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REPÚBLICA DE ANGOLA
GOVERNO PROVINCIAL DO HUAMBO
DIRECÇÃO PROVINCIAL DA EDUCAÇÃO, CIÊNCIA E TECNOLOGIA
COORDENACÃO PROVINCIAL DE GEOLOGIA
COORDENAÇÃO DE GEOLOGIA
Ao juntarmos uma grande gama de bibliografia e, inclusive, fazermos várias consultas a alguns
dos sites da Internet, foi nossa intenção proporcionarmos aos nossos alunos e também colegas, um
instrumento de ajuda na preparação das aulas.
Não é um trabalho acabado, de certeza, mas reflecte na sua maior parte a intenção de um grupo de
Professores de Geologia da Escola do II Ciclo do Ensino Secundário “Comandante
Vilinga”/Huambo, de enriquecer a bibliografia dos nossos alunos e professores desta disciplina. É
um trabalho que a qualquer momento poderá ser enriquecido por alunos, professores ou outras
pessoas bem-intencionadas, já que a ciência está em constante evolução e, todos os dias, surgem
novos dados científicos.
Este fascículo, que tentamos elaborar com o maior cuidado possível, numa linguagem simples,
clara e acessível para todos, não fugindo ao nível dos nossos alunos, foi enriquecido com
gravuras, fotos (muitas delas reflectindo a realidade da província do Huambo – retirados dos
nossos arquivos pessoais), esquemas e gráficos científicos retirados de bibliografia dispersa que
juntamos. Não foi esquecida a linguagem científica, fulcro principal do nosso processo de ensino
e aprendizagem.
Nestes apontamentos, os dados mais recentes referem-se aos anos de 2015. Estamos a completá-
los paulatinamente para que no próximo ano lectivo ou mesmo no fim do 3º Trimestre mais dados
sejam incluídos. Pelo facto, as nossas sinceras e compreensivas desculpas pelos transtornos que
poderão causas aos nossos colegas professores e aos nossos estimados alunos.
Para completar e enriquecer o trabalho, ele sofreu uma leitura crítica de alguns de professores de
Geologia tendo sido uma contribuição excelente do ponto de vista científico e técnico para a qual
não encontramos palavras para agradecer.
Gostaríamos finalmente agradecer a todos quantos directa ou indirectamente, com a sua força
moral, conhecimento, bibliografia e incentivo permitiram que este trabalho fosse publicado.
Esperamos pela sua contribuição crítica, mas construtiva. Porque “A Critica só é válida quando
contribui para melhoria”.
A Coordenação
Elaborado por: Margarido António – Para uso pelos alunos da 12ª classe da Área de Conhecimento de Físicas e Biológicas da Escola do II Ciclo
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Apontamentos de Geologia – 12ª Classe 2023
TEMA 1: GEODINÁMICA EXTERNA
Generalidades
Quando falamos em dinâmica, estamos a falar de movimento. Se Geo = Terra, Geodinâmica nos
fala do movimento da terra.
A geodinâmica é um dos ramos da geologia que, em conjunto com a geofísica, está encarregue
de estudar e explicar os movimentos que ocorrem na superfície e no interior da terra. Explica as
causas, as origens e os efeitos destes movimentos ao longo dos tempos.
Para a maioria de nós, a paisagem natural não se altera, é estática. Excepto quando ocorrem
calamidades como erupções vulcânicas ou grandes tremores de terra, a paisagem geológica não
muda de forma perceptível durante o tempo de várias gerações humanas. Mas a Terra, durante
o seu tempo de "vida" é altamente dinâmica, tendo testemunhado transformações
extraordinárias. "Viu" formarem-se e desaparecerem oceanos e cadeias montanhosas,
"observou" a ascensão e a queda de ainúmeras espécies de seres vivos... O registo destes
eventos está nas rochas.
A Geodinâmica Interna, por sua vez, se encarrega do estudo e explicação das causas e efeitos
dos movimentos que ocorrem no interior da terra. São exemplos destes os movimentos
sísmicos, terramotos, maremotos, etc., no seu geral, os movimentos das placas tectónicas, as
transformações que ocorrem no interior da terra.
1.1.1- Meteorização
É a alteração provocada pelos agentes atmosféricos ou de meteorização, tais como a água, o ar, as
mudanças de temperatura e outros factores ambientais que modificam as características químicas
e físicas das rochas à superfície.
Os efeitos da meteorização são facilmente identificáveis nas rochas e na superfície terrestre e são
facilitados se as rochas apresentarem fissuras (rachas) ou houver descontinuidades entre as
superfícies. Afloramentos: os maciços rochosos que afloram a superfície.
A meteorização altera a rocha, desagregando-a, sem que haja transporte de partículas. Pode ser de
dois tipos: A Meteorização Física e a Meteorização Química.
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Este tipo de meteorização provoca nas rochas uma desagregação em fragmentos cada vez
menores, mas retêm as características do material original.
São os seguintes os agentes externos que podem actuar sobre as rochas e acelerarem a sua
meteorização (fragmentação):
Meteorização pela ação do Gelo ( crioclastia): A água que penetra nos interstícios e
poros da rocha pode congelar por abaixamento da temperatura, aumentando de volume
(fenómeno de gelo/degelo). A pressão exercida, provoca o alargamento das fissuras e,
consequentemente, a sua desagregação.
Meteorização por alivio de pressão (descompressão à superfície): Quando as rochas
que se formam em profundidade são aliviadas da carga suprajacente, a parte exposta
expande-se, enquanto a parte profunda contínua sob pressão. Podem produzir-se
diáclases (plano que separa ou tende a separar em duas partes uma unidade rochosa,
sem haver separação dos bordos) paralelas a superfície, que favorecem a separação do
maciço rochoso em placas;
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Exemplo do tipo de meteorização causada por actividade biológica – Zona da “Pedra Cuca”/Huambo
(Foto: Arquivo do Prof. Margarido/2004)
O Clima é o factor que mais influencia a meteorização. Este facto é evidenciado pela observação
de meteorização nas zonas temperadas, tropicas, polares e desérticas.
O tipo e extensão de meteorização são devidos em grau elevado a acção da água. A taxa de
meteorização numa determinada região é influenciada pela taxa de evaporação, as variações
sazonais, a infiltração e a intensidade das águas produto de precipitações.
Este tipo de meteorização implica um grande número de reacções químicas entre os elementos da
atmosfera e os minerais que constituem as rochas. As rochas são decompostas, a estrutura interna
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dos minerais pode ser destruída e novos minerais se podem constituir – minerais de neoformação.
Implica uma significativa mudança na composição química e no aspecto físico da rocha.
A Meteorização química não ocorre sem a presença de água que actua como meio de transporte
dos elementos atmosféricos para os minerais das rochas, facilitando as reacções químicas. Ela
remove os elementos alterados, expõe novamente a rocha não alterada à meteorização. Por esse
motivo é que a taxa e o grau de meteorização são influenciados pele precipitação.
As reacções químicas que implicam a decomposição das rochas pelos elementos da atmosfera são
complexas mas podemos considerar como principais: Dissolução, Carbonatação, Hidrólise e
Oxidação.
Dissolução:
Quanto maior for o pH (acidez) da água, maior será a sua capacidade dissolvente., o que
acontece com frequência na natureza. Por exemplo, o CO2 atmosférico ou o existente
nos solos pode reagir com a água, formando ácido carbónico, que se dissocia. A Equação
desta reacção é a seguinte:
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Carbonatação:
Quando as águas ácidas reagem com minerais existentes nas rochas, por exemplo o
calcário, formando produtos solúveis. Assim, são alterados e destruídos por um processo
químico cuja equação da reacção é:
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Ca(HCO3)2 CaCO3 + H2 O + CO2
Bicarbonato Carbonato Dióxido
Água
de cálcio de cálcio de carbono
A seguir temos um esquema que representa resumidamente tudo que aprendemos. Vamos revisar?
O calcário contém, geralmente, sílica e argila misturadas, e como estas substâncias não
são solúveis, ficam no local, preenchendo bolsas e depressões. Esses depósitos,
geralmente avermelhados devido a presença de óxidos de ferro, denominam-se terra
rossa.
Hidrólise:
É uma reacção química específica em que os elementos do mineral reagem com os iões
H₊ ou OHˉ da água para formar um mineral diferente.
Acontece, por exemplo na meteorização dos feldspatos que abundam em vários tipos de
rochas, quer sob a forma de feldspatos potássicos quer de plagióclases. A meteorização
daqueles minerais leva a formação dos minerais de argila e denomina-se caulinização.
Claro que para que isso aconteça tem que haver necessariamente água e dióxido de
carbono. O dióxido de carbono que se encontra na atmosfera e no solo, dissolve-se na
água e forma o ácido carbónico (água ácida). Quando um feldspato potássico entra em
contacto com o ácido carbónico, ocorre uma reacção química que pode ser simplificada
na seguinte equação:
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O novo mineral de argila não contém potássio, que estava presente no mineral original, e
apresenta uma nova estrutura cristalina. Este processo leva a arenização, por exemplo, dos
granitos.
Oxidação e reduçcão
4FeO + O2 2Fe2O3
Óxido ferroso Óxido férrico (hematite)
Quanto maior for a temperatura, maior a oxidação. Logo, a alteração química pela
oxidação é mais intensa nos climas quentes e húmidos.
Note bem: Embora tenhamos considerado a meteorização física (também conhecida por
meteorização mecânica) e a meteorização química separadamente, não é isto que se passa na
natureza. A fracturação das rochas aumenta a superfície onde as acções químicas se realizam e a
meteorização química ocorre.
Numa determina região, um dos processos pode predominar sobre o outro, dependendo do clima e
do tipo de rocha existentes, mas os dois processos ocorrem em conjunto.
Nem todas as rochas reagem à meteorização da mesma forma. Há minerais que se alteram e
desaparecem rapidamente, originando novos minerais, mais estáveis nas condições existentes,
como no caso dos minerais de argila. Outros, como o quartzo são extremamente resistentes à
meteorização.
No caso das rochas, como o calcário, podem ser meteorizados a partir do interior, quando coberto
pelo solo, num clima húmido, em que haja infiltração de água.
Tudo isto depende da composição mineralógica da rocha que é o factor de primeira importância.
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A textura e o grau de fracturação da rocha também são muito importantes devido a influência
que tema porosidade e a permeabilidade, que condicionam a penetração da água.
Num trabalho bem estruturado, poderás explicar como alguns tipos de rochas reagem à
meteorização. Tome por exemplo o granito, o basalto, os arenitos, os calcários e as argilas.
Para estre trabalho podes consultar o Manual de Geologia da 12ª Classe ou o site da Internet
seguinte: www.google.co.ao e procure “meteorização das rochas”.
1.1.2 – Erosão
Como consequência da acção dos agentes meteóricos sobre as rochas, estas vão sendo
desagregadas originando fragmentos e grãos de diferentes dimensões, os chamados detritos ou
clastos.
A acção de desgaste e remoção dos diferentes detritos e soluções, que acontece a seguir ou em
simultâneo à meteorização, chama-se erosão. Os agentes são, praticamente, os mesmos que
actuam na meteorização.
A EROSÃO consiste basicamente em três etapas:
Desagragação do solo
Transporte de materiais
Depósitos de particulas nas areas mais baixas da paisagem.
Os tipos de erosão vão ser estudados, com maior pormenor, capitulos proprios.
Erosão eólica; erosão fluvial; erosão glacial; erosão marinha; erosao pluvial; erosao por gravidade
ersão por sulcos e erosão quimica.
Erosão quimica: envolve todod os processos quimicos que ocorrem nas rochas, havendo
intervenção de diversos factores como o calor , o frio, a água e os compostos biológicos.
Este tipo de meteorizaçao depende do clima , em climas polares e secos as rochas desgastam-se
pela mudança de temperatura ; e em climas tropicais quentes e temperados a humidade, a ´gua e
os dejectos orgânocos reagem com as rochas desgastando-os
O vento, por exemplo, tem uma acção importante principalmente nos locais onde os produtos da
meteorização não estão protegidos por vegetação ou outros obstáculos. O vento arranca detritos
incoerentes e secos. Este fenómeno denomina-se deflação.
Arrastando consigo os detritos arrancados, o vento, próximo do solo, provoca a erosão das rochas,
podendo originar um modelado designado por blocos pedunculados (massas rochosas escavadas na
parte inferior). Este tipo de erosão eólica denomina-se corrosão.
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A acção erosiva causada pelos diferentes tipos de águas (pluviais, fluviais, subterrâneas, lacustres,
marinhas, glaciares, etc.) é sobejamente conhecida. Por exemplo, a capacidade de erosão de um rio é
máxima quando experimenta grandes cheias e a sua água atinge grande velocidade. A velocidade de
desgaste do leito do rio depende do caudal, do declive, da natureza dos detritos arrastados e das rochas
constituintes do leito, e varia ao longo do curso do rio.
Como acabamos de ver os materiais resultantes da meteorização, normalmente, não ficam no seu
local de origem. São deslocados para outros locais pelos ventos, gravidade, águas (estado líquido e
sólido) – dissolução e detritos ou clastos- e seres vivos, particularmente pelo homem. Desta forma
ocorre o transporte.
Nos terrenos inclinados constituídos por rochas permeáveis (que se deixam atravessar facilmente pelas
águas), assentes numa camada argilosa, as águas infiltradas nos terrenos permeáveis “empapam-nos”,
provocando o seu deslizamento. Isto porque a força de gravidade é superior às forças, geralmente
friccionais (força de atrito), que se lhes opõem. Ou seja, é devido a acumulação de água entre os
detritos que a força transversal aumenta e diminui a força de fricção, desfazendo o equilíbrio entre
elas, iniciando o movimento de deslizamento dos terrenos. O mesmo fenómeno pode acontecer nos
terrenos inclinados das zonas frias por acção do degelo.
A deslocação dos materiais rochosos pode ser abrupta – avalancha – ou ocorrer mais lentamente,
provocando escorregamentos.
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A Solifluxão acontece geralmente em regiões de climas frios e húmidos. O Subsolo
impermeabilizado pelo gelo, permite a acumulação de água resultante do degelo e da água das
chuvas, o que faz com o solo, amolecendo, torna-se mais pesado e se desloque lentamente.
O Creep, ocorre geralmente em vertentes suaves e dos detritos deslocam-se praticamente grão a
grão e muito lentamente. Só conseguimos nos aperceber deste fenómeno pela observação da
inclinação dos postes de transporte d e corrente eléctrica, das árvores, muros de vedação de
habitações ou de outros pontos de referência que, com o tempo, aparecem inclinados.
Quando, para além da meteorização, a erosão desagrega a base de sustentação do talude,
acontecem os desabamentos ou derrocadas.
Os deslizamentos de terras têm causado prejuízos graves arrasando habitações, causando mortes,
destruindo vias de comunicação, etc.
Crosta de Meteorização
A Acção dos agentes atmosféricos sobre as rochas existentes na superfície do planeta produz,
como já vimos, alterações na natureza. O resultado é a formação de um manto mais ou menos
contínuo de materiais intensamente alterados, de espessura variável e características que
dependem, em detalhe, de diversos factores, entre os quais os mais importantes são a natureza da
rocha original e o clima existente na região. A isto chamamos Crosta de Meteorização.
1.2- Os Solos
Vimos, no tema anterior, como se produz a meteorização e quais são os seus principais produtos,
que são transportados até os locais de depósito. Mas há minerais e rochas que são produto deste
processo, que produzem uma acumulação in situ característica. Os mais comuns são os solos e os
regolitos.
Por sua vez, recebe o nome de solo o conjunto de materiais relativamente homogéneo, formado
por fragmentos da rocha original e de minerais neoformados durante o processo (argilas e
carbonatos), quando aparece estruturado, quer dizer, dividido numa série de bandas ou
horizontes, que se originam durante a evolução geológica.
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Podemos então dizer que o solo é uma camada de material não consolidado, mineral e orgânico,
que sofreu a influência de diversos factores genéticos e ambientais e que apresenta características
físicas, químicas, biológicas e morfológicas diferentes dos materiais originais.
Qualquer tipo de rocha pode contribuir para a formação dos solos. Podem formar-se solos
autóctones se forem originados no local da alteracao da rocha, ou solos alóctones se se
originados no por formações e depositos superficiais provenientes de rochas situadas em lugares
distante.
Constituintes do solo
De um modo geral, os solos são formados por uma fracção sólida, uma fracção líquida e uma
fracção gasosa.
- Fracção sólida – é formada por constituintes minerais (silicatos, óxidos e hidróxidos de ferro,
fragmentos da própria rocha mais ou menos alterados), por matéria orgânica (Restos e detritos de
seres vivos parcialmente decompostos pela macrofauna e pelos microrganismos do Solo) e por
diversos seres vivos;
A cobertura vegetal também pode contribuir para a formação do solo por acções mecânicas ou
químicas mas, sobretudo, fornece matéria orgânica que é transformada pelos decompositores em
húmus (que é uma substância negra ou castanho-escura, constituída por um conjunto de
compostos, entre os quais alguns ácidos orgânicos, responsável pela cor escura do solo).
