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O sol se punha na cidade de Rio do Sul.

O céu, em tons alaranjados, expressa, numa prece para


o fenecer de mais dia. A Serra Canoas, neste momento, assume ares de melancolia e pesar. Os
olhos rio-sulenses, confrangidos, oram o ângelus com delicada emoção. E sons soturnos,
suaves e silentes, sussurram a ave-maria. Um penumbroso véu anuncia que em breve a noite
reinará absoluta. Enquanto isso, árvores, casas e montanhas ganham aspectos de saudosos
contornos. Ao mesmo tempo que o frescor da aragem ameniza o ar, pássaros buliçosos voltam
ao ninho em chorosos chilreios. E um perfume crepuscular inebria o ar num momento em que
os sentidos se confundem e nos levam ao inefável.

Um pouco mais tarde, ao leste, no céu do Morro da Boa Vista, um novo espetáculo se anuncia
com os primeiros clarões, ainda incipientes mas prometedores de magia e beleza. Lá embaixo
tudo parece se encaminhar para uma nova fase do dia. Novos personagens vêm à cena, mesas
são colocadas às calçadas, lâmpadas, castiçais e velas são providenciados.

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