para ver quem me alcançava
primeiro.
Ele deixou que Duda ganhasse, depois Roberta também se amontou no
abraço. Foi tão bom sentir aquelas duas garotas me apertando que os meus
olhos até se molharam de saudades delas. Quando comecei a namorar Téo e
fomos morar juntos, eu não ganhei apenas o amor da minha vida, ganhei duas
irmãs também, que tinham tanto afeto por mim quanto eu tinha por elas.
― Minha vez agora? ― Téo perguntou às garotas, que demoraram a me
soltar.
As duas me liberaram com risinhos e, finalmente, eu pude abraçá-lo
com todas as minhas forças, inalando o cheiro mais gostoso do mundo: o da
dobra do seu pescoço.
― Eu não via a hora de fazer isso ― eu disse a ele, dando um selinho
rápido na boca repuxada.
― E eu não via a hora de receber, linda... ― Téo respondeu, enchendo
os meus ouvidos com a voz maravilhosamente rouca. Em seguida, ele mexeu
nos meus cabelos e analisou rapidamente o rosto, como se quisesse se
certificar de que tudo estava certo. ― Você tá bem?
O tom levemente protetor só me deu mais tesão ainda, de maneira que
eu estava prontíssima para fazer o papel de mocinha que precisa ser salva da
seca de quatro dias...
Mas eu tinha feito uma promessa a mim mesma antes de sair de casa.
Uma promessa que eu não queria quebrar desta vez.
Eu conhecia o meu garoto problema e sabia que ele estaria louco por
sexo depois de alguns dias sem. Tínhamos trocado umas mensagens e vídeos
pelo WhatsApp, mas isso não amenizava a situação, só dava mais vontade de
transar!
No momento que chegamos à casa do seu pai, Angélica estava
terminando de organizar os últimos detalhes da festa e, depois de me
abraçar, ela pediu objetivamente para que eu tomasse banho, me trocasse e a
ajudasse a recepcionar os convidados. Então Téo bateu na porta do
banheiro, logo que eu estava nua debaixo do chuveiro, e eu me vi em uma
encruzilhada: abro a porta e deixo o meu namorado me comer loucamente
depois de quatro dias longe dele ou faço o que a dona da casa pediu e
continuo sendo uma boa nora para o meu sogro, o aniversariante?
Foi aí que eu me lembrei da promessa que tinha feito a mim
mesma: nada de putaria perto de familiares.
Isso já tinha acontecido uma única vez, quando os meus pais tinham
passado alguns dias em casa, e nem eu nem o meu namorado conseguimos
apenas dormir, como um bom casal sensato.
Mesmo que Téo tenha amarrado a minha boca naquele dia, para que eu
não gemesse como uma porra louca, a putaria foi tão gigantesca que nada
adiantou. No dia seguinte, estava na cara que meus pais perceberam o que
estava rolando no quarto ao lado, e eu acabei classificando aquele
momentinho familiar como um dos mais vergonhosos de toda a minha vida...
Só não ganhava do dia em que dois policiais quase pegaram eu e Téo
trepando no Impala, mas estava bem próximo...
Por isso, eu tinha prometido a mim mesma que não cederia a nenhuma
escapadinha durante a festa de aniversário de Augusto. Se já foi tenebroso
ser escutada pelos meus pais, imagine pela família Ferrero inteira!
O que o pai de Téo e a sua madrasta achariam se chegássemos os dois
bagunçados para os parabéns? Se eu confiasse que a metidinha fosse
rápida, eu poderia até cogitar, mas estávamos há quatro dias separados...
Quando fodêssemos, a última coisa que conseguiríamos fazer era
desgrudar um do outro.
Então eu decidi só matar um pouco da ânsia de Téo lá no quarto,
aproveitando-me daquela visão linda que era enxergar aquele homem
batendo uma punheta pra mim. Foi preciso de muito autocontrole para não
deixar que o rosto com maxilar contraído me iludisse e que aquele pau
maravilhoso não me fodesse, mas eu tinha conseguido escapar daqueles
olhos excitados e das palavras roucas e certas que o maldito costumava usar
para me fazer pingar como uma cachoeira.
Agora era só esperar o fim da festa... E tentar parecer menos afobada,
escondendo a expressão denunciadora de que eu quase coloquei a boca no
pau do meu namorado, na festa de aniversário do seu querido pai.
― Sô! ― escutei uma voz me chamar logo que saí da varanda da casa e
entrei no espaço rodeado de convidados. Roberta vinha na minha direção,
com a câmera fotográfica em mãos. ― Cadê o Téo?
Tirei os olhos dela rapidamente e percebi que Augusto e Angélica já
estavam próximos da mesa de decoração, onde havia um bolo branco
lindíssimo fazendo jus ao aniversário de empresário. O meu sogro não
parecia muito à vontade com a situação, com as mãos enfiadas nos bolsos da
calça e os olhares baixos, mas Angélica estava à mil, toda sorrisos para os
convidados, enquanto levantava uma taça de champanhe.
Oh, meu Deus. Espero que Téo já esteja fechando as calças...
― Sofia? ― Roberta chamou a minha atenção de novo quando ficou de
frente para mim. ― Tá no mundo da lua? ― Ela riu, fazendo um gesto com
as mãos.
Se ela soubesse onde eu estava com a cabeça...
― Oi, Rô ― eu respondi, um pouco desconcertada.
― Meu irmão, onde ele tá? ― Ela levantou sutilmente a sobrancelha
loira.
Mesmo que Roberta ainda fosse adolescente, com quinze anos já, ela
tinha traços tão maduros e uma personalidade tão forte que às vezes eu me
sentia muito próxima dela. Com Duda, eu me divertia bastante, porque a
caçula ainda tinha alma de criança, mas Roberta era a irmã que me vinha
pedir respostas sobre as novas experiências de vida, e eu me lembrava de
quando eu era a irmã um pouco mais nova e precisava de conselhos... Era
bom fazer por ela o que um dia uma irmã fez por mim.
― Ele... ― eu comecei a responder, dando uma olhadinha rápida para
trás, para a casa. Limpei a garganta. ― Ele estava no quarto. ― Fitei
Roberta novamente.
Os olhinhos claros, que hoje estavam em um tom verde escuro,
vacilaram entre a casa da piscina e o meu rosto. Não perceba, não perceba,
não perceba.
― Você tava com ele? ― ela perguntou, e uma expressão espertinha se
ilustrou no seu rostinho branquelo, lembrando-me muito de uma pessoa em
particular.
Roberta já era espertinha desde que a conheci, ela parecia saber muito
bem dos desvios sexuais do irmão mais velho antes mesmo de começar a
amadurecer. Porém, a irmã do meio estava ficando menos envergonhada para
falar sobre sexo agora que namorava um colega da escola e descobria aos
poucos como realmente garotos eram.
― Eu estava ― decidi dizer a verdade, só que acrescentei: ― Não é
nada do que você tá pensando.
Eu não estava transando loucamente com o seu irmão mais velho... Só
fiz um strip para ele sossegar um pouco. Só isso.
― O que eu tô pensando, Sô? ― Roberta provocou, com uma careta
pensativa.
Engraçadinha.
― Você tá pensando que eu e o seu irmão estávamos fazendo a mesma
coisa que você e o Cauê estavam fazendo atrás da escola, depois do reforço
de química...
Roberta abriu a boca e abafou a gargalhada quando eu mencionei o seu
segredinho, ou melhor: o segredinho do seu namoradinho. Há, há.
Mesmo assim, os olhos verdes brilharam de animação e novidade, e eu
pude ver a mim e a Ana Lu com quinze anos de novo, descobrindo como a
parte íntima de um garoto se parecia...
― Não diz em voz alta! ― Roberta ficou levemente vermelha, dando
um tapinha no meu braço. Nós duas rimos juntas. ― Eu não contei isso pra
ninguém, nem para as minhas melhores amigas...!
― Por que não? ― perguntei.
― Porque elas vão ficar me perguntando como é. E eu nem tive tanta
coragem de ficar olhando por muito tempo... ― Roberta respondeu, cruzando
os braços no peito e olhando para os próprios pés. Em seguida, ela fez uma
caretinha adorável, que eu entendia completamente: ― É meio ameaçador de
primeira...
― O que é ameaçador? ― uma voz rouca invadiu a nossa conversa.
Antes que eu pudesse evitar, os braços dele já estavam no meu pescoço
e o queixo estacionado no meu ombro, para fitar a irmã a nossa frente.
Roberta arregalou os olhos no mesmo momento que Téo chegou de
surpresa, pegando parte da nossa conversa. Ela engoliu em seco e deu um
passinho para trás, mais vermelha do que já estava apenas comigo.
A irmã do meio não teve problemas em contar para Téo que estava
namorando. Ele não era o tipo de irmão que barrava um relacionamento da
irmã mais nova, nem dizia coisas idiotas do tipo "quem é o garoto para eu ter
uma conversa séria com ele?". A única coisa que Téo aconselhou foi para
que Roberta ficasse esperta, porque garotos da idade dela tinham tendências
a serem muito imbecis, e que ela não deveria fazer nada que não quisesse
fazer.
Mesmo assim, quando se tratava das descobertas sexuais, Roberta me
implorou para eu não contar nada a Téo, porque ela tinha vergonha do irmão
mais velho. E, no fundinho, eu sabia que Téo não gostaria de ficar escutando
o que a irmãzinha estava fazendo depois do reforço de química...
― "A coisa" ― eu acabei respondendo rapidamente. Limpei a garganta
e girei o rosto para fitar o meu namorado, que me fitou de volta. ― O trailer
de "It" é ameaçador.
Para mim, a palavra ameaçador remetia ou a tubarões ou a palhaços.
Como Roberta tinha me mostrado o trailer de "It" mais cedo, essa foi a
primeira coisa que veio à cabeça.
― Pensei que você morresse de medo, Müller ― Téo falou,
estranhando. ― Aquele dia que eu assisti ao filme antigo no quarto você
disse que o espírito do palhaço ia ficar na nossa cama... ― ele se lembrou, o
que fez Roberta relaxar o rosto endurecido para começar a rir da minha cara.
Traidora!
Estreitei os olhos na garota, comunicando-me por pensamento: quer
mesmo que eu diga ao seu irmão qual é o seu filme de terror pessoal?
Roberta calou a boca.
― O Gato não dormiu a noite inteira quando você viu aquele filme
horrível! Ficou observando a porta como se a coisa estivesse lá, olhando pra
gente ― eu me defendi, usando a mediunidade felina do nosso bichinho. Mas
Téo bufou em um ruído zombeteiro, o que me fez desistir de provar o meu
argumento de que o espírito do palhaço comedor de criancinhas estava no
quarto: ― A sua irmã adorável me fez assistir ao trailer mais cedo. Pelo
jeito, gostar de invocar o mal é algo genético ― eu falei.
Roberta repuxou um pouco os lábios, e eu pude escutar
um obrigada soando nas minhas terminações femininas. Porém, ainda
gostaria de perguntar como ela achava um pau ameaçador quando lia livros
e assistia a filmes de terror com palhaços sanguinários. Apenas não fazia
sentido...
― Então a gente vai levar a Sofia pra assistir esse no cinema, surfista?
― Téo perguntou à irmã.
― A gente amarra ela na poltrona até o final do filme ― Roberta
respondeu, e os dois irmãos riram de mim, enquanto Roberta ficava mais
aliviada com o novo tópico da conversa. Espertinhos do inferno... ― A
minha mãe tá te procurando para os parabéns, Téo ― ela avisou depois,
então tirou a faixa da câmera fotográfica do pescoço e me entregou. ― Ela
pediu para você ir perto da mesa. Agora.
― Eu tenho mesmo que ir? ― Téo perguntou, fazendo manha como
um garotinho diante de uma ordem dos pais. Ou melhor: como um namorado
de pau duro diante da namorada. Ele sempre caprichava nessa expressão.
― É claro que tem que ir ― eu disse e tirei as suas mãos de mim,
mesmo que estivesse com uma puta falta daquele calor próprio. Virei-me,
com um sorriso mais rígido: ― Você tem que parecer nas fotos no
aniversário do seu pai.
Téo levou alguns segundos avaliando o meu rosto, como se estivesse
me xingando de chata pra caralho internamente. Pelo jeito, ele ainda estava
em processo de aceitação do que aconteceu no quarto.
Pobre, Ferrero...
― Você acha que fotografia é motivacional pra mim, Müller? ―
perguntou.
― Motivação: mamãe parar de encher o saco de todo mundo ―
Roberta respondeu, revirando os olhos. Ela também não era muito fã de fazer
uma social, mas acabava cedendo às vontades da mãe, de vez em quando.
Ela acabou me deixando sozinha com o irmão quando foi chamada
para se aproximar da mesa, com os pais. Angélica também gesticulou a mão
para Téo, que deu um sorrisinho amarelo para a madrasta de longe e depois
me fitou:
― É bom vocês escreverem no meu epitáfio quando eu morrer:
melhor filho, enteado, irmão e namorado ― ele falou, arrumando o cabelo
levemente bagunçado, então as mangas da camisa social. ― O que eu não
faço pelo bem dessa família...
Repuxei os lábios ao encarar o seu rosto e, de repente, percebi como
ele tinha amadurecido desde que o conheci. Não eram apenas os traços da
fisionomia de um homem de vinte anos, Téo realmente tinha se tornado um
ótimo filho, enteado e irmão no último ano, apesar do seu histórico familiar.
