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COMO PARAR DE FUMAR

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COMO PARAR DE FUMAR

Tabagismo

O consumo de cigarros é a mais devastadora causa evitável de


doenças e mortes prematuras da história da humanidade. O
consumo do tabaco atingiu a proporção de uma epidemia global,
provocando, a cada ano, a morte de 4 milhões de pessoas em
todo o mundo, ou seja, uma a cada oito segundos.

A fumaça do cigarro contém ciliotoxinas e irritantes que


produzem irritação nos olhos, nariz e garganta, bem como
diminuem a mobilidade dos cílios pulmonares, ocasionando
alergia respiratória em fumantes e não-fumantes. Cílios são
projeções semelhantes a cabelos muito finos, que ajudam a
remover sujeiras e outros detritos do pulmão. Quando
paralisados pela exposição à fumaça do cigarro, as secreções
acumulam-se, contribuindo para a "tosse do fumante" e para o
surgimento de infecções respiratórias freqüentes naqueles que
entram em contato com a fumaça do cigarro.

O Fumo e a Gravidez

Fumar durante a gravidez traz sérios riscos. Abortos


espontâneos, nascimentos prematuros, bebês de baixo peso,
mortes fetais e de recém-nascidos, complicações com a placenta
e episódios de hemorragia (sangramento) ocorrem mais
freqüentemente quando a mulher grávida fuma. A gestante que
fuma apresenta mais complicações durante o parto e têm o dobro
de chances de ter um bebê de menor peso e menor comprimento,
comparando-se com a grávida que não fuma.Tais agravos são
devidos, principalmente, aos efeitos do monóxido de carbono e
da nicotina exercidos sobre o feto, após a absorção pelo
organismo materno.

Um único cigarro fumado por uma gestante é capaz de acelerar,


em poucos minutos, os batimentos cardíacos do feto, devido ao
efeito da nicotina sobre o seu aparelho cardiovascular. Assim, é

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fácil imaginar a extensão dos danos causados ao feto, com o uso
regular de cigarros pela gestante.

Os riscos para a gravidez, o parto e a criança não decorrem


somente do hábito de fumar da mãe. Quando a gestante é
obrigada a viver em ambiente poluído pela fumaça do cigarro ela
absorve as substâncias tóxicas da fumaça, que pelo sangue passa
para o feto. Quando a mãe fuma durante a amamentação, a
nicotina passa pelo leite e é absorvida pela criança.

Efeitos da Fumaça sobre a Saúde da Criança

Se a mãe fuma depois que o bebê nasce, este sofre


imediatamente os efeitos do cigarro. Durante o aleitamento, a
criança recebe nicotina através do leite materno, havendo
registro de intoxicações atribuíveis à nicotina (agitação, vômitos,
diarréia e taquicardia) em filhos de mães fumantes de 20 ou mais
cigarros por dia. Em recém-nascidos, filhos de mães fumantes de
40 a 60 cigarros por dia, observou-se acidentes mais graves
como palidez, cianose, taquicardia e crises de parada respiratória,
logo após a mamada.

Estudos mostram que crianças com sete anos de idade, nascidas


de mães que fumaram 10 ou mais cigarros por dia durante a
gestação, apresentam atraso no aprendizado quando comparadas
a outras crianças: observou-se atraso de três meses para a
habilidade geral, de quatro meses para a leitura e cinco meses
para a matemática.

Há também uma maior prevalência de problemas respiratórios


(bronquite, pneumonia, bronquiolite) em crianças de zero a um
ano de idade que vivem com fumantes, em relação àquelas cujos
familiares não fumam. Observa-se que, quanto maior o número
de fumantes no domicílio, maior o percentual de infecções
respiratórias, chegando a 50% nas crianças que vivem com mais
de dois fumantes em casa.

É, portanto, fundamental que os adultos não fumem em locais


onde haja crianças, para que não as transformem em fumantes
passivos.

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Substâncias da Fumaça do Cigarro

Quando cigarros industrializados ou de fumo-de-rolo, cachimbos


e charutos são acesos, algumas substâncias são inaladas pelo
fumante e outras se difundem pelo ambiente. Essas substâncias
são nocivas à saúde.

