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Aula 2

Princípios Orçamentários

Capítulo 3
Princípios Orçamentários

Administração Financeira e Orçamentária


para Analista Legislativo - Técnica Legisl...

Prof. Sérgio Machado


Prof. Sérgio Machado
Administração Financeira e Orçamentária para Analista Legisl...
Aula 2: Princípios Orçamentários

Sumário
.......................................................................................................................................................................................

PRINCÍPIOS ORÇAMENTÁRIOS...................................................................................................................... 3

PRINCÍPIO DA UNIDADE (OU TOTALIDADE)................................................................................................... 8

PRINCÍPIO DA UNIVERSALIDADE (OU GLOBALIZAÇÃO)................................................................................. 15

PRINCÍPIO DA EXCLUSIVIDADE..................................................................................................................... 20

PRINCÍPIO DO ORÇAMENTO BRUTO.............................................................................................................. 25

💯................................................................................................................................................................... 25

APROFUNDANDO 🔎............................................................................................................................................................................................... 27

QUESTÕES PARA FIXAR ............................................................................................................................... 29

PRINCÍPIO DA ANUALIDADE(OU PERIODICIDADE)......................................................................................... 31

PRINCÍPIO DA ESPECIFICAÇÃO (ESPECIALIZAÇÃO OU DISCRIMINAÇÃO)........................................................ 35

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Princípios orçamentários
“Princípio” significa o início, o fundamento, a essência, a raiz de alguma coisa. Portanto, os princípios orçamentários
são premissas, bases, linhas norteadoras para a elaboração, execução e controle do orçamento.
“Tranquilo! Mas como assim linhas norteadoras, professor”? 🤔

É o seguinte: você já utilizou uma bússola? Uma bússola é um instrumento de orientação, que o ajuda a seguir
na direção correta e, quando você precisa, ela lhe dá um norte. Em qualquer situação em que você esteja, a bússola vai
orientá-lo, vai apontar o norte. A mesma coisa acontece com os princípios orçamentários: são eles que vão guiá-
lo, norteá-lo.

Os princípios orçamentários também são bases. Sim: bases! Os engenheiros civis vão me entender agora: imagine
a fundação de uma casa. Para quem não sabe, embaixo de uma casa há uma forte estrutura, uma fundação, que
segura a casa no lugar. Essa estrutura é a base, e, se não for bem-feita, a casa cai! Então, primeiro você faz a base,
para depois erguer a casa propriamente dita. Do mesmo jeito são os princípios orçamentários: eles devem
ser bem elaborados, e primeiro você tem que os observar, para depois continuar construindo o seu orçamento.

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Mas tem uma coisa... os princípios orçamentários não estão lá só para enfeitar e orientar. Eles devem ser observados!

“Observados quando?” 🤔

Na elaboração, execução e controle do orçamento, mais especificamente, da Lei Orçamentária Anual (LOA), que é o
orçamento público propriamente dito.

Aprofundando

A rigor, os princípios orçamentários somente se aplicam à LOA, isto é, não se aplicam à Lei de Diretrizes
Orçamentárias (LDO) e ao Plano Plurianual (PPA).
Por exemplo: o princípio da exclusividade preceitua que a LOA contenha apenas a previsão de receitas e a fixação de
despesas. Esse princípio não se aplica à LDO e ao PPA, porque o PPA contém os programas e a LDO contém uma
infinidade de regras.
Outro exemplo: o princípio da universalidade determina que todas as receitas e despesas devem constar na LOA.
Novamente: é na LOA, e não no PPA ou na LDO, porque é na LOA que estão as receitas e despesas.
No entanto, como eu disse, essa é uma visão um tanto quanto rigorosa. É possível, argumentar, por exemplo, que o
princípio da legalidade também se aplica ao PPA e à LDO, afinal esses dois instrumentos também são leis. Além disso,
esses dois instrumentos, especialmente a LDO, podem conter regras que determinam o atendimento de um princípio
orçamentário. Portanto, não elimine “logo de cara” questões que citem o PPA ou a LDO só porque os princípios
orçamentários não se aplicam a eles.
Vamos ver isso numa questão?

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CEBRASPE – PG-DF – Técnico jurídico – 2021

Considerando os princípios e a execução orçamentários, bem como a composição orçamentária do DF, julgue o item a
seguir.
Em consonância com o princípio orçamentário da discriminação, a lei de diretrizes orçamentárias da União de 2020
veda a execução orçamentária de programação que empregue a designação “a definir” bem como designações que não
permitam sua identificação precisa.
Comentários:

O princípio orçamentário da discriminação (ou especificação ou especialidade) determina que, na LOA, as receitas e
despesas devam ser discriminadas (detalhadas). Afinal, é na LOA que estão as receitas e despesas.
“Mas professor, a questão disse que é a LDO que está vedando isso!”

Na verdade, se você observar bem, a questão diz que a LDO veda a) essa execução orçamentária (a execução
orçamentária de programação que empregue a designação “a definir”) e b) essas designações genéricas (que não
permitem identificação precisa).
A execução orçamentária se dá no orçamento propriamente dito. Execução orçamentária significa executar o
orçamento. Que orçamento? O orçamento propriamente dito: a Lei Orçamentária Anual (LOA).
E as discriminações (os detalhamentos) também são feitas na LOA. É lá que as receitas e despesas são especificadas, de
forma que não serão aceitas designações genéricas, que não permitam sua identificação precisa.
Aliás, essa questão, de fato, foi elaborada com base na LDO da União de 2020 (Lei 13.898/2019). Veja como ela é
praticamente uma cópia da lei (você não precisa entender tudo que será reproduzido agora, basta prestar atenção nas
marcações):
Art. 6º Os Orçamentos Fiscal, da Seguridade Social e de Investimento discriminarão a despesa por unidade orçamentária,
com suas categorias de programação detalhadas no menor nível, dotações respectivas, especificando a esfera
orçamentária, o Grupo de Natureza de Despesa - GND, o identificador de resultado primário, a modalidade de aplicação, o
identificador de uso e a fonte de recursos.
§ 9º É vedada a execução orçamentária de programação que utilize a designação “a definir” ou outra que não permita
a sua identificação precisa.
Você reparou que o caput do art. 6º diz que são os orçamentos (e não a LDO) que discriminarão as despesas? Pois é.
Justamente como eu venho lhe dizendo.
Então, entenda, embora essa regra (essa vedação) esteja na LDO, o princípio está sendo aplicado na LOA.

Gabarito: Certo

Muito bem! Os princípios devem ser observados. Isso significa que eles são impositivos! No entanto, apesar de
serem impositivos, eles não têm caráter absoluto.
“Como assim não tem caráter absoluto?” 🧐

Quando digo que os princípios não têm caráter absoluto, quero dizer que eles
comportam exceções, atenuações, relativizações. Eles não são rígidos e não serão obedecidos 100% das vezes. Você
verá que, muitas vezes, a própria regra do princípio já traz a sua exceção. Por sinal, você também verá que as bancas
adoram questionar sobre as exceções.

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“E os princípios são válidos para todos os entes, professor? Ou, já que a competência para legislar sobre direito financeiro e
orçamento é concorrente, cada ente federativo possui os seus próprios princípios orçamentários?”
Mas que questão bem elaborada! Gostei! 😅

Vamos à resposta: os princípios orçamentários são válidos para todos os poderes e para todos os entes! Assim, eles
proporcionam consistência e estabilidade para o sistema orçamentário. Lembre-se que “no âmbito da legislação
concorrente, a competência da União limitar-se-á a estabelecer normas gerais” (CF/88, art. 24, § 1º). Já imaginou
a confusão que ia ser se cada ente tivesse os seus princípios? 😦 Seria como se cada país adotasse o seu próprio norte.
Em alguns países, o norte seria o leste, ou o oeste ou o sul. Você acha que daria certo voar de avião de um país para o
outro?
Vale destacar também que alguns princípios estão na Constituição Federal, ou seja, têm status constitucional.
Enquanto outros estão previstos somente na legislação infraconstitucional (na Lei 4.320/64, por exemplo), no Manual
Técnico de Orçamento (MTO), no Manual de Contabilidade Aplicada ao Setor Público (MCASP) ou até mesmo
na doutrina.
Beleza, então resumindo:

“os princípios orçamentários norteiam a elaboração e a execução do orçamento público e são válidos para todos os
poderes e todos os níveis de governo”.

Detalhe: repare nas aspas. Não fui eu quem disse isso. Foi o próprio CEBRASPE! Isso estava numa prova do
CEBRASPE! 😳

CEBRASPE – TRT 1ª – Analista Judiciário - Área Administrativa – 2017

Os princípios orçamentários norteiam a elaboração e a execução do orçamento público e são válidos para todos os
poderes e todos os níveis de governo. A respeito desses princípios, julgue o item subsequente.
Os princípios orçamentários surgiram com a necessidade de se estabelecer regras para a instituição orçamentária, e
alguns deles foram incorporados à legislação brasileira há mais de cinco décadas.
Comentários:

Sim! Os princípios surgiram para orientar, nortear, estabelecer regras gerais para a elaboração e execução do
orçamento. Como eu disse, alguns princípios estão na CF/88, enquanto outros estão somente na doutrina ou na
legislação infraconstitucional, como é o caso da Lei 4.320/64.
Vamos fazer os cálculos. A prova foi aplicada em 2017. 2017 – 1964 = 53.

Então, à época da aplicação da prova, a Lei 4.320/64 já estava em vigor há 53 anos, que é mais de cinco décadas.
Portanto, a questão está correta.
Gabarito: Certo

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CEBRASPE – CGM João Pessoa – Auditor Municipal de Controle Interno – 2018

Com relação ao orçamento público, julgue o item a seguir.

Para ser considerada princípio orçamentário, a regra deve estar expressamente prevista na Constituição Federal de
1988.
Comentários:

Opa! Para ser princípio orçamentário tem que estar expressamente previsto na CF/88? Nada disso!