Quando ainda estava na escola, quando começamos a ficar juntos, ele
me contava que só via a família do pai nos fins de anos, depois que foi
expulso de casa aos dezesseis para morar com a tia Rose em São Paulo. Ele
não se dava bem com o pai, que costumava ser muito rígido quando ele era
adolescente, nem com Angélica, que aconselhava Augusto a colocá-lo em
aulas de piano, línguas e outras coisas que não se pareciam com ele. Téo era
herdeiro de uma empresa de petróleo, então o pai sempre quis que seguisse
por esse caminho, como um filho Ferrero, mas isso foi algo que o meu
namorado nunca quis para ele, como a sua mãe, um dia, também não quis.
Por conta disso, eles demoraram a se entender. Mas, depois que o
Ensino Médio acabou, e eu e Téo nos mudamos para o Rio Grande do Sul, as
visitas ao Rio ficaram mais frequentes e, por mais que o meu namorado
fizesse uma carinha entediada todas as vezes que tinha que fazer o papel de
filho e enteado, eu sabia que ele sentia, bem no fundinho, prazer por fazer
parte da família Ferrero.
Eu estou orgulhosa do homem que você está se tornando, Téo. Eu
tenho tanta sorte porque um dia você me chamou para fazer parte da sua
vida, há quase dois anos...
― Eu não sei do que você tá reclamando, Ferrero ― falei para ele e
terminei de arrumá-lo, ajeitando a gola da camisa. ― Você fica tão gostoso
de roupa social... ― sussurrei.
Téo repuxou os lábios, mas respondeu, impaciente:
― É, isso não adiantou muito lá no quarto...
― Vai adiantar depois.
A voz de Duda soou alta quando gritou o nome de Téo da mesa de
aniversário, e eu gesticulei a cabeça para que ele fosse honrar o epitáfio que
gostaria de ter.
― Só uma coisa ― o meu namorado disse antes de sair da minha
frente e caminhar até a família. Ele hesitou um pouco antes de falar, mas
acabou perguntando: ― Você e a Roberta não estavam falando de “It”,
estavam? ― Téo fez uma expressão um pouco receosa ao franzir os lábios.
Ah, meu Deus... Ele percebeu o que é ‘ameaçador’ para a sua
surfista preferida!
Acabei soltando uma gargalhada diante do irmão mais velho, que
parecia estar em uma batalha de aceitação: Roberta cresceu e já está vendo
coisas. Balancei a cabeça, dando um beijo na sua bochecha para aliviá-lo.
― Sinto muito, amor... mas ela tá bem ― assegurei.
― É bom estar ― Téo respondeu, mais sério.
O meu namorado até poderia dispensar o papel de irmão possessivo,
mas não o de protetor. Depois que Roberta contou sobre o novo
namoradinho, ele me pediu: se a minha irmã te disser que esse moleque fez
alguma merda com ela, eu quero saber, Müller.
Eu o tranquilizei, dizendo que ela conseguia se defender sozinha e
que era esperta o suficiente para lidar com um babaca, porque Roberta era
bastante durona, mas Téo poderia virar um demônio se ela fosse
desrespeitada de alguma maneira. Quando acontecia comigo, ele não
pensava duas vezes antes de se enfiar em uma briga, como fez com o meu ex-
namorado, um garoto dos tempos de escola, do Tribos e até com um amigo
de adolescência do Rio.
De verdade? Quando ele brigou com esse último garoto, eu pensei
que o meu namorado tinha perdido todo o sendo moral que restava. Binho e
Léo disseram que esse colega apanhou tanto que eu até fiquei com medo de
que ele prestasse denúncia na delegacia. Naquele dia, eu passei uma noite
inteira tentando acalmar Téo; nem transar ele quis, de tão emputecido que
ficou.
E, para Téo Ferrero dispensar sexo, ele devia estar muito
psicologicamente fodido.
Não posso negar, também, que não havia uma porcentagenzinha de
mim que ficava superexcitada quando Téo demostrava esse lado protetor...
Na verdade, tudo em Téo me deixava excitada, até mesmo quando ele fazia a
sua caretinha entediada, como estava fazendo agora para ir até a mesa de
aniversário.
Acabei me aproximando um pouco da concentração de pessoas
ficando em silêncio para que Angélica puxasse o parabéns. Ela organizou o
marido e Téo um ao lado do outro, enquanto Duda ficava na frente de Téo,
bem baixinha, e Roberta ficava ao lado dela, para olhar para o visor do
fotógrafo da festa e até mesmo da imprensa.
Liguei a minha própria câmera para registrar aquele momento no meu
cartão de memória e tirei uma foto do meu namorado, que se divertia em uma
conversa silenciosa com Duda, enquanto a banda da festa entoava a música
de aniversário. Téo odiava tirar fotos, mas eu tinha um estoque delas quando
o pegava distraído, como estava agora. Na verdade, essas fotos eram sempre
as melhores, quando ele nem se dava conta de que eu estava adorando-o em
silêncio: ajustando o foco, esperando pelo momento que ele ficasse
completamente estático ou apenas tragando o cigarro para soltar a fumaça em
seguida...
Ok, você tá mesmo muito gostoso nessa roupa social, Ferrero. E,
quando eu tiver a chance de tirar essa camisa de botão, vou te mostrar o
quanto eu estava com saudade de sentir você dentro de mim...
Capítulo 3
SOFIA

Entrei na casa da piscina depois de dar boa noite a Augusto e


Angélica, deixando o espaço de fim de festa para os últimos empregados
arrumarem. Passei pela pequena sala e pus a câmera fotográfica em cima da
estante, não sem antes tirar o cartão de memória.
Duda sempre dava um jeito de pegar a minha câmera para tirar um
milhão de fotos avulsas, e quando eu ia ver, havia flashes de focinhos de
cachorro, dedos do meio de Roberta, línguas de Téo, borrões do seu sorriso
infantil e comida...
Duda era uma formiga. Se havia uma coisa que amava nessa vida era
comer porcaria. Por sorte, ela não tinha me chamado para ir ao seu quarto
agora, comer os pacotinhos de Fini e barrinhas de chocolate do seu baú
secreto. A festa de aniversário tinha acabado e tudo o que eu precisava
agora era de cama.
Não para dormir...
Eu não estava desesperada para transar, pelo menos não como Téo.
Durante a festa, eu até me surpreendi comigo mesma, que nem à mão boba do
Ferrero eu cedi. Bem madura, conversei com os familiares do meu
namorado, puxei o saco do meu querido sogro e resisti às malditas sandálias
de salto alto a festa inteira, como Angélica e todas as suas amigas da alta
sociedade carioca.
Definitivamente, eu, Sofia Müller, me tornei uma lady!
Viu, dona Luciana, você estaria muito orgulhosa de mim agora!
Ri comigo mesma ao imaginar os olhos revirados de mamãe, mas o
som acabou se tornando um choramingo quando cheguei ao quarto, sem
conseguir dar mais um passo naquelas sandálias. Encostei-me ao vão da
porta para tirar os saltos, mas antes que os arrancasse, deparei-me com Téo
saindo do banheiro do quarto, de maneira que eu topei com os seus olhos
rapidamente antes de descer os meus...
― Müller, você viu se eu trouxe na minha mala aquele...
Eu até tentei me concentrar no final da frase, mas logo que desci os
olhos pelo seu tronco nu, bastante bronzeado, então fitei a bunda contraída na
boxer branca (branca!), eu perdi completamente o senso auditivo.
Puta merda... Como eu fiquei quatro dias sem esse corpo do meu
lado?
Eu não era mais a garota da excursão de formatura de Terceirão, que
ficou vidrada no corpo do garoto problema quando o viu sem camisa, toda
boba, carente de sentir um cara tocando-a...
Mas, agora, pode crer que eu me parecia muito com ela!
Téo nunca foi o tipo de cara com grandes músculos, mas, nos últimos
meses, ele tinha começado a fazer aulas de boxe, o que deixou os seus
braços um pouco maiores de quando começamos a namorar.
Analisar aqueles músculos tatuados expostos e o seu pau delineado
na boxer branca até me fez esquecer dos planos anteriores de tirar eu mesma
a sua roupa social. Encontrá-lo seminu assim, ainda mais distraído, sem se
dar conta do que poderia fazer com o meu psicológico, me deixou com um
tesão tão filho da puta que as minhas pernas se contorceram de vontade.
Não dá mais pra esperar, não dá...
Eu preciso abrir as minhas pernas pra você agora, te pedir pra me
foder até me deixar dolorida e gemer como uma cadela no cio...
Ok. Talvez eu não seja exatamente uma lady...
Pelo menos não diante do meu namorado com pau enorme.
Eu não dei a mínima para o que quer que Téo estivesse procurando
na mala de viagem, apenas desisti das sandálias, fechei a ponta atrás de mim
e fui na sua direção como um foguete pronto para abraçar a beleza lua. Ele
ainda estava falando quando joguei os braços ao seu redor e tomei os seus
lábios, implorando para que retribuísse prontamente os meus desejos antes
que o meu corpo se fundisse de vontade.
Acho que Téo se surpreendeu uns dois segundos com a minha
investida, até menos. Logo que eu espalmei o seu peitoral e arranhei o meu
abdômen inteiro até aquele volume maravilhoso que guardava entre as
pernas, Téo exasperou contra os meus lábios e, correspondendo ao instinto,
agarrou-me da mesma maneira, fincando as mãos na minha bunda. Senti os
seus dedos se afundaram agressivamente na minha carne e isso me deu o
impulso de empurrá-lo no colchão, em cima das roupas e bolsas, para me
sentar em cima dele.
Entreabri as pernas, continuando a beijá-lo, e o seu pau ficou duro
em segundos, de maneira que o senti pressionando a minha boceta a ponto de
me fazer molhar a calcinha. Quando Téo o esfregou em mim, provocando o
início dos meus gemidos, eu rebolei em resposta e ainda mordi os seus
lábios, intercalando entre o inferior e o superior.
Eu amo o seu gosto, Ferrero. O contorno dos seus lábios nos meus,
convidando-me a dançar a sua sintonia obscena...
― Você quer com força, não quer, safada? ― Téo agarrou as minhas
coxas e, em um impulso rápido, me derrubou no colchão para que ele viesse
por cima. De um jeito rude, abriu as minhas pernas e pressionou o seu pau
novamente em mim, fazendo a minha virilha latejar. Puta merda... Me come.
― Diz que você quer ficar dolorida, gostosa ― ele comandou, passando o
polegar nos meus lábios enquanto os olhos vidrados seguiam-no.
Deixei que o seu dedo passeasse pela minha boca contornando-a,
mas acabei envolvendo-o com a língua para chupá-lo como queria fazer com
o seu pau ainda esta noite.
Agora que os quatro dias em cidades diferentes haviam chegado ao
fim, e eu poderia viver horas na sua antiga cama de garoto, eu precisava
recuperar tudo o que senti falta: o gosto da sua boca, o gosto da sua pele, o
gosto da sua porra...
― Quero que você me foda até me deixar dolorida. ― Apoiei as
mãos no colchão e subi o tronco, para olhar para o seu rosto mais de perto.
Os nossos olhos se comunicaram, ansiosos, e os lábios dele se repuxaram
sutilmente. ― Me come até o amanhecer, Ferrero ― pedi, colocando uma
das mãos na tatuagem de astro do peito.
Eu amava todas as tatuagens do braço e peito de Téo; a cruz, as asas
de pássaro, a rosa... Mas nenhuma era mais bonita que aquele astro metade
lua, metade sol. Tínhamos feito juntos aquela tattoo, mas só depois ele me
confessou que escolheu aquela imagem porque ela o lembrava de mim.
Eu e Téo éramos o astro um do outro.
E estávamos prestes a pegar fogo.
Respondendo aos meus pedidos, Téo abriu o sorriso que eu mais
amava ver no seu rosto e se afundou em mim, começando a beijar o meu
pescoço. As suas mãos voltaram a me apertar, das coxas até a cintura, onde
ele estava pronto para puxar o zíper do meu vestido e...
― Sofia...? ― uma vozinha meiga e mandona da mesma proporção
veio da porta, fazendo com que eu e Téo parássemos de nos esfregarmos um
no outro. Escutamos duas batidinhas insistentes na porta. ― Téo?
Dudinha.
Ah, meu Deus... Eu deixei a porta aberta, se essa garota puxar o
trinco...
Coloquei ambas as mãos nos ombros de Téo e o empurrei
rapidamente para longe. Com os olhos arregalados da mesma maneira que os
meus, ele saiu de cima de mim, não sem antes soltar um ruído exasperado.
― Puta que me pariu...! ― ele sussurrou, puto.
― Veste um calção agora! ― eu sussurrei de volta para ele,
levantando-me da cama. Encontrei um dos seus moletons de dormir e joguei
rapidamente para o meu namorado. Veste essa porra logo antes que a sua
irmãzinha mais nova te veja de pau duro! ― Já tô saindo do banheiro,
Duda! ― respondi alto e, ao enxergar o trinco se mexendo, acrescentei: ―
Espera aí fora!!!
― Tá booooom... ― ela disse, e eu tive quase certeza de que estava
bufando.
Virei-me para Téo e o apressei com os olhos para que ele enfiasse as
calças de uma vez. Quando subiu o moletom até cobrir o pau, nossos olhos
se encontraram de novo, mas agora não estavam nem um pouco felizes com o
momento.
Tudo bem. Vamos só ver o que Duda quer... Um beijo de ‘boa
noite’? Eu dou. A câmera fotográfica? Eu dou. As chaves do Impala? São
suas, irmãzinha, se você sumir em cinco minutos!
Percebi que Téo ainda estava muito abalado com o corte brusco de
tesão e resolvi ir eu mesma até a porta, abrir para Duda. Quando puxei o
trinco, encontrei uma garotinha baixinha e magrela, ainda que já estivesse na
casa dos onze, e um sorriso torto se abriu na boca suja de bolo.
