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Trabalho Final
“Saída de Campo à Serra de Monchique:
Foia – Cascata do Barbelote”
ÍNDICE
3. Bibliografia Página 13
4. Anexos
Guia da Saída de Campo Página 15
Itinerário Página 21
FUNDAMENTAÇÃO DO TRABALHO
Dada a importância do trabalho de campo no ensino das Ciências, e em particular da Geologia, foi
por nós, decidido elaborar um guião, que se encontra em anexo, com vista à realização de uma saída
de campo, à região da Serra de Monchique.
Esta atividade será pensada e planificada, para as turmas do 10º ano de escolaridade, realizada em
articulação com as disciplinas de Biologia e Geologia, Físico-química e Educação Física e mobilizando
aprendizagens (verticais) anteriores de geografia de 7º ano.
Desta forma, a saída de campo será enquadrada nas seguintes unidades de ensino:
• Na disciplina de Biologia e Geologia – “Interações entre os subsistemas da Terra (A Terra e os
seus subsistemas; Interações dos subsistemas)”;
• Na disciplina de Geografia - “Localização geográfica absoluta e relativa” e “Formas de Relevo”.
• Na disciplina de Físico-química – “Determinar, experimentalmente, a densidade relativa”
Nas aulas anteriores à saída de campo, os alunos serão informados sobre o material a levar na
visita e quais os procedimentos a ter em conta. Consideramos que o contacto com o guião neste
momento é fundamental, para que a observação seja intencional, pensada, significante e sistemática.
Posteriormente, os alunos serão avaliados através do preenchimento do guião da saída de
campo e a realização de um trabalho de grupo (grupos de trabalho previamente definidos), em que
será dada a opção de elaborarem cartazes, folhetos, filmes ou PowerPoint.
A Serra de Monchique localiza-se no sector norte do Barlavento Algarvio, cujo ponto mais
elevado é o mais alto do Algarve. Do ponto de vista geomorfológico, encontra-se dividido em duas
elevações principais: a Fóia (902m), na parte ocidental, e a Picota (773m), na parte oriental (figura 2).
A serra constitui um obstáculo à condensação dos ventos marinhos que se dirigem para o
continente carregados de vapor de água, o que provoca o fenómeno “chuvas orográficas”. Assim,
chove muito mais em Monchique do que no resto do Algarve, podendo a precipitação na Fóia atingir
valores três vezes superior aos que se verificam na costa algarvia.
Por este motivo, o clima de Monchique caracteriza-se por ser mais suave em relação ao resto
do Algarve, existindo no Inverno uma elevada pluviosidade e temperaturas baixas e, no Verão, fraca
humidade e temperaturas elevadas, podendo verificar-se amplitudes térmicas anuais na ordem dos
13ºC. Em média, num ano, existem cerca de 74 dias em que a temperatura máxima ultrapassa os
25ºC. A maioria da chuva cai entre novembro e abril, com um máximo em janeiro. Em contrapartida,
de junho a setembro, só chove 2% do total anual. O vento é geralmente moderado, predominante do
Noroeste e de vez em quando de Sul. O bioclima da Fóia classifica-se como Mesomediterrânio
hiperhúmido, em contraste com o Termomediterrânico húmido típico de Monchique e das Caldas de
Monchique.
Adaptado: (http://www.cima.ualg.pt/valemon/clima.html (2009), https://www.cima.ualg.pt/en/research/research-areas (23/02/2022).
Assim, e devido ao facto de estar próxima do mar, possui um clima com precipitações médias
anuais entre os 1000 e os 1400 mm, que associadas a temperaturas amenas permite a existência de
uma vegetação rica e variada, onde se inclui, entre outras espécies, o raríssimo carvalho-de-
monchique (Quercus canariensis) e a bela adelfeira (Rhododendron pontium), bem como espécies
raras no sul de Portugal, tais como o castanheiro (Castanea sativa).
Nesta serra existe um importante complexo termal, Caldas de Monchique, rodeado por um
parque de vegetação luxuriante. As nascentes das "Caldas de Monchique" estão relacionadas com a
circulação de água em profundidade no interior do maciço eruptivo sub-vulcânico de Monchique.
Este afloramento é atravessado por um vale de fractura de direcção NE-SW, ao longo do qual
emergem as nascentes termais, numa área bastante restrita e nas proximidades da zona de contacto
da intrusão sienítica com a rocha encaixante.
(http://e-geo.ineti.pt/bds/recursos_geotermicos/Ocorrencias/50_monchique.htm, 23/02/2022).
