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Apontamentos de Geologia – 12ª Classe 2023

REPÚBLICA DE ANGOLA
GOVERNO PROVINCIAL DO HUAMBO
DIRECÇÃO PROVINCIAL DA EDUCAÇÃO, CIÊNCIA E TECNOLOGIA
COORDENACÃO PROVINCIAL DE GEOLOGIA

COORDENAÇÃO DE GEOLOGIA

(Elaborado e adaptado com base no Programa de Geologia do INIDE – MED/ANGOLA)


Elaborado por: Margarido António – Para uso pelos alunos da 12ª classe da Área de Conhecimento de Físicas e Biológicas da Escola do II Ciclo
do Ensino Secundário – Huambo 2018
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Caro(a) Colega,
Querido(a) aluno(a):

Ao juntarmos uma grande gama de bibliografia e, inclusive, fazermos várias consultas a alguns
dos sites da Internet, foi nossa intenção proporcionarmos aos nossos alunos e também colegas, um
instrumento de ajuda na preparação das aulas.

Não é um trabalho acabado, de certeza, mas reflecte na sua maior parte a intenção de um grupo de
Professores de Geologia da Escola do II Ciclo do Ensino Secundário “Comandante
Vilinga”/Huambo, de enriquecer a bibliografia dos nossos alunos e professores desta disciplina. É
um trabalho que a qualquer momento poderá ser enriquecido por alunos, professores ou outras
pessoas bem-intencionadas, já que a ciência está em constante evolução e, todos os dias, surgem
novos dados científicos.

Estes APONTAMENTOS DE GEOLOGIA não substituem de forma nenhuma o Manual de


GEOLOGIA da 12ª Classe do Ministério da Educação de Angola, em vigor. Foram concebidos
apenas como um complemento para o apoio de professores e alunos

Este fascículo, que tentamos elaborar com o maior cuidado possível, numa linguagem simples,
clara e acessível para todos, não fugindo ao nível dos nossos alunos, foi enriquecido com
gravuras, fotos (muitas delas reflectindo a realidade da província do Huambo – retirados dos
nossos arquivos pessoais), esquemas e gráficos científicos retirados de bibliografia dispersa que
juntamos. Não foi esquecida a linguagem científica, fulcro principal do nosso processo de ensino
e aprendizagem.

Nestes apontamentos, os dados mais recentes referem-se aos anos de 2015. Estamos a completá-
los paulatinamente para que no próximo ano lectivo ou mesmo no fim do 3º Trimestre mais dados
sejam incluídos. Pelo facto, as nossas sinceras e compreensivas desculpas pelos transtornos que
poderão causas aos nossos colegas professores e aos nossos estimados alunos.

Para completar e enriquecer o trabalho, ele sofreu uma leitura crítica de alguns de professores de
Geologia tendo sido uma contribuição excelente do ponto de vista científico e técnico para a qual
não encontramos palavras para agradecer.

Gostaríamos finalmente agradecer a todos quantos directa ou indirectamente, com a sua força
moral, conhecimento, bibliografia e incentivo permitiram que este trabalho fosse publicado.

Esperamos pela sua contribuição crítica, mas construtiva. Porque “A Critica só é válida quando
contribui para melhoria”.

Se estes APONTAMENTOS DE GEOLOGIA servirem de alguma forma para melhorar o nível


de aprendizagem dos nossos alunos e contribuir para enriquecimento da bibliografia dos nossos
professores e não só, então a nossa contribuição e esforço de investigação não terá sido em vão.

A Coordenação

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TEMA 1: GEODINÁMICA EXTERNA

Generalidades

Quando falamos em dinâmica, estamos a falar de movimento. Se Geo = Terra, Geodinâmica nos
fala do movimento da terra.

A geodinâmica é um dos ramos da geologia que, em conjunto com a geofísica, está encarregue
de estudar e explicar os movimentos que ocorrem na superfície e no interior da terra. Explica as
causas, as origens e os efeitos destes movimentos ao longo dos tempos.

Para a maioria de nós, a paisagem natural não se altera, é estática. Excepto quando ocorrem
calamidades como erupções vulcânicas ou grandes tremores de terra, a paisagem geológica não
muda de forma perceptível durante o tempo de várias gerações humanas. Mas a Terra, durante
o seu tempo de "vida" é altamente dinâmica, tendo testemunhado transformações
extraordinárias. "Viu" formarem-se e desaparecerem oceanos e cadeias montanhosas,
"observou" a ascensão e a queda de ainúmeras espécies de seres vivos... O registo destes
eventos está nas rochas.

Na Geodinâmica podemos distinguir a Geodinâmica externa e a Geodinâmica interna.


A Geodinâmica Externa estuda e explica as causa e os efeitos dos movimentos que ocorrem no
exterior da Crusta Terrestre, por exemplo a formação e desaparecimentos das montanhas, da
ilhas, formação e desgaste das rochas e ou suas transformações, enfim, todas as modificações
ocorridas na paisagem geológica exterior da terra.

A Geodinâmica Interna, por sua vez, se encarrega do estudo e explicação das causas e efeitos
dos movimentos que ocorrem no interior da terra. São exemplos destes os movimentos
sísmicos, terramotos, maremotos, etc., no seu geral, os movimentos das placas tectónicas, as
transformações que ocorrem no interior da terra.

1.1- Processos da Geodinâmica Externa da Terra

1.1.1- Meteorização

É a alteração provocada pelos agentes atmosféricos ou de meteorização, tais como a água, o ar, as
mudanças de temperatura e outros factores ambientais que modificam as características químicas
e físicas das rochas à superfície.

Os efeitos da meteorização são facilmente identificáveis nas rochas e na superfície terrestre e são
facilitados se as rochas apresentarem fissuras (rachas) ou houver descontinuidades entre as
superfícies. Afloramentos: os maciços rochosos que afloram a superfície.

A meteorização altera a rocha, desagregando-a, sem que haja transporte de partículas. Pode ser de
dois tipos: A Meteorização Física e a Meteorização Química.

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1.1.2 Meteorização Física

Este tipo de meteorização provoca nas rochas uma desagregação em fragmentos cada vez
menores, mas retêm as características do material original.

São os seguintes os agentes externos que podem actuar sobre as rochas e acelerarem a sua
meteorização (fragmentação):

 Meteorização pela ação do Gelo ( crioclastia): A água que penetra nos interstícios e
poros da rocha pode congelar por abaixamento da temperatura, aumentando de volume
(fenómeno de gelo/degelo). A pressão exercida, provoca o alargamento das fissuras e,
consequentemente, a sua desagregação.
 Meteorização por alivio de pressão (descompressão à superfície): Quando as rochas
que se formam em profundidade são aliviadas da carga suprajacente, a parte exposta
expande-se, enquanto a parte profunda contínua sob pressão. Podem produzir-se
diáclases (plano que separa ou tende a separar em duas partes uma unidade rochosa,
sem haver separação dos bordos) paralelas a superfície, que favorecem a separação do
maciço rochoso em placas;

 Meteorização pelo crescimento de sais minerais (haloclastia) : A água existente nas


fracturas das rochas contem sais dissolvidos que podem precipitar e iniciar o seu
crescimento exercendo uma força expanciva, que contribui para uma maior
desagregação das rochas.

 Meteorização pela ação do calor ( termoclastia): As variações de temperatura provocam


dilatações e contracções alternadas dos minerais, que reagem de diferentes modos por
terem diferentes coeficientes de dilatação. Este processo ocorre nos desertos e em zonas
de incêndios, devido a grandes variações de temperatura;

Exemplo de desintegração das Rochas provocadas pelas variações de


Temperatura e outros agentes – “Pedra do alemão” – Cruzeiro/Huambo
(Foto: Arquivo do Pro. Margarido-2004)

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 Meteorização pela acção Mecânica da Água e do vento: As águas correntes e o vento


transportam detritos que metralham as rochas, acelerando o desgaste e a fragmentação;

 Meteorizaçã pela actividade Biológica: As sementes, germinando em fendas das rochas,


originam plantas cujas raízes se instalam nessas fendas, abrindo-as cada vez mais e
contribuindo para a separação dos blocos. Alguns animais cavam galerias nas rochas,
favorecendo a degradação.

Exemplo do tipo de meteorização causada por actividade biológica – Zona da “Pedra Cuca”/Huambo
(Foto: Arquivo do Prof. Margarido/2004)

Concluindo so factores que estão envolvido na meteorização fisica são:


1. O clima
2. Ação da água e do vento
3. As amplitudes térmicas
4. O gelo
5. Os seres vivos

O Clima é o factor que mais influencia a meteorização. Este facto é evidenciado pela observação
de meteorização nas zonas temperadas, tropicas, polares e desérticas.

A meteorização é mais acentuada nos trópicos, onde a precipitação, a temperatura e a vegetação


atinge valores mais elevados. O mínimo de meteorização é verificado nos desertos e regiões
polares, onde estes factores têm valores reduzidos.

O tipo e extensão de meteorização são devidos em grau elevado a acção da água. A taxa de
meteorização numa determinada região é influenciada pela taxa de evaporação, as variações
sazonais, a infiltração e a intensidade das águas produto de precipitações.

1.1.2- Meteorização Química

Este tipo de meteorização implica um grande número de reacções químicas entre os elementos da
atmosfera e os minerais que constituem as rochas. As rochas são decompostas, a estrutura interna

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dos minerais pode ser destruída e novos minerais se podem constituir – minerais de neoformação.
Implica uma significativa mudança na composição química e no aspecto físico da rocha.

A Meteorização química não ocorre sem a presença de água que actua como meio de transporte
dos elementos atmosféricos para os minerais das rochas, facilitando as reacções químicas. Ela
remove os elementos alterados, expõe novamente a rocha não alterada à meteorização. Por esse
motivo é que a taxa e o grau de meteorização são influenciados pele precipitação.

As reacções químicas que implicam a decomposição das rochas pelos elementos da atmosfera são
complexas mas podemos considerar como principais: Dissolução, Carbonatação, Hidrólise e
Oxidação.

 Dissolução:

É o processo através do qual o material constituinte das rochas passa imediatamente ao


estado de solução. O grau de dissolução difere de caso para caso já que algumas rochas
são totalmente solúveis na água, como no caso das rochas salinas constituídas por halite.
O gesso é menos solúvel nas rochas mas as suas superfícies são dissolvidas com alguma
facilidade.

NaCl +H2O---------------Na+ + Cl-

Quanto maior for o pH (acidez) da água, maior será a sua capacidade dissolvente., o que
acontece com frequência na natureza. Por exemplo, o CO2 atmosférico ou o existente
nos solos pode reagir com a água, formando ácido carbónico, que se dissocia. A Equação
desta reacção é a seguinte:

Acidulação da água (formação do ácido carbónico):


H2 O + CO2 H2CO3
Dióxido Ácido carbónico
Água
de carbono (Água ácida)

A meteorização quimica é acelerada pela chuva ácida. Os edifícios e as estátuas de pedra


desgastam-se muito mais rapidamente nas zonas urbanas do que nas zonas rurais não atingidas
pelas chuvas ácidas.
Formação das chuvas ácidas:

H2O+ CO2------ H2CO3 ----------- H+ HCO3

H2O + NO2 ------ H2NO3-------- H + HNO3

As águas acidificadas reagem com diferentes Minerais, alterando-os.

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= Uma estátua antes e depois de ser atingida por chuva ácida=

 Carbonatação:

Quando as águas ácidas reagem com minerais existentes nas rochas, por exemplo o
calcário, formando produtos solúveis. Assim, são alterados e destruídos por um processo
químico cuja equação da reacção é:

H2CO3 + CaCO3 Ca(HCO3)2


Ácido Carbonato Bicarbonato
carbónico de cálcio de cálcio

As águas da chuva, aciduladas pelo gás carbónico da atmosfera e do solo, ao penetrarem


pelas fendas da rocha calcária, vão dissolvendo-a e transportando o bicarbonato de cálcio
(Ca(HCO3)2) em solução até emergirem no teto de uma caverna pré-existente.
A gota dessa solução
aquosa fica pendurada no
teto até que atinja volume e
peso suficiente para cair.
Nesse período ocorre a
liberação do gás carbónico
(CO2) e, como
consequência, ocorre a
precipitação de parte do
bicarbonato dissolvido.
Formam-se assim os
primeiros cristais de
carbonato de cálcio
Foto: Clayton F. Lino (Gruta do Lago Azul-Bonito- Brasil) (CaCO3), que vão dar
origem à estalactite.
A gota, ao cair, ainda carrega consigo bicarbonato de cálcio (Ca(HCO3)2) em solução, o
qual vai sendo depositado no piso logo abaixo, formando uma estalagmite. O crescimento
oposto da estalactite e da estalagmite faz com que essas peças muitas vezes se unam,
dando origem à colunas.
Vamos ver a equação química que expressa este fenómeno?

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Ca(HCO3)2 CaCO3 + H2 O + CO2
Bicarbonato Carbonato Dióxido
Água
de cálcio de cálcio de carbono
A seguir temos um esquema que representa resumidamente tudo que aprendemos. Vamos revisar?

O calcário contém, geralmente, sílica e argila misturadas, e como estas substâncias não
são solúveis, ficam no local, preenchendo bolsas e depressões. Esses depósitos,
geralmente avermelhados devido a presença de óxidos de ferro, denominam-se terra
rossa.

 Hidrólise:

É uma reacção química específica em que os elementos do mineral reagem com os iões
H₊ ou OHˉ da água para formar um mineral diferente.

Acontece, por exemplo na meteorização dos feldspatos que abundam em vários tipos de
rochas, quer sob a forma de feldspatos potássicos quer de plagióclases. A meteorização
daqueles minerais leva a formação dos minerais de argila e denomina-se caulinização.

Claro que para que isso aconteça tem que haver necessariamente água e dióxido de
carbono. O dióxido de carbono que se encontra na atmosfera e no solo, dissolve-se na
água e forma o ácido carbónico (água ácida). Quando um feldspato potássico entra em
contacto com o ácido carbónico, ocorre uma reacção química que pode ser simplificada
na seguinte equação:

2KAlSi3O8 + H2CO3 + H2O K2CO3 + Al2Si2O5(OH)4 + 4SiO2


Feldspato Ácido Água Carbonato Mineral de argila Silica
Potássico carbónico de potássio - caulinite
Solúvel

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O novo mineral de argila não contém potássio, que estava presente no mineral original, e
apresenta uma nova estrutura cristalina. Este processo leva a arenização, por exemplo, dos
granitos.

Oxidação e reduçcão

Consiste na combinação do oxigénio atmosférico com um elemento do mineral para


constituir um óxido. O ião ferro dos silicatos reage com o oxigénio para formar a
hematite (Fe2O3) ou a limonite [Fe2O3(OH)]. A hematite, quando dispersa nos
sedimentos, é a responsável pela sua cor avermelhada.

A Equação da reacção é a seguinte:

4FeO + O2 2Fe2O3
Óxido ferroso Óxido férrico (hematite)

Quanto maior for a temperatura, maior a oxidação. Logo, a alteração química pela
oxidação é mais intensa nos climas quentes e húmidos.

 Acção dos seres vivos:

As plantas e as bactérias são também importantes agentes de meteorização química


devido à produção de alguns ácidos e compostos orgânicos. A água libertada pelos seres
vivos é normalmente mais ácida (pH menos elevado) que a água corrente, aumentado a
capacidade de meteorização das rochas.

Note bem: Embora tenhamos considerado a meteorização física (também conhecida por
meteorização mecânica) e a meteorização química separadamente, não é isto que se passa na
natureza. A fracturação das rochas aumenta a superfície onde as acções químicas se realizam e a
meteorização química ocorre.

Numa determina região, um dos processos pode predominar sobre o outro, dependendo do clima e
do tipo de rocha existentes, mas os dois processos ocorrem em conjunto.

Meteorização das Rochas

Nem todas as rochas reagem à meteorização da mesma forma. Há minerais que se alteram e
desaparecem rapidamente, originando novos minerais, mais estáveis nas condições existentes,
como no caso dos minerais de argila. Outros, como o quartzo são extremamente resistentes à
meteorização.

No caso das rochas, como o calcário, podem ser meteorizados a partir do interior, quando coberto
pelo solo, num clima húmido, em que haja infiltração de água.

Tudo isto depende da composição mineralógica da rocha que é o factor de primeira importância.
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A textura e o grau de fracturação da rocha também são muito importantes devido a influência
que tema porosidade e a permeabilidade, que condicionam a penetração da água.

A Pluviosidade e a temperatura também condicionam a desagregação das rochas, quer pela


composição que a água da chuva pode apresentar, quer pela taxa de evaporação, etc.

Num trabalho bem estruturado, poderás explicar como alguns tipos de rochas reagem à
meteorização. Tome por exemplo o granito, o basalto, os arenitos, os calcários e as argilas.
Para estre trabalho podes consultar o Manual de Geologia da 12ª Classe ou o site da Internet
seguinte: www.google.co.ao e procure “meteorização das rochas”.

1.1.2 – Erosão

Como consequência da acção dos agentes meteóricos sobre as rochas, estas vão sendo
desagregadas originando fragmentos e grãos de diferentes dimensões, os chamados detritos ou
clastos.

A acção de desgaste e remoção dos diferentes detritos e soluções, que acontece a seguir ou em
simultâneo à meteorização, chama-se erosão. Os agentes são, praticamente, os mesmos que
actuam na meteorização.
A EROSÃO consiste basicamente em três etapas:
 Desagragação do solo
 Transporte de materiais
 Depósitos de particulas nas areas mais baixas da paisagem.

As modalidades de transporte diferem com o agente de transporte e com o tipo de material


transportado.
Agente de transporte:
 Gravidade
 Vento
 Água : estado liquido e estado solido ( os glaciares)

Os tipos de erosão vão ser estudados, com maior pormenor, capitulos proprios.
Erosão eólica; erosão fluvial; erosão glacial; erosão marinha; erosao pluvial; erosao por gravidade
ersão por sulcos e erosão quimica.
Erosão quimica: envolve todod os processos quimicos que ocorrem nas rochas, havendo
intervenção de diversos factores como o calor , o frio, a água e os compostos biológicos.
Este tipo de meteorizaçao depende do clima , em climas polares e secos as rochas desgastam-se
pela mudança de temperatura ; e em climas tropicais quentes e temperados a humidade, a ´gua e
os dejectos orgânocos reagem com as rochas desgastando-os
O vento, por exemplo, tem uma acção importante principalmente nos locais onde os produtos da
meteorização não estão protegidos por vegetação ou outros obstáculos. O vento arranca detritos
incoerentes e secos. Este fenómeno denomina-se deflação.

Arrastando consigo os detritos arrancados, o vento, próximo do solo, provoca a erosão das rochas,
podendo originar um modelado designado por blocos pedunculados (massas rochosas escavadas na
parte inferior). Este tipo de erosão eólica denomina-se corrosão.

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A acção erosiva causada pelos diferentes tipos de águas (pluviais, fluviais, subterrâneas, lacustres,
marinhas, glaciares, etc.) é sobejamente conhecida. Por exemplo, a capacidade de erosão de um rio é
máxima quando experimenta grandes cheias e a sua água atinge grande velocidade. A velocidade de
desgaste do leito do rio depende do caudal, do declive, da natureza dos detritos arrastados e das rochas
constituintes do leito, e varia ao longo do curso do rio.

Como acabamos de ver os materiais resultantes da meteorização, normalmente, não ficam no seu
local de origem. São deslocados para outros locais pelos ventos, gravidade, águas (estado líquido e
sólido) – dissolução e detritos ou clastos- e seres vivos, particularmente pelo homem. Desta forma
ocorre o transporte.

Erosão pluvial e eólica de estratos de arenitos – Zona da “Pedra Cuca” – Huambo


(Foto: Arquivo do Prof. Margarido /2004)

Nos terrenos inclinados constituídos por rochas permeáveis (que se deixam atravessar facilmente pelas
águas), assentes numa camada argilosa, as águas infiltradas nos terrenos permeáveis “empapam-nos”,
provocando o seu deslizamento. Isto porque a força de gravidade é superior às forças, geralmente
friccionais (força de atrito), que se lhes opõem. Ou seja, é devido a acumulação de água entre os
detritos que a força transversal aumenta e diminui a força de fricção, desfazendo o equilíbrio entre
elas, iniciando o movimento de deslizamento dos terrenos. O mesmo fenómeno pode acontecer nos
terrenos inclinados das zonas frias por acção do degelo.

Agora já sabemos porque os terrenos deslizam.

A deslocação dos materiais rochosos pode ser abrupta – avalancha – ou ocorrer mais lentamente,
provocando escorregamentos.

Nas avalanchas desprendem-se grandes quantidades de blocos rochosos de dimensões variadas


que, ao rolarem soltos, arrasam tudo a sua passagem. Nos escorregamentos as massas rochosas
que se deslocam fazem-no em bloco ou divididas em camadas que deslizam em conjunto.

Devido a gravidade podem ainda acontecer os fenómenos de solifluxão e os creep ou reptação.

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A Solifluxão acontece geralmente em regiões de climas frios e húmidos. O Subsolo
impermeabilizado pelo gelo, permite a acumulação de água resultante do degelo e da água das
chuvas, o que faz com o solo, amolecendo, torna-se mais pesado e se desloque lentamente.
O Creep, ocorre geralmente em vertentes suaves e dos detritos deslocam-se praticamente grão a
grão e muito lentamente. Só conseguimos nos aperceber deste fenómeno pela observação da
inclinação dos postes de transporte d e corrente eléctrica, das árvores, muros de vedação de
habitações ou de outros pontos de referência que, com o tempo, aparecem inclinados.
Quando, para além da meteorização, a erosão desagrega a base de sustentação do talude,
acontecem os desabamentos ou derrocadas.
Os deslizamentos de terras têm causado prejuízos graves arrasando habitações, causando mortes,
destruindo vias de comunicação, etc.
Crosta de Meteorização
A Acção dos agentes atmosféricos sobre as rochas existentes na superfície do planeta produz,
como já vimos, alterações na natureza. O resultado é a formação de um manto mais ou menos
contínuo de materiais intensamente alterados, de espessura variável e características que
dependem, em detalhe, de diversos factores, entre os quais os mais importantes são a natureza da
rocha original e o clima existente na região. A isto chamamos Crosta de Meteorização.
1.2- Os Solos

Vimos, no tema anterior, como se produz a meteorização e quais são os seus principais produtos,
que são transportados até os locais de depósito. Mas há minerais e rochas que são produto deste
processo, que produzem uma acumulação in situ característica. Os mais comuns são os solos e os
regolitos.

Denominamos regolitos ao conjunto de materiais, produto directo da meteorização de um


substrato. Isto explica o facto do “solo” de outros planetas, como o do nosso satélite, a Lua, não se
denomine assim, mas regolito. Trata-se de uma acumulação não estruturada de pó cósmico e de
matérias procedentes da trituração de rochas da superfície planetária como resultado do
impacto de meteoritos.

Por sua vez, recebe o nome de solo o conjunto de materiais relativamente homogéneo, formado
por fragmentos da rocha original e de minerais neoformados durante o processo (argilas e
carbonatos), quando aparece estruturado, quer dizer, dividido numa série de bandas ou
horizontes, que se originam durante a evolução geológica.

A ciência que se ocupa do estudo da origem, a morfologia, a classificação e a distribuição espacial


dos solos e dos fenómenos que neles ocorre chama-se pedologia. Existe também a edafologia que
estuda o solo como suporte natural das plantas, a sua evolução e degradação, isto é, a sua
destruição.

