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Administração Financeira e Orçamentária @profsergiomachado

AFO na CF/88

AFO na Constituição Federal


Administração Financeira e Orçamentária (AFO)

Prof. Sérgio Machado


Prof. Marcel Guimarães
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Sumário
APRESENTAÇÃO ................................................................................................................................. 4

COMPETÊNCIA LEGISLATIVA (ART. 24) ................................................................................................. 5

MEDIDAS PROVISÓRIAS (ART. 62) ........................................................................................................ 8

LEI COMPLEMENTAR (ART. 163, 164-A, 165 E 169) ............................................................................... 10

MOEDA E BANCO CENTRAL (ART. 164) ............................................................................................... 15

INSTRUMENTOS DE PLANEJAMENTO GOVERNAMENTAL – PPA, LDO E LOA (ART. 165 E 166) ................ 18

EMENDAS IMPOSITIVAS (ART. 166) .................................................................................................... 36

TRANSFERÊNCIA DE RECURSOS POR MEIO DE EMENDAS INDIVIDUAIS IMPOSITIVAS (EMENDA CONSTITUCIONAL 105/19 – ART.
166-A) .................................................................................................................................................................. 52

VEDAÇÕES CONSTITUCIONAIS (ART. 167) .......................................................................................... 59

RECURSOS DESTINADOS AOS ÓRGÃOS DOS DEMAIS PODERES (ART. 168) .......................................... 73

DESPESAS COM PESSOAL (ART. 169) ................................................................................................. 75

AUMENTO DE DESPESAS COM PESSOAL ............................................................................................................... 76


NÃO OBSERVÂNCIA DOS LIMITES DE DESPESAS COM PESSOAL .................................................................................. 76

LEGISLAÇÃO VISTA NA AULA: CONSTITUIÇÃO FEDERAL “SECA” ......................................................... 80

QUESTÕES COMENTADAS – CESPE .................................................................................................... 90

LISTA DE QUESTÕES – CESPE ........................................................................................................... 103

GABARITO – CESPE .......................................................................................................................... 107

RESUMO DIRECIONADO .................................................................................................................. 108

REFERÊNCIAS ................................................................................................................................. 119

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Dica de um concursado para um concurseiro


Não existe melhor método de estudo. Existe o melhor método de estudo para você!

Ciclos, revisões, técnicas de leitura e de resolução de questões são todos muito legais e você deve escutar
pessoas que têm conhecimento do assunto. Isso pode lhe ganhar muito tempo em sua preparação!

Agora, o que você não deve ficar fazendo é ficar sempre caçando aquele novo e melhor método de estudo.
Encontrou algo recomendado por especialistas e que funciona para você? Pronto! Só continue estudando.

Cada pessoa aprende de uma forma diferente. Alguns gostam de mapas mentais, outros preferem
resumos, outros preferem a letra da lei.

Enfim, encontre algo que funcione para você e estude! Essa é a dica!

Não existe melhor método de estudo. Existe melhor método de estudo para você!

Mentalidade dos campeões 🏆

Pessoas de sucesso não nascem assim. Elas se tornam bem-sucedidas estabelecendo o hábito de fazer coisas que
pessoas sem sucesso não gostam de fazer

Sabe qual é uma coisa que as pessoas sem sucesso não gostam de fazer? ESTUDAR!

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Apresentação
A Constituição Federal de 1988 atribuiu grande importância às finanças públicas e aos orçamentos. É
tanto que há um capítulo e uma seção só para isso! Trata-se da Seção II (dos orçamentos), que fica dentro do
Capítulo II (das finanças públicas), que, por sua vez, fica dentro do Título VI (da tributação e do orçamento).
Assim:

TÍTULO VI

DA TRIBUTAÇÃO E DO ORÇAMENTO

CAPÍTULO II
DAS FINANÇAS PÚBLICAS

Seção I
NORMAS GERAIS

Seção II
DOS ORÇAMENTOS

“Então tudo que é relacionado a AFO está dentro desse capítulo II da Constituição, professor?”

Não, nem tudo relacionado a AFO está lá. Embora os dispositivos mais importantes sejam aqueles que
estão no Capítulo II – das finanças públicas (artigos 163 a 169), há outros artigos relacionados à disciplina de
Administração Financeira e Orçamentária (AFO) espalhados pela Constituição. E é isso que nós vamos ver nesta
aula!

Nesta aula, veremos quase tudo que está relacionado à disciplina de AFO e que está na Constituição
Federal. Digo “quase tudo”, porque o que eu chamo de “Regimes Fiscais Transitórios e Extraordinários” serão
estudados em aula específica. Estou falando do Novo Regime Fiscal, instituído pela Emenda Constitucional
95/2016 (arts. 106 a 114, do ADCT); do regime fiscal “facultativo” para Estados e Municípios instituído pela
Emenda Constitucional 109/21 (art. 167-A, da CF/88); e do regime fiscal extraordinário em caso de calamidade
pública, também instituído pela Emenda Constitucional 109/21 (arts. 167-B a 167-G), da CF/88).

Os “regimes fiscais transitórios e extraordinários” serão estudados em aula específica.

Ah! Diversas vezes as questões irão se ater à literalidade da Constituição Federal. Por isso, vou trazer os
dispositivos na íntegra e praticamente na ordem em que eles são apresentados, comentado quando necessário.
E, ao final da aula, também trago a “lei seca”, ou, nesse caso, “Constituição Federal seca”, com todos os
dispositivos pertinentes à nossa disciplina que foram apresentados na aula (na ordem em que aparecem na
CF/88). Esse tipo de leitura também é importante. E você também pode usar essa seção para fazer suas revisões
ou como um resumo, sempre disponível para consulta.
Vamos lá?

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Competência legislativa (art. 24)


Vamos começar com uma pergunta: de quem é a competência para legislar sobre Direito Financeiro? E
para legislar sobre Orçamento?
A resposta está lá no artigo 24 da gloriosa CF/88, vejamos:

Art. 24. Compete à União, aos Estados e ao Distrito Federal legislar concorrentemente sobre:

I - direito tributário, financeiro, penitenciário, econômico e urbanístico;

II – orçamento; (...)

Não sei vocês, mas eu gosto do mnemônico:

Tri Fi Pen Ec Ur O
Tem gente que gosta do PUFETO (Penitenciário, Urbanístico, Financeiro, Econômico, Tributário e
Orçamento). Escolha o que você achar melhor!

PUFETO
Você deve prestar atenção no seguinte: os municípios não estão inseridos expressamente na
competência concorrente para legislar. Você notou que o caput do artigo 24 somente fala da União, Estados e
Distrito Federal?
Pois é. A banca vai tentar fazer pegadinha aqui. Vai colocar os municípios no meio desse bolo. Não caia
nessa!

“Espera aí, professor. Então os municípios vão ficar fora dessa?”

