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TEXTO: ESTADO E SOBERANIA NA IDADE MÉDIA

AULA DIA 28/03/2023

O papa é chefe de estado.

Na França as mulheres não podiam herdar o trono.

Vaticano é uma coisa e a Santa Sé é outra.

Estado da cidade do vaticano.

IMPÉRIO ROMANO: Era um grande governo. E foi perdendo força de forma paulatina.

A ÚNICA INSTITUIÇÃO QUE FICOU FOI A IGREJA QUE COMEÇOU A SUBSTITUIR O PAPEL DO IMPÉRIO ROMANO.

A igreja teve um papel muito importante. Ela passa a controlar tudo.

SÉCULARIZAÇÃO DA EUROPA: SÉC 12 E 13

DIREITO CANONICO É AFASTADO!

Eles começam a tirar o poder da igreja.

Surgiram as universidades, Aristóteles foi descoberto.

NO SÉC 14: A própria igreja chega à conclusão que não consegue mais ir contra os governos que estavam se formando.

O POVO PASSA A RECONHECER A IGREJA COMO UM IMPÉRIO:

Ela dominava totalmente: o individuo nascia e era batizado. Casava na igreja, quando morria era sepultado no cemitério
da igreja. Na cabeça das pessoas a ideia de salvação era importante.

O PODER ESPIRITUAL ERA SALVAR AS ALMAS

A IGREJA TINHA A CONFISSÃO: Então a igreja sabia de tudo que acontecia e perdoava as pessoas e controlava as
mesmas.

Quando um rei resolvia contestar o PAPA, o papa mandava um interdito. Mandava fechar as igrejas, então não haveria
mais o caminho para o ceu e com isso as pessoas se revoltavam contra o rei. Existia o domínio eclesiástico. Toda aquela
ideia de ESTADO era de formação natural.

O HOMEM ERA SOBERANO DE ACORDO COM O PODER QUE ELE TINHA: Mas segundo Locke eles não dormiam porque
tinham medo.

Os homens chegaram a conclusão que eles tinham que se associar e criar uma entidade para criar a sua soberania
pessoal.

O contrato não é entre o individuo e o estado e sim entre os indivíduos.

POR MEDO O HOMEM CHEGOU ONDE ESTÁ!

LOCKE: O homem pela razão chegou ao estado e não por medo. Uma vez que os homens constituírem um poder o
Estado não podia reaver mais.

QUANDO A IGREJA PERCEBEU QUE ELA NÃO TINHA CONDIÇÃO DE ENFRENTAR OS REIS: Ela lançou a ideia de uma
soberania popular.

O papa já estava perdendo seu poder absoluto.

SANTO AGOSTINHO: Foi uma figura muito importante. Todo poder vem do povo.

O poder vem de DEUS para o POVO e não do REI para o POVO.

SEPARAÇÃO DO PODER TEMPORAL E PODER ESPIRITUAL

O que é de DEUS é de DEUS e o que é do povo é do POVO.


A ideia de soberania vem de um processo histórico que tem raízes na bíblia.

JOAO PAULO que criou a igreja católica! Ele cria uma religião nova.
TEXTO: IMPÉRIOS NA HISTÓRIA

AULA DIA 04/04/2023

TRIBUNAL PENAL INTERNACIONAL, QUE É O ESTATUTO DE ROMA

No brasil aprovou na integra o tratado e aprovou uma comissão para adaptar o decreto legislativo as condições do
Brasil. Até hoje não conseguiram fazer isso.

Se o militar cometer um ato que está tipificado no art. 5º do Tribunal Penal Internacional, e pedirem a entrega dele, o
Brasil não poderá entrega-lo por não extraditar seus brasileiros natos. O militar tem que ser julgado aqui.

O Brasil possuí uma série de tratados de Direitos Humanos.

JURISDIÇÃO UNIVERSAL: Tratado que foi assinado por todo mundo contra o desaparecimento forçado de pessoas.

Todos os Estados que ratificaram se obrigam a cumpri-lo.

EX: O Pinochet, foi acusado de desaparecer com pessoas e entre elas estavam os Espanhóis. Ele saiu do chile e foi para a
Inglaterra, chegando lá havia um Juiz espanhol que pediu a extradição dele, porque o chile ratificou o tratado de
extradição com a Inglaterra. Com isso o governo inglês não quis entrega-lo. E a câmara dos Lordes mandou ele para o
chile e lá ele foi julgado e condenado pelos crimes.

Com isso, a Espanha criou uma Lei, dizendo que os tribunais espanhóis podem e tem competência para julgar qualquer
crime que tenham violação de direitos humanos mesmo que o espanhol não esteja envolvido no caso.

Com isso, a audiência espanhola suspendeu essa Lei. Assim, como a Bélgica.

I – A PERMANÊNCIA DA IDEIA DE IMPÉRIO NA ÉPOCA MODERNA

No século terceiro, Roma começou a entrar em decadência. Eles não tinham mais condições de enfrentar os
imperadores.

Começaram a fazer acordos com as tribos germânicas, federando esses povos. Querendo ser admitidos como federados.
E deram o golpe final e derrubaram o império.

POTÊNCIA: Todos os impérios se caracterizam por serem continentes. Tem uma agricultura para exportar e manter o
povo alimentado, tem recursos naturais.

ELEMENTOS DE PODER DO ESTADO

TERRITÓRIO: Tem que ter recursos naturais para se manter

POPULAÇÃO: Tem que ter pessoas

CONDIÇÕES CIENTÍFICAS E TECNOLÓGICAS:


TEXTO: IMPÉRIOS NA HISTÓRIA

ESTADOS UNIDOS: O ÚLTIMO IMPÉRIO?

AULA DIA 11/04/2023

Seria os Estados Unidos o último império?

O texto fala dos altos e baixos dos EUA como potencia

A guerra do Vietnã contribuiu muito para o declínio dos EUA

Para enfrentar a crise os EUA trazem o recurso de Roma

NOVA GUERRA FRIA

Enquanto isso nos EUA acende uma era não conservadora

RUSSIA

Nos anos 70 a União Soviética alcançou sua expansão


TEXTO: A NOVA ROTA DA SEDA

AUTOR: ANTONIO CELSO ALVES PEREIRA

AULA 18/04/2023

1 – RESUMO

O presente texto discute a iniciativa do atual governo da República Popular da China de revigorar a antiga Rota da Seda .
Trata-se de política de alto alcance não somente comercial, mas, sobretudo político-estratégico, pois, uma vez
concretizado, permitirá à China expandir sua influência econômica e política em todos os continentes e, de fato, criar
um sistema comercial internacional sinocêntrico.

2 – INTRODUÇÃO

Pretende-se, no presente texto, discutir a iniciativa da República Popular da China, lançada em 2013, de revigorar a
milenar Rota da Seda, por meio de projetos de comércio e de transporte de amplitude global, medida que, pelos custos
projetados, não tem, nessa matéria, paralelos na história mundial. O governo chinês quer, com isso, reconstruir,
ampliar, implantar e financiar projetos de infraestrutura, com o objetivo de estabelecer novas vias comerciais terrestres
e marítimas, complementares às rotas de comércio eurasianas tradicionais, que desde o século II a.C., época em que se
iniciaram os registros históricos sobre o assunto, partiam do portão oeste da antiga cidade chinesa de Changan. Ao
entronizar-se a Dinastia Ming, casa imperial que governou a China de 1368- 1644, o nome dessa cidade foi mudado para
X’ian e assim permanece até hoje.

A Rota da Seda tradicional jamais constituiu uma via única. Em sua configuração terrestre, era formada por um sistema
composto por uma série de caminhos, estradas e trilhas, que tomavam a direção da Ásia Central, da Índia e da Europa,
especialmente às regiões mediterrâneas. Eram rotas terrestres e marítimas, conectadas, que contribuíram
enormemente para o desenvolvimento das grandes civilizações da Antiguidade.

A denominação Rota da Seda é do século XIX. Foi cunhada, em 1877, pelo geógrafo alemão Ferdinand von Richthofen,
sinólogo que realizou, no século dezenove, várias viagens de estudo à China. Em uma dessas incursões, percorreu, por
cinco anos, o sistema de rotas comerciais que ele denominaria Seidenstrasse, Rota da Seda. Entretanto, como diz
Laurence Bergreen, autor de uma excelente biografia de Marco Polo, a expressão é “uma imagem evocativa, mas
artificial. Apesar de o nome sugerir romance, aventura [...], aqueles que percorriam a Rota atrás de riquezas, conquista
ou salvação passavam por uma experiência árdua, cheia de privações e perigos”

3 – A NOVA ROTA DA SEDA

É importante destacar que pela Rota da Seda transitavam não apenas mercadorias e pessoas, mas também ideias. O
budismo foi levado à China e à Coreia por mercadores e monges indianos que transitavam pelos caminhos da Rota.

Ao longo de milênios de transações comerciais através da Rota, a seda foi o produto mais caro e mais cobiçado pelos
mercadores, pelos reis e por todos que podiam usar produtos de luxo.