 Formação dos Solos

Os solos procedem da interacção de dois mundos diferentes: a litosfera e a atmosfera, e a biosfera.


Os solos resultam da decomposição da rocha mãe, por vários factores climáticos e a acção de
seres vivos. Isto implica dizer que, os solos têm uma fracção mineral e outra biológica. É esta
condição de compostos organominerais que o permite ser sustento de espécies vegetais e animais.

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Podemos então dizer que o solo é uma camada de material não consolidado, mineral e orgânico,
que sofreu a influência de diversos factores genéticos e ambientais e que apresenta características
físicas, químicas, biológicas e morfológicas diferentes dos materiais originais.

Qualquer tipo de rocha pode contribuir para a formação dos solos. Podem formar-se solos
autóctones se forem originados no local da alteracao da rocha, ou solos alóctones se se
originados no por formações e depositos superficiais provenientes de rochas situadas em lugares
distante.

 Constituintes do solo
De um modo geral, os solos são formados por uma fracção sólida, uma fracção líquida e uma
fracção gasosa.

- Fracção sólida – é formada por constituintes minerais (silicatos, óxidos e hidróxidos de ferro,
fragmentos da própria rocha mais ou menos alterados), por matéria orgânica (Restos e detritos de
seres vivos parcialmente decompostos pela macrofauna e pelos microrganismos do Solo) e por
diversos seres vivos;

- Fracção líquida – é composta por água com diferentes substâncias em solução;

- Fracção gasosa – é constituída por ar idêntico ao da atmosfera, enriquecido em vapor de água e


em gases provenientes da decomposição da matéria orgânica.

A cobertura vegetal também pode contribuir para a formação do solo por acções mecânicas ou
químicas mas, sobretudo, fornece matéria orgânica que é transformada pelos decompositores em
húmus (que é uma substância negra ou castanho-escura, constituída por um conjunto de
compostos, entre os quais alguns ácidos orgânicos, responsável pela cor escura do solo).

A presença do húmus num solo melhora as suas qualidades físicas, químicas e biológicas,
tornando-o mais fértil. Assim o húmus:

 Evita a lixiviação das partículas argilosas e permite a formação de uma estrutura em


agregados;
 Possibilita um bom arejamento do solo graças aos interstícios que possui;
 Favorece a retenção da água, estabilizando as argilas;
 Contém substâncias orgânicas que servem de alimentos oas seres vivos do solo;
 Representa uma reserva de matéria orgânica que será mineralizada posteriormente.

Principais características de um solo

Características Físicas dos solos

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O solo se classifica de acordo as suas características físicas segundo a sua textura: fina ou grossa,
e por sua estrutura: floculada, agregada ou dispersa, o que define a sua porosidade que permite
uma maior circulação da água e, portanto, a existência de espécies vegetais que necessitam de
concentrações mais ou menos elevada de água e gases.

Textura do solo

Depois da destruição da matéria orgânica e analisada a fracção mineral do solo utilizando peneiras
calibradas, podemos encontrar a seguinte textura do solo:

 Cascalho – diâmetro superior a 2 mm;


 Areia grosseira – diâmetro compreendido entre 0,2 e 2 mm;
 Areia fina – diâmetro compreendido entre 0,05 e 0,2 mm;
 Limo ou silte – diâmetro compreendido entre 0,002 e 0,05 mm
 Argila – diâmetro inferior a 0.002 mm.

A textura do solo é definida em função da percentagem de areia, limo ou silte e argila. Atendendo
a fracção predominante, os solos denominam-se argilosos, limosos ou arenosos.
Estrutura do solo

A estrutura do solo resulta da forma como se agregam as partículas primárias do solo (areia, limo
e argila) juntamente com outros componentes como a matéria orgânica e os sais (são os elementos
estruturais e têm formas características). Ou seja, a estrutura está relacionada com a presença no
solo de grandes moléculas minerais – argila – e orgânicas – húmus ou ácidos húmicos.

Saiba porém que, a textura e a estrutura dos solos são responsáveis pela sua porosidade e
permeabilidade.

A porosidade representa o volume dos espaços livres entre as partículas. Dela depende em grande
medida a circulação da água e do ar, o enraizamento dos vegetais e o desenvolvimento de outros
seres vivos.

A permeabilidade de um solo expressa a maior ou menor facilidade com que a água se


movimenta através dele.

 Características químicas do solo

O solo pode também classificar-se por características químicas, por seu poder de absorção dos
colóide e por seu grau de acidez (pH), que permite a existência de uma vegetação mais ou menos
necessitada de certos compostos. Essa vegetação pode ser acidófila, halófila, etc.

A análise química do solo tem por objectivo principal determinar o seu teor em elementos
nutritivos susceptíveis a serem utilizados pelas plantas e o seu grau de acidez.

Análise química de um bom solo evidencia a presença de dois grupos de elementos minerais:

Elementos maiores: entram na composição das substâncias fundamentais dos vegetais. São
exemplos: o azoto, o potássio, o cálcio, o magnésio. O enxofre e o ferro;

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Oligoelementos: encontram-se em doses infinitesimais nas plantas e são indispensáveis a vida
celular. São exemplos: o manganésio, o cobre, o zinco e o alumínio.

Estes elementos existem no solo sob a forma de iões livres em solução na água ou retidos nos
complexos argilo-húmicos. Daí a importância da sua circulação e da permeabilidade do solo.

O conjunto destes elementos nutritivos disponíveis para a planta reapresenta a fertilidade


mineral do solo.

Finalmente, diremos que, segundo o valor do pH da solução existente no solo, distinguem-se:

 Solos alcalinos – pH > 7;


 Solos neutros – pH ≈ 7;
 Solos ácidos – pH < 7

Características biológicas
O tipo de humus (materia orgânica) representa a principal caracteristica de um solo
propriamente dito.dependendo de varios factores como o clima, o relevo, a natureza da rocha
maãe e a vegetação. Assim a natureza do humus está directamente relacionada com o seu meio
ambiente, classificando-se assim o humus em quatro categorias, segundo actividade biologica
decrescente ( de maior actividade biológica a menor actividade biológica:
 Humus Mull ou doce
 Humus mor ou bruto
 Humus moder
 Turfas ou turfeiras

Perfil de um solo
Assim como não se julga um livro pela sua capa, os solos tambem não podem ser setudados á
nivel superficial.
Perfil do solo é uma seção vertical que se inicia na superficie do solo até a camada da rocha não
alterada. O perfil do solo pode ser observado apartir de um pédon
Cada pédon é uma coluna exagonal correspondente a uma área de 1 a 10 metros quadrados e
de altura variavel. O conjunto de varios pédoné chamado polipédon.
Cada camada esposta num pédon constitui um horizonte.
Os horizontes são a base de classificação dos solos.
 Num clima com chuvas abundantes o horizonte A conserva muito pouco dos seus
componentes originais . como explica este facto?
 Por que pode afirmar-se que no solo há uma interação constante entre a biosfera e a
superficie da terra?

Tipos de Solos

Existem basicamente três tipos de solos: os não evoluídos, os pouco evoluídos e os evoluídos,
atendendo o grau de desenvolvimento do perfil, da natureza da evolução e o tipo de húmus.

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Os solos não evoluídos são brutos e com características muito aproximadas à rocha mãe. Apenas
têm matéria orgânica. Se são resultado de fenómenos erosivos podem ser regosoles (se se formam
sobre a rocha mãe branda) ou litosoles (se se formam sobre rocha mãe dura). Também podem ser
resultado de depósitos recentes de resíduos aluviais. Ainda podem ser solos climáticos, como
solos poligonais das regiões polares, os reg (ou desertos rochosos) e os ergs (dos desertos de
areia).

Os solos pouco evoluídos dependem em grande medida da natureza da rocha mãe. Existem três
tipos básicos: Os solos ránker, os solos rendzina e os solos de estepe.

Os solos ránker são mais ou menos ácidos e têm húmus do tipo morder ou mor. Podem ser fruto
da erosão, se estão numa pendente, de depósitos aluviais, ou climáticos, com os solos da tundra e
dos alpinos.

Os solos de rendzina se formam sobre uma rocha mãe carbonatada, como a caliza, e podem ser
fruto da erosão. O húmus típico é o mull e são solos básicos.

Os solos de estepe se desenvolvem em climas continentais e mediterrânicos sub árido. O depósito


de matéria orgânica é muito alto. A lixiviação é muito escassa. Um tipo particular de solo de
estepe é o chernozem, o brunizem ou terras negras e, segundo a acidez do clima, podem ser
desde castanhos até vermelhos.

Os solos evoluídos têm todo o tipo de húmus e certa independência da rocha mãe. Os solos
típicos são os solos pardos, lixiviados, podosólicos, podsoles, ferruginosos, ferraliticos,
pseudogley, gley e holomórficos.

Os solos pardos são típicos dos bosques temperados;

Os podsoles têm grande acumulação de elementos ferruginosos, silicatos e alumínios;

Os solos podsólicos são de cor ocre claro ou avermelhado. Tanto este como o anterior são típicos
dos climas temperados;

Os solos ferruginosos se desenvolvem nos climas quentes com uma estação seca muito marcada.
A este tipo de solo pertence o solo vermelho mediterrânico. Se caracteriza pela rubefacção dos
horizontes superficiais. Em ocasiões se desenvolve a terra rossa sobre a rocha mãe caliza;

Os solos ferraliticos se encontram em climas quentes e muito húmidos. A rocha mãe está alterada
e liberta óxidos de ferro, alumínio e silício. São solos lixiviados. Estes solos podem ter caparação
se forem submetidos a erosão ou migrações massivas de colóides;

Os solos gley são solos hidromorficos, nos quais o processo de decomposição da matéria
biológica se faz de maneira anaeróbica e a carga orgânica é abundante e ácida. Se encontram em
condições de água estancada. É um solo asfixiante, pouco propício para a vida. A presença de
água é permanente, como ocorre a berma dos rios e lagos. É de cor cinzenta esverdeada devido a
presença de ferro ferroso;
.
Os solos halomorfos apresentam abundância de cloreto sódico quer seja de origem marinho ou
biológico. Segundo o grau de lixiviação se distinguem:
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- Solonchaks aparecem em regiões com uma estação muito seca, devido a fenómenos de
migração ascendente dos colides salinos;

- Alcalinos, que aparecem em climas ligeiramente húmidos, se tratam de solos solonchaks que
recebem depósitos de água doce;

- solonetz, são alcalinos e recebem depósitos minerais e orgânicos produtos da lixiviação;

- Solods, que têm uma lixiviação mais intensa, o que permite que se produzam fenómenos de
podsolização.

Os tipos de solos podem ainda ser vistos em função do material parental de que é constituído ou
de que são originários.

Chamamos material parental a um mineral ou material orgânico, não consolidado e mais ou


menos intemperizado ou meteorizado, a partir do qual o solum dos solos é desenvolvido por
processos pedogenéticos (hidrolização, oxidação, etc.).

Assim, podem ser:

- Aluviais: também conhecidos por fluviais, localizados ao longo da orla hidrográfica. Seu agente
formador é o rio. Possui textura heterogénea, forma mais ou menos esférica e sua disposição tende
a imbricação;

- Coluviais: Formam-se ao pé de um monte. Sua textura é heterogénea, suas formas são angulosas
e sub angulosas e sua disposição é anárquica;

- Eólicos: São produzidos por ventos, sua forma á homogénea e sua disposição é massiva;

- Vulcânicos: Produzidos pelas erupções vulcânicas. Sua forma é muito heterogénea, irregular e
disposição errante e caótica.

Podemos ainda encontrar os seguintes tipos de solos:

 Pedalfer – Solos caracterizados pelo transporte de substâncias da superfície para o


interior. Existem em climas temperados onde existe muita precipitação. Proporcionam
uma vegetação abundante, muitas vezes com predominância de coníferas. O termo
Pedalfer é formado pelas primeiras letras de pédon (solo) e dos símbolos químicos do
alumínio (Al) e do ferro (Fe) principais componentes deste tipo de solo. Daí a sua
coloração castanho-avermelhada ou castanha.

 Pedocal – São solos caracterizados pela precipitação de substâncias devido a evaporação


da água que ascende por capilaridade. Existem em climas temperados secos, com poucas
chuvas (desertos da Austrália e do kalahari). São ricos em cálcio resultante do carbonato
de cálcio e outros minerais solúveis. Também têm uma pequena percentagem de argila.
O Pedocal (pédon+ cálcio) não é tão fértil como o Pedalfer, porque a composição
mineralógica e a carência de água são menos favorável ao desenvolvimento de
organismos.

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 Laterites – Formam-se nas regiões de clima tropical quente e húmido onde a


meteorização é intensa. Frequentemente são vermelhos e são compostos quase
inteiramente por óxidos de ferro e de alumínio. Se é rico em hematite, pode ser utilizado
como mineiro de ferro. Mas como o clima tropical permite a hidratação da hematite em
limonite, retira o valor económico ao depósito. Em contrapartida, encontramos camadas
de bauxite, que é o principal minério de alumínio. Agricolamente, são solos muito
pobres, pois o húmus é praticamente inexistente.

Factores de que depende o tipo de solo


O tipo de solo depende dos seguintes factores:
 Rocha mãe ( que lhe deu origem)
 Topografia ou relevo
 Clima
 Tempo
 Cobertura vegetal
 Desenvolvimento vegetal e animal.

Importância do estudo dos solos

Trabalho de investigação em grupo (o grupo não pode ser constituído por mais de
cinco elementos).

 O que fala a Lei de Terras em vigor na República de Angola sobre o seu


aproveitamento?

Consulte a legislação existente sobre o assunto e passe para o seu caderno diário os
resultados da pesquisa para que possa ser usado numa avaliação do professor.

 Como o homem tem danificado o solo?

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Tema 2: Acção geológica do vento
2.1- Acção erosiva do vento

O vento é um fluxo horizontal de ar sobre à superfície do planeta em rotação. Os fluxos de ar são


livres de se espalharem em todas as direcções, incluindo o movimento ascensional para a
atmosfera.

Os ventos mudam de velocidade e de direcção de dia para dia mas, a longo prazo, os ventos
dominantes tendem a vir de uma só direcção. As faixas de vento formam-se porque o Sol aquece
uma dada porção da superfície da Terra mais intensamente no equador, onde os raios solares
atingem a Terra praticamente na perpendicular. O Sol aquece menos intensamente a mesma
porção de superfície nas latitudes superiores e nos pólos porque os seus raios atingem a superfície
da Terra obliquamente, dispersando a sua energia por uma superfície maior. O ar quente, que é
menos denso que o ar frio, ascende no equador e flui em direcção aos pólos, afundando-se
gradualmente à medida que se afunda. O ar frio e denso nos pólos flui, então, de novo para o
equador ao longo da superfície do globo.

2.1.1- Erosão, Transporte e sedimentação eólicas

A acção modeladora do vento resulta da sua tríplice acção geológica: erosão, transporte e
sedimentação.

Por si só, o vento não consegue erodir eficazmente as grandes massas de rocha sólida expostas à
superfície da terra. Só quando a rocha se encontra fragmentada por acção da meteorização
química e física as partículas podem ser incorporadas e transportadas por uma corrente de ar. Para
além disso, essas partículas devem estar secas, pois os solos molhados e as rochas fracturadas
húmidas mantêm os seus fragmentos coesos pela humidade. Deste modo, o vento tem uma acção
erosiva mais eficaz nas zonas áridas, onde os ventos são fortes e secos e qualquer humidade que
exista é rapidamente evaporada.

2.1.2- Deflação e Corrasão

À medida que as partículas de poeira, silte e areia se tornam soltas e secam, os ventos podem
erguê-las e transportá-las para longe, baixando gradualmente a superfície do solo num processo
denominado por deflação eólica.

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Bacia de deflação pouco profunda. O vento erodiu a superfície e escavou uma depressão pouco profunda.
= Foto: Prof. Margarido – Caraculo – Namibe/Angola – 2011 =

A deflação, que pode escavar depressões e aberturas pouco profundas, ocorre nas planícies secas
dos desertos, nas planícies de inundação temporariamente secas de rios e nos leitos dos lagos.
Uma vegetação firmemente estabelecida, mesmo a esparsa vegetação característica das regiões
áridas e semiáridas, pode, no entanto, retardá-la. Em tais locais, a deflação ocorre lentamente, uma
vez que as raízes compactam o solo e os caules e folhas espalham o vento e abrigam a superfície
do solo. No entanto, a deflação trabalha depressa onde quer que o coberto vegetal seja quebrado,
seja por processos naturais, como secas, ou artificiais, como o cultivo, a construção ou as marcas
de veículos a motor.

Um vento que contenha areia no seu seio é um meio natural de corrosão eficaz pois o impacto de
partículas a alta velocidade desgasta as superfícies sólidas. A corrosão natural actua
principalmente junto ao chão, onde a maior parte dos grãos de areia são transportados. A corrosão
arredonda e erode os afloramentos rochosos, os blocos e os calhaus e torna o vidro de uma garrafa
fosco.

Efeitos da corrosão sobre superfícies sólidas no Deserto do Namibe – Área do Giraúl/Namibe – Angola
= Foto de arquivo do Prof. Margarido/2011 =

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Muitas vezes encontramos rochas com uma base fina, mais ou menos com a forma de um
cogumelo. Estas rochas são chamadas de blocos pedunculados.

Bloco pedunculado.
Adaptado de Maiklem, L. et al (1998) e Roque, M. et al (1998)

Os ventifactos são calhaus facetados pelo vento que apresentam diversas superfícies curvas ou
quase aplanadas, que se encontram em cristas afiadas.
2.2- Depsitos Eólicos
2.2.1- Dunas
Quando o vento abranda, já não consegue transportar a areia, a silte e a poeira que até aí
transportara. Este material mais grosseiro é depositado formando as dunas, que assumem diversas
formas e que variam em tamanho desde pequenas colinas até formas enormes com mais de cem
metros de altura.

Dunas do Deserto do Namibe – Baía dos Tigres/ Angola


= Foto de Arquivo do Prof. Margarido/2011 =

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Todas as conjunturas onde se formam dunas possuem um fornecimento imediato de areia solta.
Um outro factor comum é a força do vento. Nos oceanos e nos lagos, os ventos fortes sopram para
terra vindos da água. Os ventos fortes, por vezes de longa duração, são comuns nos desertos.
O vento não consegue incorporar no seu seio materiais húmidos com facilidade, pelo que a
maioria das dunas é encontrada em climas secos. A excepção são os cinturões dunares ao longo
das costas, onde a areia é tão abundante e seca tão depressa ao vento que as dunas se podem
formar mesmo em climas húmidos. Porém, nesses climas o solo e a vegetação começam a cobrir
as dunas logo a seguir às praias, para o interior, impedindo, assim, os ventos de incorporarem a
areia no seu seio.

As dunas podem estabilizar-se e tornar-se vegetadas quando o clima se torna mais húmido e
começar a movimentar-se novamente quando o clima recupera a sua aridez.

Os geólogos reconhecem e concordam que as formas e arranjos gerais das dunas de areia
dependem da quantidade de areia existente e da duração, direcção e força do vento dominante.
Não podemos, no entanto, ainda prever a forma específica que uma duna irá tomar ou afirmar com
certeza os mecanismos que levam um certo regime eólico a formar um tipo ou outro de duna.
Reconhecem-se sete grandes tipos de dunas:

Diversos tipos de duna.


Adaptado de Press, F. & Siever, R. (1997)

DUNA BARCHANE: Duna em forma de crescente, com a concavidade virada no sentido do


vento. São características de desertos com pouca areia, substratos duros e planos e vento constante
de uma direcção;
CRISTA BARCANÓIDE: Pode ser definida como uma linha de barchanes interligadas, sendo a
sua crista transversal ao sentido do vento. São características de desertos com mais areia;
DUNA TRANSVERSAL: Duna assimétrica, com a sua crista transversal ao sentido do vento. São
características de desertos com areia abundante e pouca vegetação. Podem tornar-se barchanes e
os ergs são, geralmente, constituídos por este tipo de dunas;
DUNA PARABÓLICA: Duna em forma de U, apresentando a concavidade no sentido oposto ao
do vento, ao contrário das barchanes, com as quais se assemelham. O acúmulo de areia faz-se
essencialmente na face de deslizamento e nos braços das dunas antigas. Uma outra forma de
distinguir uma duna parabólica de uma duna barchane é que a face de deslizamento na primeira
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encontra-se no lado convexo e na segunda apresenta-se do lado côncavo. Pode ser formada a
partir de uma duna transversal fixada;
DUNA LINEAR: Duna longa, com uma crista direita e paralela ao vento. Característica de
desertos com pouca areia e com ventos que sopram em duas direcções distintas (por exemplo,
primeiro, o vento sopra de Noroeste, acumulando-se areia no lado Sueste da duna; depois, o vento
sopra de Sudoeste, acumulando areia no lado nordeste da duna e por aí adiante);
DUNA EM ESTRELA: Colina isolada de areia com uma base cuja forma faz lembrar a de uma
estrela. Forma-se quando existem ventos vindos de diversas direcções que convergem no pico da
duna. De um modo geral, e contrariando as suas congéneres, estas dunas tendem a permanecer
fixas;
DUNA INVERSA: Duna assimétrica, mais ou menos linear, constituindo um meio termo entre
uma duna transversal e uma duna em estrela. É formada quando os ventos dominantes são de
direcções opostas.

Existem, ainda, formas compósitas extremamente grandes, altas e em forma de monte, chamadas
draas.

Aspecto de uma forma compósita dunar, um draas.


Adaptado de Press, F. & Siever, R. (1997)

São tipicamente compostas por dunas sobrepostas de diversos tipos, nomeadamente, lineares e
transversais. Atingindo altitudes de 400 metros em alguns locais. Dunas grandes como estas
movem-se muito mais lentamente do que as dunas mais pequenas, por vezes tão lentamente como
meio metro por ano. Quando a areia é abundante em vastas áreas e os ventos são fortes, formam-
se grandes campos dunares.

2.2.1.2- Dunas Desérticas

Uma consequência quase inevitável do movimento da areia ao longo da superfície arenosa pelo
vento é a formação de ondulações (ripples) e dunas muito parecidas com as que são formadas
pela água (com excepção das ripples formadas pela ressaca, cujos perfis transversais revelam uma
simetria inexistente nas ripples e dunas fluviais e desérticas). As ondulações na areia, tal como as
que se encontram debaixo de água, são transversais. Com ventos baixos ou moderados formam-se
ondulações pequenas. À medida que a velocidade aumenta, as ondulações também aumentam de
tamanho, migrando na direcção do vento sobre as “costas” das dunas maiores. Uma vez que quase
sempre o vento sopra, uma camada arenosa está quase sempre ondulada.

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A areia transportada pelo vento consiste em quase todos os tipos de minerais produzidos pela
meteorização mas os grãos de quartzo são, de longe, os mais comuns, uma vez que o quartzo é um
mineral muito abundante, nomeadamente nos arenitos. Em alguns locais, os grãos de feldspato são
abundantes nas areias eólicas. Muito menos comuns são os fragmentos rochosos de xistos de grão
fino ou de rochas metamórficas e ígneas afaníticas, que se fragmentam finamente sob os impactos
dos grãos saltatórios.