Todas as formas de uso do tabaco, inclusive os cigarros com


mentol, filtros especiais, com baixos teores (light, extra-light)
etc. têm uma composição semelhante, não havendo, portanto,
cigarros "saudáveis" ou cachimbos e charutos que façam menos
mal. Isso ocorre porque, mesmo escolhendo produtos com
menores teores de alcatrão e nicotina, os fumantes acabam
compensando essa redução, fumando mais cigarros por dia e
tragando mais freqüente ou profundamente, ou seja, fazendo
outras modificações compensatórias em conseqüência da
dependência à nicotina.

A fumaça do cigarro é uma mistura de cerca de 5 mil elementos


diferentes. Ela é formada pelos seguintes componentes:

Nicotina - considerada droga pela OMS. Sua atuação no


sistema nervoso central é como a da cocaína, com uma
diferença: chega entre 2 e 4 segundos mais rápido ao
cérebro que a própria cocaína. É uma droga psicoativa,
responsável pela dependência do fumante. É por isto que o
tabagismo é classificado no Código Internacional de
Doenças (CID-10) como grupo dos transtornos mentais e
de comportamento decorrentes do uso de substâncias
psicoativas. A nicotina aumenta a liberação de
catecolaminas, acelerando a freqüência cardíaca, com
conseqüente vasoconstricção e hipertensão arterial.
Provoca uma maior adesividade plaquetária, e juntamente
com o monóxido de carbono leva à arterosclerose. Contribui
assim para o surgimento de doenças cardiovasculares. No
aparelho gastrointestinal, a nicotina estimula a produção de
ácido clorídrico, podendo levar ao aparecimento de úlcera
gástrica. Também estimula o sistema parassimpático, o que
pode causar diarréia. A nicotina libera substâncias
quimiotáxicas, que vão atrair para o pulmão os leucócitos
neutrófilos polimorfonucleares, a maior fonte de elastase,
que destrói a elastina e provoca o enfisema pulmonar
(Orleans e Slade, 1993; Rosemberg, 1996).

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Monóxido de Carbono (CO) - tem afinidade com a
hemoglobina (Hb), contida nos glóbulos vermelhos do
sangue, que transportam oxigênio para os tecidos de todos
os órgãos do corpo. A ligação do monóxido de carbono com
a hemoglobina forma o composto chamado
carboxihemoglobina, que dificulta a oxigenação do sangue,
privando alguns órgãos do oxigênio e causando doenças
como a arterosclerose.
Alcatrão - composto de mais de 40 substâncias
comprovadamente carcinogênicas que incluem o arsênio,
níquel, benzopireno e cádmio. Carcinogênios são
substâncias que provocam câncer como os resíduos de
agrotóxicos nos produtos agrícolas, como o DDT, e até
substâncias radioativas, como é o caso do polônio 210 e do
carbono 14, todos encontrados no tabaco.

Vale ressaltar que as substâncias da fumaça do cigarro têm


efeitos sobre a saúde do fumante, mas também sobre a saúde do
não-fumante, exposto à poluição do ambiente causada pelo
cigarro.

Cigarros de Baixos Teores

O modo de fumar é determinado pela necessidade do fumante


em consumir nicotina (que lhe traz a sensação de satisfação). Os
fumantes utilizam artifícios para alcançar tal sensação ao
fumarem cigarros com baixos teores, dando tragadas mais
profundas. Assim, aumentam o número de tragadas por cigarro,
aumentam o número de cigarros fumados e bloqueiam os orifícios
de ventilação dos filtros para aumentar a concentração de fumaça
inalada durante a tragada.

Esses artifícios são conhecidos como compensação e têm sido,


extensivamente, documentados na literatura científica, sendo
bem conhecidos da indústria do tabaco há mais de 20 anos.
Testes demonstram que, em "condições de fumo realísticas",
existe uma diferença muito pequena entre os cigarros
denominados "light" e os comuns. Na verdade, eles podem até
produzir quantidades maiores de alcatrão, nicotina e monóxido
que os cigarros tradicionais testados.

