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UNIVERSIDADE SÃO FRANCISCO

CURSO DE ENGENHARIA ELÉTRICA

SISTEMAS DE TV DIGITAL
ESTUDO DAS TECNOLOGIAS

Área de Engenharia Elétrica - Telecomunicações

por

Everson Ricardo Basseto

Marcos Benê Sanches, Mestre


Orientador

Campinas (SP), dezembro de 2007


UNIVERSIDADE SÃO FRANCISCO

CURSO DE ENGENHARIA ELÉTRICA

SISTEMAS DE TV DIGITAL
ESTUDO DAS TECNOLOGIAS

Área de Engenharia Elétrica - Telecomunicações

por

Everson Ricardo Basseto

Relatório apresentado à Banca Examinadora do


Trabalho de Conclusão do Curso de Engenharia
Elétrica para análise e aprovação.
Orientador: Marcos Benê Sanches, Mestre

Campinas (SP), dezembro de 2007

i
SUMÁRIO

LISTA DE ABREVIATURAS..................................................................iii
LISTA DE FIGURAS ................................................................................ iv
LISTA DE TABELAS ................................................................................ v
RESUMO .................................................................................................... vi
ABSTRACT............................................................................................... vii
1. INTRODUÇÃO ...................................................................................... 8
1.1. OBJETIVOS ..................................................................................................... 9
1.2. ESTRUTURA DO TRABALHO ..................................................................... 9
2. Arquitetura de TV Digital ................................................................... 10
2.1. CAMADA DE APLICAÇÕES ....................................................................... 11
2.2. CAMADA DE MIDDLEWARE .................................................................... 11
2.3. CAMADA DE COMPRESSÃO ..................................................................... 14
2.4. CAMADA DE TRANSPORTE ...................................................................... 15
2.5. CAMADA DE MODULAÇÃO ...................................................................... 16
3. Sistemas de TV Digital......................................................................... 17
3.1. ATSC - ADVANCED TELEVISION SYSTEM COMMITTEE ................. 17
3.2. DVB - DIGITAL VÍDEO BROADCASTING............................................... 18
3.3. ISDB - INTEGRATED SYSTEM DIGITAL BROADCASTING ............... 20
3.4. COMPARAÇÃO ENTRE OS PADRÕES DE TV DIGITAL ...................... 23
4. Sistema Brasileiro de TV Digital ........................................................ 24
4.1. PLANO BÁSICO DE DISTRIBUIÇÃO DE CANAIS - PBTVD ................. 27
5. Set-Top Box ........................................................................................... 29
5.1. ARQUITETURA DO SET-TOP BOX .......................................................... 30
5.1.1. COMPONENTES DE HARDWARE ................................................... 30
5.1.2. COMPONENTES DE SOFTWARE .................................................... 35
5.1.3. PERFIS DE SET-TOP BOXES ............................................................ 37
6. Considerações Finais............................................................................ 38
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ................................................... 39
Anexo I - Lançamento da TV Digital no Brasil ..................................... 41
Anexo II – Decreto nº4.901 ...................................................................... 45
Anexo III – Decreto n°- 5.820, de 29 de junho de 2006 ......................... 49
LISTA DE ABREVIATURAS

8-VSB 8 Level – Vestigial Side Band Modulation


Abert Associação Brasileira das Emissoras de Rádio e Televisão
ADSL Asymmetric Digital Subscriber Line
Anatel Agencia Nacional de Telecomunicações
API Interface de Programação de Aplicações
ARIB Association of Radio Industries and Businesses
ATSC Advanced Television System Commite
BML Broadcast 40 Markup Languages
COFDM Coded Orthogonal Frequency Divison Multiplexing
CPqD Centro de Pesquisa e Desenvolvimento
DASE DTV Aplication Software Environment
DiBEG Digital Broadcasting Experts Group
DMT Discrete Multitone Modulation
DVB Digital Vídeo Broadcasting
EPG Eletronic Programming Guide
FDM Frequency Divison Multiplexing
Finep Financeira de Estudos e Projetos
HDTV High-definition television
ISDB Integrated System Digital Broadcasting
ISO Open System Interconnect
ITU-T International Telecommunication Union
MHP Multimedia Home Plataform
MPEG Motion Picture Expert Group
MPEG-2 OS MPEG-2 Program Streans
MPEG-2 TS MPEG-2 Transport Stream
OFDM Orthogonal Frequency Divison Multiplexing
OSI International Organization for Standardization
PBTVD Plano Básico de Distribuição da Televisão Digital
PDA Personal Digital Assistants
PID Packed Id
QAM Quadrature Amplitude Modulation
QPSK Quadrature Phase Shift Keying
RAM Random Access Memory
RFP Requisição Formal de Proposta
ROM Read-Only Memory
SBTVD Sistema Brasileiro de TV Digital
SET Sociedade Brasileira de Engenharia de Televisão
STB Set-top Box
UHF ultra high frequency
VHF Very High Frequency
LISTA DE FIGURAS

Figura 1. Arquitetura de TV Digital com tecnologias usadas em cada camada Fonte: Adaptado do
Livro TV Digital Interativa (2005). ........................................................................................ 10
Figura 2. Arquitetura em Camadas do Padrão ATSC[5]. ................................................................ 18
Figura 3. Estrutura do Padrão ATSC Fonte: Tutorial TV Digital - Teleco ...................................... 18
Figura 4. Arquitetura em Camadas do Padrão DVB[5]................................................................... 19
Figura 5. Estrutura do Padrão ATSC Fonte: Tutorial TV Digital - Teleco ...................................... 20
Figura 6. Arquitetura em Camadas do Padrão ISDB[5]. ................................................................. 21
Figura 7. Estrutura do Padrão ISDB Fonte: Tutorial TV Digital – Teleco ...................................... 22
Figura 8. Período de Transição Fonte: PBTVD – Anatel[12] ......................................................... 28
Figura 9. Faixa VHF e UHF Fonte: PBTVD – Anatel[12].............................................................. 29
Figura 10. Modelo de um sistema de Tv Digital com set-top Box[5]. ............................................. 30
Figura 11. Arquitetura de Hardware do Set-Top Box[5]. ................................................................ 31
Figura 12. Principais módulos de um Set-Top Box Fonte: Arquitetura do Set-Top Box para TV
Digital Interativa - Unicamp[12] ............................................................................................ 32
Figura 13. Arquitetura em camadas de software do Set-top Box. Fonte: Arquitetura do Set-Top Box
para TV Digital Interativa - Unicamp[12] .............................................................................. 36
LISTA DE TABELAS

Tabela 1. Comparação ente os Padrões de TV Digital .................................................................... 23


RESUMO

BASSETO, Everson Ricardo. TV Digital. Campinas, 2007. Trabalho de Conclusão de


Curso, Universidade São Francisco, Campinas, 2007.

O Sistema de TV Digital Brasileiro oferece melhor qualidade de imagem e som, além da


possibilidade de interatividade, transmissão simultânea para recepção fixa, móvel e portátil. Neste
trabalho, apresenta-se a arquitetura de um sistema de TV Digital, dividindo o sistema em camadas e
descrevendo cada uma delas. É mostrada a arquitetura dos principais sistemas de TV Digital,
relevando as características principais de cada um. Os padrões apresentados são o Europeu - Digital
Vídeo Broadcasting (DVB); Americano, o Advanced Television System Committee (ATSC) e o
Japonês - Integrated System Digital Broadcasting (ISDB), base pra o padrão brasileiro – SBTVD.
São apresentados aspectos técnicos, sociais e corporativos do SBTVD. Mostra-se a implantação, a
interatividade, portabilidade e a qualidade de som e imagem do padrão brasileiro. E finalmente
apresenta-se um estudo em Blocos Funcionais do Set-Top Box, a caixa conversora que deverá ser
utilizada nas atuais TV’s analógicas existentes na maioria dos lares brasileiros.

Palavras-chave: Sistemas de TV Digital. SBTVD. Set-Top Box


ABSTRACT

BASSETO, Everson Ricardo. Digital TV. Campinas, 2007. Work Course Conclusion,
Universidade São Francisco , Campinas, 2007.
The Brazilian Digital TV System offers a television with better quality of image and sound,
hereafter the possibility of interactivity, simultaneous transmission to reception fixed, mobile and
portable. This work, introduce the architecture of a Digital TV System, dividing the system into
layers and describing each one. It is demonstrated the architecture of the main systems of Digital
TV, releasing the main characteristic of each and all. The standards introduced are European -
Digital Video Broadcasting (DVB); American, the Advanced Television System Committee (ATSC)
and the Japanese-Integrated System Digital Broadcasting (ISDB), base for the Brazilian standard-
SBTVD. It introduce technical aspect, social and corporative of SBTVD. It manifest the
implantation, the interactivity, portability and the quality of sound and image of the Brazilian
standard. And finally it introduce a study in Functional blocks of the Set-Top Box, the converting
box that should be used in current analog TV's existing in the most Brazilian homes.

Keywords: Digital TV Systems. SBTVD. Set-Top Box


1. INTRODUÇÃO

A TV aberta transmitida no Brasil está presente em 90% das residências brasileiras[1]. Esse
sistema utiliza canais analógicos com largura de banda de 6 MHz [2].

Já na TV Digital a transmissão de áudio e vídeo passa a ser feita através de sinais digitais
que codificados permitem um uso mais eficiente do espectro eletromagnético, devido ao aumento
da taxa de transmissão de dados na banda de freqüências disponível [ 1 ] .

Os três padrões de TV Digital mais conhecidos são o norte-americano Advanced Television


System Committee (ATSC), utilizado pelos Estados Unidos, México, Canadá e Coréia do Sul [ 3 ] ;
o Europeu, Digital Vídeo Broadcasting (DVB), adotado por vários países Europeu s[ 3 ] ; e o
Japonês, Integrated System Digital Broadcasting (ISDB), usado somente no Japão e utilizado como
base para o desenvolvimento do brasileiro [ 3 ] .

A rigor, as diferenças entre os três sistemas são pequenas. A grande vantagem para o sistema
americano é a alta definição e a interatividade, porém a tecnologia utilizada ainda não desenvolveu
um sistema que permita a mobilidade e portabilidade [ 3 ].

