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INSTITUTO PETROPOLITANO APOGEU CULTURAL

Educação Fundamental II

Keven da Silva Reis

Distinção do pecado pela Igreja Católica na Idade Média

Petrópolis
2023

Keven da Silva Reis


Distinção do pecado pela Igreja Católica na Idade Média

Projeto de trabalho de conclusão de curso


apresentado como requisito parcial para
aprovação no 9º ano, ao Instituto Petropolitano
Apogeu Cultural.

Orientador: Nathan M. Lourenço Ferreira

Petrópolis
2023

Keven da Silva Reis


Distinção do pecado pela Igreja Católica na Idade Média

Projeto de trabalho de conclusão de curso


apresentado como requisito parcial para
aprovação no 9º ano, ao Instituto Petropolitano
Apogeu Cultural.

Aprovado em: ________________________________

Banca Examinadora:

__________________________________________________
Prof. (Nome do professor que estará na banca)
Disciplina (nome da matéria que ele leciona)

__________________________________________________
Prof. (Nome do professor que estará na banca)
Disciplina (nome da matéria que ele leciona)

__________________________________________________
Prof. (Nome do professor que estará na banca)
Disciplina (nome da matéria que ele leciona)

Petrópolis
2023

DEDICATÓRIA
Dedico este trabalho à Deus e aos
meus pais, pois foram eles que
sempre me deram todo suporte
e apoio necessário.

AGRADECIMENTOS

Primeiramente à Deus, nosso criador, foi minha inspiração para fazer este trabalho.
Aos meus padrinhos, Rogerio e Carla, pois me ajudaram e me deram um ótimo
suporte para o entendimento geral do trabalho.
Ao meu orientador, Nathan, que sempre me deu todo o suporte necessário, além de ser
um ótimo amigo e professor
Aos meus pais, Adriano e Cátia, que apesar de não entenderem, sempre me apoiaram.
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RESUMO

REIS, Keven. Distinção do pecado pela Igreja Católica na Idade Média, 2023. Projeto do
trabalho de conclusão de curso – Instituto Petropolitano Apogeu Cultural, Petrópolis, 2023.

A Igreja Católica em sua ascensão, na Idade Média, utilizava de sua influência política e
social para controlar seus fiéis, não só mentalmente, mas também suas ações, já que os
obrigavam a terem rotinas ríspidas de adoração e sacramentos, utilizando do pressuposto que
todo ser humano já nasce pecador e do medo, embutido pela própria Igreja. Ela ditava que o
pecado era uma ideia contraria aos mandamentos, são ações que não devem ser feitas, pois
seria um desobedecimento a Igreja e a Deus. Quando um pecado cometido, a Igreja dizia que
deveria ser confesso e punido.

Palavras-chave: Pecado, Igreja e Punição.

ABSTRACT

The Catholic Church, in its ascendancy, used its political and social influence to control its
faithful, not only mentally, but also in their actions, since it forced them to have harsh routines
of worship and sacraments, using the assumption that every human being is born a sinner and
the fear embedded by the Church itself. It dictated that sin was an idea that went against the
commandments, that it was an action that should not be done, because it would be a
disobedience to the Church and to God. When a sin was committed, the Church said that it
had to be confessed and punished.

Keywords: Sin, Church and Punishment.


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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO……………………………………………………………………………..8
2 PRIMEIRO CAPÍTULO…………………………………………………...………...….....8
2.1 IDADE
MÉDIA.....................................................................................................................8
2.2 IGREJA CATÓLICA............................................................................................................9
3 SEGUNDO CAPÍTULO……………………………………………………………….….11
3.1 DANTE ALIGHIERI..........................................................................................................11
3.2 A SOCIEDADE E O
MEDO...............................................................................................15
3.3 OS SETE PECADOS
CAPITAIS........................................................................................16
CONCLUSÃO……………………………………………………….…….……..................
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1. INTRODUÇÃO