Ondulações (“ripples”) desérticas. Apesar de poderem possuir uma forma complexa,


elas são sempre transversais ao vento dominante.
Adaptado de Press, F. & Siever, R. (1997)

2.2.1.3- Ergs ou mares de areia

As áreas mais extensas das draas são denominadas de ergs, autênticos “mares de areia”, como
são conhecidas vulgarmente, que podem ser encontrados nos maiores desertos, como o Namibe.
Um erg pode cobrir uma área de cerca de 500 000 Km2.

Quando a deflação remove as partículas mais finas de uma mistura de cascalho, areia e silte dos
sedimentos ou dos solos, produz uma superfície remanescente composta por cascalho demasiado
grande para ser levado pelo vento. Ao longo de milhares de anos, à medida que a deflação remove
as partículas mais finas de depósitos aluviais sucessivos, o cascalho acumula-se, formando uma
camada de pavimento desértico ou reg uma superfície grosseira composta por cascalho que
protege o solo ou os sedimentos subjacentes da erosão.

O pavimento rochoso grosseiro permanece à superfície enquanto a poeira soprada pelo vento se
infiltra por baixo da superfície do reg, é modificada pelos processos formadores de solos e
acumula-se aí. Por vezes, a deflação põe a descoberto camadas rochosas horizontais planas e mais
duras, a que se dá o nome de hamadas, uma superfície grosseira composta por cascalho que
protege o solo ou os sedimentos subjacentes da erosão.

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Aspecto de um reg no deserto do Arizona (em cima). Etapas da formação de um pavimento desértico (ou reg): o vento remove as
partículas mais finas e as partículas mais grosseiras permanecem à superfície, protegendo o substrato de futura erosão eólica (em baixo).
Adaptado de Press, F. & Siever, R. (1997)

2.2.1.4 - Formação dos Desertos

Em nenhum outro ambiente da Terra (à excepção das zonas onde os glaciares retiraram e
deixaram extensas planuras sedimentares) a acção do vento é tão notória e eficaz como nos
desertos. Mas por que razão algumas regiões se tornam desertos?

A precipitação é o principal factor que determina a localização dos grandes desertos do planeta.
As regiões se tornam desertos porque recebem quantidades extremamente baixas de precipitação,
normalmente, menos de 25 mm por ano e, em alguns locais, menos de 5 mm por ano. Estes
desertos situam-se nas regiões mais quentes do globo, entre os 30º de latitude Norte e Sul a partir
do equador, onde o Sol atravessa um céu limpo semana após semana e o ar mantém uma
humidade extremamente baixa.

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Os desertos também se formam nas latitudes médias, entre os 30º e 50º de latitude norte e sul, em
locais onde a precipitação é baixa porque os ventos carregados de humidade são bloqueados por
cordilheiras montanhosas ou porque têm que viajar grandes distâncias desde a sua fonte de
humidade, o oceano. Ao primeiro caso dá-se o nome de efeito de sombra de chuva e ao segundo
o nome de efeito de continentalidade.

Nem todos os desertos são quentes. Um outro tipo de deserto forma-se nas regiões polares, onde a
baixa precipitação só é possível graças à baixa capacidade para reter água do ar frígido que circula
nestas regiões frias e secas. A região do vale da Terra de Victoria Meridional, na Antárctida, é tão
seca e fria que o seu ambiente se assemelha ao de Marte.

Mudanças no clima de uma região, no comportamento de uma ou de várias populações podem


transformar as regiões semiáridas em desertos num processo denominado desertificação. As
mudanças climáticas, as quais não são ainda completamente compreendidas, podem fazer
diminuir a precipitação durante décadas ou mesmo séculos. A seguir a cada período de aridez, as
regiões podem regressar às condições mais temperadas e húmidas. Estas mudanças climáticas
oscilantes não foram resultado de actividade humana mas a acção antrópica é responsável por
alguma desertificação hoje em dia. O crescimento desproporcionado das populações humanas, a
sua agricultura e a expansão da actividade pastorícia pelo gado podem, também, contribuir para a
expansão dos desertos. Quando o crescimento populacional e os períodos de seca coincidem, os
resultados nas regiões semiáridas podem ser desastrosos.

Em resumo, as regiões áridas constituem cerca de um quinto da superfície emersa do planeta,


cerca de 27,5 milhões de quilómetros quadrados. As planícies semiáridas adicionam mais um
sétimo a este total. Dadas as razões para a existência de grandes desertos no mundo moderno –
levantamento de montanhas pela Tectónica de Placas, transporte das regiões continentais para
latitudes mais baixas pela Deriva Continental e as faixas climáticas globais – podemos estar
confiantes de que, de acordo com o Princípio do Uniformitarismo, existiram extensos desertos ao
longo do tempo geológico.

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Tema 3: Acção geológica dos glaciares
3.1- Formação dos glaciares

O que é o gelo? Para um geólogo, um bloco de gelo é uma rocha, uma massa de grãos cristalinos
do mineral gelo. Tal como a maioria das rochas, o gelo é duro mas é muito menos denso do que a
maioria das rochas. O gelo dos glaciares forma-se por afundimento e metamorfismo do
“sedimento” neve. A rocha é formada à medida que os flocos de neve espaçados – cada um é um
cristal singular do mineral gelo – sofrem diagénese e recristalizam numa massa sólida.

Os glaciares são massas de gelo em terra firme que apresentam provas de movimento actual ou
antigo. Um glaciar forma-se quando existe abundante precipitação de neve durante o Inverno e
esta não se derrete no Verão. A neve é gradualmente convertida em gelo e, quando o gelo se torna
suficientemente espesso, começa a fluir. São, assim necessárias duas condições essenciais:
temperaturas baixas e quantidades adequadas de neve.

A quantidade total de gelo que um glaciar perde anualmente corresponde à sua ablação. Existem
quatro mecanismos responsáveis pela ablação de um glaciar:

1. Degelo (quando um glaciar se começa a derreter perde material);


2. Desprendimento de icebergues (quebram-se peças de gelo e formam-se icebergues
quando um glaciar desce até à linha de costa);
3. Sublimação (nos climas frios, o gelo pode passas directamente do estado sólido para o
estado gasoso);
4. Erosão eólica (ventos fortes podem erodir o gelo primariamente por degelo e
sublimação).

3.2- Tipos de glaciares

Dividimos os glaciares com base no tamanho e na forma em dois tipos básicos: os glaciares de
vale ou alpinos e os glaciares continentais ou inlandsis.

3.2.1- glaciares alpino ou de vale, também chamados de montanha ou glaciares alpinos.

Estes rios de gelo formam-se nas partes mais altas das cordilheiras montanhosas onde a neve se
acumula, geralmente em vales pré-existentes, fluindo ao longo dos mesmos. A maioria destes
glaciares ocupa a largura total do vale e pode afundar a sua base rochosa sob centenas de metros
de gelo. Em climas mais quentes, de latitudes mais baixas, os glaciares de vale podem ser
encontrados apenas nos topos dos picos das montanhas mais altas. Nos climas mais frios, das altas
latitudes, os glaciares de vale podem descer muitos quilómetros ao longo do comprimento total do
vale; em alguns locais, eles podem estender-se como largas línguas nas terras baixas que rodeiam
as frentes montanhosas. Quando o glaciar de vale flui por cordilheiras costeiras, ele pode acabar
no oceano, onde se desprendem massas de gelo que formam os icebergs (ou icebergues,
utilizando uma expressão “aportuguesada”).

3.2.2- Glaciar do tipo polar ou inlandsis

É muito maior do que um glaciar de vale e é constituído por um manto de gelo extremamente
lento, daí também o seu outro nome de inlandsis. Os maiores inlandsis actualmente são os que
cobrem grande parte da Gronelândia e da Antárctida. A superfície superior do inlandsis faz
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lembrar uma lente convexa extremamente grande. No seu ponto mais alto, no meio da ilha, o gelo
atinge espessuras superiores a 3200 metros.

As calotas polares são massas de gelo formadas nos pólos Norte e Sul da Terra. A maior parte da
calota polar árctica formou-se nas águas oceânicas e não é, geralmente, referida como um glaciar.
Quase toda a calota polar antárctica repousa sobre terra firme, o continente da Antárctida, e é
considerada como um glaciar continental.

Pequenas colinas de rocha, denominadas rochas aborregadas assim nomeadas pela sua
semelhança com o dorso de um carneiro, são polidas pelo gelo no seu lado menos inclinado e
quebradas no seu lado mais inclinado, criando uma superfície abrupta e rugosa. Estes declives
contrastantes também indicam a direcção do movimento do gelo.

3.2.3- Glaciar pirenaico suspenso ou de circo

Um vale glaciário escava uma série de formas de erosão à medida que flui da sua origem para a
sua parte mais baixa. Na cabeceira do vale glaciário, a acção destruidora do gelo tende a escavar
um anfiteatro oco chamado circo glaciário, pela sua forma mais ou menos circular, como um
cone invertido. Aquando do degelo, estes circos podem ficar cheios de água, formando lagos de
circo ou tarns. Um rimage é um espaço vazio deixado entre a massa de gelo e a parede rochosa
do circo e é formado quando o enorme peso do glaciar arranca o gelo da parede rochosa. Com a
continuação da erosão, os circos de picos adjacentes podem coalescer, criando cristas agudas
denominadas arestas ou arêtes, no francês, e picos piramidais ou horns ao longo da linha
divisória.

Principais formas do modelado glaciário durante a presença de glaciares (em cima) e quando estes se retiram (em baixo).
Adaptado de Hook, B. (1988)

3.2.4- Fiorde

À medida que um glaciar de vale se movimenta para jusante a partir do seu circo, ele escava um
vale ou aprofunda um vale fluvial já existente, criando um característico vale em U ou vale
glaciário. Os fundos dos vales glaciários são planos e as suas paredes abruptas, ao contrário dos
vales em V ou vales encaixados típicos dos rios de montanha.

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Ao contrário dos rios, os glaciares de vale que se encontram junto às linhas de costa podem erodir
abaixo do nível do mar. Quando o gelo se retira, estes vales em U são inundados pela água do
mar, sendo estes braços de mar denominados de fiordes.

Aspecto aéreo de um fiorde, um vale glaciário inundado pela água do mar.


Adaptado de Press, F. & Siever, R. (1997)

3.3- Acção Modeladora dos glaciares

3.3.1- Erosão glaciária e transporte de materiais. Deposição de materiais

Os glaciares transportam rochas erodidas de todos os tamanhos e tipos para jusante, depositando-
as, eventualmente, quando e onde o gelo se derreter. O gelo é um transportador eficiente de
detritos uma vez que o material que recolhe não se afunda, como acontece à carga transportada
por um rio. Tal como a água e o vento, o gelo tem uma competência e uma capacidade. A
competência do gelo é extremamente alta, assim como a sua capacidade.

Quando o gelo glaciário se derrete deposita uma carga mal calibrada e heterogénea de blocos,
calhaus, areias e argilas. O que diferencia os sedimentos glaciários dos sedimentos fluviais e
eólicos é a sua grande variedade de tamanhos. Os sedimentos fluviais são bem calibrados e os
sedimentos eólicos têm uma calibragem excelente.

Uma acumulação de material rochoso, arenoso e argiloso transportado pelo gelo ou depositado
como terreno errático é denominada de moreia.

Existem muitos tipos de moreia, cada uma nomeada de acordo com a sua posição em relação ao
glaciar que as formou. Uma das mais proeminentes pelo seu tamanho e aparência é a moreia
final, por vezes também chamada de moreia frontal, formada na frente glaciária. À medida que o
gelo flui constantemente para jusante, ele transporta mais e mais material para a sua frente
glaciária, onde o material mal calibrado se deposita em cristas de till pouco maiores que uma
colina.

As moreias terminais são moreias finais que marcam o maior avanço de um glaciar e são o
melhor indicador para sabermos a extensão de um antigo glaciar de vale ou continental.

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Como já sabemos, um glaciar erode rochas e materiais não consolidados das vertentes de seu vale,
adquirindo material adicional proveniente de movimentos de massa quando o glaciar recorta o
suporte da vertente sobrejacente. As pedras e outros detrtos ( arenosos e argilosos) arrancados e
transportados pelos glaciares, constituem as moreias glacires.
Existem muitos tipos de moreias cada uma nomeada da acordocom a sua posiçãoem relação ao
glaciar que as formou: moreias laterais ; moreias medianas; moreias frontais ou finais ; moreias
internas e moreias de fundo.
As moreias laterais de glaciares adjacentes juntam-se formando uma moreia média ou mediana
no meio do fluxo maior abaixo da junção.

Uma moreia de fundo é uma camada de deriva glaciária depositada debaixo do gelo (Denomina-
se de deriva (drift) porque aparenta ter derivado, de algum modo, de outras áreas. O termo
deriva é, actualmente, utilizado para nomear todo e qualquer material de origem glaciária
encontrado em qualquer parte do Mundo, seja em terra ou no oceano). As moreias de fundo
variam em espessura, podendo ser finas e com pequenos afloramentos rochosos do fundo ou
suficientemente espessas para encobrir quaisquer afloramentos existentes.
.
As siltes e argilas podem ser depositadas num lago que se tenha formado perto da frente glaciária,
formando uma série de camadas alternadas de material fino e grosseiro, chamadas varvas ou
varvitos. Uma varva é constituída por um par de camadas formadas durante um ano através do
congelamento sazonal da superfície do lago.

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Tema 4: Acção geológica das águas do mar
4.1- Movimentos e acção erosiva das águas do mar

As zonas costeiras, as regiões onde a terra e o mar se encontram, apresentam visíveis contrastes na
paisagem. Em certos lugares encontramos faixas compridas e estreitas de praias arenosas
enquanto que noutros encontramos arribas quase verticais. Outros são, ainda, constituídos por
recifes de coral. Em todos estes locais, a tectónica, a erosão e a sedimentação trabalham juntos
para criar esta grande variedade de formas e materiais.

As maiores forças geológicas a operar na linha de costa, a linha de intersecção entre a superfície
da água e a costa, são as marés e as ondas. Juntas, erodem até as costas rochosas mais resistentes.
As marés e as ondas criam correntes que transportam os sedimentos produzidos pela erosão do
continente e depositam-nos nas praias e nas águas pouco profundas ao longo da costa.

As ondas são criadas pelo vento que sopra sobre a superfície da água, transferindo a energia do
movimento do ar para a água.

Uma onda é descrita por três características:

 Comprimento de onda (distância entre duas cristas);


 Altura da onda (distância vertical entre a crista e a cava);
 Período (tempo que medeia a passagem de duas cristas).

A velocidade de uma onda pode ser medida por uma simples equação (v = L / T), em que v é a
velocidade (m/s), L é o comprimento de onda (m) e T é o período (s). Por exemplo, uma onda
típica com um comprimento de 24 metros e um período de 8 segundos teria uma velocidade de 3
m/s. À profundidade de cerca de 12 metros (metade do comprimento de onda), o movimento
orbital e ondulatório deixa de se fazer sentir

A outra forma de movimento das águas do mar são as marés. A dupla ascensão e descida diárias
do nível do mar a que damos o nome de marés é conhecida há milhares de anos pelos marinheiros
e pelos habitantes das linhas de costa.

A Terra e a Lua atraem-se mutuamente com uma força gravitacional que é ligeiramente maior dos
lados dos corpos que se encontram frente a frente. A atracção gravitacional entre quaisquer dois
corpos decresce à medida que eles se afastam. Logo, a força geradora das marés varia nos
diferentes locais da Terra, dependendo se eles estão mais perto ou mais afastados da Lua.

A força resultante da maré causa duas convexidades de água nos oceanos terrestres, uma do lado
mais próximo da Lua (onde a força resultante tem o sentido da Lua) e outro no extremo mais
afastado da Lua (onde a força resultante tem o sentido oposto à Lua). A atracção gravítica
resultante entre os oceanos e a Lua é máxima no lado da Terra que está virado para a Lua e
mínima no lado da Terra oposto à Lua. À medida que a Terra gira, as convexidades de água
permanecem aproximadamente alinhadas: uma está sempre virada para a Lua e a outra está virada
para o lado oposto. Estas convexidades, ao passarem sobre os continentes, vão provocar as duas
marés altas diárias

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A atracção gravitacional da Lua provoca duas convexidades de água nos oceanos terrestres,
que constituem as marés altas.
Adaptado de Press, F. & Siever, R. (1997)

Quando a Lua, a Terra e o Sol se alinham, a atracção gravítica do Sol e da lua reforçam-se
mutuamente, produzindo as chamadas marés vivas, que são as marés mais altas (e mais baixas,
ou seja, a diferença de altitude entre a maré alta e a maré baixa é grande). Estas aparecem todas as
duas semanas, quando a Lua se encontra nas fases de Lua Cheia e de Lua Nova.

As outras marés habituais designam-se por marés mortas (a diferença de altitude entre a maré
alta e a maré baixa não é muito grande) e aparecem entre as marés vivas, quando a Lua está em
Quarto Crescente ou em Quarto Minguante, ou seja, quando a lua e o Sol se encontram em ângulo
recto em relação à Terra.

Apesar de as marés ocorrerem regularmente em todos os locais, a diferença entre a maré alta e a
maré baixa vária em diferentes partes do oceano.

As marés podem combinar-se com as ondas causando extensa erosão da costa e destruição de
propriedades situadas junto à linha de costa. A ocorrência de tempestades intensas perto da costa
durante uma maré viva pode produzir ondas de maré, ondas que ocorrem na maré alta e que
podem percorrer a praia inteira e embater nas arribas. Estas ondas de maré não devem ser
confundidas com uma das muitas designações dadas aos tsunami (um termo japonês), que é a
designação de rás – de – maré.

Quando as marés se movimentam perto da linha de costa geram correntes que podem atingir
vários quilómetros por hora. À medida que a maré sobe, a água flui em direcção à costa como
uma maré enchente, movendo-se para sapais e pântanos costeiros baixos e para ribeiros. Quando
a maré passa o estado de maior altitude e começa a baixar, a maré vazante retira-se e as áreas
costeiras mais baixas encontram-se novamente expostas. Estas correntes de maré serpenteiam
através dos terraços de maré, recostando canais nos mesmos. Os terraços de maré, são áreas
arenosas ou lodosas que se encontram expostas na maré baixa mas são inundados na maré alta.

A ondulação torna-se mais alta à medida que se aproxima da linha de costa, onde assume a
familiar forma ondulada com uma crista afiada. Estas ondas são chamadas de ondas de
rebentação (breakers) uma vez que, quando a onda se aproxima da costa, ela rebenta e forma a
rebentação (surf), uma superfície espumosa e com bolhas.

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A faixa ao largo na qual as ondas começam a rebentar quando se aproximam da costa e chamada
de zona de rebentação (surf zone). As ondas de rebentação batem na costa, erodindo-a e
transportando a areia, meteorizando e quebrando rocha sólida e destruindo estruturas construídas
perto da linha de costa.

Quando as orlas costeiras rochosas são limitadas por águas profundas, as ondas rebentam
directamente nos rochedos com uma força equivalente a centenas de toneladas por metro
quadrado, atirando água para o ar a grandes alturas. Depois de rebentar na zona de rebentação, as
ondas, agora reduzidas em altura, continuam a movimentar-se, rebentando outra vez junto à linha
de costa, na zona de ressaca (swash zone). Elas deslizam, depois, pelo declive da praia formando
um fluxo ascendente de água a que se dá o nome de ressaca (swash). A água desce, depois,
regressando ao mar, num refluxo descendentes de água, (backwash).

A ressaca pode transportar areia e, se as ondas forem suficientemente altas, calhaus e seixos
maiores, transportando-os, depois, novamente para baixo. O movimento de água para a frente e
para trás perto da costa é suficientemente forte para transportar areias e até cascalho.

Os grãos de areia transportados pela ressaca são, portanto, movimentados ao longo da praia em
ziguezague, constituindo aquilo que se designa por deriva litoral ou longilitoral.

4.3- Formas litorais que resultam da erosão.

São elas:
 Plataforma de abrasão
 Arriba ou falesia
 Arriba morta ou arriba fóssil
 Baia ou anseada
 Cabo
 Golfo
 Peninsula
 Arco
 Farrilhão
 Gruta litoral

Formas litorais resultanta de deposição ( acumulação)


 Praias
 Ilhas barreiras
 Cordões
 Laguna
 Restinga
 Tômbolo

As ondas, ao aproximarem-se da costa com um dado ângulo, podem causar, também, uma
corrente longilitoral induzida, uma corrente de água pouco profunda paralela à costa. As ondas,
as correntes longilitorais e as correntes de maré interagem com as rochas e a tectónica costeira
para modelar as linhas de costa numa multiplicidade de formas. Uma dessas formas, talvez a mais
conhecida, é a praia. Uma praia é uma linha de costa constituída por areia e seixos. As praias
podem mudar de forma de dia para dia, de semana para semana, de estação para estação e de ano
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para ano. As ondas e as marés alargam, por vezes, e estendem uma praia por deposição e, outras
vezes, estreitam-nas através do transporte da areia que constitui as praias. Muitas praias são faixas
estreitas de areia mais ou menos compridas, outras, são pequenos crescentes de areia incrustados
entre promontórios.

As praias que crescem em locais onde os ganhos são abundantes, frequentemente onde a costa é
constituída por sedimentos brandos, são longas, largas e arenosas.

As ondas embatem contra as arribas, erodindo-as por baixo. Esta abrasão marinha faz com que
rochas fiquem sem apoio e acabem por cair (derrocada em bloco) sob acção da gravidade. À
medida que os blocos caem, a falésia recua e os blocos são degradados pela água. Por vezes, a
abrasão marinha pode fazer com que se abram cavernas e se formem arcos que, por evolução,
formam leixões. O recuo das arribas deixa atrás de si uma plataforma rochosa que pode ficar a
descoberto na maré baixa e é constantemente erodida e aplanada pela rebentação, pela ressaca e
pelas ondas. A esta espécie de terraço dá-se o nome de plataforma de abrasão (wave-cut
terrace).

Por vezes, estas plataformas de abrasão podem sofrer ascensão tectónica, tornando-se mais
elevadas que a linha de costa na maré alta. A uma plataforma nestas condições dá-se o nome de
terraço marinho ou praia levantada. A erosão pelas ondas pode alisar as costas à medida que os
promontórios recuam e as baías são colmatadas com os sedimentos erodidos dos cabos.

Os sedimentos acumulam-se nas áreas onde a subsidência tectónica afunda a crosta ao longo de
uma costa. Tais costas são caracterizadas por praias longas e largas e planícies costeiras largas,
planas, baixas, constituídas por estratos sedimentares. As formas costeiras de deposição incluem
barras arenosas, ilhas arenosas baixas e terraços de maré extensos. As praias longas crescem
ainda mais à medida que as correntes longilitorais transportam mais areia ao longo da praia e no
final da mesma, onde se acumula, primeiro como uma barra submersa, depois como uma barra
emersa que se prolonga da praia, constituindo uma restinga.

Restinga do Lobito /Benguela – Angola


= Foto gentilmente cedida pelo Capitão Rui D. Ventura “Martinica” – Força Aérea Nacional/2000 =

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Outras designações para as restingas de areia são cordão litoral, flecha litoral ou cabedelo.

As barras arenosas ao largo podem sofrer acumulações de material e tornar-se emersas, tornando-
se ilhas-barreira, que formam uma espécie de barricada entre o oceano aberto e a linha de costa
principal, formando-se uma laguna entre esta e as ilhas-barreira.
.
Outras formas deposicionais costeiras são os tômbolos, que se formam a partir da refracção das
ondas em redor de uma ilha situada perto da costa ou de um leixão. Nessa zona, por detrás do
obstáculo, a água é mais calma e ocorre sedimentação, acabando por se formar uma barra arenosa
que liga o obstáculo ao continente.