Alguns princípios realmente possuem status constitucional, enquanto outros estão na legislação infraconstitucional
ou na doutrina, mas nem por isso deixam de ser princípios orçamentários.
Por exemplo, veja o disposto na Lei 4.320/64:

Art. 2° A Lei do Orçamento conterá a discriminação da receita e despesa de forma a evidenciar a política econômica
financeira e o programa de trabalho do Governo, obedecidos os princípios de unidade universalidade e anualidade.
Viu? Esses princípios não estão na CF/88, mas são princípios! 😃

Conclusão, ao contrário do que afirma a questão, uma regra não precisa estar na CF/88 para ser considerada um
princípio orçamentário.
Gabarito: Errado

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Princípio da Unidade (ou Totalidade)


Segundo o princípio da unidade, o orçamento deve ser uno! Unidade. Uno. Entendeu? 😊 Você pode usar isso para
gravar esse princípio!
Muito bem!

O orçamento, em cada ente federativo, deve ser um só, um único orçamento. Em outras palavras: deve existir apenas
um (e não mais que um) orçamento para cada ente da Federação em cada exercício financeiro.
“Ok! E qual é o objetivo disso, professor? Por que cada ente federativo só pode ter um orçamento em cada exercício
financeiro?”
O objetivo é eliminar a existência de orçamentos paralelos. Orçamentos paralelos acontecem quando se tem um
orçamento ordinário e um ou mais orçamentos especiais, correndo em paralelo com o ordinário. Ou seja: é quando se
tem uns três orçamentos sendo executados ao mesmo tempo. Isso acontecia com frequência em situações de
excepcionalidade (guerras, calamidades, crises econômicas, etc.), as quais “justificavam” a existência de orçamentos
especiais.
“E qual é o problema desses orçamentos paralelos?”

O problema é que o Executivo criava, ele mesmo, um orçamento e ele mesmo o executava. Ou seja: não tinha
aprovação do Legislativo. Então, além de realizar despesas com as quais o povo não concordava, o governo acabava
gastando muito mais que o previsto. Além disso, se já é difícil para o Poder Legislativo controlar um orçamento,
imagine controlar três ou quatro... Em outras palavras: há prejuízo e dificuldade ao controle orçamentário. Preciso dizer
que tudo isso é horrível para as finanças públicas? 🙃
Aqui no Brasil, o princípio da unidade é um dos três princípios expressos no artigo 2º da Lei 4.320/64, olha só:

Art. 2° A Lei do Orçamento conterá a discriminação da receita e despesa de forma a evidenciar a


política econômica financeira e o programa de trabalho do Governo, obedecidos os princípios de
unidade universalidade e anualidade.

Muito bem! Agora veja que intrigante: você lembra que a nossa Lei Orçamentária, também conhecida como LOA, é
dividida em três partes, três orçamentos? São eles:

Orçamento fiscal (OF);

Orçamento de investimento (OI); e

Orçamento da seguridade social (OSS).

“Espera aí, professor. Você estava me dizendo que o orçamento é uno. Um único orçamento para cada ente da Federação
em cada exercício financeiro. Agora eu estou vendo três orçamentos aí. Dividir o orçamento em três não contraria o princípio
da unidade? Isso não é um caso de orçamentos paralelos?”
A resposta é: não! A separação da LOA em três orçamentos (ou “suborçamentos”) não atenta contra o princípio da
unidade. E não é um caso de orçamentos paralelos.
É aqui que entra o princípio da totalidade. O princípio da totalidade representa uma evolução doutrinária, uma
atualização, do princípio da unidade. Segundo o princípio da totalidade, é possível a coexistência de vários orçamentos,
desde que sejam posteriormente consolidados em um único orçamento. É como se o orçamento anual fosse integrado

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pela totalidade dos “suborçamentos”. Em outras palavras: a LOA pode até ser divida em três, mas ela é uma só! Nós
não temos três LOAs. Nós só temos uma!
Por isso, o princípio da unidade (na concepção do princípio da totalidade) não se preocupa com a unidade
documental. A doutrina preponderante, inclusive, já aboliu a necessidade da unidade documental. Veja só:

“o princípio da unidade não significa a existência de um único documento, mas a integração finalística
e a harmonização entre os diversos orçamentos” (TORRES, Ricardo L. Tratado de direito
constitucional, financeiro e tributário, 2000).

Portanto, podem existir vários documentos, desde que o orçamento seja um só, consolidado.

O site da Câmara dos Deputados apresenta texto esclarecedor acerca do princípio da totalidade:

“Coube à doutrina tratar dar nova conceituação ao princípio da unidade de forma que abrangesse
novas situações.
O princípio da totalidade possibilita a coexistência de vários orçamentos autônomos, mas que
podem ser vistos de forma consolidada, permitindo-se assim uma visão ao mesmo tempo segregada
e geral das finanças públicas. (...)
Deve-se observar que, embora exista uma segregação dos orçamentos fiscal, da seguridade social e
das estatais, trata-se de um único projeto de lei orçamentária anual, que contempla, ao mesmo
tempo, de forma consolidada, toda a programação.”

Para facilitar, olhe esse gráfico de pizza do nosso orçamento aqui embaixo:

Você percebe que, apesar de ter três sabores, temos uma pizza só? 🍕😄 Com o nosso orçamento, é a mesma coisa:
de acordo com o princípio da totalidade, o orçamento pode até ser dividido em três orçamentos (ou “suborçamentos”),
mas ele é um orçamento só! Um único orçamento, apresentado de forma consolidada.
Ah! Detalhe: muitas vezes o princípio da unidade e o princípio da totalidade são considerados sinônimos. Muitas
questões de prova já consideram isso e até o Manual Técnico de Orçamento (MTO) e o Manual de Contabilidade
Aplicada ao Setor Público (MCASP), de certa forma, consideram isso.

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Aprofundando

Sabe por que eu falei que, de certa forma, o MTO e o MCASP consideram o princípio da unidade e o princípio da
totalidade como sinônimos?
Porque, ao tratar dos princípios orçamentários, esses manuais trazem o seguinte título: princípio da unidade ou
totalidade.
No entanto, no decorrer do texto, falam que esse princípio está expresso no art. 2º da Lei 4.320/64. Ora, expresso no
art. 2º da Lei 4.320/64 é somente o princípio da unidade, e não o da totalidade. E, como vimos, há uma sutil diferença
entre os dois princípios. O princípio da totalidade é uma evolução do princípio da unidade.
É tanto que o próprio site da Câmara dos Deputados faz essa distinção: primeiro fala-se do princípio da unidade; depois,
em seção distinta, fala-se do princípio da totalidade.
O autor James Giacomoni também diz o seguinte, em sua obra “Orçamento Público”, 15ª ed., pág. 65: “sepultado o
ideal clássico da unidade orçamentária, a doutrina tratou de reconceituar o princípio de forma que abrangesse as
novas situações. Surgiu, assim, o princípio da totalidade, que possibilitava a coexistência de múltiplos orçamentos
que, no entanto, devem sofrer consolidação de forma que permita ao governo uma visão geral do conjunto das finanças
públicas”.
Pois bem. Agora, a coisa chata é que você vai ver (eu vou mostrar para você) questões que dão conta dessa distinção, e
outras questões que simplesmente ignoram isso, tratando esses princípios como sinônimos.
Enfim, me parece que a melhor abordagem é considerar o seguinte: o princípio da totalidade é uma evolução do
princípio da unidade, mas é possível falar em princípio da unidade no sentido do princípio da totalidade.

Para finalizar, vou deixar aqui o texto integral do MTO, muito elucidativo e que resume bem o que vimos até aqui:

“De acordo com este princípio, o orçamento deve ser uno, ou seja, cada ente governamental deve
elaborar um único orçamento. Este princípio é mencionado no caput do art. 2º da Lei no 4.320, de
1964, e visa evitar múltiplos orçamentos dentro da mesma pessoa política. Dessa forma, todas as
receitas previstas e despesas fixadas, em cada exercício financeiro, devem integrar um único
documento legal dentro de cada nível federativo: LOA. Cada ente da Federação elaborará a sua
própria LOA.”

CEBRASPE – IPHAN – Auxiliar institucional – 2018

Apesar do princípio da unidade, orçamentos públicos paralelos podem ser adotados pelos entes federativos em
decorrência de excepcionalidades, como, por exemplo, no caso de calamidades que demandam urgência na aplicação
de recursos públicos.
Comentários:

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Orçamentos paralelos podem ser adotados? Nada disso! O princípio da unidade surgiu justamente para evitar
múltiplos orçamentos dentro da mesma pessoa política.
Mesmo em situações excepcionais (como guerras e calamidades públicas), o princípio da unidade deve ser respeitado.
Para situações como essas, lembre-se, é possível fazer abertura de créditos adicionais (nesse caso, créditos adicionais
extraordinários).
Gabarito: Errado

CEBRASPE – TC-DF – Analista de Administração Pública– 2014

Com relação aos aspectos gerais do orçamento público e a sua implementação no Brasil, julgue o item subsecutivo.

Considera-se respeitado o princípio da unidade orçamentária ainda que a lei orçamentária anual seja composta por três
orçamentos diferentes, como ocorre no Brasil.
Comentários:

Exatamente! A separação da LOA em três orçamentos (ou “suborçamentos”) não atenta contra o princípio da unidade.
E não é um caso de orçamentos paralelos.
Lembre-se do princípio da totalidade, segundo o qual: o orçamento pode até ser dividido em três orçamentos (ou
“suborçamentos”), mas ele é um orçamento só! Um único orçamento, posteriormente consolidado. A LOA é uma só!
Gabarito: Certo

FGV – SEFIN-RO – Contador – 2018

Os princípios orçamentários são regras básicas que todo orçamento federal deve seguir.