Um estudo realizado na Inglaterra por Kozlowski et al.(1999)


demonstrou que 58% dos filtros de cigarros examinados,
apresentavam sinais de bloqueio significativo e 19%, sinais de

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bloqueio total. A partir dos resultados de uma pesquisa realizada
em 1998, a ASH e The Observer mostraram que os cigarros com
baixos teores podem propiciar os mesmos teores que um cigarro
tradicional, caso o fumante assim o queira e utilize apenas um
dos mecanismos compensatórios antes citados.

Por mais que a indústria do fumo afirme que realiza pesquisas


visando ao desenvolvimento de produtos alternativos, na
verdade, ela estuda produtos e formas de distribuir a nicotina em
dispositivos que contenham menos teor de determinadas
substâncias, como o alcatrão, por exemplo, e mantendo a
nicotina, que causa a dependência.

Como parar de fumar

Saiba que 95% dos fumantes deixam de fumar sozinhos, sem


participar de nenhum programa de apoio. Você também pode
conseguir!

Que tal começar fazendo um teste para conhecer melhor seu


padrão de fumar?

1- Quanto tempo após acordar você fuma o primeiro


cigarro?
Dentro de 5 minutos = 3
Entre 6-30 minutos = 2
Entre 31-60 minutos = 1
Após 60 minutos = 0
2 - Você acha difícil não fumar em lugares proibidos?
Sim = 1
Não = 0
3 - Qual o cigarro do dia traz mais satisfação?
O primeiro da manhã = 1
Outros = 0
4 - Quantos cigarros você fuma por dia?
Menos de 10 = 0
De 11 a 20 = 1
De 21 a 30 = 2
Mais de 31 = 3
5 - Você fuma mais frequentemente pela manhã?
Sim = 1
Não = 0

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6 - Você fuma mesmo doente,quando precisa ficar na cama
a maior parte do tempo?
Sim = 1
Não = 0

Confira o seu grau de dependência do cigarro:

0 - 2 pontos = muito baixo


3 - 4 pontos = baixo
5 pontos = médio 6 - 7 pontos = elevado
8 - 10 pontos = muito elevado

Agora avalie seu resultado:

- Se você atingiu até 4 pontos, poderá ser mais fácil


conseguir parar de fumar.
- Se conseguiu 5 pontos, procure se informar mais sobre os
problemas relacionados ao tabagismo.
- Se somou entre 6-10 pontos, procure a ajuda de seu
médico de confiança para ajudá-lo a parar de fumar.

Em qualquer resultado é possível você conseguir parar de fumar.

Pare agora!

Sabemos que não existe um momento ideal, mas procure parar


de fumar quando não estiver vivenciando situações muito
estressantes.

Para se deixar de fumar existem alguns métodos que você pode


utilizar sozinho:

- parada abrupta:
deixa-se de fumar de uma vez só, abandonando totalmente o uso

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de cigarros de uma hora para outra;

- parada gradual:
possui duas formas para se abandonar o cigarro

1) a primeira é a redução do número de cigarros. Por


exemplo:
Um fumante de 30 cigarros por dia, no primeiro dia fuma os
30 cigarros usuais.

No segundo 25
No terceiro 20
No quarto 15

No quinto 10
No sexto 5

O sétimo dia, seria a data para deixar de fumar e o


primeiro dia sem cigarros.

2) a segunda modalidade é o adiamento da hora do


primeiro cigarro. Por exemplo:
No primeiro dia começa a fumar às 9 horas

No segundo dia às 11 horas


No terceiro dia às 13 horas

No quarto dia às 15 horas


No quinto dia às 17 horas

No sexto dia às 19 horas

O sétimo dia, seria a data para deixar de fumar e o


primeiro dia sem c

igarro.

Atenção!
Se você decidir deixar de fumar com uma estratégia gradual, não
deve gastar mais do que duas semanas nesta tentativa, pois isto
pode se tornar uma forma de adiar e não uma forma de parar de

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fumar. O mais importante é planejar uma data e determinar
que seja seu primeiro dia como ex-fumante.

QUE DIFICULDADES VOCÊ PODE ENCONTRAR EM PARAR DE


FUMAR?

Quando você fuma fica dependente de uma droga chamada


nicotina. Assim, se você tem uma grande necessidade de fumar,
é porque você está dependente da nicotina. Ela funciona como
todas as drogas que causam dependência (como álcool, cocaína
ou heroína). É normal, portanto, que os primeiros dias sem
cigarros sejam os mais difíceis.

