Você está na página 1de 14

HOMEOPATIA

Formas
farmacêuticas
homeopáticas
de uso interno
Maria Alice Maciel Tabosa

OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM

>> Explicar a incorporação homeopática em formas farmacêuticas de uso


interno.
>> Manipular medicamentos homeopáticos de uso interno.
>> Relacionar patogenia às formas farmacêuticas homeopáticas de uso interno.

Introdução
Baseando-se no princípio da cura pelo semelhante, Samuel Hahnemann desen-
volveu a homeopatia por volta dos anos 1800, embora conceitos parecidos já hou-
vessem sido reportados antes. Essa prática se tornou popular no século XIX, em
parte devido ao seu sucesso em epidemias, e, após ter diminuído durante a maior
parte do século XX, sua popularidade voltou a aumentar no final do século XX
em muitas partes do mundo, incluindo o Brasil. Apesar de alguns estudiosos
definirem a homeopatia como uma ciência controversa, por causa de seu uso
de medicamentos altamente diluídos, existe um conjunto significativo de
pesquisas clínicas, incluindo ensaios clínicos randomizados e meta-análises
de ensaios, que sugerem que a homeopatia é, sim, eficaz.
2 Formas farmacêuticas homeopáticas de uso interno

Neste capítulo, serão apresentados os principais conceitos relacionados às


formulações homeopáticas de uso interno. Você poderá compreender como
ocorrem o preparo e a incorporação de princípios homeopáticos em medica-
mentos de uso interno (sólidos e líquidos), bem como o seu uso no tratamento
de algumas patogenias.

Formulações homeopáticas para uso


interno: principais conceitos
O princípio básico da homeopatia é a lei dos semelhantes, a partir da qual
o profissional homeopata pode adotar diferentes abordagens na rotina clí-
nica. Para exemplificar, podemos citar dois tipos básicos: a homeopatia
individualizada, que corresponde à homeopatia clássica, e a homeopatia
clínica. A diferença entre esses dois tipos de abordagem está basicamente
na quantidade de medicamentos e formulações prescritos para o paciente.
Ao passo que na terapia individualizada apenas um medicamento é pres-
crito, na homeopatia clínica um ou mais medicamentos são indicados para
o tratamento (FISHER, 2012).
Apesar de a quantidade de medicamentos ser a diferença básica entre
essas duas abordagens, é importante ressaltar outra diferença existente
entre elas: na terapia individualizada, a escolha do medicamento é baseada
na totalidade dos sintomas, ou seja, baseada nos sintomas mentais, gerais
e constitucionais (sintomas inespecíficos); já na homeopatia clínica, como é
possível prescrever mais de um medicamento, normalmente o profissional
homeopata faz o diagnóstico convencional e escolhe os medicamentos. Com
relação a essa última abordagem, é importante frisar que os medicamen-
tos escolhidos podem ser combinados em uma única formulação, chamada
“formulação fixa”, ou “formulação complexa” (FISHER, 2012).
Embora tenha uma história de mais de 200 anos, a homeopatia ainda
enfrenta várias críticas da comunidade científica. Essa prática integrativa e
complementar em saúde segue gerando muita divergência, sobretudo por
causa da inexistência de um mecanismo de ação cientificamente comprovado
que explique a ação das formulações homeopáticas (FISHER, 2012).
Durante o desenvolvimento da homeopatia, Hahnemann, considerado
o seu fundador, aumentou progressivamente o nível das diluições de suas
preparações, chegando a utilizar diluições chamadas “ultramoleculares”.
Devido ao alto grau de diluição, a probabilidade de a substância inicial es-
tar presente na formulação final se torna extremante baixa. No entanto,
Formas farmacêuticas homeopáticas de uso interno 3