Na Idade Média, a maior potência era a Igreja Católica que, com algumas
ferramentas e declarações, tinha controle das ações e pensamentos de seus fiéis que, por
medo, acreditavam e seguiam-na.
A Igreja havia a tradução da Bíblia ao seu favor, já que se pressupõe que a educação
da Idade Média era precária e eram poucas as pessoas que haviam o conhecimento do idioma
Latim. Com isso ela poderia ditar regras que não constam na bíblia, inclusive em ordenações
de concílios, já que nas Ordenações Afonsinas consta a regra contra o concubinato clerical,
ideia não escrita na Bíblia.
A ideia do pecado amedrontava os fiéis, assim facilitando o controle por parte da
Igreja, isso afetando diretamente em sua influência, já que através disso que ela ditava as
regras e os fiéis seguiam-nas. Ela também ditava que todo ser humano nasce pecador, por
conta da hereditariedade do pecado original, e que a salvação só seria possível se os fiéis se
dedicassem a Igreja com sacramentos, adorações, fé, etc. Os obrigando a terem rotinas
ríspidas mesmo não pecando.
Quando um fiel pecava, esse pecado deveria ser confesso, punido e as vezes perdoado,
assim a Igreja cobrava-nos ainda mais.
O medo dos fiéis da Igreja piora quando a obra “A Divina Comédia” é criada, pois
Dante Alighieri, autor da obra, caracteriza e explica de vez o inferno e seus respectivos
pecados, que estava na mente de todo fiel, assim oficializando esse medo. Com isso a Igreja
Católica passa a utilizar desta obra para a explicação, controle e amedrontamento de seus
fiéis.
Esses conceitos e informações serão trabalhados e discutidos ao decorrer do artigo,
aprofundando nos conceitos punição e pecado e sua relação com a Igreja Católica.

2. A SOCIEDADE MEDIEVAL E A IGREJA CATÓLICA

2.1 IDADE MÉDIA

A Idade Média, período reconhecido entre 476-1453 (inicia-se no século V e termina


no século XV), também conhecido como Idade das Trevas, título dado pelo movimento
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iluminista, que buscava retirar a religião do centro do pensamento humano e trazer a razão
como principal meio de produção científico, por isso rotularam a Idade Média com o título
pejorativo “Das Trevas”, buscando desvalorizar o período. Este argumento se invalida, pois a
arte, a agricultura e a filosofia se desenvolveram muito nesta época. Um fato negativo sobre
esta época foram as doenças e aumento populacional.
A sociedade medieval era dividida da seguinte forma, em ordem: Rei, Clero e
Nobreza, e Servos. Essa divisão era seguida rigidamente e nunca mudara. Essas divisões
sociais tem uma função exclusiva, que é, respectivamente: Rei: Chefiar seu estado com todo
poder centralizado em suas mãos e sem limites de tempo, Nobreza: Proteger a sociedade
medieval e administrar suas próprias terrar, Clero: Disseminar os ensinamentos e regras de
Deus, de acordo com a bíblia Católica, e Servos e Camponeses: Cuidar das terras de seu
senhor feudal e pagar tributos, sustentando a sociedade medieval.
Apesar do rei estar no topo desta divisão, o Clero exercia mais poder e influência na
época, onde ele teria mais terras e grande capital, principal meio de distinção de poder da
época. Com isso o Clero se aliou a política (essa influência com aliança pode ser
exemplificada com o batismo do rei Clovis, que transmitia a ideia de que ele queria uma
aprovação da Igreja Católica ao seu reinado).
O modo de produção da época era chamado de Feudalismo, que consistia nas divisões
social já ditas e contratos de vassalagem, onde o servo era leal a seu senhor feudal. Eram
pagos quatro impostos, o primeiro era chamado de Talha, o servo destinava metade de sua
produção ao senhor feudal, o segundo é chamado de Corveia, o servo ia de três a quatro dias
da semana nas dependências de seu senhor para cuidar ou produzir em vossa terra, o terceiro
era chamado de Banalidades, o servo pagava as ferramentas utilizadas (que seriam de seu
senhor) e o quarto era chamado de Mão Morta, quando o servo falecia, outro contrato deveria
ser feito com sua família para a mesma se manter no feudo.
A divisão social medieval era, não somente rigidamente seguida, mas também não
permitia a mobilidade social, ou seja, quando um servo nasce, ele é destinado a ser servo pelo
resto de sua vida, sendo sua única oportunidade de melhor suas condições, se aliar a Igreja e
trabalhar nela, sendo mesmo assim pouco eficiente, pois não alcançaria um cargo alto dentro
da hierarquia dela. Sua condição era precária, pois devia pagar tributos a seu senhor feudal
para sua estadia e serviço fornecido, ou seja, eles pagavam para morar e trabalhar nas terras
de seus senhores feudais.
Devido à falta de mobilidade, a Igreja Católica era beneficiada, sendo assim ninguém
que se opusera a ela ocuparia o cargo da mesma. Com toda essa concentração de poder,
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consequentemente, ela, utilizando seu poder sobre a sociedade medieval, exercia sua
influência e, por conta da doutrina Católica e religiosa em geral e com os favorecimentos que
a própria sociedade a fornecia, a Igreja Católica era a maior potência medieval.
2.2 IGREJA CATÓLICA