Não, porque eles possuem competência legislativa suplementar, observe:

Art. 30. Compete aos Municípios:

I - legislar sobre assuntos de interesse local;

II - suplementar a legislação federal e a estadual no que couber; (...)

“É verdade, professor. Você mesmo já disse que os municípios também possuem PPA, LDO e LOA”
Pois é...

Continuando, o artigo 24 ainda nos diz mais:

§ 1º - No âmbito da legislação concorrente, a competência da União limitar-se-á a estabelecer normas


gerais.

§ 2º - A competência da União para legislar sobre normas gerais não exclui a competência suplementar
dos Estados.

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§ 3º - Inexistindo lei federal sobre normas gerais, os Estados exercerão a competência legislativa plena,
para atender a suas peculiaridades.

§ 4º - A superveniência de lei federal sobre normas gerais suspende a eficácia da lei estadual, no que lhe
for contrário.

“Como é isso aí, professor?”

Calma! Vou simplificar pra você.


Funciona assim:

Quem faz as normas gerais é a União. A competência da União se limita a isso!

E essa competência da União não impede os Estados de editarem normas suplementares, ou seja, “não
exclui a competência suplementar dos Estados”.
Caso a União não edite normas gerais, ou seja, “inexistindo lei federal sobre normas gerais”, então cada
Estado pode fazer suas próprias normas gerais, exercendo a sua “competência legislativa plena, para atender
a suas peculiaridades”.

“E se o Estado tiver exercido sua competência legislativa plena e depois a União venha editar normas gerais?
O que acontece, professor?”

Excelente pergunta! Em outras palavras, você está perguntando: e no caso de superveniência de lei
federal sobre normas gerais, o que acontece?

Acontece o seguinte: os dispositivos da lei estadual que forem conflitantes com os dispositivos da lei
federal (somente esses dispositivos e não a lei toda) terão sua eficácia suspensa.

Atenção: a lei não será revogada! Essa é a pegadinha!

Preste atenção!
A superveniência de lei federal sobre normas gerais suspende a eficácia (e não revoga) da lei
estadual, somente no que lhe for contrário (e não toda a lei)

Questões para fixar


CESPE – SEFAZ-RS - Auditor Fiscal da Receita Estadual – 2019

A respeito da organização do Estado, a União, os estados federados e o Distrito Federal podem legislar concorrentemente
sobre

A) direito tributário, financeiro, penitenciário, econômico e urbanístico.

B) ordenamento territorial, mediante planejamento e controle do uso, do parcelamento e da ocupação do solo urbano.

C) combate às causas da pobreza e aos fatores de marginalização, promovendo a integração social dos setores
desfavorecidos.

D) direito civil, comercial, penal, processual, eleitoral, agrário, marítimo, aeronáutico, espacial e do trabalho.

E) política de crédito, câmbio, seguros e transferência de valores.

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Comentários:

Prova de alto nível, mas com uma resolução simples. Observe a alternativa A. Agora observe o disposto na CF/88:

Art. 24. Compete à União, aos Estados e ao Distrito Federal legislar concorrentemente sobre:

I - direito tributário, financeiro, penitenciário, econômico e urbanístico;

É só lembrar do Tri Fi Pen Ec Ur O ou do PUFETO.

Veja que a questão também tomou o cuidado de não citar os municípios, para ficar igualzinha ao artigo 24 da CF/88.

Pronto, já encontramos nosso gabarito. As demais alternativas são temas de direito constitucional! 😆

Gabarito: A

CESPE – PGE-AM - Procurador do Estado – 2018

A competência legislativa municipal suplementar não se estende ao direito financeiro, uma vez que o constituinte, ao
tratar da competência concorrente para legislar sobre tal matéria, não contemplou os municípios.

Comentários:

Opa! A competência legislativa municipal suplementar se estende ao direito financeiro sim! A banca primeiro diz uma
mentira e depois coloca uma justificativa “bonita” para você escorregar! Cuidado!

É verdade que os municípios não estão expressamente inseridos no artigo 24, mas isso não retira deles a sua competência
legislativa suplementar para legislar sobre direito financeiro. Afinal de contas, municípios também possuem orçamento
público, não é mesmo? 😏

Gabarito: Errado

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Medidas Provisórias (art. 62)


Vejamos:

Art. 62. Em caso de relevância e urgência, o Presidente da República poderá adotar medidas provisórias,
com força de lei, devendo submetê-las de imediato ao Congresso Nacional.

§ 1º É vedada a edição de medidas provisórias sobre matéria:

d) planos plurianuais, diretrizes orçamentárias, orçamento e créditos adicionais e suplementares,


ressalvado o previsto no art. 167, § 3º.

Opa! Tem uma ressalva aí! Que ressalva é essa?


É para a abertura de créditos adicionais extraordinários:

Art. 167, § 3º A abertura de crédito extraordinário somente será admitida para atender a despesas
imprevisíveis e urgentes, como as decorrentes de guerra, comoção interna ou calamidade pública,
observado o disposto no art. 62.”

“Créditos adicionais extraordinários, professor? Como assim? O que é isso?”

É o seguinte: “a lei orçamentária é organizada na forma de créditos orçamentários, aos quais são
consignadas dotações”1. Esses são os nossos créditos orçamentários iniciais (ou ordinários), porque eles já
estão consignados na LOA. Já iniciamos o exercício financeiro com tais créditos.
Portanto, os créditos orçamentários são classificações, contas, que especificam as ações e operações
autorizadas pela lei orçamentária. E as dotações são os montantes de recursos financeiros com que conta o
crédito orçamentário.

Como dizem os mestres Teixera Machado e Heraldo Reis: “o crédito orçamentário seria o portador de
uma dotação e esta o limite de recurso financeiro autorizado”. É como se o crédito orçamentário fosse uma
gaveta e a dotação é o limite de dinheiro que pode estar dentro daquela gaveta.

Beleza!

Só que nem sempre a execução sai do jeito que foi planejado! Às vezes a realidade exige que o
planejamento seja alterado, e que o orçamento seja retificado!

“Certo, e aí, professor? Se o orçamento precisar ser retificado, como isso acontece?”

Por meio de créditos adicionais!

1
GIACOMONI, James. Orçamento público, 16ª edição, p. 303.

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Então, resumindo, os créditos orçamentários podem sofrer alterações e os mecanismos utilizados para
fazê-lo são os créditos adicionais. Por isso dizemos que os créditos adicionais são mecanismos retificadores
do orçamento.

Os créditos adicionais são assim chamados, porque eles não vêm junto com a LOA, que é o caso dos
créditos orçamentários iniciais. Eles são adicionados posteriormente! Entendeu o nome agora? Créditos
adicionais!
A Lei 4.320/64 nos dá uma definição de créditos adicionais:

Art. 40. São créditos adicionais, as autorizações de despesa não computadas ou insuficientemente
dotadas na Lei de Orçamento.