Segundo a tradição, foi uma princesa chinesa Lei-Tzu, no século XVII, a. C. a descobridora da seda. Ela tomava seu chá
embaixo de uma amoreira e se deu conta de que uma lagarta se alimentava de folhas da árvore. Nos dias seguintes, ela
ficou a observá-la, tecendo fios que brilhavam ao sol.8 Um casulo desprendeu-se da árvore e caiu na xícara de chá da
princesa. Ela puxou os fios que se soltaram e começou a tecê-los.

Segundo a tradição, foi uma princesa chinesa Lei-Tzu, no século XVII, a. C. a descobridora da seda. Ela tomava seu chá
embaixo de uma amoreira e se deu conta de que uma lagarta se alimentava de folhas da árvore. Nos dias seguintes, ela
ficou a observá-la, tecendo fios que brilhavam ao sol.8 Um casulo desprendeu-se da árvore e caiu na xícara de chá da
princesa. Ela puxou os fios que se soltaram e começou a tecê-los.
Lei-Tzu, na mitologia chinesa, é a deusa da seda.9 O processo de manufatura da seda foi, durante três mil anos, segredo
de Estado na China, cuja pena, para quem o divulgasse, era a morte. Contudo, não foi possível mantê-lo por mais
tempo. Coreanos, japoneses e indianos apoderam-se da técnica de produção.

Posteriormente, por volta do ano 500 d. C., o Império Bizantino passou a fabricar o artigo e, com as Cruzadas, a
sericultura chegou à Europa Ocidental. A partir do século XII, Gênova, Florença, Veneza e Luca, tornaram-se
exportadores do produto.
Primitivamente, a seda chegou à Europa pela Rota e por iniciativa de mercadores romanos, que a compravam de
negociantes partos, povo que, por um largo período, dominou o comércio na Rota da Seda e, como tal, revendiam
produtos chineses.

Os gregos e romanos chamavam os chineses de seres (sedosos), povo fabricante de seda. Segundo consta, os romanos
tomaram conhecimento do produto, em uma das batalhas das guerras romano-partas.

A Rota da Seda, no continente chinês, além dos rigores do clima – a rota norte passava pelo deserto de Gobi, na
fronteira da China com a Mongólia –, transitar por ela, em determinados momentos, constituía-se em aventura de alto
risco.

O primeiro imperador Ming fechou a China e cortou todas as possíveis relações com o Ocidente. O comércio na Rota da
Seda, principalmente a Rota Norte, praticamente desapareceu. As duas dinastias anteriores aos Mings, Song e Yuan,
desenvolveram a marinha chinesa e a dotaram de barcos e de equipamentos superiores aos que, mais de um século
depois, portugueses e espanhóis não possuíam. Desde os tempos da dinastia Song (960-1279), a China liderava o mundo
em tecnologia náutica.

“Na época das viagens de Zheng, a era europeia da exploração ainda não começara. A frota chinesa – escreve Kissinger
em sua excelente obra sobre a China – “possuía o que teria parecido uma vantagem tecnológica intransponível: em
tamanho, sofisticação e número de embarcações, fazia parecer de brinquedo a armada espanhola ainda por nascer (dali
a 150 anos)”.

“Na época das viagens de Zheng, a era europeia da exploração ainda não começara. A frota chinesa – escreve Kissinger
em sua excelente obra sobre a China – “possuía o que teria parecido uma vantagem tecnológica intransponível: em
tamanho, sofisticação e número de embarcações, fazia parecer de brinquedo a armada espanhola ainda por nascer (dali
a 150 anos)”.

Nesse período, a China se fechou para o mundo, ao tentar manter uma postura autárquica. Assim, além dos
fundamentalistas isolacionistas, havia os chamados chineses pró-soviéticos, que se encastelaram no Partido Comunista
Chinês, desde os primeiros tempos de fundação do Partido, em 1921, e foram banidos do Partido, em expurgo
comandado por Mao Tse-Tung, no VII Congresso do Partido, em julho de 1945. O terceiro grupo ideológico, que está
hoje no poder, é o dos modernizadores ecléticos, norteado por princípios segundo os quais a China, pragmaticamente,
deve buscar no exterior tudo que redundar em benefício para o desenvolvimento do país sem, entretanto, abandonar
os fundamentos básicos de seu sistema político e as tradições nacionais.

 O Grande Compromisso uniu o Exército, os conservadores e os jovens burocratas, sob o controle do Partido. Ao
mesmo tempo, iniciou o processo de despolitização das Forças Armadas e estabeleceu formas de manter a
constante modernização de suas forças. 6 Xi Jinping é hoje o líder dessa corrente, segue as linhas mestras
traçadas por Xiaoping. O pai de Xi Jinping, Xi Zhongxun, foi importante membro do Partido Comunista Chinês,
participou da Revolução como comandante de guerrilha no norte do país, foi chefe de Serviço de Propaganda
do Partido e vice-presidente do Congresso Nacional do Povo.

Nessa altura, Xi Jinping tinha apenas 10 anos. Posteriormente, ingressou no Partido, passou por todas as
correias de acesso à liderança partidária. Formou-se em Engenharia Química. No 18º Congresso do Partido
Comunista Chinês, em 2012, ele foi eleito Secretário Geral do Partido e Presidente da China. Como herdeiro das
ideias de Xiaoping, as ações do atual governante chinês, internamente, são orientadas pelos princípios
estabelecidos no Grande Compromisso e, em suas ações externas, além das questões ligadas à segurança do
país e à sua projeção político-diplomática, ele busca criar condições para manter o vertiginoso desenvolvimento
econômico, que se processa desde a abertura da economia. Por outro lado, ao que tudo indica, Xi Jimping quer
realizar o projeto dos modernizadores ecléticos de transformar a China numa nação rica e poderosa no correr
do atual século. Xi Jinping conseguiu unir o Partido em torno de sua pessoa. A prova disso foi sua reeleição pelo
Congresso Nacional do Povo e a possibilidade de perpetuar-se no poder, em razão de mudanças na estrutura
constitucional do país. Em reunião realizada em 11 de março de 2018, 2.958 deputados aprovaram, com apenas
um voto contra e três em branco, 21 emendas à Constituição que vigora no pais, desde 1982. Entre as
mudanças destacase a que passou a permitir a eleição do presidente e de seu vice para mais de dois mandatos.
Até então o presidente podia governar apenas por dois períodos de cinco anos. Neste ponto, Xi Jinping se afasta
de uma dos principais reformas de Deng Xiaoping, ou seja, evitar a cristalização de lideranças centralizadoras e o
culto à personalidade como acontecera com Mao Tse-Tung.
A justificativa apresentada por seus seguidores para aprovar a emenda foi no sentido de propiciar ao presidente
manter, junto com o cargo, a presidência do Comitê Militar e a Secretaria geral do PCC, para os quais a
Constituição não fixa mandato.

O projeto da Nova Rota da Seda é coerente com a linha que vem sendo seguida pelos modernizadores ecléticos
desde a abertura da economia por Xiaoping. Em 14 e 15 de maio de 2017 o presidente Xi Jinping presidiu, em
Pequim, o “Foro Internacional sobre a Nova Rota da Seda”, mega evento com a presença de três dezenas de
chefes de Estado e de governo, – poucos ocidentais. Entre os presentes estavam Vladimir Putin, Recep Erdogan,
Rodrigo Duterte e Mauricio Macri, além de representantes de mais de 100 países. Alemanha, Reino Unido e
França enviaram funcionários de segundo escalão. A diretora-gerente do Fundo Monetário Internacional (FMI),
Christine Lagarde participou também do evento. O governo indiano se opõe à Nova Rota da Seda, em razão de o
projeto estabelecer uma via econômica especial entre a China e o Paquistão, na qual serão realizados vários
empreendimentos de infraestrutura atravessando o território da Caxemira sob a jurisdição do Paquistão.

A Nova Rota da Seda, uma vez executado o projeto em toda a sua extensão, poderá custar cinco trilhões de dólares,
conforme projeção divulgada pela mídia internacional. Assim, em 2049, estariam plenamente executadas todas as obras
de infraestrutura e realizados os programas de proteção ambiental e de integração cultural ao longo da nova Rota. Se
assim for, abrangerá 62% da população mundial – 4,4 bilhões de pessoas –, corresponderá a 36% do PIB global e, da
mesma forma, propiciará à China fortalecer sua liderança no mercado mundial, uma vez que poderá ampliar o comércio
com mais de 70 países, que estarão ligados por novas rotas terrestres e marítimas: Silk Road Economic Belt e Maritime
Silk Road, respectivamente. Essas novas vias comerciais, partindo da China na direção do restante da Ásia, poderão
também atingir o Continente Africano e a Europa, bem como chegar à América Latina e ao Caribe. Desde que foi
lançado, em 2013, o projeto da Nova Rota já teria, até o momento (junho de 2018), investido perto de 1 trilhão de
dólares.

Entre os projetos de infraestrutura estão a construção de milhares de quilômetros de linhas férreas, a pavimentação de
estradas nas regiões áridas e desérticas, a modernização de portos para atender as rotas marítimas, como o Porto de
Pireu, na Grécia, o maior do país, que está sendo modernizado e controlado pela empresa chinesa COSCO (China Ocean
Shipping Company)

Em 09 de dezembro de 2014, o primeiro comboio da mais extensa linha ferroviária do mundo, que liga de Yiwu à
Madrid, e é parte da Rota da Seda terrestre, chegou ao Terminal ferroviário Madrid-Abroñigal.

