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AULA 1
CONVERSA INICIAL
Estamos iniciando a disciplina de Ilustração, um tema muito importante se considerarmos que, atualmente, grande parte das informações são
transmitidas pela imagem, do mesmo modo que, por ela, também se difundem conhecimentos, valores estéticos e culturais. Pelo breve histórico que
será apresentado nesta aula, entenderemos que isso já ocorre desde a Pré-História e que, no decorrer do tempo, a elaboração de imagens passou a
ser uma prática comum nas mais diversas áreas. Seja bem-vindo e bons estudos!
CONTEXTUALIZANDO
Comece a observar como estamos rodeados de imagens. Elas estão nos livros, revistas, estampas, cartazes, embalagens, catálogos, outdoors,
celulares, internet etc., além de terem as mais variadas formas, técnicas, estilos e funções. Toda imagem nos traz uma mensagem, seja ela explícita
ou não, e observá-las é um ótimo exercício do olhar. Pensando nisso, que tal você iniciar o seu percurso nessa disciplina acessando o link <https://pix
Créditos: Thipjang/Shutterstock.
Um outro tipo de registro por imagens foi utilizado no Antigo Egito, como as ilustrações realizadas no Livro dos Mortos (1900 a. C). Este é
considerado o primeiro livro ilustrado no mundo, feito sobre o papiro, tipo de suporte inventado pelos egípcios para escrita e desenhos (Brancaglion
Junior; 2009; Dalley, 1981).
Na China, por muitos séculos, as pinturas, desenhos e poemas eram feitos sobre seda e lâminas de bambu. Já durante as civilizações grega e
romana, a ilustração adquiriu tanto a função descritiva quanto a função didática, sendo utilizada com ênfase na topografia, medicina e arquitetura.
Na Grécia, o pergaminho passa a ser utilizado como suporte para esses tipos de registros.
A ilustração foi amplamente utilizada na Europa da Idade Média, principalmente no século XIII, para a elaboração das miniaturas em livros de
pergaminho, nos quais as imagens tinham o objetivo de narrar cenas bíblicas e difundir as ideias da Igreja. Esses livros são considerados os
Durante os séculos XIV e XV, além dos manuscritos religiosos, começaram a ser elaborados outros tipos de livros com ilustrações, como os de
ciências naturais e romances. Em função do retorno à cultura greco-romana, na qual a razão e a ciência eram predominantes, livros com grande teor
de detalhes e técnica eram valorizados, tendo Leonardo da Vinci como um dos grandes ilustradores desse período.
A ilustração de livros teve seu maior desenvolvimento a partir do século XV, fator que esteve diretamente ligado à invenção da prensa com tipos
móveis, de Gutenberg. Isso ampliou significativamente as possibilidades de reprodução de textos e imagens, sendo fundamental para a difusão e
acesso da população ao livro, que passou, então, a ser feito em série de modo mecanizado (Dalley, 1981).
Créditos: Jizu/Shutterstock.
O processo de reprodução mais antigo, como a xilogravura (imagem gravada em relevo na madeira) começou a dar espaço às imagens feitas em
chapas de metal, sendo Albrecht Dürer um dos grandes mestres da ilustração nessa técnica, que permite a representação de um grande um número
de detalhes. Acesse o link do National Museum and Albrecht Dürer House disponível em:<https://www.youtube.com/watch?v=FwlsBMM9z9s> para
Mesmo que no século XV tenham surgido livros ilustrados, foi a partir do final do século XVII que surgiram os livros voltados para crianças.
Dentre esses livros, estão os clássicos que conhecemos como as Fábulas de La Fontaine, os contos de Charles Perrault e dos Irmãos Grimm, autores
Créditos: Severjn/Shutterstock.
Um grande salto na área da ilustração foi a descoberta da representação correta da perspectiva, fato que revolucionou a arte e o trabalho do
ilustrador técnico e que muito contribuiu para o desenvolvimento industrial do século XVIII. Foi também nesse século que começou a ocorrer um
grande avanço técnico na reprodução de imagens com a invenção da litografia (desenho sobre a pedra) (Dalley, 1981). Já no século XIX, foi
introduzida a cor nas ilustrações dos livros, graças ao processo de cromolitografia (litografia com várias cores).