Assinale a opção que explica o Princípio da Totalidade Orçamentária.

A) O orçamento deve conter todas as receitas e todas as despesas do Estado.

B) Cada esfera do governo deve possuir apenas um orçamento para que haja uma visão geral das finanças públicas.

C) O orçamento deve ser elaborado e autorizado para um determinado período de tempo.

D) O conteúdo orçamentário deve ser divulgado nos veículos oficiais de comunicação para conhecimento do público e
para eficácia de sua validade.
E) O orçamento deve ser consolidado para que o governo tenha uma visão geral do conjunto das finanças públicas.

Comentários:

Repare que a questão pede para assinalar o princípio da totalidade orçamentária, e não o princípio da unidade. Esse é
um exemplo de questão que cobrou a distinção entre esses dois princípios.
Vejamos cada uma das alternativas:

a) ERRADA. A alternativa se refere ao princípio da universalidade.

b) ERRADA. Essa é a alternativa mais traiçoeira. “Cada esfera do governo deve possuir apenas um orçamento”. Esse é o
princípio da unidade orçamentária. Tanto que o próprio MTO diz sobre o princípio da unidade (ou totalidade) que: “cada
ente governamental deve elaborar um único orçamento.”
c) ERRADA. A alternativa se refere ao princípio da anualidade.

d) ERRADA. A alternativa se refere ao princípio da publicidade.

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e) CORRETA. Esse sim o princípio da totalidade, que a questão está pedindo. De acordo com James Giacomoni, em sua
obra “Orçamento Público”, 15ª ed., pág. 65: “sepultado o ideal clássico da unidade orçamentária, a doutrina tratou de
reconceituar o princípio de forma que abrangesse as novas situações. Surgiu, assim, o princípio da totalidade, que
possibilitava a coexistência de múltiplos orçamentos que, no entanto, devem sofrer consolidação de forma que
permita ao governo uma visão geral do conjunto das finanças públicas”.
Gabarito: E

FGV – SEPOG-RO – Analista de Planejamento e Finanças – 2017

O Orçamento Público deve permitir que, de forma unívoca, através de um orçamento apenas, seja possível ter um
retrato geral das finanças públicas, autorizando-se o Poder Legislativo a exercer o controle racional e direto das
operações financeiras de responsabilidade do Executivo.
Essa afirmativa representa a aplicação do princípio orçamentário da

A) responsabilidade fiscal.

B) eficácia fiscal.

C) unidade orçamentária.

D) universalidade orçamentária.

E) totalidade orçamentária.

Comentários:

Mais uma questão que cobrou a distinção entre esses dois princípios.

O gabarito da banca foi a alternativa C, evidenciando que quando se menciona a presença de “um orçamento apenas”,
trata-se do princípio da unidade. Por outro lado, quando se menciona a consolidação dos orçamentos existentes, trata-
se do princípio da totalidade.
Gabarito: C

FGV – TJDFT– Analista judiciário – 2022

O aprimoramento das práticas orçamentárias contribuiu para a consolidação dos princípios orçamentários como
premissas a serem observadas para consistência e confiabilidade do processo orçamentário.
No cenário da administração pública federal, o fato de cada ministério ou órgão equivalente ter seus orçamentos
específicos, que são consolidados na proposta de Lei Orçamentária Anual em cada exercício, está alinhado ao princípio
da:
A) anualidade;

B) discriminação;

C) exclusividade;

D) totalidade;

E) transparência.

Comentários:

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Falou em consolidação?

Princípio da totalidade! É o princípio da totalidade que possibilita a coexistência de vários orçamentos, desde que
sejam consolidados em um único orçamento.
Gabarito: D

FGV – TJ-RO– Analista judiciário – 2021

Desde os primórdios da prática orçamentária na administração pública, registra-se a existência de princípios


norteadores desse processo, com contribuições relevantes da França. Nos diferentes cenários com os quais se deparam
os entes públicos, alguns princípios podem ganhar maior destaque, como, por exemplo, na estrutura descentralizada
do governo federal, com órgãos espalhados por todo o território nacional.
Nesse contexto, o princípio que possibilita a coexistência de vários orçamentos autônomos, mas que podem ser vistos
de forma consolidada, permitindo-se assim uma visão ao mesmo tempo segregada e geral das finanças públicas, é o da:
A) exatidão;

B) especialização;

C) exclusividade;

D) regionalização;

E) totalidade.

Comentários:

Mais uma. O princípio que possibilita a coexistência de vários orçamentos autônomos, mas que podem ser vistos de
forma consolidada é o princípio da totalidade.
Gabarito: D

FGV – Senado Federal – Consultor Legislativo – 2022 – adaptada

Os Princípios Orçamentários visam a estabelecer diretrizes norteadoras básicas, a fim de conferir racionalidade,
eficiência e transparência para os processos de elaboração, execução e controle do orçamento público. Válidos para os
Poderes Executivo, Legislativo e Judiciário de todos os entes federativos – União, estados, Distrito Federal e municípios
–, são estabelecidos e disciplinados por normas constitucionais, infraconstitucionais e pela doutrina.
Nesse sentido, integram o Manual de Contabilidade Aplicada ao Setor Público (MCASP) os princípios orçamentários
cuja existência e aplicação derivem de normas jurídicas.
Em relação ao tema, assinale a afirmativa correta.

A) Totalidade determina existência de orçamento único para cada ente federado com a finalidade de se evitarem
múltiplos orçamentos paralelos dentro da mesma pessoa política.
(...)

Comentários:

Desta vez, a banca considerou o princípio da unidade e o princípio da totalidade como sinônimos. Ela utilizou o princípio
da totalidade no sentido de que ele é uma evolução do princípio da unidade, de forma que eles possuem o mesmo
objetivo: ter um único orçamento, evitando múltiplos orçamentos paralelos dentro da mesma pessoa política.

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Repare que a questão não expressamente pediu isso, mas mencionou o MCASP, indicando que a resposta deveria se
basear nesse manual. E, de acordo com esse manual:
“2.1. UNIDADE OU TOTALIDADE

Previsto, de forma expressa, pelo caput do art. 2º da Lei no 4.320/1964, determina existência de orçamento único para
cada um dos entes federados – União, estados, Distrito Federal e municípios –com a finalidade de se evitarem
múltiplos orçamentos paralelos dentro da mesma pessoa política.
Dessa forma, todas as receitas previstas e despesas fixadas, em cada exercício financeiro, devem integrar um único
documento legal dentro de cada esfera federativa: a Lei Orçamentária Anual (LOA).”
A questão, portanto, praticamente copiou e colou o trecho do MCASP. Difícil argumentar, portanto, que a questão
estaria errada.
Vale ressaltar também que essa é uma questão de múltipla-escolha e as demais alternativas estavam evidentemente
erradas, de forma que a alternativa A era, de fato, “a melhor alternativa” a ser marcada.
Gabarito: A

Princípio da Unidade (ou Totalidade): o orçamento deve ser uno. Cada ente federativo, em cada
exercício financeiro, deverá ter somente um único orçamento.
Totalidade: o orçamento pode até ser dividido, mas ele deve ser consolidado, deve ser apresentado de
forma consolidada.

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Princípio da Universalidade
(ou Globalização)
Segundo o princípio da universalidade, a Lei Orçamentária Anual (LOA) de cada ente federado deverá conter todas as
receitas e as despesas de todos os Poderes, órgãos, entidades, fundos e fundações instituídas e mantidas pelo poder
público. A palavra-chave aqui é “todas” (por isso que eu as marquei 😏).
Simplificando: a LOA deve conter tudo, o universo inteiro! Universalidade, entendeu? 😏

Preste atenção!

Se alguma questão falar em “todas as receitas e despesas”, provavelmente ela está falando do princípio da
universalidade

Esse princípio também é um dos três que estão lá no artigo 2º da Lei 4.320/64: universalidade, unidade e anualidade.
Mas ele deixa sua marca mesmo é nos artigos 3º e 4º, observe:

Art. 3º A Lei de Orçamentos compreenderá todas as receitas, inclusive as de operações de crédito


autorizadas em lei.
Art. 4º A Lei de Orçamento compreenderá todas as despesas próprias dos órgãos do Governo e da
administração centralizada, ou que, por intermédio deles se devam realizar, observado o disposto no
artigo 2°.

Esse princípio foi recepcionado e normatizado pela CF/88 em seu artigo 165, § 5º (repare na abrangência da lei
orçamentária):

§ 5º A lei orçamentária anual compreenderá:

I - o orçamento fiscal referente aos Poderes da União, seus fundos, órgãos e entidades da
administração direta e indireta, inclusive fundações instituídas e mantidas pelo Poder Público;
II - o orçamento de investimento das empresas em que a União, direta ou indiretamente, detenha a
maioria do capital social com direito a voto;
III - o orçamento da seguridade social, abrangendo todas as entidades e órgãos a ela vinculados, da
administração direta ou indireta, bem como os fundos e fundações instituídos e mantidos pelo Poder
Público.

Segundo Sebastião Sant’Anna e Silva, o princípio da universalidade proporciona ao legislativo a oportunidade de:

Conhecer a priori todas as receitas e despesas do governo e dar prévia autorização para a respectiva
arrecadação e realização (destaque-se que o a LOA não precisa mais autorizar a arrecadação. Atualmente

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ela somente prevê a arrecadação. Se alguém quiser dar dinheiro para o governo, você acha que ele iria dificultar
o processo, dizendo: “não! Só recebemos se for autorizada?”. Claro que não!);
Impedir que o Executivo realize qualquer operação de receita ou despesa sem prévia autorização
parlamentar;
Conhecer o exato volume global das despesas projetadas pelo governo, a fim de autorizar a cobrança de
tributos estritamente necessários para atendê-las.

Mas nem todas as receitas e despesas públicas (consideradas em seu sentido amplo) estarão no orçamento.