4 – PALAVRAS FINAIS

Diante da grandeza e extensão do projeto, surgem vozes acusando Xi Jinping de usá-lo para criar um sistema mundial de
comércio sinocêntrico e, com isso, avançar na ampliação do poder chinês na Eurásia, no Pacífico e na África, estratégia
para levar seu país à categoria de superpotência e suplantar os Estados Unidos na segunda metade do atual século.

A União Europeia vê o projeto sob duas perspectivas. Por um lado, diante das dificuldades de investimentos próprios
para retomar o desenvolvimento e sanar problemas econômicos oriundos da crise do capitalismo global de 2008, as
inversões chinesas decorrentes do projeto seriam bem-vindas; por outro lado, em visita à China, em 8 de janeiro de
2018, o presidente da França Emamanuel Macron, em palestra para acadêmicos e empresários em Xian, no milenar
palácio que foi residência da dinastia Tang por 220 anos, afirmou que a Nova Rota não pode ser “de mão única” e que as
rotas antigas “nunca foram somente chinesas”.

Ainda sobre restrições dos europeus, vale lembrar a reclamação de que as obras de infraestrutura da Nova Rota estão
sendo construídas quase que exclusivamente por empresas chinesas.
De fato, seu projeto segue a linha traçada por Deng Xiaoping de transformar a China em um poderoso e próspero país .
No comunicado conjunto final, divulgado ao encerramento do mega evento sobre a Nova Rota da Seda, realizado em
Pequim, em maio de 2017, os participantes expressaram seu compromisso com o livre comércio e deixaram claro que se
opõem a toda e qualquer forma de protecionismo.

TEXTO: FORMAÇÃO HISTÓRICA E INSTITUCIONAL, CRISE ATUAL, DISSENSO E BREXIT


AUTOR: ANTONIO CELSO ALVES PEREIRA
1 – RESUMO
O presente texto tem como objetivo discutir a formação histórica e institucional da União Europeia, estudar os
elementos que conformam a crise que, atualmente, ameaça a continuidade da instituição e projetam, com o precedente
estabelecido em razão da retirada voluntária do Reino Unido da condição de Estado-membro da entidade ( Brexit),
cenários adversos sobre o futuro da integração econômica e política dos 27 Estados que a compõem.

2 – INTRODUÇÃO
Os atuais transtornos que recaem sobre a União Europeia derivam, dentre outros elementos, da recorrente ação, em
seu âmbito, dos movimentos euroceticistas, que, alicerçados no nacionalismo tradicional e nos partidos europeus de
ultradireita, xenófobos e populistas, alimentam a crise e o dissenso no interior do bloco e projetam cenários adversos
sobre o futuro da integração econômica e política dos 27 Estados que a compõem.
Problemas econômicos e financeiros, a tragédia dos fluxos migratórios na direção de Estados-membros da UE, questões
de segurança decorrentes, principalmente, do terrorismo internacional, agregam-se para agravar esse quadro.
No correr do presente texto, pretendo, como acima mencionado, analisar a atual crise que ameaça a União Europeia e,
ao cabo, apresentar uma conclusão que terá como centralidade arguir se a UE conseguirá sustentar seus atuais
fundamentos, avançar na integração política, e, com isso, projetar a força de sua economia, o poder, a tradição e a
grandeza de suas ciência e cultura para além das fronteiras do bloco, em um mundo que passa por profundas e velozes
transformações.
Para que se possa propor adequada reflexão sobre o tema, julgo conveniente, de início, tentar responder às seguintes
perguntas: o que é a ideia de Europa? O que foi e hoje é a Europa? Em seguida, discutir o processo que redundou na
formação da União Europeia, a sua estrutura institucional, bem como a sua natureza jurídica.
2 – A IDEIA DE EUROPA E A CONSTRUÇÃO DO EUROMUNDO
Para responder às indagações acima devo tentar explicar a partir dos prismas mítico e histórico, o que é a Europa e o
que é ser europeu, não em seu sentido meramente geográfico, mas histórico-cultural, político-ideológico e institucional.
A primeira indicação sobre as origens da Europa é mitológica. Neste sentido, como registra Bauman, Zeus, suprema
divindade da mitologia grega, caiu de amores pela belíssima princesa Europa, nome semítico que significa pôr do sol.
Metamorfoseado de touro, Zeus a raptou e a levou para a ilha de Creta. O pai de Europa, Agenor, rei de Tiro, cidade da
Fenícia, ordenou que seus filhos partissem à procura da princesa. O príncipe Cadmo, irmão de Europa, após navegar até
Rhodes, desembarcou na Trácia e percorreu as terras que, mais tarde, receberiam o nome de sua irmã. Nessa empresa
ele teria levado o alfabeto fenício à Grécia. Em sua desesperada procura, Cadmo foi a Delfos, pedir ajuda ao Oráculo. Ao
perguntar sobre o sumiço da irmã, evasiva, para não perder o respeito e o prestígio dos consulentes, a Pitonisa deu-lhe
um conselho prático: “Você não vai encontrá-la. É melhor arranjar uma vaca, segui-la e forçá-la a ir em frente, sem
descansar. No lugar em que ela cair exausta, construa uma cidade. Foi assim, segundo a mitologia, que Tebas foi
fundada”
Outra explicação sobre a formação da Europa e dos europeus, desta feita bíblica, diz que, após o Dilúvio, Noé,
cumprindo ordens de Jeová, distribuiu o mundo entre os seus três filhos, cabendo as terras que hoje compreendem a
Europa, a Jafé, cujo nome em hebraico significa beleza. Conforme se pode ler no Gênesis, capitulo 9, versículo 7, Deus
abençoou a Noé e a seus filhos, dizendo-lhes: “quanto a vocês, sejam fecundos e se multipliquem, povoem e dominem a
terra”. Em outra versão, menos elaborada, a construção da Europa foi realizada pelos navegadores fenícios que, com
seus navios oceânicos, partindo de sua pequena faixa de costa mediterrânea, de Tiro, Biblos e Sídon, em direção ao
oeste, guerreando, comerciando e dominando, teriam tomado posse dos territórios que formariam futuramente a
Europa, ou seja, a extremidade ocidental do continente asiático. Nesse sentido, é importante assinalar que foi Heródoto
(484-425 a. C) o primeiro a nomear a Europa como espaço geográfico.9
De outra forma, passando ao campo historiográfico, vê-se que a Europa é uma realidade consubstanciada por várias
heranças antigas. Sem os gregos não existiria a Europa, tal como a conhecemos hoje. Além do vasto legado cultural, há
consenso histórico na tese.
Assim, na construção civilizacional da Europa foram determinantes, além da influência política, filosófica e cultural da
Grécia, a herança romana e, sobretudo, a contribuição do cristianismo e das tribos germânicas que invadiram o Império
Romano e o liquidaram no século V da Era Cristã
Na história da construção da Europa o cristianismo constitui um fator central e determinante. Com o colapso do Império
Romano, a Igreja se impôs pela organização e pelo poder de sua mensagem e ação missionária, como motor da
reconstrução da Europa Ocidental, unificando elementos religiosos e culturais judaicos, gregos, romanos e bárbaros,
para formar a respublica christiana, expressão da unidade religiosa do Ocidente europeu, a chamada cristandade latina.
No fim da Idade Média e nos primeiros tempos da Idade Moderna, séculos XV e XVI, importantes acontecimentos
convergiram para o continuado processo de construção civilizacional da Europa. Com a publicação póstuma, em 1532,
de O Príncipe, obra escrita por Maquiavel (1469-1527), em 1513, funda-se a Ciência Política moderna.
O anseio pelo conhecimento e a propensão atávica europeia à aventura e à expansão propiciaram o aperfeiçoamento
de instrumentos náuticos e de técnicas de navegação oceânica, fatos que permitiram aos portugueses e espanhóis
empreenderem as grandes viagens e descobertas marítimas, ao mesmo tempo em que emergia o Capitalismo Mercantil
e a Ciência Moderna.
Após as guerras religiosas, decorrentes da Reforma, consolidam-se os grandes Estados nacionais no século XVII. Com a
Paz de Westfália (1648), que encerrou a Guerra dos Trinta Anos surgiram, simultaneamente, o moderno sistema
europeu de Estados, a aceitação do conceito de soberania nos termos elaborados pelos publicistas franceses,
especialmente Jean Bodin, e o desenvolvimento do Direito Internacional moderno.
A partir dai constrói-se o Euromundo, o sistema internacional eurocêntrico, que, mais tarde, após o Congresso de Viena
de 1815, seria, até 1914, ordenado pelo sistema de equilíbrio de poderes.
O Planeta, como diz Bauman, para os espíritos europeus inquietos, ambiciosos e intrépidos “era o playground da
Europa”
Paul Valery, em 1922, assim definia o espírito europeu: “Onde quer que o espírito europeu domine, vê-se aparecer o
máximo de necessidades, o máximo de trabalho, o máximo de capital, o máximo de rendimento, o máximo de ambição,
o máximo de poder, o máximo de modificação da natureza exterior, o máximo de relações de trocas. Este conjunto de
máximos é a Europa ou a imagem da Europa”
Esse espírito levou os europeus ao autoconvencimento de sua superioridade étnica, política e cultural sobre todos os
outros povos. Assim, em nome de uma falsa missão civilizatória, praticaram massacres e outros crimes contra as
populações coloniais. Dessa forma, pode-se afirmar que foi a propensão imperial à conquista que levou a Europa
Ocidental às guerras civis que a exauriram e a obrigaram a, finalmente, buscar a realização da unidade política.