Hahnemann observou que, quanto mais as preparações eram diluídas, mais


forte ficava a solução e, como consequência, mais potente clinicamente ela
se tonava (FISHER, 2012).
O processo de diluição das preparações homeopáticas não acontece em
uma única etapa: tais preparações sofrem diluições e agitações (sucussão)
sucessivas, processo a que Hahnemann deu o nome de “dinamização”, ou
“potenciação”. Essas diluições podem ser denotadas de diferentes maneiras.
Entre elas, a mais utilizada é a centesimal hahnemanniana (CH), que corres-
ponde a diluições 1:100, isto é, 1 parte da substância medicinal inicial para
99 partes de solução diluente (FISHER, 2012). Além dessa, Hahnemann também
introduziu a escala cinquenta milesimal (Q, LH ou LM), que se refere à diluição
de 1 em 50.000 (BALA; SRIVASTAVA, 2019).
Também existem outras escalas, como, por exemplo, a diluição anglo-
-americana, em que a diluição é indicada pela letra “X” (p. ex., uma diluição
5 X corresponde a cinco diluições sucessivas de diluições 1:10), e a convenção
europeia, também chamada “decimal de Hering” (DH), que segue a mesma
metodologia da anglo-americana, ou seja, diluições 1:10 (FISHER, 2012).

São consideradas ultramoleculares as diluições acima de 12 CH (10 –24),


ou 23 X/DH. Para entender essa denominação, é necessário recordar-
-se do valor da constante de Avogadro, ou seja, o número de átomos por mol
de uma determinada substância, que é de aproximadamente 6,02 × 1023 mol–1.
Assim, diluições acima do número de Avogadro muito provavelmente não terão
mais nenhuma molécula da substância de início (WALACH; TEUT, 2015).

Como mencionamos anteriormente, é comum que preparações homeopáti-


cas sejam ultradiluídas e, portanto, do ponto de vista da farmacologia clássica,
incapazes de produzir uma resposta farmacológica (ESKINAZI, 1999). Entretanto,
Eskinazi (1999) compilou uma série de resultados publicados que relatam ação
farmacológica de substâncias diluídas. Nesses estudos, sucessivas diluições
foram realizadas até que a substância de início apresentasse um efeito similar
aos controles negativos. Como resultado, foi observado que a maior parte
das substâncias analisadas continuavam ativas até concentrações na ordem
de 10 –15 a 10 –18 mol L–1. Uma das substâncias analisadas (prolina) demonstrou
resposta farmacológica numa concentração na ordem de 10 –22 mol L–1.
4 Formas farmacêuticas homeopáticas de uso interno

No estudo da homeopatia, o conceito de hormese algumas vezes é en-


contrado na literatura como uma possível via explanatória para os efeitos
farmacológicos de preparações homeopáticas. Segundo Calabrese e Blain
(2009), hormese é a particularidade apresentada por algumas substâncias
de produzir altos efeitos estimulatórios quando utilizadas em baixas con-
centrações. Trata-se de um conceito bastante utilizado no estudo das to-
xinas. Mais recentemente, vem sendo empregado o conceito de hormese
pós-condicionamento, que corresponde a um efeito benéfico ao sistema após
a exposição a elevadas concentrações de um determinado agente similar.
A primeira etapa do processo de preparação de um medicamento home-
opático a partir de matéria-prima vegetal ou animal é a preparação da cha-
mada “tintura-mãe”. Então, o material de partida é submetido a uma primeira
diluição, que pode ser líquida, com etanol/água, ou sólida (uma “trituração”),
com lactose. A segunda etapa corresponde ao processo de potenciação,
isto é, a um processo de diluição em série sistemática e sucussão (agitação
vigorosa e rítmica com impacto), durante o qual a preparação homeopática
mais concentrada é potenciada com um agente de diluição (geralmente etanol,
água ou lactose) (BRASIL, 2011).

No Brasil, todos os procedimentos são realizados de acordo com


a Farmacopeia Homeopática Brasileira e com o Manual de Normas
Técnicas da Associação Brasileira de Farmacêuticos Homeopatas (ABFH), que
também é reconhecido pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).
Neste documento, há recomendações sobre as instalações da farmácia ou do
laboratório, sobre a dispensação do produto, entre outras.

