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Revista Anticósmica

No 2
Ano 2020 e.v

Homo Homini Lupos


Attribution Noncommercial (BY-NC)
[Sob Licença Creative Commons]
Solis Nigrum Invictus
𝔈𝔵𝔭𝔢𝔡𝔦𝔢𝔫𝔱𝔢
Edição e Diagramação
Wilians Miguel

Tradução
Soror Nihil

Revisão
Xon Lilian

Colaboradores
Kaela
Ricardo Trömpga

Capa
Sinfônica Caótica, Julio Ruelas
A Anticósmica é uma revista digital gratuita criada pela No entanto, reconhecemos que não é um caminho
Via Sangris. Nosso projeto é uma resposta ao interesse para ser tomado de ânimo leve, especialmente se o
daqueles que buscam a iniciação na Via Sinistra, indivíduo não estiver preparado para as grandes
servindo de portal de acesso às Correntes Satânicas e mudanças que ocorrerão em sua perspectiva do
ao lado sombrio da espiritualidade. Somos um grupo universo e em si. A Anticósmica é uma senda para o
satânico sem restrição de métodos e livre para abismo interior, um meio de abandono dos aspectos
valorizar a experiência pessoal. Nós não nos fenomênicos ilusórios do universo para se fazer um
colocamos como o caminho a ser seguido e sim como mergulho na profunda escuridão do verdadeiro Ser.
um veículo que serve de meio para se alcançar metas. Como objetivo secundário, buscamos fortalecer as
O principal objetivo do projeto é proporcionar ao Correntes Satânicas para que a Gnose necessária ao
envolvido o conhecimento iniciático necessário para a despertar e ao avanço dos que buscam o caminho
exploração do Caminho Esquerdo. Para nós, a entrada esquerdo possa ser adquirida. A maior parte do
no golfo obscuro da mente rumo às baixas dimensões conteúdo que trazemos nessa edição é de total direito
é um marco importante e significativo para o autoral e não disponibilizam para uso comercial. O
autoconhecimento, para isso formamos um guia nas conteúdo dessa edição é de total e inteira
sombras interiores responsabilidade da Via Sangris,

Colaborações e contato com a revista podem ser enviados para


wiliansmiguel@zonamorta.org
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Você não vai gostar desta revista, a menos que goste de experimentar. Nosso
material não é um bom incentivo se você está procurando receitas de feitiçaria -uma
lista de alguns ingredientes para misturar e se divertir impressionando alguém. Essa
é, propositadamente, uma revista que dá ao leitor espaço para rabiscar pensamentos
entre suas páginas. Se trata de um Item Pessoal, seu e só seu para ler, absorver e
modificar se sentir necessidade. A feitiçaria não deveria ter regras. Ela é uma
avançada ferramenta para criarmos experiências com o oculto e a única variável é a
habilidade do praticante. Se você está comprometido com esse tipo de trabalho, sem
se preocupar com regras ou a aprovação de outros, disposto a abordar a feitiçaria
como um cientista abordaria a pesquisa, e se você tem o desejo de alcançar suas
experiências sem desculpas, então esta é um revista adequada às suas necessidades.
Feitiçaria é a descoberta do próprio poder, da própria sofisticação e habilidade, e
uma servidão do indivíduo a si mesmo. O experimento é vital para o feiticeiro. A
proposta desse trabalho é compartilhar ideias que suplementam a exploração
pessoal da feitiçaria, materiais estes praticados por aqueles de nós cujo interesse é
a experiência direta e não a busca pela convenção daquilo que socialmente chamam
de "satanismo ou caminho da mão esquerda", mas que não passa de dogmas e regras
de condutas limitadoras. Para mim, a obtenção de resultados tangíveis é o mais
importante, e com isso o caminho é construído. Se você executar o trabalho exposto
aqui com acuidade, terá feito tudo o que precisa para obter tais resultados.
Limitações do que você possa ser ou fazer estão somente em sua mente, mas aviso
que a feitiçaria é uma via sem garantias, a menos que você esteja comprometido
nesse trabalho com cem por cento de seu ser. Ao desenvolver e agir sobre a
capacidade de criar nossas próprias experiências, alcançamos a liberdade necessária
para não olhar para o impossível e desfrutar plenamente do que está disponível
através de nossas ações. Essa primeira edição da Anticósmica desafia cada um se
tornar a caricatura de si mesmo. Iremos dar suporte para a exploração dos
mecanismos da mente quando os dentes de sua engrenagem se fecham. Iremos
atrás daquele caminho individual para o qual não podemos dizer "não". Os budistas
afirmam que sua alma entra em uma nova fase a cada período de sete anos, e os
biólogos dizem que o corpo substitui completamente suas células a cada sete anos
também, mas pretendemos pegar o caminho que te dará a oportunidade de fazer as
duas coisas quando terminar de ler nossa primeira edição. A Anticósmica foi
idealizada para adultos que podem lidar com a experiência transcendente da mente,
do corpo e com novos sentimentos. Então para quem está preparado, desejamos
uma viagem do obscuro complexo espiritual para a sua própria realidade e além
cheia de aventura, experiência e novidade.
ℭ𝔬𝔫𝔱𝔢𝔲́𝔡𝔬
08 Rito de Autocriação, Via Sangris

12 Primeira Carta Aos Filhos da Noite, Via Sangris

18 Rito de Autoimolação, Via Sangris

20 Coisas Que Eu Acho Verdadeiramente Magníficas, John Putignano

24 O Tridente da Feitiçaria, Mark Smith

27 Imortalidade, Madame X

31 O Tetraedro, Via Sangris

35 Canto de Nahemoth, Via Sangris

37 O Demônio da Carne, Via Sangris

40 Segunda Carta Aos Filhos da Noite, Via Sangris

48 Entrevista Com A Artista Kaela, Wilians Miguel


55 Pacto, Via Sangris
57 Manifesto, Via Sangris
Revista Anticósmica
• Via Sangris

A ausência de esperança é a essência do caminho. É profundamente sem


esperança. Está além da desesperança. O processo é ir além e mais
fundo sem qualquer ponto de referência da espiritualidade, sem
qualquer ponto de referência de um salvador pela dor, sem qualquer
ponto de referência de bondade ou maldade — sem qualquer ponto de
referência de qualquer tipo!

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• Via Sangris

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𝔡𝔢 𝔄𝔲𝔱𝔬𝔠𝔯𝔦𝔞𝔠𝔞̃𝔬
V✠S
Na iniciação que surge o conceito do feiticeiro como um ser
superior, como um deus cuja gnose transgressora lhe é inata; enfim, um
homem dotado de dons superiores, um indivíduo cuja capacidade
criadora da própria realidade lhe fora transmitida ao nascer novamente.
Ao se iniciar o feiticeiro se torna o mediador entre o eu e a corrente
acausal, entre a fonte e a matéria, entre o sinistro e o sublime. Com efeito,
é na iniciação que se estabelece tanto a noção de ser um criador original
de seu próprio mundo interno que nega a ilusão cósmica, quanto as
convenções sociais, encarnando a força amoral, adversária e caótica contra
todo o sistema prisional que é o mundo externo. O feiticeiro que passou
pela iniciação é aquele que está nu diante dos frutos da árvore do
conhecimento da bendição e da maldição. Sua ação significa criação,
produção, confecção e, principalmente, destruição. Ele encarna a palavra
do caos AZERATE, a linguagem criativa da Luz Negra e destrutiva da Luz
Branca.
Em seu Silêncio, ele domina e torna suas ideias fecundas. Na sua
mente lampeja a criação de um novo mundo que espelha sua sabedoria, o
seu verdadeiro paraíso espiritual fora da terra, o lugar de violação dos
valores e das formas mentirosas, de resistência à interdição divina do falso
criador, o lugar de honra e poder. Na sua língua ele fala a essência.
O principal motivo da Iniciação é a violação da ordem vigente. O
seu símbolo é a rebeldia, a rebelião e a insubordinação, afinal o feiticeiro
não se curva diante de nada. O indivíduo que desperta para a luta e toma
parte na Santa Causa, torna-se uma fissura para o Acausal. Ele é mais que
um condenado que segue um papel na sociedade. O feiticeiro não se limita
a sua condição social, fisiológica e histórica, ele é plural, multiforme e

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• Via Sangris

transcendente, acentuando e cultivando o que é eterno e livre em si. A


Iniciação é a marca, o contraste misterioso, a oposição, tudo que separa
dos homens, o que torna mais profundo o ser, a distância e o isolamento
do ignorante, o desvio, a anormalidade, a consciência de ser deus.

𝔒 ℜ𝔦𝔱𝔲𝔞𝔩
A primeira exigência para iniciar a conexão com o nosso Sanctum
Gnóstico e poder trabalhar em afinidade com a corrente da seita, é
apresentar uma identidade que expresse esse desejo, portanto nesse
trabalho o feiticeiro irá criar o seu Nome e Sigilo Pessoal. Esse ritual pode
ser feito entre 1 2hrs e 0hr. Você pode realizar esse rito e enviar as
anotações relatando a experiência para o e-mail [ v.s@zonamorta.org ].
Caso haja algum problema maior que impossibilite a prática, entre em
contato conosco pelo mesmo canal explicando a situação.

𝔓𝔯𝔞́𝔱𝔦𝔠𝔞
Você precisará de caderno para desenhar o Sigilo e escrever o
Nome e giz (preto) para rabiscar o Círculo e um instrumento afiado. É
importante que a cor do giz seja preta por representar a natureza do
trabalho inicial no Círculo de Taninsam, a sua cor heráldica e a própria
marca da Feitiçaria Material. Visto que o Rito envolve a meditação e uma
viagem interior atrás dos próprios símbolos, você pode optar por fazer uso
de alguma erva de poder como dínamo alternativo para esse ritual, desde
que tenha alguma experiência com isso.

𝔒 ℭ𝔦́𝔯𝔠𝔲𝔩𝔬
O Círculo está à parte do mundo comum, é o símbolo que você vai
usar para delinear o próprio espaço da sua psicoesfera. Tudo fora do
Círculo estará separado desse espaço e de como dínamo alternativo. Tudo
fora do Círculo estará separado desse espaço e de você, permitindo-o

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controlar e direcionar especificamente sua psicoesfera para a criação do


Nome e Sigilo. Rabisque o círculo grande o suficiente para te comportar á
vontade dentro.

1 — Tire as roupas e entre no círculo com o material.

2 — Rabisque o seguinte sigilo no caderno, ele representa o Sanctum


Gnóstico e a corrente que você está buscando fazer parte:

3 — Medite profundamente no Sigilo do Sanctum, estudando o que seus


traços revelam, o que pode estar por trás de cada linha. Conforme sua
análise vai criando um elo com o sigilo e mensagens começam a ser
recebidas, tire dessas mensagens inspirações para criar seu próprio
Sigilo.

Um detalhe importante é que a figura geométrica expressa o


consciente e tem uma natureza sefirótica e de caráter cósmico,
enquanto que o traço quebrado e de forma irreconhecível tem ligação
com o subconsciente e expressa a natureza caótica.

4 — Após traçar seu Sigilo pessoal, é hora de criar o Nome. Este é um lema
que leva as influências que você deseja carregar. Medite até chegar na
conclusão perfeita do Nome que expressa seu caminho, sua vontade e
intenções.