Se Angélica souber que você ainda tá se entupindo de doce...
― Que demora! ― ela falou para mim e, antes que eu desse espaço,
a irmãzinha mais nova de Téo entrou no quarto. Curiosa, ela deu uma
olhadinha ao redor até parar os olhos no irmão: ― O quê que é isso no seu
peito, Téo?
Eu estava superaliviada que o meu namorado estivesse vestido, sem
volume denunciador nenhum na boxer... Mas lá estava outra prova do crime,
diante dos meus olhos: a marca das minhas unhas por toda a extensão do seu
abdômen.
Puta merdaaaaa... Será que ela vai se tocar? Deus, por favor,
não...!
― Eu tava brincando com o Brutus ― Téo respondeu à irmã, fazendo
uma expressão bem mais relaxada que a minha, de maneira que até eu
acreditei naquela baboseira.
Quando Duda me fitou, tentei copiar o sorriso dele, só não sei se deu
muito certo...
― Você tava enchendo o saco do meu cachorrinho, não tava? ― Ela
riu, caminhando até se sentar na cama.
Por mais que a garota estivesse quase entrando na pré-adolescência,
Duda tinha jeito e costumes de criança: ela ainda gostava de brincar, de
assistir a filmes infantis e, principalmente, era bastante ingênua quando se
tratava de sexo. Um dia, ela até veio me indagar sobre isso, porque achava
estranho o jeito de se fazer bebê, e me perguntou se eu e Téo fazíamos isso...
Diferente de Roberta, que já estava madura o suficiente para eu
conversar sem receio, eu não conseguia fazer o assunto fluir com a
caçulinha, nem de uma maneira mais leve ou explicativa. Duda poderia ter
onze, mas ainda brincava de Barbie e cantava as músicas de Frozen como se
tivesse oito. Os seus cabelinhos loirinhos eram tão angelicais e os olhinhos
verdes tão pequeninhos que eu fiquei completamente muda por alguns
segundos quando ela me perguntou aquilo...
― Não, claro que eu e o seu irmão não tentamos fazer bebê... Você tá
vendo algum por aqui? ― eu escolhi mentir, já que Duda era tão ingênua que
até as minhas mentiras horríveis ela comprava.
A garota me olhou desconfiada, só que não insistiu muito no assunto,
que eu deixei morrer para enterrar até que ela tivesse pelo menos uns treze.
Até lá, eu juraria de pés juntos que eu e Téo só dormíamos na mesma cama
para ficarmos abraçadinhos...
― Onde o Brutus tá agora, heim? ― Téo analisou o corpinho dando
o impulso para subir do colchão onde os nossos corpos estavam antes. Ele
me olhou rapidamente, e eu mordi o canto da lábio: é, ela veio para ficar. ―
Por que você não vai brincar com ele? ― sugeriu.
― Brinquei com ele o dia inteirinho... Cansei de correr atrás dele e
levar lambida na cara ― Duda respondeu, balançando os pés. Em seguida,
ela olhou para mim novamente: ― Eu vim te buscar pra gente ir para o meu
quarto, Sô... ― a garota disse em seguida.
Ah... Droga! Duda quer que eu durma com ela...
― Tem que ser hoje, baixinha? ― eu perguntei, aproximando-me da
cama também. ― Eu e o Téo vamos ficar mais três dias aqui... Posso dormir
amanhã. Então a gente monta uma barraca e...
― Mas você prometeu por telefone, Sô ― Duda me cortou antes que
eu pudesse continuar influenciando a deixar a nossa noite de garotas para o
próximo dia. ― Você disse que ia dormir comigo quando chegasse, aí eu
arrumei o seu colchão e botei chocolate debaixo do seu travesseiro! ― Ela
abriu um sorrisão, tanto com a boca quanto com os olhos de tonalidade verde
tão brilhante quanto a água do mar em dia ensolarado.
Caramba... Esse olhar fofo que eu não resisto...
Eu estava louca para passar a noite com Téo. Nem tinha bebido
muito durante a festa para aguentar passar longas horas nos seus braços,
transando, conversando, rindo... Eu estava morrendo para ter o meu momento
com ele como não tive nos últimos dias, sozinha no nosso apartamento...
Mas eu era uma banana quando se tratava de Duda, e Téo não podia
me julgar, porque ele também era! A sua irmãzinha caçula tinha uma alma de
rainha da casa, todos cediam àqueles olhares pedintes e aos sorrisos meigos,
e ela sabia disso, por isso fazia todos de seus súditos em um estalar de
dedos.
Tirei os olhos dela e ergui o rosto para fitar Téo, parado ao meu
lado.
Não tem jeito, Ferrero. Ela que manda.
Porém, Téo não parecia muito compreensível desta vez. O seu
maxilar estava levemente rígido e os olhos castanhos praticamente estáticos.
― Duda ― ele falou, com um tom de voz equilibrado: um pouco
rígido e um pouco doce. ― A Sofia tá cansada da viagem que fez hoje e ela
precisa dormir agora...
― Mas... ― ela tentou cortá-lo como fez comigo.
― Sem mas ― Téo a interrompeu. Quando Duda franziu o cenho, ele
se aproximou dela e se sentou ao seu lado no colchão. ― Olha, amanhã eu
monto a barraca pra vocês duas, tá bom? ― disse, fazendo um gesto com as
sobrancelhas. ― Te levo no mercado, a gente compra tudo o que você
quiser... e depois ainda faço cosquinhas ― ele acrescentou, voando as mãos
no estômago dela.
Duda riu com o impacto da mão do irmão atormentando a sua
barriga, mas logo se livrou dele e se levantou da cama. O seu rosto se ergueu
na minha direção e a boquinha vermelha suja de bolo se contorceu em um
bico.
― Tudo bem... ― ela falou, tristinha.
Ah, não...
Duda já estava usando pijamas e tinha feito dois rabos de cavalo, um
de cada lado. Como se ela fosse um filhotinho de gatinho, os volumes de
cabelos loiros pareceram cair, e quando ela me abraçou para sair do quarto,
o desânimo cortou o meu coração.
Puta merda. Eu tinha mesmo prometido por telefone que dormiria
com ela quando chegasse ao Rio... Provavelmente, ela tinha esperado por
mim e preparado o meu colchão toda animada...
― Vou dormir com você hoje, então ― eu disse a ela, sem pensar
direito.
― Vai?! ― Duda e Téo disseram juntos, mas a garota tinha um
sorriso enorme no rosto, enquanto Téo estava bem... puto. ― E eu?! ― ele
perguntou.
― Ela dorme com você amanhã ― Duda respondeu ao irmão,
descendo da cama e jogando os rabos de cabelo para trás. Enquanto isso,
Téo franziu o cenho ao acompanhá-la caminhando pelo quarto, depois me
olhou como se eu tivesse o apunhalado.
O seu pau, no caso.
Realmente, é quase impossível agradar dois Ferrero ao mesmo
tempo.
― Pode ir subindo para o quarto, Duda ― eu disse a ela, começando
a tirar aqueles saltos eu mesma, já que Téo não o faria. ― Vou colocar o
pijama e já vou. ― Dei uma piscadela.
A caçula assentiu com a cabeça e passou um sorrisinho vitorioso
para Téo, que ainda parecia passado com a situação. Eu pensei que ele a
provocaria de volta para brincar, mostrando a língua ou algo parecido, mas o
meu namorado estava tão enfurecido que deixou que Duda saísse do quarto
rapidamente.
Quando a porta bateu, eu já sabia o que estava por vir. Téo esperou
alguns segundos, mas acabou se virando na minha direção:
― Onde caralhos você tava com a cabeça?! ― ele perguntou,
gesticulando os braços de maneira intrigada. Eu ainda podia enxergar a
marca das minhas unhas traçando o seu peitoral nu, as veias dos braços, a
entrada para o... ― Sofia...?!
A minha calcinha estava molhada, e a última coisa que eu queria ser
era uma lady agora. Eu realmente precisava de Téo, como ele precisava de
mim, mas eu era um ser de fácil manipulação, principalmente por uma
Ferrero de cabelos loiros e olhos verdes...
― E se a gente der uma rapidinha agora? ― eu perguntei a Téo,
aproximando-me do seu corpo. Abri um sorriso e toquei os seus músculos,
tentando descer as mãos para a boxer de novo. ― Umas metidinhas, hãm,
amor? ― sugeri.
Antes que eu pudesse agarrar o seu volume, Téo pegou a minha mão
intrusa e me fez olhar para ele. Percebi que não rolaria rapidinha ou
metidinha alguma, porque agora quem não queria aquilo era ele.
― Eu quero foder a minha namorada, porra ― Téo falou de um jeito
tão gostoso, com os olhos castanhos fixos nos meus, que eu fiquei bastante
confusa sobre o que deveria fazer... Ser uma boa irmã ou uma boa safada?
― Eu tinha convencido a peste a te deixar aqui... Por que você aceitou ir,
caralho?!
― Porque eu prometi por telefone que posaria no quarto dela! Você
viu a vozinha que ela faz pra me convencer...
― Sofia, a Duda tem onze anos! Como você deixa uma garota de
onze anos te manipular?!
― Ela super te manipula também! É que agora você tá pensando com
o seu pau cem por cento!
Téo bufou, estressado, e terminou por se sentar no colchão de novo.
Ele esfregou o rosto com as mãos, depois o cabelo.
― Não acredito que cheguei a esse ponto... ― o meu namorado
sussurrou, olhando ao redor do seu quarto de adolescente. ― Nunca pensei
que um dia disputaria a minha namorada com a minha irmã caçula.
Sorri para ele, que estava todo cabisbaixo como a única criança do
parquinho que está sem doce. Mesmo que Téo fosse um homem formado, os
olhos pequenos sem brilho e a boca crispada me atingiram para me deixar
com dó do meu pobre namorado. Era ridículo que ele estivesse tão
desesperado por sexo assim, porque não ficou nem uma semana sem, mas
Téo era tarado desde que o conheci. E, para falar a verdade, eu também.
― Amor, relaxa... ― Fui na sua direção e me sentei no seu colo.
Quando acariciei os seus cabelos que estavam mais curtos desta vez, ele me
fitou de volta: ― A sua irmã brincou durante a festa inteira naquele jogo de
esporte... Você acha mesmo que ela vai aguentar ficar a noite inteira
acordada, assistindo filme? A Duda vai dormir em dois segundos... Daí eu
desço quando ela tiver capotado.
Téo estreitou os olhos em mim, com o cenho um pouco aborrecido
ainda, mas acabou assentindo.
― Você vai ter que se esforçar muito, Müller, pra me deixar duro de
novo... ― ele falou, fazendo piada da própria desgraça, como sempre. ― Se
o meu cacete continuar broxando desse jeito, ele vai ficar doente antes da
velhice.
Tive uma crise de risos seguida por aqueles olhos cínicos, e o
abracei para depositar a minha cabeça no seu ombro. As gargalhadas não
eram apenas de sarcasmo (esforço para deixar o pau de Téo Ferrero duro?
Ahaaaam), mas de alegria, porque eu senti tanta falta da sua voz rouca no fim
de noite que agora eu me sentia transbordada de felicidade.
Téo riu um pouco comigo e me abraçou antes de me deixar ir para o
quarto da irmã mais nova. Me troquei rapidamente e deixei um Ferrero com
um beijo nos lábios para encontrar outra, esperando-me com barras de
chocolate e risadas infantis.
O vento noturno me atingiu quando sai da casa da piscina e caminhei
até a outra casa. Os empregados já tinham deixado a área em ordem, de
maneira que tudo estava vazio e silencioso, a não ser pelo barulho da
cascata da piscina.
Entrei pelas portas de vidro ainda abertas, encontrando a enorme
sala de estar e a cozinha vazias. A escada para o andar de cima ficava entre
elas, e eu subi, tentando não fazer barulho, até o quarto de Duda.
A porta do quarto da caçula estava meio aberto quando eu entrei
devagar, encontrando-a de frente para o DVD. As luzes estavam apagadas,
de maneira que apenas um abajur de lua estava aceso e as diversas estrelas
pisca-pisca brilhavam na parede próxima da cama.
O meu colchão estava todo preparado ao lado da cama, com
almofadinhas nas cores lilás e branco como era todo o quarto de Duda. Da
primeira vez que dormi com ela, eu tinha tentado ficar na mesma cama que a
caçula, mas ela era espaçosa pra caramba, além de ser um ladra de cobertor.
Téo me contou que isso acontecia desde bebê, quando ela tinha três anos e
pedia para ele ficar ao seu lado até que adormecesse... Então, no momento
Duda dormia, ela praticamente o empurrava para fora da cama ou batia os
braços na cara dele sem querer...
Agora, a garota não aceitava mais dormir com Téo, porque, segundo
ela, o irmão mais velho era menino. Quando o meu namorado escutou esse
argumento, ele disse:
― Ótimo... Vamos ver se isso ainda vai ser válido quando ela for
adolescente. Pelo menos a peste vai ter sorte de não ter nenhuma irmã
empata-foda no meio da noite...
Eu pensei que Duda estaria com uma carinha bastante sonolenta
quando eu chegasse ao quarto, mas tudo o que eu enxerguei foi o sorriso
animado enquanto ela se aconchegava na cama para assistir ao filme. O
estoque de doces estava em cima da cama, os cobertos fazendo montanhas e
Katniss Everdeen já corria pela floresta, com seu arco e flecha.
Que os jogos comecem e que a sorte esteja ao seu favor!