As etapas de potenciação em uma linha de potência, como já expusemos,


podem ser realizadas em diferentes razões de diluição: 1:10 (DH ou X); 1:100
(C ou CH), conforme Figura 1; 1:50.000 (LM). Assim, por exemplo, 2 CH significa
“potenciado duas vezes na proporção 1:100”. Quanto maior for o número de
potência, menor será a concentração.
Uma preparação homeopática é geralmente designada pelo nome do
princípio ativo em latim, seguido por uma indicação do grau de diluição. Por
exemplo, o nome “Arnica montana 12 CH” é empregado para se referir à Arnica
montana L. dinamizada 12 vezes pelo método centesimal hahnemanniano,
ou CH.
Formas farmacêuticas homeopáticas de uso interno 5

Figura 1. Dinamização.
Fonte: Paixão (2016, documento on-line).

Nesta seção, você pôde compreender conceitos fundamentais da homeo-


patia, que, apesar de sua longa história, ainda é motivo de debates, sobretudo
relacionados com o mecanismo de ação das formulações homeopáticas.
Nesse sentido, órgãos reguladores e de fiscalização nacionais e internacionais
têm se empenhando para garantir a segurança e a eficácia das preparações
homeopáticas que chegam ao paciente, conforme apresentaremos a seguir.

Classificação e manipulação de preparações


homeopáticas de uso interno
Os medicamentos homeopáticos são preparados a partir de substâncias
derivadas do mundo mineral, vegetal e animal, seguindo procedimentos bem
definidos. Em 2011, o Ministério da Saúde publicou a terceira edição da Farma-
copeia Homeopática Brasileira, que orienta a produção de medicamentos e
regulamenta os setores farmacêuticos envolvidos na produção e no controle
de fármacos, insumos e especialidades farmacêuticas (BRASIL, 2011).
As técnicas de preparação desses medicamentos incluem a diluição
da matéria-prima em soluções hidroalcóolicas ou em outros excipientes,
bem como a potenciação do produto em diferentes graus. Em alguns casos,
a diluição é tão alta, que é quase impossível encontrar uma molécula da
matéria-prima original.
A Farmacopeia Homeopática Brasileira estabelece os critérios para que
a seleção e a preparação de medicamentos sejam totalmente adequadas
ao propósito da prescrição homeopática. Essas instruções e especificações
para cada medicamento são chamadas “monografias”. Os padrões de pureza
e força, que são declarados nessas monografias, se aplicam a substâncias
6 Formas farmacêuticas homeopáticas de uso interno