5 — Havendo criado o Sigilo e o Nome, é hora de selar ambos na egrégora


da seita e apresentá-los aos Chefes do Sanctum Gnóstico. Para fazer isso,
com o material afiado você derramará sangue de sua mão (qualquer
uma) no Sigilo do Sanctum e algumas gotas no seu próprio sigilo (cuidado
para não comprometer o traço do Sigilo) e irá dizer:

“Eu (diga seu novo Nome) desço ao seio da Escuridão e peço licença aos
Chefes do Sanctum para integrar essa que é uma corrente caótica do Aeon
vindouro. Meu Poder é um com o Sanctum, minha Força é uma com o

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Sanctum, minha Vontade é uma com o Sanctum. Eu dedicarei o meu


trabalho a Santa Causa e servirei de canal para as forças intrusivas do
Outro Lado do Tehiru atuarem na matéria. Em nome de Satanás e pelo
meu Sangue, está feito e
selado!”

Após a prática faça a recomposição da energia do seu corpo e


mente. Pode ser uma caminhada ao ar puro, se alimentando ou meditando
na energia sexual com alguma prática da Chaos-Yoga. O seu Sigilo Pessoal
e Nome devem ser utilizados de agora em diante nos Ritos do nosso
cronograma. Recomendamos você confeccionar o Sigilo em outros
materiais cuidando para não perder os traços originais da sua essência e
significado oculto.

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𝔄𝔬𝔰 𝔉𝔦𝔩𝔥𝔬𝔰 𝔡𝔞 𝔑𝔬𝔦𝔱𝔢
V✠S
O termo Lilin (hebraico: ‫ןיליל‬, filho(s) da noite, basicamente uma
transferência judaica dos espíritos acadianos Lilitu / Lil), incorpora
significados mitológicos e lendários que definem perfeitamente a forma
que enxergamos um predador, po7r isso optaremos por usá-lo para
designar tanto os variados demônios que voam caçando na noite (íncubos,
súcubos, vampiros_ ) quanto o Iniciado cuja natureza é manipuladora da
substância energética dos humanos, bem como dominadora dos seus
recursos espirituais, físicos e psíquicos. O Lilin é um descendente da Ama
Lilith, o filho que herdou o instinto predador da deusa. Ele é
preeminentemente consciente na maneira predatória de se relacionar com
sua vítima mas também pode agir de forma selvagem, sob um reflexo
menos racional do instinto de caça. A exemplo de animais caçadores como
falcões, serpentes, aranhas ou tubarões, o Lilin vive à espreita. Ele se
envolve, mas não pertence a “classe dos gados”. A necessidade de relação
com os humanos é pela energia que ele coleta para evoluir todo o espectro
de seus poderes, mas sua consciência se mantêm acima da humanidade e
estará sempre em perscrutação do fluido vital e essência de seus escravos
de alimento no mundo..

𝔒 𝔖𝔞𝔫𝔤𝔲𝔢
O sangue é o fator oculto, a marca da via do Lilin. Ele carrega todo
o poder, é a sublimação dos elementos. Ele sussurra os segredos da
imortalidade enquanto corre pelos canais sombrios do Lilin e quente, e vivo
amarra o tempo, a vida e a morte em sua corrente. O sangue é o
transmissor da herança na carne, o elixir vital que alimenta o Devorador

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• Via Sangris

Interno, aquele que carrega os eons no seu pulsar. O sangue é a divindade


da carne e nele se encontra todas as bendições e maldições, por isso
colocamos nossa devoção e crença no sangue; sim, no sangue nós Lillin, os
Filhos da Noite, colocamos nossa devoção e crença!

𝔇𝔢𝔰𝔭𝔢𝔯𝔱𝔞𝔯 𝔡𝔬 𝔏𝔦𝔩𝔦𝔫
O rubro elixir é a manifestação física da corrente vampírica da
Ama Lilith, a água atazótica que lubrifica as artérias e vasos do Lilin com a
intoxicação energética da deusa, portanto aprenda a respeitar e amar o
sangue e utilizá-lo como um honrado e nobre descendente da devoradora
Linhagem de Fogo, pois esse é o primeiro passo para você despertar seu
poder de um Lilin, a maneira de desenvolver sua habilidade de predador
herdada da Ama Lilith. No final dessa carta será entregue o Rito do Sangue
que é a chave para o despertar do Devorador Interior e para a iniciação do
Lilin dentro do caminho vampírico.

𝔄 𝔓𝔯𝔢𝔡𝔞𝔠𝔞̃𝔬
Todo Lilin tem a capacidade de predação já em vigor em seu ser e
essa habilidade com o despertar trabalhará ininterruptamente para sua
prossecução vampírica. Basta ele, a partir de então, participar
conscientemente da exploração de energia vital que seu corpo fará
constantemente, para que consiga tanto governar quanto desenvolver a
sua habilidade de dreno de energia vital dos humanos e poderes
vampíricos herdados da Ama Lilith. Para perceber essa disposição natural
de caça comece escutando o murmúrio no seu sangue, pois essa é a voz
do Devorador Interior que fala aos seus sedentos instintos vampíricos.
permita ninguém lhe dizer que coletar energia é errado se senti essa
disposição latente em você. Seu desenvolvimento e sua própria condição
vampírica transumana depende da caça; Não permita ninguém lhe dizer
que coletar energia é errado se senti essa disposição latente em você. Seu
desenvolvimento e sua própria condição vampírica transumana depende

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• Via Sangris

da caça; seus sentidos e sua vontade carecem do que é vital para se


equilibrarem e se expandirem, bem como sua natureza vampírica
necessita disso, então após o despertar mergulhe no mar de energia sem
qualquer receio e alimente a natureza que vigora em seu sangue!

ℜ𝔦𝔱𝔬 𝔡𝔢 𝔖𝔞𝔫𝔤𝔲𝔢
O Lilin precisa estar num dia saudável com o físico, emocional e
mental equilibrados para poder iniciar esse rito. Não há necessidade de
agendamento de data ou hora, pois a energia envolvida nessa prática e o
elemento principal que é o sangue, não participam de qualquer particular
concepção cósmica de poder. O local precisa ser uma câmara fechada ou
seu equivalente. O Lilin precisará do tetraedro, tinta preta misturada com
mercúrio, 1 1 incensos de almíscar ou canela, 1 1 velas pretas, o espelho,
uma navalha, sino, pincel e papel de desenho*.

𝔓𝔯𝔦𝔪𝔢𝔦𝔯𝔬 𝔇𝔦𝔞
Se recolha na sua câmara, acenda 1 vela preta, 1 incenso e medite
nu de frente para o espelho (pode fazer uma ambientação com música se
desejar); passe o tempo que for preciso ouvindo o Devorador Interior
murmurar sua vontade no seu sangue, com isso o desejo por substância
energética crescerá ao ponto de uma lancinação bestial possuir você. Deixe
esse estado se ampliar até não mais sentir o corpo, mas somente o instinto
predador. Quando atingir o ápice desse nível, pegue a navalha e faça um
pequeno corte na ponta da língua e misture o sangue na tinta preta; logo
em seguida faça um pequeno corte na região genital e igualmente misture
o sangue na tinta. Essas duas regiões, a língua e o genital, além de todo o
poder que possuem, carregam o sangue com o eflúvio sutil acausal (na
língua) e denso causal (na região genital), dando ao mesmo mais poder do
que geralmente tem o arterial e o venoso. Feito isso, misture a tintura e
apresente no altar e consagre em nome da Ama Lilith voltado ao espelho.
A seguir use a tinta para desenhar o sigilo da deusa no papel.

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Não tenha pressa, faça isso da forma mais perfeita e harmoniosa


possível. Quando terminar apresente o sigilo no altar e o consagre diante
do espelho. Use suas palavras, as carregue com o poder da devoção. Após
isso o primeiro dia de ritual está encerrado.

𝔖𝔢𝔤𝔲𝔫𝔡𝔬 𝔞𝔬 𝔇𝔢́𝔠𝔦𝔪𝔬 𝔇𝔦𝔞


Toda noite você se recolherá na câmara que deve estar com um
ambiente propício para meditação, bem como o rito de sangue e orgasmo.
Acenda a vela preta, um incenso e ofereça à Ama Lilith para comungar com
a sua essência vampírica, o Não-Morto. Se una a essa essência em devoção
e raptura; deixe que ela te mostre o apetite e desejo que estão ocultos
dentro de você.
Se posicione nu na frente do espelho para comungar com a sua
essência vampírica, o Não-Morto. Se una a essa essência em devoção e
raptura; deixe que ela te mostre o apetite e desejo que estão ocultos dentro
de você. Sinta com que fome veemente essa besta noturna deseja correr o
universo caçando os humanos e se regozija com o êxtase da saciação ao
imaginá-la se alimentando da energia sutil, libidinosa e mágica deles.
Nesse momento inicie a erotização da cena e uma atividade sexual
que te leve ao orgasmo, mas sem ejaculação. É importante que faça todo
esse processo na frente do espelho e mentalizando a si mesmo como a
diabólica e violenta fera vampírica que habita em ti.
Leve esse prazer ao extremo e imediatamente depois de atingir o
orgasmo, corte onde achar mais adequado em seu corpo e derrame o
sangue no tetraedro que, a partir de então, será a representação física do
Não-Morto que você usará constantemente para se alimentar.
O orgasmo faz com que o sangue ganhe um aumento hormonal e
seja carregado de desejo e luxúria, tornando-o um canal poderoso para
abrir os portões do reino das sombras da Ama Lilith onde se encontra a
besta noturna, seu eu predador, o que será feito no último dia do ritual.
Essa prática, como supracitado, deve ser repetida até o décimo dia.

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Nesse ponto a besta vampírica está quase dominante em você, mas
é preciso um esforço maior para manter o controle para a execução dessa
última parte do ritual. Se recolha na sua câmara; acenda a vela, o incenso
e nu na frente do espelho, medite no despertar desse instinto predador
que está pulsando em você e quando se sentir conectado com ele, toque
11 vezes o sino. Sinta os portões do reino sangrento de Gamaliel, o lar da
Ama Lilith, se abrindo para a passagem dos Lilin. Perceba como que
gradualmente sua câmara é tomada por uma nuvem de morte e pesadelo,
bem como as mais estranhas energias vampíricas e sexuais. Sinta o clima
do ambiente gelar conforme a concentração dos demônios da chama negra
aumenta. Não tenha medo, eles são seus irmãos e estão vindo despertar o
que há de imortal e eterno em ti, irão acordar o Não-Morto. Quando sentir
que o clima da câmara está tomado pela energia dos Lilin, pegue o sigilo da
Ama Lilith e recite convictamente o Credo do Sangue:

O sangue é a divindade manifesta! Através dele sou o amante da vida, da


morte e sou a essência da carne.

Ele revelou a minha vontade; ele me fez um deus negro, aquele que é
adorado com amor infernal pelos vampiros e súcubos.

No meu sangue se concentra o êxtase e ruptura das eras.

Dentro da carne, o rubro diamante líquido é mais quente e brilhante que


a luz; fora da carne é mais frio e negro que a escuridão.

A minha via é o sangue; venero seu poder através de cada gota e através
de cada mancha.
Nas minhas veias trago a linhagem do Não-Morto, a glória dos caçadores
noturnos, o poder dos grandes senhores do sangue e da carne.

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Pelo sangue desperto como um Lilin e sou o herdeiro dos poderes


vampíricos da Ama Lilith!