“Como assim professor? Você acabou de falar que o orçamento deverá conter todas as receitas e as despesas.” 🤨

Veja o detalhe: eu falei em receitas e despesas em seu sentido amplo. Lembra das receitas e despesas
extraorçamentárias, a exemplo de depósitos em caução? Pois é, como já diz o nome (extraorçamentárias), essas
receitas e despesas estão “fora” do orçamento, à margem do orçamento.

Por exemplo: se um amigo lhe pedisse para somente guardar R$ 100,00 durante um mês, findo o qual ele voltaria para
buscá-los, você contaria esse dinheiro no orçamento? Você poderia usar esse dinheiro que não é seu? Claro que não! É
óbvio que você manteria um controle disso (anotaria os R$ 100,00 em algum lugar), mas não usaria esse dinheiro.
No orçamento público é do mesmo jeito: o Estado não pode usar dinheiro que não é dele! Nesse caso, o Estado é um
mero depositário dos recursos! Ele mantém registro disso, mas esses recursos não integram o patrimônio público e,
portanto, estão à margem do orçamento.

Agora vou lhe passar o bizú: muitas (mas muitas questões mesmo) tentam confundir o princípio da universalidade com
o princípio da unidade. Os nomes são parecidos (ambos começam com “uni”), e isso é terreno fértil pro examinador.
“Professor, então como eu faço para não confundir os dois?” 🤔

Assim: no princípio da unidade (ou totalidade) você vai lembrar desta frase: “o total é uma unidade”. O total (a soma
das partes) é uma unidade. Lembre-se: mesmo dividido, o orçamento é uno.

TOTAL = 1

Já no princípio da universalidade, você vai pensar no universo. Sim, no espaço sideral. O universo contém todos os
planetas e todas estrelas. E o orçamento deve conter todas as receitas e despesas. O outro nome desse princípio até
ajuda a gravar: globalização. A Terra é um globo. E a Terra está no universo.

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Mas eu quero facilitar ainda mais para você. Para que a diferença entre os dois princípios fique bem clara, preste
atenção neste exemplo:

Imagine que você pretenda montar um quebra-cabeça. Primeiro, você reúne todas as peças, porque, se faltar uma ou
mais peças, não vai dar certo. Então você segue montando. No final, você terá um quebra-cabeça montado, como se
fosse uma peça só!
Veja que você trabalhou de acordo com o princípio da universalidade, porque juntou todas as peças.

E você também pode ver a aplicação do princípio da unidade (ou totalidade), porque, juntando todas as peças, o
resultado final foi uma peça só!

E para fechar com chave de ouro, observe o esquema abaixo:

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É assim que o princípio da universalidade pode ser retratado: todas as receitas e todas as despesas de todos os
Poderes, órgãos, entidades, fundos e fundações instituídas e mantidas pelo poder público estarão na LOA, que é uma
peça só (essa última parte é referente ao princípio da unidade 😉).
Questões para fixar

CEBRASPE – STM – Técnico Judiciário – 2018

Com relação a técnicas e princípios orçamentários, julgue o item seguinte. O princípio orçamentário da unidade
estabelece que a lei orçamentária anual deve conter todas as receitas e despesas de todos os poderes, órgãos,
entidades, fundações e fundos instituídos e mantidos pelo poder público.
Comentários:

Pegadinha clássica! Esse é o truque mais velho do livro, mas acredite: ainda cai em concurso público.

É o princípio da universalidade (e não da unidade) que estabelece que a lei orçamentária anual deve conter todas as
receitas e despesas de todos os poderes, órgãos, entidades, fundações e fundos instituídos e mantidos pelo poder
público.
Gabarito: Errado

CEBRASPE – CGM João Pessoa – Técnico Municipal de Controle Interno – 2018

A respeito de orçamento público, julgue o item seguinte. O princípio da unidade orçamentária determina que todas as
despesas e todas as receitas de todos os poderes, órgãos e fundos estejam compreendidas no orçamento.
Comentários:

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De novo? Sim! De novo! E caiu em duas provas aplicadas no mesmo ano!

Muitas questões vão explorar o conhecimento sobre esses dois princípios, por isso é importante que você os entenda
direitinho e saiba diferencia-los. Lembre-se do exemplo do quebra-cabeças ou dos mnemônicos que oferecemos.
Unidade: o orçamento deve ser uno. Universalidade: o orçamento deverá conter todas as receitas e despesas.

A questão está errada. Basta trocar a palavra “unidade” pela palavra “universalidade” para que ela fique correta.

Gabarito: Errado

FGV– SEFIN-RO – Contador – 2018

Uma entidade pública adquiriu computadores novos no valor de R$ 50.000. Desse valor, R$ 40.000 serão pagos em
dinheiro e o restante será pago por meio da entrega dos computadores antigos. No orçamento foram incluídos apenas
os R$ 40.000.
Assinale a opção que indica o princípio orçamentário atingido por esse procedimento.

A) Unidade.

B) Universalidade.

C) Clareza.

D) Exatidão.

E) Legalidade.

Comentários:

E aí? Essa entidade pública colocou todas as suas despesas no orçamento? Não. Deveria ter colocado R$ 50.000,00, mas
colocou apenas R$ 40.000,00.
Então qual foi o princípio orçamentário atingido (ferido)?

O princípio da universalidade, já que ele é que demanda o registro, na LOA, de todas as receitas e as despesas de todos
os Poderes, órgãos, entidades, fundos e fundações instituídas e mantidas pelo poder público.
Gabarito: B

Princípio da Universalidade (ou Globalização): a LOA de cada ente federativo deverá conter todas as
receitas e as despesas.

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Princípio da Exclusividade
De acordo com o princípio da exclusividade, a Lei Orçamentária Anual (LOA) não conterá matéria estranha à previsão
da receita e à fixação da despesa. Essa é a regra!
“A regra?” 🤨

Sim! Em regra, a LOA só poderá conter previsão de receitas e fixação de despesas. As duas exceções nós veremos
daqui a pouco. 😄
Perceba o seguinte: não é qualquer coisa que pode estar na LOA. Estar na LOA é uma exclusividade! 😏

Entendeu o nome agora? Princípio da exclusividade!

“Está certo, professor. Mas pra que serve esse princípio? Por que que ele existe?”

Muito bem. O orçamento tem um processo legislativo especial, mais rápido do que o das outras leis. O processo
legislativo ordinário é um pouco demorado (você já ouviu falar daqueles projetos de lei que são “esquecidos” e demoram
anos para serem apreciados, não é?). Por isso, os parlamentares gostavam de dar uma de espertinho e aproveitavam a
celeridade do processo orçamentário para aprovar uma outra matéria qualquer, “infiltrada” dentro do orçamento. Eles
colocavam dispositivos que não tinham nada a ver com o orçamento (ou seja: matéria estranha) dentro da lei do
orçamento com o objetivo de aprová-los mais rapidamente.
Está entendendo a jogada? É como se esses dispositivos pegassem carona no processo legislativo orçamentário
especial, mais célere.
“Certo. E aí, o que acontecia?” 🤔

Acontecia que o orçamento vinha junto com dispositivos que não tinham nada a ver com o orçamento. O orçamento
tem que ser só o orçamento, e pronto. Não pode ser orçamento junto com dispositivos sobre educação, sobre
armamento, sobre direito penal... desse jeito o orçamento fica uma verdadeira bagunça!
Esses dispositivos que compunham a LOA e que não guardavam pertinência nenhuma com seu conteúdo eram
chamados de “caudas orçamentárias”, por isso esses orçamentos eram chamados de “orçamentos rabilongos”.
“Ok. Então por que mesmo surgiu o princípio da exclusividade?”

Justamente para evitar as “caudas orçamentárias” e os “orçamentos rabilongos”, para que o orçamento seja só um
orçamento, com a previsão das receitas e a fixação das despesas.

O orçamento da sua casa também só deve conter receitas e despesas. Ou você, por acaso, também coloca os seus
resumos de AFO lá dentro? As fotos de família? Aquela receita de bolo? E, a cada novo orçamento, você coloca novas
coisas aleatórias lá? 😁
É claro que não! Um orçamento não é lugar para isso. 😄

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Muito bem. Eu disse antes que, em regra, o orçamento só poderia conter previsão de receitas e fixação de despesas e
prometemos falar sobre as duas exceções. Chegou a hora! 😏
Existem duas exceções ao princípio da exclusividade e elas são muito importantes! Por que são importantes? Porque
despencam em provas! Há muitas questões sobre isso, você vai ver!
A primeira exceção é a autorização para abertura de créditos adicionais suplementares. Recorde-se: ninguém tem
bola de cristal. Mesmo que o planejamento tenha sido excelente, é possível que o cenário mude e o plano original tenha
de ser descumprido ou alterado.
Nesse caso, será preciso alterar o orçamento e os mecanismos que utilizamos para isso são os créditos adicionais.
Lembre-se que nós temos três tipos de créditos adicionais:

Suplementares: destinados a reforço de dotação orçamentária;

Especiais: destinados a despesas para as quais não haja dotação orçamentária específica;

Extraordinários: destinados a despesas urgentes e imprevistas, em caso de guerra, comoção intestina ou


calamidade pública.

Agora preste atenção: a exceção é só para créditos suplementares! Não para todos os créditos adicionais.

Por exemplo: o orçamento separou R$ 1.000.000,00 para um determinado programa de educação, mas o planejamento
já previu a possibilidade de ter que gastar mais R$ 500.000,00 nesse programa. Portanto, esses R$ 500.000,00 já podem
vir consignados na Lei Orçamentária Anual (LOA) como créditos adicionais suplementares.

Preste atenção!

Se alguma questão disser que é a exceção é para créditos adicionais (que compreendem os suplementares, os especiais
e os extraordinários), ela está errada, porque a exceção é só para créditos suplementares.