A presença do húmus num solo melhora as suas qualidades físicas, químicas e biológicas,
tornando-o mais fértil. Assim o húmus:
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O solo se classifica de acordo as suas características físicas segundo a sua textura: fina ou grossa,
e por sua estrutura: floculada, agregada ou dispersa, o que define a sua porosidade que permite
uma maior circulação da água e, portanto, a existência de espécies vegetais que necessitam de
concentrações mais ou menos elevada de água e gases.
Textura do solo
Depois da destruição da matéria orgânica e analisada a fracção mineral do solo utilizando peneiras
calibradas, podemos encontrar a seguinte textura do solo:
A textura do solo é definida em função da percentagem de areia, limo ou silte e argila. Atendendo
a fracção predominante, os solos denominam-se argilosos, limosos ou arenosos.
Estrutura do solo
A estrutura do solo resulta da forma como se agregam as partículas primárias do solo (areia, limo
e argila) juntamente com outros componentes como a matéria orgânica e os sais (são os elementos
estruturais e têm formas características). Ou seja, a estrutura está relacionada com a presença no
solo de grandes moléculas minerais – argila – e orgânicas – húmus ou ácidos húmicos.
Saiba porém que, a textura e a estrutura dos solos são responsáveis pela sua porosidade e
permeabilidade.
A porosidade representa o volume dos espaços livres entre as partículas. Dela depende em grande
medida a circulação da água e do ar, o enraizamento dos vegetais e o desenvolvimento de outros
seres vivos.
O solo pode também classificar-se por características químicas, por seu poder de absorção dos
colóide e por seu grau de acidez (pH), que permite a existência de uma vegetação mais ou menos
necessitada de certos compostos. Essa vegetação pode ser acidófila, halófila, etc.
A análise química do solo tem por objectivo principal determinar o seu teor em elementos
nutritivos susceptíveis a serem utilizados pelas plantas e o seu grau de acidez.
Análise química de um bom solo evidencia a presença de dois grupos de elementos minerais:
Elementos maiores: entram na composição das substâncias fundamentais dos vegetais. São
exemplos: o azoto, o potássio, o cálcio, o magnésio. O enxofre e o ferro;
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Oligoelementos: encontram-se em doses infinitesimais nas plantas e são indispensáveis a vida
celular. São exemplos: o manganésio, o cobre, o zinco e o alumínio.
Estes elementos existem no solo sob a forma de iões livres em solução na água ou retidos nos
complexos argilo-húmicos. Daí a importância da sua circulação e da permeabilidade do solo.
Características biológicas
O tipo de humus (materia orgânica) representa a principal caracteristica de um solo
propriamente dito.dependendo de varios factores como o clima, o relevo, a natureza da rocha
maãe e a vegetação. Assim a natureza do humus está directamente relacionada com o seu meio
ambiente, classificando-se assim o humus em quatro categorias, segundo actividade biologica
decrescente ( de maior actividade biológica a menor actividade biológica:
Humus Mull ou doce
Humus mor ou bruto
Humus moder
Turfas ou turfeiras
Perfil de um solo
Assim como não se julga um livro pela sua capa, os solos tambem não podem ser setudados á
nivel superficial.
Perfil do solo é uma seção vertical que se inicia na superficie do solo até a camada da rocha não
alterada. O perfil do solo pode ser observado apartir de um pédon
Cada pédon é uma coluna exagonal correspondente a uma área de 1 a 10 metros quadrados e
de altura variavel. O conjunto de varios pédoné chamado polipédon.
Cada camada esposta num pédon constitui um horizonte.
Os horizontes são a base de classificação dos solos.
Num clima com chuvas abundantes o horizonte A conserva muito pouco dos seus
componentes originais . como explica este facto?
Por que pode afirmar-se que no solo há uma interação constante entre a biosfera e a
superficie da terra?
Tipos de Solos
Existem basicamente três tipos de solos: os não evoluídos, os pouco evoluídos e os evoluídos,
atendendo o grau de desenvolvimento do perfil, da natureza da evolução e o tipo de húmus.
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Os solos não evoluídos são brutos e com características muito aproximadas à rocha mãe. Apenas
têm matéria orgânica. Se são resultado de fenómenos erosivos podem ser regosoles (se se formam
sobre a rocha mãe branda) ou litosoles (se se formam sobre rocha mãe dura). Também podem ser
resultado de depósitos recentes de resíduos aluviais. Ainda podem ser solos climáticos, como
solos poligonais das regiões polares, os reg (ou desertos rochosos) e os ergs (dos desertos de
areia).
Os solos pouco evoluídos dependem em grande medida da natureza da rocha mãe. Existem três
tipos básicos: Os solos ránker, os solos rendzina e os solos de estepe.
Os solos ránker são mais ou menos ácidos e têm húmus do tipo morder ou mor. Podem ser fruto
da erosão, se estão numa pendente, de depósitos aluviais, ou climáticos, com os solos da tundra e
dos alpinos.
Os solos de rendzina se formam sobre uma rocha mãe carbonatada, como a caliza, e podem ser
fruto da erosão. O húmus típico é o mull e são solos básicos.
Os solos evoluídos têm todo o tipo de húmus e certa independência da rocha mãe. Os solos
típicos são os solos pardos, lixiviados, podosólicos, podsoles, ferruginosos, ferraliticos,
pseudogley, gley e holomórficos.
Os solos podsólicos são de cor ocre claro ou avermelhado. Tanto este como o anterior são típicos
dos climas temperados;
Os solos ferruginosos se desenvolvem nos climas quentes com uma estação seca muito marcada.
A este tipo de solo pertence o solo vermelho mediterrânico. Se caracteriza pela rubefacção dos
horizontes superficiais. Em ocasiões se desenvolve a terra rossa sobre a rocha mãe caliza;
Os solos ferraliticos se encontram em climas quentes e muito húmidos. A rocha mãe está alterada
e liberta óxidos de ferro, alumínio e silício. São solos lixiviados. Estes solos podem ter caparação
se forem submetidos a erosão ou migrações massivas de colóides;
Os solos gley são solos hidromorficos, nos quais o processo de decomposição da matéria
biológica se faz de maneira anaeróbica e a carga orgânica é abundante e ácida. Se encontram em
condições de água estancada. É um solo asfixiante, pouco propício para a vida. A presença de
água é permanente, como ocorre a berma dos rios e lagos. É de cor cinzenta esverdeada devido a
presença de ferro ferroso;
.
Os solos halomorfos apresentam abundância de cloreto sódico quer seja de origem marinho ou
biológico. Segundo o grau de lixiviação se distinguem:
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- Solonchaks aparecem em regiões com uma estação muito seca, devido a fenómenos de
migração ascendente dos colides salinos;
- Alcalinos, que aparecem em climas ligeiramente húmidos, se tratam de solos solonchaks que
recebem depósitos de água doce;
- Solods, que têm uma lixiviação mais intensa, o que permite que se produzam fenómenos de
podsolização.
Os tipos de solos podem ainda ser vistos em função do material parental de que é constituído ou
de que são originários.
- Aluviais: também conhecidos por fluviais, localizados ao longo da orla hidrográfica. Seu agente
formador é o rio. Possui textura heterogénea, forma mais ou menos esférica e sua disposição tende
a imbricação;
- Coluviais: Formam-se ao pé de um monte. Sua textura é heterogénea, suas formas são angulosas
e sub angulosas e sua disposição é anárquica;
- Eólicos: São produzidos por ventos, sua forma á homogénea e sua disposição é massiva;
- Vulcânicos: Produzidos pelas erupções vulcânicas. Sua forma é muito heterogénea, irregular e
disposição errante e caótica.
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Trabalho de investigação em grupo (o grupo não pode ser constituído por mais de
cinco elementos).
Consulte a legislação existente sobre o assunto e passe para o seu caderno diário os
resultados da pesquisa para que possa ser usado numa avaliação do professor.
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Tema 2: Acção geológica do vento
2.1- Acção erosiva do vento
Os ventos mudam de velocidade e de direcção de dia para dia mas, a longo prazo, os ventos
dominantes tendem a vir de uma só direcção. As faixas de vento formam-se porque o Sol aquece
uma dada porção da superfície da Terra mais intensamente no equador, onde os raios solares
atingem a Terra praticamente na perpendicular. O Sol aquece menos intensamente a mesma
porção de superfície nas latitudes superiores e nos pólos porque os seus raios atingem a superfície
da Terra obliquamente, dispersando a sua energia por uma superfície maior. O ar quente, que é
menos denso que o ar frio, ascende no equador e flui em direcção aos pólos, afundando-se
gradualmente à medida que se afunda. O ar frio e denso nos pólos flui, então, de novo para o
equador ao longo da superfície do globo.
A acção modeladora do vento resulta da sua tríplice acção geológica: erosão, transporte e
sedimentação.
Por si só, o vento não consegue erodir eficazmente as grandes massas de rocha sólida expostas à
superfície da terra. Só quando a rocha se encontra fragmentada por acção da meteorização
química e física as partículas podem ser incorporadas e transportadas por uma corrente de ar. Para
além disso, essas partículas devem estar secas, pois os solos molhados e as rochas fracturadas
húmidas mantêm os seus fragmentos coesos pela humidade. Deste modo, o vento tem uma acção
erosiva mais eficaz nas zonas áridas, onde os ventos são fortes e secos e qualquer humidade que
exista é rapidamente evaporada.
À medida que as partículas de poeira, silte e areia se tornam soltas e secam, os ventos podem
erguê-las e transportá-las para longe, baixando gradualmente a superfície do solo num processo
denominado por deflação eólica.
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Bacia de deflação pouco profunda. O vento erodiu a superfície e escavou uma depressão pouco profunda.
= Foto: Prof. Margarido – Caraculo – Namibe/Angola – 2011 =
A deflação, que pode escavar depressões e aberturas pouco profundas, ocorre nas planícies secas
dos desertos, nas planícies de inundação temporariamente secas de rios e nos leitos dos lagos.
Uma vegetação firmemente estabelecida, mesmo a esparsa vegetação característica das regiões
áridas e semiáridas, pode, no entanto, retardá-la. Em tais locais, a deflação ocorre lentamente, uma
vez que as raízes compactam o solo e os caules e folhas espalham o vento e abrigam a superfície
do solo. No entanto, a deflação trabalha depressa onde quer que o coberto vegetal seja quebrado,
seja por processos naturais, como secas, ou artificiais, como o cultivo, a construção ou as marcas
de veículos a motor.
Um vento que contenha areia no seu seio é um meio natural de corrosão eficaz pois o impacto de
partículas a alta velocidade desgasta as superfícies sólidas. A corrosão natural actua
principalmente junto ao chão, onde a maior parte dos grãos de areia são transportados. A corrosão
arredonda e erode os afloramentos rochosos, os blocos e os calhaus e torna o vidro de uma garrafa
fosco.
Efeitos da corrosão sobre superfícies sólidas no Deserto do Namibe – Área do Giraúl/Namibe – Angola
= Foto de arquivo do Prof. Margarido/2011 =
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Muitas vezes encontramos rochas com uma base fina, mais ou menos com a forma de um
cogumelo. Estas rochas são chamadas de blocos pedunculados.
Bloco pedunculado.
Adaptado de Maiklem, L. et al (1998) e Roque, M. et al (1998)
Os ventifactos são calhaus facetados pelo vento que apresentam diversas superfícies curvas ou
quase aplanadas, que se encontram em cristas afiadas.
2.2- Depsitos Eólicos
2.2.1- Dunas
Quando o vento abranda, já não consegue transportar a areia, a silte e a poeira que até aí
transportara. Este material mais grosseiro é depositado formando as dunas, que assumem diversas
formas e que variam em tamanho desde pequenas colinas até formas enormes com mais de cem
metros de altura.
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Todas as conjunturas onde se formam dunas possuem um fornecimento imediato de areia solta.
Um outro factor comum é a força do vento. Nos oceanos e nos lagos, os ventos fortes sopram para
terra vindos da água. Os ventos fortes, por vezes de longa duração, são comuns nos desertos.
O vento não consegue incorporar no seu seio materiais húmidos com facilidade, pelo que a
maioria das dunas é encontrada em climas secos. A excepção são os cinturões dunares ao longo
das costas, onde a areia é tão abundante e seca tão depressa ao vento que as dunas se podem
formar mesmo em climas húmidos. Porém, nesses climas o solo e a vegetação começam a cobrir
as dunas logo a seguir às praias, para o interior, impedindo, assim, os ventos de incorporarem a
areia no seu seio.
As dunas podem estabilizar-se e tornar-se vegetadas quando o clima se torna mais húmido e
começar a movimentar-se novamente quando o clima recupera a sua aridez.
Os geólogos reconhecem e concordam que as formas e arranjos gerais das dunas de areia
dependem da quantidade de areia existente e da duração, direcção e força do vento dominante.
Não podemos, no entanto, ainda prever a forma específica que uma duna irá tomar ou afirmar com
certeza os mecanismos que levam um certo regime eólico a formar um tipo ou outro de duna.
Reconhecem-se sete grandes tipos de dunas:
Existem, ainda, formas compósitas extremamente grandes, altas e em forma de monte, chamadas
draas.
São tipicamente compostas por dunas sobrepostas de diversos tipos, nomeadamente, lineares e
transversais. Atingindo altitudes de 400 metros em alguns locais. Dunas grandes como estas
movem-se muito mais lentamente do que as dunas mais pequenas, por vezes tão lentamente como
meio metro por ano. Quando a areia é abundante em vastas áreas e os ventos são fortes, formam-
se grandes campos dunares.
Uma consequência quase inevitável do movimento da areia ao longo da superfície arenosa pelo
vento é a formação de ondulações (ripples) e dunas muito parecidas com as que são formadas
pela água (com excepção das ripples formadas pela ressaca, cujos perfis transversais revelam uma
simetria inexistente nas ripples e dunas fluviais e desérticas). As ondulações na areia, tal como as
que se encontram debaixo de água, são transversais. Com ventos baixos ou moderados formam-se
ondulações pequenas. À medida que a velocidade aumenta, as ondulações também aumentam de
tamanho, migrando na direcção do vento sobre as “costas” das dunas maiores. Uma vez que quase
sempre o vento sopra, uma camada arenosa está quase sempre ondulada.
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A areia transportada pelo vento consiste em quase todos os tipos de minerais produzidos pela
meteorização mas os grãos de quartzo são, de longe, os mais comuns, uma vez que o quartzo é um
mineral muito abundante, nomeadamente nos arenitos. Em alguns locais, os grãos de feldspato são
abundantes nas areias eólicas. Muito menos comuns são os fragmentos rochosos de xistos de grão
fino ou de rochas metamórficas e ígneas afaníticas, que se fragmentam finamente sob os impactos
dos grãos saltatórios.
As áreas mais extensas das draas são denominadas de ergs, autênticos “mares de areia”, como
são conhecidas vulgarmente, que podem ser encontrados nos maiores desertos, como o Namibe.
Um erg pode cobrir uma área de cerca de 500 000 Km2.
Quando a deflação remove as partículas mais finas de uma mistura de cascalho, areia e silte dos
sedimentos ou dos solos, produz uma superfície remanescente composta por cascalho demasiado
grande para ser levado pelo vento. Ao longo de milhares de anos, à medida que a deflação remove
as partículas mais finas de depósitos aluviais sucessivos, o cascalho acumula-se, formando uma
camada de pavimento desértico ou reg uma superfície grosseira composta por cascalho que
protege o solo ou os sedimentos subjacentes da erosão.
O pavimento rochoso grosseiro permanece à superfície enquanto a poeira soprada pelo vento se
infiltra por baixo da superfície do reg, é modificada pelos processos formadores de solos e
acumula-se aí. Por vezes, a deflação põe a descoberto camadas rochosas horizontais planas e mais
duras, a que se dá o nome de hamadas, uma superfície grosseira composta por cascalho que
protege o solo ou os sedimentos subjacentes da erosão.
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Aspecto de um reg no deserto do Arizona (em cima). Etapas da formação de um pavimento desértico (ou reg): o vento remove as
partículas mais finas e as partículas mais grosseiras permanecem à superfície, protegendo o substrato de futura erosão eólica (em baixo).
Adaptado de Press, F. & Siever, R. (1997)
Em nenhum outro ambiente da Terra (à excepção das zonas onde os glaciares retiraram e
deixaram extensas planuras sedimentares) a acção do vento é tão notória e eficaz como nos
desertos. Mas por que razão algumas regiões se tornam desertos?
A precipitação é o principal factor que determina a localização dos grandes desertos do planeta.
As regiões se tornam desertos porque recebem quantidades extremamente baixas de precipitação,
normalmente, menos de 25 mm por ano e, em alguns locais, menos de 5 mm por ano. Estes
desertos situam-se nas regiões mais quentes do globo, entre os 30º de latitude Norte e Sul a partir
do equador, onde o Sol atravessa um céu limpo semana após semana e o ar mantém uma
humidade extremamente baixa.
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Os desertos também se formam nas latitudes médias, entre os 30º e 50º de latitude norte e sul, em
locais onde a precipitação é baixa porque os ventos carregados de humidade são bloqueados por
cordilheiras montanhosas ou porque têm que viajar grandes distâncias desde a sua fonte de
humidade, o oceano. Ao primeiro caso dá-se o nome de efeito de sombra de chuva e ao segundo
o nome de efeito de continentalidade.