destinadas ao uso medicinal, mas não necessariamente a substâncias que


podem ser vendidas com o mesmo nome para outros fins. Todas as decla-
rações contidas nas monografias constituem padrões para as substâncias
oficiais (BRASIL, 2011).
As formas farmacêuticas para uso interno podem ser líquidas (dose única
líquida e gotas) ou sólidas (dose única sólida, comprimidos, glóbulos, pós
e tabletes). As formas de dose única líquida devem apresentar um volume
de líquido suficiente para serem administradas de uma só vez. O ponto de
partida será sempre a matriz (insumo ativo de estoque) na proporção dese-
jada, e o insumo inerte poderá ser água ou etanol na concentração de até
5% (v/v). O ponto de partida deverá ser diluído com o insumo inerte até
atingir a proporção almejada. No caso das gotas, o ponto de partida será o
insumo ativo na potência anterior à desejada, e o insumo inerte será o etanol
30% (v/v) (BRASIL, 2011).
Já para as formas farmacêuticas sólidas, os insumos inertes mais comu-
mente utilizados para diluí-las são lactose, glóbulos, tabletes e comprimidos.
Nas formas de dose única sólida, em concordância com as formas de dose
única líquida, o ponto de partida será o insumo ativo na potência desejada.
Duas gotas (ou conforme prescrição) do insumo ativo deverá ser impregnando
à forma sólida. Na preparação de comprimidos inertes, para posterior im-
pregnação, será permitida a adição de adjuvantes em quantidade que não
dificulte a sua capacidade de impregnação. Quando o insumo ativo for líquido,
deverá ser realizada a compressão (direta ou sem granulação prévia) e, então,
a impregnação. Já quando o insumo ativo for sólido, será necessário preparar
o insumo ativo por trituração, misturar essa preparação com o insumo inerte
e levá-la à compressão. Por sua vez, a técnica de preparação dos glóbulos
(constituídos de sacarose ou de mistura de sacarose e lactose) é a impregna-
ção, devendo-se utilizar etanol em concentração maior ou igual a 77% (v/v).
Na preparação dos pós, deverá ser utilizada a técnica de impregnação, se o
insumo ativo for líquido, e de mistura, se o insumo ativo for sólido. Por fim,
na preparação dos tabletes (formas farmacêuticas sólidas preparadas por
moldagem da lactose em tableteiro, sem a adição de adjuvantes), deverão
ser utilizadas as técnicas de impregnação e moldagem, se o insumo ativo for
líquido, e de moldagem, se o insumo ativo for sólido (BRASIL, 2011).
De uma forma geral, as diretrizes de boas práticas de fabricação (BPF), que
cobrem os processos de fabricação, as instalações, o pessoal, a embalagem e
a rotulagem, se aplicam a medicamentos homeopáticos, bem como a produtos
farmacêuticos convencionais. A não aplicação das BPFs pode levar a grandes
problemas de qualidade e segurança, como identificação incorreta, impureza
Formas farmacêuticas homeopáticas de uso interno 7

do material de partida, contaminação cruzada ou contaminação acidental.


No Brasil, a Resolução RDC nº 67, de 8 de outubro de 2007, da Anvisa, apre-
senta em seu anexo V o regulamento técnico que fixa os requisitos mínimos
exigidos para a manipulação, o fracionamento, a conservação, o transporte
e a dispensação de preparações homeopáticas (BRASIL, 2007).
Devido às peculiaridades das preparações homeopáticas, é necessário
que sua manipulação seja realizada por profissionais treinados especifica-
mente para exercerem essa função. Em sua rotina de trabalho, os profissio-
nais homeopatas manipulam materiais potencialmente tóxicos e materiais
in natura/frescos, que estão sujeitos a degradação e contaminação microbiana.
Além desses, é possível que os profissionais tenham de manipular produtos
de origem animal, inclusive humana. Assim como ocorre em uma preparação
convencional, as características das formulações homeopáticas podem ser
alteradas por diversos tipos de contaminação, independentemente da sua
origem e de seu caráter acidental ou intencional.
Apesar do empenho de muitas agências regulatórias em definir métodos
e técnicas de manipulação e critérios para o controle de qualidade para as
formulações homeopáticas, esses parâmetros podem variar entre as farma-
copeias. Assim, as formulações homeopáticas finais podem apresentar uma
grande variabilidade, a depender do local onde elas foram manipuladas. Tendo
isso em conta, vê-se que é de suma importância debater e incluir na rotina
de fabricação controles de qualidade que assegurem que os medicamentos
sejam seguros para o paciente.