A Igreja Católica foi a mais poderosa instituição da Idade Média. Seu poder começou
aumentar quando o Império Romano se converteu ao cristianismo, e como ele era o principal
Império da época, a Igreja também ganhou muito com esse convertimento. Mesmo com esse
aumento de poder, ele só foi evidenciar-se com o pontificado de Gregório Magno, quando a
Igreja começou a se aproximar de assumir o poder temporal da Itália, que juntou com seu
poder espiritual. Apesar do Império Romano ter entrado em decadência, a Igreja permaneceu
influente e depois de um tempo conseguiu terras, assim se tornando a maior instituição
medieval.
A Igreja Católica é dividida em duas partes: O alto clero, casta que vive mais isolada
em grandes terras que eram bastante cultiváveis (monastérios e abadias) e tinham, além do
espiritual, o “poder das letras”, já que eram onde as grandes bibliotecas eram localizadas. Era
uma casta mais rica, tanto que quando os reis tinham dois filhos, o segundo filho entra para
esta casta. Ela também promovia seus dogmas nos reinos, já que tinha influência direta na
escolha do imperador do Sacro Império Romano-Germânico. Pode se dizer que o alto clero
era o bloco mais poderoso, onde a filosofia medieval se desenvolve. Já o baixo clero, era onde
se atuavam padres em capelas e igrejas, tendo um contato mais direto com os fiéis da época,
uma forma de transição da escrita e ideia do alto clero.
Para concretizar sua influência, a Igreja Católica utilizava de ferramentas para o
controle de seus fiéis. Como ela tinha o conhecimento do idioma Latim e a sociedade
medieval, majoritariamente, não tinha, suas traduções eram incontestáveis, sendo utilizadas
como ferramenta para o controle de devotos. Um exemplo dessas traduções como forma de
controle são as Ordenações Afonsinas (1446), documento precioso (conjunto de leis
portuguesas), onde diz que o concubinato clerical seria crime, mesmo não escrito na Bíblia.
Mulheres concubinas de padres eram perseguidas e desaparecidas (provavelmente mortas e
torturadas) por conta dessa lei. A Igreja ditava que a única relação do padre devia ser somente
com Deus e que homens casados eram inferiores o padre pelo devido motivo.
A Igreja Católica também utilizava a ideia da criação e origem humana como
ferramenta de controle. Ela dizia que todo ser humano é herdeiro do pecado original
(transgressão de Adão e Eva no jardim do Éden, onde comem o fruto proibido), ditando ser a
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única forma de salvação ter uma rotina ríspida de adorações e sacramentos à sua divindade e
que sua fé seja inabalável, seguindo assim todas as regras propostas pela Igreja.
O fato da Igreja utilizar destas ferramentas e ditar uma rotina pesada como única
forma de salvamento, amedrontava seus fiéis. Este medo por sua vez, fazia com que esses
fiéis a obedecesse ainda mais, já que quanto mais medo do pós-morte, mais rígida era a rotina
que o fiel se submeteria, com o pensamento de não ir ao Inferno quando morrer, de certa
forma, controlando ou conduzindo suas ações ainda em vida para não cometerem nenhum
pecado com risco de sofrerem após a sua morte.