3 - O DESENVOLVIMENTO DO PROJETO DE UNIÃO DOS ESTADOS EUROPEUS


Até chegar ao Tratado de Roma (1957), instrumento jurídico que foi o ponto de partida para a construção da União
Europeia, foram séculos de guerras de toda a ordem perpetrados por reis, imperadores e papas, enfim, por chefes de
Estado e de governos de toda a natureza, que culminaram no absurdo de duas guerras mundiais.
Historicamente, com o fim do Império Romano do Ocidente, a busca da perdida unidade europeia, a renovacio imperii,
começou com Carlos Magno (742-814), coroado imperador do Ocidente na noite de Natal do ano 800, renasceu, em
962, com Oto, o Grande (912-962), primeiro imperador Romano-Germânico e, séculos depois, com as fracassadas
tentativas, no século XIX, de Napoleão Bonaparte (1769-1821) de submeter a Europa à sua dinastia e, no século XX, de
Adolf Hitler (1889-1945), de construir a unidade europeia sob o Terceiro Reich, com o recurso à guerra total e ao
extermínio.
A união dos Estados europeus foi defendida, ao longo da história, dentre outros, por Dante (1265-1321), Pierre Dubois
(1250-1320), Émeric Crucé (1590-1648), pelos projetos de paz perpétua do abade de Saint Pierre (1658-1743) e de
Immanuel Kant (1724-1804).
O progresso industrial e as conquistas científicas e tecnológicas desse período, no contexto da Segunda Revolução
Industrial, propiciaram consideráveis avanços na construção naval e no aperfeiçoamento dos armamentos. A Alemanha,
em decorrência de sua unificação tardia, chegara atrasada à corrida colonial e, em razão disso, forçara a redistribuição
dos territórios sob o controle dos impérios coloniais europeus no Congresso de Berlim de 1894/1895.
A projeção colonial/imperialista da Alemanha se expressava na seguinte assertiva do Kaiser Guilherme II: “Política
mundial como missão, potência mundial como meta, poder naval como instrumento”.15 Os acontecimentos que
redundaram no período histórico que ficou conhecido como Paz Armada (1876/1914) acabaram levando a Europa à
Primeira Grande Guerra, conflito que eclodira para pôr fim a todas as guerras, conforme se proclamava à época.
Contudo, como se sabe, foi o ponto de partida para novos conflitos entre as potências europeias, principalmente em
razão das cláusulas leoninas do Tratado de Versalhes, instrumento jurídico que aguçou o sentimento nacionalista
alemão, fato que culminou no totalitarismo nazifascista e, aliado a outros fatores, na Segunda Guerra Mundial.
Ao encerrar a Segunda Guerra Mundial, a Europa era, como disse Adriano Moreira, “um cemitério de tradições
imperiais”,17 Era tamanha a devastação ao final do conflito que, aos líderes dos principais Estados do continente,
restava o convencimento de que seria impossível a recuperação de seus países, individualmente, sobretudo, sem apoio
externo e sem a união de todos.
Como se sabe, logo após o término da guerra, acirrou-se a competição ideológica e geopolítica entre os Estados Unidos
e a então União Soviética. As tensões resultantes desse confronto alimentaram a Guerra Fria. Para conter o possível
avanço da União Soviética na direção da Europa Ocidental, no contexto da política norte-americana de contenção, ou
doutrina Truman – março de 1947 –, o governo norte-americano lançou, em 5 de junho de 1948, o Programa de
Recuperação Europeia, mais conhecido como plano Marshall,18 alicerçado em cerca de 17 bilhões de dólares,19
iniciativa que propiciou, entre 1948 e 1951, a rápida recuperação das economias dos países aliados da Europa Ocidental.
O Plano Marshall foi útil não somente à política externa norte-americana no primeiro pós-guerra, mas também às
exportações de produtos norte-americanas para a Europa. Por outro lado, Plano Marshall foi também importante para o
desenvolvimento da cooperação entre os países europeus. a linha, impulsionou a criação, em 1948, da Organização
Europeia para a Cooperação Econômica – OECE, cuja finalidade era administrar os fundos oriundos do Plano Marshall e
disponibilizá-los para a reconstrução da Europa.
Assim, resolvidos, inicialmente, a criar um mercado e políticas comuns em área vital para a indústria e a criação de
empregos nos primeiros tempos do pós-guerra, pela determinação de dois notáveis líderes europeus, que figuram com
destaque entre os fundadores da integração europeia, Robert Schuman (1886-1963) e Jean Monnet (1888- 1979),
Bélgica, França, Itália, Luxemburgo, Países Baixos e a República Federal da Alemanha (Alemanha Ocidental à época)
firmaram, em Paris, em 18 de abril de 1951, o Tratado que instituiu a Comunidade Europeia do Carvão e do Aço - CECA,
a primeira organização supranacional europeia, também o primeiro passo no caminho da Europa supranacional. Os seis
Estados que a constituíram, pela primeira vez em suas histórias, concordavam em transferir parcela de suas soberanias
para uma instituição comunitária.
O Reino Unido apoiou a ideia, porém, o primeiro-ministro Winston Churchill (1874-1965) resolveu manter seu país fora
da projetada comunidade. No processo para avançar a integração econômica europeia, por meio de instituições
comunitárias, o segundo passo foi dado, em 25 de março de 1957, com a assinatura, pelos seis Estados que criaram a
CECA, dos dois Tratados de Roma, que estabeleceram a Comunidade Econômica Europeia – CEE ou Mercado Comum
Europeu – MCE e a Comunidade Europeia da Energia Atômica – EURATOM
O Tratado que instituiu a CEE, com 240 artigos, dispunha sobre a criação de um mercado comum, ao longo de 12 anos,
fundado nas chamadas quatro liberdades: livre circulação de mercadorias, de pessoas, de capitais e de serviços.
Estabelecia uma união aduaneira e a adoção pelos Estados-Partes de políticas comuns nos planos agrícola, comercial e
de transportes. Posteriormente, outros Estados aderiam ao Tratado da CEE: Reino Unido, Irlanda e Dinamarca, em 1973;
Grécia, em 1981; Espanha e Portugal, em 1986.
O segundo Tratado de Roma instituiu a Comunidade Europeia de Energia Atômica – EURATON, em vigor desde 1º de
janeiro de 1958, para desenvolver a pesquisaem vigor desde 1º de janeiro de 1958, para desenvolver a pesquisa.
Outro passo para a concretização da futura União Europeia foi a entrada em vigor do Tratado de Bruxelas, em 1º de
julho de 1967. Também chamado de Tratado da Fusão, congregou os poderes executivos das três Comunidades
Europeias, estabelecendo um comando único por meio do então Conselho das Comunidades Europeias. (hoje Conselho
da União Europeia).
4 - O TRATADO DE MAASTRICHT E A CRIAÇÃO DA UNIÃO EUROPEIA
Apoiados nos precedentes histórico-institucionais as lideranças europeias conseguiram construir a União, ao concluir,
com o Tratado de Maastricht ou Tratado da União Europeia, o projeto supranacional de integração econômica e política
regional.
Firmado em 7 de fevereiro de 1992, na cidade neerlandesa do mesmo nome, o Tratado de Maastricht entrou em vigor
em 1º de novembro de 1993, fundou a União Europeia, estabeleceu a moeda única, criou novos domínios.
O Tratado, ratificado pelos doze Estados – Membros à época – Alemanha, Bélgica, Dinamarca, Espanha, França, Grécia,
Irlanda, Itália, Luxemburgo, Países Baixos, Portugal e Reino Unido – assentou a UE em três pilares, que resumiam os
domínios e indicava os instrumentos de ação da União nas suas diversas competências: 1) assegurar o correto
funcionamento do mercado único, promover o desenvolvimento harmonioso das atividades econômicas, do mercado
de trabalho e a proteção social e a igualdade de gênero; 2) política externa, segurança e defesa comuns, para garantir a
independência e a integridade da União; 3) cooperação ampla nos campos da justiça e dos assuntos internos para
proteção dos cidadãos europeus, e preservar a paz e a segurança internacionais, consoante os princípios dispostos na
Carta das Nações Unidas.
O Tratado de Maastricht criou o Serviço Europeu de Polícia – EUROPOL, que completou sua implantação, em 1999 e tem
como finalidade, entre outras, cooperar e interagir com as organizações policiais internacionais.
A ampliação do quadro de Estados-Membros e a necessária revisão das convenções constitutivas anteriores, em
especial o Tratado de Maastricht, e atos conexos, provocou a negociação que teve início, em Messina, Itália, em julho de