E, também de acordo com a Lei 4.320/64:


Art. 41. Os créditos adicionais classificam-se em:

I - suplementares, os destinados a reforço de dotação orçamentária;

II - especiais, os destinados a despesas para as quais não haja dotação orçamentária específica;

III - extraordinários, os destinados a despesas urgentes e imprevistas, em caso de guerra, comoção


intestina ou calamidade pública.

Portanto, temos três “tipos” de créditos adicionais:

1. Suplementares;
2. Especiais; e
3. Extraordinários.

Pronto, agora que você entendeu o que é um crédito extraordinário, voltemos à regra constitucional: a
única matéria de Administração Financeira e Orçamentária (AFO) que pode ser regulada por medida provisória
é abertura de créditos extraordinários. Eu disse extraordinários (não adicionais, não suplementares, não
especiais. Só os extraordinários). Atenção para pegadinhas!

Resumindo
É vedada a edição de medidas provisórias sobre qualquer coisa relacionada a orçamento, exceto
sobre créditos extraordinários.

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Lei Complementar (art. 163, 164-A, 165 e 169)


Vamos começar explicando o óbvio: a lei complementar complementa a Constituição!

“Ó, professor! Não me diga!”


É! Vou dizer!

A Lei Complementar (LC) tem o propósito de complementar a Constituição, explicando, adicionando ou


completando determinado assunto. E a Constituição aponta quais matérias cabem à lei complementar. É como
se ela dissesse:

“Olha, o assunto X precisa ser melhor explicado, precisa ser complementado. E quem vai fazer isso é a lei complementar.
Portanto, cabe à lei complementar dispor sobre o assunto X!”

Muito bem. Você também tem que saber que, enquanto as leis ordinárias são aprovadas por maioria
simples:

Art. 69. As leis complementares serão aprovadas por maioria absoluta.

E tem mais: somente uma lei complementar pode alterar ou revogar outra lei complementar, por conta
de sua matéria específica e de seu quórum diferenciado (maioria absoluta). Afinal você acha justo uma lei que
foi designada pela Constituição Federal para tratar de um assunto e que foi aprovada por maioria absoluta ser
alterada ou revogada por uma lei que não recebeu esse privilégio da Constituição e que pode ser aprovada por
maioria simples?
Não, não é mesmo?!

Conclusão:

Uma lei ordinária não pode alterar ou revogar uma lei complementar!

Então, beleza! Agora é a hora que você pergunta:


“Professor, no âmbito das finanças públicas, o que a CF/88 exige que seja regulado por meio de lei
complementar (LC)? Em outras palavras: o que cabe à lei complementar?”

Uh! Era aqui onde eu precisava chegar.


Em seguida, vou transcrever os dispositivos constitucionais e fazer os devidos comentários (essa parte é
assim mesmo. Tem que saber o que é tema de lei complementar e o que não é. Mas eu destacarei o que é mais
importante, claro! ):

CAPÍTULO II

DAS FINANÇAS PÚBLICAS

Seção I

NORMAS GERAIS

Art. 163. Lei complementar disporá sobre:

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I - finanças públicas;

II - dívida pública externa e interna, incluída a das autarquias, fundações e demais entidades controladas
pelo Poder Público;

III - concessão de garantias pelas entidades públicas;

IV - emissão e resgate de títulos da dívida pública;

V - fiscalização financeira da administração pública direta e indireta;

VI - operações de câmbio realizadas por órgãos e entidades da União, dos Estados, do Distrito Federal e
dos Municípios;

VII - compatibilização das funções das instituições oficiais de crédito da União, resguardadas as
características e condições operacionais plenas das voltadas ao desenvolvimento regional.

VIII - sustentabilidade da dívida, especificando: (Incluído pela Emenda Constitucional nº 109, de 2021)

a) indicadores de sua apuração;

b) níveis de compatibilidade dos resultados fiscais com a trajetória da dívida;

c) trajetória de convergência do montante da dívida com os limites definidos em legislação;

d) medidas de ajuste, suspensões e vedações;

e) planejamento de alienação de ativos com vistas à redução do montante da dívida. Parágrafo


único. A lei complementar de que trata o inciso VIII do caput deste artigo pode autorizar a aplicação
das vedações previstas no art. 167-A desta Constituição.

“Espera aí, professor. Tem alguma lei que trata desses temas aí, não tem?”

Opa! Tem sim. E o nome dela é: Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF).

A LRF dispõe sobre esses assuntos. O artigo 163 serviu de base para a elaboração da LRF. Só não se sabe
se a LRF é a Lei Complementar que vai tratar da sustentabilidade da dívida, uma vez que a regra estabelecida
pelo inciso VIII desse artigo foi incluída somente em 2021, por ocasião da Emenda Constitucional 109/21, ou
seja, 21 anos depois da publicação da LRF. É provável que seja a própria LRF, já que ela trata do assunto nos
seus artigos 29 a 42, mas é possível que futuramente seja editada uma Lei Complementar específica.

A EC 109/21, por sinal, conferiu destaque ao tema do endividamento público. Não poderia ser diferente.
Pela primeira vez na história, a dívida pública brasileira superará, em 2025, 100% do Produto Interno Bruto –
PIB (segundo relatório de projeções da dívida pública, divulgado pelo Ministério da Economia em 30/10/2020).

A crise de 2020, causada pela pandemia do Coronavírus, foi comparada a crises decorrentes de guerras,
dada a sua inescapável depressão econômica dela decorrente. Nesse momento, a saída foi se valer de
operações de crédito para todos os tipos de despesa, inclusive aquelas relacionadas ao custeio da máquina. A
ideia era que o gasto público fosse multiplicador e acelerador do crescimento econômico.

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Só que toda ação estatal tomada em tempos de crise deve ser cuidadosamente sopesada em termos de
comprometimento futuro. Na lição de Harrison Leite:
“(...) não se pode lançar sobre as gerações futuras ônus demasiado sobre a sua autonomia em virtude do
endividamento do Estado, muitas vezes ocorrido sem qualidade. Há um limite de encargos para as gerações
futuras que deve ser sopesado no endividamento ocorrido num contexto de crise econômico-financeira.”

Foi por isso que o legislador constituinte se preocupou com a sustentabilidade da dívida, acrescentando
o artigo 164-A à Constituição Federal (que faz referência à lei complementar prevista lá no artigo 163, VIII,
também incluído pela EC 109/21):

Art. 164-A. A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios devem conduzir suas políticas fiscais
de forma a manter a dívida pública em níveis sustentáveis, na forma da lei complementar referida no
inciso VIII do caput do art. 163 desta Constituição. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 109, de 2021)

Parágrafo único. A elaboração e a execução de planos e orçamentos devem refletir a compatibilidade


dos indicadores fiscais com a sustentabilidade da dívida. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 109,
de 2021)
Veja como os planos e orçamentos (PPA, LDO e LOA) devem considerar a sustentabilidade da dívida
pública. E não basta “colocar isso no papel”. O parágrafo único do artigo 164-A é claro ao dizer que não só a
elaboração mas a execução dos planos e orçamentos deve refletir a compatibilidade dos indicadores fiscais
com a sustentabilidade da dívida.
Já que estamos falando de orçamento, vejamos o que mais deve ser disciplinado por meio de lei
complementar nesse assunto.