Fechei a porta do quarto e fui até o colchão ao lado da cama, mas
Duda me deu espaço ao seu lado para que eu me sentasse com ela. Sem
opção, me aconcheguei no seu colchão, apaguei as luzes do quarto e deixei
que apenas a iluminação do filme tomasse o quarto.
Agora é só esperar a pestinha fechar os olhos. Espero que ela faça
isso antes que alguém morra, de preferência antes da Rue. Não vou
aguentar ver aquela garotinha morrendo de novo...
― Sô...? ― Duda quebrou o silêncio, desviando o olhar do filme
para levantar o rosto para mim. Olhei-a de volta, gesticulando a cabeça. ―
Posso te perguntar uma... coisa? ― Ela mordeu a boca.
Franzi o cenho, sem ter ideia do que estava por vir. Duda sempre
fazia essa pergunta antes de perguntar o que realmente queria, e nem sempre
era algo óbvio ou até mesmo importante. Havia vezes que ela perguntava
desde a minha antiga vida de bailarina em São Paulo até qual princesa da
Disney era a minha preferida.
― Pode sim, gatinha ― eu respondi, deitando-me mais no
travesseiro para que meu rosto ficasse na altura do dela.
Duda me analisou de um jeito demorado, mas acabou desviando o
olhar quando abriu a boca:
― O que... você e o meu irmão estavam fazendo no quarto quando eu
cheguei?
Eu estava pronta para responder qualquer pergunta...
Menos essa.
Você realmente percebeu, não percebeu, baixinha?
Ela esperou a minha resposta, esquecendo-se do filme que estava
rodando na televisão. Podia sentir os seus pés agitados próximos dos meus,
e acabei ficando um pouco ansiosa também.
Duda estava em uma idade complicada, não só para quem tivesse que
interagir com ela, mas para ela interagir consigo mesma. No começo do ano,
eu tinha feito algumas aulas de Psicologia da Criança e do Adolescente, e o
professor dizia que a cabeça do indivíduo dessa idade estava em crise,
porque, por um lado, ela ainda se sentia uma criança, mas com a pressão
externa de crescer e modificar os seus gostos e visões de mundo de acordo
com os dos adultos. Tudo se tornava mais complicado ainda porque eu e Téo
estávamos acostumados ao seu jeito infantil, e de repente, a caçula vinha
com perguntas assim...
― A gente estava... escovando os dentes ― escolhi dizer ao invés de
entrar naquela discussão. Talvez tivesse que fazer Psicologia da Criança e
do Adolescente II para isso.
Duda franziu um pouco o cenho, duvidosa, e para disfarçar eu
desviei o olhar para o filme de novo. Porém, em seguida, ela comentou algo
que fez o meu peito parar por alguns segundos:
― Eu pensei que vocês estivessem fazendo o que Roberta estava
fazendo com o colega de classe dela... ― a sua voz soou doce como sempre,
ainda que direta.
Sem conseguir frear a reação, arregalei os olhos e peguei o controle
remoto no DVD. Pausei o filme e me virei para a caçula:
― O que a Roberta estava fazendo? E onde você viu? ― eu
perguntei. A garota loirinha ficou um pouco alarmada com o corte brusco
que eu dei no filme, então suavizei a expressão. Oh, droga, eu sou péssima
nisso. ― Você pode me contar, Duda ― tentei soar mais confortável e
confiante, mesmo que não estivesse.
Ela se ajeitou no colchão como eu, ficando de frente para mim.
Depois de cruzar as pernas e apoiar os cotovelos nos joelhos, Duda
começou a explicar:
― Semana passada um amigo dela veio aqui em casa, fazer trabalho
da escola. Os dois estavam no quarto um tempão e, quando eu passei no
corredor, vi a Roberta... A Roberta... ― ela hesitou, abaixando o olhar. Em
seguida, um sorriso meio travesso, meio envergonhado se abriu e Duda
terminou de contar: ― ... Ela estava em cima dele na cama, dando um beijo
de... ― amor? ― língua.
Ergui as sobrancelhas, pasmada. Eu não sabia se ficava mais
chocada porque Duda tinha parado de falar beijo de amor, como ela dizia
gostar de amor, ou com o descuido da irmã mais velha em deixar a porta
meio aberta enquanto estava dando uns amassos no namorado.
Sério, Roberta? Nós falamos sobre cuidado!
Não que eu seja a pessoa mais cuidadosa do mundo quando se trata
disso, porque já fui pega em tantos lugares não tão íntimos que eu já tinha até
perdido as contas...
Mas Roberta não precisava saber disso.
― Você conversou com a sua irmã sobre isso? ― eu perguntei a
Duda, a fim de investigar.
― Eu perguntei o que ela estava fazendo depois que o menino foi
embora e ela disse que era para o trabalho de Biologia ― a caçula
respondeu. Trabalho de Biologia particular, no caso. Mas não fui apenas eu
que fiz essa constatação, porque Duda revirou os olhos em seguida e falou:
― Só que eu sei que não tinha nada a ver com trabalho de escola. A Roberta
e os meus pais me tratam como se eu não soubesse de nada. Eu não sou mais
criancinha, eu vou fazer doze anos! ― ela disse, como se doze anos fosse
uma puta idade.
Não consegui evitar e acabei abrindo um sorriso bem-humorado ao
analisar a garotinha tirando os elásticos do cabelo loiro para deixá-lo solto,
livre. Em seguida, ela fez uma carinha enfezadinha de “ninguém me entende”.
Realmente, Duda não era mais a criança que imaginávamos.
― Então... O que você sabe sobre o que a sua irmã fez? ― perguntei
a ela.
― Eu sei que ela não estava... transando, porque não estava
pelada... ― Duda respondeu, toda confiante.
Então, não se precisa estar realmente pelada para transar, mas
tudo bem...
Fiquei um pouco desconcertada por escutar a palavra “transando”
saindo da boca pequena dela, naquela voz meiga e aparentemente inocente,
mas não tive como fugir desta vez quando ela estava sendo tão clara sobre
isso.
― Ela não estava transando.
― Você e Téo... fazem?
Puta merda.
Onde Téo estava agora para me ajudar com isso? Eu considerava
Duda a minha irmã mais nova, mas era ele o irmão mais velho que deveria
passar por esse constrangimento, não eu!
― A gente faz... ― respondi baixinho.
― E como vocês não tem bebê ainda?
― Porque eu tomo um remédio que... não me deixa ter um agora.
― Então vocês vão ter bebê, um dia? Se você parar de tomar esse
remédio?
A pergunta de Duda, pela primeira vez, pegou-me desprevenida de
uma maneira diferente de todas as outras vezes. Geralmente, eu sempre tinha
respostas, boas ou ruins, mas fixas do que eu pensava...
Um dia eu e Téo vamos ter um... bebê?
Eu não tinha ideia se poderíamos fazer isso.
Preferi ignorar uma de suas perguntas pela primeira vez, chutando
aquela ideia para um espaço bem distante do meu crânio, e a encarei:
― Isso acontece com a maioria dos casais, Duda. Mesmo quando
não estão casados, como o seu pai e a sua mãe. É algo natural, quando você
tem certeza de que quer fazer isso ― expliquei.
Duda gesticulou a cabeça, com os olhos tão sérios a ponto de ficar
muito parecida com Augusto. Em seguida, ela fez uma última pergunta:
― Um dia eu vou acabar fazendo também? Com um garoto da minha
idade?
― Sim, vai... ― eu respondi, mordendo o canto do lábio. Quando vi
que ela fez uma caretinha, eu peguei os seus tornozelos para dar um aperto
carinhoso. Ela parou de mexer os pezinhos ansiosas na mesma hora. ― Mas
você não precisa pensar nisso agora, nem precisa querer crescer ― eu disse
a ela, abrindo um sorriso confiante. ― Doze anos é muita coisa, mas não
significa que você tenha que pensar em ser gente grande. Ser adulto é um
saco.
Duda riu com o meu último comentário, a gargalhada eufórica que só
uma criança podia dar, e toda a seriedade recente se foi. Em seguida, ela
estreitou os olhos:
― Não parece ser um saco. Parece ser superlegal ser igual a você e
o Téo.
― É um pouco legal, mas tem muita coisa que não é ― eu falei,
rindo. ― Tipo ter que trabalhar, pagar contas, cozinhar todos os dias e
arrumar a casa... E você não pode chorar pra professora da faculdade porque
não conseguiu fazer uma tarefa e nem pular em camas elásticas... Isso é
superchato!
Desta vez, Duda acabou concordando comigo, porque a pestinha
adorava cama elástica e porque chorar para conseguir nota era a sua tática
principal na escola.
― Se você quiser ir dormir com o meu irmão... ― Duda começou a
dizer depois de um tempo rindo comigo ― pode ir... ― ela falou.
Achei muito fofa e madura a sua atitude, mas percebi que ela voltou
os olhinhos para a tela da televisão, onde Katniss esperava por nós.
Para falar a verdade, a manipulação de Duda nem precisava ser
intencional... Eu era uma banana por natureza.
― Vamos terminar esse filme, tá bom? ― eu disse para ela,
ajeitando-me de novo no encosto da cama e trazendo-a para perto de mim.
Senti o cheiro de shampoo infantil no seu cabelo e sorri comigo mesma,
porque Duda ainda seria criança por um tempo.
Então vocês vão ter bebê, um dia?
Preferi fechar os olhos como a caçula, que capotou em segundos no
meu ombro, e ignorei a ideia de que um dia teria que crescer, também.
Capítulo 4
SOFIA

Katniss tinha acabado de subir em uma das árvores da arena quando


escutei um barulho vindo da porta. Duda se mexeu um pouco no meu colo,
mas continuou capotada no sono pesado, respirando baixo, enquanto a porta
se abria devagarinho...
Não acredito que você veio mesmo atrás de mim, Ferrero.
Quase soltei uma gargalhada quando consegui visualizar o corpo de
Téo na porta, o sua sombra alta e bem desenhada. Ele fez um gesto para que
eu saísse da cama: vem logo, porra; e eu fiz um gesto em resposta: já tô
indo, porra.
Eu já desconfiava que ele viria atrás de mim, considerando a demora
que eu estava levando e o desespero surreal do meu namorado. Pra falar a
verdade, também fiquei torcendo para Duda dormir logo, porque até Katniss
estava pegando o Peeta, e eu estava aqui, ao redor de ursinhos de pelúcia,
cuidando de uma criança que nem era minha.
De nada, Angélica e Augusto!
Devagar, peguei Duda com ambas as mãos e depositei a sua
cabecinha no travesseiro ao lado. Em seguida, tirei as suas pernas das
minhas e me levantei do colchão para terminar de ajeitá-la e cobri-la com o
cobertor.
Por sorte, quando a caçula dormia, ela ia até a manhã seguinte, então
Duda não abriu os olhos nenhuma vez enquanto eu a arrumava, depois
desligava o DVD e pulava o colchão que eu deveria dormir, para ir ao
encontro de Téo.
― O que você tá fazendo aqui? ― eu sussurrei para ele quando
entrei no corredor da casa e fechei a porta do quarto. ― Eu disse que
desceria quando ela estivesse dormindo.
Os meus olhos estavam um pouco sonolentos, mas se abriram
bastante quando notei que Téo já estava sem boxer, apenas de moletom,
como ele gostava de dormir. Além disso, ele tinha colado uma blusa de frio
que estava aberta, e eu podia ver o convite do caminho da felicidade
iluminado pela luz sutil do corredor...
Oh, meu Deus, eu preciso mesmo dar. Já posso me sentir como a
Sofia de dezessete anos encarando o tanquinho do garoto problema
naquela primeira noite de excursão...
― Você demorou pra caralho ― Téo sussurrou de volta,
gesticulando os braços. ― Pensei que você tivesse capotado junto com ela.
― E se eu estivesse dormindo? Você teria a coragem de acordar a
sua amada que chegou hoje de viagem?! ― Fiz uma careta ofendida.
Téo estreitou os olhos em mim, de maneira que eu conseguia ver a
sombra dos cílios negros debaixo deles.
― Tá no contrato do nosso relacionamento. Cláusura número um:
eu posso te acordar e você pode me acordar se um dos dois estiver
excitado.
Foi a minha vez de estreitar os olhos no seu rosto.
― E esse contrato foi escrito e assinado na sua cabeça, né?
Téo abriu mais o sorriso, dando-me a visão dos seus dentes brancos.
Aquele sorriso sempre conseguia instigar o meu volta, em qualquer situação,
mesmo quando parecia impossível repuxar os lábios. Então eu sorri, mais
ainda quando ele se aproximou de mim e me prensou contra a parede do
corredor:
― Você fez promessas mais cedo, Müller. ― Téo apoiou um braço
na parede, enquanto a outra mão descia da minha cintura até a coxa. ― Tô
louco pra te ver naquela fantasia de novo...
Desde a excursão de formatura, quando perdi uma aposta para Téo e
tive que usar uma fantasia de Mulher-Gato, o meu namorado implorou para
eu não jogar aquela peça fora. Era um macacão colado, preto, naquele tecido
vagabundo que deveria parecer couro... Para mim, era ridículo, mas Téo
ficava com um tesão maluco quando me via naquilo. Eu até tinha tentado
comprar outras mais bonitas e excitantes, mas a Mulher-Gato de Estrada
(que tinha um rabo, mesmo que a anti-heroína não tivesse um) era a preferida
dele não sei por que diabos.
No fundinho, eu não via a hora de ver uma oportunidade de jogar
aquela fantasia fora. Nem rasgar “sem querer” eu tinha conseguido...