1995, da qual resultou o acordo final que se concretizou no Tratado de Amsterdã, firmado pelos Estados-Membros da
UE, em 2 de outubro de 1997, e em vigor a partir de 1º de mio de 1999.
Este instrumento fixou entre seus principais objetivos criar condições adequadas para a livre circulação de cidadãos da
UE, revisou questões relativas à política externa e de segurança, dispôs sobre a política comum de cooperação policial e
judiciária em matéria penal, tratou da questão do direito de asilo no âmbito da União, assim como da imigração e da
proteção de nacionais de terceiros países.
Em relação à abertura de fronteiras e à livre circulação de pessoas nos espaços da UE tais problemas estão regulados
pelo Acordo de Schengen, normativa que foi concretizada fora da União, em 14 de julho de 1985, e conta com 26
Estados-Partes, dos quais 22 são membros da EU.
Um Protocolo ao Tratado de Amsterdã o incluiu no quadro institucional e no marco jurídico da UE. Os cidadãos
residentes em países membros do Espaço Schengen não necessitam de passaporte ou visto para entrar em outro Estado
membro do Acordo.
A Constituição Europeia incluía a Carta Europeia dos Direitos Humanos em seu texto. Quando o projeto de Constituição
foi submetido aos membros da União para as necessárias ratificações, em 2005, a situação financeira do bloco já
começava deteriorar-se no caminho da grave crise do euro, que grassaria em 2007/2008.2
No Reino Unido, então Parte da UE, de pronto, foi forte a resistência. O texto já havia recebido o “sim” de dez países,
restavam treze ratificações. Para entrar em vigor, a Constituição Europeia precisaria de aprovação unânime dos Estados-
Membros da União Levado a referendo na França, o Tratado Constitucional Europeu foi rejeitado, em 29 de maio de
2005. No mês seguinte, 1º de junho de 2005, os Países Baixos também o denegaram. Disso podemos inferir o fato de
que, na hora de ampliar e consolidar a união política, os eleitores da França e da Holanda mostram que antes de serem
europeus, são franceses e holandeses.
Manifestava-se o medo de perder as conquistas do Estado de bem-estar social. Mas a rejeição à Constituição tinha
outros tantos motivos. A moeda comum, adotada em 2002, não havia proporcionado como prometiam seus mentores,
Helmuth Khol, e Francois Miterrand, a solução para o desemprego e o baixo crescimento econômico
Nos três anos anteriores ao plebiscito o crescimento econômico dos então 12 países que adotaram o euro foi menor do
que o registrado no Reino Unido, na Suécia e na Dinamarca, Estados que ficaram fora da zona do euro.
Outro ponto importante nessa matéria estava ligado às consequências da ampliação do bloco europeu, em 2004, em
mais dez Estados, oito deles do leste e do centro da Europa. Os europeus dos países ocidentais, principalmente os
franceses, temiam que a mão de obra barata e os baixos impostos industriais desses países capturassem seus postos de
trabalho no país.
Portanto, não foi possível reformar o marco jurídico-institucional da União Europeia por meio da aprovação, por todos
os Estados-membros da UE, do projeto da Constituição Europeia.
Em razão disso, em Portugal, em 13 de dezembro de 2007, foi firmado pelos Estados-Membros da União Europeia o
Tratado de Lisboa, que entrou em vigor em 1º de dezembro de 2009. O Tratado de Lisboa conferiu maiores poderes ao
Parlamento Europeu, único órgão formado pelo voto universal dos cidadãos dos Estados-membros, em várias matérias
de grande importância na vida comunitária.
5 – A UNIÃO EUROPEIA PÓS-BREXIT
Com a saída do Reino Unido a UE congrega atualmente 27 Estados-membros.
A União Europeia é dinamizada por um amplo quadro de instituições. Destaco, de início, o já citado Parlamento
Europeu, que é o seu poder legislativo. Contudo, este órgão, em determinadas matérias, compartilha a atividade
legislativa com o Conselho Europeu
É composto por 705 eurodeputados, com mandatos de 5 anos, eleitos pelo voto direto em seus países, levando em
conta a população de cada Estado-Membro, para fixar o número de parlamentares por cada Estado
É interessante mencionar o fato de que os deputados não estão agregados em bancadas por nacionalidade, mas
reunidos em grupos políticos, de acordo com suas ideologias.
Outra instituição importante é o Conselho Europeu, sediado em Bruxelas, que tem poderes para definir a agenda
política da União. É composto pelos chefes de Estado ou de Governo dos 27 Estados-membros da União, pelo seu
presidente e pelo presidente da Comissão Europeia.
As decisões são tomadas por consenso ou por maioria qualificada.
A Comissão Europeia, sediada em Bruxelas, é composta por 30 comissários, escolhidos pelo Conselho Europeu, por meio
do sistema de rotação, e um presidente eleito pelo Parlamento Europeu.
São várias as suas atribuições: no interesse dos Estados-Membros da EU, propor novas leis e fazer cumprir a legislação
comunitária, planejar e executar, em comum acordo com os Estados-Membros, a política educacional da União (Espaço
Europeu de Educação Superior), representar a instituição e negociar acordos internacionais comerciais e de cooperação,
enfim, atuar como órgão administrativo e executivo da União.
Vale lembrar que é também competência da Comissão Europeia executar a política ambiental da UE, que é uma das
mais avançadas e ativas do mundo.
No quadro institucional da UE o Tribunal de Justiça da União Europeia,26 criado em 1952, é a instância judiciária
máxima da entidade. Está sediado no Luxemburgo.27 Congrega o Tribunal de Justiça propriamente dito e o Tribunal
Geral da União Europeia.
Entre as várias competências do Tribunal de Justiça destacam-se a missão de declarar a legalidade dos atos emanados
dos órgãos e instituições da União.
Tribunal de Justiça da UE analisa e esclarece pontos que estariam implícitos em determinadas normas jurídicas da UE. O
Tribunal Geral da UE é órgão complementar do Tribunal de Justiça. Composto por dois juízes por EstadoMembro, para
cumprirem mandato de seis anos, renováveis. Tem competência para julgar recursos interpostos por particulares e
empresas contra atos emanados das instituições e dos vários órgãos da União Europeia.
Em outra direção aparece o Banco Central Europeu, entidade econômico-financeira independente, sediada em
Frankfurt am Main, responsável pelas questões monetárias e cambiais no âmbito da União Europeia, ou seja, a
estabilidade e a manutenção do poder de compra da moeda única.
Completando a lista das principais instituições da União Europa aponto o Tribunal de Contas da UE, entidade
completamente independente e constituída por um membro designado por cada Estado da União, cuja competência se
expressa no poder de auditar a legalidade e a transparência dos atos financeiros da EU.
6 - CRISE, DISSENSO E BREXIT
Assim, sem uma base cultural e identitária sólida, trata-se, portanto, diz Castells, de um “típico projeto de despotismo
esclarecido (tudo para o povo, mas sem o povo)”.32 A segunda falha indicada pelo autor reside na forma como se
projetou a moeda única para vigorar em economias de fundamentos diversos, como nos Estados do sul da Europa
membros da União, com sérios problemas de produtividade, competitividade, política fiscal e estruturas bancárias
desiguais.
Em 2008, em consequência da extensão à Europa da crise financeira do capitalismo globalizado, gerada nos Estados
Unidos em consequência dos empréstimos de risco (subprime) não honrados pelos devedores entraram em colapso
econômico-financeiro
Para segurar o Euro, a chamada Troika, composta pelo Banco Central Europeu, Comissão Europeia e o Fundo Monetário
Internacional, por iniciativa da Alemanha e de países do norte da Europa, impôs aos Estados endividados um
rigorosíssimo plano de austeridade, sem controle democrático, que ampliou o quadro de desemprego, desarticulou a
estrutura empresarial, situação que prejudicou, de forma substancial, a recuperação das economias do sul europeu.
Assim como Castells, que afirma que a gênese da crise do Euro (2008-2012) “já estava inscrita de antemão no desenho
da moeda comum”
Entretanto, superada a crise 2008/2012, atualmente a moeda única é percebida de outra forma pela opinião pública da
Área do Euro.
A crise migratória constitui o terceiro questionamento que Castells apresenta: Em sua análise desse fenômeno ele