A segunda exceção é para a contratação de operações de crédito, ainda que por Antecipação de Receita
Orçamentária (ARO). Essa situação é parecida com a anterior: existe a possibilidade de o plano “não dar certo”
(possibilidade de os recursos reservados não serem suficientes). Sendo assim, o orçamento, já se adiantando, pode
trazer consigo (no próprio orçamento, na LOA) a autorização para contratação de operações de crédito, ainda que
seja uma operação de crédito por Antecipação de Receita Orçamentária (ARO), que se destina a atender insuficiência
de caixa durante o exercício financeiro (LRF, art. 38).

Uma ARO funciona basicamente assim:

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Imagine que surgiu uma emergência e o governo tem que pagar R$ 100.000,00 daqui a dois dias. O governo tem
capacidade de pagar isso (até porque ele irá arrecadar R$ 120.000,00 em tributos nos próximos meses), mas ele não
tem esse dinheiro agora, nesse momento.
Então o que fazer? Uma solução é fazer uma operação de crédito por Antecipação de Receita Orçamentária (ARO).
Basicamente o governo chega para um banco e diz: “nos próximos meses eu vou receber R$ 120.000,00 de tributos, só
que eu preciso é desse dinheiro hoje! Estou com uma insuficiência de caixa. Não tem como você antecipar esse
dinheiro para mim?”. O banco responde: “claro que sim!”. Pronto! Isso é uma ARO! 😄

Pense comigo: se o planejamento já previu essa possibilidade, não é melhor já deixar autorizado, para “ganhar tempo”?
Porque se for deixar para autorizar somente quando surgir a necessidade, vai demorar mais. Além de ser um
desperdício. 😩 O planejamento previu essa possibilidade e não fez nada? Se fosse assim, era melhor nem ter gastado
tempo, energia e recursos com isso. 🙄

Enfim, pense nessas duas exceções como se fosse uma otimização de processo. Em vez de o parlamento autorizar a
abertura de um crédito suplementar ou autorizar a contratação de operação de crédito no meio da execução
orçamentária (correndo o risco de ter que pausar a prestação de serviços públicos por falta de recursos orçamentários),
o planejamento orçamentário já se adianta, prevê essas possibilidades e a Constituição autoriza que o orçamento já
traga consigo, além da previsão de receitas e fixação de despesas, as autorizações para abertura de créditos
adicionais suplementares e para a contratação de operações de crédito, ainda que por Antecipação de Receita
Orçamentária (ARO).
Sim. Eu disse que a Constituição autoriza isso! Esse princípio é tão importante que ele está na CF/88.

Preste atenção!

O princípio da exclusividade tem status constitucional

Beleza, então eu vou deixar que a Constituição resuma para você o que é o princípio da exclusividade:

Art. 165, § 8º A lei orçamentária anual não conterá dispositivo estranho à previsão da receita e à
fixação da despesa, não se incluindo na proibição a autorização para abertura de créditos
suplementares e contratação de operações de crédito, ainda que por antecipação de receita, nos
termos da lei.

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Resumindo, além da previsão de receitas e fixação de despesas, também poderão estar na LOA:

Autorização para abertura de créditos adicionais suplementares (só os suplementares);

Autorização para contratação de operações de crédito, ainda que por antecipação de receita orçamentária
(ARO).

Esse é o princípio da exclusividade!

E, para fechar, um esqueminha, porque eu sei que você gosta disso 😏:

FCC – TRT-15ª – Técnico Judiciário – 2018

Todo o processo do orçamento público está orientado por princípios sobre os quais é correto afirmar que:

Pelo princípio da exclusividade, a lei de orçamento anual não conterá dispositivo estranho à previsão da receita e à
fixação da despesa, excetuando-se, porém, a autorização para abertura de créditos suplementares e especiais.
Comentários:

Opa, opa, opa! O que foi que conversamos sobre a primeira exceção? A exceção é só para créditos suplementares!

Se a questão disser que é para créditos adicionais (que compreendem os suplementares, os especiais e os
extraordinários), ela está errada, porque a exceção é só para créditos suplementares. É só para esse tipo de crédito
adicional.
A questão falou que a lei de orçamento poderia conter a autorização para abertura de créditos especiais, por isso ela
ficou errada!

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Gabarito: Errado

CEBRASPE – Prefeitura de Salvador – Procurador – 2015

Conforme o princípio da exclusividade de matéria orçamentária, somente pode constar do orçamento matéria
pertinente às previsões de receitas e despesas, não se admitindo as chamadas caudas orçamentárias nem a previsão de
operações de crédito por antecipação de receita.
Comentários:

Qual foi a segunda exceção que eu comentei? Contratação de operações de crédito, ainda que por antecipação de
receita.
A previsão de contratação dessas operações pode sim vir na LOA. Por isso a questão ficou errada!

Viu como as bancas adoram essas exceções?

Gabarito: Errado

Princípio da Exclusividade: a LOA não conterá dispositivo estranho à previsão da receita e à fixação
da despesa. Exceções: autorização para créditos adicionais suplementares e operações de crédito
(ainda que por ARO).

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Princípio do Orçamento Bruto


Vamos começar com um exemplo:

Imagine que você está indo a um restaurante. Você pede entrada, prato principal, sobremesa, bebidas, um cafezinho, e
finalmente pede a conta. Por sorte você tem um cupom de desconto de 20% 😅 . O garçom então traz para você um
papelzinho mostrando somente o valor final da sua conta, já deduzido o desconto, da seguinte forma:

💯
E aí? O que você acha disso? Você confia nesse valor? Será que o garçom lhe deu o desconto mesmo? Você prefere ver
só o valor final da sua conta ou prefere ver quanto custou cada item, cada dedução e a soma deles? É claro que
a segunda opção, não é? Porque assim você pode conferir se o preço de cada item está correto, se foi aplicado o
desconto corretamente e se algum item foi indevidamente adicionado à sua conta. Desse jeito, tudo fica muito
mais transparente! Desse jeito, controlar fica muito mais fácil!

É exatamente esse o objetivo do princípio do orçamento bruto: transparência!

Nesse sentido, o princípio do orçamento bruto veda que as despesas ou receitas sejam incluídas no orçamento nos seus
montantes líquidos! Isto é: as despesas e receitas devem ser registradas pelos seus valores brutos! Por isso o nome:
princípio do orçamento bruto!
“Mas como assim ‘montantes líquidos’, professor?”

Um montante líquido é um valor que contém deduções. Dele já foi deduzido (descontado) algum outro valor. Por outro
lado, um valor bruto é um valor cheio, sem nenhuma dedução!

Por exemplo: digamos que um ente tenha uma receita arrecadação de tributos prevista de R$ 100.000,00, só que para
arrecadar esse valor, ele precisa gastar R$ 20.000,00. Esse ente não pode simplesmente registrar a receita de R$
80.000,00, que é um valor líquido. Ele tem que registrar a receita de R$ 100.000,00 e a despesa de R$ 20.000,00, em
seus valores brutos.

Agora um exemplo mais concreto:

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A União possui competência tributária para instituir os impostos sobre renda e proventos de qualquer natureza (IR) e
sobre produtos industrializados (IPI). No entanto, por força de disposição constitucional, parte do produto da
arrecadação desses impostos serão entregues ao Fundo de Participação dos Estados e do Distrito Federal (FPE) e ao
Fundo de Participação dos Municípios (FPM).
Digamos que R$ 1.000.000,00 seja o total arrecadado e que R$ 490.000,00 seja o montante a ser entregue pela União.

Muito bem. A União não pode simplesmente registrar no seu orçamento: “receitas de IR e IPI, valor R$ 510.000,00”.

A União deve registrar:

No lado das receitas: receita de IR e IPI, valor R$ 1.000.000,00; e

No lado das despesas: repasses FPE e FPM, valor R$ 490.000,00.

Assim tudo fica mais transparente e mais fácil de controlar. Se os registros fossem pelos valores líquidos, você poderia
ser levado a crer que a receita foi só R$ 510.000,00 e que não houve repasse ao FPE e ao FPM.

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“Beleza. E onde esse princípio está previsto?” 🤔

Na Lei 4.320/64, veja só:

Art. 6º Todas as receitas e despesas constarão da Lei de Orçamento pelos seus


totais, vedadas quaisquer deduções.
§ 1º As cotas de receitas que uma entidade pública deva transferir a outra incluir-se-ão, como despesa,
no orçamento da entidade obrigada a transferência e, como receita, no orçamento da que as deva
receber.

Resumindo: o orçamento não pode fazer deduções e mostrar só o valor líquido. Tem que mostrar o valor total, o valor
bruto!

Aprofundando 🔎

Vou falar um pouquinho sobre contabilidade pública e o princípio do orçamento bruto.

De acordo com o item 3.6.1do MCASP 9ª edição, no âmbito da administração pública, a dedução de receita
orçamentária é o procedimento padrão para a situação em que haja recursos que o ente tenha a competência de
arrecadar, mas que pertencem a outro ente, de acordo com a legislação vigente (transferências constitucionais ou
legais).
Exemplo: 50% do produto da arrecadação do IPVA deve ser destinado aos municípios em que estão licenciados os
veículos. Ou seja: o Estado é quem tem a competência para arrecadar o IPVA, mas 50% disso pertence a outros entes
(os municípios). Vamos conferir:

Art. 158. Pertencem aos Municípios:

III - cinquenta por cento do produto da arrecadação do imposto do Estado sobre a propriedade de veículos
automotores licenciados em seus territórios;

Então, o procedimento padrão é a dedução da receita orçamentária, a não ser que exista determinação legal expressa
de se contabilizar fatos dessa natureza como despesa orçamentária.
Beleza.