A título de curiosidade, podemos dizer que existem vários tipos de costa, de entre os quais vale a
pena destacar:
COSTA DE RIAS: forma-se quando o mar invade antigos vales fluviais adjacentes;
COSTA DE FIORDES: forma-se quando o mar invade antigos vales glaciários;
COSTA DELTAICA: forma-se através da deposição de sedimentos fluviais num delta;
COSTA ESTUARINA: forma-se quando o mar invade um vale fluvial actual;
COSTA ATLÂNTICA: costa constituída por promontórios e por baías;
COSTA PACÍFICA OU TIPO DÁLMATA: costa constituída por ilhas-barreira de origem
tectónica;
COSTA DE ILHAS-BARREIRA: costa constituída por ilhas-barreira de origem sedimentar;
COSTA VULCÂNICA: forma-se pela acumulação de material lávico e piroclástico de um
vulcão;
COSTA DE ATOL OU DE RECIFE CORALÍGENO: forma-se pela acumulação de corais
em redor de um vulcão submarino ou em redor de um substrato rochoso;
COSTA DE FALHA: forma-se quando existe uma falha e o bloco rebaixado se encontra
inundado.

Transgressões e regressões marinhas


Em Angola existem terraços marinhos com diferentes cotas, o que demonstra que o marja
ocupou niveis mais elevados do que actualmente.
Quando o mar avança, a asua ação geologica penetra no continente podendo mesmo ameaçar
populações e obras humanas. O avanço do mar para os continentes chama-se trangressão
marinha. Os movimentos do recuo do mar em relação a linha da costa denomina-se
regressão marinha.

4.4- Nível Médio das águas do Mar e população humana

O equilíbrio das formações litorais pode ser profundamente perturbada e destruída pela acção do
Homem. Isto pode acontecer se não forem tomadas precauções necessárias durante as
construções, como obras de engenharia.
Muitas praias têm desaparecidas ou parcialmente destruídas pela intervenção pouco acautelada do
homem. Por exemplo, retirada de areia das praias ou das dunas vizinhas, favorece a erosão e pode
colocar em risco as populações.

Nos últimos trinta mil anos, em muitas zonas da terra, houve uma subida do nível do mar devido à
fusão dos glaciares. São também factores de alteração do nível do mar os movimentos de
subsidência da costa terrestre.

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No sentido de minimizar a destruição da costa, pode recorrer-se a ensaios em tanques especiais
onde, em modelos reduzidos, se procuram simular as condições naturais e as alterações a
introduzir, a fim de estudar os seus efeitos.

No entanto, a maior parte das soluções encontradas têm sido temporárias. Uma das soluções que
se tem procurado implementar é a construção de esporões que, sendo obstáculos a progressão da
areia, a fazem depositar. Estas medidas não são definitivas porque as costas são sistemas
dinâmicos e pela sua natureza, instáveis.

Esporões na Ilha de Luanda – Zona da contracosta


= Foto da Agencia Angola Press - ANGOP/2012 =

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TEMA 5: acção geológica dos rios
5.1- Acção erosiva dos rios

Os rios e ribeiros são os maiores agentes geológicos a operar na superfície da crusta. São cursos
de água, geralmente permanentes e que correm em leitos próprios. O termo curso de água reporta-
se a qualquer corpo de água que flua, seja ele pequeno ou grande, ao passo que o termo rio se
aplica aos ramos hierarquicamente superiores de um grande sistema fluvial.

Os cursos de água cobrem grande parte da superfície terrestre emersa e têm um papel importante
na modelação das paisagens continentais. Eles erodem montanhas, transportam os produtos da
meteorização para os oceanos e depositam milhões de toneladas de sedimento durante o seu
percurso sob a forma de barras e de aluviões. Nas suas desembocaduras, situadas nas margens dos
continentes, eles depositam um volume ainda maior de sedimento, continuando o continente para
o interior dos oceanos.

Um rio não é um sistema isolado. Ocorre numa região – bacia hidrográfica – na qual as águas,
seguindo uma direcção convergente, o alimentam. Numa bacia hidrográfica corre um rio principal
e os seus afluentes, que por sua vez recebem água de outros rios ou ribeiros e assim
sucessivamente, até chegar às águas selvagens e torrentes. A água de precipitação que cai na bacia
hidrográfica é recolhida pela rede hidrográfica, que a transporta de uns rios para outros até chegar
ao rio principal, que a conduzirá para o mar ou para um lago.

Uma torrente é um curso de água temporari em regra situada nas vertentes ingremes dos vales ou
nas cabeceiras dos mesmos, nas regiões montanhosas, sendo de considerar três traços distintos:
 Bacia de recepção
 Canal de escoamento
 Cone de dejecção

5.1.1- Factores condicionantes da acção erosiva dos rios

A acção dos cursos de água é controlada, primariamente, pela velocidade, pelo seu perfil
transversal e pela sua descarga ou débito.

A velocidade - V (medida em metros por segundo – m/s) é influenciada pelo declive do curso de
água, pela forma do canal e pelas suas irregularidades. Uma velocidade moderadamente rápida é
da ordem de 5 Km/h. Numa situação de inundação, a água de um rio pode atingir uma velocidade
de 25 Km/h ou mais.

A velocidade da água de um rio é um factor muito importante na determinação da capacidade


erosiva, transportadores e deposicionária do curso de água. A alta velocidade da água resulta
geralmente em erosão e transporte, enquanto que a deposição ocorre quando a velocidade é baixa.
Pequenas mudanças de velocidade podem provocar grandes mudanças nos sedimentos
transportados por um curso de água.

O gradiente do declive do leito do rio (expresso em metro por quilómetro m/km) é um factor que
controla a velocidade, sendo medido em metros por quilómetro. Nos rios de montanha pode variar

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de 10 a 40 m/Km ou mais. Uma subida do substrato rochoso pode favorecer a erosão. Assim, um
aumento de gradiente de declive tem como consequência um aumento de erosão e a escavação de
um canal. O inverso também é verdadeiro, ou seja, uma diminuição do gradiente do declive de um
curso de água provoca uma diminuição da erosão e um aumento da sedimentação, causando a
colmatação do vale fluvial.

A Área de Secção do leito - A (Expressa em metros quadrados - m²) do rio também tem grande
influência na sua acção geológica. Um curso de água pode ser estudado através de cortes
realizados transversalmente, ou seja, da elaboração de perfis transversais. Estes perfis permitem
expressar diversas características, tais como a largura, a forma e a área do canal, as rochas
constituinte do leito, a existência de terraços fluviais, etc. A largura, a forma do canal e as
irregularidades do leito também influenciam a velocidade da corrente. Deste modo, quanto mais
largo e profundo, quanto mais a sua secção se aproximar da forma semicircular e quanto menores
forem as irregularidades do canal, maior será a velocidade do curso de água.

O tipo de rochas atravessadas pelo rio pode, também, alterar a sua velocidade. Rochas duras e
resistentes são difíceis de erodir, sobretudo se o canal for baixo, tendo como consequência um
fluxo rápido. Se o fluxo da corrente ocorrer sobre uma rocha fácil de erodir, o canal pode alargar e
a velocidade da corrente diminui, devido ao aumento de atrito entre as moléculas de água com os
sedimentos constituintes do leito, ocorrendo a sedimentação.

A descarga ou débito - D de um curso de água é o volume de água que passa numa dada secção
de um curso de água numa unidade de tempo. A descarga de um curso de água é comummente
medida em metros cúbicos por segundo (m³/s), sendo calculada multiplicando a área da secção
transversal (largura multiplicada pela profundidade húmida) pela velocidade do fluxo
(deslocamento de uma partícula por unidade de tempo).

A competência do rio, quantidade de sedimentos transportados por unidade de volume, contribui


para a função erosiva do rio. Quanto maior for a carga sedimentar transportada, maior será a sua
capacidade erosiva.

A competência representa a capacidade que tem a corrente para transportar, de acordo com a sua
velocidade, detritos grosseiros e/ou densos com o maior volume possível.

A relação entre estes factores condicionantes pode ser expressa pela equação:

D=AxV sendo A=LxP


onde L determina a Largura do rio e P a sua profundidade.

Assim, se a descarga aumentar, quer a secção transversal quer a velocidade também aumentam
(independentemente ou não). Ou seja, à medida que a descarga de um curso de água aumenta num
dado local, tanto a velocidade como a secção transversal tendem a aumentar. A área da secção
transversal aumenta à medida que o fluxo ocupa uma parte maior da largura e da profundidade do
canal.
A descarga normal na maior parte dos rios aumenta para jusante à medida que cada vez mais água
flui nos tributários, cursos de água que desembocam nos cursos de água maiores. A velocidade
não aumenta tanto para jusante como o aumento do débito nos leva a crer por causa das
diminuições no gradiente do declive ao longo dos cursos inferiores. Onde a descarga não aumenta
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significativamente para jusante e o declive decresce grandemente, o fluxo de um rio será mais
lento.

5.2- Transporte de materiais

Os rios podem fazer o transporte dos sedimentos por rolamento, arrastamento, saltação, suspensão
e dissolução. Os sedimentos dissolvidos são invisíveis. O volume total de detritos que podem ser
transportados por um rio constitui a sua capacidade.
A competência e a capacidade de um rio aumentam na razão directa do aumento de velocidade.

A capacidade, a competência e a velocidade da corrente de um rio, podem aumentar durante as


cheias que podem ocorrem em períodos de grande precipitação. Nestes casos, podem ocorrer
enormes catástrofes.

Trabalho Independente: Num trabalho bem estruturado, fala das formas usadas para evitar as
catástrofes que podem ocorrer durante as inundações.

5.3- Depósitos de materiais

Os detritos transportados pelos rios, vulgarmente areia e cascalho, constituem bancos ou barras de
canal que são amontoados de sedimentos, ao longo do leito.

Geralmente a areia fina é erodida e transportada pela corrente. Quando a velocidade da corrente
baixa e atinge a curva entre a erosão e a área de transporte, a areia deixa de ser erodida, mas as
partículas que iniciaram o movimento continuam esse movimento, isto é, a ser transportadas, até
que a velocidade seja inferior à representada pela linha entre o transporte e a sedimentação. Nesta
altura, a areia fina deposita-se no fundo do leito do rio.

Para que as partículas maiores iniciem o seu movimento, necessita-se maior velocidade. Os grãos
finos de silte e argila são mais difíceis de erodir do que os de areia. Isto se deve ao facto de que as
forças moleculares tendem a unir as partículas de silte e argila em massas coesas, mais fortes do
que as de areia, que resistem à erosão e ao transporte.

Mas uma vez iniciado o transporte, o silte a a argila são mais fáceis de transportar. Com a
diminuição do declive e da velocidade, ocorre a sedimentação. As partículas em suspensão e as
dissolvidas são as que se mantêm mais tempo por sedimentar.

5.4- Meandros

À medida que os leitos percorrem o fundo de um vale, eles podem correr de um modo rectilíneo
em alguns troços e serpentear ao longo de diversos terrenos irregulares noutros troços, por vezes
dividindo-se em múltiplos canais. O leito aparente pode encontrar-se no centro da planície de
inundação ou abraçar apenas uma vertente do vale. Para além dos troços rectilíneos, os dois outros
padrões de leito são o meandriforme e o anastomosado.

Na maioria das planícies de inundação, os canais descrevem sinuosidades mais ou menos


apertadas chamadas meandros. Os meandros ocorrem naturalmente nos cursos de água que fluem
nas encostas suaves das planícies ou das terras baixas, onde os canais tipicamente se encaixam em
sedimentos não consolidados, tais como areias finas, siltes ou argilas, ou em rochas brandas.

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do Ensino Secundário – Huambo 2018
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Para este nosso curso, é importante citarmos dois tipos de meandros: os meandros encaixados ou
de vale e os meandros divagantes ou de planície, apresentados nas fotografias aéreas abaixo

Meandros encaixados do rio San Juan, no Utah (esquerda).


Meandros divagantes ou de planície de um rio a Oeste de Anchorage, no Alasca (direita).
Adaptado de Press, F. & Siever, R. (1997)

cujo traçado, sempre amplo, inclui a forma do vale, isto é, o carácter sinuoso do leito resulta do mesmo
traçado do vale e os meandros divagantes ou de planície ou também divergentes, (igualmente amplos
mas instalados nas grandes planícies de inundação, podendo aí divagar, isto é, alterar o seu traçado,
exagerando as curvas que o rio descreve e abandonando outras).

Os geólogos não sabem bem ainda porque é que surgem estes dois padrões mas sabem que a produção
de meandros é um fenómeno que se aplica não apenas aos cursos de água mas também a muitos outros
tipos de fluxos. Por exemplo, a Corrente do Golfo, uma poderosa corrente oceânica existente no
Atlântico Norte ocidental, apresenta meandros.

As escoadas de lava terrestres formam meandros e os planetólogos descobriram meandros nos leitos
secos e nas escoadas de lava em Marte e recentemente, nas escoadas de lava em Vénus.

Os engenheiros “corrigem” artificialmente o traçado meandriforme dos rios, tornando-o rectilíneo com a
ajude de muros de cimento. Esta “correcção” do traçado dos rios pode destruir as terras húmidas que
existiam em redor dos meandros e, com elas, toda a flora e fauna da planície aluvial. Por outro lado, um
rio com o traçado “corrigido” pode originar inundações catastróficas quando as barras artificiais cedem
ante o ímpeto das águas.

5.5- Perfil Longitudinal de um rio

Partimos do princípio de que todo grande rio desagua no mar e tem no nível médio das águas do mar o
seu nível base, em função do qual regula o seu perfil. Este nível é chamado de nível base geral porque
ele condiciona toda a rede fluvial do continente. As barragens e outros acidentes, naturais ou artificiais
têm a mesma função e denominação.

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O perfil longitudinal de um rio estabelece o seu estágio de evolução. Quando o rio se aproxima do seu
perfil de equilíbrio, a erosão vertical ou escavamento do leito vai diminuído, o rio vai alargando o que
faz aumentar a sedimentação.

A regularização do perfil faz-se da foz (jusante) para a nascente (montante). Vão desaparecendo as
irregularidades, recuam os rápidos e as cabeceiras que vão penetrando na montanha. Esta progressão da
erosão no sentido contrário ao da corrente é denominada erosão regressiva.

Geralmente, um curso de um rio percorre um vale cujo talvegue (zona mais profunda do leito) tem um
perfil longitudinal muito irregular e com variações mais ou menos bruscas de declive.
Estas variações podem constituir rápidos, quando há um aumento brusco do declive ou quedas de água
(caso das quedas de Kalandula em Malange), cascatas ou cataratas, quando ocorrem deslizamentos.

Depois de um tempo, o rio acabará por regularizar o seu perfil, atingindo o perfil de equilíbrio.

5.6- Evolução dos rios

Conforme o estuário evolutivo verificado num rio, nele se podem considerar três fases:

 Fase da juventude( curso superior) – onde predominam a erosão e o transporte. Aqui o perfil
longitudinal é irregular e o declive é acentuado e irregular, permitindo, muitas vezes, a
formação de rápidos; cataratas. Formam vales em formas de V fechado ou garganta.

 Fase de maturidade ( curso medio) – Caracterizada pela grande capacidade de transporte. O


declive é menos acentuado o desgaste faz-se na horizontal alargando o leito do rio, forman-se
vales mais abertos em forma de U e os vales são profundos e muitas vezes apertados; o perfil
longitudinal apresenta-se mais regularizado;

 Fase de senilidade ou velhice (curso final) – caracterizada pela existência de vales amplos com
vertentes bastante afastadas e degradadas. Predominam os fenómenos de sedimentação,
originando extensas planícies resultantes da degradação, isto é, do assoreamento pela
sedimentação fluvial. A foz pode estar livre de sedimentação ou podem surgir ai acumulações
de aluviões que dificultam a saida da água. No primeiro caso recebe o nome de estuarios e no
segundo, formam os deltas.

Estas fases podem ser alteradas devido ao abaixamento ou subida do nível de base geral, que por sua vez
pode variar devido a uma subida ou descida do nível do mar, alterações climáticas ou elevação dos vales
fluviais.

Quando há uma descida do nível do mar, a actividade fluvial rejuvenesce. Aumenta o declive e a erosão
regressiva acabará por atingir toda a rede fluvial, procurando restabelecer o perfil de equilíbrio. As
vertentes voltam a recuar aparecendo novas planícies aluviais onde o rio, por erosão, cava um novo leito
provocando a formação de degraus ou terraços fluviais.

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Já vimos que os rios terminam no mar formando estuários ou deltas.

Os estuários constituem o troço final dos rios sujeitos a acções continentais e marinhas. Por isso, a
sedimentação é determinada pela inversão dos sentidos das marés, duas vezes por dia, do que resulta a
alternância de fenómenos de erosão e sedimentação.

Na foz ou estuário de um rio, a acumulação da areia ligada à faixa litoral por uma das extremidades e
com a outra livre formam uma restinga ou cabedelo, como vimos ao estudarmos a acção geológica das
águas do mar.

Por vezes os sedimentos aluviais formam cordões litorais denominados barras ou lombas, que fecham
lagunas que acabam por ser assoreadas. Ou por vezes fazem ligação entre uma praia e uma ilha,
constituindo um tômbolo.

A formação de deltas na foz dos rios é devida a acumulação de depósitos sedimentares. Em geral, ela é
intensa e pressupõe uma estabilidade relativa do litoral.

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TEMA 6: Acção geológica das águas subterrâneas
6.1- Origem das águas subterrâneas

Nas regiões de rocha calcária, as águas de escorrência infiltram-se facilmente, constituindo as águas
subterrâneas no interior do maciço cársico. Nestas situações, se a água é portadora de ácido carbónico,
actua sobre o calcário, dissolvendo-o e abrindo espaços nos afloramentos. A quantidade de calcário
dissolvido pode ser enorme, abrindo cavernas com centenas de metros nas três dimensões do espaço,
enquanto outras podem ter dezenas de quilómetros de túneis entrecruzados.

A chuva é a principal fonte das águas subterrâneas. Está provado que a infiltração da água no solo em
condições exploráveis pode atingir a profundidade de 750 metros. Abaixo dessa profundidade a água
diminui e a sua exploração torna-se economicamente difícil. Sabe-se que na península de Kola,
cientistas russos encontraram água a profundidade de 11 quilómetros.

Ao infiltrar-se no solo a água passa pelas seguintes zonas:

- Zonas de evapotranspiração – onde as plantas se fixam. É a porção superior da zona de aeração, que
pode ter 1 a 3 metros de espessura;
- Zona intermédia – onde os espaços entre os sedimentos ou as fissuras das rochas podem estar ainda
em parte preenchidos por ar. É a zona que recebe o excesso de água da zona de evapotranspiração
quando esta tiver os seus espaços saturados de água;
- Franja capilar – onde a água pode ascender por acção das forcas de capilaridade, preenchendo
poros. Zona que recebe água por capilaridade da zona de saturação. O teor de água varia entre a
saturação e o valor de água da zona intermédia;
- Zona de saturação – onde todos os espaços estão preenchidos com água, constituindo aquíferos.
Está limitada superiormente pelo nível freático.

Ao contrário dos rios em que a velocidade é medida em quilómetros por hora, a água subterrânea
desloca-se muito lentamente, à velocidade de alguns centímetros por dia ou metros por ano. Isto
deve-se a porosidade e a permeabilidade das rochas.

6.2- Formação dos aquíferos

Aquífero é uma formação geológica, formada por rochas permeáveis seja pela porosidade granular ou
pela porosidade fissural, capaz de armazenar e transmitir quantidades significativas de água. O
aquífero pode ser de variados tamanhos. Eles podem ter extensão de poucos km2 a milhares de km2,
ou também, podem apresentar espessuras de poucos metros a centenas de metros. Quando a unidade
aquífera é formada por mais de uma formação geológica, com características hidrogeológicas
semelhantes, podemos chamá-la de sistema aquífero.

A composição dos aquíferos pode ser bastante variada, mas de forma geral, podemos subdividi-lo em
dois grupos principais. Nos aquíferos sedimentares, formados por sedimentos de granulação variada,
a água circula através dos poros formados entre os grãos de areia, silte e argila. Os aquíferos
cristalinos são formados por rochas duras e maciças, onde a circulação da água se faz nas fissuras e
fracturas abertas devido ao movimento tectónico.

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Na sua formação está implícito um conjunto de processos que permitem a mobilidade da água desde a
sua superfície até à zona de saturação. A maior parte da água subterrânea que se encontra até
algumas centenas de metros de profundidade está em movimento. Como já vimos, este
movimento é lento. Os aquíferos também são conhecidos por toalha aquífera, lençol freático ou
lençol de água.

6.2.1- Tipos de Aquíferos

Conforme as características das formações geológicas, os aquíferos denominam-se:

- Aquífero cativo – limitado por camadas geológicas impermeáveis. Também se designa aquífero
confinado ou artesiano;
- Aquífero livre – Que se encontra em contacto directo com a atmosfera através dos poros de
formações geológicas permeáveis. Também se designa por aquífero não confinado;
- Aquitardo – formação geológica que armazena grande quantidade de água mas é pouco permeável e
transmite-a com dificuldade;
- Aquicluso – formação geológica que armazena água sem a libertar.

6.2.2- Porosidade e permeabilidade

A porosidade (P), corresponde aos espaços vazios existentes no interior da rocha. Normal mente é
expressa em percentagem e traduzida pela relação existente entre o volume de vazios (poros)
representada por Vv, e o volume total da rocha considerada, Vt. É calculada usando a fórmula:

O volume máximo de água que um dado volume de rocha pode conter depende da sua porosidade.
Uma rocha muito porosa pode conter muito mais água que uma rocha pouco porosa.

O tamanho e a forma das partículas que constituem a rocha bem como a sua capacidade afectam a
porosidade. Se os detritos se consolidam, a porosidade também é afectada.

A permeabilidade é uma medida da capacidade de as rochas se deixarem atravessar por fluídos. Uma
rocha de baixa porosidade é também de baixa permeabilidade. Porém, valores de alta porosidade não
significam elevada permeabilidade, como acontece, por exemplo, com as argilas.

6.2.3- Protecção dos Aquíferos

É fundamental para o homem a boa gestão das águas subterrâneas. Ao ocupar o solo, deve ter em
conta uma eficaz política de ordenação do território, pois que certas actividade nas zonas de recarga
(zona onde o aquífero é alimentado) de aquíferos pode ter graves consequências. Pode ocorrer formas
de poluição física (Temperatura, radioactividade), poluição química (metais pesados, excesso de
nutrientes …) e poluição biológica (vírus, bactérias …) que vão alterar as qualidades deste recurso,
tornando água imprópria para o consumo humano. Cada um de nós deve assumir-se como defensor
intransigível deste bem precioso e cada vez mais raro, evitando desperdício deste recurso natural
ainda renovável.

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6.3. Acção modeladora das águas subterrâneas

As águas da chuva ou resultantes da fusão da neve e do gelo, que se deslocam pela superfície terrestre
sem um caudal e uma direcção definidos, denominam-se águas selvagens.