destaca duas situações
O intraeuropeu e o extraeuropeu: no primeiro caso as tensões originam-se nos deslocamentos de milhões de
trabalhadores oriundos dos Estados do leste da Europa, incorporados à União e que, protegidos pela liberdade de
circulação, emigraram e emigram em massa para o oeste, fato que gera sérios problemas nos mercados
Por outro lado, o componente extraeuropeu gerou graves tensões no interior do bloco. Fugindo da guerra na Síria e no
Iraque, milhares de pessoas buscaram asilo humanitário na UE, situação que obrigou a Comissão Europeia a tentar
distribuir os migrantes entre os vários países. A Alemanha – lê-se Angela Merkel – a Itália e a Grécia acataram o
determinado pela Comissão Europeia. Entretanto, a maioria dos Estados da União, alegando o perigo de receber grupos
terroristas, firmados em posições claramente xenófobas e racistas, fecharam suas fronteiras.
A crise migratória foi, ao lado de outros elementos que serão adiante discutidos, um dos fatores que contribuíram para
a retirada do Reino Unido da União Europeia – Brexit.
Historicamente, o Reino Unido sempre esteve de costas para o continente e voltado para seu então vasto império. À
época de criação da Comunidade Europeia do Carvão e do Aço – CECA, o primeiro-ministro Winston Churchill, embora
hipotecando apoio à criação da primeira comunidade supranacional da Europa, não se interessou em aderir ao Tratado
que a constituiu.
Contudo, em 1º de janeiro de 1973, diante do sucesso econômico dos primeiros tempos da CEE, após campanha
polêmica e dez anos de negociações, o Reino Unido ingressou na Comunidade Econômica Europeia.
Esse sentimento antieuropeu prosperou ao longo dos anos, embora, em 1975, no referendo realizado em 5 de junho, a
maioria da população haja votado pela permanência do país na CEE. Mesmo assim, o Reino Unido, posteriormente, não
aderiu ao Euro, não ratificou o Tratado do Espaço Schengen, como também não ratificou a Carta Europeia de Direitos
Fundamentais.
Com a participação de 72,2% dos eleitores, após disputadíssima campanha eleitoral, embora o primeiro-ministro
solicitasse ao povo votar pela permanência, foi aprovada a retirada do país da União Europeia por 51,9% dos votos
válidos contra 48,1% pela permanência. A campanha pela saída foi liderada pelos conservadores antieuropeus,
chefiados, entre outros, por Boris Johnson, e pelo Partido da Independência do Reino Unido – UKIP.
Durante a campanha eleitoral os partidários da permanência desencadearam o “Projeto Medo”,39 apontando para o
desastre econômico, o desemprego, enfim, a ruína econômica e social que saída provocaria.
Pelo seu lado, os defensores da retirada lograram convencer a maioria do eleitorado alegando que, vitoriosa a secessão,
o país retomaria a sua soberania, ficaria fora do orçamento comunitário, voltaria a controlar suas fronteiras e aplicaria
sua própria política migratória
Assim, com base no artigo 5040 do Tratado que constituiu a União Europeia, após seis jornadas de polêmicas
negociações, que duraram, praticamente, quatro anos, com a prévia aprovação do Acordo de Retirada pelo Parlamento
britânico e pela União Europeia, no dia 31 de janeiro de 2020, à meia-noite, o Reino Unido, após 47 anos, deixou de
fazer parte do quadro de membros da UE. A partir disso, deu-se início às negociações para o cumprimento fase de
transição, que se completou com a assinatura pelas partes, em 24 de dezembro de 2020, do Acordo de Comércio e
Cooperação entre a União Europeia e o Reino Unido.
7 - PALAVRAS FINAIS
A União vem enfrentando sucessivas crises, como a da Zona do Euro, entre 2008 e 2012, assim como a migratória, que
tem levado Estados-Membros da UE a ignorar decisões dos órgãos comunitários sobre o assunto.
No enfrentamento da pandemia do Covid-19, ou seja, no início da propagação do vírus, governos europeus chegaram a
suspender o cumprimento da liberdade de circulação do Espaço Schengen, bem como proibir a exportação de material
médico para qualquer país.
Além das questões estruturais, que requerem novos caminhos institucionais, uma possível renacionalização de
competências soberanas e maior democratização das decisões são citadas pelos especialistas em estudos europeus
como instrumentos para evitar novas secessões no bloco.
Externamente, a União Europeia precisará estar coesa e economicamente forte, para enfrentar a constante ameaça
terrorista e participar, de forma independente e voltada aos seus interesses, das decisões mundiais, em um sistema
internacional que passa por constantes e profundas transformações e vivencia a escalada do confronto geopolítico e
comercial entre os Estados Unidos e a China.
TEXTO: SOBRE TERROR E TERRORISMO
AUTOR: ANTÔNIO CELSO ALVES PEREIRA
1 – INTRODUÇÃO
O terrorismo está presente na história da humanidade.
No Antigo Testamento, o Senhor faz a seguinte ameaça ao povo de Israel:
Eu caminharei com vocês. Serei o Deus de vocês, e vocês serão o meu povo. Eu sou
Javé, o Deus de vocês, que os tirei do Egito, para que vocês não fossem mais
escravos deles. Quebrei as cangas da opressão, e fiz vocês andarem de cabeça
erguida. Mas se vocês rejeitarem meus estatutos e desprezarem minhas normas,
não pondo em prática meus mandamentos e rompendo minha aliança, então eu os
tratarei da seguinte forma: mandarei contra vocês o terror, a fraqueza e a febre
que embaça os olhos e consomem a vida.
O terrorismo, considerando suas características atuais, é uma forma violenta de ação política que atenta contra as
liberdades fundamentais e a democracia, viola a soberania dos Estados, desestabiliza governos legitimamente
constituídos, criando, assim, sérios obstáculos ao desenvolvimento social, político e econômico da humanidade.
Praticado por indivíduos, por grupos ou por Estados, o terrorismo aparece, em razão da força de movimentos
ideológicos, do fundamentalismo de religiões beligerantes, das transformações sociais, dos avanços científicos e
tecnológicos, e, da mesma forma, em consequência do expansionismo militar, político e econômico de Estados, ou do
desejo dos grupos ou indivíduos que os controlam de liquidar a oposição interna e manter o poder por meio do terror.
Nestes tempos iniciais do Terceiro Milênio, o terrorismo entrou de maneira trágica e definitiva na agenda internacional,
a partir dos atentados do dia 11 de setembro de 2001.
Nos séculos XIX e nos primeiros anos do século XX, por exemplo, o terrorismo era um fenômeno interno, portanto,
espacialmente limitado.
Tratava-se, pois, de grupos ideologicamente definidos, e que, a exemplo de todos os outros grupos radicais da época,
como os de inspiração nacionalista, direcionavam os atentados à autoridade pública, não era o assassinato aleatório do
terrorismo de hoje, cuidavam mesmo para que seus atos violentos não atingissem e não causassem danos colaterais à
população.
Nesse rol de assassinatos de altas autoridades em vários países por grupos anarquistas ou nacionalistas, por sua
importância na história contemporânea, já que servira aos austríacos de pretexto para declararem guerra à Sérvia, em
28 de julho de 19l4, destaca-se o atentado perpetrado em Sarajevo, capital da Bósnia-Herzegovina, por Gravilo Princip,
estudante bósnio de dezenove anos, pobre e tuberculoso, que matou o arquiduque Francisco Ferdinando e sua mulher
Sophie, herdeiros do trono do Império Austro-Húngaro.
Essa forma de terrorismo, praticada por pequenos grupos de idealistas, e muitas vezes por indivíduos isoladamente,
pode-se dizer, extinguiu-se com a Primeira Guerra Mundial. Contudo, duas exceções à natureza seletiva desses
atentados, podem ser apontadas como precursoras do atual terrorismo. Em 1912, apareciam os primeiros atos
terroristas com as características de hoje, ou seja, o terrorismo de massa, quando um grupo de macedônios hostis ao
domínio do seu país pela Turquia passou a realizar atentados a bomba contra composições ferroviárias turcas.
Por outro lado, durante o século XIX apenas se tem notícia de um atentado que pode ser classificado como de massa, ou
seja, o que ocorreu em 4 de maio de 1886, nos Estados Unidos, ocasião em que um grupo anarquista fez explodir uma
bomba durante uma passeata de sindicalistas em Chicago, matando 11 pessoas e ferindo mais de cem.