Saiba mais
Assista ao vídeo Uma viagem pela história da gravura produzido pelo MASP – Museu de Arte de São Paulo, disponível no link <https://www.y
outube.com/watch?v=qrKUBtmmajs>
Na França, um dos grandes expoentes da ilustração de livros foi Gustave Doré, que produziu com grande maestria uma vastíssima obra,
principalmente em xilogravura, técnica pela qual alcançava os mais ricos efeitos gráficos.
Figura 7 – Selo francês com ilustração de Gustave Doré para o livro de Contos de Perrault, em xilogravura
O século XX foi marcado por grandes avanços da tecnologia, oriundos da Revolução Industrial e que refletiram também na indústria gráfica.
criado o processo reticulado meio-tom, no qual é possível reproduzir todas as cores do espectro visível.
Com o aperfeiçoamento da computação gráfica e das mídias digitais, novos campos de atuação foram surgindo para os ilustradores,
produzem suas imagens de modo manual e/ou digital. Técnicas tradicionais de ilustração, ou seja, à mão livre, depois de prontas são digitalizadas e
anexadas nos mais variados projetos, que serão impressos pelo processo Offset.
Créditos: Artakm/Shutterstock.
As ilustrações digitais começaram a ser realizadas a partir de meados de 1990, e desde então novos materiais e softwares vêm sendo
desenvolvidos para esse fim, sendo ferramentas de trabalho com grande potencial de produção de imagens.
Créditos: Illus_Man/Shutterstock.
A área do Design Editorial é voltada para projetos de publicações impressas ou digitais, dentre elas livros, revistas, jornais, materiais
instrucionais, catálogos e manuais. A ilustração tem uma grande função nessa área pois vai complementar, ampliar, facilitar e enriquecer a
compreensão do conteúdo, já que muitas vezes isso não é possível somente pela palavra.
Créditos: Medicalstocks/Shutterstock.
Nessa área, a ilustração tem a intenção de estimular o imaginário da criança, sua comunicação e envolvimento com a obra literária. Por muito
tempo, a ilustração para literatura infantil e juvenil exerceu a função de descrever ou simplesmente decorar o texto, porém, atualmente, as imagens
se apresentam de um modo mais independente, a fim de estimular cada vez mais a percepção do pequeno leitor.
Fazem parte desse gênero o quadrinho infantil, a ficção científica, os heróis, os quadrinhos eróticos, os mangás, undergrounds e fanzines
histórias em quadrinhos seguem um tipo de narrativa sequencial, sendo o seu processo de ilustração composto de roteiro, storyboard e arte final.
Créditos: Sasha2109/Shutterstock.
2.4 ILUSTRAÇÃO PARA REVISTAS E JORNAIS
Ilustrações como essas são geralmente baseadas em metáforas, e com isso, buscam transmitir a essência da mensagem. Nesse sentido, é
importante que o ilustrador se aprofunde na leitura do texto para conseguir chegar ao seu conteúdo principal de um modo claro, original e criativo.
O intuito desse tipo de ilustração é ter objetividade, grande riqueza de detalhes e realismo. Geralmente é apresentada com um fundo bem nítido
e limpo para que o observador consiga entender todos os pormenores do tema e que este possa ser identificado e reconhecido, o que muitas vezes
não é possível por meio de uma fotografia. Seus aspectos técnicos e de materiais conservam-se semelhantes até hoje (Carneiro, 2011).
Créditos: Kois00kois/Shutterstock.
3.1 INFOGRÁFICOS
São peças gráficas que se utilizam de ilustrações, ícones, textos e que têm por objetivo apresentar informações de maneira facilitada e
organizada, de modo a ajudar o leitor a compreender mensagens que, muitas vezes, têm um conteúdo complexo.
Figura 16 – Infográfico sobre a Covid-19
Créditos: Mediantone/Shutterstock.
A ilustração para estamparia pode ser aplicada em papelaria, área têxtil e na moda, possibilitando a criação de imagens com grande liberdade de
expressão. De um lado, o ilustrador pode interpretar e incorporar elementos regionais, étnicos e socioculturais em trabalhos mais personalizados, e
de outro, deve estar atento às tendências de mercado que envolvem materiais, formas e cores (Yamane, 2008).
Lettering ou letreiramento, em português, é qualquer forma de desenhar e escrever letras. Geralmente é associado a um caráter artístico que
explora a forma visual e ganha ênfase no modo como as letras são combinadas, valorizando a composição em primeiro lugar (Finizola et al., 2010).