Controle de qualidade
Como mencionamos, as formulações homeopáticas apresentam algumas parti-
cularidades, entre as quais está a sua ultradiluição. No passado, acreditava-se
que, por serem tão diluídas, essas formulações eram seguras. Entretanto,
devido ao crescente interesse por esse tipo de terapia observado nas últi-
mas décadas, a Organização Mundial de Saúde (OMS) produziu um material
informativo que versa sobre os problemas de segurança na preparação de
formulações homeopáticas.
Esse material expõe que formulações homeopáticas nem sempre são
administradas em formas ultradiluídas, sendo possível que alguns trata-
mentos homeopáticos utilizem uma forma mais concentrada, embora isso
seja menos comum. Além disso, o material chama a atenção para a origem
da matéria-prima utilizada, que, como já descrevemos, pode ser animal,
vegetal (incluindo raízes, caules, folhas, flores, cascas, pólen, líquen, musgo)
8 Formas farmacêuticas homeopáticas de uso interno

ou mineral. Os produtos de origem animal podem ser fungos, bactérias, vírus


ou, ainda, órgãos, tecidos, secreções e linhas celulares de animais. Muitos
desses produtos podem ser prejudiciais à saúde do manipulador, mesmo em
baixas concentrações (WORLD HEALTH ORGANIZATION, 2009).
É imprescindível que tais características sejam consideradas, de modo a
garantir a segurança tanto do manipulador quanto do paciente. A segurança
do paciente vai depender da qualidade da formulação, que, por sua vez,
vai depender de dois fatores, basicamente: qualidade das matérias-primas
utilizadas e qualidade dos procedimentos/processos empregados durante
a manipulação. Importa salientar que muitas vezes os procedimentos que
garantem a qualidade de uma preparação homeopática são complexos, quando
comparados aos empregados no trato com medicamentos convencionais, pois
é comum que as preparações homeopáticas sejam formadas por mais de um
produto homeopático. Dessa forma, mostra-se claro que os produtos devem
atender a padrões de alta qualidade para garantir ao paciente um uso seguro
dos medicamentos homeopáticos (WORLD HEALTH ORGANIZATION, 2009).

Formas farmacêuticas homeopáticas


de uso interno: indicações para
o tratamento de doenças
A homeopatia é comumente utilizada para manter a saúde e tratar uma
ampla gama de doenças crônicas, como alergias, dermatite atópica e artrite
reumatoide. Também há relatos do uso da homeopatia para tratamento de
ferimentos leves e tensões ou entorses musculares.
O sistema homeopático é baseado em sintomas subjetivos e objetivos de
doenças, e os medicamentos não são específicos para doenças. Os mesmos
medicamentos são usados por médicos para o tratamento de diferentes
doenças com base no complexo de sintomas e nas características psicofísicas
do paciente (CHIBENI, 2001). De uma maneira geral, o médico homeopata
pode identificar dois tipos principais de sintomas no paciente: os sintomas
objetivos, que o médico identifica ao realizar a anamnese, e os sintomas
subjetivos, que são aqueles relatados pelo paciente ao médico. Além dessas
duas classes de sintomas, o profissional pode, durante a consulta médica,
avaliar o paciente objetivamente para tomar ciência dos sinais. Portanto,
o médico homeopata pode captar três tipos de informações: sintomas ob-
jetivos, sintomas subjetivos e sinais. Teoricamente, essa é uma anamnese
que ocorre tanto em uma consulta médica convencional quanto em uma
Formas farmacêuticas homeopáticas de uso interno 9

consulta com um médico homeopata. Entretanto, o médico homeopata vai


levar em consideração todos os sintomas e sinais para entender o paciente
de uma forma holística. Outra particularidade desse tipo de consulta é que o
médico homeopata vai investigar a cronologia dos sintomas e, dessa forma,
compreender o processo evolutivo da doença em questão (DAS, 2015).
A seguir, vamos listar alguns medicamentos homeopáticos de uso interno
e as suas respectivas indicações, de acordo com Boericke ([1901]).