Já o sistema Europeu (DVB) privilegiou a multiprogramação, porém a qualidade da imagem


é inferior aos demais padrões. Esse sistema também permite a mobilidade e a portabilidade, mas
ainda está em fase de teste.

Dentre as três, a tecnologia Japonesa padrão ISDB é a mais completa, permite a transmissão
em alta definição, mobilidade, portabilidade e interatividade.

A TV Digital chega ao Brasil com promessas de uma imagem de melhor qualidade,


interatividade e a possibilidade de maior difusão de conhecimentos, sendo essa a grande
oportunidade para diminuir a exclusão digital no país.

Essa proposta está no 1º parágrafo do primeiro artigo do decreto presidencial que institui o
SBTVD, em 26 de novembro de 2003: “Promover a inclusão social, a diversidade cultural do país e
a língua pátria por meio de acesso à tecnologia digital, visando a democratização da informação”
[1].
Outro grande benefício da TV Digital é a interatividade com os programas e possibilidade
de ter acesso à rede mundial de computadores usando apenas o controle remoto ou um teclado
especial

Para ter acesso a TV Digital o consumidor deve adquirir o conversor chamado Set Top Box
também conhecido como URL que permite receber o sinal digital e convertê-lo para o formato de
áudio e vídeo disponível no seu receptor de TV. Ou adquirir uma TV nova que incorpore conversor
[3].

1.1. OBJETIVOS

Neste trabalho são apresentados os principais Sistemas de TV Digital existentes.

Detalha-se o Sistema Brasileiro de TV Digital, em termos técnicos e estratégicos. Os


aspectos sociais do programa também são abordados.

E finalmente desenvolve-se uma proposta de uma ‘caixa conversora’ (Set Top Box) em
blocos funcionais. A caixa conversora permite que as TV’s analógicas possam receber os programas
da TV Digital.

1.2. ESTRUTURA DO TRABALHO

1. Estudo dos sistemas de TV Digital;

2. Aspectos técnicos, sociais e corporativos do Padrão Brasileiro;

3. Proposta de uma caixa conversora Set Top Box (STB);

4. Desenvolvimento da proposta do conversor TSB;

5. Conclusão.

6. Bibliográfica;

7. Anexos;

9
2. Arquitetura de TV Digital

Assim como o modelo Open System Interconnect da International Organization for


Standardization (ISO/OSI), o modelo da televisão digital foi desenvolvido em camadas[5]. As
camadas deste modelo são as seguintes:

1. Camada de Aplicações

2. Camada de Middleware

3. Camada de Compressão

4. Camada de Transporte

5. Camada de Modulação

Na Figura 1 é apresentada a arquitetura de TV Digital representando as camadas de


tecnologias existentes.

Figura 1. Arquitetura de TV Digital com tecnologias usadas em cada camada


Fonte: Adaptado do Livro TV Digital Interativa (2005).

10
2.1. CAMADA DE APLICAÇÕES
A camada de aplicação é a responsável pela execução dos aplicativos multimídia
desenvolvidos[5].

Entre as aplicações dessa camada estão:

• EPG - Electronic Programming Guide

Interface gráfica que possibilita a navegação pelas múltiplas possibilidades de programação que
o usuário encontrará na TV Digital, sendo o equivalente aos guias de horários de televisão
publicados nos jornais, com funções e operação análoga a de um portal de internet.

Uma de suas funções é permitir o agendamento de conteúdos específicos para serem gravados
por Digital Video Recorders conectados à TV[6].

• T-GOV ou T-GOVERN

É uma aplicação que pode oferecer serviços interessantes, evitando deslocamento a cartórios ou
postos de informação, consultas sobre a disponibilidade dos programas do governo. Serviços de
saúde também estão sendo esperadas dentre as aplicações de TV digital no ambiente brasileiro,
facilitando a distribuição de remédios e a marcação de consultas e exames em hospitais públicos[5].

• T-COMMERCE

Também conhecido como comércio televisivo. O consumidor passa a ter a oportunidade de


adquirir produtos anunciados diretamente pela TV, sem a necessidade de acessar o site da empresa
ou se deslocar até as lojas.

2.2. CAMADA DE MIDDLEWARE


A finalidade da camada de Middleware – camada do meio – é oferecer um serviço
padronizado para as aplicações, escondendo peculiaridades e heterogeneidades das camadas
inferiores. O uso do middleware facilita a portabilidade das aplicações, permitindo que sejam
transportadas para qualquer receptor digital (Set Top Box) que suporte o middleware adotado. Essa

11
portabilidade é primordial em sistemas de TV Digital, pois é muito complicado considerar como
premissa que todos os receptores digitais sejam exatamente iguais.

Em resumo, o middleware é um software capaz de interpretar os aplicativos e traduzi-los na


linguagem do sistema operacional que ele reside.

Os três padrões de TV Digital possuem diferentes padrões de middleware que serão


comentados a seguir.

• MHP – Multimedia Home Plataform e MHEG-5

A comunidade que desenvolve as tecnologias para TV Digital percebeu que provedores de


serviços não teriam sucesso comercial se tivessem que desenvolver serviços interativos que não
fossem portáteis em Set Top Box de diferentes fabricantes[4].

Para resolver esse problema o grupo DVB começou a especificar uma camada de middleware,
que deu origem à plataforma MHP[5]. Um ano após a primeira versão, foi lançada a especificação
MHP 1.1.

O MHP busca oferecer um ambiente de TV interativa, independente de hardware e software


específicos, aberto e interoperável para os set-top boxes. Seu ambiente de execução é baseado no
uso de uma máquina virtual Java e um conjunto de interfaces de programação de aplicações (APIs).
Essas APIs possibilitam aos programas escritos em JAVA o acesso a recursos e facilidades do
receptor digital de forma padronizada. Uma aplicação DVB usando API JAVA é denominada
aplicação DVB-J.

Além do uso da API Java, o MHP 1.1 possibilitou a utilização de uma linguagem de
programação declarativa semelhante ao HTML, denominada DVB-HTML [5].

As aplicações DVB-J e DVB-HTML possuem a capacidade de:

− Carregar (download), através de um canal de interatividade, aplicações interativas;


− Armazenar aplicações em memória permanente (disco rígido, por exemplo);
− Acessar leitores de smart cards;
− Controlar aplicações de Internet, tais como navegador web e leitor de e-mail.

12
Além do MHP, o MHEG-5 (padrão ISO/IEC 13522-5) é adotado na camada de middleware no
DVB-T. O MHEG é um padrão usado para representar apresentações multimídia, permitindo
interatividade do usuário com o conteúdo da apresentação. No caso da TV Digital, o MHEG pode
ser usado para representar um guia de programação eletrônico (EPG), por exemplo.

• DASE (DTV Aplication software environment)

Desenvolvido pelo ATSC, o DASE similar ao MHP, define uma camada de software que
permite a programação de conteúdo, aplicações e suporte a linguagens declarativas, usadas na web
(HTML ) e procedurais (Java TV)[7].

Infelizmente, as semelhanças entre esses dois padrões param neste ponto. Os middlewares MHP
e DASE não foram projetados para serem compatíveis entre si. Dessa forma, um serviço
desenvolvido para um desses padrões não é compatível com o outro.

• ARIB (Association of Radio Industries and Businesses)

O padrão ISDB é formado por um conjunto de documentos que definem os padrões adotados
para transmissão, transporte, codificação e middleware, que foram especificados pela organização
ARIB[8].

Esse middleware é formado por alguns padrões, como o ARIB STD-B24 (Data Coding and
Transmission Specification for digital Broadcasting) que define uma linguagem declarativa
denominada BML (Broadcast 40 Markup Language) [4]. Essa linguagem, baseada na linguagem
XML, é usada para especificação de serviços multimídia para TV Digital.

Outra especificação do middleware ARIB é o STD-B23 (Application Execution Engine


Plataform for Digital Broadcasting). Considerado um formato opcional que procura estabelecer um
núcleo comum entre os dois outros middlewares existentes no mercado: MHP e DASE. O objetivo
do ARIB é atuar em conjunto com esses grandes órgãos de padronização de middleware para TV
digital interativa e, no futuro, compartilhar uma mesma plataforma[8].

13
2.3. CAMADA DE COMPRESSÃO

A camada de compressão realiza os processos de compressão de sinais de áudio e vídeo no


ambiente da emissora (difusor) e descompressão de sinais de áudio e vídeo no ambiente do
telespectador.

• Padrões MPEG Video e H.262

Na década de 80 surgiram dois esforços de padronização de algoritmo de compressão para áudio


e vídeo, a ITU-T e a ISSO/IEC.

A ITU-T deu origem ao padrão H.261 voltado para vídeo conferencia, e posteriormente aos
padrões H.262 e H.264[4].

A ISO/IEC (International Standards Organaziation) deu origem ao grupo MPEG (Motion


Picture Expert Group), que publicou seu primeiro padrão em 1993 conhecido como MPEG-1[4].

Os padrões MPEG são utilizados para codificação e compressão de dados de mídia. Os padrões
MPEG-1, MPEG-2 e MPEG-4 são os principais utilizados na compressão de áudio e vídeo[4].

O MPEG-1 foi criado para vídeos codificados até 1,5 Mbps com qualidade VHS, e áudio
codificado com 192 Kbps por canal.

O segundo esforço de padronização levou ao desenvolvimento dos padrões MPEG-2, baseados


em MPEG-1, porém mais otimizados e sofisticados. O MPEG-2 é capaz de codificar vários vídeos
desde qualidade de TV, entre 4 e 9 Mbps, até qualidade HDTV, entre 15 e 100 Mbps. O MPEG-4
define padrões para representar conteúdos de mídia na forma de objetos. Essa característica permite
uma manipulação dos dados tanto por parte do receptor como do transmissor, removendo ou
inserindo objetos, por exemplo[5].

• Dolby AC3

O padrão Dolby é largamente empregados na codificação de áudio e vídeo para cinema e DVD.
Esse padrão é especificado por uma única companhia conhecida como Dolby Laboratories.[5]

Esse padrão foi escolhido para ser usado no Sistema de TV Digital norte americano e é opcional
do DVB (padrão europeu).