Ao terminar corte sua carne e derrame o sangue sobre o sigilo da


Ama Lilith e peça com suas palavras carregadas de devoção que a deusa se
faça presente no ritual.
Sinta a aproximação da Rainha da Noite, sua poderosa onda de
luxúria e dominação. Ela pode se apresentar com muitas faces ou
nenhuma, pois é a Deusa sem Rosto. Se você tiver a visão espiritual aberta,
poderá ver ela na sua forma vampírica como uma aranha, o que é muito
comum, ou em outra forma. Em todos os casos a energia dela será
potencialmente sentida. Nesse momento demonstre devoção a ela e com
suas palavras, peça que seu instinto vampírico seja desperto para que você
possa realmente ser um Lilin, um predador noturno.
Não é preciso repetir esse pedido, apenas feche os olhos e sinta a
deusa com os demônios da noite trabalhando para que o Não-Morto
desperte em você. Sensações diversas serão experimentadas junto com
uma carga enorme de desejo sexual. Pode ocorrer visões ou mesmo uma
sensação de projeção astral involuntária, mas o controle deve ser mantido
até sentir que o despertar foi realizado. Quando isso ocorrer, abre os olhos
e volte aos poucos do processo. Quando sentir que é a hora, encerre o ritual
agradecendo a deusa pela presença; agradeça aos demônios vampíricos e
peça para que retornem. Toque 3 vezes o sino e o ritual está encerrado.

ℭ𝔬𝔫𝔰𝔦𝔡𝔢𝔯𝔞𝔠𝔬̃𝔢𝔰
Esse ritual é transformador, porém a partir dele que o processo de
evolução transumano começa. O Lilin daqui adiante deve se empenhar em
desenvolver seus poderes e ascender acima da esfera humana em que
esteve para poder se tornar um verdadeiro caçador. O sigilo deve ser usado
em outros rituais vampíricos, pois é o portal do reino da Ama Lilith que o
sangue ativará. Quanto ao tetraedro, ele é o canal pelo qual o Lilin

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• Via Sangris

alimentará o corpo vampírico ou de sombras, por assim dizer, que ele criou
nesse ritual.

*Como o sigilo será ativado outras vezes no altar, pode ser utilizado uma
tela de pintura, couro, pele ou outro material ao invés do papel.

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V✠S
A autoimolação é um conjunto de privações e censuras punitivas que
servem para eliminar o fluxo do Eu que alimenta o Ego. É sugerido que a
prática seja executada ao menos 2 vezes por semana por no mínimo 2
meses.

Primeiro Mês

1 a e 2a Semana: Aniquilamento

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Em pequenos locais, muitas vezes acompanhado de privação sensorial e


meditação na morte. Buraco escuro / poço, gaiola, caixão ou sepultura. O
local pode ser preenchido com ossos ou corpo de animal.

3a Semana: Privação física

Interrupção crônica do sono, inanição, exposição excessiva ao calor ou ao


frio. Isso diminui temporariamente o fluxo do Eu e aumenta a
suscetibilidade à influência caótica das entidades e a percepção da
mensagem do verdadeiro Self. Sugerido ser realizado antes de práticas
rituais também.

4a Semana: Tortura psicológica

Rotineiramente converse com o seu contato (algum membro do culto ou


alguém de confiança que você escolheu para essa prática) e fale sobre
dores, culpas e sabotagens de forma velada, alegórica ou disfarçada. Isso
ajudará a entender a natureza ilusória do Eu.

Segundo Mês

1 a e 2a Semana: Autoflagelação

Pode incluir o órgão sexual como alvo de castigo. Uma outra opção é a
mutilação/marcação do corpo toda vez que quebrar um teste (teste de
não pronunciar uma determinada palavra, não realizar um certo gesto e
etc).

3a Semana: Torturas rituais

Tem um propósito sugestivo do emparelhamento associativo como “meu


Self é Acausal, as águas do Azoth fluem em meu ser” mais o gatilho como
“o medo é imaginativo, a dor é uma ilusão”. As pistas de gatilho são
implantadas no subconsciente para bloquear o fluxo do Eu.

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4a Semana: Repita a Aniquilação

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Conto de John Putignano, 2017, Traduzido por Wilians Miguel

V✠S
A luz do sol irradia através da claraboia enquanto fecho os olhos,
me aquecendo no brilho. Eu imagino ser um em proximidade com Deus. Os
cristãos, os muçulmanos e os judeus têm todo um conceito de Deus errado.
Ele está além do alcance de qualquer mortal normal. Entre seus amplos
seios eu moro, um servo dedicado. Durante este estado de euforia sem fim,
eu detecto o coro abafado de querubins; eles cantam os hinos de minhas
realizações.
Os raios do sol adentram minha substância pura e, neste
momento, sou chamado de mestre zen. Nada estragará este instante de

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Revista Anticósmica
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perfeição. Todos os meus chakras estão em alinhamento preciso, tudo é


unificado e eu sou o ponto focal do meu cosmos. A serpente kundalini
ascendeu. O pequeno e imundo vagabundo grita_ talvez eu deva costurar
seu pau.
Sendo um devoto de sua grande divindade sexual, fui forçado a
aceitar minha verdadeira natureza. Isso me deu o dom da gnosis. Não há
utopias aqui, pois eu nada sou além de um tanto perdido dentro das
gigantes criações da vagina pulsante de Deus. Separado em pedaços, eu
sou o construtor masculino erguido no auge deste domínio decrépito das
trevas. Junto à minha mesa está uma prostituta; uma mistura de tecidos
delicados e maravilhosos órgãos para vislumbrar. Esta patética lesma de
merda horas atrás atirava a buceta para obter pedras de crack. Esta cadela
nua e amarrada está seguramente presa com um conjunto caro de bondage
de couro que eu tinha comprado online anteriormente. Acho fascinante os
objetos que podem ser obtidos na internet. Lá vai ela, soluçando e
implorando como a lesma de merda que ela é. Essa velha rotina é cansativa
e eu apenas reviro os olhos com enfado. “Por favor, senhor, deixe-me partir
e prometo não ir à polícia.” Será que ela honestamente acredita que, de
repente, vou ganhar uma compaixão esmagadora como uma bússola
moral? Chame-me misógino e tudo o mais que você quer, mas as mulheres
hoje em dia são desprovidas de qualquer sentimento de orgulho ou
dignidade.
A destruição total desta boceta está acontecendo,
independentemente de quantas vezes ela tenta me persuadir, no entanto,
esta pequena lesma de esgoto continua a expor sua história triste sobre
seus dois maravilhosos filhos em casa. Notícia instantânea para você
querida, seus filhos estão em melhor situação em um orfanato. Eu sei que
isso é um julgamento e eu estou fazendo isso. Servos divinos recebem esse
luxo. Eu passo minha mão pelo lado direito do seu rosto enquanto minha
pele absorve as lágrimas. Seu tormento, sua agonia entra em minha carne
e viaja pelo meu sangue como heroína. Meus membros ficam bambos

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• Via Sangris

quando eu fecho meus olhos. Meu pico não requer canos ou agulhas,
apenas aquela aura que envolve minha vítima.
Estou em harmonia e estou no comando. A ordem deve ser
reparada pela soberania do ser exaltado. Minha missão é resolver todos os
dilemas da vida através da erradicação do sexo subalterno, a linhagem de
prostitutas que contribuíram para o nosso despejo do Éden e da
misericórdia de Deus. Com a mão oposta, eu bato um martelo. Talvez
chamá-lo de martelo seja um pouco extremo, é melhor descrevê-lo como
um martelo de borracha, mas seu impacto na mandíbula dela é
fundamental. A agitação mental se transforma em entulho ósseo quando
o processo coronoide da mandíbula quebra o arco zigomático do lado
esquerdo. Três incisivos, um canino e uma lágrima bicúspide de suas
gengivas quando ela engasga com os fragmentos de dentes fazendo com
que vomite um lodo verde e oleoso que cheira a merda. Eu estou ficando
furioso porque eu odeio grunhidos imundos. Através do que sobrou de sua
mandíbula quebrada ela murmura algo. Depois de uma escuta cuidadosa,
concluo que ela está perguntando o motivo dessa tortura. Anos atrás, isso
realmente deixaria meu pau duro. Eu ainda gosto da sinceridade desta
pergunta, é uma tentativa honesta de buscar uma explicação, mas eu
amadureci consideravelmente. Não me entenda mal, eu posso apreciar a
dramaticidade teatral do jogo de foda mental, mas hoje em dia eu tento
me livrar de minhas mãos sujas. Eu ando em direção ao meu toca-discos.
Minha admiração pelo vinil é intensa. Essa era moderna da música digital
é horrível. A perda é extrema quando o analógico é convertido em digital.
Quando coloco a agulha no disco, minha kundalini é despertada pelo
elegante trabalho ‘Orpheus In The Underworld’, composto por ninguém
menos que Offenbach. Os instrumentos de cordas, o latão e os gritos da
minha presa evocam um êxtase intenso.
Minha preciosa vítima se mija toda. Meu cérebro está saturado de
visões de gladiadores batalhando em uma arena empoeirada e dos
cadáveres de soldados assados nas trincheiras da Primeira Guerra
Mundial. Graciosamente, eu me abaixei e agarrei a putinha por seu maxilar

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Revista Anticósmica
• Via Sangris

inferior, meu polegar enfiado dentro de sua boca e meus outros dedos
pressionando com força contra a protuberância da cabeça. Estou surpreso
com o pouco esforço que é necessário para terminá-la
Sua língua bate e seus olhos giram enquanto sua garganta emite
esta grotesca obra de gritos distorcidos. Meu instinto alfa prevalece à
medida que a raiva primordial se instala. Ela se desenvolve no meu pau e a
partir daí meu domínio masculino assume. Estou ficando tão rude quanto
a testosterona aumenta minha brutalidade artística. Com minhas próprias
luvas, eu a espanquei até que seu rosto se parecesse com carne crua de
hambúrguer.

―Você boceta arrombada, seu maldito caixote de lixo! Todo ano, milhares
de prostitutas são mortas por clientes, todo ano! Você é a razão pela qual
esse fenômeno existe!

Seu supra-orbital direito se rompe junto com o osso etmoide,


fazendo com que o olho dela flutue dentro do alvéolo. Eu mergulho meu
dedo indicador na gelatina da retina, explodindo pela coroide, enquanto
procuro pelo nervo óptico. Uma vez que engulo meu dedo em torno dele,
arrasto esse filho da puta para fora. Cagando em si mesma, ela convulsiona.
Ela parece tão estúpida com a língua batendo descontroladamente. Essa
mulher é minha crackzinha de cabelo loiro. Não se engane, ela é minha
propriedade. É tão fascinante ver minha cadela morrer. Isso é o que eu
chamo de arte real. A internet é onde eu conheci esta prostituta e eu amo
a internet. Estou fazendo o trabalho de Deus, mas também estou pagando
minha hipoteca. Essa é a razão para a câmera no canto, que é anexada a
um feed ao vivo, uma sala vermelha na teia escura. No Japão, um
cavalheiro vestindo um terno de grife está com seu pau ereto enquanto me
paga milhares de dólares para testemunhar o término dessa porra. É assim
que eu sirvo a Deus e é assim que eu alimento meus filhos. Com a morte
dela minha conta bancária aumenta em seis dígitos. Desligando a câmera
eu pego meu telefone.

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Revista Anticósmica
• Via Sangris

“Ei bebê, eu chegarei um pouco tarde em casa hoje à noite. Diga às crianças
que eu as amo. Ah, diga ao Joey que vou levá-lo para o treino de futebol.
Ok bebê, até mais tarde. Eu te amo.”

_____________________
NT: John Putignano é escritor com uma dezena de romances publicados, inventou um estilo de conto chamado
de ‘Terror Extremo’ e também escreve na linha da Corrente 218/2 sob o pseudônimo Asha’Shedim. Ele
publicou os livros Mark of Qayin e Left Hand Path Sorceries e atualmente trabalha em outras obras.