Nem todos os desertos são quentes. Um outro tipo de deserto forma-se nas regiões polares, onde a
baixa precipitação só é possível graças à baixa capacidade para reter água do ar frígido que circula
nestas regiões frias e secas. A região do vale da Terra de Victoria Meridional, na Antárctida, é tão
seca e fria que o seu ambiente se assemelha ao de Marte.
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Tema 3: Acção geológica dos glaciares
3.1- Formação dos glaciares
O que é o gelo? Para um geólogo, um bloco de gelo é uma rocha, uma massa de grãos cristalinos
do mineral gelo. Tal como a maioria das rochas, o gelo é duro mas é muito menos denso do que a
maioria das rochas. O gelo dos glaciares forma-se por afundimento e metamorfismo do
“sedimento” neve. A rocha é formada à medida que os flocos de neve espaçados – cada um é um
cristal singular do mineral gelo – sofrem diagénese e recristalizam numa massa sólida.
Os glaciares são massas de gelo em terra firme que apresentam provas de movimento actual ou
antigo. Um glaciar forma-se quando existe abundante precipitação de neve durante o Inverno e
esta não se derrete no Verão. A neve é gradualmente convertida em gelo e, quando o gelo se torna
suficientemente espesso, começa a fluir. São, assim necessárias duas condições essenciais:
temperaturas baixas e quantidades adequadas de neve.
A quantidade total de gelo que um glaciar perde anualmente corresponde à sua ablação. Existem
quatro mecanismos responsáveis pela ablação de um glaciar:
Dividimos os glaciares com base no tamanho e na forma em dois tipos básicos: os glaciares de
vale ou alpinos e os glaciares continentais ou inlandsis.
Estes rios de gelo formam-se nas partes mais altas das cordilheiras montanhosas onde a neve se
acumula, geralmente em vales pré-existentes, fluindo ao longo dos mesmos. A maioria destes
glaciares ocupa a largura total do vale e pode afundar a sua base rochosa sob centenas de metros
de gelo. Em climas mais quentes, de latitudes mais baixas, os glaciares de vale podem ser
encontrados apenas nos topos dos picos das montanhas mais altas. Nos climas mais frios, das altas
latitudes, os glaciares de vale podem descer muitos quilómetros ao longo do comprimento total do
vale; em alguns locais, eles podem estender-se como largas línguas nas terras baixas que rodeiam
as frentes montanhosas. Quando o glaciar de vale flui por cordilheiras costeiras, ele pode acabar
no oceano, onde se desprendem massas de gelo que formam os icebergs (ou icebergues,
utilizando uma expressão “aportuguesada”).
É muito maior do que um glaciar de vale e é constituído por um manto de gelo extremamente
lento, daí também o seu outro nome de inlandsis. Os maiores inlandsis actualmente são os que
cobrem grande parte da Gronelândia e da Antárctida. A superfície superior do inlandsis faz
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lembrar uma lente convexa extremamente grande. No seu ponto mais alto, no meio da ilha, o gelo
atinge espessuras superiores a 3200 metros.
As calotas polares são massas de gelo formadas nos pólos Norte e Sul da Terra. A maior parte da
calota polar árctica formou-se nas águas oceânicas e não é, geralmente, referida como um glaciar.
Quase toda a calota polar antárctica repousa sobre terra firme, o continente da Antárctida, e é
considerada como um glaciar continental.
Pequenas colinas de rocha, denominadas rochas aborregadas assim nomeadas pela sua
semelhança com o dorso de um carneiro, são polidas pelo gelo no seu lado menos inclinado e
quebradas no seu lado mais inclinado, criando uma superfície abrupta e rugosa. Estes declives
contrastantes também indicam a direcção do movimento do gelo.
Um vale glaciário escava uma série de formas de erosão à medida que flui da sua origem para a
sua parte mais baixa. Na cabeceira do vale glaciário, a acção destruidora do gelo tende a escavar
um anfiteatro oco chamado circo glaciário, pela sua forma mais ou menos circular, como um
cone invertido. Aquando do degelo, estes circos podem ficar cheios de água, formando lagos de
circo ou tarns. Um rimage é um espaço vazio deixado entre a massa de gelo e a parede rochosa
do circo e é formado quando o enorme peso do glaciar arranca o gelo da parede rochosa. Com a
continuação da erosão, os circos de picos adjacentes podem coalescer, criando cristas agudas
denominadas arestas ou arêtes, no francês, e picos piramidais ou horns ao longo da linha
divisória.
Principais formas do modelado glaciário durante a presença de glaciares (em cima) e quando estes se retiram (em baixo).
Adaptado de Hook, B. (1988)
3.2.4- Fiorde
À medida que um glaciar de vale se movimenta para jusante a partir do seu circo, ele escava um
vale ou aprofunda um vale fluvial já existente, criando um característico vale em U ou vale
glaciário. Os fundos dos vales glaciários são planos e as suas paredes abruptas, ao contrário dos
vales em V ou vales encaixados típicos dos rios de montanha.
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Ao contrário dos rios, os glaciares de vale que se encontram junto às linhas de costa podem erodir
abaixo do nível do mar. Quando o gelo se retira, estes vales em U são inundados pela água do
mar, sendo estes braços de mar denominados de fiordes.
Os glaciares transportam rochas erodidas de todos os tamanhos e tipos para jusante, depositando-
as, eventualmente, quando e onde o gelo se derreter. O gelo é um transportador eficiente de
detritos uma vez que o material que recolhe não se afunda, como acontece à carga transportada
por um rio. Tal como a água e o vento, o gelo tem uma competência e uma capacidade. A
competência do gelo é extremamente alta, assim como a sua capacidade.
Quando o gelo glaciário se derrete deposita uma carga mal calibrada e heterogénea de blocos,
calhaus, areias e argilas. O que diferencia os sedimentos glaciários dos sedimentos fluviais e
eólicos é a sua grande variedade de tamanhos. Os sedimentos fluviais são bem calibrados e os
sedimentos eólicos têm uma calibragem excelente.
Uma acumulação de material rochoso, arenoso e argiloso transportado pelo gelo ou depositado
como terreno errático é denominada de moreia.
Existem muitos tipos de moreia, cada uma nomeada de acordo com a sua posição em relação ao
glaciar que as formou. Uma das mais proeminentes pelo seu tamanho e aparência é a moreia
final, por vezes também chamada de moreia frontal, formada na frente glaciária. À medida que o
gelo flui constantemente para jusante, ele transporta mais e mais material para a sua frente
glaciária, onde o material mal calibrado se deposita em cristas de till pouco maiores que uma
colina.
As moreias terminais são moreias finais que marcam o maior avanço de um glaciar e são o
melhor indicador para sabermos a extensão de um antigo glaciar de vale ou continental.
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Como já sabemos, um glaciar erode rochas e materiais não consolidados das vertentes de seu vale,
adquirindo material adicional proveniente de movimentos de massa quando o glaciar recorta o
suporte da vertente sobrejacente. As pedras e outros detrtos ( arenosos e argilosos) arrancados e
transportados pelos glaciares, constituem as moreias glacires.
Existem muitos tipos de moreias cada uma nomeada da acordocom a sua posiçãoem relação ao
glaciar que as formou: moreias laterais ; moreias medianas; moreias frontais ou finais ; moreias
internas e moreias de fundo.
As moreias laterais de glaciares adjacentes juntam-se formando uma moreia média ou mediana
no meio do fluxo maior abaixo da junção.
Uma moreia de fundo é uma camada de deriva glaciária depositada debaixo do gelo (Denomina-
se de deriva (drift) porque aparenta ter derivado, de algum modo, de outras áreas. O termo
deriva é, actualmente, utilizado para nomear todo e qualquer material de origem glaciária
encontrado em qualquer parte do Mundo, seja em terra ou no oceano). As moreias de fundo
variam em espessura, podendo ser finas e com pequenos afloramentos rochosos do fundo ou
suficientemente espessas para encobrir quaisquer afloramentos existentes.
.
As siltes e argilas podem ser depositadas num lago que se tenha formado perto da frente glaciária,
formando uma série de camadas alternadas de material fino e grosseiro, chamadas varvas ou
varvitos. Uma varva é constituída por um par de camadas formadas durante um ano através do
congelamento sazonal da superfície do lago.
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Tema 4: Acção geológica das águas do mar
4.1- Movimentos e acção erosiva das águas do mar
As zonas costeiras, as regiões onde a terra e o mar se encontram, apresentam visíveis contrastes na
paisagem. Em certos lugares encontramos faixas compridas e estreitas de praias arenosas
enquanto que noutros encontramos arribas quase verticais. Outros são, ainda, constituídos por
recifes de coral. Em todos estes locais, a tectónica, a erosão e a sedimentação trabalham juntos
para criar esta grande variedade de formas e materiais.
As maiores forças geológicas a operar na linha de costa, a linha de intersecção entre a superfície
da água e a costa, são as marés e as ondas. Juntas, erodem até as costas rochosas mais resistentes.
As marés e as ondas criam correntes que transportam os sedimentos produzidos pela erosão do
continente e depositam-nos nas praias e nas águas pouco profundas ao longo da costa.
As ondas são criadas pelo vento que sopra sobre a superfície da água, transferindo a energia do
movimento do ar para a água.
A velocidade de uma onda pode ser medida por uma simples equação (v = L / T), em que v é a
velocidade (m/s), L é o comprimento de onda (m) e T é o período (s). Por exemplo, uma onda
típica com um comprimento de 24 metros e um período de 8 segundos teria uma velocidade de 3
m/s. À profundidade de cerca de 12 metros (metade do comprimento de onda), o movimento
orbital e ondulatório deixa de se fazer sentir
A outra forma de movimento das águas do mar são as marés. A dupla ascensão e descida diárias
do nível do mar a que damos o nome de marés é conhecida há milhares de anos pelos marinheiros
e pelos habitantes das linhas de costa.
A Terra e a Lua atraem-se mutuamente com uma força gravitacional que é ligeiramente maior dos
lados dos corpos que se encontram frente a frente. A atracção gravitacional entre quaisquer dois
corpos decresce à medida que eles se afastam. Logo, a força geradora das marés varia nos
diferentes locais da Terra, dependendo se eles estão mais perto ou mais afastados da Lua.
A força resultante da maré causa duas convexidades de água nos oceanos terrestres, uma do lado
mais próximo da Lua (onde a força resultante tem o sentido da Lua) e outro no extremo mais
afastado da Lua (onde a força resultante tem o sentido oposto à Lua). A atracção gravítica
resultante entre os oceanos e a Lua é máxima no lado da Terra que está virado para a Lua e
mínima no lado da Terra oposto à Lua. À medida que a Terra gira, as convexidades de água
permanecem aproximadamente alinhadas: uma está sempre virada para a Lua e a outra está virada
para o lado oposto. Estas convexidades, ao passarem sobre os continentes, vão provocar as duas
marés altas diárias
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A atracção gravitacional da Lua provoca duas convexidades de água nos oceanos terrestres,
que constituem as marés altas.
Adaptado de Press, F. & Siever, R. (1997)
Quando a Lua, a Terra e o Sol se alinham, a atracção gravítica do Sol e da lua reforçam-se
mutuamente, produzindo as chamadas marés vivas, que são as marés mais altas (e mais baixas,
ou seja, a diferença de altitude entre a maré alta e a maré baixa é grande). Estas aparecem todas as
duas semanas, quando a Lua se encontra nas fases de Lua Cheia e de Lua Nova.
As outras marés habituais designam-se por marés mortas (a diferença de altitude entre a maré
alta e a maré baixa não é muito grande) e aparecem entre as marés vivas, quando a Lua está em
Quarto Crescente ou em Quarto Minguante, ou seja, quando a lua e o Sol se encontram em ângulo
recto em relação à Terra.
Apesar de as marés ocorrerem regularmente em todos os locais, a diferença entre a maré alta e a
maré baixa vária em diferentes partes do oceano.
As marés podem combinar-se com as ondas causando extensa erosão da costa e destruição de
propriedades situadas junto à linha de costa. A ocorrência de tempestades intensas perto da costa
durante uma maré viva pode produzir ondas de maré, ondas que ocorrem na maré alta e que
podem percorrer a praia inteira e embater nas arribas. Estas ondas de maré não devem ser
confundidas com uma das muitas designações dadas aos tsunami (um termo japonês), que é a
designação de rás – de – maré.
Quando as marés se movimentam perto da linha de costa geram correntes que podem atingir
vários quilómetros por hora. À medida que a maré sobe, a água flui em direcção à costa como
uma maré enchente, movendo-se para sapais e pântanos costeiros baixos e para ribeiros. Quando
a maré passa o estado de maior altitude e começa a baixar, a maré vazante retira-se e as áreas
costeiras mais baixas encontram-se novamente expostas. Estas correntes de maré serpenteiam
através dos terraços de maré, recostando canais nos mesmos. Os terraços de maré, são áreas
arenosas ou lodosas que se encontram expostas na maré baixa mas são inundados na maré alta.
A ondulação torna-se mais alta à medida que se aproxima da linha de costa, onde assume a
familiar forma ondulada com uma crista afiada. Estas ondas são chamadas de ondas de
rebentação (breakers) uma vez que, quando a onda se aproxima da costa, ela rebenta e forma a
rebentação (surf), uma superfície espumosa e com bolhas.
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A faixa ao largo na qual as ondas começam a rebentar quando se aproximam da costa e chamada
de zona de rebentação (surf zone). As ondas de rebentação batem na costa, erodindo-a e
transportando a areia, meteorizando e quebrando rocha sólida e destruindo estruturas construídas
perto da linha de costa.
Quando as orlas costeiras rochosas são limitadas por águas profundas, as ondas rebentam
directamente nos rochedos com uma força equivalente a centenas de toneladas por metro
quadrado, atirando água para o ar a grandes alturas. Depois de rebentar na zona de rebentação, as
ondas, agora reduzidas em altura, continuam a movimentar-se, rebentando outra vez junto à linha
de costa, na zona de ressaca (swash zone). Elas deslizam, depois, pelo declive da praia formando
um fluxo ascendente de água a que se dá o nome de ressaca (swash). A água desce, depois,
regressando ao mar, num refluxo descendentes de água, (backwash).
A ressaca pode transportar areia e, se as ondas forem suficientemente altas, calhaus e seixos
maiores, transportando-os, depois, novamente para baixo. O movimento de água para a frente e
para trás perto da costa é suficientemente forte para transportar areias e até cascalho.
Os grãos de areia transportados pela ressaca são, portanto, movimentados ao longo da praia em
ziguezague, constituindo aquilo que se designa por deriva litoral ou longilitoral.
São elas:
Plataforma de abrasão
Arriba ou falesia
Arriba morta ou arriba fóssil
Baia ou anseada
Cabo
Golfo
Peninsula
Arco
Farrilhão
Gruta litoral
As ondas, ao aproximarem-se da costa com um dado ângulo, podem causar, também, uma
corrente longilitoral induzida, uma corrente de água pouco profunda paralela à costa. As ondas,
as correntes longilitorais e as correntes de maré interagem com as rochas e a tectónica costeira
para modelar as linhas de costa numa multiplicidade de formas. Uma dessas formas, talvez a mais
conhecida, é a praia. Uma praia é uma linha de costa constituída por areia e seixos. As praias
podem mudar de forma de dia para dia, de semana para semana, de estação para estação e de ano
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para ano. As ondas e as marés alargam, por vezes, e estendem uma praia por deposição e, outras
vezes, estreitam-nas através do transporte da areia que constitui as praias. Muitas praias são faixas
estreitas de areia mais ou menos compridas, outras, são pequenos crescentes de areia incrustados
entre promontórios.
As praias que crescem em locais onde os ganhos são abundantes, frequentemente onde a costa é
constituída por sedimentos brandos, são longas, largas e arenosas.
As ondas embatem contra as arribas, erodindo-as por baixo. Esta abrasão marinha faz com que
rochas fiquem sem apoio e acabem por cair (derrocada em bloco) sob acção da gravidade. À
medida que os blocos caem, a falésia recua e os blocos são degradados pela água. Por vezes, a
abrasão marinha pode fazer com que se abram cavernas e se formem arcos que, por evolução,
formam leixões. O recuo das arribas deixa atrás de si uma plataforma rochosa que pode ficar a
descoberto na maré baixa e é constantemente erodida e aplanada pela rebentação, pela ressaca e
pelas ondas. A esta espécie de terraço dá-se o nome de plataforma de abrasão (wave-cut
terrace).
Por vezes, estas plataformas de abrasão podem sofrer ascensão tectónica, tornando-se mais
elevadas que a linha de costa na maré alta. A uma plataforma nestas condições dá-se o nome de
terraço marinho ou praia levantada. A erosão pelas ondas pode alisar as costas à medida que os
promontórios recuam e as baías são colmatadas com os sedimentos erodidos dos cabos.