14
O Dolby AC3 utiliza um processo de codificação em sub-bandas e algoritmos psico-acústicos
para otimizar a quantização e produzir som surround. Ele permite até 5.1 canais, ou seja, cinco
canais principais, e um subwoofer que podem ser comprimidos em um único fluxo de dados com
640kbps.

2.4. CAMADA DE TRANSPORTE


A camada de transporte é a responsável pela multiplexação e demultiplexação dos fluxos
elementares de áudio e vídeo, através do fluxo MPEG-2 TS (Transport Stream) [5]. A idéia da
multiplexação é agrupar áudio, vídeo e dados em um único fluxo numa mesma base de tempo.

• MPEG-2TS

Da mesma forma que o MPEG-1, o MPEG-2 também é dividido em camadas de Áudio, Vídeo e
System. Os padrões MPEG-2 Áudio e Vídeo usam os mesmos princípios dos algoritmos de
compressão MPEG-1, com diversas extensões e melhorias.

Como no MPEG-1, o MPEG-2 também lida com a multiplexação de fluxos elementares de


áudio e vídeo. Porém, o MPEG-2 Systems define dois esquemas de multiplexação:

− Um através do fluxo de programas - MPEG-2 OS (Program Streams),


− E outro através do fluxo de transporte - MPEG-2 TS (Transport Streams).

O MPEG-2 OS é similar ao MPEG-1 Systems. Ele encapsula e agrupa vídeos, áudios e outros
tipos de dados digitais em um único feixe, com uma base comum de tempo.

Enquanto a abordagem por fluxo de transporte (MPEG-2 TS) consiste em pacotes fixos de 188
bytes, usados para multiplexar áudios, vídeos e outros dados em um único feixe. Diferentemente da
multiplexação por fluxo de programas, a multiplexação por fluxo de transporte não necessita de
uma base comum de tempo.

O MPEG-2 TS é voltado para o transporte (difusão) de dados multimídia em enlaces de


comunicação sujeitos a erros de transmissão. Daí o tamanho pequeno do pacote, apenas 188 bytes,
facilitando a ressincronização de um vídeo, para o caso de ocorrerem perdas de pacotes[4].

15
2.5. CAMADA DE MODULAÇÃO

Esta camada é responsável pela sintonia, modulação/demodulação, codificação/decodificação


do sinal.

Há dois padrões utilizados para TV Digital. O sistema de televisão digital ATSC adota o padrão
8-VSB (8 Level – Vestigial Side Band Modulation), já os sistemas DVB e ISDB adotaram o padrão
COFDM (CodedOrthogonal Frequency Division Multiplexing).

• 8-VSB

O 8 VSB, padrão utilizado pelo sistema americano, modula uma portadora localizada a 310 kHz
do início da banda de 6 MHz, em AM-VSB / SC (amplitude modulada, com banda vestigial e
portadora suprimida). Na modulação 8-VSB, existem 8 níveis bem definidos: 4 positivos e 4
negativos. Esses níveis são tais que, cada conjunto de 3 bits consecutivos do sinal irá corresponder a
um nível. Conseqüentemente, a taxa de bits fica dividida por 3 e assim, a freqüência do sinal
modulador resultante torna-se compatível com a banda de 6 MHz, visto que a modulação é em
VSB[9].

• COFDM/OFDM - Orthogonal frequency-division multiplexing

OFDM é quase sempre utilizado juntamente com codificação de canal (técnica de correção de
erro), resultando no chamado COFDM.

O OFDM também conhecido como discrete multitone modulation (DMT), é uma técnica de
modulação baseada na multiplexação por divisão de freqüência (FDM) onde múltiplos sinais são
enviados em diferentes freqüências. Muitos são familiarizados com FDM pelo uso de aparelhos de
rádio e televisão: normalmente, cada estação é associada a uma determinada freqüência (ou canal) e
deve utilizá-la para realizar suas transmissões. OFDM parte deste conceito mas vai além, pois
divide uma única transmissão em múltiplos sinais com menor ocupação espectral (dezenas ou
milhares). Isto adicionado com o uso de técnicas avançadas de modulação em cada componente,
resulta em um sinal com grande resistência à interferência.

É uma tecnologia de alto grau de complexidade em sua implementação, porém é bastante


utilizada em telecomunicações, usando sistemas digitais para facilitar o processo de codificação e
decodificação dos sinais. Sua aplicação é encontrada em tecnologias de broadcasting e também em

16
algumas formas de redes de computadores. Sua principal característica quanto ao desempenho é o
fato de apresentar boa imunidade a multi-percursos, geradores dos famosos "fantasmas"
presenciados nas televisões analógicas[6].

3. Sistemas de TV Digital

Neste capítulo é apresentado os principais Sistemas de TV Digital. São mostradas algumas


características e a arquitetura dos seguintes sistemas:

• ATSC – Advanced Television System Committee;

• DVB - Digital Vídeo Broadcasting;

• ISDB - Integrated System Digital Broadcasting.

3.1. ATSC - ADVANCED TELEVISION SYSTEM COMMITTEE


O padrão ATSC em funcionamento nos Estados Unidos desde novembro de 1998, já foi
adotado pelo Canadá, Coréia do Sul e Taiwan[5].

Em sua versão atual, o ATSC não permite aplicações móveis e portáteis, devido a um
conjunto de características, tais como: modulação, entrelaçamento temporal e inflexibilidade na
configuração dos parâmetros de transmissão, que causam uma baixa imunidade a multipercurso
afetando a recepção em campo (outdoor) e interiores (indoor) [9].

Como especificado no capitulo 2, é possível representar a arquitetura de TV Digital dividida


em camadas de tecnologias existentes. Nas figuras 2 e 3 está representada a arquitetura em
camadas. Os componentes da arquitetura do ATSC estão destacados.

17
Figura 2. Arquitetura em Camadas do Padrão ATSC[5].

Como podemos ver a multiplexação e a codificação de vídeo são feitas sobre o padrão
MPEG-2 HDTV. Já a codificação de áudio é realizada através do formato Dolby AC-3. Tanto a
codificação de áudio e vídeo estão presentes na camada de compressão.

Para modulação é utilizado o sistema 8-VSB. Na camada de transportes é usado o padrão


MPEG-2 TS. O middleware utilizado neste padrão é o DASE (DTV Application Software
Environment).

Figura 3. Estrutura do Padrão ATSC


Fonte: Tutorial TV Digital - Teleco

3.2. DVB - DIGITAL VÍDEO BROADCASTING

18
Esse conjunto de padrões é definido por um consórcio homônimo, que começou
oficialmente em setembro de 2003. O consórcio DVB é atualmente composto por mais de trezentos
membros, de 35 países[4]. Admite 5 modos de transmissão com resoluções que variam, de acordo
com a especificação, de 240 a 1080 linhas[9]:

• DVB-T, para radiodifusão terrestre;

• DVB-C, para televisão a cabo;

• DVB-S, para difusão via satélite;

• DVB-MC, para difusão via microondas operando em freqüências até 10 GHz (MMDS);

• DVB-MS, para difusão via microondas operando em freqüências acima de 10 GHz

O DVB-T comporta a recepção por dispositivos móveis. Entretanto, segundo seus críticos,
não funciona satisfatoriamente, principalmente no modo hierárquico, quando transmite ao mesmo
tempo para televisão de alta definição e sistemas móveis[9].

Na figura 4 estão destacados os componentes da arquitetura do DVB-T.

Figura 4. Arquitetura em Camadas do Padrão DVB[5].

19
O DVB-T utiliza codificação COFDM, cuja taxa de transmissão varia entre 5 a 31,7 Mbps,
dependendo dos parâmetros utilizados na codificação e modulação do sinal. A multiplexação e a
codificação de áudio é feita pelo padrão MPEG-2 BC e a de vídeo é feita sobre o padrão MPEG-2
SDTV. Na camada de transporte, da mesma maneira que o Sistema Americano o padrão utilizado é
o MPEG-2 TS. O middleware utilizado é o MHP (Multimedia Home Plataform).

A figura 5 mostra um esquema do sistema DVB-T.

Figura 5. Estrutura do Padrão ATSC


Fonte: Tutorial TV Digital - Teleco

3.3. ISDB - INTEGRATED SYSTEM DIGITAL BROADCASTING

O padrão japonês ou ISDB (Integrated Services Digital Broadcasting) foi criado em 1999 no
Japão pelo consórcio DiBEG (Digital Broadcasting Experts Group), contando principalmente com
o suporte da emissora pública japonesa NHK[4].

O ISDB foi o último padrão a ser lançado, porém foi o primeiro a ser estudado, se tornando
assim o padrão que mais atende às diversas funcionalidades da TV digital como as transmissões
móveis e portáteis[5].

Esse padrão é apontado como o mais flexível de todos os sistemas por responder melhor a
necessidades de mobilidade e portabilidade. Ele é uma evolução do sistema DVB-T, sistema
Europeu usado na maioria dos países do mundo[6].

20
No Brasil, foi eleito o melhor nos testes técnicos comparativos conduzidos por um grupo de
trabalho da Sociedade Brasileira de Engenharia de Televisão (SET) e da Associação Brasileira das
Emissoras de Rádio e Televisão (Abert), ratificados pela Fundação CPqD. Em 29 de Junho de 2006
foi anunciado o padrão adotado pelo Brasil na transmissão de TV digital.[6]

O que mais chama atenção neste sistema é a sua versatilidade. Além de permitir enviar os
sinais da televisão digital ele pode ser empregado em diversas atividades, como:

• transmissão de dados;
• receptor para recepção parcial em um PDA e em um telefone celular;
• recepção com a utilização de um computador ou servidor doméstico;
• acesso aos sites dos programas de televisão;
• serviços de atualização do receptor por download;
• sistema multimídia para fins educacionais.

Entrou em operação comercial na região de Tóquio em 2003. Atualmente possui um mercado


de 100 milhões de televisores[6].

A figura 6 mostra a arquitetura do Sistema Japonês dividida em camadas. Os componentes da


arquitetura ISDB estão destacados.

Figura 6. Arquitetura em Camadas do Padrão ISDB[5].