A Serra de Monchique é constituída por uma grande variedade de rochas, cuja idade,
estrutura e origem também são variadas. O maciço ígneo que constitui a maior parte da serra e
ocupa totalmente as suas zonas mais elevadas, trata-se de um corpo plutónico e apresenta uma
forma aproximadamente elíptica, com direcção E-O, e aflora em cerca de 80 Km2. A instalação do
maciço terá ocorrido há 72 milhões de anos (Ma), no Cretácico Superior (figura 2). A idade foi
determinada através do método de datação radiométrica (Rb-Sr e K-Ar) (Rock, 1983).
O maciço teve origem em magmas alcalinos, pobres em sílica, provenientes do manto que
ascenderam, através de falhas profundas pré-existentes, até à crosta superior. Propõe-se que a
intrusão terá resultado de várias pulsações de magma, todas elas derivadas do mesmo reservatório
sub-vulcânico (Rock,1983).
Neste maciço, a principal diferenciação efectua-se entre dois tipos de sienitos:
• O sienito nefelínico homogéneo nuclear (com teor de nefelina até 40%) - figura 5, que
se pode encontrar na zona da Picota e no lugar da Nave.
• O sienito nefelínico heterogéneo de bordo (com menor teor de nefelina, que pode
variar entre os 10% e os 30%) – figura 4, que se pode encontrar nas Caldas de
Monchique e na Fóia.
Para além da nefelina, o sienito nefelínico é constituído por outros minerais, nomeadamente
a biotite, piroxenas, anfíbolas e feldspatos.
Como se observa na figura 6, o maciço ígneo é constituído por cerca de 90% de sienitos
nefelínicos, existindo, em menor quantidade, outros tipos de rochas, tais como, gabros com
feldspatóides e formações brechóides (Rock, 1983; González-Clavijo & Valadares, 2003).
Além das unidades referidas, o Maciço Alcalino de Monchique, bem como as rochas
encaixantes do Paleozóico, encontram-se cortados por inúmeros filões que variam na composição,
espessura e orientação.
O maciço instalou-se nos metassedimentos que constituem a crosta superior no local – xistos
argilosos e grauvaques formados há 310 Ma (Carbonífero), proporcionando o Metamorfismo de
Contacto (figura 3). Em resultado da intrusão do maciço ígneo nos metassedimentos encaixantes,
formou-se uma auréola de metamorfismo de contacto, em redor do corpo intrusivo. Esta auréola de
metamorfismo, junto à rocha intrusiva, é formada por corneanas que apresentam um aspecto
maciço, elevada dureza e tonalidades cinzento-escuras a negras (Rock, 1983; González-Clavijo &
Valadares, 2003).
O maciço de Monchique faz parte da Província Ígnea Alcalina Ibérica que engloba os outros
dois maciços ígneos portugueses, situados mais a norte (Sines e Sintra), o Complexo Vulcânico de
Lisboa, vários afloramentos de rochas intrusivas nas bacias mesozóicas portuguesas, o Maciço do
Monte Ormonde e ainda várias intrusões nos Pirinéus (Rock, 1983; González-Clavijo & Valadares,
2003).
Em termos tectónicos e desde a instalação do maciço de Monchique, no Cretácico Superior, e
até ao Paleogénico verificam-se fenómenos compressivos, devido à convergência da Placa Africana
com a Placa Euro-asiática, o que obrigou a uma rotação horária e consequente deformação dos
terrenos que actualmente constituem a Península Ibérica, conduzindo à formação, mais a Norte, do
Golfo da Biscaia.
O Maciço de Monchique num curto intervalo de tempo passou de um ambiente magmático,
de temperaturas elevadas, para um ambiente de temperaturas baixas (+/-90ºC) (Terrinha et al.,
2006).
Após a instalação do complexo magmático este começou a sofrer exumação. Há medida que a
exumação do maciço ocorreu, as corneanas da auréola de metamorfismo funcionaram como uma
capa protectora do maciço, retardando a sua meteorização e erosão, conservando-a até ao estado
actual. No entanto, e como testemunho destes dois processos, é possível observar no local a
existência do Caos de Blocos.