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𝔒
𝔗𝔯𝔦𝔡𝔢𝔫𝔱𝔢
𝔡𝔞 𝔉𝔢𝔦𝔱𝔦𝔠𝔞𝔯𝔦𝔞
V✠S

Primeira entre os Deuses, a Rainha Hécate é a superior e,


consequentemente, a ponta dominante do poder do Tridente da Feitiçaria.
A Deusa Negra é a fonte de toda a magia nesta arte; o ser que deu origem
às lendas da grande escuridão se separando para criar luz quando ela fez
de Lúcifer seu irmão, filho e consorte na feitiçaria. O trono de Hécate está
situado na escuridão além de Thaumiel, além da própria árvore universal.
Intrépidas almas viajando para além do grande abismo e trilhando
a corrente mágica dos kalas da Deusa acessada através dos ritos de magia

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Revista Anticósmica
• Via Sangris

sexual, ao longo do tempo vislumbraram o trono de Hécate. Uma estrutura,


lugar e energia que são projetados pela alma, são assimilados nos olhos da
mente como um assento de pedra sobre uma pirâmide gigante de degraus.
O trono da Deusa pode ser visto através da lua de Thaumiel que pode ser
acessado além do trono de Lúcifer onde estão os Deuses Antigos de Khem
recebendo o poder dela enquanto tudo flui através desta passagem para as
esferas abaixo. Esta lua é um portal através do qual pode ser visto o
verdadeiro reino da Rainha do Inferno, na escuridão permeada apenas pelo
verde do fogo, girando para fora no infinito vazio além. A deusa da feitiçaria
mantém seu papel como primeira iniciadora. Seu poder é enviado para a
baixa vibração que é compatível com a nossa esfera, enquanto ela
atravessa o portal da lua para guiar aqueles que seguem seu caminho, com
a luz de sua gnose iluminando os corredores escuros que conduzem através
de Lilith e Gamaliel.
Através destes primeiros encontros com Hécate, Ela evolui o ser,
na iniciação e transmutação, alterando nossos corpos e mentes sutis,
preparando-nos para o próximo contato com outros membros do Seu
reino, os outros Deuses das Bruxas. São as energias de muitos desses outros
professores e guias que, em estreita proximidade com a nossa forma
humana, os corpos sutis despreparados podem despertar perturbações ou
mesmo danos. Isso ocorre quando não há as mudanças transitórias em nós
efetuadas pela Deusa, elevando nossas próprias energias espirituais,
permitindo-nos interagir com esses seres. Hécate expande nossas mentes
e estruturas espirituais em transmutação através dos rituais de magia
sexual. Sua corrente envolvendo nossas almas enquanto os kalas que fluem
através do universo inteiro inflamam os centros de energia que se juntam
a nós mesmos, iniciando constantes mudanças e avanços espirituais,
causando a evolução da alma que permite o aumento do poder magicko
conforme os segredos da noite nos são dados pela rainha do inferno e por
seus filhos.
Como nossa Deusa Bruxa, Hécate é o complexo multifacetado em
que podemos chamar para banir uma sombra, reforçar a manifestação

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Revista Anticósmica
• Via Sangris

necessária de um resultado particular desejado, ou requerer o ato


transicional de ascensão da alma, tentando assim ir além da Árvore. em si.
A diversidade da Rainha da Energia Escura não é melhor ilustrada do que
quando Ela vem a nós em seu papel de Deusa Estelar, que derrama águas
calmas sobre as trevas solares de Lúcifer que queimam as antigas
estruturas indesejadas de Deus, o self, nos preparamos para a evolução
transdimensional através do lago escuro do Abismo.

Traduzido por Soror Nihil de Queen Of Hell, de Mark Smith

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𝔐𝔞𝔡𝔞𝔪𝔢 𝔛
𝔗𝔯𝔞𝔡. 𝔓𝔱 𝔖𝔬𝔯𝔬𝔯 𝔑𝔦𝔥𝔦𝔩
V✠S

Antes de ler este artigo, você deve suspender todas as suas noções
preconcebidas da realidade, morte e renascimento. Isto não é um novo
conhecimento, é conhecimento antigo. Isso não é absolutamente
verdadeiro nem absolutamente falso. É um conhecimento antigo há muito
escondido, pois é inútil para a maioria. A premissa é simples. Nosso mundo
tem duas realidades, a física e o sonho. “O substancial aqui e agora” versus

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• Via Sangris

o que chamamos de “Magia” ou “o Sonho”, ou o que podemos equacionar


com a mente rígida em vigília versus a percepção do sonho mágico. Quer
desejemos ou não compreendê-las, elas foram impostas a nós,
independentemente de nosso caminho ou natureza. Uma pode existir sem
a outra, mas Nosso Mundo só é possível com as duas realidades interagindo
em conjunto. Maya não é totalmente um sonho, nem é totalmente físico,
mas simultaneamente é as duas coisas. Maya é o véu que obscurece a
verdade enquanto projeta aquilo que é diferente da verdade, para
substanciar nossa realidade. A verdade ultimal está além da realidade
funcional física. A realidade é apenas um sonho e os sonhos são a única
realidade. Para tocar Maya, devemos ver a intenção original por trás da
manifestação física; é esse mesmo estado mental que ajuda no trabalho
mágico. É através desta premissa que podemos alcançar os Antigos e nos
conectar com o Divino e também o Sagrado dentro ou fora de nós mesmos.
Pode parecer um enigma a ser decifrado o que emergiu primeiro,
a realidade física substancial ou a realidade astral dos sonhos, pois ambas
estão inexoravelmente entrelaçadas, uma derivando da outra; só podemos
concluir que o Astral anuncia o Físico, pois os Sonhos dão origem à criação,
antes que a própria criação possa conceber Sonhos. Para exemplificar,
nosso corpo físico é uma casca para nossa essência astral, ou auto-sonho,
enquanto o nosso eu-sonho que é o sopro da vida em nosso corpo físico.
Nosso corpo físico morre, mas nós não estamos verdadeiramente mortos
até que o nosso eu-sonho se dissipe no éter para ser reconstituído como
fragmento entre os fragmentos. Nós somos sonhadores, sonhando com a
vida eterna. É nosso dever de vida alcançar nosso sonho final. Enquanto o
nosso corpo físico não pode viver eternamente, o nosso eu onírico pode. É
vital que compreendamos, exploremos e possamos dar asas ao nosso eu
onírico, pois devemos desenvolvê-lo e fortalecê-lo. Nosso Eu-Sonho é
aprimorado pelo trabalho ritual, aplicado ao nosso Dragão, canalizando
nossos dons e intencionalmente experimentando o astral de qualquer
maneira. Recordar os nossos sonhos, caminhar com lucidez através deles e
ousar viajar para regiões desconhecidas faz parte da nossa experiência de

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• Via Sangris

sonhar. Sabemos que a realidade está de acordo com a nossa vontade,


permitindo-nos exercer poder além do nosso eu físico e, muitas vezes,
incorporando algo diferente de nós mesmos; mas mesmo nos confins dos
sonhos, devemos nos apegar ao “Despertar”, pois os sonhos são a única
realidade. É o nosso caminho dominar o sonho e trazê-lo para Maya. Da
mesma forma, é importante valorizar e honrar o corpo físico mantendo-o
saudável e forte, pois não é apenas uma casca, mas um receptor e canal de
nosso precioso sonho de si; nosso bem-estar físico é um reflexo do nosso
crepúsculo. Uma dieta saudável, exercícios regulares e bons hábitos de
sobrevivência são essenciais. Igualmente importante é compreender e
experimentar a interconexão do nosso eu físico com o nosso eu onírico.
Colheita e comunhão são comportamentos necessários que, como comer,
fazem parte de nossa natureza e caminho sagrado de vida do vampiro ou
predador;
A alimentação de energia vital promove a saúde, prolonga nossa
vida útil, aumenta a comunhão com aqueles a quem chamamos Os Antigos
e nos ajuda a evitar a morte definitiva. Enquanto a indulgência pode ser
prepotente, nós do Sonho seguimos um caminho de temperança, sabendo
que apenas a colheita sustentada nos libertará. A continuação intacta de
nosso eu onírico garante não apenas nosso crescimento em sabedoria e
talento, mas também podemos nos unir àqueles que vieram antes de quem
agora assiste e orienta, ou que podemos nos juntar àqueles que ainda estão
por vi para moldar o futuro. Nosso eu-sonho mantém a essência de quem
somos espiritual, emocional e carmicamente. É a continuidade de nosso eu
onírico intacto que nos concederá a vida eterna. O plano astral é a sede do
Sonho. Existe uma corrente etérea que liga o corpo físico ao eu astral
onírico. A morte física dissolve essa corda e o eu-sonho se dissipa ou
retorna ao astral para se fundir com outro desencarnado. Com a formação
de cada nova vida, uma nova corrente também é formada. Fragmentos de
uma miríade de eus desencarnados recombinam-se para formar um
estrutura e ligar-se à corrente para mais uma vez experimentar o físico em
uma nova vida. Através de sua vontade, é possível que a mesma

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• Via Sangris

combinação circule mais de uma vez e que o eu-sonho evite


completamente a fragmentação.
Independentemente do paradigma que possamos reivindicar para
você. O Fim é sempre desconhecido, uma vez que a lembrança de vidas
passadas é ofuscada pelo trauma da morte e do nascimento, permitindo
apenas que as lascas desalojadas das memórias passem. A eminente
possibilidade do vazio, reencarnação, apego ao físico ou a vida após a
morte, são todos validados por esta mesma afirmação: não faça nada e
certamente o seu eu onírico será reunido na corrente de fragmentos, mas
siga com a preservação do Eu Sonho evitando a morte final e você deve
exercer o sonho supremo – A Vida Eterna. Mas , novamente, este é um
conhecimento antigo há muito escondido e inútil para a maioria. se sente
e como trabalha com seus pensamentos quando está em processo de
criação?

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Revista Anticósmica
• Via Sangris

Não há espaço para transformar o caminho num ninho. É apenas energia


sinistra fluindo, como verdadeira dinamite. Se você a distorce, você é
destruído neste exato momento. Se você é capaz de vê-la, você está bem
ali com ela. É implacável.