21
O ISDB utiliza codificação COFDM, com algumas variações; possui uma taxa de
transferência que varia entre 3,65 a 23,23 Mbps, e uma largura de banda de 6, 7 ou 8 MHz. A
multiplexação e a codificação de vídeo, como no padrão anterior, também são realizadas em
MPEG-2 HDTV. A codificação de Áudio utiliza o MPEG-2 AAC. Na camada de transporte o
padrão utilizado é o MPEG-2 TS. E finalmente o middleware é o ARIB (Association of Radio
Industries and Businesses).

Na figura 7 é apresentado a Estrutura do Padrão ISDB.

Figura 7. Estrutura do Padrão ISDB


Fonte: Tutorial TV Digital – Teleco

22
3.4. COMPARAÇÃO ENTRE OS PADRÕES DE TV DIGITAL
A tabela 1 apresenta uma breve comparação entre os padrões de TV digital.

Tabela 1. Comparação ente os Padrões de TV Digital


ATSC DVB ISBD
Modulação 8-VSB COFDM COFDM
Codificação de Vídeo MPEG-2 MPEG-2 MPEG-2
Codificação de Áudio DOLBY AC3 MPEG-2 BC MPEG-2 AAC
Middleware DASE MHP ARIB
Taxa de Transmissão 19,8 Mbps 5 a 31,7 Mbps 3,65 a 23,23 Mbps
Largura de Banda 6, 7 ou 8 MHz 6, 7 ou 8 MHz 6, 7 ou 8 MHz
Principais Vantagens - Bom desempenho em - Apresenta os - Baseado no sistema
possibilidades de conversores mais de transmissão
contrapartidas baratos, de US$ 150 a europeu, é superior no
comerciais. US$ 450 quesito interferências
de transmissão.
- Bons resultados em - Atende 3 tipos de
consumo de energia e transmissão - Convergência total
exibição de alta com telefones
definição. - Royalty mais barato celulares de 3G

- Eficaz para TV
móvel e portátil
Principais - Criado por um Transmissão de sinal Comercial: a balança
consórcio de 250 só por cabos e não comercial Brasil-Japão
Desvantagens
entidades de mais de disponibilizar o acesso é
15 países, o que por antenas interna. mais fraca em
dificulta contrapartidas.
negociações e - Controlado pela
contrapartidas. Zenith, da sulcoreana
LG, que não abre mão
do pagamento de
royalties.

- Não oferece opção de


televisão móvel e
portátil.

- Limita-se a ter som e


vídeo de cinema.

23
4. Sistema Brasileiro de TV Digital

As discussões em torno do assunto TV digital começaram no Brasil em 1994. Desde então se


têm debatido vários aspectos tecnológicos, porém nunca se aprofundou a questão do conteúdo ou
finalidades da tecnologia. Os padrões internacionais sempre estiveram no centro das discussões,
desvirtuando os reais efeitos dos avanços tecnológicos, seja na radiodifusão ou nas
telecomunicações.

As primeiras pesquisas também ocorreram em 1994 pela Sociedade Brasileira de Engenharia


de Televisão (SET) e a Associação Brasileira de Emissoras de Rádio e Televisão (Abert). Desde
então, um grupo de pesquisa formado a partir dessas duas associações estuda a passagem do atual
sistema de radiodifusão analógico para o padrão digital.

Centrando as análises nos três padrões existentes, o grupo avançou em 1998, quando a Anatel
iniciou os seus estudos sobre TV Digital e mercado de telecomunicações. Além de tomar a frente
nas pesquisas, a Agências avalizou a iniciativa SET/Abert, dando continuidade ao trabalho que
vinha sendo desenvolvido, porém com uma visão mais pragmática. O objetivo inicial estava claro:
escolher um dos três padrões para ser adotado pelo Brasil. O desenvolvimento de um padrão
nacional estava praticamente fora de questão.

Ainda em 1998, a Anatel iniciou o processo de escolha do padrão da TV brasileira. O


principal objetivo desta etapa era viabilizar os teste de campo com os sistemas digitais disponíveis.

Em 1999 deram inicio nos testes de laboratório e de campo. Logo no início dos testes
percebeu-se que a modulação 8-VSB, usada pelo padrão norte-americano, não atendia às
necessidades brasileiras, uma vez que seu desempenho foi insatisfatório na recepção doméstica,
principalmente usando antenas internas. Esse fato levou a Anatel a descartar o padrão de modulação
norte-americano, colocando em consulta pública a utilização do COFDM, usado pelo DVB e ISDB.
Atualmente, quase metade dos aparelhos de TV têm recepção apenas por antenas internas. Esse
número aumenta consideravelmente se adicionarmos os aparelhos com antenas externas, mas que
mesmo assim recebem predominantemente o sinal pelas antenas internas.

O relatório final dos testes de TV digital confirmou o melhor desempenho dos padrões
europeu e japonês, além do desempenho insuficiente do padrão norte-americano nos quesitos

24
transmissão de sinais em áreas de sombra e para receptores móveis. Entre os dois primeiros, o
padrão japonês foi considerado superior ao sistema europeu, devido ao melhor desempenho na
recepção de sinais televisivos em ambientes fechados, e a sua flexibilidade para recepção de
programas ou acesso a serviços, através de terminais fixos ou móveis. Em 31 de agosto de 2000, a
Anatel encerrou a discussão técnica sobre o padrão de TV digital a ser adorado no Brasil. Esperava-
se um pronunciamento oficial sobre qual padrão seria adotado, mas este anúncio foi adiado para
depois da posse do novo governo, que ocorreria dois anos depois.

Após a posse no novo governo, o então ministro das Comunicações Miro Teixeira,
encaminhou uma carta de intenções ao presidente da República, onde levantou a necessidade da
inclusão digital através da TV Interativa. Era o primeiro sinal de que o assunto teria outro
tratamento. O passo seguinte foi o anúncio de que o país desenvolveria um padrão próprio de
transmissão, idéia que foi amplamente defendida pelo ministro até a sua saída do Ministério, um
ano após tomar posse. Em maio do mesmo ano, foi criado um grupo de estudo para analisar
novamente o assunto e dar um parecer sobre os estudos já realizados.[6]

Os trabalhos desse grupo de estudo duraram até novembro, quando saiu o decreto nº4.901, de
26 de novembro de 2003, além de nortear a transição do sistema analógico para o digital, deixou
claro que esse avanço tecnológico não se restringiria a uma simples troca de equipamento. A
preocupação com a inclusão social por intermédio da TV e com o desenvolvimento da indústria
nacional estava entre os principais objetivos. O decreto deixou claro que a TV digital seria uma
ferramenta com finalidades sociais, não uma simples evolução tecnológica que atende apenas a
interesses mercadológicos ou econômicos[5].

Para a gestão e execução do SBTVD, foram criados três comitês: Comitê de


Desenvolvimento, Comitê Consultivo e Grupo Gestor. Ao primeiro, vinculado diretamente à
Presidência da República, compete definir as políticas para o desenvolvimento tecnológico, a
transição, a regulação e o modelo de negócios a ser adotado. É um órgão político, composto por
ministros de Estado. O Comitê Consultivo é uma extensão do Comitê de Desenvolvimento,
responsável pela proposta de ações e diretrizes fundamentais ao sistema. É composto por
representantes da sociedade civil, indicados pelas entidades que desenvolvem atividade
relacionadas ao tema. O Grupo Gestor é responsável pelas ações determinadas pelos dois Comitês,
sendo apoiado pela Financeira de Estudos e Projetos (Finep) e pela Fundação CPqD[6].

25
O primeiro edital público do SBTVD, visando habilitar instituições interessadas em participar
do SBTVD, foi publicado pelo governo federal ainda no primeiro semestre de 2004. Naquela etapa,
82 instituições foram habilitadas, de um total de 90 candidatas. A etapa seguinte foi a da divulgação
de mais 19 editais, chamadas de carta-convite, acompanhadas de uma Requisição Formal de
Proposta (RFP), destinadas apenas às instituições já habilitadas anteriormente. Desses 19 editais,
publicados em três lotes, dois não tiveram nenhuma instituição aprovada, enquanto que três tiveram
duas aprovadas. Os editais incentivaram a formação de redes de pesquisa, onde os estudos são
realizados de forma descentralizada por várias instituições trabalhando num mesmo tema. No total,
estão envolvidas 79 instituições no desenvolvimento do SBTVD, congregando mais de 1.200
pesquisadores[6].

O Decreto de criação do SBTVD estabeleceu o prazo de um ano, contado a partir da data da


criação do Comitê de Desenvolvimento, para a realização dos estudos e apresentação do relatório
sobre a adoção ou o desenvolvimento de um padrão de TV digital, além da transição e exploração
do novo modelo. O Comitê foi criado em março de 2004, iniciando o prazo de um ano para as
definições.

Porém, inúmeros atrasos ocorreram no processo, seja devido a entraves políticos ou a


burocracia sempre presente nas tramitações de projetos semelhantes. Apenas em 24 de fevereiro
aconteceram às primeiras seis assinaturas de convênio para o real inicio dos testes do SBTVD. Até
então, apenas iniciativas isoladas têm aprofundado o assunto, como estudos da Fundação CPqD, da
Anatel e de algumas universidades usando recursos de outras origens.

Por conta desses atrasos, foi editado em 10 de março de 2005 o Decreto nº5.393, que altera e
acrescenta dispositivos ao Decreto nº4.901, de 26 de novembro de 2003. O prazo para a
apresentação do relatório final foi esticado para 23 meses a partir da criação do Comitê de
Desenvolvimento. Ou seja, a definição final do SBTVD ficou para fevereiro de 2006. Além disso,
foi estipulado a data de 10 de dezembro de 2005 para a conclusão das atividades das instituições
contratadas pela Finep para a realização das pesquisas do SBTVD[4].

Segundo o até então diretor de TV Digital do Centro de Pesquisa e Desenvolvimento (CPqD),


Ricardo Benetton Martins (in memorian), a arquitetura do SBTVD está praticamente concluída.
Sem entrar em detalhes, Benetton adiantou apenas que o Brasil poderá adotar um modelo híbrido,
que pode se basear em um dos sistemas já existentes ou utilizar parte dos modelos hoje em uso. O

26
CPqD é responsável pela coordenação dos centros de pesquisas e universidades que estão
desenvolvendo o relatório sobre o sistema brasileiro de TV Digital.[11]

O Padrão Brasileiro tem entre suas principais condições a interatividade e área de cobertura.
A primeira deverá permitir o usuário buscar informações referentes aos programas, acessar serviços
interativos como o e-gov, educação a distância entre outros[14].