„„ Alfalfa: relata-se a sua influência sobre a nutrição, aumentando o


apetite e, consequentemente, o ganho de peso. Também teria influência
sobre a produção de gordura. Outro efeito relatado é o aumento da
qualidade e da quantidade de leite em lactantes.
„„ Alnus rubra: relata-se o seu uso no tratamento de afecções cutâneas
e de úlceras na boca e na garganta. Também é relatado o seu uso no
tratamento de indigestões e outras doenças causadas pela secreção
irregular do suco gástrico.
„„ Aloe socotrina: relata-se o seu uso em pacientes que tenham feito uso
crônico de um determinado medicamento, no intuito de restabelecer
o seu equilíbrio fisiológico.
„„ Alstonia scholaris: utilizada no tratamento da malária, tendo demons-
trado resultados positivos no controle da diarreia, da anemia e da
má-digestão.
„„ Alumen: utilizada para tratar sintomas intestinais, como a constipação
e a hemorragia intestinal que acomete pacientes com febre tifoide.
„„ Alumina: relata-se seu uso em pacientes que estão apresentando
dormências, desmaios e constipação.
„„ Asimina triloba: relata-se o seu uso em pacientes que apresentam dor
de garganta, febre e vômito.
„„ Badiaga: relata-se o seu uso em pacientes que apresentam dor nos
músculos e tegumentos.
„„ Balsamum peruvianum: são relatados resultados positivos em pacientes
com catarro brônquico, com expectoração purulenta abundante.
„„ Barosma crenulatum: relata-se que ela apresenta efeitos específicos
marcados no sistema gênito-urinário.
„„ Beladona: parece ter efeito na maior parte do sistema nervoso. Relata-
-se produzir excitação, espasmos, convulsões e dor. Também é relatado
que ela apresenta ação marcante no sistema vascular, na pele e nas
glândulas.
10 Formas farmacêuticas homeopáticas de uso interno

„„ Cactus grandiflorus: parece apresentar ação nas fibras musculares


circulares e, portanto, em constrições.
„„ Damiana: relata-se o seu uso na neurastenia sexual.
„„ Difterino: relata-se o seu uso em pacientes com doenças respiratórias
com presença de secreção.
„„ Eucalipto globulus: relata-se o seu uso como antisséptico.
„„ Formica rufa: relata-se o seu uso no tratamento da artrite, da dota e
do reumatismo articular.
„„ Fucus vesiculosus: relata-se o seu uso no tratamento da obesidade e
do bócio não tóxico.
„„ Galium aparine: relatam-se efeitos nos órgãos urinários, tendo efeito
diurético.
„„ Guaco: relata-se atuação no sistema nervoso e nos órgãos femininos.
„„ Guarana: por possuir cafeína em sua composição, relata-se o seu uso
no tratamento de cefaleias.

Para conhecer outros medicamentos homeopáticos e as suas res-


pectivas indicações, acesse a Materia medica, de William Boericke
([1901]). A obra está disponível na internet.

Neste capítulo, você conheceu as formas farmacêuticas homeopáticas


para uso interno e pôde compreender onde encontrar os métodos gerais e
específicos (monografias) para uma manipulação correta desses medica-
mentos. Além disso, você pôde entender que a singularidade da homeopatia
reside na identificação da doença no nível dinâmico e na importância dada
às alterações mais sutis das sensações e das funções.

Referências
BALA, R.; SRIVASTAVA, A. A review on history of LM potency: tracing its roots in the past.
International Journal of Homoeopathic Sciences, v. 3, n. 3, p. 26–31, 2019. Disponível
em: https://www.homoeopathicjournal.com/articles/91/3-2-28-903.pdf. Acesso em:
17 jun. 2021.
BOERICKE, W. Materia medica. [S. l.: s. n., 1901]. Disponível em: https://www.materia-
medica.info/en/materia-medica/william-boericke/index#A. Acesso em: 17 jun. 2021.
Formas farmacêuticas homeopáticas de uso interno 11

BRASIL. Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Farmacopeia homeopática brasileira.