3. SEGUNDO CAPÍTULO

3.1 DANTE ALIGHIERI

Dante Alighieri foi um escritor (considerado o maior da Idade Média) cujo teve seu
nascimento em 1265 em Florença (Itália), que atingia seu apogeu em termos culturais,
comerciais e políticos, já que era um caminho quase obrigatório do norte ao sul italiano. Ele
nasceu na família Alighieri que era da pequena nobreza de Florença, onde não se era tão
influente. Dante tinha experiência militar, já que participou de uma das inúmeras guerras que
assolavam a Itália naquele período, também foi membro do conselho de administração de
Florença, sendo eleito como prior da cidade em 1300, que mais para frente, leva-o a um exílio
da mesma, sendo morto se visto na cidade. Ele teve seu falecimento em 1321 ainda exilado.
A decadência política de Dante está ligada a defesa do partido dos Guelfos, que se
opusera ao seu partido rival, os Gibelinos. Os Guelfos tinham ideias de que, apesar de
Florença ser uma república autônoma, devia submissão ao Papa em Roma, já os Gibelinos
defendiam a submissão ao imperador do Sacro Império Romano-Germânico, que passava por
uma disputa sucessória que enfraqueceu o partido dos Guelfos. Ao longo de vários conflitos
civis, os Guelfos e os Gibelinos, alternadamente, tomaram o controle da cidade para impor
retaliações cruéis contra adversários derrotados na guerra civil. Em 1266 os Gibelinos já
haviam sido, majoritariamente, exilado e expulsos, com os Guelfos tomando a frente de
Florença. Pouco tempo depois, por conflitos internos, os Guelfos se dividiram em dois
partidos, os Guelfos Brancos, cujo Dante participava, e os Guelfos Negros. Os Guelfos
Brancos, antagonicamente, foram se aproximando cada vez mais dos ideais de seu antigos
rivais, os Gibelinos, ditando que o papa estava se metendo demais na política da cidade,
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querendo uma participação maior do povo, já os Guelfos Negros já se aproximavam do


papado e eram totalmente a favor dele, utilizando essa aproximação para a retomada de poder
da cidade garantindo a hegemonia.
As origens dessas facções foi um conflito familiar entre Donati (Guelfos Negros) e
Cerchi (Guelfos Brancos). Apesar de Dante ser ligado aos Donati, já que se pressupões que
sua esposa era Donati, ele tinha ideais políticos mais favoráveis aos Guelfos Brancos na
época. Em 1302, o Papa Bonifácio VIII envia um exército para pacificar a região dos conflitos
entre Guelfos Brancos e Guelfos Negros, acabando assim com os Guelfos Brancos, isso para
pôr os Guelfos Negros no poder com ideal de favorecer o Papa, já que foi o mesmo que
enviou o exército. Assim, Dante foi acusado de corrupção em seu período como Prior, eles o
multaram, multa que não foi paga, assim sendo convertida em pena de morte, só escapando,
pois na época estava em Roma, que foi como chefe de uma delegação diplomática contra a
invasão do Papa, não obtendo êxito.
Nesse exílio de duas décadas que Dante escreveu sua obra mais famosa, “A Divina
Comédia” (a obra mais ilustre de descrição do Inferno da época). No princípio era somente
“Comédia”, dada a parte “A Divina” por seu admirador, Giovanni Boccaccio. Falando só da
parte “Inferno”, “A Divina Comédia” retrata o lugar pós-morte que irá de acordo com seu
pecado. O Inferno escrito por Dante é formado por nove círculos, três vales, dez fossos e
quatro esferas. A organização se baseia na teoria aristotélica de que o universo era formado
por círculos homocêntricos, logo se cria essa ideia dos círculos.
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Pintura de Sandro Botticelli que retrata o Inferno que Dante descrevera em “A Divina Comédia”