Seção II
DOS ORÇAMENTOS
(...)

Art. 165, § 9º Cabe à lei complementar:

I - dispor sobre o exercício financeiro, a vigência, os prazos, a elaboração e a organização do plano


plurianual, da lei de diretrizes orçamentárias e da lei orçamentária anual;

“Já sei, professor. A LRF também trata desses assuntos!”


Huuum! Mais ou menos!
A LRF aborda parcialmente esses temas. Isso quer dizer que a LRF não é a tão sonhada nova lei de
finanças públicas (aquela que irá substituir a Lei 4.320/64), prevista no art. 165, § 9º, I, da CF/88.

Por exemplo: a LRF dispõe sobre PPA, LDO e LOA, mas os prazos de encaminhamento e devolução para sanção dessas
leis orçamentárias (no âmbito da União) em vigor atualmente ainda são aqueles estabelecidos no art. 35 do ADCT.

II - estabelecer normas de gestão financeira e patrimonial da administração direta e indireta bem como
condições para a instituição e funcionamento de fundos.

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III - dispor sobre critérios para a execução equitativa, além de procedimentos que serão adotados quando
houver impedimentos legais e técnicos, cumprimento de restos a pagar e limitação das programações
de caráter obrigatório, para a realização do disposto nos §§ 11 e 12 do art. 166.

O que é execução equitativa? É a execução das programações de caráter obrigatório que que observe
critérios objetivos e imparciais e que atenda de forma igualitária e impessoal às emendas parlamentares
apresentadas.
Quais são os critérios da execução equitativa? É a lei complementar quem vai dizer!

E a lei complementar também vai dispor sobre:

● procedimentos que serão adotados quando houver impedimentos legais e técnicos;


● cumprimento de restos a pagar; e
● limitação das programações de caráter obrigatório.

“E para que tudo isso, professor?”


Para realizar o disposto nos §§ 11 e 12 do art. 166.

“E esses dispositivos falam sobre o quê?”

Sobre emendas parlamentares impositivas! O pedacinho de orçamento impositivo que temos dentro
do nosso orçamento autorizativo! Eis os mencionados dispositivos:

Art. 166, § 11. É obrigatória a execução orçamentária e financeira das programações a que se refere o § 9º deste artigo, em
montante correspondente a 1,2% (um inteiro e dois décimos por cento) da receita corrente líquida realizada no exercício
anterior, conforme os critérios para a execução equitativa da programação definidos na lei complementar prevista no
§ 9º do art. 165.

Art. 166, § 12. A garantia de execução de que trata o § 11 deste artigo aplica-se também às programações incluídas por
todas as emendas de iniciativa de bancada de parlamentares de Estado ou do Distrito Federal, no montante de até 1%
(um por cento) da receita corrente líquida realizada no exercício anterior.

Viu aí onde estão definidos os critérios para a execução equitativa da programação?

Muito bem!

Para que mais a CF/88 exige lei complementar, no âmbito das finanças públicas?
Limites da despesa com pessoal! Senão vejamos:

Art. 169. A despesa com pessoal ativo e inativo e pensionistas da União, dos Estados, do Distrito Federal
e dos Municípios não pode exceder os limites estabelecidos em lei complementar.

Então, os limites para despesa com pessoal são estabelecidos onde?

Em lei complementar! Mais especificamente na Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF), em seus artigos 19
e 20.

Ah! Então é assim:

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Limites da Lei
despesa com complementar
pessoal (LRF)

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Moeda e Banco Central (art. 164)


Art. 164. A competência da União para emitir moeda será exercida exclusivamente pelo banco central.

A União detém a competência para emitir moeda (CF/88, art. 21, VII).
Certo. E essa competência, essa emissão de moeda pode ser feita por qualquer um?

NÃO! Somente pelo banco central! É uma competência exclusiva do banco central. Não é do Banco
do Brasil. É do Banco Central!

§ 1º É vedado ao banco central conceder, direta ou indiretamente, empréstimos ao Tesouro Nacional e


a qualquer órgão ou entidade que não seja instituição financeira.

Entenda o seguinte:

O banco central é o banco dos bancos 🏦

Se você entender isso, então você conclui que o banco central só pode emprestar dinheiro para
instituições financeiras. E, por isso, não pode emprestar para o Tesouro Nacional e nem para órgão ou entidade
que não seja instituição financeira.

Então, nós perguntamos:

● se for instituição financeira, pode receber empréstimo do Bacen? PODE! 😃


● se não for instituição financeira, pode receber empréstimo do Bacen? NÃO! 😤

Lembre-se: a proibição é para a concessão de empréstimos a qualquer órgão ou entidade que não seja
instituição financeira.

§ 2º O banco central poderá comprar e vender títulos de emissão do Tesouro Nacional, com o objetivo de
regular a oferta de moeda ou a taxa de juros.

“Que é isso, professor? Comprar e vender títulos de emissão do Tesouro Nacional? Regular a oferta de moeda
ou a taxa de juros?”
É isso mesmo. O banco central regula a oferta de moeda e a taxa de juros por meio da compra e venda de
títulos de emissão do Tesouro Nacional.

Pense na lei da oferta e da procura (lá da disciplina de economia). Quando há muita oferta de um
produto, o seu preço é baixo. Quando há pouca oferta de um produto, o seu preço é alto. Agora imagine que a
moeda é esse produto. Quando há muita moeda circulando, o preço da moeda é baixo. Quando há pouca
moeda circulando, o preço da moeda é alto.

“E o que é esse preço da moeda, professor?”

É a taxa de juros. A taxa de juros é o preço da moeda.


Portanto,

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● Se o banco central quer reduzir a oferta de moeda (e aumentar a taxa de juros), ele vai vender
títulos de emissão do Tesouro Nacional: as pessoas vão entregar a sua moeda e receber títulos.
Isso vai retirar moeda de circulação, enxugando o mercado;
● Se o banco central quer aumentar a oferta de moeda (e reduzir a taxa de juros), ele vai comprar
títulos de emissão do Tesouro Nacional: o banco central vai entregar a sua moeda (que não estava
em circulação) e pegar títulos. Agora essa moeda estará em circulação.

§ 3º As disponibilidades de caixa da União serão depositadas no banco central; as dos Estados, do


Distrito Federal, dos Municípios e dos órgãos ou entidades do Poder Público e das empresas por ele
controladas, em instituições financeiras oficiais, ressalvados os casos previstos em lei.