Embora o terrorismo deva ser visto como uma forma inaceitável de ação política, por outro lado, não se pode deixar de
chamar a atenção para o fato de que também é inaceitável que as medidas tomadas pelos Estados para combatê-lo
sejam efetuadas de forma ilegal, ou seja, ao arrepio das normas internas e internacionais de proteção dos direitos e
garantias fundamentais hoje consagrados nas constituições democráticas e nos tratados e convenções internacionais
versando sobre direitos humanos.
2 – A POLÊMICA EM TORNO DA DEFINIÇÃO DE TERRORISMO
O dicionário “Aurélio” assim define o terrorismo: 1. “Modo de coagir, ameaçar ou influenciar outras pessoas, ou de
impor-lhes a vontade pelo uso sistemático do terror. 2. Forma de ação política que combate o poder estabelecido
mediante o emprego da violência”.
A ausência de uma definição de terrorismo amplamente aceita por todos os sujeitos de Direito Internacional impede
que se dê tratamento jurídico universal às ações de enfrentamento do problema por parte dos Estados.
3 – AS VÁRIAS FORMAS DE MANIFESTAÇÃO DO TERRORISMO
- Terrorismo de Estado
Como se sabe, o recurso ao terror por parte do Estado é fato que tem suas origens na ação violenta dos impérios e das
Cidades-Estados da Antiguidade. O terror tem sido usado pelo poder governante para conter ou destruir a oposição
política ou ideológica, bem como aniquilar as manifestações armadas no interior do Estado, enfim, para preservar a
ordem estabelecida.
Além disso, caracteriza-se também por atividades como sequestro e assassinato de opositores políticos, liquidação de
minorias raciais ou religiosas, bem como de grupos ideológicos (genocídio), tortura, desaparecimento forçado de
pessoas, prisões arbitrárias, utilizando, para isso, a polícia ou os órgãos de regulagem e controle do aparato de Estado,
como serviços secretos, forças de segurança e até as Forças Armadas.
Nos anos imediatamente anteriores e durante a Segunda Guerra Mundial, o terrorismo foi adotado como política de
Estado pelos totalitarismos nazifascista e soviético.
Lênin, Trotsky e, mais tarde, Stalin, além de Hitler, Franco e Mussolini, fizeram do terrorismo de Estado, portanto, da
violência, o instrumento central de suporte às suas ações políticas. Assim, prender, torturar, desapropriar bens,
desaparecer com pessoas, grupos e cidadãos, ou mesmo com comunidades inteiras no interior do próprio Estado, ou,
internacionalmente, subjugar países militarmente mais fracos, aparecem como medidas justificáveis diante das
chamadas razões de Estado.
No período da Guerra Fria – 1948/1989 – os governos dos Estados Unidos, em sua cruzada contra o comunismo,
autorizaram a CIA a apoiar com armas e outros recursos grupos terroristas em várias partes do mundo, desde que
agissem contra a extinta União Soviética, seus satélites e simpatizantes. Foi assim que se deu, nos anos setenta, a
criação das brigadas islamitas em vários países muçulmanos, grupos que eram rotulados pela CIA como “lutadores pela
liberdade” e por eles próprios como Mujahedin – soldados de Deus. Foi numa dessas que a CIA recrutou, treinou e
financiou Osama Bin Laden, para lutar contra os soviéticos no Afeganistão. Foi com apoio norte-americano que Bin
Laden iniciou a montagem da rede terrorista transnacional que redundaria na al-Qaeda.
Um dos acontecimentos mais marcantes da história do terrorismo internacional de Estado durante a Guerra Fria foi o
atentado terrorista contra o Papa João Paulo II. Hoje se sabe, em decorrência da divulgação de documentos da STASI, a
polícia política da antiga Alemanha Oriental, que a polícia secreta búlgara, que fazia o serviço sujo para a KGB, ficara
encarregada de executar o Papa polonês. O governo comunista da antiga URSS resolvera assassinar o Sumo Pontífice,
sob a alegação de ele estaria interferindo e prejudicando os interesses soviéticos na Polônia. Os governantes comunistas
búlgaros contrataram o turco Ali Agca para executar o Papa, o que ele tentou concretizar, no dia 13 de maio de 1981, na
Praça de São Pedro, disparando vários tiros, praticamente a queima-roupa (6 metros) dois dos quais atingiram João
Paulo II.
Em 1890, esta primeira Ku Klux Klan era apontada nos Estados Unidos como uma das organizações secretas mais ferozes
e odiadas do país. Tolerada e protegida pelas autoridades dos Estados do sul dos Estados Unidos – muitos de seus
membros eram funcionários do aparato policial -, suas células espalhavam o terror, sempre à noite, com seus militantes
mascarados e portando uma cruz. Inicialmente agia apenas contra negros, mas, por volta dos anos vinte, quando
contava com mais de quatro milhões de membros, principalmente nas localidades do sul, passou também a perseguir,
torturar e matar judeus, mexicanos, latinos, homossexuais e membros de organizações sindicais. Em certa fase de sua
atuação, o poder da Ku Klux Klan era de tal ordem que acabou por influenciar a formação de outros grupos
semelhantes, como as organizações terroristas “Camélia Branca”, “Liga Branca”, “Círculo Invisível” e “Rostos Pálidos”,
todas com a finalidade de linchar e matar negros.
- Terrorismo, luta de libertação nacional e autodeterminação dos povos
Um dos mais importantes desdobramentos dos resultados da Segunda Guerra Mundial foi, sem dúvida, a dissolução dos
grandes impérios coloniais.
Sobre estas, é conveniente assinalar que, muitas vezes, são confundidas com movimentos terroristas, porém, em sua
concepção clássica, a guerrilha, de um modo geral, realiza ataques contra objetivos militares e alvos estratégicos
determinados
Nos tempos atuais, tudo mudou. A legitimidade da luta dos chechenos pela autodeterminação de seu território fica
extremamente prejudicada diante do terrorismo em massa que o movimento passou a empreender. Basta, para isso,
mencionar sua última ação terrorista, o ataque à escola em Beslan, na Ossétia do Norte, que resultou na morte de 338
reféns, compreendendo 156 crianças, além de 31 terroristas.
O IRA, Exército Republicano Irlandês constituiu uma das mais antigas organizações terroristas da Europa. Criado em
1919 para tentar expulsar os britânicos da Irlanda do Norte, e acabar com a fronteira entre as duas partes da Ilha, pode
ser classificado como movimento político-religioso e, nos anos 60, quando a maioria dos movimentos terroristas de
libertação nacional era marxista, o IRA era apontado como um verdadeiro anacronismo por sua filiação católica
fervorosa, e por suas fontes de financiamento oriundas exclusivamente de doações de católicos irlandeses.
- Terrorismo revolucionário urbano
Na década de 60 do século passado surgiram vários grupos terroristas que se proclamavam movimentos guerrilheiros
urbanos, quase todos de inspiração marxista
TEXTO: CRIMES INTERNACIONAIS E JURISDIÇÕES INTERNACIONAIS
AUTOR: ANTONIO CASESSE E MIREILLE DELMAS MARTY
1 – SOBERANIA DOS ESTADOS
2 – EXISTE UM CONFLITO INSUPERÁVEL ENTRE SOBERANIA DOS ESTADOS E JUSTIÇA PENAL INTERNACIONAL?
Crimes julgados pelo tribunal penal internacional: Crimes contra a humanidade, crimes de guerra, genocídio, entre
outros.
TEXTO: CRIMES INTERNACIONAIS E JURISDIÇÕES INTERNACIONAIS
AUTOR: ANTONIO CASESSE E MIREILLE DELMAS MARTY
1 – CAPÍTULO 2
TRIBUNAL A-DOC: Competência para julgar um crime ou determinados crimes. Segundo o professor é um tribunal
ilegítimo. Porque, é um tribunal que estaria em vigor no tempo de guerra. Existem vários tribunais a-adocs espalhados
pelos países que estavam em guerra. Esse tribunal foi ratificado em vários estados com exceção dos Estados Unidos.
OBS: Eles são um pouco ilegítimos
Não existe mais imputabilidade para chefe de estado no exercício da função no tribunal penal internacional.
TRIBUNAL PENAL INTERNACIONAL: Não julga os Estados, julga apenas o indivíduo.
CORTE INTERNACIONAL PENAL DE JUSTIÇA: Julga os Estados.
TRIBUNAL PENAL INTERNCAIONAL ADERIU TAMBÉM A CARTA DA ONU
O Estado pode aceitar ser julgado por apenas um caso específico. E não para todos.
COMPETÊNCIA DO TRIBUNAL PENAL INTERNACIONAL: É ORIGINÁRIA, não é de recurso nem de revista.
O Estado não tem vontade e nem capacidade para resolver aquele caso específico. Ex: Sudão
Quando tiver um conflito de leis entre os direitos humanos, vale a lei mais favorável aos direitos humanos.