O primeiro círculo é o “Limbo”, onde pessoas falecidas antes do nascimento de Jesus


e pessoas agnósticas ou que não se batizaram se encontram.
O segundo é o “Vale dos Ventos”, encontrados aqueles que entregam-se a luxúria e
também os infiéis, lá grandes furacões intermináveis e ventos altamente rápidos atormentam e
arrebatam suas almas.
O terceiro é o “Lago da Lama”, nesse círculo encontram-se os gulosos, se atolando em
uma lama suja e espessa junto de seu próprio vômito e submetidos a passar sua eternidade em
tempestades fortíssimas de granizo, gelo, neve e torrões de água suja, também nesse mesmo
círculo vive Cérbero, cão de três cabeças que tem uma fome insaciável, assim torturando as
almas dos pecadores que ali se encontram.
O quarto é a “Colina de Rocha”, gananciosos vão para esse círculo, onde se submetem
a empurrar o peso que condiz ao que tinha em vida, já que os que acumulavam muitos
empurravam contra os que gastavam tudo.
No quinto círculo, o “Rio Estige”, encontrando-se assim em suas águas os rancorosos,
mal humorados, irritados e raivosos, na entrada é localizada uma cachoeira de sangue e agua
fervente que forma um lago onde pecadores da ira brigam e se torturam em uma raiva eterna,
sendo os rancorosos (por nunca demonstrar sua raiva) localizados no fundo do rio, presos em
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um lama, vendo-se apenas bolhas na superfície. Antes de chegar ao sexto círculo, passa-se por
uma cidade chamada Dite, que separa os círculos dedicados as punições das almas não-
intencionadas das conscientes.
O sexto círculo, “Cemitério de Fogo” é para hereges e pagãos que reprimem-se a um
túmulo aberto localizando-se mais de mil hereges em cada, queimando eternamente em uma
chama tão grande quanto sua heresia.
O sétimo círculo é o “Vale do Flegetonte”, subdividido em três partes: “Vale do rio
Flegetonte”, vão almas cujo causaram violência ao próximo, como espancamentos, ficando
assim mergulhadas no sangue daquele que oprimiu, quanto maior a violência, mais será
imerso. “Vale da Floresta dos Suicidas”, para onde suicidas e os esbanjadores vão. Os
suicidas se tornam, lentamente, árvores de folhas escuras, comidas pelas Harpias
frequentemente, causando intensa e eterna dor. Já os esbanjadores, perseguidos por cadelas
famintas (representando a pobreza e o desespero). “Vale do Deserto Abominável”, vão para lá
os violentos contra Deus (blasfemos ou os que se opuseram aos dogmas religiosos). Eles
ficam em um deserto de areia quente, onde chove fogo.
O oitavo, “Malebolge”, por sua vez, se encontram fraudadores. Esse círculo também é
subdividido, só que em dez fossos, cujo é destinado a pecadores com diferentes punições
especificas: Sedutores são açoitados por demônios, aduladores são submersos em fezes e
esterco, traficantes de itens sagrados são enterrados de cabeça para baixa, tendo seus pés
queimados, adivinhos tem sua cabeça torcida para traz de modo que não consegue olhar para
frente, corruptos são submersos em piche fervente, hipócritas são vestidos com roupas
pesadas como chumbo, porém brilhantes como seu falso brilho, sentido o peso do mesmo,
ladrões tem seus corpos roubados por répteis monstruosos, os desintegrando e os
desumanizando, maus conselheiros tem seu corpo envolto por chamas, oceanos de lava e uma
tempestade de raios constante, falsários são cobertos de todo tipo de doença e semeadores da
discórdia são esfaqueados por demônios.
O nono e último círculo, “Lago Cocite” também conhecido por “Lago das
Lamentações”, porém, tem sua entrada obstruída por gigantes acorrentados em poços
congelados por se revoltarem contra Júpiter. O nono círculo é localizado no centro da terra,
criado por lágrimas dos condenados e rios de sangue que ali desaguam. Nesse círculo vão os
traidores. Ele tem quatro subdivisões, de acordo com sua traição: Caína, onde assassinos de
parentes e traidores ficam presos no gelo com o rosto para baixo, Atenora, onde traidores de
sua pátria ficam de rosto para cima, Tolomeia ou Ptolomeita, cujo traidores de hospedes ficam
presos no gelo, só que com o rosto para fora, chorando lágrimas congeladas, que acabam
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cobrindo seus olhos, e, por fim, Judeca, localizados traidores de mestres, reis e benfeitores,
ficando totalmente presos (submersos) no gelo, ainda consciente. Local onde reside Lúcifer,
no qual Dante descreve ter três cabeças que mordem, respectivamente, os três maiores
traidores da história, que seriam Brutus, Judas Iscariotes e Cassius.
Assim, percebe-se que: O primeiro círculo é para pagãos, o segundo círculo para
pecadores da luxúria, o terceiro círculo para pecadores da gula, o quarto círculo para
pecadores da ganância, o quinto círculo para pecadores da ira, o sexto círculo para hereges, o
sétimo círculo para violentos, o oitavo círculo para fraudadores e o nono círculo para
traidores.
Dante contribuiu muito com sua obra, já que ajuda os fiéis a entenderem a ideia do
pecado e do Inferno. Assim as ferramentas de controle utilizada pela Igreja Católica geravam
ainda mais temor nos fiéis.
O Inferno é o lugar onde pecadores vão após sua morte, onde são eternamente
torturados, passando assim por dor e desespero intermináveis, como descrito. E o pecado é a
denominação das transgressões que, quando cometidas, te fazem um pecador, tendo como
consequência o sofrimento eterno.