Simplificando: as disponibilidades (o dinheiro, a grana, a bufunfa ) da União são depositadas no Bacen.

Agora atenção: a Conta Única do Tesouro Nacional é mantida no Bacen, mas é operacionalizada pelo
Banco do Brasil. Isso significa que o Banco do Brasil somente arrecada as receitas. Posteriormente, essas
receitas são recolhidas para o banco central, que é onde está a Conta Única.

Operacionalizada pelo Banco do Brasil

Conta Única do
Tesouro Nacional

Mantida no Banco Central

“E o resto da Administração Pública? Eles podem depositar onde quiserem?”


O resto da Administração Pública vai depositar em instituições financeiras oficiais (ressalvados os casos
previstos em lei).

Aqui vai um esqueminha para você visualizar:

Disponibilidades da
• Depositadas no Bacen
União

Disponibilidades dos
Estados, DF, Municípios, • Depositadas em instituições financeiras
e órgãos ou entidades oficiais, ressalvados os casos previstos em lei
públicas

Fonte: CRUZ, Victor. Constituição Federal anotada para concursos. 10ª edição. Rio de Janeiro, Ferreira, 2017.

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Questões para fixar


VUNESP – Prefeitura de Sorocaba - SP - Procurador do Município – 2018

A legislação nacional impõe uma série de restrições à aplicação das disponibilidades de caixa dos entes da federação, com
o intuito de evitar aplicações temerárias de recursos públicos, em prejuízo de toda a sociedade. A respeito desse tema, é
correto afirmar que

A) as disponibilidades de caixa da União serão depositadas no Banco do Brasil; as dos Estados, do Distrito Federal e dos
Municípios, em instituições financeiras brasileiras.

B) não se aplicam às empresas controladas pela União, pelos Estados e pelos Municípios as restrições constitucionais à
aplicação de suas disponibilidades de caixa apenas em títulos emitidos por instituições privadas nacionais.

C) as disponibilidades de caixa da União serão depositadas na Caixa Econômica Federal, e as reservas internacionais, no
Banco Central do Brasil.

D) as disponibilidades de caixa dos Municípios e dos órgãos ou entidades do Poder Público e das empresas por ele
controladas serão aplicadas em instituições financeiras oficiais, ressalvados os casos previstos em lei.

E) as disponibilidades de caixa dos regimes de previdência social próprio dos servidores públicos ficarão depositadas em
conta única, juntamente às demais disponibilidades de cada ente, e serão aplicadas nas condições de mercado.

Comentários:

Olha aí a pegadinha logo na alternativa A! As disponibilidades de caixa da União não são depositadas no Banco do Brasil e
nem são depositadas na Caixa Econômica Federal (alternativa C). Elas são depositadas no Banco Central.

Já as disponibilidades dos Estados, do Distrito Federal, dos Municípios e dos órgãos ou entidades do Poder Público e das
empresas por ele controladas, serão depositadas em instituições financeiras oficiais, ressalvados os casos previstos em
lei (justamente como diz a alternativa D).

Gabarito: D

CESPE – TC-DF - Analista de Administração Pública - Sistemas de TI – 2014

Com relação às finanças públicas e ao sistema tributário nacional, julgue o item subsequente.

Cabem ao Banco Central a emissão de moeda, a função de depositário das disponibilidades de caixa da União e a atribuição
de conceder empréstimos ao Tesouro Nacional.

Comentários:

Uh! Quase. O Banco Central emite moeda (inclusive, essa é uma competência exclusiva dele). O Banco Central é
depositário das disponibilidades de caixa da União (o “resto” da Administração Pública” deposita em instituições
financeiras oficiais). Mas o Banco Central não concede empréstimos ao Tesouro Nacional. Isso é vedado pela CF/88:

Art. 164, § 1º É vedado ao banco central conceder, direta ou indiretamente, empréstimos ao Tesouro Nacional e a qualquer
órgão ou entidade que não seja instituição financeira.

Gabarito: Errado

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Instrumentos de planejamento governamental –


PPA, LDO e LOA (art. 165 e 166)
Esses dispositivos são muito importantes. Muitos deles, nós já vimos, portanto, vamos dar uma revisada.
Outros serão novidade e, por isso, explicaremos com mais profundidade.

Art. 165. Leis de iniciativa do Poder Executivo estabelecerão:


I - o plano plurianual;

II - as diretrizes orçamentárias;

III - os orçamentos anuais.

A iniciativa não é do Poder Legislativo! No Brasil, adotamos o tipo de orçamento misto: o Poder
Executivo elabora e executa, enquanto o Poder Legislativo vota e controla.

•Legislativo •Executivo

Controle e
Elaboração
avaliação

Discussão,
Execução votação,
aprovação

•Executivo •Legislativo

É importante frisar que a elaboração e a execução de planos e orçamentos devem refletir a


compatibilidade dos indicadores fiscais com a sustentabilidade da dívida (parágrafo único, art. 164-A, CF/88,
incluído pela EC 109/21).

Além disso, destaco que os órgãos e entidades da administração pública, individual ou conjuntamente,
devem realizar avaliação das políticas públicas, inclusive com divulgação do objeto a ser avaliado e dos
resultados alcançados, na forma da lei (art. 37, § 16, CF/88, incluído pela EC 109/21).

“Sim, professor. Mas o que isso tem a ver com os instrumentos de planejamento governamental?”

É que os instrumentos de planejamento governamental, ou seja, as leis orçamentárias (previstas no artigo


165, da CF/88) devem observar, no que couber, os resultados do monitoramento e da avaliação das políticas
públicas previstos no § 16 do art. 37 desta Constituição.

Por exemplo: se os resultados do monitoramento e da avaliação do programa “cerveja para todos” forem simplesmente
desastrosos, as leis orçamentárias devem observar (considerar) esses resultados, possivelmente descontinuando esse
programa.

Agora vejamos as regras para cada uma das leis orçamentárias, começando pelo PPA:

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Art. 165, § 1º A lei que instituir o plano plurianual estabelecerá, de forma regionalizada, as diretrizes,
objetivos e metas da administração pública federal para as despesas de capital e outras delas
decorrentes e para as relativas aos programas de duração continuada.

Mnemônicos que você pode usar para gravar:

PPA regional DOM DK ODD PDC


Ou então:

DOM Drift King Oráculo Da Direção Piloto De Corrida.

Perceba que o PPA estabelecerá diretrizes, objetivos e metas (DOM), de forma regionalizada, não só
para as despesas de capital (DK), mas também para outras despesas decorrentes dessas despesas de capital
(ODD – Outras Delas Decorrentes).