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Revista Anticósmica
• Via Sangris

𝔒 𝔘𝔰𝔬
𝔙𝔞𝔪𝔭𝔦́𝔯𝔦𝔠𝔬
𝔡𝔬 𝔗𝔢𝔱𝔯𝔞𝔢𝔡𝔯𝔬
V✠S

O tetraedro é simplesmente uma pirâmide triangular, uma forma


composta por quatro cantos iguais, quatro faces triangulares equilaterais e
seis arestas. É o menor volume geométrico possível e constitui uma forma
com consumo mínimo de energia, graças ao fato de cada um dos seus
pontos de canto está igualmente distante de cada um dos outros, evitando
a tensão no tetraedro e criando uma condição de repouso em equilíbrio.
Isso lhe proporciona uma estabilidade estrutural perfeita, ótima para
reservar energia. Esta também é a única geometria fractal tridimensional
com equilíbrio vetor em intervalos harmônicos, o que pode ser descrito
como a geometria perfeita do cosmos. Seu elemento principal é o Fogo
criador e destruidor. Os três triângulos a vista representam o Fogo Solar,
Fogo Vulcânico e Fogo Astral, enquanto o quarto triângulo oculto da base
representa o fogo do calor latente. Esse fogo representa a vida, a
transmutação, a própria energia primária da criação.
A matéria em nosso mundo tridimensional é construída na forma
cúbica, mas escondida em si mesma, contém a forma do tetraedro como
base de equilíbrio energético, simbolizando que nada poderia existir e ser
transmutado sem esse fogo interior. Esse fogo é a energia dinâmica do

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Revista Anticósmica
• Via Sangris

mundo, por isso o tetraedro dentro do cubo é conhecido como Triângulo


de Saturno.
O número do tetraedro é 26 (4 cantos + 4 faces + 6 arestas + 1 2
ângulos = 26), um valor gemátrico que representa o universo ou casca
externa na sua expansão dimensional. Encontramos esse valor no nome
hebraico Iud-Hei-Vav-Hei, 1 0 + 5 + 6 + 5, o deus diretor da ordem cósmica.
O número 26 também corresponde ao Sol, e sua metade 1 3 está ligada a
Lua, o que indica a germinação e o progresso da vida na Terra, portanto um
número de controle da energia.
Por outro lado, o número 26 aparece em maior grau de ampliação
temporal com relação a “estrela morta”, chamada Nêmesis (Teoria de A.
Mullher com Marc Davis e Piet Hut), cuja órbita poderia produzir uma
chuva de cometas conforme se aproximasse periodicamente do sistema
solar, o que justificaria as extinções em massa de espécies que os
paleontológicos descobriram de fósseis datados de períodos de 26 milhões
de anos. Essa teoria defende a tese de que o mito essencial no mundo do
homem antigo envolve um ciclo de 26 mil anos de precessão dos
equinócios, o tempo que esse eixo prolongado precisaria para
circunscrever a elíptica do Polo Norte, demonstrando a grande relação
desse número com a estrutura do cosmos.
O tetraedro serve como transportador da energia e do corpo
vampírico sutil conhecido como Sombra. É um veículo capaz de levar para
outras dimensões. Para o vampiro, o tetraedro é uma poderosa ferramenta
mágica onde a escuridão devora a luz, a forma absorve a força, a criação e
estabilidade no cosmos é escoada para as dimensões fractais. Tanto serve
de veículo para viajar pelo mundo denso na casca da concha quanto no
mundo sutil da sua espiral sinistra no interior do lado obscuro e oculto do
subconsciente.
Também através da meditação na geometria do tetraedro, chega
à consciência do vampiro a existência dos campos magnéticos que
circundam seu corpo. Ele pode sentir e até enxergar essas ligações se
avançar sua prática. Com uma meditação e ritualística mais aguçados, ele

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Revista Anticósmica
• Via Sangris

consegue acessar estes campos em si e em outros seres, acionando a forma


do tetraedro como um veículos e projetando sua Sombra para outras
dimensões. Essa é uma funcionalidade ideal para o vampiro iniciar uma
interação predatória com o coletivo humano no plano astral. Em processos
medianos, ele pode começar a interagir com as formas mais sutis dos
planos espirituais e por fim poderá se transportar por todo o Universo.

ℑ𝔫𝔰𝔱𝔯𝔲𝔠𝔞̃𝔬 𝔓𝔯𝔞́𝔱𝔦𝔠𝔞
Aqui estão algumas instruções para aprender a viajar usando a
meditação. Se trata de 4 meditações angulares que devem ser feitas em
sua câmara, com a iluminação de uma vela preta junto ao tetraedro e
nenhuma outra luz. O tetraedro deve estar com uma face inteiramente
voltada para você e bem visível na hora de iniciar essa prática.

Primeira meditação: esteja olhando fixamente para o tetraedro, fazendo


um endurecimento de todo o corpo. Comece a inalar profundamente de
forma que sua respiração force contra a rigidez. Visualize a energia sutil de
cor violeta na região da sua cabeça (cérebro) criando uma ponte até a ponta
do tetraedro. Deixe sua consciência se transportar com ela. Fixe a visão na
ponta do tetraedro e imagine-se em contato com a energia do Fogo Solar.
Interaja com essa energia em sua visão interior, a consumindo junto a
florestas, penhascos, no brilho da lua, nos animais, plantas e tudo o mais
que é alimentado e suprido por esse fogo.

Segunda meditação: olhe para a ponta inferior direita da face do tetraedro.


Comece a inalar de forma moderada até sentir sua cabeça leve. Visualize
um fio de luz vermelho saindo do altura do seu peito (coração). Deixe sua
consciência se transportar com essa Luz. Imagine-se em contato com o
núcleo incandescente da terra, o Fogo Vulcânico. Interaja com essa energia
geotérmica criadora e destruidora que faz solos mais férteis, eletricidade
limpa, terra em oceanos para habitarem outras vidas, bem como destrói
tudo que está no seu caminho.

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Revista Anticósmica
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Terceira meditação: esteja voltado para a ponta inferior esquerda da face


do tetraedro. Fite esse ponto e aos poucos suavize a visão. Visualize uma
luz laranja saindo da altura do seu órgão sexual. Deixa e consciência se
transportar com ela. Imagine-se em contato com o Fogo Astral. Interaja
com essa energia que depura e limpa, que impulsa a transcendência, a
dinâmica e transformação. Esse é o fogo das grandes emoções, do riso, do
‘glamour’, da beleza, gozo, prazer, libido, paixão, calor, desejo, impulsos e
do sexo.

Quarta meditação: feche os olhos. Sinta toda energia coletada através dos
três centros nervosos (Cérebro, Coração e Sexo) em cada ponto da face do
tetraedro. Imagine as energias concentradas em cada centro nervoso se
expandido até se transformarem numa só. Pense no Fogo em expansão,
catalisando seus poderes e expandindo sua consciência. Medite nos nós
que prendem seu progresso e use a energia em expansão para desatá-los,
visualize-se indo além do que acha poder, essa é a melhor forma de ir além
dos limites do corpo e da mente..

Essas meditações podem ser estendidas conforme o avanço nelas


aconteça. Ao invés de trabalhar internamente o processo, o vampiro
poderá projetar sua consciência de forma a viver realmente a experiência
em outras regiões ou planos. Mas isso não deve ser feito antes do devido
treinamento e tempo de testes que deve ser no mínimo de 2 meses.

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Revista Anticósmica
• Via Sangris

ℭ𝔞𝔫𝔱𝔬
𝔡𝔢 𝔑𝔞𝔥𝔢𝔪𝔬𝔱𝔥
V✠S

Essa é, não atoa, a esfera associada aos feiticeiros, as horas


noturnas, a magia negra. Os seus pontos de manifestação
são os penhascos, desertos, selvas e outros locais inóspitos
e perigosos onde a intenção do trabalho é de chamar o
poder da esfera para o indivíduo e sua vida.

O seu nome deriva da demonesa Naamah que vem do


hebraico ‫םענ‬, naim, e significa agradável. A sua principal
fórmula de invocação é:

Liftoach Shaari Ha-Nahemoth B'Shem Ha-Na-Ama-Hema (x11


) e significa "Abra o portão para Nahemoth em nome de Na-
Ama-Hema".

Esse canto é o suficiente para conferir a Gnose ao


feiticeiro e não precisa de complemento ritualístico se for
realizado nos pontos de poder de Nahemoth.

Uma outra alternativa de canto é:

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Revista Anticósmica
• Via Sangris

Lepaca, Naamah Ama, Ruach Maskim, Rosaran

Lepaca" significa - glorificado.

Naamah - Naama ou Nahema - é a governante


demoníaca de Nahemoth. Na mitologia judaica, ela é o
anjo da prostituição. No Zohar a demonesa parece como
a mãe dos demônios sheddim, também consorte de
Asmodeus e uma bela sedutora dos seres angélicos.

Ama - uma palavra de origem suméria.

Ruach - respiração, alento, espírito.

Maskim - na religião acadiana, Maskim é um grupo de 7


grandes Príncipes Infernais, também conhecidos como os 7
Espíritos do Abismo.

Rosaran - é um espírito maligno. Servo de Ariton.

Em sua essência, esse canto é uma invocação de nomes de


espíritos, demônios, que são glorificados em Nehemoth por
serem responsáveis por emanar o poder da esfera contra
Malkut.

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Revista Anticósmica
• Via Sangris

𝔒
𝔇𝔢𝔪𝔬𝔫𝔦𝔬
𝔡𝔞 ℭ𝔞𝔯𝔫𝔢
V✠S

Naamah está ligada ao elemento terra por conta da sua esfera


Nehemoth e intrinsecamente ao fogo, indicando sua associação com o
carnal, a sexualidade e paixão devoradora. Ela é inspiradora dos desejos e
apreciação dos prazeres da carne e todos os atos ligados a isso são seus
rituais. O feiticeiro que aprecia as alegrias carnais está glorificando a
Naamah.
Ela é uma dos 4 Anjos da Prostituição, junto com Lilith, Eisheth
Zenunim e Agrat Bat Mahlat, manifestando o ofício do hieródulo ou
qedesha. Na tradição do Zohar, Naamah e sua irmã Lilith, visitaram Adão
na forma de súcubo e tiveram relação sexual com ele gerando filhos
demoníacos. Ela Também é amante e / ou esposa de alguns dos anjos,
demônios e heróis bíblicos, incluindo Azazel, Samael, Shemhazai, Salomão
e Noé. Seus filhos incluem os Nephilim, Shedim e Ashmodai. Nas visões ela
reside um jardim noturno, fértil e exuberante, com uma flora bela e
estranha que reflete sua natureza feminina atraente e perigosa onde ela
recebe os viajantes do seu reino. Na descrição talmúdico-midrasico,

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Revista Anticósmica
• Via Sangris

aparece uma mulher de carne e osso, filha de Lamech e irmã de Tubal-Caim,


chamada Naamah, conhecida como "adorável". Uma jovem encantadora e
atraente que é patrona da música e da adivinhação cujo belos cantos atraia
as pessoas para a idolatria. Ela não pode ser confundida com a governante
da esfera de Nahemoth, pois se trata de uma sacerdotisa que manifestou
as energias da demonesa.

𝔒𝔣𝔢𝔯𝔢𝔫𝔡𝔞𝔰 𝔢 𝔄𝔡𝔬𝔯𝔞𝔠𝔞̃𝔬
Naamah gosta de incensos que acentue a sexualidade e libido. Usa-se
alfazema, almíscar, camomila, erva doce, dama da noite, jasmim, noz
moscada, patchouli e rosas.

-Músicas com marcações de tambores, pratos e flautas são as mais


agradáveis à demonesa.

-Suas velas são vermelhas, pretas e roxas.

-Suas comidas incluem fígado, coração, raízes e frutos do deserto.

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Revista Anticósmica
• Via Sangris

Você consegui sentir o orgulho de estar num estado de desejo tremendo?


Mas há uma qualidade amorosa também. Você pode imaginar ser
atingido por amor e ódio ao mesmo tempo?

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Revista Anticósmica
• Via Sangris

𝔖𝔢𝔤𝔲𝔫𝔡𝔞
ℭ𝔞𝔯𝔱𝔞 𝔄𝔬𝔰
𝔉𝔦𝔩𝔥𝔬𝔰 𝔡𝔞 𝔑𝔬𝔦𝔱𝔢
V✠S
“Eu não sou identificada como a maioria das caçadoras de fluido vital que
voa na escuridão do outro mundo fazendo vítimas humanas, nem como
quem espreita em todo lugar e canto buscando causar desgraça,
enfermidade e morte para se alimentar do que liberam tais coisas,
tampouco posso ser descrita como um tipo de “predadora moderna”
inspirada nas novelas góticas e fantasiada por ordens que se intitulam
“vampíricas” ou faço parte do enquadramento supersticioso sobre espíritos
femininos caçadores da energia sexual dos homens que religiões utilizaram
como desculpa para degradar e desumanizar as deusas de seus inimigos e
justificar a perseguição e morte dos mesmos. Ao contrário disso, sou uma
Lilin, filha e herança da Noite, uma real dominadora da Energia Primária,
uma demônia vampira do sangue!”