Aí o MCASP continua, no item 3.6.1.2: “no caso em que se configure em orçamento apenas o valor pertencente ao ente
arrecadador, deverá ser registrado o valor total arrecadado, incluindo os recursos de terceiros. Após isso, estes últimos
serão registrados como dedução da receita e será reconhecida uma obrigação para com o “beneficiário” desses
valores em contrapartida a uma VPD [Variação Patrimonial Diminutiva].”
“Professor, então vai ter dedução de receita no orçamento? Mas o orçamento bruto não diz que ‘todas as receitas e
despesas constarão da Lei de Orçamento pelos seus totais, vedadas quaisquer deduções’?”
Exatamente! Está percebendo a aparente contradição?

Mas então o MCASP explica que “não há necessidade de aprovação parlamentar para transferência de recursos a outros
entes que decorra da legislação” e que “as transferências constitucionais ou legais constituem valores que não são
passíveis de alocação em despesas pelo ente público arrecadador. Assim, não há desobediência ao princípio do
orçamento bruto, segundo o qual receitas e despesas devem ser incluídas no orçamento em sua totalidade, sem
deduções.”

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Moral da história: o tratamento contábil (de realizar uma dedução da receita no orçamento) aplicável a esses recursos
que, a princípio, não sejam próprios do ente arrecadador (em decorrência de transferências constitucionais e legais) não
configura desobediência ao princípio do orçamento bruto!
Essa é a principal lição que você deve tirar daqui!

Mas...

Alguns entes (vamos chamá-los de “os teimosos”) podem optar pela inclusão dessa receita no orçamento, dizendo:
“não, não quero colocar no meu orçamento somente o valor que me pertence junto com uma dedução da receita. Eu
quero colocar no meu orçamento o valor total da receita que eu arrecadar”.
Pode fazer isso?

Pode! Caso o ente arrecadador faça essa opção, o recebimento será integralmente computado como receita (sem
dedução orçamentária), sendo efetuada uma despesa orçamentária quando da entrega ao beneficiário para
balancear os recursos que lhe são próprios.
Então veja só: quando se tratar de recursos cuja tributação e arrecadação competem a um ente da federação, mas que
são atribuídos a outros entes, o ente arrecadador (que será o ente transferidor) pode optar por um dos seguintes
tratamentos:
a) o ente arrecadador coloca no seu orçamento apenas o valor que lhe pertence e registra os recursos de terceiros
como dedução da receita (e isso não configura desobediência ao princípio do orçamento bruto); ou
b) o ente arrecadador inclui no seu orçamento todos os valores arrecadados (mesmo os recursos que pertençam a
terceiros). Nesse caso, o recebimento será integralmente computado como receita (sem dedução orçamentária),
sendo efetuada uma despesa orçamentária quando da entrega ao beneficiário para balancear os recursos que lhe são
próprios.
“Professor, mas e o § 1º do art. 6º, da Lei 4.320/64?”

De fato, esse dispositivo fala que:

Art. 6º, § 1º As cotas de receitas que uma entidade pública deva transferir a outra incluir-se-ão, como despesa, no
orçamento da entidade obrigada a transferência e, como receita, no orçamento da que as deva receber.
Mas, como você acabou de ver, nem todas as transferências serão obrigatoriamente tratadas como despesa no
orçamento do ente arrecadador. O MCASP é válido, da mesma forma que é a Lei 4.320/64. Veja que o MCASP trata
apenas de um caso especial: recursos cuja tributação e arrecadação competem a um ente da federação, mas que são
atribuídos a outros entes. Já a Lei 4.320/64 é o “caso geral”.
Portanto, se o enunciado da questão pedir que você julgue com base na Lei 4.320/64 (e vou até mais longe: se o
enunciado for silente), então você vai considerar o que está na Lei 4.320/64: você vai dizer que dizer que as cotas de
receitas de transferência obrigatória entre entes públicos devem ser incluídas como despesa no orçamento do ente
transferidor e como receita no orçamento do ente que receber os recursos. Se vier uma cópia literal da Lei 4.320/64,
obviamente você vai marcar "certo”. E se vier algum trecho do item 3.6.1.2 do MCASP, nos termos do que foi explicado
acima, você agora já está ciente desse detalhe e pode marcar "certo” também!

Questões para fixar

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FCC – TRT-15ª – Técnico Judiciário – 2018

Todo o processo do orçamento público está orientado por princípios sobre os quais é correto afirmar que:

As deduções devem ser consideradas apenas para o balanceamento das transferências intragovernamentais por força
do princípio do orçamento bruto.
Comentários:

Nada disso! As deduções não devem ser consideradas para coisa alguma!

Vamos colocar aqui, de novo, o artigo 6º da Lei 4.320/64, só para garantir 😄:

Art. 6º Todas as receitas e despesas constarão da Lei de Orçamento pelos seus totais, vedadas quaisquer deduções.

A questão estava querendo dizer o seguinte: se o órgão A tem que transferir R$ 100.000,00 para o órgão B e o órgão B
tem que transferir R$ 20.000,00 para A, então vamos logo deduzir e considerar que A só tem que transferir R$
80.000,00 para B. Mas, pelo princípio do orçamento bruto, você já sabe que isso não é possível. Nesse exemplo,
registra-se R$ 100.000,00 saindo de A e registra-se R$ 20.000,00 saindo de B. Ok? 😉
Gabarito: Errado

CEBRASPE – TCE-RJ – Analista de Controle Externo – 2021

Acerca das disposições da Lei Complementar n.º 101/2000 (Lei de Responsabilidade Fiscal) e da Lei n.º 4.320/1964, de
transferências voluntárias e de infrações administrativas contra as leis de finanças públicas, julgue o seguinte item.
As cotas de receitas de transferência obrigatória entre entes públicos devem ser incluídas como despesa no orçamento
do ente transferidor.
Comentários:

Leu o enunciado direitinho? Ele pediu que você julgasse com base na Lei 4.320/64, não foi?

Então nossa resposta está aqui:

Art. 6º, § 1º As cotas de receitas que uma entidade pública deva transferir a outra incluir-se-ão, como despesa, no
orçamento da entidade obrigada a transferência e, como receita, no orçamento da que as deva receber.
Gabarito: Certo

CEBRASPE – IPHAN – Auxiliar institucional – 2018

Acerca dos princípios orçamentários, julgue o item seguinte.

Operação de transferência de recursos entre entes federativos não fere o princípio do orçamento bruto. Nesse caso, os
recursos deverão ser incluídos como despesa no orçamento do ente que transfere e, como receita, no orçamento
daquele que os receber.
Comentários:

Enunciado silente. E ele não falou no caso especial de recursos cuja tributação e arrecadação competem a um ente da
federação, mas que são atribuídos a outros entes.
Então vamos considerar a regra geral, da Lei 4.320/64:

Art. 6º, § 1º As cotas de receitas que uma entidade pública deva transferir a outra incluir-se-ão, como despesa, no
orçamento da entidade obrigada a transferência e, como receita, no orçamento da que as deva receber.

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Gabarito: Certo

CEBRASPE – MPC-SC - Técnico em Atividades Administrativas – 2022

A respeito do orçamento público no Brasil e das leis de natureza orçamentária, julgue o item a seguir.

Conforme o princípio do orçamento bruto, as cotas de receitas que uma entidade pública deva transferir a outra devem
ser incluídas como despesa, no orçamento da entidade obrigada à transferência, e como receita, no orçamento da que
as deva receber.
Comentários:

De novo, aplicação da regra do art. 6º, § 1º, da Lei 4.320/64.

Gabarito: Certo

Princípio do Orçamento Bruto: todas as receitas e despesas constarão da LOA pelos seus valores
totais, vedadas quaisquer deduções. Registra-se pelos seus valores brutos, e não pelos
seus valores líquidos.

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Aula 2: Princípios Orçamentários

Princípio da Anualidade
(ou Periodicidade)
Segundo o princípio da anualidade ou periodicidade, o orçamento deve ser elaborado e autorizado para um
determinado período de tempo, afinal não se faz um orçamento para sempre, ad aeternum. Como se planejaria para
uma coisa dessas? Você poderia me dizer exatamente qual será sua receita e com o que você vai gastar dinheiro daqui a
50 anos? 🧐 Por isso, é necessário que o orçamento se renove!
“Beleza, professor. Então o orçamento se renova, entendi. E que período de tempo é esse?”

Chamamos esse período de exercício financeiro!

Aqui no Brasil, de acordo com o artigo 34 da Lei 4.320/64, o exercício financeiro coincidirá com o ano civil, que é o ano
normal que nós conhecemos: começando em 1º de janeiro e terminando em 31 de dezembro.
No entanto, não é assim em todos os países do mundo. Nos Estados Unidos, por exemplo, o exercício financeiro
começa em 1º de outubro e termina em 30 de setembro. Na Inglaterra e na Alemanha, o exercício financeiro vai de 1º de
abril a 31 de março.
É por isso que o princípio da anualidade, em seu sentido histórico, está relacionado ao exercício financeiro, e não ao
ano civil.

Preste atenção!

O princípio da anualidade está relacionado ao exercício financeiro, e não ao ano civil.

O que acontece é que, por força da Lei 4.320/64, o exercício financeiro brasileiro coincide com o ano civil. Mas o
princípio da anualidade propriamente dito não está relacionado com o ano civil. É tanto que, se a Lei 4.320/64 fosse
alterada e o novo exercício financeiro do Brasil fosse de 1º de outubro a 30 de setembro (igual ao dos Estados Unidos), o
princípio da anualidade não seria infringido.
“Por que não seria infringido?”

Bom. Você notou algo em comum entre todas essas datas? Todos esses períodos são de 12 meses! De acordo com o
princípio da anualidade (ou periodicidade) o orçamento deve ser elaborado e autorizado para um determinado período
de tempo, que geralmente é de um ano (12 meses). O princípio não fala que o orçamento deve ser elaborado e
autorizado para o ano civil. Portanto, não interessa se aqui no Brasil o exercício financeiro começasse em outra data
(não coincidindo com o ano civil): se o exercício financeiro durasse 12 meses, o princípio da anualidade continuaria
sendo respeitado.