Art. 165, § 2º A lei de diretrizes orçamentárias compreenderá as metas e prioridades da administração


pública federal, estabelecerá as diretrizes de política fiscal e respectivas metas, em consonância com
trajetória sustentável da dívida pública, orientará a elaboração da lei orçamentária anual, disporá
sobre as alterações na legislação tributária e estabelecerá a política de aplicação das agências
financeiras oficiais de fomento. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 109, de 2021)

Eis a mais nova função da LDO (dada pela EC 109/21): a LDO estabelecerá diretrizes e metas de política
fiscal.

Mas cuidado: o PPA também estabelece diretrizes e metas (lembra do DOM?) A diferença é que:

• o PPA estabelece diretrizes e metas da administração pública federal (para as despesas de


capital e outras delas decorrentes e para as relativas aos programas de duração continuada);
enquanto
• a LDO estabelece diretrizes e metas de política fiscal.

Vale destacar que a LDO também estabelece diretrizes para a elaboração e a execução dos orçamentos
anuais, uma vez que a CF/88 prevê que a LDO “orientará a elaboração da lei orçamentária anual”.

Administração
PPA Diretrizes Pública

Política fiscal e
elaboração dos
LDO Diretrizes orçamentos
anuais

Agora, quando se trata da Administração Pública (federal, estadual ou municipal), a LDO estabelecerá
metas e prioridades (MP), enquanto o PPA estabelecerá diretrizes, objetivos e metas (DOM).

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DOM = Diretrizes,
PPA Objetivos e Metas
Para a
Administração
Pública
MP = Metas e
LDO Prioridades

Repare que, quando se trata da Administração Pública, somente o PPA tem competência para
estabelecer diretrizes.

Metas e Prioridades (MP)

Diretrizes de política fiscal + metas

LDO Art. 165, § 2º Orienta a elaboração da LOA

Dispõe sobre alterações na


legislação tributária

Estabelece a política de aplicação


das ag. financ. oficiais de fomento

A LDO é o elo entre o PPA e a LOA. É a LDO que faz o meio de campo entre esses dois instrumentos
de planejamento. Ela representa o planejamento tático e busca dar concretude ao PPA.

PPA LDO LOA

A LDO também disporá sobre as alterações na legislação tributária. Aqui você também tem que prestar
atenção em eventuais pegadinhas: a LDO não fará alterações na legislação tributária (por exemplo: aumento
ou redução de alíquota). Ela simplesmente irá dispor sobre essas alterações, ok?

Art. 165, § 3º O Poder Executivo publicará, até trinta dias após o encerramento de cada bimestre, relatório
resumido da execução orçamentária.

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Esse é o Relatório Resumido da Execução Orçamentária (RREO). A primeira (e importantíssima)


informação sobre ele é a sua periodicidade: bimestral (2 meses).
E se ele é publicado a cada bimestre, quantos relatórios serão produzidos para aquele exercício
financeiro?

“Vixe, professor! Deixa eu me lembrar das aulas de Raciocínio Lógico. O ano tem 12 meses. Um relatório a
cada 2 meses. Então vou dividir 12 por 2, o que dá 6 relatórios para cada exercício financeiro!”
Opa! Você está afiado, hein?!

Repare também que ele será publicado em até 30 dias após o encerramento de cada bimestre.

Isso significa que o RREO do 1º bimestre (referente aos meses de janeiro e fevereiro) será publicado até o final de março
(30 dias após o encerramento do mês de fevereiro).

“E por que é importante saber essa periodicidade, professor?”

Principalmente porque existe um outro relatório chamado de Relatório de Gestão Fiscal (RGF), que está
lá no artigo 54 da Lei de Responsabilidade Fiscal. Este relatório será publicado também em até 30 dias após o
encerramento do período a que corresponder.

“Certo. Mas qual é o período ao qual o RGF se corresponde? Qual é a periodicidade do RGF, professor?”

Quadrimestral (4 meses)!
Então, o RGF será publicado até 30 dias após o encerramento de um quadrimestre.

Já está percebendo que isso é prato cheio para as questões? Elas vão tentar fazer confusão aqui!

Portanto, grave:

RREO •2 R's (bimestral)

RGF •RG Fisqual (quadrimestre)

Além disso, você tem que saber que:

● O RREO está na CF/88 (como acabamos de ver) e na LRF;


● Já o RGF está somente na LRF.

Art. 165, § 4º Os planos e programas nacionais, regionais e setoriais previstos nesta Constituição serão
elaborados em consonância com o plano plurianual e apreciados pelo Congresso Nacional.

Alerto aqui para outra pegadinha: como os planos e programas, muitas vezes, são mais longos do que o
PPA, as questões adoram dizer que o PPA será elaborado em consonância com os planos e programas.

Isso é mentira!

Os planos e programas é que são elaborados em consonância com o PPA (não é o contrário)!

Preste atenção

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Os planos e programas nacionais, regionais e setoriais serão elaborados em consonância com o PPA (e não o contrário)

Art. 165, § 5º A lei orçamentária anual compreenderá:

I - o orçamento fiscal referente aos Poderes da União, seus fundos, órgãos e entidades da administração
direta e indireta, inclusive fundações instituídas e mantidas pelo Poder Público;

II - o orçamento de investimento das empresas em que a União, direta ou indiretamente, detenha a


maioria do capital social com direito a voto;

III - o orçamento da seguridade social, abrangendo todas as entidades e órgãos a ela vinculados, da
administração direta ou indireta, bem como os fundos e fundações instituídos e mantidos pelo Poder
Público.

Investimento • Empresas estatais independentes

Seguridade Social • PAS (Previdência, Assistência social e Saúde)

Fiscal • "O resto": toda a Adm. Pública, exceto OSS e OI

Art. 165, § 6º O projeto de lei orçamentária será acompanhado de demonstrativo regionalizado do


efeito, sobre as receitas e despesas, decorrente de isenções, anistias, remissões, subsídios e benefícios
de natureza financeira, tributária e creditícia.

É o projeto de Lei Orçamentária Anual (PLOA) que será acompanhado desse demonstrativo. Não é o
projeto de Lei de Diretrizes Orçamentária (PLDO) e nem é o projeto de Plano Plurianual (projeto de PPA).

“E esse demonstrativo demonstra o que mesmo, professor?”

Ele demonstra qual será o efeito das renúncias de receita sobre as receitas e despesas. E o detalhe é
que ele é regionalizado, ok?
Agora repare nesse dispositivo constitucional (vamos voltar um pouco até o artigo 150):

Art. 150, § 6º Qualquer subsídio ou isenção, redução de base de cálculo, concessão de crédito presumido,
anistia ou remissão, relativos a impostos, taxas ou contribuições, só poderá ser concedido mediante lei
específica, federal, estadual ou municipal, que regule exclusivamente as matérias acima enumeradas ou
o correspondente tributo ou contribuição, sem prejuízo do disposto no art. 155, § 2.º, XII, g.