Eu estava pronta para subir a minha perna pelo seu tronco e começar
a nossa noite aqui mesmo quando a porta ao lado se abriu. Em seguida, tudo
o que eu enxerguei foi Roberta, esfregando os olhos sonolentos e borrados
para nos fitar em seguida:
― Escapando da Duda de novo? ― ela sussurrou, apontando o dedo
para nós dois. ― Vocês não tem vergonha na cara? ― A adolescente tapou
a boca para não ir alto.
Ótimo. Agora a do meio cresceu também e acha que pode tirar com
a nossa cara.
― Fica quieta aí, surfista ― Téo sussurrou a ela no mesmo tom
zombeteiro. ― Eu tô sabendo que você anda vendo uma coisa que não é
um palhaço. ― Ele apontou para a irmã também, levantando a sobrancelha
esquerda.
A boca de Roberta quase caiu no chão no momento que Téo revelou
que sabia do seu segredinho. Mesmo no escuro, percebi que o seu rosto
queimou de constrangimento.
― Você contou pra ele, Sofia?! ― ela reclamou, apontando o dedo
para mim como se eu fosse a pior traidora de todos os tempos.
Tirei os olhos da garota e encarei o meu namorado boca-grande,
querendo matá-lo por ter dito o que não devia. Depois Téo chamava Biz de
putinha fofoqueira... Acho que tínhamos uma cria do vocalista do Tribos
por aqui!
― Ele que escutou a nossa conversa! ― eu respondi a ela.
― Que pau no cu do caralho! ― Roberta soltou antes de entrar
novamente no quarto, com uma carranca digna de eu odeio todos vocês.
Realmente, é impossível agradecer três Ferrero ao mesmo tempo!
― Ei, ei, ei! ― Téo tentou alcançá-la até a porta do seu quarto, mas
ela tinha acabado de bater. Na sua cara. ― ‘Pau no cu do caralho’? ― Ele
me fitou indignado, como se nunca tivesse escutado o palavrão na vida. ―
Onde ela aprendeu isso, porra?!
Revirei os olhos, agarrando a mão de Téo antes que ele começasse a
bater na porta da adolescente emburrada. Amanhã conversaríamos com ela,
se Roberta ainda nos considerasse como os seus irmãozinhos do coração.
― Onde será que ela aprendeu, né? ― eu ironizei. Quase emendei
“poderíamos chamar o Henrique, a quem pertencia esse vocativo, para falar
sobre”, mas talvez Téo não levasse na boa escutar o nome do meu ex-
namorado justo agora.
― Eu não digo palavrão perto delas ― ele tentou argumentar,
enquanto caminhávamos até o começo da escada.
― Você tenta não dizer, mas elas adoram quando você fala... ―
rebati.
― Igual a você, não é, linda? ― Téo disse na minha orelha e,
quando chegamos aos degraus, ele me pressionou de frente para a parede, de
maneira que senti o seu peitoral rígido nas minhas costas. ― Você adora
ouvir que é a minha gostosa do caralho. ― Ele subiu as mãos pela minha
barriga, seios e pescoço, onde ele o agarrou para girar um pouco o meu rosto
e morder os lábios.
O volume do seu pau na minha bunda começou a crescer, fazendo
com que um suspiro escapasse da minha boca. Eu estava sedenta por aquele
pau entre as minhas pernas, parte de mim até cogitou a ideia de abaixar um
pouco a camisola aqui mesmo e começar a foder antes de chegar à casa da
piscina...
Nada de transar perto de familiares, Sofia.
Qualquer um que abrisse a porta dos quartos, inclusive Augusto e
Angélica, veria que eu e Téo estávamos no fim do corredor, trepando. Se
Roberta quase pegou alguma coisa, era possível que os outros nos
escutassem cochichando putaria e gemendo...
Não traia essa promessa, Sofia. Se o seu sogro te pegar gemendo,
você nunca mais vai conseguir olhar na cara dele.
― Para de putaria aqui, Téo ― eu sussurrei para ele, livrando-me
com esforço do seu volume me pressionando, pronto pra estocar até tirar o
meu ar. ― Antes de sair de casa, eu prometi que não faria isso...
― Putaria?!
― Não perto da sua família.
Téo revirou um pouco os olhos, mas acabou concordando, então
começamos a descer os degraus até o andar debaixo. A porta para a piscina
ficava logo à frente da escada, de maneira que já podíamos nos considerar
livres de empacas fodas a partir de agora...
Ou não.
No momento que chegamos ao último degrau, escutei um barulho
vindo da cozinha, meio abafado, mas audível da escadaria. Téo estava
pronto para atravessar até a porta de vidro e sair da casa, mas eu travei os
passos e barrei o seu peito quando enxerguei dois corpos juntos, aos
amassos entre o balcão e a geladeira...
Augusto e Angélica...?
Oh, Deus... Você só pode estar jogando com a minha cara! Eu não
mereço isso!
Eu só tive tempo de enxergar o aniversariante colocando a sua
esposa em cima do balcão para continuar a beijá-la, então empurrei Téo
para alguns degraus acima antes que ele visse a cena como eu. Com certeza,
o meu namorado não gostaria de ver o presente de aniversário que a sua
madrasta daria para o seu pai... na cozinha da casa...
― O que foi? ― Téo perguntou.
― O seu pai e a Angélica estão na cozinha ― eu sussurrei.
Ele estranhou a minha reação apressada e franziu o cenho,
balançando a cabeça. Pelo jeito, o seu olhar não tinha captado o que eu
captei.
― E daí? ― Téo sussurrou. ― Eles já viram você deixando o
quarto da Duda...
Mordi o canto do lábio, sentindo o peso do que estava prestes a
contar ao meu namorado. Nenhum filho merecia escutar algo parecido, mas
eu não tive muita escolha:
― Eles estão... namorando ― tentei amenizar a situação.
Téo pareceu não entender do que eu estava falando, então ele se
distanciou de mim e foi até o último degrau espiar também, sem que eu
pudesse evitá-lo. A escadaria estava bastante escura, de maneira que a única
maneira de visualizar o rosto de Téo era por meio das luzes sutis da cozinha,
mas eu consegui enxergar quando o meu namorado enrugou o rosto e
entreabriu os lábios.
Eu já tinha visto uma vez o meu pai e a minha mãe se pegando na sala
da nossa antiga casa, e eu sentia o estômago embrulhar toda vez que me
lembrava da cena: o beijo molhado, as mãos bobas, a falta de noção de estar
em um ambiente familiar com crianças que não queriam ver os seus queridos
pais fazendo putaria...
Eca. Mil vezes eca!
Tudo bem, eu entendo perfeitamente que toda a sociedade faça sexo e
goste. No meu caso, eu amo sexo, com certeza uma das melhores atividades
físicas que o ser humano aperfeiçoou com a putaria!
Mas eu prefiro ignorar a ideia de que os meus pais pensam como eu.
Não sou obrigada a aceitar que os dois partilhem de uma paixão ardente,
como mamãe disse sobre o meu relacionamento recente quando eu fui morar
com Téo... Aliás, escutar o termo paixão ardente já era o suficiente para
fazer qualquer filho pedir para morrer.
Provavelmente, o meu namorado estava pedindo para morrer neste
exato segundo. Pela expressão de quem chupou limão que ele fez, eu percebi
que a paixão ardente que estava rolando na cozinha foi um baque dos
grandes.
― Puta. Que. Me. Pariu ― Téo sussurrou quando voltou alguns
degraus, para perto de mim. Ele encostou a cabeça na parede e apertou as
pálpebras, como se estivesse matando os seus próprios neurônios. ― Eu
nunca mais vou subir de novo depois dessa...
Prendi os lábios quando uma vontade de rir apareceu, mas eu sabia
que este assunto era muito delicado para rir, e acabei ficando nervosa.
Puta merda... O meu sogro estava dando uns amassos na esposa bem
na cozinha! Se eu e Téo atravessássemos o espaço até a porta de vidro, ele
poderia nos ver, então Augusto saberia que nós sabíamos sobre eles...
Com que cara nós quatro nos olharíamos depois disso?
Eu realmente me sentia nos Jogos Vorazes neste exato momento. E a
sorte não estava do meu lado.
― Não diz isso, lindo ― eu tentei consolar Téo, acariciando o seu
cabelo. Ele estava com uma carinha tão desanimada que eu até cogitei a
possibilidade do seu pau ficar doente antes da velhice. ― Sempre sobe...
― Que caralho eles pensam que estão fazendo?! ― Ele me fitou,
indignado, em seguida. O seu corpo estava todo tenso enquanto tentava
manter o controle do sussurro: ― Tem crianças na casa!
― As garotas não são mais crianças, sabe...
― Não interessa! Eles tem a porra de um quarto pra fazer isso!
― A gente também tem um quarto, mas nem sempre a gente faz
dentro dele.
― Mas a gente não tem filho, caralho! ― Téo esfregou o rosto com
as mãos, puto.
Eu estava pronta para respondê-lo, mas outro barulho veio da
cozinha, o som de algo caindo no chão. Em seguida, veio o som de risadas
abafadas, uma mistura de sons cúmplices que apenas um casal de longa data
poderia dar junto...
Enquanto Téo bufou ao meu lado, eu abaixei o rosto e acabei
compreendendo que a paixão ardente, mesmo que fosse brega, era algo bom
em um relacionamento. Não devia ser fácil manter a originalidade em um
casamento de anos.
Será que eu e Téo vamos ser assim daqui um tempo?
Aliás, será que vamos nos casar algum dia...?
Eu nunca tinha parado para pensar em casamento, mas, de repente,
quando olhei para o homem que estava na minha frente, eu consegui imaginar
uma vida assim ao seu lado. Eu e Téo já morávamos juntos, o que era algo
bem próximo de um casamento, só que seria bom jurar amor eterno para o
garoto problema que mudou completamente a minha vida há quase dois
anos...
Você já pensou alguma vez nisso, Téo? Fazer de mim a sua mulher,
de verdade?
― A gente tem que sair daqui ― o meu namorado falou, farto,
descendo um degrau para avaliar como estava a situação na cozinha. Decidi
empurrar os novos pensamentos que me bombardearam desde que entrei na
quarto de Duda. Esse não é o momento para pensar sobre isso, talvez seja
tudo muito recente ainda... ― Se a gemeção começar, aí que eu vou broxar
pra sempre! ― Téo me olhou, receoso.
Mordi o canto do lábio, terminando de me livrar do futuro misterioso
que começava a bater na porta do presente. Téo estava certo: nós tínhamos
que sair daqui o quanto antes, sem que o seu pai e a sua madrasta
percebessem... Não era hora de pensar sobre nós dois.
― Vou ver o que tá rolando... ― eu avisei, descendo os degraus
novamente até chegar ao último.
Se Augusto e Angélica ainda estivessem próximos ao balcão, não
conseguiríamos passar e teríamos que voltar ao andar de cima para passar o
resto da madrugada no quarto de Duda, sem transar.
Não estejam nus, não estejam nus, não estejam nus, eu pedi
internamente enquanto tombava o rosto para enxergar a cozinha.
Desta vez, não enxerguei os dois corpos, ainda que os ouvisse do
fundo da cozinha. Havia apenas um faqueiro caído no chão, provavelmente o
barulho anterior foi dele, e uma peça de roupa em cima do balcão, onde o
casal estava antes.
Puta merda... Eles realmente vão trepar na cozinha! Meu sogro!
Meu sigiloso sogro...!
― A gente vai ter que correr ― sussurrei para Téo quando girei o
rosto para fitá-lo. ― Eles estão do outro lado da cozinha, mas a gente
precisa sair depressa antes que eles percebam.
Enxerguei o maxilar de Téo se contrair, percebendo que ele não
estava muito animado com a situação, mas dei de ombros, já que não
tínhamos outra opção. O meu namorado acabou assentindo e tomou a frente
da escadaria.
Ele deu uma olhadinha rápida na cozinha e sussurrou algo para si
mesmo, que eu não escutei muito bem além da palavras meu velho e inferno.
Deduzi que fosse: meu velho me mandou para o inferno.
― Isso não é justo. Eles trepando na cozinha e a gente não ― Téo
falou antes de sair em direção à porta.
― Você queria estar trepando na cozinha? ― perguntei, sorrindo
para descontrair um pouco.
― Eu nunca mais vou querer nem entrar nessa cozinha ― ele
respondeu, e eu tive que abafar o riso. ― Bora correr, fugitiva? ― Téo
perguntou em seguida.
Tirei os olhos dele e fitei o nosso portal logo à frente: a porta de
vidro que dava para a área da piscina, onde havia o castelo mágico onde eu
poderia abrir as minhas pernas para Téo Ferrero.
Era a minha vez de ganhar os Jogos Vorazes.
Assenti com a cabeça, preparando-me para caminhar como uma
pluma para não fazer barulho algum no processo. Por esse lado, era bom ter
sido bailarina por um tempo. A minha flexibilidade já não era das melhores
depois de quase dois anos afastada dos exercícios diários, mas alguns
ensinamentos ainda estavam frescos, com a voz rígida de Nina quando dizia:
bailarinas não podem fazer barulho.
Pode crer que eu precisava pesar como uma pena neste momento.
Téo fez um gesto com a cabeça e, espiando a cozinha, nós dois
saímos do último degrau apressadamente. Demos passos rápidos até a porta
de vidro, enquanto eu pedia à força maior que o casal não retornasse ao
balcão principal, de onde poderia nos ver passando na pontas dos pés.
Quando chegamos à porta, escutamos outro barulho vindo do fundo
da cozinha.
O som abafado de colisão.
De um corpo colidindo contra algo de metal.
Téo paralisou em uma careta desgostosa por um segundo, e eu soube
que ele desejou morrer naquele momento, porque eu também desejei.