Os terrenos com cobertura vegetal estão mais protegidos deste tipo de águas e retêm maior
quantidade de água à superfície do que os que têm pouca vegetação. As rochas calcárias, por exemplo,
são extremamente fissuradas, o que permite uma rápida infiltração da água e uma grande circulação
subterrânea. Por esta razão, os terrenos calcários apresentam uma vegetação escassa e características
e uma grande secura superficial.

Já vimos que, a dissolução do calcário é conseguida pelo dióxido de carbono atmosférico contido nas
águas pluviais. As águas que se infiltram nos solos podem tornar-se ainda mais ácidas captando o
dióxido de carbono libertado pelas raízes das plantas, bactérias e outros organismos que vivem no solo.
À medida que esta água rica em dióxido de carbono se movimenta da zona não saturada para a zona
saturada, cria aberturas à medida que dissolve os minerais carbonatados. Estas aberturas alargam-se à
medida que o calcário se dissolve ao longo das diáclases e fracturas, formando uma rede de salas e de
passagens. Tais redes formam-se extensivamente na zona saturada onde, uma vez que as galerias se
encontram completamente preenchidas por água, a dissolução actua em todas as superfícies.

Podemos explorar cavernas que, anteriormente, foram formadas abaixo do nível freático e que se
encontram, agora na zona insaturada devido a um abaixamento do nível freático. Nestas grutas podem
existir diversos animais curiosos, a maioria desprovidos de olhos, uma interessante adaptação à
escuridão. Também é possível encontrar bactérias pouco usuais, nomeadamente, bactérias sulfurosas. Os
geólogos pensam, inclusivamente, que o ácido sulfúrico libertado por estas bactérias pode ter ajudado na
formação das grutas onde se encontram.

6.3.1- Modelo Cársico ou Forma cársica

Consiste, portanto, no modelado próprio das regiões cujas rochas são susceptíveis de sofrer erosão por
dissolução, geralmente, maciços calcários. O termo carso, que define uma região calcária onde são
abundantes os fenómenos de dissolução dos calcários e os aspectos do modelado cársico, deriva de
Karst, topónimo alemão de um planalto calcário na antiga Jugoslávia onde são evidentes os referidos
fenómenos de dissolução.

A morfologia cársica requer, portanto:


1. Um clima com abundante pluviosidade;
2. Vegetação abundante (o que proporciona águas ricas em dióxido de carbono);
3. Formações calcárias extensivamente diaclasadas;
4. Gradientes hidráulicos apreciáveis.

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Desenho representando o aspecto esquemático de um maciço calcário carsificado.- Neves, T. (2000)

Legenda: 1 – Galeria; 2 – Sifão; 3 – Rio subterrâneo; 4 – Poço; 5 – Chaminé; 6 – Exsurgência; 7 – Cone de blocos; 8 – Algar de abatimento; 9 –
Gruta; 10 – Lapiás; 11 – Vale em canhão; 12 – Lapa; 13 – Algar de infiltração; 14 – Polje; 15 – Ponor; 16 – Hum; 17 – Dolina; 18 – Uvala; 19 –
Sumidouro; 20 – Vale cego; 21 – Abrigo; 22 – Coluna; 23 – Estalactite; 24 – Estalagmite (22, 23 e 24 – Espeleolitos); 25 – Sala; 26 – Terra rossa;
27 – Calcário; 28 – Ressurgência.

Geralmente, os maciços calcários são pobres em vegetação, sendo a sua superfície nua e intensamente
retalhada por uma rede mais ou menos densa e profunda de sulcos em virtude do alargamento das
diaclases e outras fendas por dissolução. No fundo destes sulcos desenvolve-se, geralmente, um
depósito argiloso vermelho, resultante da acumulação de certos componentes (argila, areia fina e óxidos
de ferro, os quais lhe conferem a coloração) que aí ficam retidos. Esse depósito avermelhado toma a
designação de terra rossa.

6.3.2- Formas Exocársicas

De um modo geral, as formas cársicas podem ser classificadas como exocársicas ou endocársicas. As
primeiras são aquelas que se formam à superfície dos calcários. As segundas desenvolvem-se no interior
do maciço calcário, estando, por vezes, correlacionadas com as formas exocársicas.

LAPIÁS: Correspondem a fendas ou sulcos superficiais nas rochas calcárias. Podem estar cobertos por
uma camada de solo ou aflorarem a céu aberto. O tamanho e direcção das fendas são variáveis e, a
superfície apresenta um aspecto corroído e muitos fragmentos rochosos. As dimensões das depressões e
das cristas variam de alguns milímetros a mais de dez metros. Existem muitos campos de lapiás no
Barrocal algarvio;

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DOLINA: Pequena depressão mais ou menos circular, de dimensões compreendidas entre as dezenas e
as centenas de metros, sendo, de um modo geral, mais largas que profundas, com paredes rochosas
muitas vezes abruptas, com o fundo plano e atapetadas de terra rossa mais ou menos pedregosa. São
locais de grande infiltração de água para o subsolo;

UVALA: Dá-se quando duas ou mais dolinas, próximas umas das outras, se alargam o suficiente para
coalescerem numa só.

POLJE: Extensa planície cársica fechada, rebaixada no interior dos maciços cársicos, de origem
complexa (tectónica, união de várias dolinas ou uvalas, etc.). As depressões têm um fundo plano que é
excelente para o cultivo, podem atingir alguns quilómetros de extensão e são limitadas por vertentes
abruptas, podendo apresentar inundações permanentes, temporárias ou permanecerem secos. Como
exemplo temos o polje de Mira-Minde, no Maciço Calcário Estremenho;

HUM: Pequeno relevo abrupto isolado e disperso que se pode encontrar no interior de um polje;

SUMIDOURO OU PONOR: Fenda ou orifício lateral ou no fundo que alimenta um polje durante a
época chuvosa e que serve para o escoamento das águas na estação seca. A Nave do Barão, no Algarve,
possui estas formas;

VALE CEGO: Desemboca numa zona onde a circulação atinge um sumidouro e passa a ser subterrânea;

VALE EM CANHÃO: Também chamado de canyon, é um vale de vertentes abruptas, escavadas em


falhas ou em grandes diaclases, alongadas por dissolução e erosão, no fundo dos quais pode circular um
rio;

ABRIGO: Cavidade que se abre numa frente rochosa, apresentando dimensões variáveis e sem formar
uma galeria.

6.3.3- Formas Endocársicas

ALGAR: Gruta de desenvolvimento essencialmente vertical ou cujo acesso se faz, geralmente, por um
poço que se abre à superfície. Pode ser originado pelo desmoronamento de tecto de uma sala ou galeria
– algar de abatimento – ou pelo alargamento de uma fenda devido à acção corrosiva da água de
infiltração ou pela ascensão de água subterrânea – algar de infiltração.

LAPA: Gruta de acesso e desenvolvimento essencialmente horizontal, sendo constituída por galerias de
várias formas e dimensões. Ao longo de uma gruta poderão existir diversas formas, entre as quais, salas,
poços, chaminés, rampas e sifões. Se estiverem preenchidas por água, as galerias formam um rio
subterrâneo;

EXSURGÊNCIA: Nascente pela qual as águas cársicas, que circulam através dos calcários, emergem
para o exterior. Podem apresentar caudais muito irregulares ao longo do ano;

RESSURGÊNCIA: Nascente pela qual a água de um rio que, previamente, entrou no interior do maciço
cársico por intermédio de um sumidouro ou ponor, emerge para o exterior. O seu caudal depende do
caudal do rio que o alimenta.

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6.3.4- Aspectos Construtivos

As águas subterrâneas não provocam apenas a erosão dos maciços calcários. Para além de transportar o
carbonato de cálcio dissolvido, elas depositam-no de forma a construir novas formações geológicas.
Estas dividem-se em formas de erosão, formas clásticas e formas de reconstrução.
As formas de erosão são acumulações, ao longo ou na base de vertentes abruptas, de cascalheiras que,
por vezes, são cimentadas pelo carbonato de cálcio que precipita da água, formando brechas calcárias.
As formas clásticas surgem devido ao desabamento de blocos de rocha provenientes do tecto ou das
paredes das grutas, acumulando-se sob a forma de um caos ou de um cone de blocos.
Finalmente, as formas de reconstrução originam-se da deposição do carbonato de cálcio que circula
juntamente com a água que escorre ou goteja nas grutas. As formas de reconstrução mais interessantes
são as estalactites, as estalagmites e as colunas, conjuntamente designadas de espeleolitos ou
espeleotemas.

ESTALACTITE: Espigão vertical que se estende do tecto, formado pela evaporação do dióxido de
carbono presente na água, o que permite a precipitação de carbonato de cálcio, que se acumula;

ESTALAGMITE: Espigão vertical que se estende do solo, formado pela evaporação do dióxido de
carbono contido na água quando esta atinge o solo, permitindo a precipitação de carbonato de cálcio, o
qual se vai acumulando;

COLUNA: Coluna vertical formada pela coalescência de uma estalactite com uma estalagmite.

6.3.4- Formação de grutas

As grutas iniciam a sua formação através de um campo de lapiás ou de um campo de dolinas (ou de
ambos), que vai permitir a dissolução em profundidade e a abertura de condutas. Essas condutas vão ser
continuamente dissolvidas, formando galerias. Quando as galerias se tornam suficientemente grandes
para permitir que a gravidade exerça a sua influência nas camadas superiores, dão-se desmoronamentos
que as vão alargar ainda mais. Existe, no entanto, uma superfície abaixo da qual não se verificam os
processos de erosão cársica – é o chamado nível de base cársico.

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Tema 7: Rochas Sedimentares
7.1- Origem das Rochas Sedimentares

As rochas sedimentares ocupam mais de 75% da +área dos continentes.

A génese das rochas sedimentares implica duas etapas fundamentais:


 Elaboração de materiais que as vão constituir, ou sedimentogénese;
 Evolução posterior dos sedimentos, ou diagénese.

A formação das rochas sedimentares ocorre à superfície da Terra ou próximo dela, geralmente, em
interacção com a hidrosfera, a atmosfera e a biosfera.

7.1.1 – Sedimentogénese – formação de sedimentos


- Transporte, Sedimentação e diagénese

A sedimentogénese - sedimentação ou deposição ocorre, em vários ambientes (deltaico, lagunar,


marinho, torrencial, etc.), sobretudo por acção da gravidade. O agente transportador perde a força de
arraste e deposita os detritos que transportava, segundo a dimensão e densidade dos detritos. Como
resultado de sucessivos transportes e deposições formam-se camadas ou estratos de sedimentos,
disposição característica da grande maioria das rochas sedimentares.

A diagénese consiste nas mudanças ou transformações, químicas (de sedimentos resultantes da


precipitação de substâncias dissolvidas na água), físicas (de sedimentos formados por fragmentos de
dimensões variadas, resultantes da alteração de outras rochas) e biológicas (de sedimentos compostos,
em regra, por restos de seres vivos, como conchas e outras peças esqueléticas, fragmentos de plantas,
pólen, etc.), sofridas por um sedimento após a sua deposição.

A diagénese inclui processos tais como: compactação e rearranjo espacial dos grãos, consolidação,
cimentação, autigénese, substituição, solução de pressão, precipitação, recristalização, oxidação,
redução, desidratação, hidratação, lixiviação, polimerização, adsorção, acção bacteriológica (ex. origem
do petróleo), os quais são normais na parte superficial da crosta terrestre.

Os processos diagenéticos não só se iniciam logo após a deposição do sedimento, como têm um tempo
variável na sua ocorrência.

Analisemos, resumidamente alguns desses processos:

 Compactação e desidratação – À medida que a sedimentação prossegue, novas camada vão se


sobrepondo, aumentando a pressão sobre as camadas inferiores. Devido ao peso dos
sedimentos que se sobrepõem, os fluidos incluídos nos interstícios dos materiais são expulsos,
ficando as partículas mais próximas, diminuindo o volume das rochas deixando-a mais
compacta e mais densa.

 Cimentação – Os espaços vazios entre os detritos são preenchidos por materiais de


neoformação, resultantes da precipitação de substâncias dissolvidas na água em circulação
(CaCO3, SiO2) formando um cimento muito duro que liga os detritos formando uma rocha
consolidada.

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 Recristalização – Com o aprofundamento, os minerais menos estáveis podem mudar a sua
estrutura para formas mais estáveis adaptadas as novas condições termodinâmicas (P.ex. – A
aragonite transforma-se em calcite e o gesso em anidrite). Pode ocorrer a formação de um
cimento cristalino.

 Alterações Químicas – Se o ambiente for rico em oxigénio, os restos orgânicos podem


converter-se em CO2, H2O, NH3, etc. Se o ambiente for redutor, a matéria orgânica pode ser
lentamente transformada em composto ricos em carbono, os carvões.

Esquema da compactação dos sedimentos detríticos e circulação dos fluidos entre os poros.

Esquema do fenómeno da solução de pressão, reflectindo a dissolução dos grãos de um mineral resultado das pressões e a cimentação dos poros.

A deposição dos sedimentos faz-se segundo camadas sobrepostas, horizontais e paralelas,


principalmente se ocorrer em ambiente aquático.

As diferentes camadas denominam-se estratos e diferem entre si pela cor, pela composição e pela
granularidade. A camada mais nova sobrepõe-se à mais antiga, comprimindo-a. As superfícies, quase
planas, que separam diferentes estratos denominam-se juntas de estratificação. Duas intercalam um
estrato. A que o recobre denomina-se tecto e a que fica por baixo é chamada muro.

7.2- Estruturas Sedimentares

Nas juntas de estratificação, se podem observar marcas que que indicam ter havido pausas ou
interrupções na sedimentação. Algumas delas são:

 Marcas de Ondulações (ripple marks, em inglês)- Já falamos sobre eslas quando estamos a
acção geológica das águas do mar (Tema 4.).
 Fendas de dessecação ou fendas de retracção – Geralmente se observam em terrenos
argilosos actuais e também conservadas em rochas antigas.
 Marcas das gotas da chuva – Podemos encontrá-las em rochas antigas, com aspecto idêntico
às da actualidade.
 Pegadas de animais, pistas de reptação, fezes fossilizadas – Nos informam sobre ambientes
sedimentares do passado e sobre os hábitos dos animais, tipo de alimentação, etc.

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ESQUEMA DO CICLO DE FORMAÇÃO DAS ROCHAS SEDIMENTARES

Note que os materiais resultantes da meteorização das rochas podem ficar acumulados no local de
origem, formando depósitos residuais. Mas também podem ser transportados, principalmente pela água
e pelo vento, para outros locais, quer sob forma de solução como sob a forma de detritos de dimensões
variáveis, experimentando sucessivas alterações como:

 Arredondamentos – devido ao choque entre eles e ao atrito com as rochas da superfície.


Perdem as arestas e vértices e as superfícies ficam mais livre e curva. Pelo grau de
arredondamento, pode conjecturar-se sobre a duração do transporte.

 Granotriagem – As partículas são seleccionadas e separadas de acordo com o tamanho, a


forma e a densidade. Os sedimentos bem calibrados são os que apresentam detritos com
aproximadamente o mesmo tamanho. O vento e os rios são bons agentes de granotriagem.

Os materiais transportados em solução sedimentam após precipitação.

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7.3- Diversidade e classificação das Rochas Sedimentares

Não é fácil classificar as rochas sedimentares. Devido a diversidade de materiais e de processos


intervenientes na sua formação, qualquer classificação é sempre algo artificial, pois não existem grupos
estanques, mas uma gradação sucessiva ente os diferentes grupos.

A
classificação das rochas sedimentares é feita com base em vários critérios. O esquema que apresentamos subdivide as rochas sedimentares em
três grandes grupos: (S) siliciclastos (fragmentos silicatados e grãos associados); (A) aloquímicos e (P) precipitados químic os e bioquímicos.

Pertencentes ao grupo (A), os aloquímicos, existem, como em todos os outros grupos, uma grande
variedade de rochas, entre as quais faremos apenas referência aos calcários conquíferos. São
constituídos por fragmentos de conchas (aloquímicos), que por sua vez são calcários biogénicos, tendo
sofrido transporte ou não, agregadas por um cimento calcário

Amostra de calcário conquífero.

No grupo (P), os precipitados, vamos passar a referir algumas rochas. Os calcários são rochas
formadas essencialmente por calcite, que resultou da precipitação e deposição do carbonato de cálcio.
Existe uma grande variedade de calcários. Calcários formados por pequenos grãos arredondados
(oólitos) cimentados por carbonato de cálcio e são, por esse motivo, denominados calcários oolíticos.
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Amostra de calcário oolítico

Calcários formados por grãos arredondados aproximadamente do tamanho de ervilhas cimentados por
carbonato de cálcio, denominados calcários pisolíticos.

Amostra de calcário pisolítico.

Calcários comuns apresentando uma estrutura compacta com colorações variadas, por vezes, com
conteúdo fossilífero. As dolomias são rochas sedimentares de precipitação da dolomite , as chamadas
dolomias primárias, e/ou resultado da substituição da calcite dos calcários por carbonato duplo de
cálcio e magnésio (dolomite). É uma rocha compacta, granular e cinzenta clara a escura ou com um
tom amarelo.

As areias são rochas constituídas por detritos desagregados, de tamanhos compreendidos entre 0,063
e 2 milímetros. Há uma grande variedade de areias no que se refere á composição, granulometria,
forma do grão e origem. Todas as areias apresentam um elevado grau de permeabilidade.

Ainda assim, tendo em conta a fracção predominante, nas rochas sedimentares podem considerar-se
três grupos: rochas detríticas, rochas quimiogenéticas e rochas biogenéticas.

As rochas detríticas são constituídas por clastos provenientes de outras rochas e classificam-se de
acordo com a granularidade predominante dos elementos em:

 Rochas conglomeraticas - Os conglomerados são, sobretudo, formados por calhaus, cascalho e


saibro arredondados e cimentados por um cimento silicioso, calcário, argiloso, ferruginoso ou
misto. A natureza dos detritos depende das rochas donde derivaram e da história do seu
transporte e deposição. É também vulgar chamarem-lhes "pudins". Quando os detritos são

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angulosos, isto é com arestas vivas (não erodidas), designam-se os conglomerados deste tipo
por brechas.

 Rochas areníticas - As areias são rochas constituídas por detritos desagregados, de tamanhos
compreendidos entre 0,063 e 2 milímetros. Há uma grande variedade de areias no que se
refere á composição, granulometria, forma do grão e origem. Todas as areias apresentam um
elevado grau de permeabilidade.Consoanta o agente de tras porte e a duração do mesmo, as
areias apresentam aspectos diferentes. Assim temos:
 Areias fluviais – Angulosas ou sub-roladas, grosseiras ou finas, com grau de
granotriagem variável;
 Areias marinhas – Arredondadas, polidas, por vezes com forma ovóide, brilhantes,
geralmente bem calibradas;
 Areias eólicas – Bem arredondadas, baças devido a numerosas marcas provocadas
pelos choques, muito bem seleccionadas;
 Areias glaciárias – Muito granulosas e mal calibradas, aspecto triturado

 Rochas sílticas - Os limos, também conhecidos por nateiros ou siltes, diferem das areias pela
dimensão do grão, que apresenta tamanhos entre 0,002 e 0,063 milímetros. Apresentam uma
elevada percentagem de argilas (dimensões inferiores a 0,002 mm).
 Rochas argilosas – Constituídas por detritos de minerais de argila resultantes da meteorização
química de vários minerais

As Rochas quimiogenéticas são constituídas por materiais resultantes da precipitação de substâncias


dissolvidas na água. Podem destacar-se os calcários resultantes da precipitação de CaCO3 (Carbonato de
cálcio) e rochas salinas (também conhecidas por evaporitos – p. ex.- NaCl).

As Rochas biogenéticas ou quimiobiogentéticas são constituídas por detritos orgânicos ou por


materiais resultantes de acções bioquímicas. Podem referir-se os calcários biogenéticos e os
combustíveis fósseis.

 Os Calcários biognéticos – Resultante de carbonatos que são fixados por muitos organismos
aquáticos, incluindo animais marinhos, que edificam peças esqueléticas como conchas,
polipeiros, carapaças, etc. Quando morrem, esses seres depositam-se nos fundos das águas
formando um sedimento biogenético. A parte orgânica é decomposta e as conchas acabam por
ficar cimentadas, formando calcários consolidados – calcários numulíticos, os calcários
conquiferos (Ver foto da página 55) e os calcários recifais.

 Combustíveis fósseis – Os hidrocarbonetos com moléculas simples e leves (metano, etano,


propano, butano), são gasosos às temperaturas e pressões normais; o metano, o mais simples de
todos os hidrocarbonetos, só passa ao estado líquido à temperatura de -1600o C; o propano e o
butano passam ao estado líquido (liquefazem-se) a temperaturas normais e a baixas pressões,
deste modo, podem ser colocados dentro de botijas metálicas dando origem ao chamado "gás
líquido".

As principais fontes de hidrocarbonetos são os combustíveis fósseis, tais como: petróleo, gás
natural, hulha e xisto betuminoso. Por vezes, o conceito de Rocha Sedimentar é generalizado,
englobando materiais carbonáceos, como os carvões e os petróleos.

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 Petróleos – Dos combustíveis fósseis conhecidos, o mais importante actualmente é o petróleo.
Aproximadamente 90% dos materiais obtidos a partir da refinação do petróleo são usados em
reacções de combustão, isto é, são queimados para obter energia para meios de transporte,
aquecimento industrial e doméstico, produção de electricidade e iluminação. Os outros 10% são
usados como matéria-prima para a produção de plásticos, borrachas sintéticas, fibras,
fertilizantes e muitos outros produtos de uso comum.

Embora o petróleo não seja uma rocha no sentido comum do termo, uma vez que é líquido, ele
encontra-se exclusivamente no interior das rochas sedimentares e forma-se a partir de
sedimentos biogénicos e, por isso, o seu estudo é feito, muitas vezes, juntamente com as rochas
sedimentares.

Um exame cuidadoso dos combustíveis fósseis (principalmente de carvões e dos terrenos


petrolíferos) mostra a presença de vestígios de plantas ou de microfósseis. A material inicial foi,
pois, matéria proveniente de seres vivos, principalmente seres fotossintéticos.

Estes seres convertem a energia luminosa do sol em energia química armazenada nos compostos
orgânicos que constituem as suas estruturas. Em meios sedimentares alimentados por grandes
quantidades de detritos orgânicos que devido ao aprofundamento acelerado, ficam rapidamente
isolados do ambiente oxidante, transformando-se, de acordo com as condições e com a natureza
dos detritos, em carvões ou petróleos. Siga o esquema abaixo:

Luz Solar
Acumulação na atmosfera
e nos oceanos

Fotossíntese CO2
(Folhas de Vegetais)
H 2O

Seres vivos Respiração e


decomposição

Aprofundamento de matéria
orgânica nos sedimentos Combustão

Combustíveis fósseis:
Transformações químicas Carvão, petróleo, gás
durante o aprofundamento natural

- Esquema elaborado por Margarido António – Huambo/2015 –

Na combustão de produtos petrolíferos ou de carvão. É mobilizada energia que foi armazenada


pela fotossíntese há muitos milhões de anos. Por isso é que são designados de Combustíveis
fósseis, porque representam energia solar captada, transformada, armazenada e preservada
durante milhões de anos.