Preste atenção!

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Para o princípio da anualidade o que importa é a duração do exercício financeiro (que geralmente é de 12 meses), e não
a data de início deste.

“Beleza. E esse princípio da anualidade ou periodicidade tem exceções, professor?”

Tem sim! Você está lembrando dos três tipos de créditos adicionais?

Suplementares;

Especiais; e

Extraordinários.

Pois bem. Os créditos suplementares são aqueles da exceção ao princípio da exclusividade (a LOA poderá conter
autorização para abertura de créditos suplementares).
Já os especiais e extraordinários são as exceções aqui do princípio da anualidade. Vamos primeiro dar uma olhadinha
no que diz a nossa querida CF/88:

Art. 167, § 2º Os créditos especiais e extraordinários terão vigência no exercício financeiro em que
forem autorizados, salvo se o ato de autorização for promulgado nos últimos quatro meses daquele
exercício, caso em que, reabertos nos limites de seus saldos, serão incorporados ao orçamento do
exercício financeiro subsequente.

Traduzindo: os créditos adicionais especiais e extraordinários autorizados nos últimos quatro meses do exercício
podem ser reabertos no exercício seguinte pelos seus saldos e viger até o término desse exercício financeiro.

Por exemplo: em outubro de 2018, foi aberto um crédito especial no valor de R$ 100.000,00, mas até o final de 2018
utilizou-se somente R$ 30.000,00 de sua dotação. Se for preciso, é possível reabrir esses mesmos créditos especiais em
janeiro de 2019 e usá-los até o final de 2019, mas somente no limite de seus saldos, ou seja, somente R$ 70.000,00.
Perceba que o crédito acabou vigendo por mais 12 meses e ele não ficou limitado àquele exercício financeiro,
contrariando o princípio da anualidade, mas essa é exatamente a exceção a esse princípio! Esse crédito especial será
incorporado ao orçamento do exercício financeiro de 2019.

Dessa forma, temos três situações possíveis:

1. Créditos orçamentários iniciais e créditos adicionais suplementares: vigência sempre dentro do exercício
financeiro;
2. Créditos especiais e extraordinários cujo ato de autorização tenha sido promulgado até 31 de agosto (não
nos últimos quatro meses daquele exercício financeiro): vigência sempre dentro do exercício financeiro;
3. Créditos especiais e extraordinários cujo ato de autorização tenha sido promulgado entre 1º de setembro e
31 de dezembro (nos últimos quatro meses daquele exercício financeiro): vigência poderá ultrapassar aquele
exercício financeiro, indo até o final do exercício financeiro subsequente.

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Aula 2: Princípios Orçamentários

Esquematizando:

Ah! E não vá confundir o princípio da anualidade orçamentária com o princípio da anualidade tributária, e nem com o
princípio da anterioridade tributária.
Vou diferenciar aqui para você:

Anualidade orçamentária: é esse que estamos estudando aqui. O orçamento deve ser elaborado e
autorizado para um determinado período de tempo, geralmente de 12 meses, chamado de exercício
financeiro.
Anualidade tributária: todo ano deveria haver autorização na LOA para a arrecadação de tributos, ou seja,
para que um tributo fosse cobrado de alguém, deveria haver autorização na LOA. Falei “deveria”, porque
esse princípio não está mais em vigência! Ele não existe mais. Para provar isso, vou lhe mostrar a Súmula 66
do Supremo Tribunal Federal (STF): “é legítima a cobrança do tributo que houver sido aumentado após o
orçamento, mas antes do início do respectivo exercício financeiro.”
Anterioridade tributária: nenhum tributo pode ser cobrado no mesmo exercício em que foi majorado ou
instituído. Em outras palavras: é vedada a cobrança de tributos no mesmo exercício financeiro em que haja
sido publicada a lei que os instituiu ou aumentou. Esse princípio existe para evitar a “surpresa” do
contribuinte e dar tempo para que ele se planeje.

Observação: alguns autores defendem a existência do princípio da anterioridade (ou da precedência) orçamentária, o
qual recomenda que o orçamento seja aprovado antes do início do exercício financeiro a que servirá.

E para fechar: esse princípio também é um dos três que estão expressos no artigo 2º da Lei 4.320/64 (unidade,
universalidade e anualidade). Veja você mesmo:

Art. 2° A Lei do Orçamento conterá a discriminação da receita e despesa de forma a evidenciar a política
econômica financeira e o programa de trabalho do Governo, obedecidos os princípios de unidade
universalidade e anualidade.

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CEBRASPE – TCE-PE – Analista de Controle Externo – 2017

Em relação às técnicas e aos princípios do orçamento público, julgue o item a seguir.

Em decorrência do princípio da anualidade orçamentária, os créditos orçamentários, ordinários ou adicionais abertos


para determinado exercício financeiro possuem vigência restrita ao ano civil, sem qualquer exceção.
Comentários:

Sem qualquer exceção? 🤨

Nada disso! Tem exceções sim! Lembre-se que os créditos adicionais especiais e extraordinários cujo ato de autorização
for promulgado nos últimos quatro meses de um exercício, poderão ser reabertos, no exercício subsequente, nos
limites de seus saldos. Nesse caso, eles serão incorporados ao orçamento do exercício financeiro subsequente e,
portanto, terão vigência até o término deste. Você encontra isso na CF/88, art. 167, § 2º.
A questão falou que todos os créditos (ordinários ou adicionais) terão vigência restrita ao ano civil, e nós acabamos de
ver que isso está errado.
Gabarito: Errado

CEBRASPE – MPU - Analista - Planejamento e Orçamento – 2013

O princípio da anualidade estabelece que as autorizações orçamentárias e, consequentemente, o exercício financeiro


no Brasil devem corresponder a doze meses e coincidir com o ano civil. Contudo, constitui exceção ao princípio
mencionado a autorização para os créditos reabertos.
Comentários:

É isso mesmo! O princípio da anualidade (ou periodicidade) delimita o exercício financeiro orçamentário (período de
tempo ao qual a previsão das receitas e a fixação das despesas registradas na LOA irão se referir), o qual,
especificamente no Brasil, por força do artigo 34 da Lei 4.320/64, coincidirá com o ano civil. Ademais, os créditos
adicionais reabertos no exercício seguinte são mesmo exceções a esse princípio. Questão toda correta!
Gabarito: Certo

Princípio da Anualidade (ou Periodicidade): o orçamento deve ser elaborado e autorizado para um
determinado período de tempo, geralmente de 12 meses, chamado de exercício financeiro.
Exceções: créditos especiais e extraordinários autorizados nos últimos quatro meses do exercício
poderão ser reabertos, nos limites de seus saldos, e incorporar-se-ão ao exercício financeiro
subsequente.

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Aula 2: Princípios Orçamentários

Princípio da especificação (especialização ou


discriminação)
O princípio da especificação determina que, na LOA, as receitas e despesas devem ser discriminadas (detalhadas). Em
seu sentido histórico, o princípio preceitua que o orçamento público deve ser discriminado (ou especificado), devendo
as receitas e despesas ser autorizadas não em bloco, mas de forma detalhada. Assim, é possível conferir exatamente
de onde está vindo e para onde está indo o dinheiro público. Ou seja: o orçamento vai demonstrar a origem e a
aplicação dos recursos públicos.
Imagine se a receita fosse demonstrada simplesmente assim:

Receita: R$ 1.000.000.000,00.

Ok, mas de onde vem toda essa receita? De impostos? Taxas? Contribuições? Serviços? Todos os anteriores? Quanto de
cada?
E se a despesa fosse demonstrada simplesmente assim:

Despesa: R$ 1.000.000.000,00.

Sim, mas o governo vai fazer o que com todo esse dinheiro? Há uma infinidade de coisas para fazer: remunerar pessoal,
construir hospitais e escolas, realizar atividades da administração tributária, pagar dívidas... Tudo isso tem que ser
detalhado!
A título de exemplo, dê uma olhadinha em um dos anexos do orçamento da União:

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Repare na palavra que está marcada de amarelo lá em cima. 😏

Beleza. E onde está esse princípio na legislação brasileira?

Ele não está na CF/88, portanto não possui status constitucional. Ele está na Lei 4.320/64, observe:

Art. 2° A Lei do Orçamento conterá a discriminação da receita e despesa de forma a evidenciar a


política econômica financeira e o programa de trabalho do Governo, obedecidos os princípios de
unidade universalidade e anualidade.
Art. 5º A Lei de Orçamento não consignará dotações globais destinadas a atender indiferentemente a
despesas de pessoal, material, serviços de terceiros, transferências ou quaisquer outras, ressalvado o
disposto no artigo 20 e seu parágrafo único.
Art. 15. Na Lei de Orçamento a discriminação da despesa far-se-á no mínimo por elementos.

Veja que o princípio veda as autorizações de despesas globais!

“E pra que fazer isso professor? Pra que fazer essa discriminação, essa especificação? Por que não pode ter essas dotações
globais?”
Ora! Transparência e controle! É para isso! 😃

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Lembra daquele exemplo da conta do restaurante? É mais fácil controlar a conta se ela vier toda detalhada ou se ela
informar somente o total? Claro que é se ela vier detalhada!

Vou lhe dar outro exemplo: você e seus amigos vão a um barzinho e cada um faz o seu pedido. Um pediu água, outro
pediu refrigerante, outro pediu vodka e o último pediu leite (leite no barzinho? 🤨😂 ). Obviamente cada bebida tem
um preço diferente. Vocês pedem a conta e ela vem assim:
Bebidas, 4 unidades = R$ 100,00.

E agora? Esse cálculo tá certo? Que leite caro foi esse? 😂

Quando a conta vem assim, fica difícil controlar. Seria muito mais fácil se as bebidas viessem discriminadas, uma por
uma, com o seu respectivo preço.