Os sedimentos acumulam-se nas áreas onde a subsidência tectónica afunda a crosta ao longo de
uma costa. Tais costas são caracterizadas por praias longas e largas e planícies costeiras largas,
planas, baixas, constituídas por estratos sedimentares. As formas costeiras de deposição incluem
barras arenosas, ilhas arenosas baixas e terraços de maré extensos. As praias longas crescem
ainda mais à medida que as correntes longilitorais transportam mais areia ao longo da praia e no
final da mesma, onde se acumula, primeiro como uma barra submersa, depois como uma barra
emersa que se prolonga da praia, constituindo uma restinga.
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Outras designações para as restingas de areia são cordão litoral, flecha litoral ou cabedelo.
As barras arenosas ao largo podem sofrer acumulações de material e tornar-se emersas, tornando-
se ilhas-barreira, que formam uma espécie de barricada entre o oceano aberto e a linha de costa
principal, formando-se uma laguna entre esta e as ilhas-barreira.
.
Outras formas deposicionais costeiras são os tômbolos, que se formam a partir da refracção das
ondas em redor de uma ilha situada perto da costa ou de um leixão. Nessa zona, por detrás do
obstáculo, a água é mais calma e ocorre sedimentação, acabando por se formar uma barra arenosa
que liga o obstáculo ao continente.
A título de curiosidade, podemos dizer que existem vários tipos de costa, de entre os quais vale a
pena destacar:
COSTA DE RIAS: forma-se quando o mar invade antigos vales fluviais adjacentes;
COSTA DE FIORDES: forma-se quando o mar invade antigos vales glaciários;
COSTA DELTAICA: forma-se através da deposição de sedimentos fluviais num delta;
COSTA ESTUARINA: forma-se quando o mar invade um vale fluvial actual;
COSTA ATLÂNTICA: costa constituída por promontórios e por baías;
COSTA PACÍFICA OU TIPO DÁLMATA: costa constituída por ilhas-barreira de origem
tectónica;
COSTA DE ILHAS-BARREIRA: costa constituída por ilhas-barreira de origem sedimentar;
COSTA VULCÂNICA: forma-se pela acumulação de material lávico e piroclástico de um
vulcão;
COSTA DE ATOL OU DE RECIFE CORALÍGENO: forma-se pela acumulação de corais
em redor de um vulcão submarino ou em redor de um substrato rochoso;
COSTA DE FALHA: forma-se quando existe uma falha e o bloco rebaixado se encontra
inundado.
O equilíbrio das formações litorais pode ser profundamente perturbada e destruída pela acção do
Homem. Isto pode acontecer se não forem tomadas precauções necessárias durante as
construções, como obras de engenharia.
Muitas praias têm desaparecidas ou parcialmente destruídas pela intervenção pouco acautelada do
homem. Por exemplo, retirada de areia das praias ou das dunas vizinhas, favorece a erosão e pode
colocar em risco as populações.
Nos últimos trinta mil anos, em muitas zonas da terra, houve uma subida do nível do mar devido à
fusão dos glaciares. São também factores de alteração do nível do mar os movimentos de
subsidência da costa terrestre.
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No sentido de minimizar a destruição da costa, pode recorrer-se a ensaios em tanques especiais
onde, em modelos reduzidos, se procuram simular as condições naturais e as alterações a
introduzir, a fim de estudar os seus efeitos.
No entanto, a maior parte das soluções encontradas têm sido temporárias. Uma das soluções que
se tem procurado implementar é a construção de esporões que, sendo obstáculos a progressão da
areia, a fazem depositar. Estas medidas não são definitivas porque as costas são sistemas
dinâmicos e pela sua natureza, instáveis.
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TEMA 5: acção geológica dos rios
5.1- Acção erosiva dos rios
Os rios e ribeiros são os maiores agentes geológicos a operar na superfície da crusta. São cursos
de água, geralmente permanentes e que correm em leitos próprios. O termo curso de água reporta-
se a qualquer corpo de água que flua, seja ele pequeno ou grande, ao passo que o termo rio se
aplica aos ramos hierarquicamente superiores de um grande sistema fluvial.
Os cursos de água cobrem grande parte da superfície terrestre emersa e têm um papel importante
na modelação das paisagens continentais. Eles erodem montanhas, transportam os produtos da
meteorização para os oceanos e depositam milhões de toneladas de sedimento durante o seu
percurso sob a forma de barras e de aluviões. Nas suas desembocaduras, situadas nas margens dos
continentes, eles depositam um volume ainda maior de sedimento, continuando o continente para
o interior dos oceanos.
Um rio não é um sistema isolado. Ocorre numa região – bacia hidrográfica – na qual as águas,
seguindo uma direcção convergente, o alimentam. Numa bacia hidrográfica corre um rio principal
e os seus afluentes, que por sua vez recebem água de outros rios ou ribeiros e assim
sucessivamente, até chegar às águas selvagens e torrentes. A água de precipitação que cai na bacia
hidrográfica é recolhida pela rede hidrográfica, que a transporta de uns rios para outros até chegar
ao rio principal, que a conduzirá para o mar ou para um lago.
Uma torrente é um curso de água temporari em regra situada nas vertentes ingremes dos vales ou
nas cabeceiras dos mesmos, nas regiões montanhosas, sendo de considerar três traços distintos:
Bacia de recepção
Canal de escoamento
Cone de dejecção
A acção dos cursos de água é controlada, primariamente, pela velocidade, pelo seu perfil
transversal e pela sua descarga ou débito.
A velocidade - V (medida em metros por segundo – m/s) é influenciada pelo declive do curso de
água, pela forma do canal e pelas suas irregularidades. Uma velocidade moderadamente rápida é
da ordem de 5 Km/h. Numa situação de inundação, a água de um rio pode atingir uma velocidade
de 25 Km/h ou mais.
O gradiente do declive do leito do rio (expresso em metro por quilómetro m/km) é um factor que
controla a velocidade, sendo medido em metros por quilómetro. Nos rios de montanha pode variar
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de 10 a 40 m/Km ou mais. Uma subida do substrato rochoso pode favorecer a erosão. Assim, um
aumento de gradiente de declive tem como consequência um aumento de erosão e a escavação de
um canal. O inverso também é verdadeiro, ou seja, uma diminuição do gradiente do declive de um
curso de água provoca uma diminuição da erosão e um aumento da sedimentação, causando a
colmatação do vale fluvial.
A Área de Secção do leito - A (Expressa em metros quadrados - m²) do rio também tem grande
influência na sua acção geológica. Um curso de água pode ser estudado através de cortes
realizados transversalmente, ou seja, da elaboração de perfis transversais. Estes perfis permitem
expressar diversas características, tais como a largura, a forma e a área do canal, as rochas
constituinte do leito, a existência de terraços fluviais, etc. A largura, a forma do canal e as
irregularidades do leito também influenciam a velocidade da corrente. Deste modo, quanto mais
largo e profundo, quanto mais a sua secção se aproximar da forma semicircular e quanto menores
forem as irregularidades do canal, maior será a velocidade do curso de água.
O tipo de rochas atravessadas pelo rio pode, também, alterar a sua velocidade. Rochas duras e
resistentes são difíceis de erodir, sobretudo se o canal for baixo, tendo como consequência um
fluxo rápido. Se o fluxo da corrente ocorrer sobre uma rocha fácil de erodir, o canal pode alargar e
a velocidade da corrente diminui, devido ao aumento de atrito entre as moléculas de água com os
sedimentos constituintes do leito, ocorrendo a sedimentação.
A descarga ou débito - D de um curso de água é o volume de água que passa numa dada secção
de um curso de água numa unidade de tempo. A descarga de um curso de água é comummente
medida em metros cúbicos por segundo (m³/s), sendo calculada multiplicando a área da secção
transversal (largura multiplicada pela profundidade húmida) pela velocidade do fluxo
(deslocamento de uma partícula por unidade de tempo).
A competência representa a capacidade que tem a corrente para transportar, de acordo com a sua
velocidade, detritos grosseiros e/ou densos com o maior volume possível.
A relação entre estes factores condicionantes pode ser expressa pela equação:
Assim, se a descarga aumentar, quer a secção transversal quer a velocidade também aumentam
(independentemente ou não). Ou seja, à medida que a descarga de um curso de água aumenta num
dado local, tanto a velocidade como a secção transversal tendem a aumentar. A área da secção
transversal aumenta à medida que o fluxo ocupa uma parte maior da largura e da profundidade do
canal.
A descarga normal na maior parte dos rios aumenta para jusante à medida que cada vez mais água
flui nos tributários, cursos de água que desembocam nos cursos de água maiores. A velocidade
não aumenta tanto para jusante como o aumento do débito nos leva a crer por causa das
diminuições no gradiente do declive ao longo dos cursos inferiores. Onde a descarga não aumenta
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significativamente para jusante e o declive decresce grandemente, o fluxo de um rio será mais
lento.
Os rios podem fazer o transporte dos sedimentos por rolamento, arrastamento, saltação, suspensão
e dissolução. Os sedimentos dissolvidos são invisíveis. O volume total de detritos que podem ser
transportados por um rio constitui a sua capacidade.
A competência e a capacidade de um rio aumentam na razão directa do aumento de velocidade.
Trabalho Independente: Num trabalho bem estruturado, fala das formas usadas para evitar as
catástrofes que podem ocorrer durante as inundações.
Os detritos transportados pelos rios, vulgarmente areia e cascalho, constituem bancos ou barras de
canal que são amontoados de sedimentos, ao longo do leito.
Geralmente a areia fina é erodida e transportada pela corrente. Quando a velocidade da corrente
baixa e atinge a curva entre a erosão e a área de transporte, a areia deixa de ser erodida, mas as
partículas que iniciaram o movimento continuam esse movimento, isto é, a ser transportadas, até
que a velocidade seja inferior à representada pela linha entre o transporte e a sedimentação. Nesta
altura, a areia fina deposita-se no fundo do leito do rio.
Para que as partículas maiores iniciem o seu movimento, necessita-se maior velocidade. Os grãos
finos de silte e argila são mais difíceis de erodir do que os de areia. Isto se deve ao facto de que as
forças moleculares tendem a unir as partículas de silte e argila em massas coesas, mais fortes do
que as de areia, que resistem à erosão e ao transporte.
Mas uma vez iniciado o transporte, o silte a a argila são mais fáceis de transportar. Com a
diminuição do declive e da velocidade, ocorre a sedimentação. As partículas em suspensão e as
dissolvidas são as que se mantêm mais tempo por sedimentar.
5.4- Meandros
À medida que os leitos percorrem o fundo de um vale, eles podem correr de um modo rectilíneo
em alguns troços e serpentear ao longo de diversos terrenos irregulares noutros troços, por vezes
dividindo-se em múltiplos canais. O leito aparente pode encontrar-se no centro da planície de
inundação ou abraçar apenas uma vertente do vale. Para além dos troços rectilíneos, os dois outros
padrões de leito são o meandriforme e o anastomosado.
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Para este nosso curso, é importante citarmos dois tipos de meandros: os meandros encaixados ou
de vale e os meandros divagantes ou de planície, apresentados nas fotografias aéreas abaixo
cujo traçado, sempre amplo, inclui a forma do vale, isto é, o carácter sinuoso do leito resulta do mesmo
traçado do vale e os meandros divagantes ou de planície ou também divergentes, (igualmente amplos
mas instalados nas grandes planícies de inundação, podendo aí divagar, isto é, alterar o seu traçado,
exagerando as curvas que o rio descreve e abandonando outras).
Os geólogos não sabem bem ainda porque é que surgem estes dois padrões mas sabem que a produção
de meandros é um fenómeno que se aplica não apenas aos cursos de água mas também a muitos outros
tipos de fluxos. Por exemplo, a Corrente do Golfo, uma poderosa corrente oceânica existente no
Atlântico Norte ocidental, apresenta meandros.
As escoadas de lava terrestres formam meandros e os planetólogos descobriram meandros nos leitos
secos e nas escoadas de lava em Marte e recentemente, nas escoadas de lava em Vénus.
Os engenheiros “corrigem” artificialmente o traçado meandriforme dos rios, tornando-o rectilíneo com a
ajude de muros de cimento. Esta “correcção” do traçado dos rios pode destruir as terras húmidas que
existiam em redor dos meandros e, com elas, toda a flora e fauna da planície aluvial. Por outro lado, um
rio com o traçado “corrigido” pode originar inundações catastróficas quando as barras artificiais cedem
ante o ímpeto das águas.
Partimos do princípio de que todo grande rio desagua no mar e tem no nível médio das águas do mar o
seu nível base, em função do qual regula o seu perfil. Este nível é chamado de nível base geral porque
ele condiciona toda a rede fluvial do continente. As barragens e outros acidentes, naturais ou artificiais
têm a mesma função e denominação.
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O perfil longitudinal de um rio estabelece o seu estágio de evolução. Quando o rio se aproxima do seu
perfil de equilíbrio, a erosão vertical ou escavamento do leito vai diminuído, o rio vai alargando o que
faz aumentar a sedimentação.
A regularização do perfil faz-se da foz (jusante) para a nascente (montante). Vão desaparecendo as
irregularidades, recuam os rápidos e as cabeceiras que vão penetrando na montanha. Esta progressão da
erosão no sentido contrário ao da corrente é denominada erosão regressiva.
Geralmente, um curso de um rio percorre um vale cujo talvegue (zona mais profunda do leito) tem um
perfil longitudinal muito irregular e com variações mais ou menos bruscas de declive.
Estas variações podem constituir rápidos, quando há um aumento brusco do declive ou quedas de água
(caso das quedas de Kalandula em Malange), cascatas ou cataratas, quando ocorrem deslizamentos.
Depois de um tempo, o rio acabará por regularizar o seu perfil, atingindo o perfil de equilíbrio.
Conforme o estuário evolutivo verificado num rio, nele se podem considerar três fases:
Fase da juventude( curso superior) – onde predominam a erosão e o transporte. Aqui o perfil
longitudinal é irregular e o declive é acentuado e irregular, permitindo, muitas vezes, a
formação de rápidos; cataratas. Formam vales em formas de V fechado ou garganta.
Fase de senilidade ou velhice (curso final) – caracterizada pela existência de vales amplos com
vertentes bastante afastadas e degradadas. Predominam os fenómenos de sedimentação,
originando extensas planícies resultantes da degradação, isto é, do assoreamento pela
sedimentação fluvial. A foz pode estar livre de sedimentação ou podem surgir ai acumulações
de aluviões que dificultam a saida da água. No primeiro caso recebe o nome de estuarios e no
segundo, formam os deltas.
Estas fases podem ser alteradas devido ao abaixamento ou subida do nível de base geral, que por sua vez
pode variar devido a uma subida ou descida do nível do mar, alterações climáticas ou elevação dos vales
fluviais.
Quando há uma descida do nível do mar, a actividade fluvial rejuvenesce. Aumenta o declive e a erosão
regressiva acabará por atingir toda a rede fluvial, procurando restabelecer o perfil de equilíbrio. As
vertentes voltam a recuar aparecendo novas planícies aluviais onde o rio, por erosão, cava um novo leito
provocando a formação de degraus ou terraços fluviais.
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Já vimos que os rios terminam no mar formando estuários ou deltas.
Os estuários constituem o troço final dos rios sujeitos a acções continentais e marinhas. Por isso, a
sedimentação é determinada pela inversão dos sentidos das marés, duas vezes por dia, do que resulta a
alternância de fenómenos de erosão e sedimentação.
Na foz ou estuário de um rio, a acumulação da areia ligada à faixa litoral por uma das extremidades e
com a outra livre formam uma restinga ou cabedelo, como vimos ao estudarmos a acção geológica das
águas do mar.
Por vezes os sedimentos aluviais formam cordões litorais denominados barras ou lombas, que fecham
lagunas que acabam por ser assoreadas. Ou por vezes fazem ligação entre uma praia e uma ilha,
constituindo um tômbolo.
A formação de deltas na foz dos rios é devida a acumulação de depósitos sedimentares. Em geral, ela é
intensa e pressupõe uma estabilidade relativa do litoral.
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TEMA 6: Acção geológica das águas subterrâneas
6.1- Origem das águas subterrâneas
Nas regiões de rocha calcária, as águas de escorrência infiltram-se facilmente, constituindo as águas
subterrâneas no interior do maciço cársico. Nestas situações, se a água é portadora de ácido carbónico,
actua sobre o calcário, dissolvendo-o e abrindo espaços nos afloramentos. A quantidade de calcário
dissolvido pode ser enorme, abrindo cavernas com centenas de metros nas três dimensões do espaço,
enquanto outras podem ter dezenas de quilómetros de túneis entrecruzados.
A chuva é a principal fonte das águas subterrâneas. Está provado que a infiltração da água no solo em
condições exploráveis pode atingir a profundidade de 750 metros. Abaixo dessa profundidade a água
diminui e a sua exploração torna-se economicamente difícil. Sabe-se que na península de Kola,
cientistas russos encontraram água a profundidade de 11 quilómetros.
- Zonas de evapotranspiração – onde as plantas se fixam. É a porção superior da zona de aeração, que
pode ter 1 a 3 metros de espessura;
- Zona intermédia – onde os espaços entre os sedimentos ou as fissuras das rochas podem estar ainda
em parte preenchidos por ar. É a zona que recebe o excesso de água da zona de evapotranspiração
quando esta tiver os seus espaços saturados de água;
- Franja capilar – onde a água pode ascender por acção das forcas de capilaridade, preenchendo
poros. Zona que recebe água por capilaridade da zona de saturação. O teor de água varia entre a
saturação e o valor de água da zona intermédia;
- Zona de saturação – onde todos os espaços estão preenchidos com água, constituindo aquíferos.