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O petróleo formou-se na Terra há milhões de anos, a partir da decomposição de pequenos


animais marinhos, plâncton e vegetação típica de regiões alagadiças que, depois de mortos, se
misturavam à terra lamacenta dessas regiões, formando camadas de material orgânico.
Na combustão de produtos petrolíferos ou de carvão. É mobilizada energia que foi armazenada
pela fotossíntese há muitos milhões de anos. Por isso é que são designados de Combustíveis
fósseis, porque representam energia solar captada, transformada, armazenada e preservada
durante milhões de anos.

O petróleo formou-se na Terra há milhões de anos, a partir da decomposição de pequenos


animais marinhos, plâncton e vegetação típica de regiões alagadiças que, depois de mortos, se
misturavam à terra lamacenta dessas regiões, formando camadas de material orgânico.

Estes meios caracterizam-se por condições anaeróbias e são ambientes lagunares costeiros ou
meios lacustres. Ao longo de milhões de anos, essas camadas foram sendo comprimidas pelas
rochas que se depositaram acima delas e o material orgânico foi sendo lentamente decomposto, a
que chamamos movimentos de subsidência, transformando-se finalmente, em petróleo e gás de
petróleo, que ocorrem juntos. Em consequência desse rebaixamento por compressão, as camadas
sedimentares também aprofundam rapidamente (cerca de 1 centímetro por século) num
ambiente sem oxigénio. A palavra petróleo significa óleo de pedra (do latim: petra oleum).

O petróleo, depois de retirado pelo homem dessas bacias petrolíferas, não pode ser substituído,
ou seja, ele é fonte de recursos naturais não-renovável. Dessa maneira, é muito importante que o
ser humano aprenda a usá-lo da melhor maneira possível, a fim de que possa usufruir dele por
um maior espaço de tempo. Teoricamente, o petróleo pode ser encontrado em bacias
sedimentares. Mas isso nem sempre acontece porque há outros factores determinantes da
existência de petróleo em certa região.
Os produtos petrolíferos incluem materiais gasosos, líquidos e sólidos nas condições normais de
pressão e temperatura. Os produtos sólidos designam-se asfaltos ou betumes, os líquidos por
petróleo bruto ou nafta e os gasosos por gás natural.

Admite-se que o material que se transforma em petróleo é constituído, principalmente, por


organismos de pequenas dimensões, predominando o plâncton. A matéria orgânica é acumulada
à profundidade de 2000 a 3000 metros.

O processo de formação de petróleos é extremamente lento, podendo durar várias dezenas de


milhões de anos. A rocha onde ocorre toda essa evolução é designada por rocha-mãe.

As condições geológicas que favorecem a génese e acumulação de petróleo resultam da


combinação de tipos de estrutura, como falhas, rugas, domos salinos, etc. e de tipos de rochas
que criam uma barreira impermeável que impede a migração do petróleo à superfície. Essas
condições constituem a armadilha petrolífera.

Devido a pressões, os hidrocarbonetos fluidos, como são pouco densos migram da rocha mãe e
acumulam-se em rochas porosas e permeáveis (arenitos, conglomerados, rochas carbonatadas)
que constituem a rocha-armazém ou rocha-reservatório. Sobre esta rocha existe uma camada
impermeável (rochas argilosas) que impede a migração e dispersão do petróleo até à superfície.
Esta cobertura designa-se por rocha-cobertura.

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Nota que: A rocha-armazém, a rocha-cobertura e outras estruturas que impedem que o petróleo
chegue a superfície, constituem a armadilha petrolífera.

Geralmente existe água salgada associada às jazidas petrolíferas. Esta água, que impregna as
camadas permeáveis, pode ser água remanescente daquela que ficou aprisionada nos sedimentos
ou água resultante das infiltrações verificadas à superfície.

A disposição da água, do petróleo e dos gasez no jazigo, corresponde à ordem das densidades
respectivas: por baixo a água, depois o petróleo e finalmente o gás.

 Carvões – Os carvões minerais são formados a partir do soterramento e decomposição de


restos materiais de origem vegetal. Gradualmente, estes materiais ao sofrerem
soterramento e compactação em bacias de deposição, apresentam enriquecimento no
teor de carbono.

Durante o soterramento, sob a acção de bactérias anaeróbias, os detritos vegetais são


transformados, formando uma pasta que aglutina os detritos maiores.

À medida que o soterramento prossegue, o aumento da pressão e da temperatura, junto


com as toxinas resultantes do metabolismo das bactérias, provoca a morte das mesma.
Nestas condições, há perda de água e de substâncias voláteis e um enriquecimento
relativo de carbono. Este processo denomina-se incarbonização. Consoante o grau de
evolução, formam-se assim diferentes carvões, tais como: lignitos, em que a estrutura
fibrosa dos vegetais ainda é visível, depois carvão betuminoso e, por fim o antracito.

Factores externos, tais como pressão, temperatura, tectónica e tempo de exposição,


determinam o grau de carnificação destes combustíveis. Durante este período de
modificações, existe perda de oxigénio e água, associado ao enriquecimento do carbono.

Tipos

Hoje em dia, o carvão ainda representa importante recurso energético mundial. Entretanto
existem vários tipos de carvão que variam em qualidade e consequentemente em seu valor de
comercialização, tendo no período de 1929 a 1995 duplicado a produção mundial.

Os lignitos – Com elevada percentagem de materiais voláteis, mas com uma riqueza em
carbono inferior às hulhas e ao antracito.
O antracito – Tem elevada percentagem de carbono (mais de 90% do seu peso) e só 10% de
materiais voláteis. Por isso é que por combustão, não forma fumos e liberta maior quantidade
de calor do que os outros carvões.
Turfa – É produto menos evoluído de entre os carvões. Formado devido a acção de
microorganismos anaeróbicos na parte inferior dos musgos e de outras plantas herbáceas.
Muito rico em materiais voláteis e em matéria orgânica mas de pouco valor económico como
combustível

O aumento do teor de carbono depende da idade (quanto mais antigos são os carvões, mais
ricos são em carbono) e das condições de temperatura e pressão a que estiverem submetidos.

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TEMA 8: Geo-história
Generalidades

A história da Terra é muito longa. Uma história que se desenrola há cerca de 4.600 milhões de anos e
que o homem vem a escrever há cerca de 5 mil anos. Na Geologia os caminhos da história raramente
são direitos.

É próprio de uma falsa ciência nunca descobrir o que é falso, nunca reconhecer a necessidade de
renunciar seja ao que for, nunca mudar de linguagem. Não esquecendo que a história da verdade, e só da
verdade, é uma noção contraditória. Aquilo que hoje é impossível amanhã é do censo comum.

Foi opinião geral que a Terra teve sempre o mesmo aspecto desde a sua origem. As montanhas, os vales,
as planícies, os rios e os mares que nos rodeiam não sofrem alterações visíveis durante a nossa
existência. Desde sempre que o homem observa e usa a Natureza e faz especulações sobre ela. Observou
em muitas rochas a presença de impressões (fósseis) com a forma de conchas, ossos de animais e folhas
de plantas. Ao longo de muitos séculos aquelas impressões excitaram a curiosidade e estimularam a
imaginação, tendo originado inúmeras explicações. Assim foram consideradas como criações de
espíritos maus ou bons sendo designadas como "cobras de pedra", "pedras de trovão", "pedras mágicas"
e "pedras de sapo", ou como resultado da acção das radiações do Sol ou das estrelas; outros, preferiram
olhá-las como facécias do reino mineral imitando formas de plantas e de animais existentes na natureza;
outros, ainda, consideraram-nas restos das primeiras tentativas do Criador, que teria rejeitado os
esforços primitivos quando, com o aperfeiçoamento da prática, adquiriu proficiência suficiente para
criar as formas de vida actuais.

Pitágoras (580-500 a.C.) teve a verdadeira intuição acerca da natureza das referidas impressões
(fósseis). Contudo, ainda no século XVII, Plot admitia que as marcas (impressões - fósseis) observadas
nas rochas seriam o resultado de propriedade inerente à Terra a qual originaria as marcas como
ornamento das regiões ocultas do Globo, da mesma maneira que as flores são o ornamento da superfície.
Mesmo no século XIX, um decreto teológico de Oxford afirmava que o Diabo tinha colocado aquelas
impressões (fósseis) nas rochas para enganar e embaraçar a humanidade.

Foi Leonardo da Vinci (1452-1519), que realizou estudos importantes nos domínios da Geometria,
Biologia, Geologia, Astronomia e Anatomia, quem esclareceu o problema das impressões (fósseis). O
método utilizado por Leonardo da Vinci nas suas observações e deduções foi de importância
fundamental para o estudo da história da Terra, tendo, deste modo, resolvido o problema do significado
dos fósseis. Pese este facto as discordâncias, as rivalidades e as ideias dominantes da sociedade, em
cada época, dentro da comunidade científica sempre foram obstáculo ao avanço da ciência. Veja-se Plot,
século XVII, e o decreto teológico de Oxford, século XIX.

Georges Cuvier (1769-1832) prestou muitas e importantes contribuições à História Natural, no que se
refere a espécies extintas e à reconstituição de alguns fósseis dando-lhe o aspecto que teriam quando
eram vivos. Foi defensor de uma versão da história da Terra, segundo a qual uma sucessão de
catástrofes teria exterminado as primitivas formas de vida, sendo a última destas catástrofes o Dilúvio
descrito na Bíblia.

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James Hutton (1726-1797), considerado o fundador da geologia moderna, fazendo uso da


observação de campo dos fenómenos actuais deduziu que as mesmas leis físicas actuais que os
condicionam terão sido as mesmas que actuaram no passado. Formulou, deste modo, o princípio do
Uniformitarismo: o presente é a chave da interpretação do passado. Mais tarde, Charles Lyell
(1797-1875), ampliou este princípio aplicando-o a novas situações geológicas, traduzindo-se em
novos progressos das ciências geológicas. De facto, as rochas formam-se na natureza actual,
obedecendo às mesmas leis que presidiram à sua formação há centenas de milhões de anos.

Para finalizar esta história, que já vai longa para os objectivos do nosso curso, não podemos deixar
de referir o nome de William Smith (1769-1839), que enunciou dois princípios fundamentais da
estratigrafia, a lei "da sobreposição dos estratos" e a "das camadas identificadas pelos fósseis".
Durante quase cinquenta anos, percorreu a Inglaterra elaborando o primeiro mapa geológico
daquele país.

A história da terra faz-se, principalmente, estudando o registo de eventos passados que foram
preservados nas rochas. As camadas de rochas são como as páginas do nosso livro de história.

A História da Terra também é explicada através de vários princípios ou teorias formuladas por
diversos geólogos, paleontólogos, etc., como à seguir veremos. São três os principais princípios
mais aceites na actualidade. Eles explicam como decorreram as sucessões geológicas ao longo do
tempo, até a formação da terra, até ter a imagem como a que conhecemos actualmente.

1- Estratigrafia

As rochas sedimentares são arquivos extraordinários onde está armazenada uma imensidão de
informação. Elas frequentemente são estratificadas e fossilíferas. Cada estrato é como se fosse a
página de um livro gigantesco de milhares de milhões de páginas que nos contam a história da
Terra e da vida. Cada vez que olhamos para um estrato vemos passar milhões de anos do tempo
geológico. Eles nos “falam” sobre os ambientes das épocas passadas, do clima, da repartição dos
continentes e oceanos, da composição química da água, da composição da atmosfera, da fauna e
da flora sempre em mudança.

A Estratigrafia é a parte da Geologia que se ocupa do estudo, descrição, correlação de idades e


classificação das rochas sedimentares. Regra geral, a formação de estratos que ocorrem segundo
planos horizontais.

Em conjunto com a Paleontologia, constitui a base da Geologia Histórica. Através das


características e conteúdos dos estratos podem-se reconstituir as condições em que aqueles se
formaram e situá-los no tempo, conseguindo-se assim reconstruir a história da Terra ao longo de
grandes períodos geológicos.

Datação Relativa das Rochas

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A datação relativa corresponde a determinação da ordem cronológica de uma sequência de
acontecimentos, ou seja, estabelece a ordem pela qual as formações geológicas se constituíram no
lugar onde se encontram.

No entanto, ela não permite afirmar quantos anos ou milhões de anos tem realmente determinada
rocha. Existem, actualmente, técnicas que permitem fazer a datação absoluta das rochas. Essas
técnicas baseiam-se na desintegração de isótopos radioactivos naturais.

Princípios/Teorias sobre as Sucessões Geológicas

 Princípio da Sobreposição

No tema História da Geologia referimos que o cientista dinamarquês Nicolau Steno (1638-1686), foi
um dos primeiros investigadores a redescobrir a verdadeira natureza dos fósseis. Estudou as posições
relativas das rochas sedimentares. Formulou o Princípio da Sobreposição que consiste no seguinte: “a
acumulação dos sedimentos, em qualquer ambiente sedimentar, origina uma sequência de camadas
ou estratos, (conhecidas também como sequencia estratigráfica) em que as camadas mais antigas
são cobertas pelas mais recentes”.

Logo, desde que as camadas sedimentares não tenham sofrido qualquer modificação na sua
horizontalidade acumulativa original (lei da horizontalidade), as mais novas encontram-se por cima das
mais velhas.

Penedos constituídos por uma formação calcária na Fenda da Tundavala, Lubango/Huíla (Angola), rica em conteúdo fossilífero. Estas camadas
encontram-se na posição horizontal original. Assim sendo, podemos afirmar que as camadas são mais antigas quanto mais abaixo estiverem, sendo
a camada superior a parte mais recente.
= Foto de Arquivo do Prof. Margarido/2014 =

…………Camada mais recente; ……… Camada mais antiga

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 Princípio do Uniformitarismo ou Princípio das Causas Actuais (também conhecido como
Principio do actualismo)

Apesar das observações e estudos de Steno, só no fim do século XVIII e início do século XIX, James
Hutton (1726-1797) como estudioso dos processos sedimentares confirmou o princípio da
sobreposição e estabeleceu o Princípio do Uniformitarismo (Ver o Tema História da Geologia),
também conhecido por Princípio das Causas Actuais, o qual se pode expressar das seguintes formas:
“1) os fenómenos geológicos existentes na actualidade são idênticos aos que ocorreram no passado, 2)
os acontecimentos geológicos do passado, explicam-se através dos mesmos processos naturais que se
observam na actualidade, 3) o presente é a chave do passado”.

 Princípio da Correlação Estratigráfica ou Princípio da Continuidade lateral

William Smith (1769-1839) e os paleontólogos franceses Georges Cuvier (1769-1832) e Alexandre


Brongniart descobriram que as rochas da mesma idade podem conter os mesmos fósseis, mesmo
quando as rochas estão separadas por longas distâncias terrestres. Publicaram os primeiros mapas
geológicos de extensas áreas, nas quais as rochas que continham fósseis similares foram consideradas
da mesma idade relativa. Pelas observações cuidadosas das rochas e dos seus fósseis, podiam
reconhecer as rochas da mesma idade em locais bastante afastados um do outro.

O princípio da correlação estratigráfica ou da identidade paleontológica, estabelecido por William


Smith, no fim do século XVIII, determina que os estratos ou conjuntos de estratos caracterizados
pelas mesmas associações de fósseis são da mesma idade.

As colunas litoestratigráficas (subdivisões das sucessões de rochas existentes na crosta terrestre, distinguidas e delimitadas na base das suas
características litológicas) aqui representadas contêm fósseis característicos indicados, no esquema, pelas letras do alfabeto. Estes fósseis
permitem estabelecer correlações entre diferentes locais. A partir dessas correlações, podemos construir uma sequência temporal; por
exemplo, neste esquema simples, é claro que os grupos fósseis A e B são mais antigos do que F e G, mesmo que nunca surjam no mesmo local.
Saliente-se que, por vezes, as unidades litológicas (rochosas) desaparecem completamente, como aconteceu à unidade D. Na coluna mais à
direita, existe uma descontinuidade entre C e E, o que indica uma falha temporal no registo. Neste local, a erosão eliminou a unidade D e parte
da C antes do depósito da unidade E.

Smith e outros cientistas da época sabiam que a sucessão das diferentes formas da vida preservadas
como fósseis seriam úteis para compreender como e quando as rochas se formaram. Mais tarde,
cientistas desenvolveram uma teoria para explicar essa sucessão.

O estudo das rochas estratificadas (sob a forma de estratos) e dos fósseis que elas contêm é chamada
biostratigrafia.
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2- Paleontologia

Nas rochas sedimentares aparecem, frequentemente, restos ou simples vestígios de seres que viveram
em tempos geológicos anteriores a época actual. Estes vestígios são contemporâneos da génese da
rocha que os contém. A Ciência que estuda as causas, as origens, a idade e a propriedades desses
vestígios chama-se Paleontologia.

Após a morte, os seres ficam incorporados nos sedimentos. O que acontece, mais frequentemente, é
que esses organismos desaparecem, ou porque são comidos por outros ou porque são destruídos
pelos decompositores. As partes duras, como ossos, conchas e dentes, são mais resistentes e podem
ser mais facilmente preservadas do que as partes moles e delicadas.

Os cientistas, sobretudo os paleontólogos e alguns biólogos, investigam, entre outras coisas, a


existência de antepassados e descendentes de um dado fóssil ao longo do tempo geológico.

Pelos estudos realizados foi possível se aperceber que a maior parte das cadeias montanhosas
existentes formaram-se a partir de sedimentos depositados, ao longo de milhões de anos, no fundo
dos antigos mares.

Noção de fóssil e Processo de Fossilização

A maior parte das rochas expostas à superfície da terra são sedimentares - formadas a partir das
partículas de rochas mais velhas que foram erodidas pela água ou pelo vento. O cascalho, a areia, o silte
e a lama (argilas) existem nos rios, lagos e oceanos. Estas partículas sedimentares ao depositarem-se
podem enterrar animais e plantas, mortos ou vivos, no fundo dos lagos, dos rios ou dos mares.

Com a passagem do tempo e a acumulação por deposição de mais partículas, frequentemente com
mudanças químicas, os sedimentos desagregados transformam-se em rocha cimentada. O cascalho
transforma-se numa rocha chamada conglomerado, a areia transforma-se em arenito, a lama
transforma-se em calcários ou argilitos, consoante o tipo de lama, e os esqueletos e outras partes
animais, bem como as diferentes partes constituintes das plantas podem transformar-se em fósseis.

A palavra fóssil faz com que muitas pessoas pensem em dinossauros, isto porque, actualmente, os
dinossauros são descritos e caracterizados nos livros, filmes e programas de televisão. Estes répteis
foram animais dominantes na Terra durante um certo período do tempo geológico. Depois
extinguiram-se, como aconteceu a muitas outras espécies de animais e plantas. As razões das
extinções das diferentes espécies são matéria de debate entre cientistas, embora se possam fazer
algumas especulações.

Os conceitos que passamos a apresentar são importantes no estudo e no uso dos fósseis: 1) os fósseis
representam os restos (sobretudo os esqueletos, as carapaças e outras estruturas duras) ou vestígios de
seres vivos que ficaram preservados em rochas cuja génese foi contemporânea da existência desses
seres, 2) a maioria dos fósseis são restos ou vestígios de seres vivos extintos; isto é, pertencem às
espécies que tiveram grande expansão na Terra, mas tiveram um período de vida curto em termos de
tempo geológico, 3) os diferentes tipos de fósseis encontrados nas rochas de diferentes idades são a
prova que a vida na terra mudou ao longo do tempo geológico.

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Para que se forme um fóssil é necessário que as evidências sofram uma série de transformações
químicas e físicas ao longo de um período de tempo. Assim, só se consideram fósseis os vestígios
orgânicos com mais de 13.000 anos (idade aproximada da última glaciação do Quaternário – o
Würm).

Importância dos Fosseis na Datação dos Terrenos

Os fósseis são evidências materiais de organismos do passado distinto dos actuais, permitindo
conhecer como têm evoluído as espécies até chegarem às formas recentes, incluindo o Homem -
Paleontologia Evolutiva.

Outra utilidade resulta do estudo de todos os fósseis encontrados na mesma unidade geológica,
integrados no respectivo substrato. Torna-se então possível determinar que relações existiriam entre
os vários organismos (predação, comensalismo, parasitismo, entre outras), e entre estes e o ambiente.
Este estudo é objecto da Paleoecologia.

Uma vez que alguns organismos apenas sobrevivem em condições climáticas muito restritas, estes
constituem bons indicadores de climas do passado, sendo estudados pela Paleoclimatologia.

Os grãos de pólen fósseis são particularmente úteis nestes estudos. Da mesma forma há
organismos adaptados a ambientes muito restritos. Por exemplo, na actualidade os gastrópodes
que se encontram em meio marinho são diferentes dos encontrados em meio lacustre ou
terrestre. Estes organismos dão-nos informações acerca do ambiente em que viveram -
Paleoambiente - sendo considerados fósseis de ambiente ou fósseis de fácies.

Estas informações também nos permitem reconhecer a geografia da Terra no passado, como a
extensão de mares antigos, praias, lagos, entre outros. A reconstituição da geografia da Terra do
passado a partir de organismos fósseis designa-se Paleobiogeografia.

Os fósseis também podem ser úteis nos estudos de tectónica. O estudo de um fóssil deformado
comparativamente com um original, permite-nos quantificar a deformação sofrida por uma
determinada rocha.

Por fim, a aplicação provavelmente mais importante reside na capacidade de determinação da idade
das rochas que os contêm, uma vez que cada intervalo de tempo tem fósseis característicos. O estudo
da idade dos estratos sedimentares a partir dos fósseis designa-se Biostratigrafia largamente utilizada
em estudos científicos, assim como na indústria extractiva do petróleo e do carvão entre outras. Os
fósseis que se distribuem em intervalos de tempo curtos na História da Terra tendo ampla distribuição
geográfica designam-se fósseis de idade.

De um modo geral, os organismos são completamente destruídos após a morte e num determinado
espaço de tempo, processo este que se designa por decomposição. Estes são decompostos pela acção
combinada de:
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 Organismos decompositores (geralmente microorganismos);


 Agentes físicos (alterações de pressão e temperatura) e
 Agentes químicos (dissoluções, oxidações, entre outros).

Por vezes, os restos orgânicos ficam rapidamente envolvidos num material protector que os preserva do
contacto com a atmosfera, da água do mar e da acção dos decompositores. Este processo é raro
(acontece em menos de 1% das situações), complexo e geralmente só as partes duras (troncos, conchas,
carapaças, ossos e dentes) fossilizam.

Na fossilização os compostos orgânicos que constituem o organismo morto são substituídos por outros
mais estáveis nas novas condições. Estes podem ser calcite, sílica, pirite, carbono, entre outros. A
fossilização é um processo muito lento e complexo!

Recapitulando, para que haja fósseis são muito convenientes duas condições:

 Que o organismo possua partes duras!


 Que ocorra um enterramento rápido por sedimentos finos que interrompa a
decomposição!

Tipos de fossilização

Os restos directos, diferentemente dos vestígios, são as provas directas desses organismos, como
ossos, troncos, dentes e etc... Algumas vezes, ossos de dinossauros, de peixes, ou de qualquer outro
tipo de vertebrado, bem como carapaças e conchas de invertebrados, permanecem inalterados
quimicamente por milhares de anos até serem descobertos. Diz-se então que eles sofreram uma
preservação simples.

Apesar disso, os processos mais usuais são:

 A permineralização, que consiste no preenchimento dos poros de ossos e conchas por


outros minerais;

 A substituição, que é a decomposição do material original deixando um espaço vazio que


em seguida é preenchido por minerais ou por outro material diferente, sendo que quando
ocorre de forma muito lenta, molécula por molécula, se observam detalhes até mesmo a
nível celular;

 A incrustação, que consiste no envolvimento da peça por um depósito mineral delgado, ou


seja, forma-se uma camada de minerais que aderem ao fóssil.