Nós tínhamos pensado em várias possibilidades na nossa noite de
reencontro, menos nessa. Aliás, se tivessem me falado antes de embarcar no
avião que eu escutaria o meu sogro e a sua esposa nas preliminares, eu teria
desistido totalmente do Rio de Janeiro e diria para Téo voltar para casa, o
único lugar onde nós tínhamos paz de verdade.
Porque a paz agora parecia muito distante, juntamente com o tesão.
Téo finalmente abriu a porta e deu espaço para eu passar logo. Pelo
menos nós tínhamos conseguido sair da casa sem que Augusto e Angélica nos
vissem, então eu ainda poderia frequentar a casa dos Ferrero, mesmo que
nunca mais fosse olhar para os pais de Roberta e Duda da mesma maneira.
Cozinha, na madrugada... Sério?
Acho que não sou apenas eu que não sou uma lady, não é,
Angélica?
Eu estava quase aliviada quando senti o vento noturno bater em mim
novamente e vi Téo sair silencioso para fechar a porta de vidro. Ele estava
puxando o trinco, estávamos quase lá, no momento que uma rajada de vento
veio na nossa direção e, como se o diabo estivesse no vendaval, a porta
bateu violentamente, fazendo até mesmo as cortinas pesadas tremerem.
PUTA MERDA!
― Duda?!
― Roberta?!
As vozes de Angélica e Augusto se levantaram em alto e bom som da
cozinha, alertando-nos que eles tinham escutado o barulho da porta.
Fodeu.
Capítulo 5
SOFIA

Relacionamentos amorosos são sobre desafio. É muito fácil ficar ao


lado de alguém em um domingo à tarde, quando os dois estão nus na cama e
a maior preocupação do dia é ter que ir colocar comida para o gato. É
simples viver a dois quando vocês vão viajar para a suas cidades ou para a
praia, quando falam coisas bobas pelo WhatsApp durante uma aula chata,
quando saem com os amigos no fim de semana para tomar umas cervejas e
quando o seu namorado te dá um puta orgasmo logo no começo do dia.
Essas são as partes fáceis de um relacionamento.
As partes difíceis, as desafiadoras, são quando o boletos de cartão
de crédito chegam ao final do mês, e o seu namorado diz que você é uma
patricinha do caralho que não para de consumir. É difícil viver a dois
quando vocês dois são teimosos pra caralho e um precisa ceder, quando
você está em um dia ruim e tudo o que o outro diz parece ser a coisa mais
estúpida que você já escutou, quando o seu parceiro deixa as coisas
espalhadas justo no cômodo que você acabou de arrumar e ainda tem a cara
de pau de dizer que você obcecada por arrumação.
No caso entre Téo e eu, neste exato momento, é muito desafiador
estar diante de uma situação em que o seu sogro está trepando na cozinha e
está prestes a descobrir que você e o seu namorado descobriram sobre a sua
loucura...
São esses pequenos momentos infelizes e injustos que fazem o seu
relacionamento se fortalecer para aumentar a união entre vocês.
E, neste caso, te fazem broxar pra caralho.
― Garotas... Vocês estão aí?! ― escutamos a voz de Angélica da
porta de vidro, que tinha acabado de bater com a pressão do vento.
Durante quase dois anos de namoro, eu e Téo tínhamos passado por
situações cotidianas de uma maneira bastante madura, começando por
afazeres dentro de casa, contas a pagar, responsabilidades entre faculdade,
trabalho e brigas estúpidas de casal.
Mas, agora, quando escutamos a voz de Angélica se aproximando da
porta e olhamos um para o outro, bem nos olhos, a única coisa que veio às
nossas cabeças bastante maduras foi verbalizada em conjunto:
― Corre!
Eu conheço o ditado: se correr, o bicho pega; se ficar, o bicho come.
Porém, eu e Téo estávamos longe de dar o braço a torcer e ficarmos parados
à porta, então corremos pela área da piscina com esperanças de que o bicho
não nos pegasse.
O meu instinto de autopreservação foi ativado quando deixamos a
porta de vidro, subimos uma escada de poucos degraus e corremos em
direção à casa da piscina como se dependêssemos disso para viver. O vento
estava batendo forte, secando os meus olhos arregalados, mas eu me
equilibrei entre manter a velocidade e não cair no canteiro de flores
enquanto cruzava os arredores da piscina.
A distância não era longa, mas se Angélica abrisse a porta de vidro,
de longe, a madrasta de Téo veria que éramos os intrusos que tesouraram o
seu presente de aniversário para Augusto.
E com que cara eu olharia para ela na manhã seguinte, meu Deus?!
Pensando nisso, acelerei mais ainda o passo, a ponto de quase
esbarrar no corpo de Téo logo que chegamos à varanda da casa. O meu peito
estava superacelerado, e quando olhei para o meu namorado, percebi que
não era apenas eu que estava com medo de morrer de constrangimento.
Agora sabemos como todos os nossos amigos se sentem quando
estamos transando ‘escondido’ nas casas deles, não é, lindo?
Téo girou o trinco de uma casa, enquanto eu olhava para trás e
apertava os olhos para ver a porta da outra casa se abrindo devagar. Quando
vislumbrei uma meia sombra no curto vão, empurrei Téo para dentro da sala
antes mesmo que ele tivesse aberto todo o vidro e movi o meu corpo junto
com o dele até que estivéssemos nós dois à salvo no seu espaço particular
de adolescente.
Ou nem tanto.
Do jeito que eu me joguei contra Téo para escapar dos olhos de
Augusto ou Angélica, acabamos cambaleando até o sofá da sala. O corpo do
meu namorado caiu em cima das almofadas, desajeitado, e eu caí em cima
dele, de maneira que as nossas cabeças bateram umas nas outras. Em
seguida, o meu corpo cambaleou pelo seu até que caísse no chão, em cima
do tapete de pelos, e tudo o que eu senti foi o impacto das minhas costas e da
bunda contra algo sólido.
Tudo bem, força divina, vamos conversar...
Quando eu disse mais cedo que gostaria que o meu namorado me
empurrasse contra algo sólido, não foi nesse contexto...
Tudo o que eu consegui fazer depois de cair no chão como uma pata
foi botar a mão na boca enquanto sibilava uma sequência de ai, ai, ai, ai, ai,
ai, ai, ai...
O baque tinha sido tão tenso que eu nem consegui abrir os olhos por
algum tempo e senti o impulso das lágrimas porque eu tinha certeza de que
ficaria com hematomas grosseiros nas minhas costas.
Novamente, força divina: NÃO NESSE CONTEXTO!
― Sofia?! ― Téo me chamou, enquanto eu soltava grunhidos
infelizes como um cachorrinho que recebe um pisão na patinha. ― Amor?!
Você tá bem...?! Caralho...
Quando abri os olhos, encontrei os seus bem próximos do meu rosto.
Téo estava visivelmente preocupado, tocando o meu corpo como se
procurasse por alguma fratura ou algo parecido. Senti as suas mãos
vasculharem rapidamente as minhas pernas, braços e cabeça, sem as suas
típicas intenções, e acabei me lembrando de duas vezes que situações
parecidas aconteceram.
A primeira vez foi na prainha da excursão, quando Téo estava me
ensinando a surfar, e eu acabei caindo em cima dele, de maneira que os
nossos corpos colidiram debaixo da água do mar feito duas bolas de bilhar.
A segunda vez foi quando o elevador do nosso prédio quebrou e
tivemos que descer a escadaria. Os degraus eram muito estreitos, e eu acabei
me confundindo nos passos e caí nas costas de Téo, que conseguiu me apoiar
antes que rolássemos escada abaixo.
Sinceramente, eu não sei como algum dia fui bailarina.
Téo sempre dizia isso quando eu tinha uma ação desastrada, mas,
dessa vez, ele realmente parecia preocupado com a situação. Tudo bem que
algumas lágrimas pularam dos meus olhos e que as costas estivessem
queimando um pouquinho, mas eu estava bem, apesar de ter passado por um
dos momentos mais ridículos de toda a minha vida.
Eu tinha corrido do meu sogro e da sua esposa, que estavam
transando na cozinha.
Eu tinha empacado a foda dos dois, como os convidados da festa de
aniversário e Duda empacaram o meu reencontro com Téo.
Isso é... loucura!!!
Antes que eu pudesse a responder ao meu namorado: eu estou bem,
amor, pode ficar tranquilo; uma risada explodiu dos meus lábios e, de
repente, eu comecei a gargalhar pelo tapete da sala. Comecei a rir, a rir, a
rir, sentindo mais lágrimas se juntarem nos olhos, enquanto lidava com a
pressão do abdômen para suportar os impulsos da gargalhada infinita.
Quando olhei para Téo, percebi que ele ficou meio desconcertado com a
minha bipolaridade, mas logo que eu sibilei precariamente quê porra foi
isso?!, ele começou a rir junto comigo.
Como duas crianças, demoramos minutos naquela risada louca,
cúmplice e parcialmente angustiada.
Fizemos tudo esta noite, menos transar. Eu e Téo, sem sexo.
Júlia e Caio vão rir pra caralho disso...
― A gente não vai foder hoje, vai? ― Téo brincou quando conseguiu
parar de gargalhar comigo. Ele se sentou no sofá e me puxou para me sentar
ao lado dele, como outra desistente.
― Eu não sei se consigo depois disso... ― respondi, gargalhando
mais um pouco, tentando limpar as lágrimas desenfreadas.
Téo parou de rir, mas ainda manteve os lábios repuxados enquanto
encostava a cabeça no sofá. As luzes da sala estavam apagadas, mas as
arandelas da cozinha blocada iluminavam suavemente o seu rosto quadrado:
o contorno da boca, o nariz reto, os cílios longos e negros como o cabelo
bagunçado...
Esta é a nossa vida, Téo. A nossa vida juntos, que escolhemos ter.
― Fazia tempo que eu não escutava essa risada sua... ― ele falou em
seguida, como se estivesse se lembrando de algo. ― Naquela noite que a
gente invadiu a casa na praia e a gente correu até o residencial e entrou
naquele chalé... ― Téo virou o rosto para me fitar. ― Você riu assim, como
se fosse morrer de tanto rir.
Repuxei os lábios também, lembrando-me daquela madrugada que
não parecia nem muito distante, nem muito próxima. No começo, eu e Téo
éramos estranhos, mas não o suficiente. A última coisa que eu senti naquela
primeira noite com ele foi estranhamento. Na verdade, foi o fio para me
encontrar depois de anos perdida.
― Eu estava tão assustada aquela madrugada... mas de um jeito bom
― respondi.
― Você já estava planejando me levar pra cama? ― Téo levantou as
sobrancelhas, fazendo-me rir mais um pouco.
― Desde a primeira noite que eu me encontrei com você, eu já
estava planejando te levar pra cama. Só não sabia disso ainda.
― E fazer eu me apaixonar por você?
― Eu não tinha ideia de que você estava se apaixonando. Pra mim,
você só queria me comer.
― Sério, Müller? ― Téo franziu o cenho. ― Você me deu um fora
do caralho no dia seguinte, e eu corri atrás de você como um vira-lata. E
depois você me deu outro fora, fez a porra louca por causa da... Fabi, e eu
corri atrás de você de novo. Eu já estava fodido antes mesmo de você me
obrigar a te namorar.
Dei risada, terminando por me aproximar dele para deitar no seu
ombro. Depois de quatro dias separados, era bom rir com o meu colega de
quarto como se o mundo fosse nosso.
― A gente pensou que nunca mais alguém fosse empacar a nossa
foda depois da mudança, né? ― eu falei, pegando a sua mão para envolvê-
la. ― Nem imaginava que a sua irmã caçula poderia ser mil vezes pior que o
pastor Elias!
― A peste foi o de menos! ― Téo acariciou os meus dedos como eu
estava fazendo com os dele. ― O meu pai tava comendo a minha madrasta
na cozinha! ― ele falou, ainda indignado. ― O velho Ferrero, que sempre
ficava puto comigo quando eu trazia mulher pro quarto...! Nunca mais vou
subir...
Sem pensar, tirei a cabeça do seu ombro para olhá-lo nos olhos.
Eu não tinha sido a única a dormir na casa da piscina?!
― Então você transava com outras aqui, Ferrero?! ― eu perguntei a
ele, ofendida.
Téo analisou o meu rosto por alguns segundos e franziu o cenho
também, mas por outro motivo:
― Eu tô dizendo que me tornei um broxa fodido, e você tá
preocupada com as meninas que eu comia quando era adolescente?!
Revirei os olhos.
Téo? Broxa? O meu namorado que acordava de pau duro e ia dormir
de pau duro?
Ah, tá!
― Você não se tornou um broxa, amor. Até parece!
― O meu pau subiu e desceu tantas vezes hoje que ele ficou
traumatizado, Sofia ― Téo respondeu. Por um momento, pensei que
estivesse brincando, mas o meu namorado realmente parecia desanimado. Eu
estava quase solidária a sua dor quando ele fez uma de suas piadinhas de
defesa: ― A gente vai ter que providenciar a porra de vibrador para os
próximos meses...
Mais uma vez, comecei a rir, tomada por tudo o que aconteceu nas
últimas horas.
Eu tinha sido uma boa convidada, uma boa irmã postiça e uma boa
nora, mas ainda precisava ser uma boa namorada. Pensando bem, eu fui um
pouco maldosa por tê-lo feito esperar e estava em dívida com o meu garoto
problema.
Acariciei a sua barba, aproximando-me para dar um beijo no canto
dos seus lábios. Nem se eu passasse por mil situações broxantes, eu
conseguiria me esquecer do que era sentir Téo tocando o meu corpo,
beijando-o, aprofundando-se nele e em tudo o que existia sobre mim.