Está limitada superiormente pelo nível freático.
Ao contrário dos rios em que a velocidade é medida em quilómetros por hora, a água subterrânea
desloca-se muito lentamente, à velocidade de alguns centímetros por dia ou metros por ano. Isto
deve-se a porosidade e a permeabilidade das rochas.
Aquífero é uma formação geológica, formada por rochas permeáveis seja pela porosidade granular ou
pela porosidade fissural, capaz de armazenar e transmitir quantidades significativas de água. O
aquífero pode ser de variados tamanhos. Eles podem ter extensão de poucos km2 a milhares de km2,
ou também, podem apresentar espessuras de poucos metros a centenas de metros. Quando a unidade
aquífera é formada por mais de uma formação geológica, com características hidrogeológicas
semelhantes, podemos chamá-la de sistema aquífero.
A composição dos aquíferos pode ser bastante variada, mas de forma geral, podemos subdividi-lo em
dois grupos principais. Nos aquíferos sedimentares, formados por sedimentos de granulação variada,
a água circula através dos poros formados entre os grãos de areia, silte e argila. Os aquíferos
cristalinos são formados por rochas duras e maciças, onde a circulação da água se faz nas fissuras e
fracturas abertas devido ao movimento tectónico.
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Na sua formação está implícito um conjunto de processos que permitem a mobilidade da água desde a
sua superfície até à zona de saturação. A maior parte da água subterrânea que se encontra até
algumas centenas de metros de profundidade está em movimento. Como já vimos, este
movimento é lento. Os aquíferos também são conhecidos por toalha aquífera, lençol freático ou
lençol de água.
- Aquífero cativo – limitado por camadas geológicas impermeáveis. Também se designa aquífero
confinado ou artesiano;
- Aquífero livre – Que se encontra em contacto directo com a atmosfera através dos poros de
formações geológicas permeáveis. Também se designa por aquífero não confinado;
- Aquitardo – formação geológica que armazena grande quantidade de água mas é pouco permeável e
transmite-a com dificuldade;
- Aquicluso – formação geológica que armazena água sem a libertar.
A porosidade (P), corresponde aos espaços vazios existentes no interior da rocha. Normal mente é
expressa em percentagem e traduzida pela relação existente entre o volume de vazios (poros)
representada por Vv, e o volume total da rocha considerada, Vt. É calculada usando a fórmula:
O volume máximo de água que um dado volume de rocha pode conter depende da sua porosidade.
Uma rocha muito porosa pode conter muito mais água que uma rocha pouco porosa.
O tamanho e a forma das partículas que constituem a rocha bem como a sua capacidade afectam a
porosidade. Se os detritos se consolidam, a porosidade também é afectada.
A permeabilidade é uma medida da capacidade de as rochas se deixarem atravessar por fluídos. Uma
rocha de baixa porosidade é também de baixa permeabilidade. Porém, valores de alta porosidade não
significam elevada permeabilidade, como acontece, por exemplo, com as argilas.
É fundamental para o homem a boa gestão das águas subterrâneas. Ao ocupar o solo, deve ter em
conta uma eficaz política de ordenação do território, pois que certas actividade nas zonas de recarga
(zona onde o aquífero é alimentado) de aquíferos pode ter graves consequências. Pode ocorrer formas
de poluição física (Temperatura, radioactividade), poluição química (metais pesados, excesso de
nutrientes …) e poluição biológica (vírus, bactérias …) que vão alterar as qualidades deste recurso,
tornando água imprópria para o consumo humano. Cada um de nós deve assumir-se como defensor
intransigível deste bem precioso e cada vez mais raro, evitando desperdício deste recurso natural
ainda renovável.
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As águas da chuva ou resultantes da fusão da neve e do gelo, que se deslocam pela superfície terrestre
sem um caudal e uma direcção definidos, denominam-se águas selvagens.
Os terrenos com cobertura vegetal estão mais protegidos deste tipo de águas e retêm maior
quantidade de água à superfície do que os que têm pouca vegetação. As rochas calcárias, por exemplo,
são extremamente fissuradas, o que permite uma rápida infiltração da água e uma grande circulação
subterrânea. Por esta razão, os terrenos calcários apresentam uma vegetação escassa e características
e uma grande secura superficial.
Já vimos que, a dissolução do calcário é conseguida pelo dióxido de carbono atmosférico contido nas
águas pluviais. As águas que se infiltram nos solos podem tornar-se ainda mais ácidas captando o
dióxido de carbono libertado pelas raízes das plantas, bactérias e outros organismos que vivem no solo.
À medida que esta água rica em dióxido de carbono se movimenta da zona não saturada para a zona
saturada, cria aberturas à medida que dissolve os minerais carbonatados. Estas aberturas alargam-se à
medida que o calcário se dissolve ao longo das diáclases e fracturas, formando uma rede de salas e de
passagens. Tais redes formam-se extensivamente na zona saturada onde, uma vez que as galerias se
encontram completamente preenchidas por água, a dissolução actua em todas as superfícies.
Podemos explorar cavernas que, anteriormente, foram formadas abaixo do nível freático e que se
encontram, agora na zona insaturada devido a um abaixamento do nível freático. Nestas grutas podem
existir diversos animais curiosos, a maioria desprovidos de olhos, uma interessante adaptação à
escuridão. Também é possível encontrar bactérias pouco usuais, nomeadamente, bactérias sulfurosas. Os
geólogos pensam, inclusivamente, que o ácido sulfúrico libertado por estas bactérias pode ter ajudado na
formação das grutas onde se encontram.
Consiste, portanto, no modelado próprio das regiões cujas rochas são susceptíveis de sofrer erosão por
dissolução, geralmente, maciços calcários. O termo carso, que define uma região calcária onde são
abundantes os fenómenos de dissolução dos calcários e os aspectos do modelado cársico, deriva de
Karst, topónimo alemão de um planalto calcário na antiga Jugoslávia onde são evidentes os referidos
fenómenos de dissolução.
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Legenda: 1 – Galeria; 2 – Sifão; 3 – Rio subterrâneo; 4 – Poço; 5 – Chaminé; 6 – Exsurgência; 7 – Cone de blocos; 8 – Algar de abatimento; 9 –
Gruta; 10 – Lapiás; 11 – Vale em canhão; 12 – Lapa; 13 – Algar de infiltração; 14 – Polje; 15 – Ponor; 16 – Hum; 17 – Dolina; 18 – Uvala; 19 –
Sumidouro; 20 – Vale cego; 21 – Abrigo; 22 – Coluna; 23 – Estalactite; 24 – Estalagmite (22, 23 e 24 – Espeleolitos); 25 – Sala; 26 – Terra rossa;
27 – Calcário; 28 – Ressurgência.
Geralmente, os maciços calcários são pobres em vegetação, sendo a sua superfície nua e intensamente
retalhada por uma rede mais ou menos densa e profunda de sulcos em virtude do alargamento das
diaclases e outras fendas por dissolução. No fundo destes sulcos desenvolve-se, geralmente, um
depósito argiloso vermelho, resultante da acumulação de certos componentes (argila, areia fina e óxidos
de ferro, os quais lhe conferem a coloração) que aí ficam retidos. Esse depósito avermelhado toma a
designação de terra rossa.
De um modo geral, as formas cársicas podem ser classificadas como exocársicas ou endocársicas. As
primeiras são aquelas que se formam à superfície dos calcários. As segundas desenvolvem-se no interior
do maciço calcário, estando, por vezes, correlacionadas com as formas exocársicas.
LAPIÁS: Correspondem a fendas ou sulcos superficiais nas rochas calcárias. Podem estar cobertos por
uma camada de solo ou aflorarem a céu aberto. O tamanho e direcção das fendas são variáveis e, a
superfície apresenta um aspecto corroído e muitos fragmentos rochosos. As dimensões das depressões e
das cristas variam de alguns milímetros a mais de dez metros. Existem muitos campos de lapiás no
Barrocal algarvio;
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DOLINA: Pequena depressão mais ou menos circular, de dimensões compreendidas entre as dezenas e
as centenas de metros, sendo, de um modo geral, mais largas que profundas, com paredes rochosas
muitas vezes abruptas, com o fundo plano e atapetadas de terra rossa mais ou menos pedregosa. São
locais de grande infiltração de água para o subsolo;
UVALA: Dá-se quando duas ou mais dolinas, próximas umas das outras, se alargam o suficiente para
coalescerem numa só.
POLJE: Extensa planície cársica fechada, rebaixada no interior dos maciços cársicos, de origem
complexa (tectónica, união de várias dolinas ou uvalas, etc.). As depressões têm um fundo plano que é
excelente para o cultivo, podem atingir alguns quilómetros de extensão e são limitadas por vertentes
abruptas, podendo apresentar inundações permanentes, temporárias ou permanecerem secos. Como
exemplo temos o polje de Mira-Minde, no Maciço Calcário Estremenho;
HUM: Pequeno relevo abrupto isolado e disperso que se pode encontrar no interior de um polje;
SUMIDOURO OU PONOR: Fenda ou orifício lateral ou no fundo que alimenta um polje durante a
época chuvosa e que serve para o escoamento das águas na estação seca. A Nave do Barão, no Algarve,
possui estas formas;
VALE CEGO: Desemboca numa zona onde a circulação atinge um sumidouro e passa a ser subterrânea;
ABRIGO: Cavidade que se abre numa frente rochosa, apresentando dimensões variáveis e sem formar
uma galeria.
ALGAR: Gruta de desenvolvimento essencialmente vertical ou cujo acesso se faz, geralmente, por um
poço que se abre à superfície. Pode ser originado pelo desmoronamento de tecto de uma sala ou galeria
– algar de abatimento – ou pelo alargamento de uma fenda devido à acção corrosiva da água de
infiltração ou pela ascensão de água subterrânea – algar de infiltração.
LAPA: Gruta de acesso e desenvolvimento essencialmente horizontal, sendo constituída por galerias de
várias formas e dimensões. Ao longo de uma gruta poderão existir diversas formas, entre as quais, salas,
poços, chaminés, rampas e sifões. Se estiverem preenchidas por água, as galerias formam um rio
subterrâneo;
EXSURGÊNCIA: Nascente pela qual as águas cársicas, que circulam através dos calcários, emergem
para o exterior. Podem apresentar caudais muito irregulares ao longo do ano;
RESSURGÊNCIA: Nascente pela qual a água de um rio que, previamente, entrou no interior do maciço
cársico por intermédio de um sumidouro ou ponor, emerge para o exterior. O seu caudal depende do
caudal do rio que o alimenta.
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6.3.4- Aspectos Construtivos
As águas subterrâneas não provocam apenas a erosão dos maciços calcários. Para além de transportar o
carbonato de cálcio dissolvido, elas depositam-no de forma a construir novas formações geológicas.
Estas dividem-se em formas de erosão, formas clásticas e formas de reconstrução.
As formas de erosão são acumulações, ao longo ou na base de vertentes abruptas, de cascalheiras que,
por vezes, são cimentadas pelo carbonato de cálcio que precipita da água, formando brechas calcárias.
As formas clásticas surgem devido ao desabamento de blocos de rocha provenientes do tecto ou das
paredes das grutas, acumulando-se sob a forma de um caos ou de um cone de blocos.
Finalmente, as formas de reconstrução originam-se da deposição do carbonato de cálcio que circula
juntamente com a água que escorre ou goteja nas grutas. As formas de reconstrução mais interessantes
são as estalactites, as estalagmites e as colunas, conjuntamente designadas de espeleolitos ou
espeleotemas.
ESTALACTITE: Espigão vertical que se estende do tecto, formado pela evaporação do dióxido de
carbono presente na água, o que permite a precipitação de carbonato de cálcio, que se acumula;
ESTALAGMITE: Espigão vertical que se estende do solo, formado pela evaporação do dióxido de
carbono contido na água quando esta atinge o solo, permitindo a precipitação de carbonato de cálcio, o
qual se vai acumulando;
COLUNA: Coluna vertical formada pela coalescência de uma estalactite com uma estalagmite.
As grutas iniciam a sua formação através de um campo de lapiás ou de um campo de dolinas (ou de
ambos), que vai permitir a dissolução em profundidade e a abertura de condutas. Essas condutas vão ser
continuamente dissolvidas, formando galerias. Quando as galerias se tornam suficientemente grandes
para permitir que a gravidade exerça a sua influência nas camadas superiores, dão-se desmoronamentos
que as vão alargar ainda mais. Existe, no entanto, uma superfície abaixo da qual não se verificam os
processos de erosão cársica – é o chamado nível de base cársico.
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Tema 7: Rochas Sedimentares
7.1- Origem das Rochas Sedimentares
A formação das rochas sedimentares ocorre à superfície da Terra ou próximo dela, geralmente, em
interacção com a hidrosfera, a atmosfera e a biosfera.
A diagénese inclui processos tais como: compactação e rearranjo espacial dos grãos, consolidação,
cimentação, autigénese, substituição, solução de pressão, precipitação, recristalização, oxidação,
redução, desidratação, hidratação, lixiviação, polimerização, adsorção, acção bacteriológica (ex. origem
do petróleo), os quais são normais na parte superficial da crosta terrestre.
Os processos diagenéticos não só se iniciam logo após a deposição do sedimento, como têm um tempo
variável na sua ocorrência.
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Recristalização – Com o aprofundamento, os minerais menos estáveis podem mudar a sua
estrutura para formas mais estáveis adaptadas as novas condições termodinâmicas (P.ex. – A
aragonite transforma-se em calcite e o gesso em anidrite). Pode ocorrer a formação de um
cimento cristalino.
Esquema da compactação dos sedimentos detríticos e circulação dos fluidos entre os poros.
Esquema do fenómeno da solução de pressão, reflectindo a dissolução dos grãos de um mineral resultado das pressões e a cimentação dos poros.
As diferentes camadas denominam-se estratos e diferem entre si pela cor, pela composição e pela
granularidade. A camada mais nova sobrepõe-se à mais antiga, comprimindo-a. As superfícies, quase
planas, que separam diferentes estratos denominam-se juntas de estratificação. Duas intercalam um
estrato. A que o recobre denomina-se tecto e a que fica por baixo é chamada muro.
Nas juntas de estratificação, se podem observar marcas que que indicam ter havido pausas ou
interrupções na sedimentação. Algumas delas são:
Marcas de Ondulações (ripple marks, em inglês)- Já falamos sobre eslas quando estamos a
acção geológica das águas do mar (Tema 4.).
Fendas de dessecação ou fendas de retracção – Geralmente se observam em terrenos
argilosos actuais e também conservadas em rochas antigas.
Marcas das gotas da chuva – Podemos encontrá-las em rochas antigas, com aspecto idêntico
às da actualidade.
Pegadas de animais, pistas de reptação, fezes fossilizadas – Nos informam sobre ambientes
sedimentares do passado e sobre os hábitos dos animais, tipo de alimentação, etc.
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Note que os materiais resultantes da meteorização das rochas podem ficar acumulados no local de
origem, formando depósitos residuais. Mas também podem ser transportados, principalmente pela água
e pelo vento, para outros locais, quer sob forma de solução como sob a forma de detritos de dimensões
variáveis, experimentando sucessivas alterações como:
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A
classificação das rochas sedimentares é feita com base em vários critérios. O esquema que apresentamos subdivide as rochas sedimentares em
três grandes grupos: (S) siliciclastos (fragmentos silicatados e grãos associados); (A) aloquímicos e (P) precipitados químic os e bioquímicos.
Pertencentes ao grupo (A), os aloquímicos, existem, como em todos os outros grupos, uma grande
variedade de rochas, entre as quais faremos apenas referência aos calcários conquíferos. São
constituídos por fragmentos de conchas (aloquímicos), que por sua vez são calcários biogénicos, tendo
sofrido transporte ou não, agregadas por um cimento calcário
No grupo (P), os precipitados, vamos passar a referir algumas rochas. Os calcários são rochas
formadas essencialmente por calcite, que resultou da precipitação e deposição do carbonato de cálcio.
Existe uma grande variedade de calcários. Calcários formados por pequenos grãos arredondados
(oólitos) cimentados por carbonato de cálcio e são, por esse motivo, denominados calcários oolíticos.
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Calcários formados por grãos arredondados aproximadamente do tamanho de ervilhas cimentados por
carbonato de cálcio, denominados calcários pisolíticos.
Calcários comuns apresentando uma estrutura compacta com colorações variadas, por vezes, com
conteúdo fossilífero. As dolomias são rochas sedimentares de precipitação da dolomite , as chamadas
dolomias primárias, e/ou resultado da substituição da calcite dos calcários por carbonato duplo de
cálcio e magnésio (dolomite). É uma rocha compacta, granular e cinzenta clara a escura ou com um
tom amarelo.
As areias são rochas constituídas por detritos desagregados, de tamanhos compreendidos entre 0,063
e 2 milímetros. Há uma grande variedade de areias no que se refere á composição, granulometria,
forma do grão e origem. Todas as areias apresentam um elevado grau de permeabilidade.