Podemos dizer que este é um campo de trabalho amplo, no qual é necessária uma grande dose de criatividade e imaginação. Seu propósito
enaltecer as qualidades do produto a ser comercializado, tendo em mente como o receptor vai compreender a mensagem. Dentre as peças
publicitárias que podem conter ilustrações, podemos citar os posters, flyers, catálogos e folders.
Figura 19 – Ilustração 3D
Créditos: Mitstudio/Shutterstock.
O designer de games e de animação, além criar personagens, cenários e ambientes interessantes, deve também pensar na funcionalidade, na
clareza e organização da narrativa, tendo sempre em mente o jogador, seus anseios e expectativas, proporcionando-lhe, enfim, uma verdadeira
Créditos: Rustic/Shutterstock.
TROCANDO IDEIAS
Agora que você já tem um breve referencial histórico nesta área, realize a seguinte atividade para postar no fórum, discutir e enriquecer o
aprendizado e dos seus colegas de turma. Pesquise e escreva uma breve biografia de um ilustrador (a), brasileiro (a) ou internacional, que utilize
técnicas tradicionais manuais ou digitais. Pode ser de qualquer período. Selecione 3 imagens desse ilustrador, indicando: a) propósito da ilustraç
(para que foi elaborada); b) técnica utilizada; c) época em que foi realizada. Escreva essas características abaixo de cada imagem. O texto deve ter
no mínimo de 200 e máximo de 300 palavras.
Saiba mais
Nestes links, você encontrará informações que poderão contribuir muito com o seu aprendizado, como notícias, artigos e entrevistas:
NA PRÁTICA
Depois de ter discutido no fórum e conhecido vários outros ilustradores, avance ainda mais nos seus conhecimentos realizando a seguinte
atividade:
1) Pesquisar e escolher uma ilustração de cada categoria abordada no texto: a) didática; b) literatura infantil; c) quadrinhos; d) científica;
revista ou jornal; f) propaganda; g) infográfico; h) estamparia; i) lettering; j) games ou animação. Ao todo serão 10 ilustrações.
2) Salve as imagens em um arquivo e inclua a respectiva legenda de cada imagem com os seguintes dados de identificação: categoria,
autor (a), e técnica. Obs.: no item “autor”, podem ser também considerados: ilustrador (a), estúdio, agência ou revista, dependendo de cada
situação.
FINALIZANDO
Como pudemos observar, no decorrer da história até os dias de hoje, a ilustração se tornou um meio muito importante com a função de informar,
documentar, registrar e narrar por meio da imagem, seja este um fato, uma história, uma ideia ou mesmo um objeto. Vimos também as várias áreas
onde a ilustração pode ser aplicada e que isso demanda um aumento cada vez maior desse profissional no mercado de trabalho. Os próximos
conteúdos desta disciplina estarão voltados para a prática da ilustração. Procure se aprofundar ainda mais no assunto pesquisando e produzindo
suas próprias imagens.
REFERÊNCIAS
BRANCAGLION, J. A. O Livro dos Mortos do Egito Antigo. In: RUGGERI, M. C. D. (Org.). Seminário de Pesquisa em História da Arte – Caderno
de Pesquisa II. Maria Carolina Duprat Ruggeri (Org.). Curso de Especialização em História da Arte, FAAP, São Paulo, 2009.
DALLEY, T. (Coord.). Guia completo de ilustración y diseño: técnicas y materiales. Madrid: H. Blume Ediciones, 1982.
FINIZOLA, F. et al. Tipografia vernacular urbana: uma análise dos letreiramentos populares. Editora Blucher, 2010.
LOPERA, J. A.; ANDRADE, J. M. P. História geral da arte – Pintura I. Madrid: Ediciones del Prado, 1996.
MANGUEL, A. Lendo imagens: uma história de amor e ódio. São Paulo: Editora Companhia das Letras, 2001.
MOYA, Á. de. História da História em Quadrinhos. Editora L&PM: São Paulo, 1986.
OLIVEIRA, R. de. Pelos Jardins Boboli: reflexões sobre a arte de ilustrar livros para crianças e jovens. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2008.
ZIMMERMANN, A. As ilustrações de livros infantis: o ilustrador, a criança e a cultura. Dissertação (Mestrado em Artes Visuais) – Centro de
YAMANE, Laura Ayako. Estamparia têxtil. Dissertação (Mestrado em Artes) – Curso de Poéticas Visuais, USP, São Paulo, 2008.