3.2 A SOCIEDADE E O MEDO

A sociedade medieval se organizava pelo meio do Feudalismo, onde havia uma


imobilidade social. Apesar disso, os servos e camponeses eram de suma importância para o
funcionamento da hierarquia, pois eles que sustentavam o comércio e as terras dos senhores
feudais. Sem eles o Feudalismo não obteria êxito. Dito isso, entende-se que os servos tinham
sua parte na hierarquia, até para a Igreja continuar exercendo sua influência, já que era por
meio deles que seus ensinamentos e ordens eram cumpridas e se difundiam.
A Igreja Católica dita o “terror” do Inferno e como os exageros humanos, podem se
tornar uma passagem para o Inferno, potencializado pela sua descrição na “A Divina
Comédia” de Dante Alighieri. De acordo com os princípios de Peter Berger, o Inferno é uma
instituição pensada de acordo com os ensinamentos mundanos, com a conexão humana com o
mundo seja materialmente ou espiritualmente (exteriorização), assim essa ideia é criada com
base nesses pensamentos e reflexões (objetivação) e, por fim, a ideia é legitimada e finalizada,
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podendo ser compreendida (interiorização). Logo, Peter Berger diz que a exteriorização é
quando essa ideia começa a ser imaginada, a objetivação é a caracterização e criação
definitiva da ideia e a interiorização é a legitimação, finalização e compartilhando essa ideia.
Apesar do medo causado, a instituição do Inferno e o pecado são ideias cruciais e
importantes para a sociedade medieval e atual, pois elas buscam condicionar a população a
ética e a moral defendida pela Igreja Católica.
A ideia do pecado é discutida desde sua criação, pois pensadores antigos e até atuais
ditam ser uma ferramenta de manipulação da fé cristã. Tomemos como exemplo a confissão,
quando a pessoa não se confessa, ela é punida de acordo com seu pecado, sendo a punição a
consequência de suas ações, servindo de referência aos demais, logo essas práticas eram
usadas como ensinamento.
Dito isso, o pecado e o Inferno eram presentes e importantes na rotina da sociedade
medieval, pois a Igreja ditava rotinas rigorosas de adoração e, com isso, conduzindo a
estrutura da sociedade medieval.