 A carbonificação, no qual os componentes voláteis da matéria orgânica (H, N, O) escapam


deixando uma película de C que geralmente permite o reconhecimento do organismo;

 A recristalização, onde ocorre mudanças na microestrutura das partes resistentes, sem


alteração química, ou seja, a forma como os átomos estão arranjados muda modificando a
forma dos cristais que formam ossos, conchas e carapaças, assim, a substância final muda,
mas continua tendo os mesmos componentes.

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 Em alguns casos excepcionais conserva-se organismos completos. Estas situações ocorrem


quando os seres ficam incluídos em materiais que os preservam do contacto com o ambiente
(em especial dos microorganismos). São exemplos destes materiais, o petróleo, a resina
(âmbar) e o gelo (neve) – também conhecido por Mumificação.

Mesmo que estejam enterradas, até as partes duras de um animal podem não resistir à acção de
substâncias químicas, particularmente de soluções ácidas. Assim, o que sobrou do animal pode ser
dissolvido deixando em seu lugar um espaço vazio chamado molde. Se for conseguido um molde
que não tenha sido deformado, pode-se preenchê-lo com látex ou com massa plástica e se consegue
uma réplica exacta do material que ali existia. Eventualmente a própria natureza faz o trabalho
preenchendo o vazio com outros minerais.

Não são apenas os fósseis que podem nos contar estórias. As rochas onde estes se formaram também
podem nos dar inúmeras informações importantes, não apenas sobre a formação dos mesmos, como
também do ambiente onde esses antigos serem viviam.

GRANDES DIVISÕES DA HISTORIA DA TERRA

A evolução biológica, há mais de 3.000 milhões de anos que nos vem apresentando uma sucessão
ordenada de organismos que nos permite, através de estudos laboratoriais, simulações matemáticas
dos processos geológicos e especulações inteligentes, fazer a reconstituição de uma história
directamente ligada à passagem do tempo geológico.

Estabeleceu-se uma escala baseada na existência de sucessivas faunas e floras fósseis. Graças à
evolução, a história da vida fornece-nos um "cronómetro" que permite situar acontecimentos inter-
relacionados no eixo dos tempos, isto é, construir uma cronologia relativa, a biocronologia.
O aparecimento e o desaparecimento de determinadas formas vivas (espécies, géneros, famílias,...), a
sucessão e a diversificação das mesmas são pontos de referência que servem para definir e limitar as
unidades biocronológicas, cujo conjunto constitui uma escala biostratigráfica.

As grandes unidades biostratigráficas (andares, séries=épocas e sistemas=períodos) assentam quase


sempre em mudanças mais ou menos rápidas no seio das populações fósseis.

São materializadas por crises evolutivas, frequentemente em ligação com fenómenos físicos
(movimentos dos continentes, avanço (transgressão) ou recuo (regressão) dos mares, glaciações...).
Estas descontinuidades na história da vida serviram de base a Alcide d'Orbigny para estabelecer, em
meados do século passado, a divisão do tempo relativo em 27 andares (1849-1852).

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A antiguidade, a perenidade e a importância dos artrópodes (que têm pés articulados) sobressaem nitidamente tanto nos tempos passados
como na época actual. Os principais grupos existem desde o Câmbrico (-530 milhões de anos), e os mais tardios aparecem no Devónico, entre -
400 e -360 milhões de anos, bem como no Carbónico (-300 milhões de anos). Poucos grupos se extinguem, à excepção dos trilobitóides, no
Câmbrico, e das trilobites e artropleurides, no fim do Primário ou Paleozóico. A largura dos ramos da árvore genealógica é proporcional à
abundância de representantes de cada grupo e mostra a importância e o lugar de cada um nas várias eras geológicas até à actualidade
Cronologia geológica (Tempo geológico)

A história da terra é subdividida em eons, que são subdivididos nas eras, que são subdivididas em
períodos ou sistemas, etc.. As subdivisões sucedem-se até ao horizonte, de acordo com o
desenvolvimento dos conhecimentos paleontológicos e estratigráficos. Os nomes de subdivisões,
como paleozóico ou cenozóico, podem causar estranheza, mas se decompusermos os termos já se
tornam compreensivos. Por exemplo, zóico diz respeito à vida animal, e o paleo significa antigo, o
meso significa o meio, e ceno significa mais recente.

Assim a ordem relativa das três eras das mais antigas para as mais recentes são o Paleozóico, o
Mesozóico e o Cenozóico.

As rochas formadas durante o Eon Proterozóico contêm fósseis de organismos muito simples, tais
como bactérias, algas, e de animais vermiformes. As rochas formadas durante o Eon Fanerozóico
apresentam fósseis de organismos complexos de animais e de plantas tais como os répteis, mamíferos
e árvores.

O andar é designado por um nome, muitas vezes o de uma localidade ou região geográfica onde pela
primeira vez foi estudado e definido, acrescido do sufixo «iano»: por exemplo, Oxfordiano para
Oxford, em Inglaterra, e Albiano no caso de Albe, em França. O estratótipo é o padrão que serviu para
definir o andar; corresponde a uma dada sucessão de camadas geológicas num afloramento e lugares

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precisos: por exemplo as bancadas de calcários azuis com moluscos em Semur-en-Auxois, no caso do
andar Sinemuriano.

Vários andares sucessivos constituem uma série ou um sistema=período cujo nome é decalcado a
partir de uma região natural (Jurássico, por ter sido estudado e definido pela primeira vez nos montes
do Jura, localizados entre a França e a Suiça) ou a partir das características da época que representa
(Carbónico em virtude do grande desenvolvimento de camadas de carvão, ou Cretácico pela
abundância de camadas de cré - calcário branco poroso, formado por conchas de foraminíferos).
Muitas vezes, um acontecimento biológico importante e global delimita um sistema: início do
Câmbrico - aparecimento dos orgãos esqueléticos; fim do Cretácico - desaparecimento dos
dinossauros, das amonites, das belemnites e dos rudistas.

Os sistemas=períodos são agrupados em eras, cujos limites estão igualmente relacionados com a
história da vida: fim do Primário ou Paleozóico - desaparecimento das trilobites. As eras, tal como já
referimos, podem ser agrupadas em eons.

Caracterização das diferentes etapas da História da Terra

Éon proterozóico – 2500 M.a. até 542 M.a.

As rochas proterozóicas apresentam fósseis de algas unicelulares, bactérias e fungos. Alguns fósseis de
seres pluricelulares foram encontrados em terrenos proterozóicos da Austrália, na Colúmbia britânica e
noutras partes do mundo.

A atmosfera possuía pouco oxigénio. Os organismos evoluíram no sentido de realizarem a fotossíntese


combinando água e dióxido de carbono, formando glicose e libertando oxigénio. A acumulação de
oxigénio produzido pelos seres fotossintéticos deve ter sido responsável pela atmosfera oxidante que, a
partir de então, se formou.

Éon Fanerozóico – 542 M.a. até à actualidade

Aqui encontramos inúmeros elementos paleontológicos. A partir daqui uma enorme variedade de
plantas e animais evoluiu e proliferou rapidamente. Esta abrupta mudança, há cerca de 542 milhões de
anos, marca o fim do proterozóico e inicia o Fanerozóico.

Este Éon representa 12% da historia da Terra, mas é no inicio deste tempo que ocorrem as grandes
alterações. A primeira subdivisão do Fanerozóico é o período Câmbrico.

No inicio do Câmbrico ocorreram quatro mudanças que se encontram registadas por fosseis:

1- Os animais desenvolveram conchas e esqueleto que são muito mais facilmente fossilizados do
que os tecidos moles;
2- O número de indivíduos aumentou de maneira notável;
3- O número de espécies também aumentou consideravelmente
4- O tamanho dos indivíduos evoluiu de microscópico para macroscópico

Para além do grande número de fosseis, há outra razão para que este Éon ser mais conhecido. As acções
da tectónica e metamórficas deformaram e transformaram mais intensamente as rochas do Pré -
Câmbrico do que as do Fanerozóico.
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A explosão câmbrica é um mistério. Porque que os os organismos pluricelulares apareceram tão tarde no
tempo da evolução da Terra? E porque razão evoluíram e proliferaram tão rapidamente?

Segundo uma teoria, os seres pluricelulares podem não ter evoluído mais cedo devido ao facto de a
concentração de oxigénio ser demasiado baixa para poderem sobreviver. A atmosfera primitiva teria
uma composição venenosa para a maioria dos seres vivos.

Era Paleozóica – 542 a 251 M.a.

Nesta Era, animais com conchas e peixes evoluíram no mar e anfíbios e repteis começaram a ocupar os
continentes. Plantas multicelulares cresceram nos oceanos e fetos arbóreos e coníferas cobriram a Terra
para formar grandes bacias carboníferas. Ocorreram grandes mudanças na Terra e nos mares. Animais e
plantas foram arrastados para o fundo das águas e os corpos foram enterrados nos lodos e outros
sedimentos.

Com o tempo, os sedimentos originaram vários xistos que muito mais tarde, devido a movimentos
orogénicos, originaram montanhas. Em rochas deste tempo foram encontrados fósseis de mais de 150
espécies de animais. Algumas espécies existem ainda hoje, como as medusas e holotúrias, mas a maior
parte das espécies desapareceram.

Estudos paleontológicos mostram que os oceanos desta Era eram dominados por gastrópodes, vermes,
braquiópodes e trilobites. Algas e outras plantas simples viviam em conjunto com estes animais.

Era Mesozóica – 251 a 65 M.a.

A extinção de muitas espécies no fim do Paleozóico despovoou a Terra. Os sobreviventes ficaram em


boas condições de vida e multiplicaram-se rapidamente, ocupando o mundo mesozóico. Por isso, os
fósseis mesozóicos mostram grande evolução. Na Terra, aves, mamíferos e dinossauros aparecem e
rapidamente se diversificam e apresentam muitas formas e tamanhos. Plantas com flores e insectos
surgiram. Novos tipos de fitoplâncton, plantas que flutuam próximo ou na superfície do mar, evoluíram,
formando a base da cadeia alimentar marinha.

Mais de 70% das famílias de anfíbios e répteis extinguiram-se no fim do Mesozóico, assim como muitos
outros animais e plantas. Esta extinção define o fim da Era Mesozóica e o início da Era Cenozóica.

Era Cenozóica – 65 M.a. até ao presente

Com os dinossauros eliminados e os répteis e os anfíbios severamente diminuídos devido à extinção


ocorrida na Era Mesozóica, os mamíferos e as aves evoluíram rapidamente, dominando a Terra.
Conhece-se pouco sobre as aves nesta Era porque os seus restos são raramente fossilizados.

Pêlos e glândulas mamárias caracterizam os mamíferos, mas por falta de fosseis destas estruturas, os
paleontólogos identificaram-nos com base nos fosseis dos seus esqueletos. A evolução dos mamíferos
foi muito rápida, implicando alterações das estruturas ósseas, particularmente do crânio e dos maxilares
inferiores. Por outro lado, os fosseis do cenozóico são relativamente jovens e consequentemente estão
menos alterados e deformados por metamorfismo do que os que apareceram nas rochas antigas. A
evolução nesta Era está bem documentada nos registos fosseis.

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No final da Era, importante crise climática levou a redistribuição de algumas espécies vegetais e
animais. Na sequência das crises climáticas, verificadas durante o Plistocénico, ocorrem

importantes períodos glaciários intermitentes com períodos interglaciários, que acentuam as


transformações que deram à biosfera a configuração que hoje conhecemos.

Há cerca de cinco milhões de anos, próximo do fim da Época Miocénica, primatas parecendo seres
humanos mais do que macacos apareceram na Índia. Depois, entre três e um milhão de anos, separaram-
se e desenvolveram-se linhagens de hominídeos. Se Encontraram fósseis na África Ocidental.

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TEMA 9: Cartografia
Definição. Breve Historial do Surgimento da Cartografia

A arte de traçar mapas começou com os gregos que, no século VI a.C., em função de suas
expedições militares e de navegação, criaram o principal centro de conhecimento geográfico do mundo
ocidental. O mais antigo mapa já encontrado foi confeccionado na Suméria, em uma pequena tábua de
argila, e representa um Estado.

A confecção de um mapa normalmente começa a partir da redução da superfície da Terra em seu


tamanho. Em mapas que figuram a Terra por inteiro em pequena escala, o globo se apresenta como a
única maneira de representação exacta. A transformação de uma superfície esférica em uma superfície
plana, recebe a denominação de projecção cartográfica.

A Cartografia é a ciência de criar mapas e envolve a recolha de informação geográfica, o


armazenamento, processamento e edição desta informação, e sua a representação em forma de
mapas ou cartas. A Cartografia relaciona-se com diversas outras áreas, como a Geodesia, a Topografia,
o Posicionamento e Navegação por Satélite, a Detecção Remota e os Sistemas de Informação
Geográfica

A Cartografia data da pré-história quando era usada para delimitar territórios de caça e pesca. Na
Babilónia os mapas do mundo eram impressos em madeira num disco liso, mas foram Eratosthenes de
Cirene e Hiparco (século III a.C.) que construíram as bases da moderna cartografia com um globo como
forma e um sistema de longitudes e latitudes.

Ptolomeu desenhava os mapas em papel com o mundo dentro de um círculo, sendo imitado na
maioria dos mapas feitos até a Idade Média. Foi só com a era dos descobrimentos que os dados
colectados durante as viagens tornaram os mapas mais exactos.

Com a descoberta do novo mundo, a cartografia começou a trabalhar com projecções de superfícies
curvas em impressões planas. A mais usada e conhecida é a projecção Mercator.
Foi apenas no Séc. XVIII que a civilização europeia atingiu um estado de organização tal que muitos
governos reconheceram o valor da cartografia sistemática dos seus territórios. Foram, então, criadas
instituições governamentais destinadas à cartografia de países inteiros.

Na década de 70, a experiência ganha com o desenho de cartas no computador (CAD) e o próprio
desenvolvimento dos processos informáticos levaram ao reconhecimento das enormes vantagens da
utilização do computador em cartografia:

 Produção mais rápida de cartas já existentes;


 Produção mais barata de cartas já existentes;
 Produção de cartas para fins específicos dos utilizadores;
 Permitir ensaios com diferentes representações gráficas do mesmo conjunto de dados;
 Facilitar a produção de cartas e a sua utilização quando os dados estão já em forma digital;
 Facilitar a análise dos dados que exigem uma interacção entre processos estatísticos e a
representação cartográfica;

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 Minimizar a utilização da carta impressa como forma de armazenagem dos dados e, por isso,
minimizar a utilização da carta impressa como forma de armazenagem dos dados e, por isso,
minimizar os efeitos da classificação e generalização da qualidade dos dados;
 Produzir cartas difíceis de desenhar à mão, como, por exemplo, cartas tridimensionais;
 A introdução da automatização conduz à modificação de todo o processo de produção de cartas,
com grande redução dos custos e possibilidade de aperfeiçoamentos diversos;

Finalmente, a partir da década de 80, a utilização sistemática de receptores dos Sistemas Globais de
Posicionamento e Navegação por Satélite, instalados em carros e aviões, permite uma aquisição rápida
e precisa de nova informação a ser introduzida nas cartas digitais e, permite, ainda, a validação da
cartografia já existente.

Hoje em dia a cartografia é feita através de fotometria e de sensoreamento remoto por satélite e, com a
ajuda de computadores, mais informações podem ser visualizadas e analisadas pelos geógrafos, fazendo
mapas que chegam a ter precisão de até 1 metro

Até à introdução do computador em cartografia, todos os tipos de cartas tinham um ponto comum: a
base de dados espaciais era um desenho numa folha de papel ou filme. A informação era registada
através de elementos pontuais, de linha e de superfície. Estas entidades geográficas básicas eram
apresentadas com recurso a vários artifícios visuais, tais como símbolos diversos, cores ou texto, sendo
o seu significado explicado em legenda.

Tipos de Cartas (Tipos de Mapas)

A localização de qualquer lugar na Terra pode ser mostrada num mapa. Mapas são normalmente
desenhados em superfícies planas em proporção reduzida do local da Terra escolhido. Nenhum mapa
impresso consegue mostrar todos os aspectos de uma região.

Mapas em contraposição a fotos aéreas e dados de satélite podem mostrar muito mais do que apenas
o que pode ser visto. Podem mostrar, por exemplo: concentração populacional, diferenças de
desenvolvimento social, concentração de renda, entre outros. Os mapas, por sua representação plana,
não representam fielmente um mundo geóide como a Terra, o que levou cartógrafos a conceberem
globos, que imitam a forma da Terra.

Os mapas mais comuns são os políticos e topográficos.

O primeiro representando graficamente os continentes e as fronteiras entre os países e o segundo


representando o relevo em níveis de altura (normalmente também incluindo os rios mais
importantes).

Para desenhar mapas cartográficos depende-se de um sistema de localização com longitudes e


latitudes, uma escala, uma projecção e símbolos. Hoje em dia, boa parte do material necessário ao
cartógrafo é obtido de sensoreamento remoto com foto de satélite ou aerofotometria.

O Departamento de Cartografia da ONU (Organização das Nações Unidas) é responsável pela


manutenção do mapa mundial oficial em escala 1/1.000.000 e todos os países enviam seus dados mais
recentes para este departamento.

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Projecções Cartográficas

São as diversas formas como se popdem apresentar uma Carta ou Mapa. São três as projecções mais
utilizadas: Projecção Azimutal, Projecção Cilíndrica e Projecção Cónica.

Projecção Azimutal

Projecção Cilíndrica

Projecção Cónica

Curvas de Nível

Para se compreender e "ler" o relevo de um terreno é necessário conhecer a "mecânica" das


curvas de nível que nos indicam representação gráfica do relevo no terreno).
Pode ser uma tarefa difícil (é certamente) mas numa fase inicial da aprendizagem
(principiantes) não sereis confrontados com problemas delicados de relevo. É necessário reler
esta ficha com frequência.

Por exemplo, nas figuras abaixo temos uma Ilha:

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 À esquerda a perspectiva da mesma e que para melhor visualização das curvas de nível está
estratificada em patamares de 5 metros de altitude; à direita o mapa da mesma ilha.

É fácil imaginar que, na perspectiva à esquerda, o nível da água do mar sobe 5 metros de cada vez,
facto que altera a linha de costa para o patamar indicado com o valor 5, e assim sucessivamente.

As curvas de nível do mapa (à direita) mais não são que as diferentes linhas de costa, espaçadas de 5
em 5 metros (a EQUIDISTÂNCIA).

As curvas de nível dão-nos também a configuração do terreno (formas do terreno):

A indica uma Colina (com aproximadamente 5 metros de altura)


B indica uma Cota (pequena elevação)
C indica um Escarpado (declive abrupto com aproximadamente 5 metros de altura)
D indica Terreno pouco inclinado (as curvas de nível estão bastante separadas)
E indica uma Linha de água / rio (as águas correm pela parte mais baixa das suas linhas de
junção)

 Depressão indica uma zona de terreno onde há uma inversão de alturas


 Esporão indica uma zona de terreno onde há um prolongamento de uma elevação e
surge uma linha de separação de águas
 Reentrância indica uma zona de terreno onde há uma inflexão e surge uma linha de
junção de águas

Pelo exame do modo como os limites geológicos das formações de natureza sedimentar cortam as
curvas de nível, podem tirar-se algumas conclusões:
 Quando os limites geológicos são aproximadamente paralelos às curvas de nível, as camadas
devem encontrar-se mais ou menos horizontais.

 Quando cortam as curvas de nível em linha recta em zonas de declives mais ou menos
acentuados (curvas de nível muito juntas e abundantes), as formações devem estar muito
próximo da vertical.

 Quando, junto às linhas de água, a inclinação das camadas se faz no mesmo sentido do declive
topográfico, mas:

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a) É superior ao declive: A curva de intersecção do limite tem um aspecto inverso do das curvas de
nível.

b) É inferior ao declive: A curva de intersecção tem o mesmo aspecto das curvas de nível, mas corta-as
obliquamente com abertura menor.

 Quando a inclinação das camadas se faz no sentido contrário ao declive topográfico: A curva de
intersecção do limite apresenta o mesmo aspecto que as curvas de nível, mas corta-as
obliquamente, com uma abertura maior.

Duas situações podem coexistir e ser visualizadas quando se examina uma mesma carta geológica:

 Formações cujos limites formam faixas coloridas paralelas e alinhadas, ou


 Formações em que os limites, embora desenhem também faixas coloridas paralelas, façam,
contudo, curvas acentuadas.

No primeiro caso, é muito provável estarmos na presença de uma estrutura monoclinal onde as
camadas estão inclinadas no mesmo sentido. No segundo caso (e desde que as formações não estejam
próximo da horizontal - caso em que as camadas seguem, sensivelmente, as sinuosidades das curvas
de nível, como dissemos anteriormente), estaremos observando zonas de dobramentos, nas quais as
regiões de curvaturas máximas deverão corresponder a zonas de charneira de dobras, ou melhor, a
situações ditas de terminações perictinais - locais onde as charneiras das dobras são intersectadas pela
superfície topográfica.

As cores e os símbolos. Seu significado. A legenda

Ao olharmos para uma Carta Geológica salta-nos à vista a diversidade de cores que geralmente
apresenta, muitas vezes desenvolvendo-se em caprichosos contornos. Cada cor tem, contudo, o seu
significado, representando um conjunto de características que determinam a natureza (litologia) e/ou
a idade duma formação rochosa aflorando na região da carta.

Geralmente, cada cor é afectada dum símbolo (letra normal ou grega - esta para rochas magmáticas),
seguido ou não de outras letras ou algarismos, que permitem identificar melhor as cores. Esta simbologia
também possibilita distinções dentro da mesma cor, quando se pretende diferenciar tipos de rochas
assinaladas com sobrecargas.

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Na legenda, onde estão representadas, dentro de pequenos rectângulos, todas as cores e
todos estes símbolos, descreve-se, duma forma sucinta, a natureza e o nome da unidade
cartografada. A ordem por que se dispõem estes rectângulos, quando referidos a rochas
sedimentares e
metamórficas, faz-se, geralmente, segundo o "princípio da sobreposição": as unidades mais modernas
vão-se sobrepondo às unidades mais antigas. Em geral, incluem-se, na parte inferior desta escala
estratigráfica, os terrenos de idade desconhecida. Para a interpretação da carta e estabelecimento de
cortes geológicos, a consideração deste escalonamento é fundamental.

Além da legenda referente ao conteúdo colorido da carta, existem ainda sinais convencionais que
identificam e posicionam acidentes estruturais ou outros elementos de interesse geológico – mineiro e
arqueológico que se encontram na carta, nomeadamente:

 Limites geológicos; dados referentes à tectónica, como falhas, cavalgamentos, carreamentos,


etc.; dados relativos às estruturas, como direcção e inclinação de camadas, xistosidades, eixos de
dobras, etc.
e ainda:
 Poços, nascentes de água normal ou mineromedicinal, sondagens, furos de captação de águas,
pedreiras, jazidas fossilíferas, estações arqueológicas, etc.

Tipos de Escala

Uma carta topográfica não é mais do que a representação, numa superfície plana, de uma
determinada área de um terreno cujas medidas são reduzidas das suas dimensões reais, numa relação
que constitui a escala dessa carta. Esta vem sempre indicada na mesma.