Já a área de cobertura deve garantir o canal de descida do sistema de interatividade a obter a


mesma área de cobertura do sistema de TV Digital.[13]

Além dessas condições tem algumas premissas que devem ser destacadas como[13]:

• Estabelecer e aumentar a rede de competências nacional, promovendo a efetiva integração das


pesquisas brasileiras nas áreas de abrangência desse programa;
• Apresentar solução técnica inovadora, mantendo e aproveitando a compatibilidade com
elementos já padronizados no mercado mundial de TV Digital;
• Ser flexível às condições sócio-econômicas do Brasil;
• Permitir uma implantação gradual, minimizando os riscos e os custos para a sociedade,
procurando soluções escaláveis e evolutivas, minimizando legados;
• Ser configurável para potencial adoção por outros países, facilitando exportação;
• Promover soluções industriais que favoreçam a economia de escala;

4.1. PLANO BÁSICO DE DISTRIBUIÇÃO DE CANAIS - PBTVD

Os estudos comparativos das tecnologias forneceram dados que, de modo acertadamente


conservador, permitiram a elaboração do Plano Básico de Distribuição de Canais – PBTVD. Os
canais das faixas do espectro compreendidas como VHF e UHF foram criteriosamente distribuídos
de modo a garantir a implantação do SBTVD com[14]:

• reserva de espectro radioelétrico para implantação da TV digital;


• canalização com ocupação de 6MHz de banda;
• manutenção das emissoras analógicas até a transição final;
• fase de transição simulcast com emissoras analógicas e digitais, representado na figura 8;
• proteção em interferência mútua analógico-digital;
• fase futura somente com emissoras digitais;

27
• ocupação dos canais digitais nas faixas VHF alto(7 a 13) e UHF (14 a 59) (figura 9);
• reserva dos canais UHF 60 a 69 a serem utilizados estrategicamente (figura 9);
• revisão das relações de proteção;
• possibilidade ou não de SFN - redes de freqüência única;
• não impedimento da implementação de interatividade;
• harmonização de coberturas analógico-digital;
• adoção de parâmetros técnicos conservadores;
• privilégio para recepção interna na áreas urbanas;
• nível de recepção estabelecido em relação a qualidade mínima de vídeo no ponto de
recepção, obtido de forma experimental, sem determinação de taxa de erro (BER) relativa ao
limite C/N (sinal/nível de ruído) para o piorcaso e equivalente a 19dB.

Figura 8. Período de Transição


Fonte: PBTVD – Anatel[12]

28
Figura 9. Faixa VHF e UHF
Fonte: PBTVD – Anatel[12]

5. Set-Top Box

A TV aberta transmitida no Brasil está presente em 90% das residências brasileiras[1], com
isso o Set-Top Box passa a ter grande importância para que a população possa receber o sinal digital
e convertê-lo para sua TV Analógica.

Antes de ser processado por um receptor, o sinal difundido precisa ser captado por uma
antena específica para a tecnologia usada, no caso de satélite ou radiodifusão, ou chegar via cabo. O
receptor pode estar embutido em uma televisão digital ou ser um equipamento à parte como
representado na figura 10. Neste último caso, o receptor passa a ser conhecido como set-top Box. A
idéia básica desse dispositivo é o de uma pequena caixa agregada à televisão analógica, que
converte os sinais digitais para serem vistos nas TVs convencionais. O set-top Box pode possuir
também um canal de retorno, possibilitando a interatividade entre o telespectador e os serviços
oferecidos[4].

29
Figura 10. Modelo de um sistema de Tv Digital com set-top Box[5].

O set-top Box tem funcionalidades básicas como[12]:

• Demultiplexar o sinal digital recebido;

• Decodificar informações de áudio e vídeo;

• Processar os dados recebidos e, se for o caso, sincronizá-los com a programação;

• Enviar dados via canal de retorno;

• Construir a imagem a ser exibida no aparelho de TV e convertê-las para o sinal


analógico.

5.1. ARQUITETURA DO SET-TOP BOX


Para desempenhar as funcionalidades descritas acima, são definidos componentes de
hardware e software para o set-top Box.

5.1.1. COMPONENTES DE HARDWARE


Como podemos perceber nas figuras 11 e 12 os set-top boxes têm uma arquitetura muito
parecida com a dos computadores convencionais e possuem diversas tecnologias em comum, tais
como CPU, memória, modems para utilização de canal de retorno, discos rígidos para
armazenamento de dados e leitores smart cards para permitir controle de acesso aos telespectadores.

30
Basicamente o sintonizador no receptor recebe um sinal via satélite, por difusão ou a cabo e
encaminha esse sinal para o demodulador que extrai o fluxo de transporte MPEG-2. O demodulador
analisa se o sinal possui erros e depois o encaminha para o demultiplexador que extrai os fluxos de
áudio, vídeo e dados encaminhando esses ao decodificador que os converte em um sinal apropriado
para exibição no aparelho televisivo.

Figura 11. Arquitetura de Hardware do Set-Top Box[5].

31
Figura 12. Principais módulos de um Set-Top Box
Fonte: Arquitetura do Set-Top Box para TV Digital Interativa - Unicamp[12]

Abaixo estão descritos os componentes de Hardware de um set-top Box conforme as figuras


11 e 12.

• Sintonizador

É o receptor em si, ele recebe os diferentes sinais das redes digitais baseadas nas
modulações ( QAM, COFDM, QPSK, 8-VSB)[16]. O sintonizador seleciona um canal de VHF ou
UHF(de 6 MHZ, no caso do Brasil) onde existe informação de áudio e vídeo. Para transmissão via
satélite o canal é tipicamente de 30 MHz. Para transmissão a cabo o canal usualmente é de 8 MHZ.
O sintonizador converte o sinal de radiofreqüência para o sinal banda base codificado, que pode ser
mais facilmente manipulado pelos componentes adjacentes[15].

• Demodulador

A implementação do demodulador é altamente dependente do padrão adotado para a


transmissão do sinal de radiodifusão. No caso da radiodifusão terrestre, existem 3 padrões utilizados
pelo mundo. São eles:

− ATSC (Advanced Television Systems Commitee), que é o padrão americano;


− DVB (Digital Vídeo Broadcasting), o padrão europeu
− ISDB (Integrated Services Digital Broadcasting), o padrão japonês.

32
A função do demodulador é amostrar o sinal sintonizado e convertê-lo em feixes de bits
denominados Transport Stream, que contém vídeo, áudio e dados codificados. Uma vez que o
stream é recuperado, é feita uma checagem de erros para então encaminhar o stream ao
demultiplexador.

• Acesso Condicional

No caso de receptores de TV aberta terrestre o módulo de acesso condicional não é


obrigatório. É baseado em algoritmos complexos que previnem que usuários não autorizados
acessem programas ou serviços, bloqueando tanto o stream de dados como um todo (coleção de
canais) ou streams de dados de um tipo particular (um canal ou um programa específico).

Uma opção de implementação desse componente é pela utilização de smartcards (cartões


programáveis), que são inseridos no decodificador e armazenam a chave para descriptografia de um
usuário específico, entre outras informações.

Esse módulo é interessante para uma emissora que deseja controlar o acesso a uma
programação por região geográfica ou mesmo pagamento por evento (pay-per-view) [4].

• Demultiplexador

Um stream de dados codificados no padrão MPEG-2 – Moving Picture Experts Group


consiste de pacotes de dados unicamente identificados por um PID (Packet Id) numérico. O
demultiplexador examina todos os identificadores, seleciona pacotes específicos, descriptografa e
encaminha para um decodificador específico. Por exemplo, todos os pacotes com identificador de
vídeo serão encaminhados para o decodificador de vídeo. O mesmo ocorre para áudio e dados.

• Decodificador de Vídeo

Um decodificador de vídeo transforma os pacotes de vídeo em seqüência de imagens a


serem exibidas no monitor de TV, formatando em diferentes resoluções de tela. Na saída de um
codificador de vídeo existe um microprocessador gráfico, cuja função é renderizar (desenhar)
arquivos gráficos de aplicações interativas ou mesmo páginas da Internet.Uma vez renderizado, o
arquivo gráfico é usado para sobrepor o vídeo exibido por um programa.[17]

33
• Decodificador de Áudio

O stream de áudio comprimido é enviado para o decodificador de áudio para


descompressão. A saída pode ser um áudio em formato analógico (estéreo / mono) ou digital.

• Processamento de Dados

Para processar os dados de um programa interativo ou aplicação, o set-top box possui


elementos similares a um computador pessoal, com processador, memórias, dispositivos de
armazenamento etc. Esses elementos são descritos a seguir:

− Processador

O processador, ou CPU, é o cérebro do set-top box [17]. Suas funções são, basicamente:

• inicializar os vários componentes de hardware do decodificador;


• monitorar e gerenciar hardware;
• carregar dados e instruções da memória;
• executar programas.

− Memória

O módulo de memória, que é implementado em um chip, é responsável por uma


porcentagem substancial do custo de um set-top box. Componentes como máquina gráfica,
decodificador de vídeo etc, precisam da memória para executar suas funções. Nos set-top Box são
utilizadas memória RAM e ROM.

• Interfaces Físicas

As possibilidades de escolha de interfaces físicas para o set-top box crescem rapidamente,


pois essa é uma tecnologia que ainda está em evolução. Serão citadas aqui algumas categorias de
interfaces físicas, como definido em [17].

34
− Modems

O modem é usado para prover serviços de interatividade ao usuário, através da constituição


do canal de retorno, conectando o set-top box à uma emissora ou provedor de serviço.

Normalmente, os modems são acoplados ao set-top box na fabricação, porém, é possível


instalar um modem externo.

As opções de modem freqüentemente disponíveis em set-top Box são ADSL, ou de telefonia


fixa convencional.