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Noite de 1 3 de setembro,

201 7, R-Nyx

𝔇𝔦𝔞𝔰 𝔢 𝔑𝔬𝔦𝔱𝔢𝔰

A realidade objetiva, o mundo externo vivido pelos cinco sentidos,


é o Lado do Dia. É o mundo dentro e fora das paredes frias da nossa casa,
o mundo no qual, mesmo parecendo intocável, vivemos para dar-lhe
retoques através do trabalho, opiniões de vida, ações individuais ou sociais,
posturas políticas, etc. É nessa realidade que o texto da vida mundana do
Lilin é escrito conforme ele vai construindo sua personalidade, profissão,
amizades, família, lugar na comunidade e encaixando as coisas que lhe
torna cidadão do mundo.
Porém, o Lilin cruza as raias da perspectiva humana de vida nesse
mundo. Ele busca o poder, o risco, a aventura de evoluir numa determinada
sociedade, num país ou num contexto político atual como qualquer
humano, mas sua visão ascendente o faz perceber o imenso mar de energia
que está por trás de tudo, então ele nada aqui com águas boas que
sustentam suas crenças e conhecimento, ali com águas traiçoeiras que usa
para afogar suas barreiras internas e externas, de modo que não sustenta
as fraquezas humanas em relação à vida, à morte, ao ‘outro’, ao amor, à
solidão, etc. Esse mundo oculto em que sua natureza é revelada, é o Lado
da Noite. Em seu espaço mundano reduzido, o Lilin estabelece um
comportamento social assumido, mesmo que este tenha várias
características vampíricas invisíveis que a comunidade humana não sonha
existir. A marca da sua verdadeira natureza, fascinante, predadora e por
vezes cruel, é velada, pois se o Lilin se mostrasse tal como é, certamente

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Revista Anticósmica
• Via Sangris

seria repudiado como o que (e quem) deveria ser excluído dos limites da
sociedade e mantido além das ‘fronteiras da polis’. Assim a ocultação da
sua natureza vampírica lhe é, portanto, necessário no Lado do Dia,
enquanto essa invisibilidade se torna uma qualidade especial na Arte da
Caça e um atributo especial para o seu jogo diabólico de saciedade no Lado
da Noite.

𝔇𝔞 𝔈𝔫𝔢𝔯𝔤𝔦𝔞 𝔢 𝔡𝔞 𝔓𝔯𝔢𝔡𝔞𝔠𝔞̃𝔬
“Com a quintessência, retificada e limpa, eu ressuscitei o morto, dando-lhe
como uma bebida para ele que tinha se tornado fantasma e ele entrou pelo
portal do mundo novamente.”

Leonardo Fioravanti (1 51 7-1 588)

Como qualquer outro ser manifesto, você está ligado aos ciclos.
Seu corpo, sua mente e alma atendem aos ritmos naturais, entrando e
saindo pelos portais da mudança, então busque aumentar essa percepção
de maneira que consiga sentir a essência por trás dos seus próprios
movimentos e das coisas a sua volta. Observe os ritmos de energia do
mundo e como as mudanças lhe afeta: a lua e os diferentes poderes ligados
às suas fases; o passar dos anos e as novas tecnologias; os tempos selvagens
e brandos na sua comunidade humana; a roda das estações e as datas que
marcam novos ciclos em sua vida e no mundo. Se volte para a onda de
energia que lhe atinge mesmo agora nesse momento e conforme for se
tornando mais consciente do movimento e influência dessa onda, poderá
entender seu funcionamento e manipulá-la no nível essencial. Somente
através desse aprimoramento da percepção do ritmo da energia que você
se tornará ativo em meio a humanos passivos entendendo, finalmente, o
que é ser um predador que se alimenta diretamente da essência, um
caçador no limiar recebendo as ondulações desse oceano de vida, luz e
energia sustentadora.

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Revista Anticósmica
• Via Sangris

I — Visão da Aura

Ao desenvolver uma percepção vampírica mais aguçada, a aura da


sua presa lhe será visível e você conhecerá sua energia pela distinção de
cores e formatos, o que facilitará envolvê-la e drená-la. O Lilin tem uma
aura vermelha como o sangue, envolvida por filamentos negros. Ela reflete
a besta interior, a chama violenta do desejo por energia sexual, a morte
como corrente/fluxo de mudança, libertação e a própria natureza ígnea e
vampírica herdada da Ama Lilith. Em certos momentos durante a predação
as camadas se ampliam como tentáculos escuros até o alvo, indo além da
forma física e adentrando seus canais energéticos. Nesse instante o corpo
se torna frio e magnético causando espantosa admiração na vítima. A presa
humana, pela sua passividade nesse caos energético interno e externo em
que vive, tem uma aura que oscila em formas e cores constantemente.
Visualizar a aura de uma vítima para conhecer as suas energias, é
fundamental no processo de predação.

1 . Observe A Aura

Alinhe seu pensamento com a sua respiração. Torne a mente o


mais calma possível e esteja passivo deixando a vibração energética da
pessoa atingir você. A princípio, essa energia virá até você como luz e
afetará seu cérebro dando possibilidade de traduzi-la em sentimentos e até
pensamentos. Quando souber que tipo de vibração se trata, permita que
seu olhar vampírico se abra. Comece suavizando o olhar mundano. Passe
de uma visão que enxerga somente o físico, para uma visão de foco suave
que olha para o energético. Pratique isso sempre que puder. É melhor
começar esse treino em ambientes de energia familiar como no seu
trabalho ou na sua casa, para depois praticar em outros mais estranhos.
Após algum tempo nessa prática, você terá um vislumbre da aura da sua
presa e quando isso começar a ocorrer de forma mais corriqueira, passe
para o treinamento seguinte.

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Revista Anticósmica
• Via Sangris

2. A Cor da Aura

A cor da aura indica a energia da pessoa. Para expandir a visão e


conseguir enxergá-la, treine antes consigo mesmo. Comece utilizando um
quadro branco ou uma parede da mesma cor. Esteja diante do quadro ou
parede, feche os olhos e acalme a mente. Torne-se consciente de seus
pensamentos e sentimentos, estude suas emoções e sensações. Veja o que
é mais gritante no seu interior, o que está se sobressaindo em meio a outras
frequências. Capture essa energia o máximo que puder e a concentre em
seu cérebro, pense e sinta ela o quanto quiser. Quando estiver
perfeitamente alinhado com a sua vibração, abra os olhos e fite o quadro
ou a parede com um foco suave e perceba qual cor é ligeiramente
projetada no branco pelo seu cérebro. Faça associações entre cores,
sentimentos e pensamentos. Conforme for desenvolvendo a visão
cromática da energia, passe a combinar vibrações para obter o vislumbre
de mais de uma cor. A abertura da visão vampírica para ver a cor da aura
também pode ser feita utilizando os nossos sigilos. Escolha um sigilo,
desenhe no quadro ou suspenda na parede branca. Entre num estado
incipiente e germinal de proto gnose, isso pode ser feito abaixando o
máximo a frequência de seu cérebro, seja por uso de algum aditivo ou
meditação. Ao atingir um quase esquecimento de si, volte gradualmente
para ‘fora’ e fite o sigilo procurando entender o seu significado oculto e
como esse significado encontra correspondências no seu mundo interior.
Quando obter o alinhamento com a vibração, use o foco suave da visão
vampírica e vislumbre quais cores emanam do sigilo. A medida que sua
confiança aumenta, utilize mais de um sigilo para expandir ainda mais sua
capacidade psíquica.
A beleza da aura é que sua cor não engana. Em sua luz ou sombra,
toda a natureza daquilo que se observa está aguardando para ser
descoberta e revelada. Quando dominar essas técnicas, use a visão da aura
para estudar sua presa. Seja como um camaleão se adaptando as

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Revista Anticósmica
• Via Sangris

necessidades e desejos dela, mudando sua própria aura num jogo


energético de atração e dominação.

II — A Energia do Sangue

Com a energia do sangue, doenças podem ser combatidas,


nutrientes redistribuídos, órgãos reparados, bem como habilidades
vampíricas alimentadas e ampliadas. As possibilidades são limitadas apenas
pela sua capacidade em trabalhar com o sangue. Adiante veremos algumas
técnicas que usam a energia do sangue como fonte, tanto para enxertá-la
na aura e aumentar a qualidade física e poderes vampíricos do Lilin, quanto
para ativar forças externas durante rituais e muitas outras cerimônias e
práticas mágicas nesse contexto vampírico.

1 . Amplificador de Sangue

Você pode acrescentar poder a si mesmo e por trás das coisas


(defesa, ataque, habilidades vampíricas exponencialmente mais potentes)
simplesmente utilizando o sangue. Em seu nível mais simples, o
amplificador de sangue pode ser utilizado para criar modificações na sua
aura, então quando utilizar suas habilidades, o seu poder estará ainda
maior. Em modos avançados, o amplificador de sangue pode servir como
linhas ferroviárias transportando o poderoso projétil que é sua poderosa e
única vontade vampírica e desejo até o destino.
Para criar um amplificador de sangue interno para melhorar as
habilidades vampíricas, a condição física e mental, combater doenças ou
mesmo obter cura para algum órgão, comece usando seu fluxo sanguíneo
como ponto focal. Medite até obter um biofeedback da energia que o
sangue carrega no seu interior. Faça então o direcionamento da energia
para o órgão ou região específica que queira curar, ou ampliar a
capacidade. Essa técnica tem um melhor efeito quando você tiver obtido a
energia de um tipo específico para o que deseja, como ingerir bebidas
estimulantes para o cérebro se quer ampliar sua capacidade intelectual, se

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Revista Anticósmica
• Via Sangris

alimentar de refeições afrodisíacas para obter maior energia sexual ou


mesmo como outra alternativa usar plantas de poder para expandir suas
habilidades predatórias.
Para criar amplificadores de sangue externo, é preciso infundir seu
sangue — depois de energizá-lo com a força que deseja — à algum item
(sigilo, tetraedro, o espelho, um oráculo), aumentando com isso
consideravelmente sua potência. Através dessa técnica, você também
pode ligar um certo item à sua consciência, assim uma cadeira pode “te
contar” quem foi o último a sentar nela, um espelho pode te dizer quem
por último o fitou, etc. A capacidade de obter tais informações depende do
quanto energizado o sangue do ampliador estiver.