Ou seja: qualquer renúncia de receita que estiver relacionada com impostos, taxas ou contribuições só
poderá ser concedida mediante lei específica! E essa lei específica deve regular exclusivamente essas
matérias.
Isso significa que se governo quiser fazer uma renúncia de receita, ele deve:

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● Demonstrar o efeito regionalizado da renúncia no PLOA;


● Obedecer às regras do art. 14 da LRF;
● Editar lei específica.

Detalhe é que a lei específica deve ser do ente que está concedendo a renúncia de receita e que detém
aquela competência.

Por exemplo: a União pode dar isenção do Imposto de Renda por meio de uma lei específica, mas não pode conceder
isenção do Imposto sobre a Propriedade de Veículos Automotores, pois esse imposto é de competência dos Estados. Ou
seja: não dá para “fazer cortesia com chapéu alheio”, não é mesmo?

Continuando...

Art. 165, § 7º Os orçamentos previstos no § 5º, I e II, deste artigo, compatibilizados com o plano plurianual,
terão entre suas funções a de reduzir desigualdades inter-regionais, segundo critério populacional.

OF e OI SIM

Reduzir desigualdades inter-


regionais

OSS NÃO

Art. 165, § 8º A lei orçamentária anual não conterá dispositivo estranho à previsão da receita e à fixação
da despesa, não se incluindo na proibição a autorização para abertura de créditos suplementares e
contratação de operações de crédito, ainda que por antecipação de receita, nos termos da lei.

Esse é o princípio da exclusividade! Resumidamente, ele preceitua que a LOA não conterá matéria
estranha à previsão da receita e à fixação da despesa. Mas, além da previsão de receitas e fixação de despesas,
também poderão estar na LOA:

● Autorização para abertura de créditos adicionais suplementares (só os suplementares);


● Autorização para contratação de operações de crédito, ainda que por antecipação de receita
orçamentária (ARO).

Art. 165, § 12. Integrará a lei de diretrizes orçamentárias, para o exercício a que se refere e, pelo menos,
para os 2 (dois) exercícios subsequentes, anexo com previsão de agregados fiscais e a proporção dos
recursos para investimentos que serão alocados na lei orçamentária anual para a continuidade daqueles
em andamento. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 102, de 2019)

Olha só, olha só!


Com a Emenda Constitucional 102/19 ganhamos um novo anexo! É o anexo com previsão de agregados
fiscais e a proporção dos recursos para investimentos que serão alocados na lei orçamentária anual para a
continuidade daqueles em andamento.

Gostou do nome? Bem curtinho, né?

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Como eu já estou me sentindo íntimo dele (e por razões didáticas), vou chamá-lo de “anexo dos
agregados e das proporções”.
“Legal, professor. Mas o que é agregado fiscal?”

Não me pergunte. Pergunte para quem inventou isso, porque isso não está definido em lugar nenhum!
Portanto, não se preocupe. A banca não vai perguntar o que é agregado fiscal. Ela vai perguntar sobre o
anexo que contém os agregados fiscais.
“Beleza, professor. Mas o que é mesmo esse anexo?”

Bom, esse anexo irá conter previsão de agregados fiscais. Essa é a primeira coisa que estará no anexo.

A segunda coisa é a seguinte: a maioria dos investimentos são plurianuais (demoram mais de um ano
para serem finalizados). Portanto, no início de cada exercício financeiro, podemos ter investimentos em
andamento. Parte dos recursos para investimentos (que estão na LOA) será utilizada para dar continuidade a
esses investimentos em andamento.

Certo. Mas qual é o tamanho dessa parte? Qual é proporção dos recursos para investimentos que serão
alocados na lei orçamentária anual para a continuidade daqueles em andamento?
Ora! Quem vai dizer isso é justamente o “anexo dos agregados e das proporções”.

Por exemplo: a LOA 2020 irá destinar R$ 10.000.000,00 para investimentos, sendo que já temos alguns
investimentos em andamento, que não serão finalizados em 2019. Então, o “anexo dos agregados e das proporções”
determina que 20% dos R$ 10.000.000,00 será destinado para dar continuidade a esses investimentos em
andamento.

Muito bem!
Mas você sabe qual vai ser a primeira pegadinha que a banca vai fazer?

Ela vai dizer que que esse anexo integra a LOA ou o PPA.

Mentira!

Esse anexo integrará a LDO!


Volte lá e leia novamente: “Integrará a lei de diretrizes orçamentárias (...) anexo com...”.

Preste atenção
O “anexo dos agregados e das proporções” integrará a LDO

Continuando: esse anexo aborda qual prazo?

Resposta: o anexo será para o exercício a que se refere e, pelo menos, para os 2 (dois) exercícios
subsequentes.

Por exemplo: o anexo 2021 será para o exercício financeiro de 2021 e, pelo menos, para os exercícios financeiros de
2022 e 2023.

Notou a marcação no “pelo menos”?

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É. Essa aqui é uma pegadinha sutil que a banca pode tentar.

Por isso, eu pergunto: o anexo pode ser para o exercício a que se refere e para os três seguintes?
E já respondo: SIM!

Pode ser para o exercício a que se refere e para os quatro seguintes?

SIM!

Sim, porque a CF/88 fala que o anexo será para exercício a que se refere e, pelo menos, para os 2 (dois)
exercícios subsequentes. Esse é o mínimo. No mínimo, ele será para o exercício a que se refere e para os 2
exercícios subsequentes.

Preste atenção
O “anexo dos agregados e das proporções” será para exercício a que se refere e, pelo menos, para
os 2 exercícios subsequentes

Mas cuidado! Se uma questão simplesmente afirmar que esse anexo será para exercício a que se refere e
para os três subsequentes, marque “errado”!

Marque errado, porque não é isso que diz a CF/88. Ela não estabelece que o anexo (obrigatoriamente)
seja para o exercício a que se refere e para os três subsequentes. A regra que está lá é: no mínimo, para o
exercício a que se refere e para os dois exercícios subsequentes.

Agora, se a questão afirmar que o anexo poderá ser para exercício a que se refere e para os três
subsequentes, aí sim você pode marcar “certo”, porque isso é permitido pela CF/88.
Mais um detalhe: existe outro anexo que possui um prazo parecido com esse. É o Anexo de Metas Fiscais
(AMF), que também integra a LDO. Alguma dúvida de que a banca pode tentar fazer pegadinhas aqui?

Então vamos ler a LRF:

Art. 4º, § 1º Integrará o projeto de lei de diretrizes orçamentárias Anexo de Metas Fiscais, em que serão
estabelecidas metas anuais, em valores correntes e constantes, relativas a receitas, despesas, resultados
nominal e primário e montante da dívida pública, para o exercício a que se referirem e para os dois
seguintes.

Repare que o prazo aqui é fixo! O prazo é: “para o exercício a que se referirem e para os dois seguintes”.
Pronto. Só esses. Não será mais do que isso.