Ainda assim, tendo em conta a fracção predominante, nas rochas sedimentares podem considerar-se
três grupos: rochas detríticas, rochas quimiogenéticas e rochas biogenéticas.
As rochas detríticas são constituídas por clastos provenientes de outras rochas e classificam-se de
acordo com a granularidade predominante dos elementos em:
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angulosos, isto é com arestas vivas (não erodidas), designam-se os conglomerados deste tipo
por brechas.
Rochas areníticas - As areias são rochas constituídas por detritos desagregados, de tamanhos
compreendidos entre 0,063 e 2 milímetros. Há uma grande variedade de areias no que se
refere á composição, granulometria, forma do grão e origem. Todas as areias apresentam um
elevado grau de permeabilidade.Consoanta o agente de tras porte e a duração do mesmo, as
areias apresentam aspectos diferentes. Assim temos:
Areias fluviais – Angulosas ou sub-roladas, grosseiras ou finas, com grau de
granotriagem variável;
Areias marinhas – Arredondadas, polidas, por vezes com forma ovóide, brilhantes,
geralmente bem calibradas;
Areias eólicas – Bem arredondadas, baças devido a numerosas marcas provocadas
pelos choques, muito bem seleccionadas;
Areias glaciárias – Muito granulosas e mal calibradas, aspecto triturado
Rochas sílticas - Os limos, também conhecidos por nateiros ou siltes, diferem das areias pela
dimensão do grão, que apresenta tamanhos entre 0,002 e 0,063 milímetros. Apresentam uma
elevada percentagem de argilas (dimensões inferiores a 0,002 mm).
Rochas argilosas – Constituídas por detritos de minerais de argila resultantes da meteorização
química de vários minerais
Os Calcários biognéticos – Resultante de carbonatos que são fixados por muitos organismos
aquáticos, incluindo animais marinhos, que edificam peças esqueléticas como conchas,
polipeiros, carapaças, etc. Quando morrem, esses seres depositam-se nos fundos das águas
formando um sedimento biogenético. A parte orgânica é decomposta e as conchas acabam por
ficar cimentadas, formando calcários consolidados – calcários numulíticos, os calcários
conquiferos (Ver foto da página 55) e os calcários recifais.
As principais fontes de hidrocarbonetos são os combustíveis fósseis, tais como: petróleo, gás
natural, hulha e xisto betuminoso. Por vezes, o conceito de Rocha Sedimentar é generalizado,
englobando materiais carbonáceos, como os carvões e os petróleos.
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Petróleos – Dos combustíveis fósseis conhecidos, o mais importante actualmente é o petróleo.
Aproximadamente 90% dos materiais obtidos a partir da refinação do petróleo são usados em
reacções de combustão, isto é, são queimados para obter energia para meios de transporte,
aquecimento industrial e doméstico, produção de electricidade e iluminação. Os outros 10% são
usados como matéria-prima para a produção de plásticos, borrachas sintéticas, fibras,
fertilizantes e muitos outros produtos de uso comum.
Embora o petróleo não seja uma rocha no sentido comum do termo, uma vez que é líquido, ele
encontra-se exclusivamente no interior das rochas sedimentares e forma-se a partir de
sedimentos biogénicos e, por isso, o seu estudo é feito, muitas vezes, juntamente com as rochas
sedimentares.
Estes seres convertem a energia luminosa do sol em energia química armazenada nos compostos
orgânicos que constituem as suas estruturas. Em meios sedimentares alimentados por grandes
quantidades de detritos orgânicos que devido ao aprofundamento acelerado, ficam rapidamente
isolados do ambiente oxidante, transformando-se, de acordo com as condições e com a natureza
dos detritos, em carvões ou petróleos. Siga o esquema abaixo:
Luz Solar
Acumulação na atmosfera
e nos oceanos
Fotossíntese CO2
(Folhas de Vegetais)
H 2O
Aprofundamento de matéria
orgânica nos sedimentos Combustão
Combustíveis fósseis:
Transformações químicas Carvão, petróleo, gás
durante o aprofundamento natural
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Estes meios caracterizam-se por condições anaeróbias e são ambientes lagunares costeiros ou
meios lacustres. Ao longo de milhões de anos, essas camadas foram sendo comprimidas pelas
rochas que se depositaram acima delas e o material orgânico foi sendo lentamente decomposto, a
que chamamos movimentos de subsidência, transformando-se finalmente, em petróleo e gás de
petróleo, que ocorrem juntos. Em consequência desse rebaixamento por compressão, as camadas
sedimentares também aprofundam rapidamente (cerca de 1 centímetro por século) num
ambiente sem oxigénio. A palavra petróleo significa óleo de pedra (do latim: petra oleum).
O petróleo, depois de retirado pelo homem dessas bacias petrolíferas, não pode ser substituído,
ou seja, ele é fonte de recursos naturais não-renovável. Dessa maneira, é muito importante que o
ser humano aprenda a usá-lo da melhor maneira possível, a fim de que possa usufruir dele por
um maior espaço de tempo. Teoricamente, o petróleo pode ser encontrado em bacias
sedimentares. Mas isso nem sempre acontece porque há outros factores determinantes da
existência de petróleo em certa região.
Os produtos petrolíferos incluem materiais gasosos, líquidos e sólidos nas condições normais de
pressão e temperatura. Os produtos sólidos designam-se asfaltos ou betumes, os líquidos por
petróleo bruto ou nafta e os gasosos por gás natural.
Devido a pressões, os hidrocarbonetos fluidos, como são pouco densos migram da rocha mãe e
acumulam-se em rochas porosas e permeáveis (arenitos, conglomerados, rochas carbonatadas)
que constituem a rocha-armazém ou rocha-reservatório. Sobre esta rocha existe uma camada
impermeável (rochas argilosas) que impede a migração e dispersão do petróleo até à superfície.
Esta cobertura designa-se por rocha-cobertura.
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Nota que: A rocha-armazém, a rocha-cobertura e outras estruturas que impedem que o petróleo
chegue a superfície, constituem a armadilha petrolífera.
Geralmente existe água salgada associada às jazidas petrolíferas. Esta água, que impregna as
camadas permeáveis, pode ser água remanescente daquela que ficou aprisionada nos sedimentos
ou água resultante das infiltrações verificadas à superfície.
A disposição da água, do petróleo e dos gasez no jazigo, corresponde à ordem das densidades
respectivas: por baixo a água, depois o petróleo e finalmente o gás.
Tipos
Hoje em dia, o carvão ainda representa importante recurso energético mundial. Entretanto
existem vários tipos de carvão que variam em qualidade e consequentemente em seu valor de
comercialização, tendo no período de 1929 a 1995 duplicado a produção mundial.
Os lignitos – Com elevada percentagem de materiais voláteis, mas com uma riqueza em
carbono inferior às hulhas e ao antracito.
O antracito – Tem elevada percentagem de carbono (mais de 90% do seu peso) e só 10% de
materiais voláteis. Por isso é que por combustão, não forma fumos e liberta maior quantidade
de calor do que os outros carvões.
Turfa – É produto menos evoluído de entre os carvões. Formado devido a acção de
microorganismos anaeróbicos na parte inferior dos musgos e de outras plantas herbáceas.
Muito rico em materiais voláteis e em matéria orgânica mas de pouco valor económico como
combustível
O aumento do teor de carbono depende da idade (quanto mais antigos são os carvões, mais
ricos são em carbono) e das condições de temperatura e pressão a que estiverem submetidos.
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TEMA 8: Geo-história
Generalidades
A história da Terra é muito longa. Uma história que se desenrola há cerca de 4.600 milhões de anos e
que o homem vem a escrever há cerca de 5 mil anos. Na Geologia os caminhos da história raramente
são direitos.
É próprio de uma falsa ciência nunca descobrir o que é falso, nunca reconhecer a necessidade de
renunciar seja ao que for, nunca mudar de linguagem. Não esquecendo que a história da verdade, e só da
verdade, é uma noção contraditória. Aquilo que hoje é impossível amanhã é do censo comum.
Foi opinião geral que a Terra teve sempre o mesmo aspecto desde a sua origem. As montanhas, os vales,
as planícies, os rios e os mares que nos rodeiam não sofrem alterações visíveis durante a nossa
existência. Desde sempre que o homem observa e usa a Natureza e faz especulações sobre ela. Observou
em muitas rochas a presença de impressões (fósseis) com a forma de conchas, ossos de animais e folhas
de plantas. Ao longo de muitos séculos aquelas impressões excitaram a curiosidade e estimularam a
imaginação, tendo originado inúmeras explicações. Assim foram consideradas como criações de
espíritos maus ou bons sendo designadas como "cobras de pedra", "pedras de trovão", "pedras mágicas"
e "pedras de sapo", ou como resultado da acção das radiações do Sol ou das estrelas; outros, preferiram
olhá-las como facécias do reino mineral imitando formas de plantas e de animais existentes na natureza;
outros, ainda, consideraram-nas restos das primeiras tentativas do Criador, que teria rejeitado os
esforços primitivos quando, com o aperfeiçoamento da prática, adquiriu proficiência suficiente para
criar as formas de vida actuais.
Pitágoras (580-500 a.C.) teve a verdadeira intuição acerca da natureza das referidas impressões
(fósseis). Contudo, ainda no século XVII, Plot admitia que as marcas (impressões - fósseis) observadas
nas rochas seriam o resultado de propriedade inerente à Terra a qual originaria as marcas como
ornamento das regiões ocultas do Globo, da mesma maneira que as flores são o ornamento da superfície.
Mesmo no século XIX, um decreto teológico de Oxford afirmava que o Diabo tinha colocado aquelas
impressões (fósseis) nas rochas para enganar e embaraçar a humanidade.
Foi Leonardo da Vinci (1452-1519), que realizou estudos importantes nos domínios da Geometria,
Biologia, Geologia, Astronomia e Anatomia, quem esclareceu o problema das impressões (fósseis). O
método utilizado por Leonardo da Vinci nas suas observações e deduções foi de importância
fundamental para o estudo da história da Terra, tendo, deste modo, resolvido o problema do significado
dos fósseis. Pese este facto as discordâncias, as rivalidades e as ideias dominantes da sociedade, em
cada época, dentro da comunidade científica sempre foram obstáculo ao avanço da ciência. Veja-se Plot,
século XVII, e o decreto teológico de Oxford, século XIX.
Georges Cuvier (1769-1832) prestou muitas e importantes contribuições à História Natural, no que se
refere a espécies extintas e à reconstituição de alguns fósseis dando-lhe o aspecto que teriam quando
eram vivos. Foi defensor de uma versão da história da Terra, segundo a qual uma sucessão de
catástrofes teria exterminado as primitivas formas de vida, sendo a última destas catástrofes o Dilúvio
descrito na Bíblia.
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Para finalizar esta história, que já vai longa para os objectivos do nosso curso, não podemos deixar
de referir o nome de William Smith (1769-1839), que enunciou dois princípios fundamentais da
estratigrafia, a lei "da sobreposição dos estratos" e a "das camadas identificadas pelos fósseis".
Durante quase cinquenta anos, percorreu a Inglaterra elaborando o primeiro mapa geológico
daquele país.
A história da terra faz-se, principalmente, estudando o registo de eventos passados que foram
preservados nas rochas. As camadas de rochas são como as páginas do nosso livro de história.
A História da Terra também é explicada através de vários princípios ou teorias formuladas por
diversos geólogos, paleontólogos, etc., como à seguir veremos. São três os principais princípios
mais aceites na actualidade. Eles explicam como decorreram as sucessões geológicas ao longo do
tempo, até a formação da terra, até ter a imagem como a que conhecemos actualmente.
1- Estratigrafia
As rochas sedimentares são arquivos extraordinários onde está armazenada uma imensidão de
informação. Elas frequentemente são estratificadas e fossilíferas. Cada estrato é como se fosse a
página de um livro gigantesco de milhares de milhões de páginas que nos contam a história da
Terra e da vida. Cada vez que olhamos para um estrato vemos passar milhões de anos do tempo
geológico. Eles nos “falam” sobre os ambientes das épocas passadas, do clima, da repartição dos
continentes e oceanos, da composição química da água, da composição da atmosfera, da fauna e
da flora sempre em mudança.
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A datação relativa corresponde a determinação da ordem cronológica de uma sequência de
acontecimentos, ou seja, estabelece a ordem pela qual as formações geológicas se constituíram no
lugar onde se encontram.
No entanto, ela não permite afirmar quantos anos ou milhões de anos tem realmente determinada
rocha. Existem, actualmente, técnicas que permitem fazer a datação absoluta das rochas. Essas
técnicas baseiam-se na desintegração de isótopos radioactivos naturais.
Princípio da Sobreposição
No tema História da Geologia referimos que o cientista dinamarquês Nicolau Steno (1638-1686), foi
um dos primeiros investigadores a redescobrir a verdadeira natureza dos fósseis. Estudou as posições
relativas das rochas sedimentares. Formulou o Princípio da Sobreposição que consiste no seguinte: “a
acumulação dos sedimentos, em qualquer ambiente sedimentar, origina uma sequência de camadas
ou estratos, (conhecidas também como sequencia estratigráfica) em que as camadas mais antigas
são cobertas pelas mais recentes”.
Logo, desde que as camadas sedimentares não tenham sofrido qualquer modificação na sua
horizontalidade acumulativa original (lei da horizontalidade), as mais novas encontram-se por cima das
mais velhas.
Penedos constituídos por uma formação calcária na Fenda da Tundavala, Lubango/Huíla (Angola), rica em conteúdo fossilífero. Estas camadas
encontram-se na posição horizontal original. Assim sendo, podemos afirmar que as camadas são mais antigas quanto mais abaixo estiverem, sendo
a camada superior a parte mais recente.
= Foto de Arquivo do Prof. Margarido/2014 =
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Princípio do Uniformitarismo ou Princípio das Causas Actuais (também conhecido como
Principio do actualismo)
Apesar das observações e estudos de Steno, só no fim do século XVIII e início do século XIX, James
Hutton (1726-1797) como estudioso dos processos sedimentares confirmou o princípio da
sobreposição e estabeleceu o Princípio do Uniformitarismo (Ver o Tema História da Geologia),
também conhecido por Princípio das Causas Actuais, o qual se pode expressar das seguintes formas:
“1) os fenómenos geológicos existentes na actualidade são idênticos aos que ocorreram no passado, 2)
os acontecimentos geológicos do passado, explicam-se através dos mesmos processos naturais que se
observam na actualidade, 3) o presente é a chave do passado”.
As colunas litoestratigráficas (subdivisões das sucessões de rochas existentes na crosta terrestre, distinguidas e delimitadas na base das suas
características litológicas) aqui representadas contêm fósseis característicos indicados, no esquema, pelas letras do alfabeto. Estes fósseis
permitem estabelecer correlações entre diferentes locais. A partir dessas correlações, podemos construir uma sequência temporal; por
exemplo, neste esquema simples, é claro que os grupos fósseis A e B são mais antigos do que F e G, mesmo que nunca surjam no mesmo local.
Saliente-se que, por vezes, as unidades litológicas (rochosas) desaparecem completamente, como aconteceu à unidade D. Na coluna mais à
direita, existe uma descontinuidade entre C e E, o que indica uma falha temporal no registo. Neste local, a erosão eliminou a unidade D e parte
da C antes do depósito da unidade E.
Smith e outros cientistas da época sabiam que a sucessão das diferentes formas da vida preservadas
como fósseis seriam úteis para compreender como e quando as rochas se formaram. Mais tarde,
cientistas desenvolveram uma teoria para explicar essa sucessão.
O estudo das rochas estratificadas (sob a forma de estratos) e dos fósseis que elas contêm é chamada
biostratigrafia.
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2- Paleontologia
Nas rochas sedimentares aparecem, frequentemente, restos ou simples vestígios de seres que viveram
em tempos geológicos anteriores a época actual. Estes vestígios são contemporâneos da génese da
rocha que os contém. A Ciência que estuda as causas, as origens, a idade e a propriedades desses
vestígios chama-se Paleontologia.
Após a morte, os seres ficam incorporados nos sedimentos. O que acontece, mais frequentemente, é
que esses organismos desaparecem, ou porque são comidos por outros ou porque são destruídos
pelos decompositores. As partes duras, como ossos, conchas e dentes, são mais resistentes e podem
ser mais facilmente preservadas do que as partes moles e delicadas.
Pelos estudos realizados foi possível se aperceber que a maior parte das cadeias montanhosas
existentes formaram-se a partir de sedimentos depositados, ao longo de milhões de anos, no fundo
dos antigos mares.
A maior parte das rochas expostas à superfície da terra são sedimentares - formadas a partir das
partículas de rochas mais velhas que foram erodidas pela água ou pelo vento. O cascalho, a areia, o silte
e a lama (argilas) existem nos rios, lagos e oceanos. Estas partículas sedimentares ao depositarem-se
podem enterrar animais e plantas, mortos ou vivos, no fundo dos lagos, dos rios ou dos mares.
