Você está na página 1de 20

O MEDICAMENTO HOMEOPÁTICO

Prof. Idivaldo Micali - Farmacotécnica Homeopática


▪ A homeopatia, como modalidade terapêutica, resultou da observação e aplicação de um
princípio terapêutico abordado por Hipócrates, denominado similia similibus curantur
(semelhante cura semelhante). Entretanto, conceitualmente, a homeopatia foi resultado de
longa evolução histórica; de Hipócrates, passando por Paracelso, até Hahnemann,
historicamente a homeopatia fortaleceu-se sob o princípio da similitude.
▪ É comum encontrarmos, dentro da história da medicina as terminologias símile mágico e
símile moderno.
▪ O primeiro está ligado à visão primitiva da similitude, onde a relação do homem com a
natureza sempre facilitou relacionar os males com a magia; ainda que mantendo grande
distância das “verdades científicas modernas”, o homem antigo não tinha em que se
apegar a não ser naquilo que estava a sua volta e que sua imaginação se aproximasse.
No Papiro de Ebers (1500 a.C. encontramos dados onde doenças de ouvido ser tratada
com orelha, dor de cabeça com cabeça de peixe, cegueira com olho de porco; porém,
observa-se que maioria das farmacopéias até o final do século XIX, ainda faziam
referências a este símile mágico ou primitivo.
▪ O segundo vem acompanhado da experimentação, portanto, o símile moderno é
experimental e tem sua base de comprovação; é neste terreno que germina homeopatia
hahnemanniana, onde somente pela experimentação é possível avaliar uma similitude.
FARMACOTÉCNICA HOMEOPÁTICA
▪ A aplicação da Lei dos Semelhantes, quando atribuída a Hipócrates, vem acompanhada
de um vasto conhecimento criterioso, principalmente porque a observação tinha grande
significado, para este médico, no momento de tomar uma atitude diante do paciente.

▪ Assim, nos remotos tempos hipocráticos o uso do heléboro branco (Veratrum album –
planta até hoje empregada em homeopatia), no tratamento do heleborismo (doença de
quadro diarreico intenso e associado a vômitos), tinha como base a aplicação da
similitude.

▪ A mesma planta que era capaz de desenvolver, naquele que ingeria de forma acidental
ou exagerada, um quadro diarreico e com vômitos, também era capaz de tratar indivíduos
que apresentavam doença semelhante, conhecida como heleborismo (quadro clínico tem
muita semelhança à intoxicação por essa planta).

Veratrum album FARMACOTÉCNICA HOMEOPÁTICA


▪ A Lei dos Semelhantes (similia simulibus curantur) é a base da homeopatia. Sem a
consideração desta lei, não é possível homeopaticamente avaliar o paciente e com os
dados coletados na anamnese, concluir o medicamento homeopático a empregar.

▪ Hipócrates considerava que “se a natureza tem a capacidade de provocar no homem


algum desequilíbrio (ou doença), seria a própria natureza a única responsável por
recuperar este equilíbrio (ou curar)”.

▪ Assim, segundo a visão hipocrática e o princípio da similitude, a cura de uma doença


deve ocorrer do mesmo modo como procede a natureza, por um processo de reação
orgânica natural, para ocorrer o restabelecimento do equilíbrio do induzido por um agente
terapêutico. A expressão “vis medicatrix naturae”, que é atribuída Hipócrates, significa que
“está na natureza o caminho da cura”.

▪ Deve ficar bem claro que a homeopatia é uma terapêutica metodológica, ou seja, possui
método e critérios próprios e por vezes únicos.

▪ Assim, duas grande características marcam a homeopatia:


- É um método experimental baseado na experimentação medicamentosa.
- Faz a analogia entre a experimentação medicamentosa e os sintomas do paciente.
FARMACOTÉCNICA HOMEOPÁTICA
HOMEOPATIA :
► Homeo: igual (semelhante)

► Patia: doença

Sistema terapêutico de tratamento de seres vivos baseado na “Lei dos Semelhantes”.

▪ Similia Similibus Curantur: semelhante cura semelhante.

▪ Modelo Alopático: Contraria Contrarius Curantur

FARMACOTÉCNICA HOMEOPÁTICA
Samuel Hahnemann (1755-1843), médico alemão criador da Homeopatia

A mais alta e única missão do médico é restabelecer a saúde


nos doentes, que é o que se chama CURAR.

FARMACOTÉCNICA HOMEOPÁTICA
O ideal máximo da cura é o restabelecimento rápido, suave e
duradouro da saúde, ou remoção e aniquilamento da doença, em toda
sua extensão, da maneira mais curta, mais segura e menos nociva,
agindo por princípios facilmente compreensíveis.

FARMACOTÉCNICA HOMEOPÁTICA
Princípios básicos da Homeopatia

1. “Lei dos Semelhantes”.Similia Similibus Curentur: semelhante cura


semelhante;

2. Experiência no Homem são;

3. Doses infinitesimais;

4. Medicamento único.

FARMACOTÉCNICA HOMEOPÁTICA
▪ Para uma preparação tornar-se homeopática, em atendimento à filosofia e prática
homeopáticas, é óbvia a necessidade de reduzir a força medicamentosa da droga de
origem; para compensar esta modificação estrutural da preparação faz-se necessário
incorporar um elemento capaz de potencializar esta perda.
▪ Assim, todas as preparações ditas homeopáticas necessitam de DILUIÇÕES
sucessivas, e cada uma destas seguidas de POTENCIALIZAÇÃO.
▪ A potencialização pode ser efetuada por SUCUSSÃO ou TRITURAÇÃO,
respectivamente quando a diluição é líquida ou sólida, com a finalidade de
desenvolvimento da energia medicamentosa.
▪ A partir da aplicação sobre ou determinada droga de diluições, seguidas de
sucussões ou triturações são obtidas as DINAMIZAÇÕES.
▪ Para a preparação de uma diluição é necessário o insumo ativo e o insumo inerte;
obviamente, uma pequena quantidade de insumo ativo numa grande parte de insumo
inerte, para efetivação da diluição, seja líquida ou sólida.