Para setp-top boxes de TV a Cabo, também pode ser usado o Cable Modem, termo que se
refere a uma interface de rede que opera sobre um sistema de televisão a cabo. É uma tecnologia
que potencializa a oferta de Internet rápida às operadoras de TV a cabo.

− Interfaces Multimídia de Alta Velocidade

A necessidade de convergência entre PCs e tecnologias de eletrônica de consumo aumenta


cada vez mais.

Em razão dessa convergência, os projetos de set-top boxes estão incorporando interfaces que
os permitirão se comunicar em tempo real com dispositivos como câmeras de vídeo, DVD,
tocadores de CD e teclados musicais.

5.1.2. COMPONENTES DE SOFTWARE

A arquitetura de um set-top box é composta por três camadas de software, acima do


hardware, como definido na Figura 11, abaixo:

35
Figura 13. Arquitetura em camadas de software do Set-top Box.
Fonte: Arquitetura do Set-Top Box para TV Digital Interativa - Unicamp[12]

• Middleware

Entre as camadas de hardware e o middleware estão definidos os drivers para dispositivos


como leitores de smartcards, modem e etc. Cada fabricante de set-top box desenvolve seu próprio
driver.

A finalidade da camada de middleware é oferecer um serviço padronizado para a camada de


aplicações, escondendo peculiaridades das camadas inferiores como, por exemplo, a tecnologia
usada para compressão, modulação etc[17].

O uso do middleware permite que haja portabilidade das aplicações, de forma que possam
ser transmitidas para qualquer set-top box com determinado middleware adotado [4].

No middleware também podem existir as máquinas virtuais, que permitem ao desenvolvedor


usar o mesmo código nativo para diferentes plataformas de set-top boxes com alterações mínimas,
como uma Java Virtual Machine, por exemplo.

Também podem fazer parte do middleware máquinas para apresentação de código HTML,
JavaScript, XHTML, entre outras linguagens declarativas ou procedurais.

As APIs compõem a interface entre o middleware e as aplicações, de forma que os


desenvolvedores de aplicações não precisem entrar em detalhes de implementação do middleware.
Um exemplo de API é a JAVA TV, um subconjunto da Sun Personal Java Virtual Machine, que
implementa funções específicas para implementação de aplicações para TV digital interativa.

36
• Aplicações Interativas

As aplicações são programas de computador, desenvolvidos em linguagens declarativas ou


procedurais que, executados em um set-top box, oferecem ao usuário serviços específicos, como
governo eletrônico, ou opções de interatividade agregadas a programas de TV, como a votação de
um programa Big Brother.

A aplicação interativa mundialmente mais utilizada é o EPG (Electronic Programming


Guide), que apresenta a grade de programação disponível nos canais por um período de tempo.

As aplicações podem ser residentes no set-top box (não fazem uso do middleware), ou
podem ser transmitidas e carregadas pelo set-top box. Para isso, faz-se o uso de um carrossel de
dados [12], que permite a transmissão repetida e periódica de dados, de forma que ele esteja pelo
menos parcialmente disponível quando solicitado pelo usuário.

5.1.3. PERFIS DE SET-TOP BOXES


Os set-top boxes podem ser produzidos para vários perfis de mercado, considerando desde
terminais básicos, com poucas funcionalidades além de receptor de TV, alguns perfis
intermediários, chegando até os perfis mais avançados, com muitas funcionalidades e grande poder
de processamento.[15]

• Set-top boxes Básicos (Low-End)

Esse tipo de set-top box de baixo custo funciona, basicamente, como um receptor de TV
Digital. Suporta a interatividade das aplicações, usualmente não possui canal de retorno, ou seja, só
permite interatividade local.

• Set-top boxes Médios (Mid-Range)

Os set-top boxes médios, geralmente são os escolhidos por operadoras de TV por assinatura,
pois suportam todas as funcionalidades necessárias para uso das aplicações interativas básicas.

• Set-top boxes Avançados (High-End)

37
Os set-top boxes avançados contemplam todas as funcionalidades dos perfis anteriores, além
de incorporar outras como personalização de usuário, interface para uma home-network, dentre
outras. Características de um modelo avançado, em pouquíssimo tempo podem ser passadas ao
modelo médio, pois vão surgindo novas tecnologias e os preços desses componentes tendem a
diminuir com o tempo.

6. Considerações Finais

O sistema de Tv Digital está sendo inciado neste final de ano trazendo uma TV com melhor
qualidade de imagem, som além da possibilidade de interatividade ao usuário.

Após anos de pesquisas do CpQD, da Anatel entre outras empresas nacionais, o padrão que
apresentou melhor desempenho foi o japonês.

A possibilidade de usar padrão norte-americano foi descartada logo no início das pesquisas
por não ter bom desempenho durante os testes de recepção com antenas internas, sendo que, maior
parte da população brasileira usa este tipo de antena para receber o sinal.

Na seqüência dos testes o padrão japonês se mostrou superior ao europeu, devido ao melhor
desempenho na recepção de sinais televisivos em ambiente fechados, e a sua flexibilidade para
recepção através de terminais fixos ou móveis.

Uma peça indispensável à população brasileira será o set-top Box. Cerca de 90% da
população tem TV analógica e não deverá comprar outro aparelho de imediato. Dessa maneira
deverão adquirir o conversor.

O set-top Box será o responsável em receber o sinal digital e convertê-lo para analógico,
com isso será possível ter a mesma programação, qualidade de som e imagem além da
interatividade que teríamos em uma TV Digital na TV Analógica.

A principio os set-top boxes que estão sendo fabricados no Brasil estão sem o midleware que
está em desenvolvimento pela PUC-RIO e só serão implantados nos set-top boxes apõe o término
do desenvolvimento do software completo. Por esse motivo os principais set-top boxes brasileiros
serão sem interatividade, possibilitando apenas uma TV com melhor definição.

38
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

[1] Pesquisa FAPESP.São Paulo.fev.2006 .Mensal

[2] ROSA, Almir Antonio. Televisão Digital Terrestre: Sistema, padrões e modelos. São Paulo,
200. 303f. Tese de Doutorado (Comunicação e Semiótica) Pontifícia Universidade Católica de São
Paulo

[3] Usando recursos da Internet (IPTV), a TV digital ganha a interatividade tão sonhada pelos
internautas. Disponível em:http://www.leg.ufba.br/twiki/bin/view/GEC/TvDigital Acesso em: 1º
abril 2007.

[4] MONTEZ, Carlos; BECKER, Valdecir. TV Digital Interativa: Conceitos, Desafios e


Perspectivas Para o Brasil. 2° Edição. Florianópolis: Editora da UFSC, 2005

[5] BARROS DE SOUZA, Vinicius. Set-Top Box Para TV Digital Interativa. Niterói.2004

[6] http://www.softwarepublico.gov.br Acesso em:12 de out. 2007

[7] C. R. de OLIVEIRA, Etienne; V. N. de ALBUQUERQUE, Célio. TV Digital Interativa:


Padrões para uma nova era. Disponível em: http://www.ic.uff.br/~celio/papers/eri05.pdfAcesso em:
12/10/2007

[8] T. DE OLIVEIRA, Carina. Um Estudo Sobre os Padrões de Middleware para Televisao Digital
Interativa Disponívem em: http://www.gta.ufrj.br/~carina/artigos/MonografiaCarina.pdf Acesso:
12/10/2007

[9] TV Digital: Uma Visão Geral da Escolha de um Padrão Deisponível em:


http://www.teleco.com.br/tutoriais/tutorialtvdigital Acesso: 15/10/2007

[10] A TV Digital Brasileira. Disponível em: http://www.dtv.org.br/perguntas.php Acesso:


04/11/2007

[11] Gestão de incubadoras pavimenta o sucesso. Disponível em:


http://www.cpqd.com.br/site/ContentView.php?cd=2287 Acesso: 04/11/2007

[12] Minassian, Ara A. Plano Básico de Distribuição de Canais Digitais - PBTVD


http://www.fndc.org.br/arquivos/PBTVD_18_05_2005.pdf Acesso:06/11/2007

[13]Sistema Brasileiro de TV Digital Disponível em: http://sbtvd.cpqd.com.br/ Acesso:06/11/2007

[14] A. R. MANHÃES, Marcus e J. SHIEHS, Pei. Padrão para TV Digital Brasileira: o Limite do
Sistema Canal deInteratividadE. Disponível em:
http://www.wirelessbrasil.org/wirelessbr/colaboradores/manhaes_e_shieh/limite_do_sistema_04.ht
ml acesso: 06/11/2007

[15] S. G. PICCOLO, Lara. Arquitetura do set-top Box para TV Digital Interativa Disponível em:
http://www.ic.unicamp.br/~rodolfo/Cursos/mo401/2s2005/Trabalho/039632-settopbox.pdf Acesso:
11/11/2007

39
[16] J. M. de Assis, Tom. TV DIGITAL - A NOVA FRONTEIRA Disponível em:
http://br.geocities.com/tvdigitalbr/tom_artigos/tv_digital/nova_fronteira.html Acesso: 11/11/2007

[17] O'Driscoll, G. The Essencial Guide to Digital Set-top Boxes and Interactive TV. Prentice Hall,
1999.

[18] Nicholls, R. SMS – Today´s Interactive Television. Australia, 2000. Disponível em:
http://www.broadcastpapers.com Acesso: 15/11/2007

40
ANEXO I - LANÇAMENTO DA TV DIGITAL NO BRASIL

São Paulo: 2 de dezembro de 2007

Dia 2 de Dezembro de 2007 é a data prevista para a primeira transmissão HDTV (Televisão de Alta Definição)
na cidade de São Paulo.

Para a cidade do Rio de Janeiro a previsão é que as transmissões sejam iniciadas até o final do primeiro
semestre de 2008. Para as demais cidades brasileiras a previsão é que isto ocorra até 2011.

A transmissão analógica continuará ocorrendo, simultâneamente à digital, por um período de 10 anos até
29/06/2016. A partir de Jul/2013 somente serão outorgados canais para a transmissão em tecnologia digital.

Apresenta-se a seguir uma estimativa de prazo máximo para entrada em operação das Geradoras e
Transmissoras de TV Digital nas várias cidades do Brasil.