Com a passagem do tempo e a acumulação por deposição de mais partículas, frequentemente com
mudanças químicas, os sedimentos desagregados transformam-se em rocha cimentada. O cascalho
transforma-se numa rocha chamada conglomerado, a areia transforma-se em arenito, a lama
transforma-se em calcários ou argilitos, consoante o tipo de lama, e os esqueletos e outras partes
animais, bem como as diferentes partes constituintes das plantas podem transformar-se em fósseis.
A palavra fóssil faz com que muitas pessoas pensem em dinossauros, isto porque, actualmente, os
dinossauros são descritos e caracterizados nos livros, filmes e programas de televisão. Estes répteis
foram animais dominantes na Terra durante um certo período do tempo geológico. Depois
extinguiram-se, como aconteceu a muitas outras espécies de animais e plantas. As razões das
extinções das diferentes espécies são matéria de debate entre cientistas, embora se possam fazer
algumas especulações.
Os conceitos que passamos a apresentar são importantes no estudo e no uso dos fósseis: 1) os fósseis
representam os restos (sobretudo os esqueletos, as carapaças e outras estruturas duras) ou vestígios de
seres vivos que ficaram preservados em rochas cuja génese foi contemporânea da existência desses
seres, 2) a maioria dos fósseis são restos ou vestígios de seres vivos extintos; isto é, pertencem às
espécies que tiveram grande expansão na Terra, mas tiveram um período de vida curto em termos de
tempo geológico, 3) os diferentes tipos de fósseis encontrados nas rochas de diferentes idades são a
prova que a vida na terra mudou ao longo do tempo geológico.
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Para que se forme um fóssil é necessário que as evidências sofram uma série de transformações
químicas e físicas ao longo de um período de tempo. Assim, só se consideram fósseis os vestígios
orgânicos com mais de 13.000 anos (idade aproximada da última glaciação do Quaternário – o
Würm).
Os fósseis são evidências materiais de organismos do passado distinto dos actuais, permitindo
conhecer como têm evoluído as espécies até chegarem às formas recentes, incluindo o Homem -
Paleontologia Evolutiva.
Outra utilidade resulta do estudo de todos os fósseis encontrados na mesma unidade geológica,
integrados no respectivo substrato. Torna-se então possível determinar que relações existiriam entre
os vários organismos (predação, comensalismo, parasitismo, entre outras), e entre estes e o ambiente.
Este estudo é objecto da Paleoecologia.
Uma vez que alguns organismos apenas sobrevivem em condições climáticas muito restritas, estes
constituem bons indicadores de climas do passado, sendo estudados pela Paleoclimatologia.
Os grãos de pólen fósseis são particularmente úteis nestes estudos. Da mesma forma há
organismos adaptados a ambientes muito restritos. Por exemplo, na actualidade os gastrópodes
que se encontram em meio marinho são diferentes dos encontrados em meio lacustre ou
terrestre. Estes organismos dão-nos informações acerca do ambiente em que viveram -
Paleoambiente - sendo considerados fósseis de ambiente ou fósseis de fácies.
Estas informações também nos permitem reconhecer a geografia da Terra no passado, como a
extensão de mares antigos, praias, lagos, entre outros. A reconstituição da geografia da Terra do
passado a partir de organismos fósseis designa-se Paleobiogeografia.
Os fósseis também podem ser úteis nos estudos de tectónica. O estudo de um fóssil deformado
comparativamente com um original, permite-nos quantificar a deformação sofrida por uma
determinada rocha.
Por fim, a aplicação provavelmente mais importante reside na capacidade de determinação da idade
das rochas que os contêm, uma vez que cada intervalo de tempo tem fósseis característicos. O estudo
da idade dos estratos sedimentares a partir dos fósseis designa-se Biostratigrafia largamente utilizada
em estudos científicos, assim como na indústria extractiva do petróleo e do carvão entre outras. Os
fósseis que se distribuem em intervalos de tempo curtos na História da Terra tendo ampla distribuição
geográfica designam-se fósseis de idade.
De um modo geral, os organismos são completamente destruídos após a morte e num determinado
espaço de tempo, processo este que se designa por decomposição. Estes são decompostos pela acção
combinada de:
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Por vezes, os restos orgânicos ficam rapidamente envolvidos num material protector que os preserva do
contacto com a atmosfera, da água do mar e da acção dos decompositores. Este processo é raro
(acontece em menos de 1% das situações), complexo e geralmente só as partes duras (troncos, conchas,
carapaças, ossos e dentes) fossilizam.
Na fossilização os compostos orgânicos que constituem o organismo morto são substituídos por outros
mais estáveis nas novas condições. Estes podem ser calcite, sílica, pirite, carbono, entre outros. A
fossilização é um processo muito lento e complexo!
Recapitulando, para que haja fósseis são muito convenientes duas condições:
Tipos de fossilização
Os restos directos, diferentemente dos vestígios, são as provas directas desses organismos, como
ossos, troncos, dentes e etc... Algumas vezes, ossos de dinossauros, de peixes, ou de qualquer outro
tipo de vertebrado, bem como carapaças e conchas de invertebrados, permanecem inalterados
quimicamente por milhares de anos até serem descobertos. Diz-se então que eles sofreram uma
preservação simples.
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Mesmo que estejam enterradas, até as partes duras de um animal podem não resistir à acção de
substâncias químicas, particularmente de soluções ácidas. Assim, o que sobrou do animal pode ser
dissolvido deixando em seu lugar um espaço vazio chamado molde. Se for conseguido um molde
que não tenha sido deformado, pode-se preenchê-lo com látex ou com massa plástica e se consegue
uma réplica exacta do material que ali existia. Eventualmente a própria natureza faz o trabalho
preenchendo o vazio com outros minerais.
Não são apenas os fósseis que podem nos contar estórias. As rochas onde estes se formaram também
podem nos dar inúmeras informações importantes, não apenas sobre a formação dos mesmos, como
também do ambiente onde esses antigos serem viviam.
A evolução biológica, há mais de 3.000 milhões de anos que nos vem apresentando uma sucessão
ordenada de organismos que nos permite, através de estudos laboratoriais, simulações matemáticas
dos processos geológicos e especulações inteligentes, fazer a reconstituição de uma história
directamente ligada à passagem do tempo geológico.
Estabeleceu-se uma escala baseada na existência de sucessivas faunas e floras fósseis. Graças à
evolução, a história da vida fornece-nos um "cronómetro" que permite situar acontecimentos inter-
relacionados no eixo dos tempos, isto é, construir uma cronologia relativa, a biocronologia.
O aparecimento e o desaparecimento de determinadas formas vivas (espécies, géneros, famílias,...), a
sucessão e a diversificação das mesmas são pontos de referência que servem para definir e limitar as
unidades biocronológicas, cujo conjunto constitui uma escala biostratigráfica.
São materializadas por crises evolutivas, frequentemente em ligação com fenómenos físicos
(movimentos dos continentes, avanço (transgressão) ou recuo (regressão) dos mares, glaciações...).
Estas descontinuidades na história da vida serviram de base a Alcide d'Orbigny para estabelecer, em
meados do século passado, a divisão do tempo relativo em 27 andares (1849-1852).
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A antiguidade, a perenidade e a importância dos artrópodes (que têm pés articulados) sobressaem nitidamente tanto nos tempos passados
como na época actual. Os principais grupos existem desde o Câmbrico (-530 milhões de anos), e os mais tardios aparecem no Devónico, entre -
400 e -360 milhões de anos, bem como no Carbónico (-300 milhões de anos). Poucos grupos se extinguem, à excepção dos trilobitóides, no
Câmbrico, e das trilobites e artropleurides, no fim do Primário ou Paleozóico. A largura dos ramos da árvore genealógica é proporcional à
abundância de representantes de cada grupo e mostra a importância e o lugar de cada um nas várias eras geológicas até à actualidade
Cronologia geológica (Tempo geológico)
A história da terra é subdividida em eons, que são subdivididos nas eras, que são subdivididas em
períodos ou sistemas, etc.. As subdivisões sucedem-se até ao horizonte, de acordo com o
desenvolvimento dos conhecimentos paleontológicos e estratigráficos. Os nomes de subdivisões,
como paleozóico ou cenozóico, podem causar estranheza, mas se decompusermos os termos já se
tornam compreensivos. Por exemplo, zóico diz respeito à vida animal, e o paleo significa antigo, o
meso significa o meio, e ceno significa mais recente.
Assim a ordem relativa das três eras das mais antigas para as mais recentes são o Paleozóico, o
Mesozóico e o Cenozóico.
As rochas formadas durante o Eon Proterozóico contêm fósseis de organismos muito simples, tais
como bactérias, algas, e de animais vermiformes. As rochas formadas durante o Eon Fanerozóico
apresentam fósseis de organismos complexos de animais e de plantas tais como os répteis, mamíferos
e árvores.
O andar é designado por um nome, muitas vezes o de uma localidade ou região geográfica onde pela
primeira vez foi estudado e definido, acrescido do sufixo «iano»: por exemplo, Oxfordiano para
Oxford, em Inglaterra, e Albiano no caso de Albe, em França. O estratótipo é o padrão que serviu para
definir o andar; corresponde a uma dada sucessão de camadas geológicas num afloramento e lugares
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precisos: por exemplo as bancadas de calcários azuis com moluscos em Semur-en-Auxois, no caso do
andar Sinemuriano.
Vários andares sucessivos constituem uma série ou um sistema=período cujo nome é decalcado a
partir de uma região natural (Jurássico, por ter sido estudado e definido pela primeira vez nos montes
do Jura, localizados entre a França e a Suiça) ou a partir das características da época que representa
(Carbónico em virtude do grande desenvolvimento de camadas de carvão, ou Cretácico pela
abundância de camadas de cré - calcário branco poroso, formado por conchas de foraminíferos).
Muitas vezes, um acontecimento biológico importante e global delimita um sistema: início do
Câmbrico - aparecimento dos orgãos esqueléticos; fim do Cretácico - desaparecimento dos
dinossauros, das amonites, das belemnites e dos rudistas.
Os sistemas=períodos são agrupados em eras, cujos limites estão igualmente relacionados com a
história da vida: fim do Primário ou Paleozóico - desaparecimento das trilobites. As eras, tal como já
referimos, podem ser agrupadas em eons.
As rochas proterozóicas apresentam fósseis de algas unicelulares, bactérias e fungos. Alguns fósseis de
seres pluricelulares foram encontrados em terrenos proterozóicos da Austrália, na Colúmbia britânica e
noutras partes do mundo.
Aqui encontramos inúmeros elementos paleontológicos. A partir daqui uma enorme variedade de
plantas e animais evoluiu e proliferou rapidamente. Esta abrupta mudança, há cerca de 542 milhões de
anos, marca o fim do proterozóico e inicia o Fanerozóico.
Este Éon representa 12% da historia da Terra, mas é no inicio deste tempo que ocorrem as grandes
alterações. A primeira subdivisão do Fanerozóico é o período Câmbrico.
No inicio do Câmbrico ocorreram quatro mudanças que se encontram registadas por fosseis:
1- Os animais desenvolveram conchas e esqueleto que são muito mais facilmente fossilizados do
que os tecidos moles;
2- O número de indivíduos aumentou de maneira notável;
3- O número de espécies também aumentou consideravelmente
4- O tamanho dos indivíduos evoluiu de microscópico para macroscópico
Para além do grande número de fosseis, há outra razão para que este Éon ser mais conhecido. As acções
da tectónica e metamórficas deformaram e transformaram mais intensamente as rochas do Pré -
Câmbrico do que as do Fanerozóico.
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A explosão câmbrica é um mistério. Porque que os os organismos pluricelulares apareceram tão tarde no
tempo da evolução da Terra? E porque razão evoluíram e proliferaram tão rapidamente?
Segundo uma teoria, os seres pluricelulares podem não ter evoluído mais cedo devido ao facto de a
concentração de oxigénio ser demasiado baixa para poderem sobreviver. A atmosfera primitiva teria
uma composição venenosa para a maioria dos seres vivos.
Nesta Era, animais com conchas e peixes evoluíram no mar e anfíbios e repteis começaram a ocupar os
continentes. Plantas multicelulares cresceram nos oceanos e fetos arbóreos e coníferas cobriram a Terra
para formar grandes bacias carboníferas. Ocorreram grandes mudanças na Terra e nos mares. Animais e
plantas foram arrastados para o fundo das águas e os corpos foram enterrados nos lodos e outros
sedimentos.
Com o tempo, os sedimentos originaram vários xistos que muito mais tarde, devido a movimentos
orogénicos, originaram montanhas. Em rochas deste tempo foram encontrados fósseis de mais de 150
espécies de animais. Algumas espécies existem ainda hoje, como as medusas e holotúrias, mas a maior
parte das espécies desapareceram.
Estudos paleontológicos mostram que os oceanos desta Era eram dominados por gastrópodes, vermes,
braquiópodes e trilobites. Algas e outras plantas simples viviam em conjunto com estes animais.
Mais de 70% das famílias de anfíbios e répteis extinguiram-se no fim do Mesozóico, assim como muitos
outros animais e plantas. Esta extinção define o fim da Era Mesozóica e o início da Era Cenozóica.
Pêlos e glândulas mamárias caracterizam os mamíferos, mas por falta de fosseis destas estruturas, os
paleontólogos identificaram-nos com base nos fosseis dos seus esqueletos. A evolução dos mamíferos
foi muito rápida, implicando alterações das estruturas ósseas, particularmente do crânio e dos maxilares
inferiores. Por outro lado, os fosseis do cenozóico são relativamente jovens e consequentemente estão
menos alterados e deformados por metamorfismo do que os que apareceram nas rochas antigas. A
evolução nesta Era está bem documentada nos registos fosseis.
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No final da Era, importante crise climática levou a redistribuição de algumas espécies vegetais e
animais. Na sequência das crises climáticas, verificadas durante o Plistocénico, ocorrem
Há cerca de cinco milhões de anos, próximo do fim da Época Miocénica, primatas parecendo seres
humanos mais do que macacos apareceram na Índia. Depois, entre três e um milhão de anos, separaram-
se e desenvolveram-se linhagens de hominídeos. Se Encontraram fósseis na África Ocidental.
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TEMA 9: Cartografia
Definição. Breve Historial do Surgimento da Cartografia
A arte de traçar mapas começou com os gregos que, no século VI a.C., em função de suas
expedições militares e de navegação, criaram o principal centro de conhecimento geográfico do mundo
ocidental. O mais antigo mapa já encontrado foi confeccionado na Suméria, em uma pequena tábua de
argila, e representa um Estado.
A Cartografia data da pré-história quando era usada para delimitar territórios de caça e pesca. Na
Babilónia os mapas do mundo eram impressos em madeira num disco liso, mas foram Eratosthenes de
Cirene e Hiparco (século III a.C.) que construíram as bases da moderna cartografia com um globo como
forma e um sistema de longitudes e latitudes.
Ptolomeu desenhava os mapas em papel com o mundo dentro de um círculo, sendo imitado na
maioria dos mapas feitos até a Idade Média. Foi só com a era dos descobrimentos que os dados
colectados durante as viagens tornaram os mapas mais exactos.
Com a descoberta do novo mundo, a cartografia começou a trabalhar com projecções de superfícies
curvas em impressões planas. A mais usada e conhecida é a projecção Mercator.
Foi apenas no Séc. XVIII que a civilização europeia atingiu um estado de organização tal que muitos
governos reconheceram o valor da cartografia sistemática dos seus territórios. Foram, então, criadas
instituições governamentais destinadas à cartografia de países inteiros.
Na década de 70, a experiência ganha com o desenho de cartas no computador (CAD) e o próprio
desenvolvimento dos processos informáticos levaram ao reconhecimento das enormes vantagens da
utilização do computador em cartografia:
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Minimizar a utilização da carta impressa como forma de armazenagem dos dados e, por isso,
minimizar a utilização da carta impressa como forma de armazenagem dos dados e, por isso,
minimizar os efeitos da classificação e generalização da qualidade dos dados;
Produzir cartas difíceis de desenhar à mão, como, por exemplo, cartas tridimensionais;
A introdução da automatização conduz à modificação de todo o processo de produção de cartas,
com grande redução dos custos e possibilidade de aperfeiçoamentos diversos;
Finalmente, a partir da década de 80, a utilização sistemática de receptores dos Sistemas Globais de
Posicionamento e Navegação por Satélite, instalados em carros e aviões, permite uma aquisição rápida
e precisa de nova informação a ser introduzida nas cartas digitais e, permite, ainda, a validação da
cartografia já existente.
Hoje em dia a cartografia é feita através de fotometria e de sensoreamento remoto por satélite e, com a
ajuda de computadores, mais informações podem ser visualizadas e analisadas pelos geógrafos, fazendo
mapas que chegam a ter precisão de até 1 metro
Até à introdução do computador em cartografia, todos os tipos de cartas tinham um ponto comum: a
base de dados espaciais era um desenho numa folha de papel ou filme. A informação era registada
através de elementos pontuais, de linha e de superfície. Estas entidades geográficas básicas eram
apresentadas com recurso a vários artifícios visuais, tais como símbolos diversos, cores ou texto, sendo
o seu significado explicado em legenda.
A localização de qualquer lugar na Terra pode ser mostrada num mapa. Mapas são normalmente
desenhados em superfícies planas em proporção reduzida do local da Terra escolhido. Nenhum mapa
impresso consegue mostrar todos os aspectos de uma região.