― Eu não quero um vibrador, Téo ― eu disse a ele.
― Eu também não... ― O meu namorado suspirou, com um olhar
baixo. Em seguida, ele guiou as mãos até o bolso da calça, de onde tirou um
maço de cigarros. Quando colocou um entre os lábios, ele ainda sibilou: ―
Mas agora vai demorar pra eu me sentir como um homem de novo. ― Téo
riu, sarcástico.
Dessa vez, eu não cedi a sua piadinha negra, nem sorri ao olhá-lo
sendo iluminado pelas luzes fracas.
Téo era o homem mais homem que existia. Tanto nos bons momentos
quanto nos maus momentos, ele estava ao meu lado, sendo o melhor
namorado, amigo, colega de quarto e ser humano que eu já conheci. Quando
a vida a dois parecia impossível e quando a própria vida parecia estar
desconfigurada, ele se esforçava para tudo ser possível e fazer sentido
novamente.
Não importava o quão assustada eu estivesse em uma situação, era
sempre de um jeito bom, porque eu sabia que, ao lado de Téo Ferrero, eu
não precisava ter medo de viver com toda a intensidade que o meu corpo e a
minha alma necessitavam.
Tirando o cigarro dos seus lábios, eu me levantei do sofá e fiquei de
frente para ele. Téo franziu o cenho, duvidoso sobre o que eu estava fazendo,
mas acompanhou enquanto eu deixava o cigarro de lado e olhava em seus
olhos.
O único barulho que podíamos escutar agora era o da cascata da
piscina, além do som do meu coração, batendo com em uma frequência louca
como da primeira vez em que eu fiquei de frente para o garoto problema
dessa maneira.
― Você se esqueceu de um detalhe, Ferrero ― eu disse depois de
alguns segundo encarando-o. Em seguida, guiei as mãos até a barra da blusa
da camisola e puxei para removê-la. Téo acompanhou enquanto eu fazia o
mesmo com o shorts, que deslizei pelas pernas para ficar apenas de lingerie.
Ajoelhei-me entre as suas pernas, fitando o seu abdômen na blusa aberta até
chegar aos seus olhos. Entortei um sorriso e contei a ele: ― Eu sei
exatamente como te fazer sentir como um homem.
Téo continuou com o cenho franzido e os olhos fixados nos meus
gestos enquanto eu me aproximava para depositar os lábios no seu pescoço.
Sem nenhuma pressa ou desespero, eu mergulhei a língua na sua pele,
inalando do cheiro fresco que só ele possuía em todo o universo. Saboreei a
dobra do pescoço e fui descendo os beijos, passando pelo peitoral e
chupando os seus músculos rígidos. Adorá-lo com a língua e amá-lo com os
lábios sempre me deixavam com um tesão que me fazia esquecer todo o
resto, e agora não havia nada que pudesse me parar de ser a mulher que eu
me sentia em contato da sua pele.
― Termina de tirar tudo pra mim ― Téo pediu conforme os meus
lábios caminhavam por todo o seu tronco. Ele agarrou os meus cabelos
fazendo um rabo e comandou que eu olhasse para ele: ― Fica nua e me
chupa.
Assenti levemente com a cabeça, obedecendo aos seus olhos fixos
em mim e às sobrancelhas retas, então me afastei um pouco do seu peito.
Levantei-me novamente, de frente para ele, e movi as mãos até o fecho do
sutiã.
A peça caiu em segundos, revelando os meus seios que já estavam
duros de excitação por causa daquele olhar obsceno que nunca sumia de Téo
Ferrero. Eu adorava que ele me olhasse assim quando eu a tirava a roupa,
como se eu fosse a coisa mais sexy que existisse no mundo. E eu sempre
fazia questão de provar que, no seu mundo, eu realmente era.
Depois que deixei o sutiã cair, virei-me de costas para dar a ele a
visão da minha bunda.
Deslizei a calcinha bem devagar, acompanhando a sua reação por
cima do meu ombro, e sorri quando a peça pequena caiu e Téo voltou a me
fitar.
― Agora ajoelha ― ele sussurrou, sério.
Virei-me novamente e frente para ele e desci até apoiar os joelhos no
tapete. Coloquei as minhas no cos do seu moletom e o puxei para baixo, até
me deparar com o seu pau duro na minha direção.
Eu te disse que broxa era a última coisa que você ia ficar, amor.
Tirei a mão do seu moletom e agarrei o seu pau, de maneira que as
veias latejaram orgulhosamente na minha palma. Apertei-o um pouco e
comecei com um movimento devagar, intercalando o olhar entre a cabeça
rosada e os olhos vidrados de Téo.
Antes que eu pudesse perguntar o que desejava que eu fizesse, ele
agarrou os meus cabelos novamente e me aproximou da sua ereção. Os meus
seios roçaram no seu pau e, quando Téo fez um gesto com a cabeça, eu
entendi que ele quis uma espanhola antes.
Continuei a gesticular as mãos para baixo e para cima, mas comecei
a contornar os meus mamilos com a cabeça do seu pau, sentindo-os se
molharem, impregnando-se na minha pele. A sentido daquele toque me fez
fechar os olhos por um segundo, de maneira que arfei de prazer junto com
Téo, mas abri as pálpebras em seguida para acompanhar a sua reação.
Ao colocar o seu pau entre os meus seios e aumentar a frequência da
punheta, eu sorri mais ainda enquanto Téo entreabriu os lábios e jogou a
cabeça para trás, contorcendo-se um pouco. Ele ficava tão lindo quando
ficava com a testa levemente enrugada e os lábios sedentos de prazer que a
minha vontade era de fazer aquele momento durar para sempre. Eu só não o
fotografa porque ele não deixava, caso contrário, eu teria milhões de fotos
de Téo arfando de tesão.
Continuei aprofundando o seu pau entre os seios até que Téo apertou
mais ao meus cabelos entre os dedos e fez com que eu prestasse atenção ao
que ele ia dizer:
― Fica de quatro e me chupa devagar... até o final, amor.
Antes que eu apoiasse as mãos no tapete também, como estava
fazendo com os joelhos, Téo me levou até a sua boca e me beijou, afundando
a sua língua no canto dos meus lábios até se aprofundar na minha boca.
Correspondi ao beijo como uma serva, deixando-o me guiar até que
separasse os nossos lábios e induzisse a minha boca até o seu pau, onde eu
abocanhei com toda a devoção possível.
O seu gosto de invadiu rapidamente quando eu tomei a sua cabeça e
engoli o seu comprimento. De primeira, não consegui tomá-lo todo, mas
conforme Téo empurrava a minha cabeça devagar, mais eu aprofundava a
boca naquele pau maravilhoso.
Naquele momento, a submissão estava me deixando tão excitada que
eu estava começando a me sentir molhar, sem ao menos ser tocada. Só pelo
fato que estar de quatro na frente do homem da minha vida, dando prazer a
ele, deixava-me completamente entregue até o ultimo pedaço de alma.
― Tá gostando de tomar na boca, gostosa? ― Téo perguntou, com o
maxilar contraído e o tom de voz mais rouco que o habitual.
Olhei-o, tirando a boca da sua cabeça para passar a língua por toda a
extensão.
― Eu sempre gosto ― respondi antes de abocanhá-lo novamente.
Comecei a aumentar a frequência ritmada e a engolir tudo como ele
pediu antes. Os gemidos grosseiros de Téo e a maneira que ele contorcia os
meus fios de cabelos diziam que eu estava quase fazendo-o gozar, deixando-
me pronta para receber a sua porra e engolir tudo com o olhar no seu.
Porém, quando eu pensei que Téo fosse esporrar bem gostoso, ele
puxou os meus cabelos para trás e me distanciou do seu pau. Eu o fitei,
duvidosa, mas o meu namorado não me deu muito tempo para voltar a beijá-
lo: Téo me levantou até que eu ficasse apenas de joelhos de novo e veio para
cima de mim, deixando o sofá.
O seu corpo me envolveu, pesado, deitando-se em cima de mim
enquanto as minhas costas atingiam no tapete novamente. O toque brusco
acabou lembrando-me do tombo que levei e soltei um ruído um pouco
incomodado.
― Machucou, linda? ― Téo se alarmou quando já estava em cima de
mim, pressionando o seu pau contra a minha virilha. O contato me fez gemer
baixinho e eu até me esqueci da dor nas costas. ― Quer que eu saia de
cima...
― Não. Me come ― eu insisti, gesticulando as pernas para que Téo
me fodesse.
― Tá doendo... ― ele ainda insistiu, um pouco preocupado.
Vamos voltar para a parte que você me faz de sua puta e me mata
de tesão, por favor?
― Não. Não tá doendo. Só me fode, vai ― eu o apressei, removendo
a blusa que ainda cobria os seus braços fortes.
Eu não sei por que, mas Téo riu da minha urgência repentina. Foi
uma risada gostosa, sexy, mas ele estava rindo de mim! Por sorte, ele estava
lindíssimo com o cabelo bagunçado e o sorriso safado diante do meu rosto...
― Deixa eu te foder com a boca primeiro, huh? ― Téo sugeriu,
tirando as mechas de cabelo do meu rosto para beijar a testa, as bochechas,
o maxilar... ― Eu sinto falta de te sentir gozando na minha língua ― ele
falou, descendo os lábios até chegar aos meus mamilos.
Quando os dentes famintos mordiscaram os meus seios, foi o meu
fim, e tudo o que eu disse em resposta foi:
― Eu sou sua, toda sua, amor...
― Você vai gemer isso pra mim? ― Téo perguntou, afundando a
boca no seu seio todo enquanto apertava o outro com a mão grande.
Um gemido alto me escapou no mesmo momento, e Téo teve a sua
resposta, deixando a boca dos meus seios para caminhar até a virilha. Os
lábios suaves contornaram a minha barriga, enquanto as mãos ainda
trabalhavam nos mamilos, apertando-os para tomar os seios com as palmas
abertas... Ele estava me deixando louca aos poucos.
Por instinto, coloquei os pés nas suas costas no momento que Téo
afundou a cabeça entre as minhas pernas. Primeiro, ele inseriu alguns
chupões no limites das minhas coxas e depois subiu até a minha virilha, onde
os seus lábios encostaram delicadamente na tatuagem de andorinha próxima.
― Tão linda, caralho... ― ele sussurrou, deixando as asas do
pássaro para abaixar o rosto e afundar a língua em mim.
No momento que eu senti a sua boca chupar a minha carne em um
ritmo lento e delicioso, eu me contorci inteira, afundando os pés nas suas
costas e abrindo mais as pernas para ele.
A sua língua começou a circular pelo meu clitóris e os meus quadris
seguiram a musicalidade que ele me fazia dançar. Rebolei na sua boca,
morrendo com o dedo agressivo dos seus dedos nos meus mamilos, e
comecei a gemer como não fazia há quatro dias, nem mesmo sozinha.
Apenas Téo me tirava aqueles ruídos intensos de prazer. Apenas ele.
Alcancei os seus cabelos, afundando os dedos e acariciando com
carinho como ele fazia comigo. Téo sempre começava o oral devagar, não
havia pressa nos seus olhos que nunca saíam do meu rosto.
Ele gostava de me assistir. Sempre gostou.
Conforme eu tombava a cabeça para trás e afundava os pés nas suas
costas, Téo aumentava o ritmo da sua língua, começando a percorrer toda a
boceta. Quando atingiu pela primeira vez a minha entrada, que já estava tão
molhada a ponta de deslizar pela pele, ele soltou um ruído de satisfação e
afundou a língua dentro de mim, tirando-me uma sequência de gemidos altos
pra caralho.
― Amor... Amor... Meu amor... ― eu arfei, com o peito acelerado,
sentindo os impulsos do gozo se aproximando.
A sua língua percorreu a minha boceta até se fixar no clitóris de
novo, para trabalhar fortemente nele. Téo juntou os meus seios com as mãos,
movimentando-os deliciosamente, e fez o mesmo com a boca na minha carne,
chupando-a até tirar de mim o orgasmo frenético e entorpecedor.
Eu amava Téo, mas, quando ele me chupava e me fazia gozar com a
cabeça entre as minhas pernas, eu tinha certeza de que o amaria a vida toda.
Não apenas porque a sensação do orgasmo era uma das mais prazerosas que
existam, mas porque eu sentia em todos os meus poros que ele me amava
também.
O meu corpo se contorceu, o minha boca se abriu e toda a minha
alma emergiu. Eu ainda podia senti-lo me comendo com a língua, os lábios e
os dentes enquanto gozava demoradamente. Lágrimas de prazer pulavam a,
de repente, eu não estava apenas gemendo como uma porra louca, mas
transpirando como uma também.
As minhas pernas tremeram uma última vez antes de descansarem ao
redor de Téo, exaustas. Estava difícil recuperar a estabilidade da respiração
quando eu tinha ido até o céu em segundos.
Téo ainda ficou um tempo me beijando, subindo pelo meu corpo
demoradamente: a virilha, os quadris, a barriga, cintura. Quando ele apoiou
o queixo em mim e me fitou, eu fiquei com uma puta vontade de senti-lo
dentro de mim, de sentir a sua porra dentro de mim, de sentir todo ele dentro
de mim.
― Me leva pro seu quarto ― eu disse a ele, acariciando o seu
cabelo.
Téo juntou os lábios, quase sorrindo. Os seus olhos estavam fixos em
mim, mas pareciam um pouco distantes, perdidos em algo que eu não
consegui desvendar.
― Nosso quarto ― ele falou em seguida, subindo o rosto até o meu.
Téo apoiou os antebraços no tapete, aos lados do meu rosto. ― Tudo o que é
meu, é seu também.