2. Sacrifício de Sangue

O sangue é o elemento conectivo que permite o Lilin concentrar a


energia que precisa manipular. O rubro elixir pode conferir parte do poder
durante os rituais ou usado como fonte única, se tornando um recurso
isolado de energia como ocorre no rito de sacrifício. Diferente da carnificina
irracional que rouba a potência e desvia a energia do sangue, o rito de
sacrifício deve ser realizado com direcionamento. A aplicação obsessiva de
mutilação substitui o poder do sangue por instabilidade mental (medo e
dor do sacrificado, p.ex.). Existe muito perigo no trabalho ritual com o
sangue, por isso é preciso estar atento à fonte, saber direcionar a energia
para o destino certo sem se distrair com o derramamento. Em casos de
sacrifícios direcionados a Ama Lilith, Ela deve antes ser consultada por
algum meio (gnose, espelho negro, perscrutação, oráculo) e dizer qual tipo
de sangue lhe agrada mais.
Ela na sua faceta predadora como Aracne pode optar por sangue
de vítimas humanas jovens de sexo feminino; como a vampira Qodeshah
(Eishet Zenunim) pode preferir o sangue dos homens; já como a serpentina
Taninsam o sangue selvagem de caprinos e bovinos pode ser o melhor.
Muitas vezes pode ocorrer do seu próprio sangue ser o mais adequado em
casos onde se quer conectar a energia da deusa a sua própria despertando

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Revista Anticósmica
• Via Sangris

poderes vampíricos ou para obter conversações com a deusa. Geralmente,


a garganta e o peito na região do coração do animal são as localizações
onde se encontram as fontes mais potentes de energia do sangue. No
animal humano os lábios servem o sangue mais poderoso, pois está
conectado com a consciência. Na hora da entrega de energia do sangue,
existe um benefício quando a dor não está presente durante o corte, pois
ela bloqueia o fluxo de outras energias no processo de derrame do sangue
enfraquecendo a potência do mesmo. Use uma navalha afiada para que o
corte no animal seja rápido, único e como alternativa para colher sangue
de si mesmo, uma agulha ou outro objeto que possibilite obter sangue o
suficiente sem causar grande dor é melhor. Antes de oferecer o sacrifício,
realize um ritual de invocação a Ama Lilith utilizando o altar como local de
assentamento da Sua manifestação conforme a faceta dela que deseja
contactar. O sigilo da deusa e o sigilo da sua esfera negra, assim como uma
representação em imagem Dela devem estar sobre o altar. Derrame o
sangue em um recipiente, besunte os sigilos e ofereça a Ela juntamente
com a sua petição ou pedido que for.

✙✙✙

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Revista Anticósmica
• Via Sangris

ℭ𝔬𝔫𝔳𝔢𝔯𝔰𝔞
ℭ𝔬𝔪 𝔄 𝔄𝔯𝔱𝔦𝔰𝔱𝔞 𝔎𝔞𝔢𝔩𝔞
V✠S

Nada, é verdade, é mais satânico do que o artista quando este


desnuda o senso púdico que, como uma vestimenta, cobre as
cicatrizes, as úlceras morais, as fraquezas e medos do indivíduo e
da sociedade. A medida que o seu ingenium opositor avança, o
mundo que o fazia maravilhado, as larvas da paixão e toda ilusão
que o seduzia, se apagam, se obscurecem, são engolidos por um
caos fantástico e grotesco. É assim que surge um artista do Vazio
como alguém que destruiu sua própria casca e limitações a fim de
que sua substância novamente jorre de acordo com os veios da
fonte negra e primordial e sirva de inspiração de retorno para
outros. Mas todos os aspectos de desapego, destruição e morte
expressos em sua arte, servem para produzir gloriosas vindimas
espirituais, pois com arados menos cruéis, não podemos
modificar o solo refratário para a semeadura. Ao admirar essa
artista, percebi que muito da minha própria perspectiva coloca-se
sob a mesma invocação e inspiração dela, pois as pinturas
mostram, através da morte, caos e nihilidade, que devemos
encarar a vida ou ilusão que nos ataca bruscamente de tocaia,
brinca de nos deixar sonhar com falsas felicidades e varre nossos
planos para os últimos dias. Quando a vestimenta que enfeita o
mundo é rasgada, o indivíduo recua trêmulo de horror diante da

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Revista Anticósmica
• Via Sangris

tamanha deformidade da vida que antes via como beleza. É assim


que ele percebe que a morte é, na verdade, muito mais bela e
salvífica do que poderíamos todos nós leigamente imaginar.

Wilians Miguel: Vejo que você cria de uma forma mais independente e não
apoia ou mesmo refugia sua arte em simbolismos seculares como
comumente vemos acontecer com muitos outros ilustradores e pintores
ligados à grupos ou mesmo ordens. Inclusive observei que em suas
pinturas sobre os Sótãos da Mansão da Morte, como ‘Thantifaxath,
Amprodias, Malkunofat’ e outras, tem reproduções de
espaços/atmosferas pessoais que causam experiências visuais únicas, uma
viagem que podemos fazer a partir dos seus olhos e sua inspiração.
Acredito que a arte acaba malbaratada e a inspiração restrita quando o

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Revista Anticósmica
• Via Sangris

artista se rotula, o que não é o seu caso, mesmo havendo um encaixe


das Corrente 21 8 e 1 82 no seu trabalho.

Kaela: Em algumas ocasiões, tive a oportunidade de criar simbologias ou


introduzir sigilos próprios que tenham solicitado numa pintura, ilustração
ou desenho, e acredito que o uso destes depende daquilo que será
aplicado, seja visualização e meditação, publicação ou trabalho de templo,
figura de altar e etc. Mas, por si só, não é que os desaprovo, pois talvez
seja apenas a ideia do meu trabalho ser diferente, já que a arte para mim
tem uma conotação distante disso. Na verdade eu tenho, ocasionalmente,
questionado a presença figurativa em criação gráfica, por isso às vezes eu
escolho pela mancha e suas expressões como em “Blood Emanations” ou
“Sinister Flame of Severity".

Wilians Miguel: Como ocorre seu processo de criação?

Kaela: O processo de criação, a priori, é determinado de acordo com o tipo


de trabalho que vai ser feito, seja de caráter individual, por solicitação ou
projeto. Inicialmente há sempre uma contemplação externa antes da
experiência ou visão, como uma assimilação para ser capaz de capturar o
que se propõe ou se deseja alcançar, em seguida, é decidir por uma técnica
para começar a olhar para os recursos e fazer as consultas pertinentes
para gerenciar a ideia; Manter uma bitácora onde posso coletar
informações necessárias para orientar-me e criar meu próprio método
prático é muito útil. Cabe ressaltar que, quando alguém trabalha ppr
encomenda, quase sempre recebo o material didático para embarcar em
sua busca. Em seguida o que resta é a realização de esboços preliminares
e escolher as condições de tempo, espaço, hora, dia, condições estelares
ou planetárias, etc.), elementos e práticas relevantes que usará para dar
forma ao trabalho. Para finalizar, o processo de lançamento dessas
criações geralmente é feito através do uso de redes e plataformas virtuais
como as páginas do Facebook nas quais se torna viral, por exemplo KALA

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Revista Anticósmica
• Via Sangris

e Taninsam. Contudo a maioria das vezes foram à público através de


projetos que fui convidada a participar e ofereceram-me a oportunidade
de mostrar essas criações, tais como o projeto editorial Sirius Limited
Esoterica e Editorial Thanatos, que me deram a possibilidade de expandir
meus objetivos neste campo desde que sou muito nova nisso.

Wilians Miguel: Apesar de haver pinturas em que você utiliza paletas mais
coloridas, a primeira coisa que achei relevante foi a ausência de cores
“mais vivas” em muitas obras. Você parece que descobriu ocorrências
provocadoras de um estado de misantropia, de morte e vazio nessa
ausência de cores e consegue fazer com que isso expresse muito bem o
próprio sentido que as pinturas carregam, o que faz com que se tornem
poderosos retábulos qlifóticos. Certamente essa ausência de cores mais
vivas em muitas pinturas deve ter um significado especial para você. O
que você enxerga e busca transmitir por trás disso?

Kaela: A cor depende muito da ideia que vou trabalhar e abstrair, é como
um símbolo que acompanha a expressão e força na pintura. Por exemplo,
quando você aborda temas do espírito da morte, verá que vermelho,
preto, branco ou verde estão presentes, já outros trabalhos tendem a
inclinar-se para o preto e branco, como em “Daughter of Nix”, do qual
emergem alguns tons do cinza, onde eu busquei expressar uma
visualização do aspecto fúnebre dos “keres”. Em outros temas faço uso de
uma paleta de cores mais coloridas, como no túnel “Thantifaxath” ou em
“O Encontro de Nahemoth” onde a intenção é a manifestação dos
elementos e impulsos. É óbvio que ainda tenho uma propensão a usar
cores básicas e isso não é um bom incentivo, pois tenho que explorar mais
as cores. Nas pinturas dos túneis como A’ano’nin, Thantifaxath,
Amprodias, Malkunofat, Yamatu (mencionadas nos parágrafos
introdutórios da entrevista) que é um projeto conjunto com Edgar Kerval,
a ideia foi concentrada em fazer cartas de meditação através da conexão
com alguns sigilos evocados por ele. Minha intenção era conseguir cores
ocres, mais escura e menos cores brilhantes como as que encontramos na

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Revista Anticósmica
• Via Sangris

árvore sefirótica (sendo uma correspondência oposta) e obter uma


intermediação entre cada qlifá e túnel, mas a resposta ainda sim trouxe
uma gama de tons extremamente quentes e brilhantes em vários casos.

Wilians Miguel: Explique-nos como determinadas temáticas mais


necrosóficas vieram obter grandes representações nas suas obras.

Kaela: Os temas do Espírito da Morte dos quais há um extenso amálgama


cultural que começou a demarcar tendências e dos quais algumas
correntes, ordens e grupos têm influência e inspiração, foram tratados de
forma similar no meu processo de criação. A consulta prévia emiti materiais
como costumes, tradições, livros, Leituras, trabalhos, ou seja, um índice
amplo para investigar e experimentar. É um dos temas que mais chamou a
minha atenção e apreensão, e que amplamente tive a oportunidade de
trabalhar a partir da arte, bem como aqueles do aspecto feminino de Lil e
as deusas negras, mas tudo isso é desencadeado por comissões e
participações nos projetos.

Wilians Miguel: As obras ‘Visões de Gamaliel’ e principalmente


‘Serpente das Águas Cósmicas’ me chamaram muita atenção porque
parecem expressivas de uma forma viva. A impressão é de que foram
desenhadas em dois períodos: primeiro admira uma paisagem individual
como plano de fundo e depois a figura parece surgir independente como
num espartilho de papel sobreposto, o que não só torna a figura à parte
do cenário mas como se estivesse se manifestando na sua obra. Você
utiliza quais técnicas para conseguir efeitos tão impressionantes assim?

Kaela: A pintura “Serpente das Águas Cósmicas”, a princípio, é uma


experiência só com mancha que é bastante significativa porque
condicionou um estado de transe onde pude começar a experimentar
algumas sensações de comoção, efusividade, fúria, exaltação e outras
enquanto aplicava os pigmentos e outros elementos. Isto pôde ser
realizado dentro de um espaço-tempo que preordenei para ela, então em
dias posteriores fui dando uma conotação figurativa do que foi-me

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Revista Anticósmica
• Via Sangris

manifestado. As técnicas que utilizo quando estou pintando, na maioria


dos casos são pintura acrílica ou pintura mista em casos especiais onde
posso brincar com diferentes materiais e suportes. Também utilizo
diferentes pigmentos de água ou óleo, suportes de madeira, tecido ou
papel e coisas extras como texturas, sangue, plantas e demais ideias que
possam incrementar meu bitácora. Em técnicas para ilustrações como em
“Visões de Gamaliel” eu opto pelo uso de grafite ou carvão, que pode ser
implementado em um suporte de tecido, madeira ou papel. Dentre essas
técnicas, tive a oportunidade, em algumas ocasiões especiais, de trabalhar
a partir do desenho automático e surgiram resultados agradáveis que
serviram em trabalhos posteriores.

Wilians Miguel: Acredito que o feminino é um “ponto pivô” ontológico,


uma perspectiva na qual o mistério, beleza e obscuridade da sua arte se
baseia e transmite. A tom sexual, erótica, mórbida e lancinante é muito
clara também – além do que mais o feminino pode expressar – e as
mensagens das mulheres e deusas das suas pinturas criam um elo muito
poderoso com esse lado negro do feminino. Existe alguma devoção
artística à esses aspectos nas suas produções?