Mapas em contraposição a fotos aéreas e dados de satélite podem mostrar muito mais do que apenas
o que pode ser visto. Podem mostrar, por exemplo: concentração populacional, diferenças de
desenvolvimento social, concentração de renda, entre outros. Os mapas, por sua representação plana,
não representam fielmente um mundo geóide como a Terra, o que levou cartógrafos a conceberem
globos, que imitam a forma da Terra.
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Projecções Cartográficas
São as diversas formas como se popdem apresentar uma Carta ou Mapa. São três as projecções mais
utilizadas: Projecção Azimutal, Projecção Cilíndrica e Projecção Cónica.
Projecção Azimutal
Projecção Cilíndrica
Projecção Cónica
Curvas de Nível
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À esquerda a perspectiva da mesma e que para melhor visualização das curvas de nível está
estratificada em patamares de 5 metros de altitude; à direita o mapa da mesma ilha.
É fácil imaginar que, na perspectiva à esquerda, o nível da água do mar sobe 5 metros de cada vez,
facto que altera a linha de costa para o patamar indicado com o valor 5, e assim sucessivamente.
As curvas de nível do mapa (à direita) mais não são que as diferentes linhas de costa, espaçadas de 5
em 5 metros (a EQUIDISTÂNCIA).
Pelo exame do modo como os limites geológicos das formações de natureza sedimentar cortam as
curvas de nível, podem tirar-se algumas conclusões:
Quando os limites geológicos são aproximadamente paralelos às curvas de nível, as camadas
devem encontrar-se mais ou menos horizontais.
Quando cortam as curvas de nível em linha recta em zonas de declives mais ou menos
acentuados (curvas de nível muito juntas e abundantes), as formações devem estar muito
próximo da vertical.
Quando, junto às linhas de água, a inclinação das camadas se faz no mesmo sentido do declive
topográfico, mas:
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a) É superior ao declive: A curva de intersecção do limite tem um aspecto inverso do das curvas de
nível.
b) É inferior ao declive: A curva de intersecção tem o mesmo aspecto das curvas de nível, mas corta-as
obliquamente com abertura menor.
Quando a inclinação das camadas se faz no sentido contrário ao declive topográfico: A curva de
intersecção do limite apresenta o mesmo aspecto que as curvas de nível, mas corta-as
obliquamente, com uma abertura maior.
Duas situações podem coexistir e ser visualizadas quando se examina uma mesma carta geológica:
No primeiro caso, é muito provável estarmos na presença de uma estrutura monoclinal onde as
camadas estão inclinadas no mesmo sentido. No segundo caso (e desde que as formações não estejam
próximo da horizontal - caso em que as camadas seguem, sensivelmente, as sinuosidades das curvas
de nível, como dissemos anteriormente), estaremos observando zonas de dobramentos, nas quais as
regiões de curvaturas máximas deverão corresponder a zonas de charneira de dobras, ou melhor, a
situações ditas de terminações perictinais - locais onde as charneiras das dobras são intersectadas pela
superfície topográfica.
Ao olharmos para uma Carta Geológica salta-nos à vista a diversidade de cores que geralmente
apresenta, muitas vezes desenvolvendo-se em caprichosos contornos. Cada cor tem, contudo, o seu
significado, representando um conjunto de características que determinam a natureza (litologia) e/ou
a idade duma formação rochosa aflorando na região da carta.
Geralmente, cada cor é afectada dum símbolo (letra normal ou grega - esta para rochas magmáticas),
seguido ou não de outras letras ou algarismos, que permitem identificar melhor as cores. Esta simbologia
também possibilita distinções dentro da mesma cor, quando se pretende diferenciar tipos de rochas
assinaladas com sobrecargas.
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Na legenda, onde estão representadas, dentro de pequenos rectângulos, todas as cores e
todos estes símbolos, descreve-se, duma forma sucinta, a natureza e o nome da unidade
cartografada. A ordem por que se dispõem estes rectângulos, quando referidos a rochas
sedimentares e
metamórficas, faz-se, geralmente, segundo o "princípio da sobreposição": as unidades mais modernas
vão-se sobrepondo às unidades mais antigas. Em geral, incluem-se, na parte inferior desta escala
estratigráfica, os terrenos de idade desconhecida. Para a interpretação da carta e estabelecimento de
cortes geológicos, a consideração deste escalonamento é fundamental.
Além da legenda referente ao conteúdo colorido da carta, existem ainda sinais convencionais que
identificam e posicionam acidentes estruturais ou outros elementos de interesse geológico – mineiro e
arqueológico que se encontram na carta, nomeadamente:
Tipos de Escala
Uma carta topográfica não é mais do que a representação, numa superfície plana, de uma
determinada área de um terreno cujas medidas são reduzidas das suas dimensões reais, numa relação
que constitui a escala dessa carta. Esta vem sempre indicada na mesma.
A escala é, portanto, a razão (quociente) constante entre a medida do segmento que, na carta, une
dois pontos quaisquer, e a distância real (no terreno) entre os mesmos pontos, expressas na mesma
unidade de medida.
As Cartas topográficas têm uma finalidade essencialmente prática e devem permitir, de uma forma clara
e rápida, uma leitura de todos os elementos visíveis da paisagem, possibilitar a medição precisa de
ângulos, distâncias, desnivelamento e superfícies. Para isto temos de recorrer à Escala. É esta a sua
função primária.
A Escala indica a relação existente entre a distância medida na Carta e a distância real medida no
terreno.
Assim, uma escala 1/25 000 (também representada por 1:25 000), significa que 1 milímetro, 1
centímetro, 1 decímetro, . . . . medido na carta, corresponde, respectivamente, a 25 000 milímetros,
(ou seja, 25 metros), 25 000 centímetros (= 250 metros), 25 000 decímetros (= 2 500 metros), ... no
terreno.
De modo semelhante, numa escala 1:50 000 (1/50 000), 1 milímetro na carta corresponde a 50 000
milímetros, isto é, 50 metros, no terreno.
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Uma regra de três simples permite, facilmente, calcular, numa escala determinada, o valor de qualquer
distancia, considerada na carta, e a correspondente medida no terreno e vice-versa:
Por exemplo: Numa carta à escala 1:50 000 onde dois pontos distam 32 mm, medidos com uma régua,
teríamos:
Se 1 mm (na carta) corresponde a 50 000 mm (no terreno)
32 mm (na carta) corresponderão a x mm (no terreno)
x = 32x50 000 mm = 1600 000 mm = 1 600 metros
As Escalas Numéricas são representadas por uma fracção 1/10 000 ou ainda 1:10 000, em que o
numerador, sempre a unidade, significa 1 centímetro no mapa e o denominador significa a distância real
no terreno expressa na mesma unidade. (Numa escada de 1/10 000, a distância de 1 centímetro na carta
representa 10 000 centímetros no terreno).
Podemos dizer que a escala representa o número de vezes em que a medida real, sempre em centímetros,
foi reduzida na carta. No caso anterior, a redução foi de 10 000 vezes.
A Escala Gráfica é representada por um segmento de Recta ou uma barra que permite a leitura directa
no mapa e, por conseguinte, a conversão directa nas respectivas distâncias reais.
A maneira mais simples de serem construídas consiste em marcar num segmento de recta segmentos
iguais, em regra de 1 centímetro e sua correspondência real a cada parte:
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
10 20 30 40 50 60 70 80 90 100
Para reduzir esta escala a uma escala numérica, considera-se a unidade (1 cm) em numerador e, em
denominador a distância real em centímetros (1 000 000), 1/1 000 000.
Numa carta topográfica, além da representação das particularidades naturais ou artificiais que existem
na superfície do terreno e que constituem a planimetria considera-se ainda, separadamente, a
configuração do relevo - a altimetria.
O relevo é figurado por intermédio de curvas de nível, linhas que correspondem à projecção vertical
das intersecções de hipotéticos planos horizontais, equidistantes e paralelos, com a superfície do
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terreno. Cada curva de nível é definida pela sua cota que indica a sua altura em relação ao nível médio
das águas do mar (altitude).
A distância entre estes hipotéticos planos horizontais chama-se equidistância natural e ao valor desta
distância, à escala, corresponde à equidistância gráfica.
As equidistâncias podem variar consoante a escala da carta.
Na planimetria utilizamos sinais convencionais que vêm figurados numa legenda onde se especificam
os símbolos utilizados (como já vimos atrás). Estes, não obedecem à escala da carta.
Construção de um perfil Topográfico e Geológico
Perfil topográfico: Um perfil topográfico permite visualizar o relevo ao longo de uma linha traçada
sobre a carta (geralmente um segmento de recta).
Traçado o segmento de recta ao longo do qual se pretende o perfil, faz-se assentar sobre o
segmento, o lado de uma tira de papel.
Sobre esta tira marcam-se os pontos de intersecção da linha do perfil com as linhas de nível, e
indicam-se os valores das cotas intersectadas. Além disso, assinala-se ainda a intersecção com
pontos notáveis da planimetria, como: marcos geodésicos, estradas, caminhos-de-ferro, linhas
de água, etc.
Analisando, no final, a tira com as marcações feitas procuramos o valor da cota mais alta e o
valor da cota mais baixa para, deste modo, ficarmos com a noção do intervalo da distribuição
das altitudes que vão figurar no perfil.
Seguidamente, numa faixa de papel milimétrico traça-se um gráfico bidimensional no qual
figuram em abcissas, as distâncias correspondentes à planimetria e, em ordenadas, as cotas
das curvas de nível representadas sentadas na escala da carta.
A tira de papel sinalizada é, então, ajustada ao eixo das abcissas e a cada marcação cotada faz-
se corresponder um ponto que resulta da intersecção vertical dessa marcação com a horizontal
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da cota da ordenada correspondente ao valor sinalizado. Os sinais da planimetria são
igualmente assinalados no perfil.
A representação dum perfil em que a escala dos valores cotados é igual à escala da carta mostra-nos o
relevo real. Este, nas regiões pouco acidentadas, (com pouca densidade de curvas de nível) aparece-
nos, no perfil, bastante esbatido. Para dar realce ao relevo costuma multiplicar-se a escala dos valores
cotados por 4, 5,... 10, o que corresponde a sobre elevar o perfil 4, 5, 10 vezes.
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Com os cortes geológicos, também chamados perfis geológicos, pretende-se visualizar a disposição e
as relações entre as diferentes rochas que se encontram em profundidade, facilitando assim a leitura
das estruturas que ocorrem na carta.
Consideremos, como exemplo, a Carta Geológica figurada, da qual, para simplificar, se retirou a
planimetria e altimetria.
Para construir um perfil geológico, procede-se de modo análogo ao que foi descrito para um perfil
topográfico:
Feito o traçado da localização do corte (que deve ser, quanto possível, perpendicular à direcção
das camadas ou aos eixos das estruturas), ajusta-se-lhe o bordo de uma tira de papel. Nesta,
além de se marcarem as intersecções com as curvas de nível, linhas de água, etc. (pois
conjuntamente traçar-se-á o perfil topográfico onde irá implantar-se a geologia), marcam-se,
ainda, as intersecções do bordo da tira com os limites geológicos e com os acidentes tectónicos
(falhas, cavalgamentos, etc.).
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Estabelecido o perfil topográfico, estas intersecções dos limites e acidentes vão ser assinaladas
na linha do perfil.
Recobre-se então esta linha – nos espaços delimitados pelos pontos – com lápis de cor, usando
as cores das manchas correspondentes às diferentes formações intersectadas.
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As rochas magmáticas (não aflorantes na carta - exemplo) instruem a partir da profundidade cortando
todas as camadas e estruturas pré-existentes.
Embora ainda não sejam usuais nas cartas geológicas angolanas, os blocos – diagrama começam a
figurar em algumas cartas geológicas estrangeiras.
Um bloco – diagrama procura dar uma visão tridimensional perspectivada, duma determinada região
mostrando a continuidade das rochas que afloraram à superfície com as mesmas rochas em
profundidade, por intermédio de dois cortes geológicos mais ou menos perpendiculares, dando, assim,
realce à estrutura geológica dessa região.
Geologia de Angola
Devido a diversidade dos materiais geológicos, a paisagem geológica do nosso país também diverge.
Notamos isso ao fazermos uma viagem, principalmente por estrada, dentro do nosso território.
O geólogo procura sempre indícios que ajudem na compreensão do que ocorreu em épocas geológicas
passadas que originou as paisagens actuais. Para isso, ele investiga as rochas em locais mais visíveis,
pois, a maior parte delas se encontram cobertas pelo solo. Nos locais onde elas aparecem descobertas,
constituem os afloramentos. Neste caso, os afloramentos rochosos.
Devido a variedade dos processos que estiveram na sua origem, o nosso país é rico em diversidade
rochosa.
Do ponto de vista geológico e morfológico, Angola pode ser dividida em unidades geotectónicas
seguintes:
Nestas dessas unidades são identificados vários tipos de materiais geológicos, como rochas magmáticas,
sedimentares e metamórficas de diferentes idades. Mas para melhor compreensão, geralmente se divide
Angola em duas grandes unidades: formações antigas antepaleozóicas e as formações de coberturas
fanerozóicas situadas, quer em depressões continentais, quer na depressão perioceânica.
Já vimos que o território angolano apresenta formações geológicas muito antigas, com idades anteriores
ao paleozóico. Nestas zonas encontram-se os materiais mais antigos pertencentes quer ao Arcaico quer
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ao Proterozóico. Nestas formações podem ser identificadas rochas metamórficas, magmáticas e
sedimentares.
As rochas mais antigas que se podem encontrar em Angola, encontram-se muito desenvolvidas na
chamada área dos escudos, nomeadamente no cratão do Maiombe, no cratão de Angola e no cratão do
Cassai. São constituídos por rochas metamórficas, ultrametamórficas e magmáticas, com idades do
Arcaico.
Os depósitos deste supergrupo foram identificados no Norte, Leste e Sudeste. Estes tipos de formação
ocorrem em fossas tectónicas do tipo graben e em zonas de antigos vales glaciários na placa do Congo e
Okavango. Também estão identificados depósitos na Lunda. Encontramos deste supergrupo, de entre
outros formações de arenitos, os xistos e os tilitos (depósitos glaciários).
Tendo em conta a enorme variedade de afloramentos dessas idades, vamos referir-nos apenas a alguns
deles.
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Os depósitos eocenos-pliocénicos do Grupo Kalahari preenchem as depressões do Congo e Okavango.
Este grupo está dividido em duas formações: uma inferior denominada grés polimorfos (arenitos e
areias litificadas) e outra superior, designadas por areias ocres (areias quartzosas com teor elevado de
argilas e hidróxidos de ferro). Estas formações afloram no Norte, na depressão do Congo e nas zonas
periféricas do escudo do Cassai. No Sul e Leste de Angola estes depósitos afloram na depressão de
Okavango, constituindo as zonas entre os rios Cunene, Cubango, Zambeze (também chamada de bacia
do Okavango-Zambeze), etc., atingindo uma espessura que varia entre 50 e 150 metros. Na zona Sul e
no Norte da Namíbia a sua espessura atinge certos locais valores consideráveis (entre 300 a 450 metros).
Também existem depósitos mais recentes. São de idade holocénica, constituídos sobretudo por
depósitos de praia e de terraços marinhos. Estes depósitos encontram-se numa estreita faiza do litoral
angolano pertencente à depressão Perioceánica. Como exemplo temos as numerosas restingas de Luanda
e a Sul da cidade do Namibe, no Sudoeste de Angola.
Estudos apontam que as areias do Sudoeste de Angola foram resultado de aluviões transportados pelo
rio Cunene e que, depois, foram dispersos pela acção do vento com direcção sudoeste. Aí, terão sido
originados pela erosão eólica das areias ocres do Grupo Kalahari.
Como podes ver, a história dos aspectos geológicos é muito interessante, complexa e alucinante. Depois
disso, cresceu em você um novo geólogo?
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BIBLIOGRAFIA E REFERÊNCIAS ICONOGRÁFICAS USADAS DURANTE
O ANO LECTIVO DE 2010
- Geologia – 12ª Classe – Mercês Roque e Outros – Edição Revista e Actualizada – Reforma
Educativa – MED – Angola - 2008
- Mistérios da Terra – 7º Ano – Amália Costa e Outros – Constância Editores, S.A. CARNAXE –
1998
- Terra, Universo de Vida – 11º. Ano – 2ª. Parte – Geologia – Amparo Dias da Silva e Outros –
Porto Editora, Lda – 1999
- Conhecer a Terra – 5º. Ano de Escolaridade – Carlinda Leite e Rosalina Pereira – Edições ASA
– Porto – 1987
- Ciências Naturais – 7º. Ano – Ema Viegas Nascimento e Maria Onélia Afonso – Texto Editora –
Lisboa - 1995
- A Terra. Um Planeta Vivo – 7º. Ano – Adelaide Ferreira e Outros – Editorial Império, Lda –
Lisboa – 1992
- Geologia 12ª Classe – Mercês Roque e Outros – Porto Editora – Reforma Educativa – Ministério
da Educação – Angola – “Edição revista e Actualizada” - 2008
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