As suas palavras fizeram um arrepio estranhamente bom surtir na
minha nuca.
Eu estava acostumada a partilhar tudo com Téo desde que
começamos a morar juntos, porque estávamos construindo uma vida não
apenas em Porto Alegre, mas em qualquer lugar que estivéssemos...
Porém, quanto mais partilhávamos, quanto mais nossos existiam,
mais nos consumíamos um no outro a ponto de...
Tornar uma só carne, diria um cristão.
Evoluirmos como espíritos conjuntamente, diria um espírita.
Enlaçar as nossas vidas que se tocaram, diria um budista.
Será que algum dia vamos dizer ‘sim’ para alguma dessas
possibilidades?
Antes que eu pudesse fazer a pergunta que estava na ponta da língua,
Téo me beijou, deixando as minhas pernas mais fracas, se fosse possível.
Em seguida, ele se levantou o suficiente para agarrá-las e colocá-las ao seu
redor, pegando-me no colo.
Téo nos levou para o quarto, como eu pedi, e me colocou de bruços
na cama. O cheiro do colchão era o cheiro que estava se esvaindo dos
lençóis, travesseiras e cobertores da nossa casa. O cheiro dele, só faltava o
meu agora.
― Você machucou bastante, linda ― ele disse, passando o dedo
contra a leve ardência do machucado recente.
― Não tá doendo ― eu disse, olhando-o por cima do ombro. Ergui
um pouco a bunda para dar a ele a visão da minha boceta. Eu precisava que
ele me fodesse agora. Depois de tudo, eu realmente precisava que Téo me
amasse do jeito que apenas ele era capaz fazer. ― Vem cá em cima de cima,
amor ― implorei.
Mas, pelo jeito que Téo cruzou as sobrancelhas, as minhas costas
deveriam estar um pouco manchadas do machucado. Ele passou a língua
entre os lábios, com a expressão preocupada de antes.
― Vou cuidar disso ― Téo falou, ignorando a minha ânsia.
Eu sabia que ele iria ao banheiro, atrás de uma pomada, por isso me
virei na cama e envolvi o seu tronco com as minhas pernas antes que saísse.
― Depois você cuida disso ― eu disse, apoiando os cotovelos no
colchão. Abri um sorriso apelativo, enquanto mordia o lábio. ― Você
precisa cuidar de outra coisa agora...
― Sofia... ― Téo abriu um sorriso.
― Você disse que ia me foder com força até me deixar dolorida ―
eu o cortei e desci a ponta dos pés pela extensão do seu abdômen. Téo
acompanhou o meu gesto, principalmente quando me virei novamente e
fiquei de quatro, rebolando lentamente. ― Você me fez promessas, Ferrero
― provoquei da mesma maneira que ele fez antes.
Téo deu um riso curto, gesticulando a cabeça. Em seguida, ele tirou
os olhos dos meus e olhou para a minha bunda.
― Você é uma safada do caralho, sabia?
― E você também. Por isso vai comer a sua namorada logo.
Quando tirei os cabelos no ombro e os joguei para o lado, para ter
uma visão melhor do homem que estava atrás de mim, com aquele pau
maravilhoso endurecido, implorei com os olhos para que Téo acabasse com
o nosso desespero. Tínhamos penado tanto para chegar até aqui que parecia
até pecado não foder do jeito que prometemos fazer desde que nos vimos no
aeroporto.
― Antes... ― ele disse, fitando-me novamente ― faz uma coisa por
mim.
― Qualquer coisa.
Téo se aproximou do colchão apoiando um dos joelhos e
aproximando o rosto da minha bunda. Ele mordeu a minha carne
demoradamente e, ao se distanciar, espalmou-a para empinar mais na sua
direção.
― Se toca pra mim ― ele pediu, mais sério. ― Nessa posição.
Filho da puta que eu amo pra caralho...
Dopada pelo tesão daquele olhar sobre mim, eu deixei uma mão do
colchão e a conduzi até a minha boceta. Eu já estava molhada há um bom
tempo, de maneira que enfiei dois dedos na minha entrada de uma vez.
― Assim? ― perguntei, soando levemente inocente.
Téo agarrou a minha bunda e a empinou mais para que ele
visualizasse os meus dedos fazendo o movimento contínuo. O meu toque
estava bom, fazendo-me suspirar baixinho, mas eu não via a hora de sentir o
seu volume me preenchendo por inteira.
― Tá molhada? ― ele perguntou, com a respiração acelerada.
― Você não faz ideia...
Em seguida, quando tirei os dedos, lambuzei-me para que Téo visse
o que queria.
― Puta merda...! ― Ele arfou, apertando a minha bunda a ponto de
me fazer sentir cada dedo. ― Eu nunca vou me cansar da sua boceta, amor...
― Então come ela, Téo, pelo amor de Deus ― eu disse, voltando a
apoiar a mão no colchão. ― O que você quer que eu faça, huh?
Enquanto eu levantava a sobrancelha questionadora, Téo apoiava o
outro joelho no colchão. Ele se posicionou para me comer, mas não me fodeu
antes de responder:
― Implora, gostosa. ― O safado abriu um sorriso provocativo.
Geralmente, quem faz alguém implorar por sexo neste relacionamento
sou eu. Eu sou um pouco má às vezes, porque, no fundo, eu sei que Téo fica
mais louco quando eu me faço de difícil mesmo que esteja despejando por
ele.
Tudo bem, garoto problema, eu imploro...
― Por favor, me come gostoso ― eu pedi, aproximando-me da
cabeça do seu pau. Esfreguei-me nele, rebolando até que Téo gemesse junto
comigo. ― Me fode feito a sua puta, amor...
Antes que eu pudesse continuar, Téo avançou na minha direção,
fodendo-me com força, enquanto uma das suas mãos agarravam o meu
pescoço. Ele me puxou para ele até que as minhas costas batessem no seu
peitoral e, no momento que começou a estocar grosseiramente, tirando-me
todos os suspiros dos meus lábios, eu senti que toda a espera valeu a pena.
O pau dele me invadiu, assim como a sua voz rouca no meu ouvido,
falando todo o tipo de putaria que adorava escutar:
― ... É assim que você gosta, safada? ― Ele apertou uma mão no
meu pescoço, enquanto a outra se afundava na carne da bunda e subia até os
mamilos. ― É por isso que você fica molhada, gostosa, porque eu te fodo
feito a minha puta?!
Eu senti o sangue borbulhar por toda a extensão do meu corpo, de
maneira que eu fiquei tão quente que pensei que você faiscar em atrito com o
seu corpo.
Tomada pelo tesão, afastei-me de Téo e me virei no colchão,
enlaçando as pernas ao seu redor para puxá-lo para mim. O seu corpo caiu
em cima do meu, mas antes que ele me fodesse de novo, eu o empurrei para
o lado, no colchão, e me sentei em cima do seu pau, afundando-me inteira
naquele puta tamanho.
Comecei a cavalgar, enquanto escutava-o me incentivando a aumentar
o ritmo. Os gemidos logo se tornaram mais altos e, logo, eu me vi arqueando
as costas e erguendo o rosto para fechar os olhos e me concentrar nas
sensações que se agitavam dentro de mim.
Puta merda, Ferrero! Que pau gostoso, que corpo gostoso você
tem...!
Quando senti os seus braços se erguerem para alcançar os meus
seios, arranhei toda a extensão deles até chegar ao seu peitoral. Abri os
olhos e vi que Téo deu um sorriso antes de me jogar para o outro lado e
subir em cima de mim.
― Goza comigo, amor ― ele pediu, voltando a se empurrar na
boceta, fazendo as minhas pernas tremerem toda vez que o sentia invadindo-
me até o fim. ― Goza bem alto no meu ouvido, dizendo o meu nome, linda.
Apertei as unhas nas suas costas quando Téo cobriu o meu corpo e
aproximou a orelha da minha boca, escutando-me adorar o seu nome. Nós
estávamos molhando o colchão inteiro e estávamos fazendo barulho pra
caralho naquela madrugada silenciosa, mas nada mais importava a não ser os
nossos corpos se unindo da maneira que nasceram para estar.
Gozo, amor... Gozo tudo o que existe em mim por você.
O orgasmo me atingiu como uma estrela cruzando o céu, e eu senti a
sua luz incendiar todo o meu ventre. Lágrimas pularam de satisfação, de
maneira que Téo correspondeu ao meu prazer com o seu: ele esporrou
deliciosamente dentro de mim, derramando-se como tinha prometido antes.
A minha boca ficou seca de tanto que eu gritei, as pernas moles e a
boceta começou a latejar uma dorzinha satisfatória. Téo também se
contorceu em cima de mim, ficando exausto a ponto de se jogar ao meu lado
completamente sem forças.
Transamos. Enfim, transamos.
E foi melhor do que eu imaginei. Bem melhor.
Tombei a cabeça para o lado e enxerguei o homem que era o
responsável não só pelos orgasmos incríveis, mas pelo meu coração. O meu
músculo imaginário sentiu uma paz incrível quando analisei a sua testa
molhada, os olhos fechados e a sua boca tentando dar conta de uma
respiração descompassada.
Téo acabou tombando a cabeça para o lado também, e nossos olhos
se encontraram outra vez. Sorrimos um para o outro, como se nossos lábios
fossem extensões um do outro, e, quando ele pegou a minha mão e a beijou,
eu agradeci à força divina pela milésima vez por estar ao lado dele depois
de tudo o que vivemos no passado.
Você é o meu garoto problema, Téo, que fez tudo fazer sentido de
novo.
― Isso foi... ― eu comecei a dizer quando consegui, mas não havia
como descrever o que era estar com ele de novo. ― Eu preciso muito de
água...! ― Acabei rindo.
Téo deu a sua risada rouca que me deixava apenas mais extasiada e
concordou com a cabeça.
― Vou pegar pra gente ― disse, beijando o canto dos meus lábios.
Mas, antes que ele deixasse a cama, eu me aproximei do seu peito e deitei a
cabeça no seu ombro, abraçando-o forte. ― Assim não dá pra ir, linda... ―
Téo acariciou o meu cabelo.
― Não precisa ir agora. Só fica um pouco comigo.
Téo tombou a cabeça ao mesmo passo que a sua mão desceu pelas
minhas costas.
― A gente tem que cuidar disso, fugitiva ― ele falou, referindo-se
ao machucado.
― Você vai cuidar? ― perguntei, manhosa. ― Com beijinho de
amor? ― Afastei o rosto para fazer boca de peixe, como Duda costumava
fazer. Nós dois rimos, e antes que Téo pudesse buscar a água ou a pomada,
eu já tinha subido em cima dele de novo. ― Ela me perguntou o que a gente
estava fazendo no quarto antes... ― contei a ele.
Téo levantou as sobrancelhas e me olhou com receio:
― O que ela disse?
― A Duda não é mais criança, amor. Ela disse que já tem doze anos
e que sabe o que é sexo.
Percebi que Téo engoliu em seco, tirando os olhos de mim por um
momento.
Roberta já tinha crescido, mas, para o irmão mais velho, ver Duda
crescer era mais difícil. Ela era o seu xodozinho, vivia colada nele todas as
vezes que a visitava no Rio ou quando ela e Augusto faziam uma breve visita
a Porto Alegre.
― E o que você disse? ― Téo perguntou em seguida.
― Eu disse que era algo natural, mas que ela não precisava se
preocupar com isso agora ― expliquei, dando um leve sorriso para que o
meu namorado se tranquilizasse. ― Ela tem quase doze, só que ainda gosta
de ser criança. É uma fase difícil.
― Finalmente você usou a Psicologia da Criança e do Adolescente
pra alguma coisa...
― Eu disse que um dia ia usar!
Quando Téo saiu do quarto para buscar a água e a pomada, eu me
lembrei da conversa toda com a caçula, inclusive a última pergunta...
Vocês vão ter um bebê, um dia?
Ajeitei-me no colchão enquanto pensava sobre isso, sem saber ainda
como responder a questão para mim mesma.
Eu e Téo vamos ter um bebê um dia? Vamos nos casar, tornando-
nos uma só carne? Ou evoluindo como espíritos conjuntamente?
Enlaçando as nossas vidas que se tocaram naquela excursão de
formatura...?
No momento que Téo retornou ao quarto e me pediu para ficar de
costas para ele, para passar a pomada, eu pensei várias vezes em fazer uma
daquelas perguntas. Eu não tinha a resposta para nenhuma, mas gostaria de
ter um vislumbre, porque, no fundo...
Seria bom construir mais que uma vida a dois algum dia.
Seria bom envelhecer ao lado de Téo.
― Sabe, eu não queria que a peste crescesse logo... ― Téo disse
antes que eu pudesse perguntar algo a ele. As suas mãos estavam
percorrendo as minhas costas suavemente, assim como a sua voz percorria
os meus pensamentos. Sorri, concordando, e quando estava prestes a falar
sobre o que Duda disse sobre ter um bebê, a voz de Téo se sobrepôs à
minha: ― Mas, pensando melhor, é bom que ela cresça logo e nunca mais
empate a nossa foda. ― Ele riu sozinho. ― Imagina se esse inferno fosse
todo dia... ― Téo beijou o meu ombro quando terminou de passar a pomada.
Fechei a boca no mesmo momento, franzindo um pouco o cenho.
Um empata-foda todo dia...
Como um bebê.
Decidi que aquilo era besteira da minha cabeça, que eu não devia me
preocupar com esse assunto agora, como Duda não devia se preocupar em
crescer.
Talvez ele mude de ideia algum dia, pensei antes de me aconchegar
nos seus braços, para dormir, finalmente, ao lado do amor da minha vida.
Eu só não sabia por que desejava que ele mudasse.

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