A escala é, portanto, a razão (quociente) constante entre a medida do segmento que, na carta, une
dois pontos quaisquer, e a distância real (no terreno) entre os mesmos pontos, expressas na mesma
unidade de medida.

As Cartas topográficas têm uma finalidade essencialmente prática e devem permitir, de uma forma clara
e rápida, uma leitura de todos os elementos visíveis da paisagem, possibilitar a medição precisa de
ângulos, distâncias, desnivelamento e superfícies. Para isto temos de recorrer à Escala. É esta a sua
função primária.

A Escala indica a relação existente entre a distância medida na Carta e a distância real medida no
terreno.

Assim, uma escala 1/25 000 (também representada por 1:25 000), significa que 1 milímetro, 1
centímetro, 1 decímetro, . . . . medido na carta, corresponde, respectivamente, a 25 000 milímetros,
(ou seja, 25 metros), 25 000 centímetros (= 250 metros), 25 000 decímetros (= 2 500 metros), ... no
terreno.

De modo semelhante, numa escala 1:50 000 (1/50 000), 1 milímetro na carta corresponde a 50 000
milímetros, isto é, 50 metros, no terreno.

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Uma regra de três simples permite, facilmente, calcular, numa escala determinada, o valor de qualquer
distancia, considerada na carta, e a correspondente medida no terreno e vice-versa:
Por exemplo: Numa carta à escala 1:50 000 onde dois pontos distam 32 mm, medidos com uma régua,
teríamos:
Se 1 mm (na carta) corresponde a 50 000 mm (no terreno)
32 mm (na carta) corresponderão a x mm (no terreno)
x = 32x50 000 mm = 1600 000 mm = 1 600 metros

Portanto, a distância real entre esses pontos é de 1 600 metros.

As Escalas, podem ser Numérica ou Gráficas

As Escalas Numéricas são representadas por uma fracção 1/10 000 ou ainda 1:10 000, em que o
numerador, sempre a unidade, significa 1 centímetro no mapa e o denominador significa a distância real
no terreno expressa na mesma unidade. (Numa escada de 1/10 000, a distância de 1 centímetro na carta
representa 10 000 centímetros no terreno).

Podemos dizer que a escala representa o número de vezes em que a medida real, sempre em centímetros,
foi reduzida na carta. No caso anterior, a redução foi de 10 000 vezes.

A Escala Gráfica é representada por um segmento de Recta ou uma barra que permite a leitura directa
no mapa e, por conseguinte, a conversão directa nas respectivas distâncias reais.

As escalas numéricas podem ser convertidas em Escalas Gráficas.

A maneira mais simples de serem construídas consiste em marcar num segmento de recta segmentos
iguais, em regra de 1 centímetro e sua correspondência real a cada parte:

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10

10 20 30 40 50 60 70 80 90 100

Nesta escala, 1 centímetro na carta corresponde a 10 quilómetros no terreno, 2 centímetros a 20


quilómetros, 8 centímetros em 80 quilómetros, etc.

Para reduzir esta escala a uma escala numérica, considera-se a unidade (1 cm) em numerador e, em
denominador a distância real em centímetros (1 000 000), 1/1 000 000.

As Cartas Topográficas são acompanhadas por uma listagem de notações convencionais –

Numa carta topográfica, além da representação das particularidades naturais ou artificiais que existem
na superfície do terreno e que constituem a planimetria considera-se ainda, separadamente, a
configuração do relevo - a altimetria.

O relevo é figurado por intermédio de curvas de nível, linhas que correspondem à projecção vertical
das intersecções de hipotéticos planos horizontais, equidistantes e paralelos, com a superfície do
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terreno. Cada curva de nível é definida pela sua cota que indica a sua altura em relação ao nível médio
das águas do mar (altitude).

A distância entre estes hipotéticos planos horizontais chama-se equidistância natural e ao valor desta
distância, à escala, corresponde à equidistância gráfica.
As equidistâncias podem variar consoante a escala da carta.

As equidistâncias naturais e gráficas mais usadas para as diferentes escalas são:

ESCALA DA CARTA EQUIDISTÂNCIA NATURAL EQUIDISTÂNCIA GRÁFICA


1:200 000 100 m 0,0005 m = 0,5 mm
1:100 000 50 m 0,0005 m = 0,5 mm
1:50 000 25 m 0,0005 m = 0,5 mm
1:25 000 10 m 0,0004 m = 0,4 mm
1:20 000 10 m 0,0005 m = 0,5 mm
1:10 000 10 m ou 5 m 0,001 m = 1 mm ou 0,0005 m = 0,5 mm
1:5 000 5 m ou 10 m 0,001 m = 1 mm ou 0,002 m = 2 mm

Na planimetria utilizamos sinais convencionais que vêm figurados numa legenda onde se especificam
os símbolos utilizados (como já vimos atrás). Estes, não obedecem à escala da carta.
Construção de um perfil Topográfico e Geológico

Perfil topográfico: Um perfil topográfico permite visualizar o relevo ao longo de uma linha traçada
sobre a carta (geralmente um segmento de recta).

Para desenhar o perfil topográfico procede-se do seguinte modo:

 Traçado o segmento de recta ao longo do qual se pretende o perfil, faz-se assentar sobre o
segmento, o lado de uma tira de papel.
 Sobre esta tira marcam-se os pontos de intersecção da linha do perfil com as linhas de nível, e
indicam-se os valores das cotas intersectadas. Além disso, assinala-se ainda a intersecção com
pontos notáveis da planimetria, como: marcos geodésicos, estradas, caminhos-de-ferro, linhas
de água, etc.
 Analisando, no final, a tira com as marcações feitas procuramos o valor da cota mais alta e o
valor da cota mais baixa para, deste modo, ficarmos com a noção do intervalo da distribuição
das altitudes que vão figurar no perfil.
 Seguidamente, numa faixa de papel milimétrico traça-se um gráfico bidimensional no qual
figuram em abcissas, as distâncias correspondentes à planimetria e, em ordenadas, as cotas
das curvas de nível representadas sentadas na escala da carta.
 A tira de papel sinalizada é, então, ajustada ao eixo das abcissas e a cada marcação cotada faz-
se corresponder um ponto que resulta da intersecção vertical dessa marcação com a horizontal

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da cota da ordenada correspondente ao valor sinalizado. Os sinais da planimetria são
igualmente assinalados no perfil.

Perfil topográfico segundo A-B

A representação dum perfil em que a escala dos valores cotados é igual à escala da carta mostra-nos o
relevo real. Este, nas regiões pouco acidentadas, (com pouca densidade de curvas de nível) aparece-
nos, no perfil, bastante esbatido. Para dar realce ao relevo costuma multiplicar-se a escala dos valores
cotados por 4, 5,... 10, o que corresponde a sobre elevar o perfil 4, 5, 10 vezes.

O perfil topográfico anterior sobre elevado 4 vezes

Cortes ou perfis geológicos

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Com os cortes geológicos, também chamados perfis geológicos, pretende-se visualizar a disposição e
as relações entre as diferentes rochas que se encontram em profundidade, facilitando assim a leitura
das estruturas que ocorrem na carta.

Corte geológico da carta 46-D – Mértola/Portugal

Consideremos, como exemplo, a Carta Geológica figurada, da qual, para simplificar, se retirou a
planimetria e altimetria.

Para construir um perfil geológico, procede-se de modo análogo ao que foi descrito para um perfil
topográfico:

 Feito o traçado da localização do corte (que deve ser, quanto possível, perpendicular à direcção
das camadas ou aos eixos das estruturas), ajusta-se-lhe o bordo de uma tira de papel. Nesta,
além de se marcarem as intersecções com as curvas de nível, linhas de água, etc. (pois
conjuntamente traçar-se-á o perfil topográfico onde irá implantar-se a geologia), marcam-se,
ainda, as intersecções do bordo da tira com os limites geológicos e com os acidentes tectónicos
(falhas, cavalgamentos, etc.).

Secção de uma carta geológica simplificada mostrando a localização do corte


geológico A-B que se pretende realizar

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 Estabelecido o perfil topográfico, estas intersecções dos limites e acidentes vão ser assinaladas
na linha do perfil.

 Recobre-se então esta linha – nos espaços delimitados pelos pontos – com lápis de cor, usando
as cores das manchas correspondentes às diferentes formações intersectadas.

 Analisando, na Carta Geológica, a relação entre as diferentes formações identificadas pelas


diferentes manchas coloridas, tendo em conta as direcções e inclinações das camadas que vêm
indicadas no mapa, próximo dos limites, a idade das formações e, ainda, os dados referentes às
estruturas – que podem ser depreendidas do exame atento da sucessão (idade relativa) e
contorno das manchas coloridas que representam as formações (ver capítulo "Interpretação de
uma carta geológica") –, lança-se o andamento das camadas para a profundidade, junto dos
limites.

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 No final, fazem-se encontros de limites e correlacionam-se camadas de tal modo que se


obtenha um resultado racional, coerente com a cartografia observada no mapa.

As rochas magmáticas (não aflorantes na carta - exemplo) instruem a partir da profundidade cortando
todas as camadas e estruturas pré-existentes.

Embora ainda não sejam usuais nas cartas geológicas angolanas, os blocos – diagrama começam a
figurar em algumas cartas geológicas estrangeiras.

Um bloco – diagrama procura dar uma visão tridimensional perspectivada, duma determinada região
mostrando a continuidade das rochas que afloraram à superfície com as mesmas rochas em
profundidade, por intermédio de dois cortes geológicos mais ou menos perpendiculares, dando, assim,
realce à estrutura geológica dessa região.

Geologia de Angola

Devido a diversidade dos materiais geológicos, a paisagem geológica do nosso país também diverge.
Notamos isso ao fazermos uma viagem, principalmente por estrada, dentro do nosso território.

O geólogo procura sempre indícios que ajudem na compreensão do que ocorreu em épocas geológicas
passadas que originou as paisagens actuais. Para isso, ele investiga as rochas em locais mais visíveis,
pois, a maior parte delas se encontram cobertas pelo solo. Nos locais onde elas aparecem descobertas,
constituem os afloramentos. Neste caso, os afloramentos rochosos.

Devido a variedade dos processos que estiveram na sua origem, o nosso país é rico em diversidade
rochosa.

Traços Gerais Sobre o mapa geológico de Angola

Do ponto de vista geológico e morfológico, Angola pode ser dividida em unidades geotectónicas
seguintes:

 Saliências do soco (escudos) como as do Maiombe, de Angola e do Cassai;


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 Estruturas da Cobertura da Plataforma, como é o caso das placas pré-câmbricas do Congo e
do Okavango (no Sul do território)

 Estruturas do Mesozóico precoce – Cenozóico, como é o caso da depressão perioceânica e as


depressões continentais do Condo e do Okavango
 Zonas de activação tectono-magmática da plataforma

Nestas dessas unidades são identificados vários tipos de materiais geológicos, como rochas magmáticas,
sedimentares e metamórficas de diferentes idades. Mas para melhor compreensão, geralmente se divide
Angola em duas grandes unidades: formações antigas antepaleozóicas e as formações de coberturas
fanerozóicas situadas, quer em depressões continentais, quer na depressão perioceânica.

Esboço geológico de Angola

(À ser actualizado para posterior inserção)

Formações antepaleozóicas (Arcaico e Proterozóico)

Já vimos que o território angolano apresenta formações geológicas muito antigas, com idades anteriores
ao paleozóico. Nestas zonas encontram-se os materiais mais antigos pertencentes quer ao Arcaico quer

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ao Proterozóico. Nestas formações podem ser identificadas rochas metamórficas, magmáticas e
sedimentares.

As rochas mais antigas que se podem encontrar em Angola, encontram-se muito desenvolvidas na
chamada área dos escudos, nomeadamente no cratão do Maiombe, no cratão de Angola e no cratão do
Cassai. São constituídos por rochas metamórficas, ultrametamórficas e magmáticas, com idades do
Arcaico.

Também podemos observar relevos morfológicos espectaculares em formações rochosas originadas


durante o Proterozóico, como as Pedras Negras de Pungo Andongo, cujo conglomerado pertence ao
Grupo Xisto-Gresoso. Também as Quedas de Calandula, no percurso do rio Lucala, em Malange, estão
situadas em formações rochosas desse Eón.

Quedas de Calandula – Malange/Angola – situadas em formações rochosas formadas durante o


Eón Proterozóico
= Fotos de Arquivo do Prof. Margarido – 2011 =

Formações de Cobertura (Fanerozóico)

Em Angola encontramos sequências de materiais de idade paleozóica, mesozóica e cenozóica. Nas


depressões continentais destacam-se as formações pertencentes ao Supergrupo Karroo, de idade situada
no Carbónico-Jurássico, ou seja, do paleozóico e do Mesozóico.

Os depósitos deste supergrupo foram identificados no Norte, Leste e Sudeste. Estes tipos de formação
ocorrem em fossas tectónicas do tipo graben e em zonas de antigos vales glaciários na placa do Congo e
Okavango. Também estão identificados depósitos na Lunda. Encontramos deste supergrupo, de entre
outros formações de arenitos, os xistos e os tilitos (depósitos glaciários).

Tendo em conta a enorme variedade de afloramentos dessas idades, vamos referir-nos apenas a alguns
deles.

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Os depósitos eocenos-pliocénicos do Grupo Kalahari preenchem as depressões do Congo e Okavango.
Este grupo está dividido em duas formações: uma inferior denominada grés polimorfos (arenitos e
areias litificadas) e outra superior, designadas por areias ocres (areias quartzosas com teor elevado de
argilas e hidróxidos de ferro). Estas formações afloram no Norte, na depressão do Congo e nas zonas
periféricas do escudo do Cassai. No Sul e Leste de Angola estes depósitos afloram na depressão de
Okavango, constituindo as zonas entre os rios Cunene, Cubango, Zambeze (também chamada de bacia
do Okavango-Zambeze), etc., atingindo uma espessura que varia entre 50 e 150 metros. Na zona Sul e
no Norte da Namíbia a sua espessura atinge certos locais valores consideráveis (entre 300 a 450 metros).

Também existem depósitos mais recentes. São de idade holocénica, constituídos sobretudo por
depósitos de praia e de terraços marinhos. Estes depósitos encontram-se numa estreita faiza do litoral
angolano pertencente à depressão Perioceánica. Como exemplo temos as numerosas restingas de Luanda
e a Sul da cidade do Namibe, no Sudoeste de Angola.

Estudos apontam que as areias do Sudoeste de Angola foram resultado de aluviões transportados pelo
rio Cunene e que, depois, foram dispersos pela acção do vento com direcção sudoeste. Aí, terão sido
originados pela erosão eólica das areias ocres do Grupo Kalahari.

Como podes ver, a história dos aspectos geológicos é muito interessante, complexa e alucinante. Depois
disso, cresceu em você um novo geólogo?

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BIBLIOGRAFIA E REFERÊNCIAS ICONOGRÁFICAS USADAS DURANTE
O ANO LECTIVO DE 2010

- www.altavista.com - Terra, “Planeta Vivo”


- www.google.com - Rochas e Minerais, Fosseis e Fossilização

- Geologia – 12ª Classe – Mercês Roque e Outros – Edição Revista e Actualizada – Reforma
Educativa – MED – Angola - 2008

- Mistérios da Terra – 7º Ano – Amália Costa e Outros – Constância Editores, S.A. CARNAXE –
1998

- Terra, Universo de Vida – 11º. Ano – 2ª. Parte – Geologia – Amparo Dias da Silva e Outros –
Porto Editora, Lda – 1999

- Conhecer a Terra – 5º. Ano de Escolaridade – Carlinda Leite e Rosalina Pereira – Edições ASA
– Porto – 1987

- Ciências Naturais – 7º. Ano – Ema Viegas Nascimento e Maria Onélia Afonso – Texto Editora –
Lisboa - 1995

- A Terra. Um Planeta Vivo – 7º. Ano – Adelaide Ferreira e Outros – Editorial Império, Lda –
Lisboa – 1992

- Elementos de Ecologia Aplicada – F. Ramade – Ed. Mundi Prensa, Madrid – 1992

- La Tierra: su forma, estrutura interna y composición – The Open University, Editorial


Mcgraw-Hill Latino-America, Republica de Panama – 1974

- Sismos e Vulcões – Robert Muir Word – Circulo de Lectores – 1998

- O Universo Inteligente – Fred Hoyle – Editorial Presença, 1986

- Caracterização e Constituição do Solo – Joaquim Botelho da Costa – Fundação Caloust


Gulbenkian – Lisboa – 1975

- Guia de Minerales y Rocas – Mottana, Annibale e Outros, Grijalbo Toledo – 1991

- Geologia 12ª Classe – Mercês Roque e Outros – Porto Editora – Reforma Educativa – Ministério
da Educação – Angola – “Edição revista e Actualizada” - 2008

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GUIA DE CONFERÊNCIA DE GEOLOGIA - 12ª CLASSE – 2017


1ª PARTE

1- Conceptualize os seguintes termos:


a) Geodinâmica k) Avalancha
b) Geodinâmica Interna l) Escorregamento
c) Geodinâmica Externa m) Solifluxão
d) Meteorização n) Creep ou reptação
e) Meteorização Física o) Desabamentos
f) Meteorização Química p) Crosta de Meteorizção
g) Erosão q) Solos
h) Deflação r) Regolitos
i) Corrosão s) Húmus
j) Detritos ou clastos t) Fertilidade Mineral do Solo
2- Quais os agentes externos que podem acelerar a meteorização? Fala como cada um
deles influencia neste processo.
3- Que reacções químicas implicam a decomposição das rochas durante a Meteorização
Química ou Meteorização Geoquímica? Diga em que consiste cada uma delas e
apresente as equações das reacções características de cada caso.
4- Qual o elemento natural que deve sempre estar presente para que haja meteorização
química?
5- Como se formam as estalactites e as estalagmites?
6- “As rochas reagem todas da mesma forma durante a meteorização”. Concordas com
esta afirmação? Justifica apresentando exemplos concretos.
7- Fale resumidamente do efeito da acção erosiva causada pelos diferentes tipos de águas.
8- Explica detalhadamente porque é que os terrenos deslizam?
9- Porque é que se diz que os solos procedem da interacção de dois mundos )Não se
esqueça de dizer quais são estes dois mundos).
10- Porquê que alguns solos são vermelhos e outros negros?
11- “Os solos são formados por uma fracção sólida, uma fracção líquida e uma fracção
gasosa”. Debruce-se sobre ao assunto.
12- O que é a Terra rossa?
13- Fala tudo o que estudou sobre a textura e a estrutura do solo.
14- Que propriedades podem evidenciar a análise química de um bom solo? Explica.
15- Segundo o valor do pH da solução existente no solo, como podem estes serem
classificados?
16- Fala dos oito tipos de solos estudados.
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17- O que é o vento? A que se deve a sua ocorrência?
18- De que resulta a acção modeladora do vento?
19- Diga quais são os processos em que a acção erosiva do vento se manifesta. Fale sobre
cada um deles.
20- A acção modeladora dos ventos origina depósitos de segmentos. Fale sobre eles. Não
esquecer de citar os seus tipos.
21- Debruça-te especificamente sobre o tipo de dunas.
22- Defina glaciares. Como e onde se encontram?
23- Cita os tipos de glaciares estudados. Fale detalhadamente sobre cada um deles.
24- A que chamamos rochas aborregadas?
25- O que faz com que a água do mar revele a acção erosiva?
26- Ripple marks. O que é?
27- A que está condicionada a erosão das águas do mar?
28- O que facilita a abrasão marinha?
29- Diga por palavras tuas o que é a abrasão.
30- Fale sobre:
a) A dispersão dos sedimentos marinhos
b) O papel do homem nas zonas de erosão
31- Qual seria o período da onda anterior se a sua velocidade fosse se 5 m/s? Qual seria o
período da onda anterior se a sua velocidade fosse se 5 m/s?
32- O que é um rio e qual a sua influencia na paisagem terrestre?
33- Quais os factores que condicionam a acção erosiva dos rios? Explica cada um deles
34- Calcula o débito de um rio que tem como largura 13,42 metros e 3 metros de
profundidade sabendo que a sua velocidade média é de 20 metros por segundo?
35- Qual será a velocidade de um rio que tem como débito 23 m³/s, sabendo que a área de
secção do seu leito é de 6 m²?
36- Calcula a largura de um rio que tem como profundidade 5 metros e uma área de secção
do leito de 22 metros quadrados. Qual seria a sua profundidade se tivesse 12 metros de
largura?
37- Sobre os rios debruce-se sobre: erosão e sedimentação; velocidade; declive; área do
leito e competência.
38- De onde provêm as águas subterrâneas?
39- Até onde pode ser explorável?
40- Ao infiltra-se no solo por que zonas passa a água? Fale sobre cada uma delas
41- Calcula a porosidade de uma rocha cujos espaços vazios ocupam um espaço de 12
metros cúbicos, sabendo que o volume total da rocha é de 88 metros cúbicos.
42- Qual seria o volume total dos vazios se a porosidade da rocha fosse de 62,3%?
43- Debruça-te sobre a velocidade das águas subterrâneas.
44- Fala tudo o que estudou sobre os aquíferos (inicie pela sua definição). Por que outros
nomes são conhecidos?
45- Como se podem denominar os aquíferos conforme as características das formações
geológicas? Debruce-se sobre o assunto.
46- Investigar os itens no final de cada tema.
47- Defina:
a) Sedimentação
b) Estratos de Sedimentos
c) Diágenese
d) Armadilha petrolífera (sua função)
e) Rocha-armazém ou Rocha-reservatório (sua função)
f) Rocha-cobertura (sua função)
g) Brechas
48- Diga quais as classes de rochas sedimentares que estudou? Fale sobre cada uma delas,
com 1 exemplo para cada caso.
49- Fala sobre as três variedades de calcário dando as características de cada uma delas.
50- Como se formam as dolomias? Que características apresenta a dolomite?
51- O que são conglomerados? De que depende a natureza dos detritos que os formam?
52- Explica com palavras suas (baseando-se no esquema da página 9 do teu fascículo), o
ciclo de formação das rochas sedimentares.
53- Como se classificam as rochas sedimentares? Que factor está na base desta
classificação?
54- Refira-te, detalhadamente, às classes de rochas da alínea anterior
55- Qual a matéria inicial para a formação dos carvões e dos petróleos?
56- Porque motivo os petróleos são estudados como rochas uma vez que se encontram no
estado líquido?
57- Explica por palavras tuas o ciclo de formação dos combustíveis fósseis (carvão, petróleo
e gás natural). Porquê que eles são chamados de combustíveis fósseis?
58- Em que ambiente, geralmente, se formam os petróleos (refira-te aos processos
geoquímicos que intervêm na génese dos petróleos)?
59- Que condições são necessárias para a formação dos combustíveis fósseis?
60- Quais as causas que estão na base da transformação dos detritos em combustíveis
fósseis?
61- Onde e como se formam, geralmente, os carvões do tipo turfa? E os do tipo húmicos?
62- De acordo o grau de evolução, que tipo de carvão se podem formar? Caracteriza-os.
63- A que chamamos incarbonização?
64- De que factores depende o aumento do teor de carbono nos carvões?
65- Quais os produtos petrolíferos naturais?
66- Diferencia os seguintes carvões: Turfa, lignitos e antracitos
67- De onde provém a água salgada associada às jazidas petrolíferas?

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