Prazo máximo para início de transmissão nas Geradoras das Cidades de

São Paulo (Grande São Paulo) Abr/2009

Belo Horizonte, Brasília, Fortaleza, Rio de Janeiro, Salvador Jan/2010

Belém, Curitiba, Goiânia, Manaus, Porto Alegre e Recife Mai/2010

Campo Grande, Cuiabá, João Pessoa, Maceió, Natal, São Luís e Teresina Set/2010

Aracaju, Boa Vista, Florianópolis, Macapá, Palmas, Porto Velho, Rio Branco e
Jan/2011
Vitória

Geradoras situadas nos demais Municípios Mai/2011

Prazo máximo para início de transmissão para Retransmissoras

Situadas nas capitais dos Estados e no Distrito Federal Jun/2011

Situadas nos demais Municípios Jun/2013

Os prazos acima consideram que a Publicação da Portaria de aprovação do projeto de instalação em feita em
menos de 15 dias.

Consulte o Em Debate: O cronograma de implantação da TV Digital no Brasil

Etapas para Implantação da TV Digital no Brasil


(Decreto 5.820 de 29/06/06 )

Apresenta-se a seguir as etapas a serem cumpridas por cada emissora para implantação da TV Digital no Brasil.
(Port MC 652 Minicom 10/10/2006 )
Etapa Prazo

Emissora apresenta requerimento ao Minicom para Variável conforme a cidade e tipo de


1
consignação de canal digital emissora (tabela)

Outorga do canal através de instrumento contratual entre 60 dias após aprovação do


2
emissora e Minicom requerimento.

Emissora apresentar ao Minicom projeto de instalação da


3 6 meses
estação transmissora.

4 Publicação da Portaria de aprovação do projeto de instalação Não definido.

5 Ínicio da transmissão digital 18 meses

ETAPA 1: Consignação de Canais

Será consignado para cada emissora um canal de 6 MHz para transmissão de TV digital. A
cobertura de TV Digital de cada canal deve ser a mesma do canal analógico correspondente.

Prazo para apresentação do requerimento de consignação (Etapa 1)

Até Cidades

29/12/2006 São Paulo

30/11/2007*
Belo Horizonte, Brasília, Fortaleza, Rio de Janeiro e Salvador:
(grupo1)

31/03/2008*
Belém, Curitiba, Goiânia, Manaus, Porto Alegre e Recife
(grupo 2)

31/07/2008*
Campo Grande, Cuiabá, João Pessoa, Maceió, Natal, São Luís e Teresina
(grupo 3)

30/11/2008*
Aracaju, Boa Vista, Florianópolis, Macapá, Palmas, Porto Velho, Rio Branco e Vitória
(grupo 4)

31/03/2009** Geradoras situadas nos demais Municípios

Retransmissoras situadas nas capitais dos Estados e no Distrito Federal: até 30 de abril de
30/04/2009***
2009

30/04/2011*** Retransmissoras situadas nos demais Municípios


*após 29/06/2007; **após 01/10/2007
*** após o início da transmissão digital, em caráter definitivo, da estação geradora cedente da programação. Fonte: Portaria 652 de 10/12/06

42
Consignação de Canais Digitais para a cidade de São Paulo

O Ministro das Comunicações assinou em 09/04/07 os termos de consignação de canais


digitais para dez emissoras de televisão da cidade de São Paulo: TV Ômega (Rede TV), TV
Cultura, Rede 21, SBT, Rede Bandeirantes, Rede Record, Grupo Abril, Canal Brasileiro de
Informação (CBI – MIX TV), Rede Globo e TV Gazeta.

Revisão dos P. Básicos para Consignação de Canais Digitais

O Plano Básico de Distribuição de Canais de Televisão Digital foi definido pela Res. 407, 10/06/05

A Anatel está promovendo mudanças nos Planos Básicos de Distribuição de Canais de Televisão
Digital - PBTVD e de Atribuição de Canais de Televisão por Assinatura em UHF - PBTVA de
modo a consignar os canais digitais para as emissoras. A tabela a seguir apresenta a evolução deste
processo.

São Paulo e Capitais do grupo 1

Capitais Consulta Pública Ato

São Paulo 730 15/08/06 61.774 09/11/06

Belo Horizonte 781 16/04/07 66.963 06/09/07

Brasília 735 11/09/06 62.866 21/12/06

Fortaleza 765 14/02/07 67.137 18/09/07

Rio de Janeiro 753 08/12/06 65.939 12/07/07

Salvador 766 14/02/07 - -

43
Capitais do Grupo 2

Capitais Consulta Pública Ato

Belém 823 04/10/07 - -

Curitiba 769 23/02/07 67.019 10/09/07

Goiânia 821 28/09/07 - -

Manaus 787 21/05/07 - -

Porto Alegre 814 06/09/07 - -

Recife 768 22/02/07 -


-

Capitais do Grupo 3

Capitais Consulta Pública Ato

Campo Grande 793 13/06/07 - -

Cuiabá 792 06/06/07 - -

João Pesssoa 791 06/06/07 - -

Maceió 824 05/10/07 - -

Natal 788 23/05/07 - -

São Luis 820 28/09/07 - -

Teresina 803 19/07/07 - -

Capitais do Grupo 4

Capitais Consulta Pública Ato

Aracajú - - - -

Boa Vista - - -
-

Florianópolis 813 06/09/07


- -

44
Macapá - - - -

Palmas - - - -

Porto Velho - - -
-

Rio Branco - - - -

Vitória 822 02/10/07 - -

ANEXO II – DECRETO Nº4.901

Edição Número 231 de 27/11/2003


Atos do Poder Executivo

DECRETO N o 4.901, DE 26 DE NOVEMBRO DE 2003

Institui o Sistema Brasileiro de Televisão Digital - SBTVD, e dá outras providências.

O PRESIDENTE DA REPÚBLICA , no uso da atribuição que lhe confere o art. 84, inciso VI,
alínea "a", da Constituição,

DECRETA:

Art. 1 o Fica instituído o Sistema Brasileiro de Televisão Digital SBTVD, que tem por finalidade
alcançar, entre outros, os seguintes objetivos:

I promover a inclusão social, a diversidade cultural do País e a língua pátria por meio do acesso à
tecnologia digital, visando à democratização da informação;

II propiciar a criação de rede universal de educação à distância;

III estimular a pesquisa e o desenvolvimento e propiciar a expansão de tecnologias brasileiras e da


indústria nacional relacionadas à tecnologia de informação e comunicação;

IV planejar o processo de transição da televisão analógica para a digital, de modo a garantir a


gradual adesão de usuários a custos compatíveis com sua renda;

V viabilizar a transição do sistema analógico para o digital, possibilitando às concessionárias do


serviço de radiodifusão de sons e imagens, se necessário, o uso de faixa adicional de
radiofreqüência, observada a legislação específica;

VI estimular a evolução das atuais exploradoras de serviço de televisão analógica, bem assim o
ingresso de novas empresas, propiciando a expansão do setor e possibilitando o desenvolvimento de
inúmeros serviços decorrentes da tecnologia digital, conforme legislação específica;

45
VII estabelecer ações e modelos de negócios para a televisão digital adequados à realidade
econômica e empresarial do País;

VIII aperfeiçoar o uso do espectro de radiofreqüências;

IX contribuir para a convergência tecnológica e empresarial dos serviços de comunicações;

X aprimorar a qualidade de áudio, vídeo e serviços, consideradas as atuais condições do parque


instalado de receptores no Brasil; e

XI incentivar a indústria regional e local na produção de instrumentos e serviços digitais.

Art. 2 o O SBTVD será composto por um Comitê de Desenvolvimento, vinculado à Presidência da


República, por um Comitê Consultivo e por um Grupo Gestor.

Art. 3 o Ao Comitê de Desenvolvimento do SBTVD compete:

I fixar critérios e condições para a escolha das pesquisas e dos projetos a serem realizados para o
desenvolvimento do SBTVD, bem como de seus participantes;

II estabelecer as diretrizes e estratégias para a implementação da tecnologia digital no serviço de


radiodifusão de sons e imagens;

III definir estratégias, planejar as ações necessárias e aprovar planos de aplicação para a condução
da pesquisa e o desenvolvimento do SBTVD;

IV controlar e acompanhar as ações e o desenvolvimento das pesquisas e dos projetos em


tecnologias aplicáveis à televisão digital;

V supervisionar os trabalhos do Grupo Gestor;

VI decidir sobre as propostas de desenvolvimento do SBTVD;

VII fixar as diretrizes básicas para o adequado estabelecimento de modelos de negócios de televisão
digital; e

VIII apresentar relatório contendo propostas referentes:

a) à definição do modelo de referência do sistema brasileiro de televisão digital;

b) ao padrão de televisão digital a ser adotado no País;

c) à forma de exploração do serviço de televisão digital; e

d) ao período e modelo de transição do sistema analógico para o digital.

Parágrafo único. O prazo para a apresentação do relatório a que se refere o inciso VIII deste artigo
fica fixado em doze meses, a contar da instalação do Comitê de Desenvolvimento do SBTVD.

46
Art. 4 o O Comitê de Desenvolvimento do SBTVD será composto por um representante de cada um
dos seguintes órgãos:

I Ministério das Comunicações, que o presidirá;

II Casa Civil da Presidência da República;

III Ministério da Ciência e Tecnologia;

IV Ministério da Cultura;

V Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior,

VI Ministério da Educação;

VII Ministério da Fazenda;

VIII Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão;

IX Ministério das Relações Exteriores; e

X Secretaria de Comunicação de Governo e Gestão Estratégica da Presidência da República.

§ 1 o Os membros do Comitê de Desenvolvimento do SBTVD serão indicados pelos titulares dos


órgãos referidos nos incisos I a X deste artigo e designados pelo Ministro de Estado das
Comunicações.

§ 2 o Os membros do Comitê de Desenvolvimento do SBTVD serão substituídos, em suas


ausências e impedimentos, por seus respectivos suplentes, por eles indicados, e designados pelo
Ministro de Estado das Comunicações.