3.3 OS SETE PECADOS CAPITAIS

Após a disseminação da instituição do Inferno e do conceito do pecado, muitos


pensadores da época começaram a descreve-los e denominá-los, todos os outros pecados e
transgressões nascem destes, sendo denominados pecados capitais (capital, do Latim, caput,
traduzindo cabeça).
Tais denominações e descrições começam quando Aristóteles cria uma ordenação de
oito vícios humanos, que ocorrem quando tem como consequência o sentimento de tristeza ou
prazer, já que na época já se discutia sobre a parte negativa dos vícios humanos. Essa
“doutrina” dos vícios, porém, só foi encaixada em uma visão cristã pelo monge e escritor
Evágrio Pôntico, que ordena-os, respectivamente: Gula, Luxúria, Avareza, Ira, Tristeza,
Aborrecimento, Vanglória e Soberba. Percebe-se que a Gula e a Luxúria estão no topo da
lista, assim compreende-se que na vida monástica no deserto, dentre os outros, estes pecados
podem ser os mais tentadores para os monges.
Aurélio Clemente Prudêncio, referido frequentemente apenas como Prudêncio,
também indicou uma lista de oposições às virtudes humanas, que quando praticadas ofereciam
um tipo de “segurança” contra os pecados: Segundo o poema, a soberba (superbia) seria
superada pela humildade; a avareza (avaritia), pela generosidade; a inveja (invidia), pela
bondade; a gula (gula), pela temperança; a raiva (ira), pela paciência; a luxúria (libido) pela
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castidade; e a acídia (accidia), pela diligência (PRUDÊNCIO, 405). É perceptível que da


ordenação de Pôntico para o poema de Prudêncio ocorreu uma diminuição de oito para sete
vícios, já não se encontrando a tristeza, o aborrecimento e a vanglória, que foram substituídos
por: Inveja, Preguiça e Orgulho. Pôntico também idealiza o homem como pecador desde
sempre, ele diz que desde o nascimento do homem não se transfere só o castigo, mas também
a culpa.
Santo Agostinho já tem uma percepção que o pecado deve ser algo contínuo, algo
habitual, onde só assim você se torna um pecador, sendo o pecador alguém que ofende a Deus
e a si mesmo, já que ele se prejudica ao pecar. Deus diz que ama os pecadores, porém não
qualquer tipo de pecador, mas sim aquele que se reconhece diante de seu erro, sofre com sua
ação.
São Tomas de Aquino finaliza essa ideia, ele diz que devem utilizar-se das virtudes
contra os pecados, elas são respectivamente: Humildade, Generosidade, Bondade, Diligência,
Temperança, Paciência e Castidade. (Já ditas antes). Ele segue Aristóteles e liga suas ideias
diretamente com a Igreja. Ele defende que por meio da razão pode-se explicar a existência de
Deus e as leis naturais do mundo, como quando se pensa que a vida é importante e a do outro
também, assim refletindo sobre não matar, ou seja, por meio da razão, liga-se a uma lei
natural, que até mesmo ateus são submetidos. Também ditando que pecados são internos do
homem, todos se submetem a eles e sua salvação seria seriam as virtudes, uma forma de
reconhecer seu erro e tentar o combater.

OBS: Novo conceito – Julgamento (parecido e não perde o sentido, só melhora a


forma como escrever)

Conclusão
Importância do pecado e do Inferno – concluir
Tribunal do santo oficio
Contrarreforma
Martin Lutero- suas teses

Refazer referência em estilo ABNT


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4. CONCLUSÃO

BIBLIOGRAFIA

SILVA, E. O. A-Mulher-do-Padre-pecado-e-transgressão-na-Baixa-Idade-Média-
Portuguesa. Cader. Espaço Femini., v. 23, n. 1/2, p. 143-167, 2010

DUARTE, T. A. Inferno-uma-ideia-do-espaço-dos-pecadores-na-Divina-Comédia-de-
Dante-Alighieri. Revis. de Histó. da UFMS/CPCX v. 1, n. 1, 2014

BACIC, B. F. C. O-papel-do-catolicismo-na-formação-do-capitalismo. 2016

HÉLIO, J. G. Punição não é castigo. Insti. TCR 2010

LOPES, B. M. Os pecados em manuais de confecção da península ibérica entre o


fim do século XIV e início do XVI. Depart. De Hist. Do Insti. De Filo. E Ciên. Humanas da
Univer. Federal do Rio Gran. Do Sul 2009

COSTA, Daniel L.. A instituição do Inferno medieval. Maringá: Jornada de Estudos


Antigos e Medievais, 2011.

DRUMMOND, Albert. As constituintes da moral medieval católica: como os vícios


humanos se tornaram os sete pecados capitais. 05. ed. [S.l.]: Revista Mundo Antigo, 2014.
2238-8788 p. v. 3. (Única referência certa)

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