Obs.: reduzir a força medicamentosa da droga de origem, significa reduzir o efeito drogal, da substância.

FARMACOTÉCNICA HOMEOPÁTICA
► Diluição: é a redução da concentração do insumo ativo (ou ponto de
partida), pela adição de insumo inerte.

► Sucussão: agitação vigorosa e ritmada contra anteparo semi-rígido, de


fármacos dissolvidos em insumo inerte adequado.

► Dinamização: é a resultante do processo de diluições seguidas de


sucussões e/ou triturações sucessivas de um fármaco, em insumo inerte
adequado, com a finalidade de desenvolvimento do poder medicamentoso.

FARMACOTÉCNICA HOMEOPÁTICA
MEDICAMENTO HOMEOPÁTICO

É toda apresentação farmacêutica destinada a ser ministrada


segundo a Lei dos Semelhantes (ou princípio da similitude), com
finalidade preventiva e terapêutica, obtida pelo método de diluições,
seguidas de sucussões e/ou triturações sucessivas.

Os medicamentos homeopáticos devem ser preparados segundo a


Farmacopéia Homeopática Brasileira ou outra autorizada pela
ANVISA.

FARMACOTÉCNICA HOMEOPÁTICA
DILUIÇÃO

+
SUCUSSÃO TRITURAÇÃO

Sucussão mecânica Sucussão manual

MEDICAMENTO HOMEOPÁTICO
ORIGEM DOS MEDICAMENTOS HOMEOPÁTICOS

1. REINO VEGETAL

2. REINO MINERAL

3. REINO ANIMAL

4. OUTROS REINOS
ORIGEM DOS MEDICAMENTOS HOMEOPÁTICOS

1. VEGETAL
● Plantas inteiras: Belladonna, Drosera rotundifolia;
● Partes de plantas: Allium cepa (bulbo), Nux vomica (sementes), China officinalis (cascas),
Ipecacuanha (raiz), Calendula officinalis (flores);
● Produtos extrativos ou de transformação: Terebenthina (óleo resina), Opium (látex);
● Produtos patológicos: Ustilago maidis (doença do milho provocada por um fungo), Secale cornutum
(esporão do centeio).
ORIGEM DOS MEDICAMENTOS HOMEOPÁTICOS

2. ANIMAL
● Animais inteiros: Apis meliffica (abelha), Formica rufa (formiga), Blatta orientalis (barata);

● Partes de animais: Carbo animalis (couro de boi carbonizado), Thyroidinum (glândula tireóide);

● Produtos extrativos ou de transformação: Lachesis trigonocephalus (veneno da cobra


surucucu), Sepia succus (secrecão da bolsa tintória do polvo);

● Produtos patológicos: Medorrhinum (pus da blenorragia), Psorinum (secreção da escabiose).


ORIGEM DOS MEDICAMENTOS HOMEOPÁTICOS

3. MINERAL
● Em estado natural: Sulphur, Graphites, Natrum muriaticum, Petroleum;

● De origem industrial: Acidum phosphoricum, Kali sulphuricum;

● Preparações especiais: Hepar sulphur (mistura de Calcarea carbonica + enxofre), Mercurius


solubilis (mercúrio + ácido nítrico + hidróxido de amônio) ).
ORIGEM DOS MEDICAMENTOS HOMEOPÁTICOS

4. OUTROS REINOS
● Fungos (Fungii): Agaricus muscarius (cogumelo);

● Bactérias (Monera): Streptococcinum (Streptococcus pyogenes), Colibacilinum (Escherichia


coli), Tuberculinum (tuberculina bruta de Kock);

● Protozoários e algas (Protissta): Giardinum (Giardia lamblia), Fucus vesiculosus (alga).


MEDICAMENTOS HOMEOPÁTICOS DE USO INTERNO

► Formas Líquidas ● Gotas


● Doses únicas

► Formas Sólidas ● Glóbulos


● Tabletes
● Comprimidos
● Pós
MEDICAMENTOS HOMEOPÁTICOS DE USO EXTERNO

● Apósitos medicinais
● Talcos medicinais
● Supositórios retais
● Supositórios vaginais (óvulos)
● Cremes
● Géis
● Géis-cremes
● Pomadas
● Preparações oftálmicas
● Preparações nasais
● Preparações otológicas
NOMENCLATURA DO MEDICAMENTO HOMEOPÁTICO
O nome dos medicamentyos homeopáticos segue a denominação científica
conforme regras internacionais de nomenclatura botânica, zoológica, biológica,
química e farmacêutica e dos nomes homeopáticos tradicionais encontrados em
literatura oficial.
Exemplo:

Belladonna 12CH
Nome do medicamento = Belladonna
Dinamização (grau de potência) = 12
Escala de diluição = C (centesimal)
Método de diluição = H (Hahnemanniano)

Belladona é um sinônimo do medicamento homeopático Atropa belladonna, que também


pode ser denominado de Atropa belladonna 12CH.

Você também pode gostar