O QUE VOCÊ PODE SENTIR AO PARAR DE FUMAR?

Alguns indivíduos quando param de fumar apresentam alterações


físicas - ansiedade, dificuldade de concentração, irritabilidade,
desejo incontrolável de fumar ("fissura"), entre outras, isto é
chamado síndrome de abstinência. A maioria desses sintomas se
inicia algumas horas após parar de fumar e atinge intensidade
máxima dentro de 24 a 48 horas, diminuindo gradativamente,
durante um período de até duas semanas.

ACREDITE, VONTADE É COISA QUE DÁ E PASSA!

PREPARE-SE PARA FUGIR DAS ARMADILHAS E NÃO


VOLTAR A FUMAR.

AÍ VÃO ALGUMAS DICAS:

* beba muita água (vários copos por dia);

* mastigue balas ou chicletes dietéticos;

* faça caminhadas;

* faça exercícios de relaxamento (respire profundamente e


procure relaxar os músculos do corpo);

* evite tomar café e bebidas alcoólicas;

* escove os dentes imediatamente após as refeições;

* fique atento às situações de estresse, o cigarro não resolverá

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seus problemas;

* comece um novo esporte, aprenda a dançar, passeie de


bicicleta;

* modifique seus hábitos antigos, procure novas atividades e a


lternativas para o seu lazer.

Se você não conseguir parar de fumar desta vez, NÃO


DESANIME!

A recaída não deve ser vista como fracasso. Tente novamente.

Se sentir muita dificuldade procure orientação médica. Somente


um profissional poderá avaliar a possibilidade de utilização de
outros métodos, como a reposição de nicotina.

Cuidados que Você Deve Ter ao Parar de Fumar

O indivíduo que decide deixar de fumar pode apresentar alguns


sintomas. Eles são passageiros e podem persistir por algumas
semanas, mas desaparecem com o passar do tempo, pois são
causados pela dependência que a nicotina provoca no organismo,
que foi intoxicado durante anos e precisa de tempo para livrar-se
desta substância e passar a funcionar livre da influência dela.
Conheça os possíveis efeitos transitórios da suspensão da
nicotina e como superá-los:

TOSSE - Com a recuperação dos cílios dos brônquios, o ex-


fumante passa a ter condições de expulsar as substâncias nocivas
que ficaram nas vias respiratórias, inaladas enquanto fumava.
Logo, não se deve evitar a tosse. Ela faz com que os pulmões
fiquem limpos e cederá espontaneamente quando não for mais
necessária.

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INDISPOSIÇÃO GÁSTRICA, DIARRÉIA OU PRISÃO DE
VENTRE - É necessário adaptar a dieta conforme a alteração
apresentada. Em poucos dias aparelho digestivo se normalizará.

GANHO DE PESO - Isto ocorre a alguns ex-fumantes e até serve


como desculpa para muitos fumantes não deixarem de fumar. A
preparação adequada para deixar o fumo deve incluir a prática de
exercícios e uma dieta balanceada, pobre em gordura e açúcares
e rica em verduras, vegetais e frutas frescas.

O fumante também pode sentir sintomas como irritação,


mudança de humor, insônia e falta de concentração.É importante
observar que esses efeitos não são demorados. Eles só duram
algumas semanas. Se eles persistirem por mais tempo, é porque
outra causa está em jogo. Neste caso, o ex-fumante deve
procurar seu médico para avaliar o estado geral de sua saúde.

Fonte:
MINISTÉRIO DA SAÚDE. INSTITUTO NACIONAL DE CÂNCER.
COORDENAÇÃO NACIONAL DE CONTROLE DE TABAGISMO - CONTAPP.
"Falando Sobre Tabagismo". Rio de Janeiro, 1996.
MINISTÉRIO DA SAÚDE. INSTITUTO NACIONAL DE CÂNCER.
COORDENAÇÃO NACIONAL DE CONTROLE DE TABAGISMO - CONTAPP.
"Como Implantar Um Programa de Tabagismo". Rio de Janeiro, 1996.
Copyright © 1996-2001 INCA - Ministério da Saúde

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