3. ed. [S. l.]: Anvisa, 2011. Disponível em: https://www.gov.br/anvisa/pt-br/assuntos/far-
macopeia/farmacopeia-homeopatica/arquivos/8048json-file-1. Acesso em: 17 jun. 2021.
BRASIL. Ministério da Saúde. Resolução da Diretoria Colegiada n. 67, de 8 de outubro
de 2007. Diário Oficial da União, Brasília, DF, ano 144, n. 195, seção 1, p. 29–58, 9 out.
2007. Disponível em: https://pesquisa.in.gov.br/imprensa/jsp/visualiza/index.jsp?da
ta=09/10/2007&jornal=1&pagina=29&totalArquivos=96. Acesso em: 18 jun. 2021.
CALABRESE, E. J.; BLAIN, R. B. Hormesis and plant biology. Environmental Pollution,
v. 157, n. 17, p. 42–48, Jan. 2009. Disponível em: https://www.sciencedirect.com/science/
article/abs/pii/S0269749108004077?via%3Dihub. Acesso em: 17 jun. 2021.
CHIBENI, S. S. On the scientific status of homeopathy. British Homoeopathic Journal,
v. 90, n. 2, p. 92–98, Apr. 2001. Disponível em: https://www.unicamp.br/~chibeni/public/
chibeni-bhj-2001.pdf. Acesso em: 17 jun. 2021.
DAS, E. Classification of symptoms in homeopathy. [S. l.]: Ministry of Health and Fa-
mily Welfare, Government of India, 2015. Disponível em: https://www.nhp.gov.in/
Classification-of-Symptoms_mtl. Acesso em: 17 jun. 2021.
ESKINAZI, D. Homeopathy re-revisited: is homeopathy compatible with biomedical
observations? Archives of Internal Medicine, v. 159, n. 17, p. 1981–1986, 1999. Disponível
em: https://jamanetwork.com/journals/jamainternalmedicine/article-abstract/485127.
Acesso em: 17 jun. 2021.
FISHER, P. What is homeopathy? an introduction. Frontiers in Bioscience, elite edition,
v. 4, p. 1669–1682, 2012. Disponível em: https://www.bioscience.org/2012/v4e/af/489/
fulltext.htm. Acesso em: 17 jun. 2021.
PAIXÃO, R. Doses mínimas e dinamizadas em homeopatia. Homeopatia em Jundiaí, 2016.
Disponível em: http://homeopatiaemjundiai.blogspot.com/2016/08/doses-minimas-
-e-dinamizadas-em.html. Acesso em: 18 jun. 2021.
WALACH, H.; TEUT, M. Scientific proving of ultra high dilutions on humans. Homeopathy,
v. 104, n. 4, p. 322–327, Oct. 2015. Disponível em: https://www.sciencedirect.com/science/
article/abs/pii/S1475491615000685. Acesso em: 17 jun. 2021.
WORLD HEALTH ORGANIZATION. Safety issues in the preparation of homeopathic me-
dicines. Geneva: WHO, 2009.

Leituras recomendadas
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE FARMACÊUTICOS HOMEOPATAS. Manual de normas técnicas
para farmácia homeopática. 4. ed. São Paulo: ABFH, 2007.
BRASIL. Conselho Regional de Farmácia do Estado de São Paulo. Homeopatia. 3. ed.
São Paulo: CRF/SP, 2019. Disponível em: http://www.crfsp.org.br/images/cartilhas/
homeopatia.pdf. Acesso em: 17 jun. 2021.
CALABRESE, E. J. et al. Biological stress response terminology: integrating the concepts
of adaptive response and preconditioning stress within a hormetic dose-response
framework. Toxicology and Applied Pharmacology, v. 222, n. 1, p. 122–128, Jul. 2007.
12 Formas farmacêuticas homeopáticas de uso interno

Os links para sites da web fornecidos neste capítulo foram todos


testados, e seu funcionamento foi comprovado no momento da
publicação do material. No entanto, a rede é extremamente dinâmica; suas
páginas estão constantemente mudando de local e conteúdo. Assim, os editores
declaram não ter qualquer responsabilidade sobre qualidade, precisão ou
integralidade das informações referidas em tais links.

Você também pode gostar