N Odeceixe
Lisboa
Monchique
Faro
50 km
Alzejur
Barranco
do Velho
Silves
V. R. Sto.
Loulé António
Tavira
Portimão
Lagos
Albufeira Quarteira
Faro
Cabo de Sagres 0 20 km
São Vicente
Ponta de
Sagres
Alto Fundo de
Sub-bacia Ocidental Budens-Lagoa Sub-bacia Oriental Maciço intrusivo de Monchique (+/- 72
Holocénico Cretácico Inferior
Ma)
Algarve Ocidental Algarve Central Algarve Oriental
Plistocénico Jurássico Superior Falha
Serra de Monchique
A lje z u r
500
300
200 2
3
100
4
200 V.R. Sto .
Tavira Ant ónio
Port imão
Lagos Quarteira
Al bufei ra
Sagr es F a ro
Cabo de 0 20 km
São Vicente
Ponta de
Sagres
L i t o r al M e r i d i o n al
B a r la v e n t o S o t a v e nt o
Figura 3 – Maciço Ígneo de Monchique (Penetra et al., (2009); A Geologia e a génese da Serra de
Monchique)
Figura 4: Figura 5:
Figura 6 – Mapa geológico do Maciço Ígneo de Monchique (adaptado de Clavigo e Valadares, 2003)
A Saída de Campo irá contemplar quatro paragens. De seguida iremos apresentar as propostas de
actividade para cada uma delas, tendo em vista a orientação dos trabalhos dos alunos no campo. O
texto será acompanhado por anotações e algumas fotografias, realizadas no dia 27 de Junho de 2009.
O sienito nefelínico é constituído, para além da A corneana é uma rocha que resulta do metamorfismo
nefelina, por outros minerais, nomeadamente a dos xistos e grauvaques, por contacto com um corpo
biotite, piroxenas, anfíbolas e feldspatos (ortoclase magmático. Apresentam um aspecto maciço, elevada
e microclina). dureza e tonalidades cinzento-escuras a negras
Local B
• Observação da Meteorização do Sienito.
Local C
• Observação e interpretação das intrusões filonianas (lamprófiros).
3ª Paragem – Foia
Local A
• Observação e interpretação do Caos de Blocos, relacionando com os fenómenos de
meteorização e erosão dos sienitos.
Local B
• Visualização das formas de relevo e discussão sobre os fenómenos tectónicos que terão
conduzido à instalação e formação do maciço de Monchique.
Local C
• Observação da Brecha Sienítica e discutir o Princípio da Inclusão, fazendo a datação relativa.
2. BIBLIOGRAFIA
Adaptado:
• Adaptado: ODIS10DP © Porto Editora;
• Boucinha, N e Santos, J (2009)
Livros
Internet
• http://e-geo.ineti.pt/bds/recursos_geotermicos/Ocorrencias/50_monchique.htm
• https://viaalgarviana.org/529/pr5-mcq---percurso-pedestre-das-cascatas-monchique
• http://www.cima.ualg.pt/valemon/geologia.html
• http://www.cima.ualg.pt/valemon/clima.html
3. ANEXOS
NOME DO GRUPO
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ELEMENTOS DO GRUPO:
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Objectivos
Material
➢ Guião da saída.
➢ Máquina fotográfica.
➢ Martelo de geólogo.
➢ Lápis e caneta.
➢ Roupa e calçado leve.
➢ Garrafa de água.
Procedimentos
Para cada paragem o grupo de trabalho vai ouvir e registar as informações consideradas
necessárias, fotografando os aspectos geomorfológicos observados.
Em cada local realiza as actividades propostas.
Recorda-te que é importante estar atento e participativo e manter uma postura correcta e
tranquila, de forma a conservar o estado e a tranquilidade dos locais visitados.
Não recolhas qualquer material geológico sem a autorização do teu professor. Participa na
conservação do nosso Património Geológico!
Local B
1. Observa atentamente o sienito alterado e explica as transformações sofridas.
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Local C
1. Faz uma representação esquemática do que observas.
2. Faz a datação relativa das rochas (filão e sienito), recorrendo ao Princípio da Intercepção.
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1. Observa o sienito nefelínico que existe no local, recorrendo aos fragmentos provenientes da
pedreira da Nave. Compara-o com o observado na paragem anterior.
Regista as tuas conclusões.
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2. Enquanto descansas um pouco, reflecte em grupo, sobre a existência da pedreira que existe
no lugar da Nave, e regista as tuas emoções.
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3ª Paragem – Fóia
Agora que já almoçaste, nada melhor do que fazer um pequeno passeio! Assim proponho um
percurso pedestre, em que vais visitar três locais diferentes.
Local A
1. Analisa e interpreta a formação que observas, relacionando com os fenómenos de
meteorização e erosão dos sienitos. Faz os teus registos.
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Local B
1. Observa a paisagem, as suas formas de relevo e sua vegetação. Regista as informações
necessárias
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Local C
1. Observa a Brecha Sienítica (figura 1) e faz a datação relativa das rochas (sienito e xenólito),
recorrendo ao Princípio da Inclusão.
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Figura 1: Brecha Sienítica
Bom Trabalho!
Itinerário