Kaela: O feminino e os aspectos das deusas sombrias têm uma conotação


importante porque correspondem ao elemento inicial e primordial
daqueles que estão imersos no lado da sombra, e digamos que se tornam
evidente porque, na exploração de si para o exterior, emergem para fazer
ressurgir espécies mutáveis e inerentes que são desconhecidas. É lá do
ventre primitivo que emerge o que é repulsivo no conceito patriarcal, os
impulsos, a figura bestial, o que está armazenado no recanto da sombra,
o que não é aceito e está oculto. No que diz respeito à devoção artística
como eu havia mencionado anteriormente, a abordagem do feminino é
um dos temas que me chamou a atenção e que tive ampla oportunidade
de trabalhar a partir dos gráficos, mas tudo isso é desencadeado pelas
comissões e pela participação nos projetos, o que me permitiu ampliar
essa perspectiva e trabalhar com mais frequência.

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Revista Anticósmica
• Via Sangris

Oneiric "Eye of the Sorcerer" , Kaela

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Revista Anticósmica
• Via Sangris

Wilians Miguel: Deixe uma mensagem final para os leitores da


Anticósmica.

Kaela: Deixo um parágrafo que chamou minha atenção e que traduz em


essência o sentido da criação artística, uma ideia alheia de um autor
dedicado em seus projetos. Saudações a todos e obrigado pela atenção e
oportunidade Wilians Miguel.

“A arte é a língua da serpente, imersa no tinta de Apsu e pintada na


tela da realidade. Como um verso doce sobre os sentidos de nossa
frágil e solitária espiral mortal.” -S Ben Qayin-
https://www.behance.net/kaela-kala%20/

https://www.facebook.com/rt.KALA/

✙✙✙

𝔓𝔞𝔠𝔱𝔬
V✠S
A aliança demoníaca é muito importante na jornada espiritual e há
duas razões para nós da V.S acreditarmos nisso:

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Revista Anticósmica
• Via Sangris

Toda prática espiritualmente capaz de causar a transformação


necessária em nossas vidas para alcançarmos o Devir Sem Lei, coloca a
alma e a mente – aquilo que é o mais íntimo e poderoso no praticante – na
linha de frente. Se comprometer à uma obrigação com uma entidade
qliphótica visando seu auxílio e serviço, é um dos meios de mudança,
através de práticas espirituais, mais eficazes da V.S.
Nos últimos anos os livros de “feitiçaria” têm focado em grande
parte em psicologia junguiana e em seguimentos “neopagãos”
desacreditados, enquanto antigamente a verdadeira Arte consistia
essencialmente de alianças e tratados entre o adepto e as forças
demoníacas. Fórmulas, rituais e conhecimento eram transmitidos pelos
demônios e então o poder de transformação poderia ser colocado em
prática.
A aliança entre o adepto e a força qliphótica que apresentamos na
V.S pode ser realizada de duas formas:

1 - A primeira forma é o Pacto Expresso com o juramento e seus votos de


lealdade ao demônio. O Pacto Expresso é realizado na testemunha de um
iniciado membro do Conselho da V.S que é o responsável por conjurar o
demônio para participar diretamente da cerimônia.

2- A segunda forma é o Pacto Tácito que consiste em uma carta de petição


à entidade qliphótica escrita pelo nosso punho e assinada por aquele que
deseja o pacto, seguido da entrega e selamento ritual e o ato de
juramento por escrito.
v.s@zonamorta.org

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Revista Anticósmica
• Via Sangris

𝔐𝔞𝔫𝔦𝔣𝔢𝔰𝔱𝔬
𝔡𝔞 𝔙𝔦𝔞 𝔖𝔞𝔫𝔤𝔯𝔦𝔰
V✠S

A Via Sangris é uma seita herética que esteia seus ensinamentos


iniciáticos nos mistérios do sangue como o próprio nome aventa (veja-se
As 3 Estações), bem como uma facção ligada à Lilin Society, mas
trabalhando de forma independente sob a orientação das Correntes 21
8/2, ou em outras palavras, alinhada com a práxis do Satanismo
Anticósmico e o Chaos–gnosticismo, que através do combate ao criador
cego das ilusões materiais, Yahweh, e seu secto, busca a libertação dessa
forma inferior de existência. Isso faz da Via Sangris tanto transpessoal na
essência de seus mistérios quanto pessoal ao assumir significados
objetivos para o indivíduo que é inspirado por sua Santa Causa*.
A Via Sangris, porém, não é ortodoxa, embora adote alguns princípios e
doutrinas das citadas Correntes 21 8/2. A seita se caracteriza por uma
revisão das filosofias caótica e gnóstica por acreditar serem
inconsistentes, dentro de sua perspectiva de trabalho objetivo, as visões
mais abstrusas dessas filosofias. A necessidade de avolumar todo sistema
com uma essência adversária mais hodierna criando uma nova via, pode
ser inferida principalmente no radicalismo** dos métodos iniciáticos que
espelham o fundamento da seita.

Haeretici Gnostici

Os grupos gnósticos sírio-egípcios representados por seitas como


os Valentinianos, Sethianos, Naasenos, Cainitas e outras, eram conhecidos
como Ofitas, um nome genérico para grupos que se voltavam para o
mistério edênico da Serpente que abençoou a humanidade com o
conhecimento, portanto a Gnose. Todas essas seitas, em vigor no século II

57
Revista Anticósmica
• Via Sangris

e III, eram essencialmente desligadas do cristianismo eclesiástico e da


própria imagem do gnóstico trabalhando espiritualmente para se unir ao
criador cego. Elas, principalmente as escolas Cainitas, Sethianos e
Naasenos, sustentavam que os humanos, superiores aos seres celestiais,
deveriam ascender, através da Gnose, de modo a readquirir autoridade
sobre as forças regentes do mundo (Anjos ou Arcontes). Essas seitas
figuravam como perigosas na heresiologia exatamente porque elas
ensinavam a Gnose que proporciona a apoteose e a conquista dos reinos
espirituais e de seus habitantes, enquanto o cristianismo pregava a
obediência e escravidão ao criador cego.
A Via Sangris está na mesma ala das seitas ofitas quanto ao
ensinamento de usar a Gnose para obter libertação do ego de barro,
ascensão e poder sobre os regentes do mundo. Há igualmente o desprezo
pelo criador ter retirado os seres pneumáticos da Plenitude e amarrado
aos corpos dos mamíferos, pois na Via Sangria a natureza do gnóstico é
voltar a ser deus em sua totalidade, não um escravo cristão rezando em
busca de autoaperfeiçoamento num mosteiro.

Et Consilium Radicitus Satanica

A seita é fiel à dinâmica do radicalismo, abraçando todo feitio


disjuntivo, opositor e autossuperador da política ao invés da manutenção,
de qualquer forma particular, que conserve a naturalização ilegítima dos
limites da mudança visando manter o status quo — em outras palavras, a
inércia burkeana.
O radicalismo, em si mesmo, é indeterminado, uma vez que não
existe nele o caráter fundamental de qualquer forma política, nem
predileção por quaisquer princípios particulares dentro da sociedade ou
desejo de algum estado final. A objetivação do radicalismo está no poder
de realização ou possibilidade de transformação social que oportuna o
constante reimpulso politizante por meio da oposição e autossuperação.

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Revista Anticósmica
• Via Sangris

Desta forma, o membro da seita pode usar as desavenças ideológicas, as


relações entre os sexos, conflitos étnicos da cidadania, ideias
nacionalistas, socialistas ou quaisquer outras tensões entre tendências
para ultrapassar suas próprias fronteiras por meio do radicalismo.

Conversionem Diabolicum

Aqueles que passam por uma conversão iniciática na seita


tendem a ser buscadores que experimentam a transformação do eu em
uma forma mais profunda e religiosamente comprometida. Mas há
geralmente alguma afinidade eletiva por parte da seita, e isso inicia um
processo de interação no qual certos tipos de indivíduos acabam sendo
atraídos e atraindo outros para trabalharem em conjunto pela Santa
Causa.
Os indivíduos que constituem a seita buscam, por meio de ações
radicais que levam ao insight do caos ou caos-gnose, um maior senso de
si próprios como seres eternos, livres e sem leis, reforçando e definindo
seus caminhos pela iniciação e lutando contra os limites dessa existência
inferior. Os indivíduos assumem o gnosticismo com um feitio satânico —
agressivo e violento quando necessário — contra todo um sistema de
escravidão que se tornou o estado natural para quem não nasceu senhor
de sua alforria com condições para defendê-la.
A Via Sangris forma um cordão espiritual com muitos humanos
que têm noções básicas do objetivo da seita, mas são aqueles poucos que
não estão tentando simplesmente se encaixar em uma “escola, uma
fraternidade ou sociedade”, mas num caminho que busca a existência
superior e eterna, que são chamados a conhecer profundamente o
trabalho. A seita tem um forte lado introspectivo que se concentra na
transformação interior do corpo, da alma e na condição da própria
consciência, o que harmoniza naturalmente o mundo externo e
proporciona uma conduta acima da degeneração comum.

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Revista Anticósmica
• Via Sangris

Degenerantia Per Ordinem

O mundo material foi arquitetado com a determinação de


aguilhoar o espírito numa degradação progressiva e, consequentemente,
submetê-lo à escravidão eterna. Para isso criou-se a procissão ordenada
de ciclos que amarram, por um número infinito de eons, o espírito ao
curso descendente da matéria. Acima existe a mente diretora, Yahweh, e
abaixo a criação, como um semblante refletido em centenas de milhões
de espelhos, num elo de conexão degenerativa transpassando cada
entidade, de essência em essência, fazendo com que tudo esteja
inexoravelmente algemado ao seu controle.
A única quebra dessa imanência de ordem advém da evolução. Os
humanos que evoluem, alcançam a desparasitação do estado inferior de
existência e passam por uma transumanização deixando a posição de
criaturas escravizadas e assumindo o status de divindades novamente,
então percebem que o mecanismo de Yahweh é uma ilusão e que, de fato,
apenas uma realidade que é o Chaos, eterna sem começo nem fim e além
do tempo e do espaço, existe. A evolução desfará o nó dentro do impulso
anticósmico, e a forma universal, bem como todos os subumanos,
queimarão na fornalha do Chaos.

A Fronte Precipitium

Aquele que deseja ser integrado à Via Sangris, buscando acesso


ao conhecimento oculto preservado nos círculos da seita, será submetido
ao Teste do Iniciante. Concluído o teste, o requerente deve enviá-o para
o Conselho*** e havendo aprovação, o membro terá os seguintes direitos
e deveres:

— Aceitação do Credo Satânico da Corrente 21 8.

— Cumprimento do Estatuto da Via Sangris.

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Revista Anticósmica
• Via Sangris

— Acesso [gratuito] integral ao corpo do material de estudo e prática


correspondente ao Círculo de Taninsam.

— Acesso a Biblioteca de estudo.

— Recebimento [gratuito] da revisão periódica de temas.

— Instrução nos estudos e práticas.

______________________________

*A Santa Causa, interiormente, é a união com a Divindade (o Deus


Desconhecido) e a transcendência do ego de barro que acorrenta o
Espírito ao reino do criador cego. Em seu aspecto exterior é o despertar
das forças do Caos que dissolverão o universo.

**Radical deriva do latim radix= raiz: “ser radical significa ir para a raiz”

***O Conselho é responsável por admitir o novo membro e observar a sua


conduta, o seu envolvimento na seita, sua capacidade de assimiliar os
ensinamentos e empenho na adequada divulgação da Santa Causa, e
oferecerá suporte especial, havendo dedicação do novo membro, nessa
fase inicial.
v.s@zonamorta.org

61
viasangris.zonamorta.org/wp/

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