DESCUSSÃO SOBRE A JURISPRUDÊNCIA DO STF


PETIÇÃO 4.625-1 REPÚBLICA DO SUDÃO
RELATOR: MINISTRO CELSO DE MELO
Faz a diferença entre a extradição e a entrega do nacional que nesse caso a nossa constituição veda a
extradição do nacional.
NACIONALIDADE: Vínculo jurídico e político entre o nacional e o Estado.
EX: Brasileira, que matou o marido no Texas EUA. O brasil não pediu a extradição, porque ela trocou
sua nacionalidade pela americana, deixando então, de ser Brasileira.
No caso do chefe de Estado do Sudão, ele nem estava no Brasil, mas foi feito um alerta geral.
TEXTO: ARMAS NUCLEARES, DIREITO INTERNACIONAL E SOBERANIA
AUTOR: ANTÔNIO CELSO ALVES PEREIRA
1 – INTRODUÇÃO
A Humanidade tomou conhecimento do poder colossal da energia nuclear de forma trágica.
O lançamento das bombas atômicas sobre Hiroshima e Nagasaki, pelos Estados Unidos, em 06 e 09 de agosto de 1945,
respectivamente, surpreendeu e alarmou o mundo, por sua potência arrasadora, e inaugurou a Era Nuclear.
A Tsar Bomba – RDS-220 – desenvolvida pela então União Soviética, em 1961, é a mais poderosa arma atômica
existente no mundo.
Desse modo, trouxe novos desafios ao direito internacional, à soberania dos países que não desenvolveram tais armas,
assim como à diplomacia, criou um mercado e uma indústria nucleares, enfim, transformou totalmente as relações
internacionais, por constituir-se, desde então, no principal diferencial de poder no sistema internacional de Estados.
Nesse sentido, pode-se afirmar que a liberação controlada da energia nuclear e sua aplicação, não apenas com
finalidade bélica, mas também a sua utilização pacífica, como geração de energia, emprego no tratamento e diagnóstico
de doenças, assim como na agricultura, para erradicar pragas e conservar alimentos, entre outros possíveis
aproveitamentos, figura entre os acontecimentos mais importantes da marcha da História na contemporaneidade.
Durante o segundo conflito mundial foram realizadas três Conferências reunindo os principais líderes dos países aliados
– União Soviética, Reino Unido e Estados Unidos.
TEXTO: CAPITALISMO SEM RIVAIS: O FUTURO DO SISTEMA QUE MUDA O MUNDO
AUTOR: BRANKO MILANOVIC
O livro de maneira geral fala sobre o capitalismo e a globalização e fornece também uma conexão coerente para o
mundo econômico do século XXI.
Como o próprio título indica, o Capitalismo tem dominado o mundo desde a queda da União Soviética, sem que
tenhamos outro sistema como alternativa viável.
A definição usada pelo autor para o capitalismo é de que o sistema
i) utiliza a propriedade privada dos meios de produção,
ii) o capital é usado para contratar trabalhadores
iii) a produção ocorre de forma descentralizada, ou seja, não há um comando central ditando as regras E
iv) as decisões de investimento são realizadas por empresas privadas ou indivíduos.
O autor no texto, explica também o porquê de não existir um outro sistema viável, que nesse caso seria o socialismo. E
ai o professor, poderia explicar melhor essa parte, porque está em uma parte do livro em que a gente não leu.
O capítulo do livro de hoje que vamos discutir é o capítulo 4 com o título:
4 – INTERAÇÃO ENTRE CAPITALISMO E GLOBALIZAÇÃO
Nesse capítulo, o autor vai começar abordando sobre os papéis desempenhados pelo capital e pela força de trabalho
na globalização. Depois ele vai falar sobre o capital e como a mobilidade da força de trabalho acelera o crescimento da
economia dos países mais pobres e por esse motivo, acaba incentivando na migração. Em seguida ele analisa de que
maneira o bem estar social é afetado pela globalização. E por fim, o autor encerra esse capítulo falando sobre a
corrupção em escala internacional. Porém, a leitura de hoje será somente até o item 4.2 que fala sobre o Capital e as
cadeias globais de valores.
Em relação a globalização, ela já vem sendo vista amplamente como sinônimo de movimentação do capital para além
das fronteiras nacionais.
Já em relação a força de trabalho, o autor afirma que essa força se tornou mais móvel recentemente. A força de
trabalho hoje em dia está com uma mobilidade muito grande, e essa mobilidade acaba proporcionando uma enorme
diferença de ganho obtido por uma mesma quantidade e qualidade de trabalho nos territórios nacionais.
Ou seja, o trabalho se tornou mais volátil e isso tende a prejudicar muito mais os trabalhadores.
Agora ele vai falar sobre:
4.1 – FORÇA DE TRABALHO: DEFINIÇÃO DE PRÊMIO OU RENDA POR CIDADANIA
O autor fala sobre um PRÊMIO POR CIDADANIA E DE UMA PUNIÇÃO POR CIDADANIA. Onde existe um prêmio para
aquele cidadão que faz parte de um país rico, e para o cidadão que faz parte de um país pobre, ele recebe uma punição
por esse motivo.
O que seria esse prêmio por cidadania? O autor fala para a gente fazer um exercício mental simples:
Poderia alguém em uma economia avançada substituir um trabalhador por outro com o mesmo nível de qualificações e
funções, porém de um país pobre e por um salário menor do que o outro trabalhador e mesmo assim, obter o mesmo
resultado de produção?
Isso nada mais é do que dar total liberdade para a circulação da força de trabalho entre os países.
4.1 b – CIDADANIA COMO ATIVO FINANCEIRO
O que seria essa cidadania como um ativo financeiro? O autor no livro fala que ao longo dos últimos 20 anos, a
cidadania se tornou um ativo legalmente comercializável: como por exemplo os vistos de residência podem ser
comprados em muitos países como CANADA E REINO UNIDO, por meio da efetivação de um investimento privado.
Então, para o autor a cidadania foi se afrouxando. Entretanto, essa cidadania só é vendida para pessoas ricas. E ai no
texto ele fala que somente 10 milhões de pessoas no MUNDO tem dupla cidadania.
O autor fala também sobre a sub cidadania, que seriam como exemplo nesse caso o green card (EUA) que é um visto de
residência permanente dos EUA e esses residentes permanentes tem acesso a quase todos os benefícios disponíveis
para os cidadãos americanos, com algumas exceções.
4.1 c – LIBERDADE DE MOVIMENTO DOS FATORES DE PRODUÇÃO
Nesse item, o autor fala sobre a liberdade de movimento da força de trabalho entre os países ricos e os países pobres.
Nada mais é do que o fluxo de pessoas indo e vindo de um país para o outro em busca de melhores condições de vida e
de trabalho. Ele afirma, que os países pobres eram favoráveis a esse deslocamento, só que com o tempo, esses países
começaram a enxergar uma grande desvalorização dessa mão de obra sendo consequentemente explorados e
marginalizados.
Entretanto, do ponto de vista econômico não restam duvidas de que essa movimentação de mão de obra entre os
diferentes países é algo normal e muito positivo para a economia. Isso porque, é obvio que o trabalhador vai optar por
sair do seu país de origem onde recebe X pela sua mão se obra e ir para um pais rico, onde lá irá receber 2 vezes mais
pela sua mão de obra. Isso é algo natural. E isso é GLOBALIZAÇÃO que causa o movimento de pessoas.

Porém, eu achei professor que as ideias apresentadas pelo Autor, nesse capítulo, são um pouco polêmicas. Eu digo isso
porque ele traz a estimulação da migração por causa das desigualdades de renda entre os países e ele diz também, que
levantar barreiras para essa circulação global das pessoas não é o desejável.
E aí, ele argumenta que os nacionais tendem melhor aceitar a imigração quando os trabalhadores estrangeiros não
estabelecem residência permanente e não usufruem dos benefícios da cidadania daquele país.
E aí, com isso ele se refere à defesa da redução de direitos econômicos do trabalhador imigrante.
Então, professor me veio um questionamento: se os trabalhadores imigrantes de países pobres trabalham em
atividades úteis aos países ricos que recebem eles, e que na maioria das vezes essas atividades são rejeitados
pelos nacionais, como justificar o acesso a um padrão menor de direitos econômicos que os impingem a uma
condição de cidadão de segunda classe diante de um trabalhador nacional?
4.1 d – CONCILIAR AS PREOCUPAÇÕES DOS NATIVOS E OS ANSEIOS DOS IMIGRANTES
De acordo com o autor, ele afirma que os nativos aceitariam de forma melhor os imigrantes, se esses tivessem acesso a
poucos direitos em relação a cidadania naquele país. Direitos esse como, seguridade social, aposentadoria, direito ao
voto, a escolas gratuitas, entre outros.
No sentido contrário, caso esses imigrantes chegassem ao pais e tivesse acesso de cara a todos esses benefícios, seria
muito mais difícil para os nativos aceitarem essa imigração no seu país.
Então, o autor traz uma possibilidade de solução, que seriam os atuais vistos de permanência que já existe em muitos
países, onde as pessoas possuem a permissão de morar e trabalhar, mas não possui acesso a todos os direitos cívicos
daquele país. +
Professor, eu fiquei com uma dúvida no texto, o que seria MIGRAÇÃO CIRCULAR?
4.2 – CAPITAL: AS CADEIAS GLOBAIS DE VALORES
A cadeia global de valores é uma forma de organização da produção em que diferentes etapas dessa produção são
realizadas em diferentes países.
As cadeias globais de valores se tornaram possível graças ao desenvolvimento das tecnologias de comunicação e de
informação e também graças a globalização que hoje tornou possível que uma pessoa tenha o controle sobre um
processo de produção realizado a milhas de quilômetros de distância dos olhos dela.
O autor fala também em relação ao desenvolvimento dos países pobres e dos países ricos. Ele diz que antigamente o
país tico não queria saber de investir as suas tecnologias e invocações nos países pobres. Pelo contrário, ele queria
investir mais no seu próprio pais para cada vez mais substituir a sua mão de obra humana, por robôs.
E hoje em dia, esse cenário mudou. Os países ricos querem trazer as inovações tecnológicas para os países que ainda
não alcançaram essa globalização eles são estimulados cada vez mais a introduzirem essa inovação dentro dos países
mais pobres.
Por fim, segundo BAWDOWN o autor traz a definição de 3 eras da globalização: são transporte, mercadoria, a
comunicação e pessoas.
Segundo ele, quando o transporte de mercadorias era perigoso e caro, a produção e o consumo dessas mercadorias
teriam que coincidir geograficamente, ou seja, as comunidades consumiam aquilo que produziam.
Veio então, a revolução industrial que fez com que caísse os custos de transporte de mercadorias e com isso tornou
possível envio de mercadorias por via marítimas para diversos lugares diferentes gerando então a PRIMEIRA
GLOBALIZAÇÃO.
Portanto, segundo BALDWIN, agora o controle e a coordenação da produção são feitos aqui, mas a produção concreta
das mercadorias é feita ali. O desmembramento da produção só se tornou possível graças aos avanços das tecnologias
de informação.
A PRODUÇÃO DE TORNOU DESLOCALIZADA. OU SEJA, TERCEIRIZADA.
Por fim, o autor afirma que a migração irá continuar enquanto a mão de obra física tiver que se deslocar para o local de
realização daquela tarefa.

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