Art. 5 o O Comitê Consultivo tem por finalidade propor as ações e as diretrizes fundamentais
relativas ao SBTVD e será integrado por representantes de entidades que desenvolvam atividades
relacionadas à tecnologia de televisão digital.

§ 1 o Os membros do Comitê Consultivo serão designados pelo Ministro de Estado das


Comunicações, por indicação das entidades referidas no caput deste artigo, de acordo com critérios
a serem estabelecidos pelo Comitê de Desenvolvimento do SBTVD.

§ 2 o O Comitê Consultivo será presidido pelo Presidente do Comitê de Desenvolvimento do


SBTVD.

Art. 6 o Compete ao Grupo Gestor a execução das ações relativas à gestão operacional e
administrativa voltadas para o cumprimento das estratégias e diretrizes estabelecidas pelo Comitê
de Desenvolvimento do SBTVD.

Art. 7 o O Grupo Gestor será integrado por um representante, titular e respectivo suplente, de cada
órgão e entidade a seguir indicados:

47
I Ministério das Comunicações, que o coordenará;

II Casa Civil da Presidência da República;

III Ministério da Ciência e Tecnologia;

IV Ministério da Cultura;

V Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior;

VI Ministério da Educação;

VII do Instituto Nacional de Tecnologia da Informação - ITI;

VIII da Agência Nacional de Telecomunicações ANATEL; e

IX Secretaria de Comunicação de Governo e Gestão Estratégica da Presidência da República.

§ 1 o Os membros do Grupo Gestor serão indicados pelos titulares de seus respectivos órgãos e
designados pelo Ministro de Estado das Comunicações, no prazo de quinze dias a contar da data de
publicação deste Decreto.

§ 2 o O coordenador do Grupo Gestor poderá instituir comissões e grupos técnicos com a finalidade
de desenvolver atividades específicas em cumprimento dos objetivos estabelecidos neste Decreto.

Art. 8 o Para o desempenho das atividades a que se refere o art. 6 o deste Decreto, o Grupo Gestor
poderá dispor do apoio técnico e administrativo, entre outros, das seguintes entidades:

I Financiadora de Estudos e Projetos FINEP; e

II Fundação Centro de Pesquisa e Desenvolvimento em Telecomunicações - CPqD.

Art. 9 o Para os fins do disposto neste Decreto, o SBTVD poderá ser financiado com recursos
provenientes do Fundo para o Desenvolvimento Tecnológico das Telecomunicações - FUNTTEL,
ou ainda, por outras fontes de recursos públicos ou privados, cujos planos de aplicação serão
aprovados pelo Comitê de Desenvolvimento do SBTVD.

Art. 10. Este Decreto entra em vigor na data de sua publicação.

Brasília, 26 de novembro de 2003; 182 o da Independência e 115 o da República.

LUIZ INÁCIO LULA DA SILVA

Miro Teixeira

José Dirceu de Oliveira e Silva

48
ANEXO III – DECRETO N°- 5.820, DE 29 DE JUNHO DE 2006

Dispõe sobre a implantação do SBTVD-T, estabelece diretrizes para a transição do sistema


de transmissão analógica para o sistema de transmissão digital do serviço de radiodifusão de sons e
imagens e do serviço de retransmissão de televisão, e dá outras providências.

O PRESIDENTE DA REPÚBLICA, no uso da atribuição que lhe confere o art. 84, inciso
IV, combinado com o art. 223 da Constituição, e tendo em vista o disposto na Lei no 4.117, de 27
de agosto de 1962, e na Lei no 9.472, de 16 de julho de 1997,

DECRETA:

Art. 1º Este Decreto dispõe sobre a implantação do Sistema Brasileiro de Televisão Digital
Terrestre - SBTVD-T na plataforma de transmissão e retransmissão de sinais de radiodifusão de
sons e imagens.

Art. 2º Para os fins deste decreto, entende-se por:

I - SBTVD-T - Sistema Brasileiro de Televisão Digital Terrestre - conjunto de padrões


tecnológicos a serem adotados para transmissão e recepção de sinais digitais terrestres de
radiodifusão de sons e imagens; e

II - ISDB-T - Integrated Services Digital Broadcasting Terrestrial - serviços integrados de


radiodifusão digital terrestre.

Art. 3º As concessionárias e autorizadas do serviço de radiodifusão de sons e imagens e as


autorizadas e permissionárias do serviço de retransmissão de televisão adotarão o SBTVD-T, nos
termos deste Decreto.

Art. 4º O acesso ao SBTVD-T será assegurado, ao público em geral, de forma livre e


gratuita, a fim de garantir o adequado cumprimento das condições de exploração objeto das
outorgas.

Art. 5o O SBTVD-T adotará, como base, o padrão de sinais do ISDB-T, incorporando as


inovações tecnológicas aprovadas pelo Comitê de Desenvolvimento de que trata o Decreto no
4.901, de 26 de novembro de 2003.

49
§ 1º O Comitê de Desenvolvimento fixará as diretrizes para elaboração das especificações
técnicas a serem adotadas no SBTVD-T, inclusive para reconhecimento dos organismos
internacionais competentes.

§ 2º O Comitê de Desenvolvimento promoverá a criação de um Fórum do SBTVD-T para


assessorá-lo acerca de políticas e assuntos técnicos referentes à aprovação de inovações
tecnológicas, especificações, desenvolvimento e implantação do SBTVD-T.

§ 3º O Fórum do SBTVD-T deverá ser composto, entre outros, por representantes do setor
de radiodifusão, do setor industrial e da comunidade científica e tecnológica.

Art. 6º O SBTVD-T possibilitará:

I - transmissão digital em alta definição (HDTV) e em definiçãopadrão (SDTV);

II - transmissão digital simultânea para recepção fixa, móvel e portátil; e

III - interatividade.

Art. 7º Será consignado, às concessionárias e autorizadas de serviço de radiodifusão de


sons e imagens, para cada canal outorgado, canal de radiofreqüência com largura de banda de seis
megahertz, a fim de permitir a transição para a tecnologia digital sem interrupção da transmissão de
sinais analógicos.

§ 1º O canal referido no caput somente será consignado às concessionárias e autorizadas


cuja exploração do serviço esteja em regularidade com a outorga, observado o estabelecido no
Plano Básico de Distribuição de Canais de Televisão Digital - PBTVD.

§ 2º A consignação de canais para as autorizadas e permissionárias do serviço de


retransmissão de televisão obedecerá aos mesmos critérios referidos no § 1o e, ainda, às condições
estabelecidas em norma e cronograma específicos.

Art. 8º O Ministério das Comunicações estabelecerá, no prazo máximo de sessenta dias a


partir da publicação deste Decreto, cronograma para a consignação dos canais de transmissão
digital.

50
Parágrafo único. O cronograma a que se refere o caput observará o limite de até sete anos e
respeitará a seguinte ordem:

I - estações geradoras de televisão nas Capitais dos Estados e no Distrito Federal;

II - estações geradoras nos demais Municípios;

III - serviços de retransmissão de televisão nas Capitais dos Estados e no Distrito Federal; e

IV - serviços de retransmissão de televisão nos demais Municípios.

Art. 9º A consignação de canais de que trata o art. 7o será disciplinada por instrumento
contratual celebrado entre o Ministério das Comunicações e as outorgadas, com cláusulas que
estabeleçam ao menos:

I - prazo para utilização plena do canal previsto no caput, sob pena da revogação da
consignação prevista; e

II - condições técnicas mínimas para a utilização do canal consignado.

§ 1º O Ministério das Comunicações firmará, nos prazos fixados no cronograma referido no


art. 8o, os respectivos instrumentos contratuais.

§ 2º Celebrado o instrumento contratual a que se refere o caput, a outorgada deverá


apresentar ao Ministério das Comunicações, em prazo não superior a seis meses, projeto de
instalação da estação transmissora.

§ 3º A outorgada deverá iniciar a transmissão digital em prazo não superior a dezoito meses,
contados a partir da aprovação do projeto, sob pena de revogação da consignação prevista no art.
7o.

Art. 10. O período de transição do sistema de transmissão analógica para o SBTVD-T será
de dez anos, contados a partir da publicação deste Decreto.

§ 1º A transmissão digital de sons e imagens incluirá, durante o período de transição, a


veiculação simultânea da programação em tecnologia analógica.

51
§ 2º Os canais utilizados para transmissão analógica serão devolvidos à União após o prazo
de transição previsto no caput.

Art. 11. A partir de 1o de julho de 2013, o Ministério das Comunicações somente outorgará
a exploração do serviço de radiodifusão de sons e imagens para a transmissão em tecnologia
digital.

Art. 12. O Ministério das Comunicações deverá consignar, nos Municípios contemplados no
PBTVD e nos limites nele estabelecidos, pelo menos quatro canais digitais de radiofreqüência com
largura de banda de seis megahertz cada para a exploração direta pela União Federal.

Art. 13. A União poderá explorar o serviço de radiodifusão de sons e imagens em tecnologia
digital, observadas as normas de operação compartilhada a serem fixadas pelo Ministério das
Comunicações, dentre outros, para transmissão de:

I - Canal do Poder Executivo: para transmissão de atos, trabalhos, projetos, sessões e


eventos do Poder Executivo;

II - Canal de Educação: para transmissão destinada ao desenvolvimento e aprimoramento,


entre outros, do ensino à distância de alunos e capacitação de professores;

III - Canal de Cultura: para transmissão destinada a produções culturais e programas


regionais; e

IV - Canal de Cidadania: para transmissão de programações das comunidades locais, bem


como para divulgação de atos, trabalhos, projetos, sessões e eventos dos poderes públicos federal,
estadual e municipal.

§ 1º O Ministério das Comunicações estimulará a celebraçãode convênios necessários à


viabilização das programações do Canal de Cidadania previsto no inciso IV.

§ 2º O Canal de Cidadania poderá oferecer aplicações de serviços públicos de governo


eletrônico no âmbito federal, estadual e municipal.

Art. 14. O Ministério das Comunicações expedirá normas complementares necessárias à


execução e operacionalização do SBTVD-T.

Art. 15. Este Decreto entra em vigor na data de sua publicação.

52
Brasília, 29 de junho de 2006; 185º da Independência e 118º da República.

LUIZ INÁCIO LULA DA SILVA

53

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