No orçamento é do mesmo jeito! É por isso que afirmamos que o princípio da especificação surgiu para proporcionar
maior transparência ao processo orçamentário e facilitar o acompanhamento e controle do gasto público, evitando
a famosa “ação guarda-chuva”, que é genérica e abrange tudo no mundo! 😅

Aprofundando

Veja como é interessante e elucidativa a definição do princípio da especificação que consta no sítio eletrônico da
Câmara dos Deputados:
“As receitas e as despesas devem ser evidenciadas na lei orçamentária de forma discriminada, de tal forma que se possa
saber, pormenorizadamente, as origens dos recursos e sua aplicação. A regra objetiva de facilitar a função do controle
político do gasto público, pois inibe autorizações (dotações) genéricas, com finalidade aberta, e que propiciam
demasiada flexibilidade e arbítrio ao Poder Executivo. Desse modo, ao se exigir especificação do gasto, permite-se mais
transparência ao contribuinte.”
Só para você ver que eu não estou colocando isso no curso à toa, dá uma olhada nestas questões:

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Aula 2: Princípios Orçamentários

CEBRASPE – TCE-PR – Analista de controle – 2016

As finalidades do princípio da discriminação incluem fornecer detalhamento de receitas e despesas e prestar suporte ao
trabalho daqueles que fiscalizam as finanças públicas.
Comentários:

Exatamente! Essa é uma das finalidades do princípio da discriminação. Quando está tudo detalhado, discriminado, é
mais fácil fiscalizar. O detalhamento facilita o trabalho dos parlamentares, dos auditores de controle externo, e da
sociedade também (controle social)!
Gabarito: Certo

FGV – TJ-RO - Analista Judiciário - Administrador – 2021

Na apresentação da lei orçamentária, as receitas e as despesas devem ser evidenciadas de tal forma que se possa
identificar as origens dos recursos e sua aplicação. Essa orientação favorece o controle político do gasto público, pois
inibe autorizações genéricas, com finalidade aberta, e que propiciam demasiada flexibilidade e arbítrio ao Poder
Executivo.
Essa orientação está intimamente relacionada ao princípio orçamentário da:

A) exatidão;

B) exclusividade;

C) especialização;

D) totalidade;

E) universalidade.

Comentários:

O princípio da especificação (discriminação ou especialização) determina que, na LOA, as receitas e despesas devem ser
discriminadas (detalhadas). As receitas e despesas ser autorizadas não em bloco, mas de forma detalhada. Assim, é
possível conferir exatamente de onde está vindo e para onde está indo o dinheiro público. Ou seja: o orçamento vai
demonstrar a origem e a aplicação dos recursos públicos.
Por isso, é o princípio da especialização (alternativa C) que preceitua que “as receitas e as despesas devem ser
evidenciadas de tal forma que se possa identificar as origens dos recursos e sua aplicação”.
Gabarito: C

Existem duas exceções ao princípio da especificação:

1. Programas Especiais de Trabalho (PET);

2. Reserva de Contingência.

Os Programas Especiais de Trabalho (PET) são grandes investimentos públicos que, por sua complexidade e
abrangência, não podem ter toda a sua composição de despesas explicitadas de antemão. Os PET que, por sua

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natureza, não possam cumprir-se subordinadamente às normas gerais de execução da despesa poderão ser custeados
por dotações globais.

Simplificando: não é possível executar esses PET na forma convencional, pois eles são muito grandes e
complexos. Por isso eles precisam de dotações globais.

Essa é a ressalva que está no artigo 5º (transcrito anteriormente), prevista no artigo 20, parágrafo único, da Lei
4.320/64:

Art. 20, Parágrafo único. Os programas especiais de trabalho que, por sua natureza, não possam
cumprir-se subordinadamente às normas gerais de execução da despesa poderão ser custeadas por
dotações globais, classificadas entre as Despesas de Capital.

Já a reserva de contingência é uma reserva que serve para cobrir contingências.

“Não me diga, professor!” 😒

Pois é... 😂 Essa reserva serve para cobrir uma possível perda futura.

Por exemplo: um agricultor sabe que, eventualmente, poderá passar por uma seca (um período de
estiagem) e poderá perder a sua safra. Por isso seria inteligente de sua parte ter uma reserva de
contingência.

Muito bem. Não se pode dizer exatamente com que essa reserva de contingência será utilizada e nem quando ela será
utilizada, porque não se sabe o que vai acontecer no futuro.
Então como especificar isso?

Resposta: não dá! Como especificar algo que não é passível de especificação? 🧐

Por exemplo: o agricultor não sabe se vai acontecer uma seca, um incêndio ou uma praga. Nem sabe se vai ser em 2019,
2020 ou 2021.

Por isso que a reserva de contingência é uma dotação global para atender a passivos contingentes e outras despesas
imprevistas. É uma dotação genérica, não especificada, sem aplicação definida, a partir da qual o poder público pode
atender a passivos contingentes (a exemplo de pagamentos devidos a execuções judiciais) ou executar novas
dotações, por meio de créditos adicionais.
Vale lembrar que a dotação da reserva de contingência nunca é executada! Ela, no máximo, serve como fonte para
abertura de créditos adicionais. Veja só o que diz o MCASP 8ª edição:

“A classificação da Reserva de Contingência, destinada ao atendimento de passivos contingentes e


outros riscos, bem como eventos fiscais imprevistos, e da Reserva do Regime Próprio de Previdência Social,
quanto à natureza da despesa orçamentária, serão identificadas com o código “9.9.99.99”, conforme
estabelece o parágrafo único do art. 8º da Portaria Interministerial STN/SOF nº 163, de 2001. Todavia, não
são passíveis de execução, servindo de fonte para abertura de créditos adicionais, mediante os quais
se darão efetivamente a despesa que será classificada nos respectivos grupos.”

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Você acha que isso não cai em prova?

Pois veja esta questão:

FGV – CGU – Auditor Federal de Controle Externo – 2022

As A Lei nº 14.194, de 20 de agosto de 2021, que dispõe sobre as diretrizes para a elaboração e a execução da Lei
Orçamentária de 2022 no âmbito da União, definiu que a Reserva de Contingência será constituída de recursos do
Orçamento Fiscal, em montante equivalente a 0,2% da receita corrente líquida constante do Projeto de Lei
Orçamentária de 2022.
Ao avaliar a definição e a destinação dessa reserva, os técnicos da área de controle orçamentário, conforme legislação
pertinente, considerarão que a Reserva de Contingência:
A) deve ser destinada para a cobertura de emendas parlamentares impositivas;

B) deve ter anulação restrita à cobertura de créditos adicionais especiais;

C) é limitada ao atendimento de passivos contingentes previstos na LOA;

D) não está sujeita à execução direta durante o exercício financeiro;

E) pode ser incluída em grupo de despesa de natureza corrente ou de capital.

Comentários:

De acordo com o MCASP 9ª edição, a reserva de contingência não é passível de execução, mas serve de fonte para
abertura de créditos adicionais. Por isso, ela não está sujeita à execução direta durante o exercício financeiro.
Gabarito: D

Viu? Há um motivo para essa informação estar na aula.

Pois bem.

Agora deixa eu transcrever novamente o artigo 15 da Lei 4.320/64:

Art. 15. Na Lei de Orçamento a discriminação da despesa far-se-á no mínimo por elementos.

Quero destacar o seguinte: hoje, a LOA não traz mais o detalhamento das despesas em nível de elemento de despesa,
mas sim até a modalidade de aplicação. Essa modificação foi introduzida pela Portaria STN/SOF 163/01, com o
objetivo de proporcionar à Administração Pública maior flexibilidade de ação para a solução de novo problemas que o
governo deve enfrentar.
Na classificação por natureza da despesa, as despesas são detalhadas na seguinte ordem:

1. Categoria Econômica;

2. Grupo de Despesa;

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3. Modalidade de aplicação;

4. Elemento de despesa;

5. Detalhamento da despesa.

“Professor, vou falar a verdade: não estou entendo isso muito bem!”

Calma. Você vai entender isso bem melhor quando estudar as classificações da despesa.

Por ora, o que você já pode gravar é que: na LOA, as despesas devem ser detalhadas até a modalidade de aplicação.

Por último, quero acrescentar algo que está na nossa LRF:

Art. 5º, § 4º É vedado consignar na lei orçamentária crédito com finalidade imprecisa ou com
dotação ilimitada.

Esse dispositivo representa um reforço do princípio da especificação.

FCC – DPE-AM – Assistente Técnico de Defensoria – 2018

Entre os princípios orçamentários podemos destacar o da especificação, também conhecido como da especialidade ou
discriminação, o qual, entre outros efeitos, enseja a vedação a autorizações de despesa genéricas, exigindo a
discriminação, ao menos, por elementos.
Comentários:

Esse é o princípio da especificação, especialidade ou discriminação. Ele veda dotações globais, créditos com
finalidades imprecisas e dotações ilimitadas (segundo o disposto no artigo 5º da Lei 4.320/64, e no artigo 5º, § 4º, da
LRF).
Além disso, de acordo com o artigo 15 da Lei 4.320/64, a discriminação da despesa far-se-á no mínimo por elementos.
Ressalte-se que o texto da lei está, sim, vigente, por isso a questão está correta. No entanto, a interpretação dada à
palavra “elementos” é que mudou de 1964 para cá, principalmente por conta do aumento e extensão das funções e
responsabilidades governamentais. Foi por isso que a Portaria STN/SOF 163/01 foi editada. Mas grave o seguinte: hoje,
na LOA, as despesas devem ser detalhadas até a modalidade de aplicação.
Gabarito: Certo

Princípio da especificação (especialização ou discriminação): na LOA, as receitas e despesas devem ser


discriminadas (detalhadas). Exceções: Programas Especiais de Trabalho (PET) e Reserva de
Contingência.

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