Já no “anexo dos agregados e das proporções”, o prazo é flexível. O prazo é “para o exercício a que se
refere e, pelo menos, para os 2 (dois) exercícios subsequentes”.

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Anexo dos agregados


AMF
e das proporções
• para o exercício a que se
• para o exercício a que se
refere e, pelo menos, para os
referirem e para os dois
2 (dois) exercícios
seguintes
subsequentes

Continuando na CF/88, vale dizer também que essa regra, esse anexo, vale somente para o Orçamento
Fiscal (OF) e para o Orçamento da Seguridade Social (OSS), que fazem parte da Lei Orçamentária Anual
(LOA), beleza?

Observe na CF/88:

Art. 165, § 13. O disposto no inciso III do § 9º e nos §§ 10, 11 e 12 deste artigo aplica-se exclusivamente aos
orçamentos fiscal e da seguridade social da União.

Em frente...

Art. 165, § 14. A lei orçamentária anual poderá conter previsões de despesas para exercícios seguintes,
com a especificação dos investimentos plurianuais e daqueles em andamento.

“Eita, professor! Eu achei que a LOA só continha previsões para o exercício a que ela se refere”.

Pois é. Depois da EC 102/19, eu posso dizer: você achou errado!

Agora a LOA poderá sim conter previsões de despesas para exercícios seguintes, especificando quais
são os investimentos plurianuais e quais investimentos estão em andamento.

Só para lembrar: quem irá definir a proporção dos recursos para investimentos que serão alocados na LOA para dar
continuidade àqueles em andamento?
Isso mesmo o “anexo dos agregados e das proporções”, que integra a LDO. 😏

Vamos relembrar: qual o instrumento que não conterá matéria estranha à previsão da receita e à fixação
da despesa? A LOA.

Então é a LOA (e não a LDO) que poderá conter previsões de despesas para exercícios seguintes.

“Por que você está enfatizando isso, professor?”


Porque eu já estou prevendo as pegadinhas da banca. Ela vai dizer que é a LDO que poderá conter
previsões de despesas para exercícios seguintes. Mas você já sabe que isso é mentira. A LDO conterá é o “anexo
dos agregados e das proporções”.

Anexo de agregados fiscais e proporção dos


LDO recursos de investimentos que serão
alocados na LOA

Previsões de despesas para exercícios


LOA seguintes

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“Beleza, professor. Não vou confundir. Mas e o princípio da anualidade? O fato de a LOA prever despesas
para exercícios seguintes não é uma exceção ao princípio da anualidade?”
Excelente pergunta!

É o seguinte: enquanto houver leis orçamentárias aprovadas a cada ano para o exercício seguinte, o
orçamento é anual. Todo ano nós temos uma LOA, que se refere àquele ano específico. Sim, agora ela poderá
prever despesas para exercícios seguintes, mas se essas despesas não estiverem previstas nas leis
orçamentárias anuais futuras (subsequentes), elas não poderão ser executadas. Portanto, veja que esses
créditos ainda terão vigência até o fim daquele exercício financeiro (diferentemente dos créditos especiais e
extraordinários autorizados nos últimos quatro meses do exercício, que poderão ser reabertos, nos limites de
seus saldos, e terão vigência até o término do exercício financeiro subsequente. Esses são considerados
exceções ao princípio da anualidade).
A doutrina ainda não se pronunciou sobre o assunto, por isso eu espero que a banca não entre nesse
mérito. Mas se ela decidir fazê-lo, esteja preparado para tudo. Analise a questão com carinho e você deve se
sair bem.
Mas se eu contar como doutrina, eis o meu posicionamento: pelos motivos citados anteriormente, a
previsão de despesas para exercícios seguintes não é uma exceção ao princípio da anualidade.

“E o princípio da exclusividade, professor? Porque além da previsão de receitas e fixação de despesas, também
poderão estar na LOA a autorização para abertura de créditos adicionais suplementares; e a autorização para
contratação de operações de crédito, ainda que por antecipação de receita orçamentária (ARO). Agora,
aparentemente, outro elemento pode constar na LOA: previsões de despesas para exercícios seguintes. Seria essa
uma nova exceção ao princípio da exclusividade?”

Bom, a Consultoria de Orçamentos, Fiscalização e Controle do Senado Federal já se pronunciou no


seguinte sentido (leia com atenção):

“No tocante às leis orçamentárias anuais, reforçando o caráter de planejamento do orçamento público,
é permitido conter previsões de despesas para exercícios seguintes, com a especificação dos investimentos
plurianuais e os em andamento. Ressalte-se que esse dispositivo amplia o entendimento do consagrado
princípio orçamentário da exclusividade, insculpido no § 8º do art. 165 da Constituição. Ademais, vale
notar que, enquanto a lei orçamentária fixa a despesa para o exercício a que se refere, para os dois
exercícios financeiros ela trará uma previsão (sem caráter vinculante) de despesas, com detalhamento
dos investimentos.

(...) o novo sistema orçamentário traz para o orçamento anual e a respectiva lei de diretrizes
orçamentárias a previsão e a orientação dos investimentos, incluindo os plurianuais. A lógica de
transferir essa decisão do plano plurianual para os instrumentos anuais é interessante para reforçar um
caráter mais estratégico daquele e mais tático destes. Afinal, as dotações orçamentárias são definidas
em última instância nas leis orçamentárias anuais.”

Prosseguindo:

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Art. 165, § 15. A União organizará e manterá registro centralizado de projetos de investimento contendo,
por Estado ou Distrito Federal, pelo menos, análises de viabilidade, estimativas de custos e informações
sobre a execução física e financeira.

Repare que esse registro é centralizado (não “descentralizado”). Ele é feito por estados. E ele conterá,
pelo menos (novamente, atenção a esse “pelo menos”, porque isso significa que o registro ainda poderá conter
outras informações):

● análises de viabilidade;
● estimativas de custos; e
● informações sobre a execução física e financeira.
Eu não sei como será esse registro, mas imagino que seja algo assim:

Análise de Estimativas de Informações sobre a execução Outras


Estado
viabilidade custos (R$) física e financeira informações
Obra no município de Fortaleza,
Ceará Em anexo 15.000.000,00 -
70% concluída
Obras realizadas por meio de
Paraíba Em anexo 20.000.000,00 -
convênios federais
Rio de Obras paralisadas por falta de
Em anexo 30.000.000,00 -
Janeiro recursos
São
Em anexo 50.000.000,00 Obras 90% concluídas -
Paulo
Pois bem, depois de estudar os §§ 12, 14 e 15 do artigo 165, dá pra perceber que o legislador constituinte
derivado, na medida em que adota um modelo de orçamento impositivo, parece introduzir ferramentas de
transparência e controle visando um processo diferenciado para a alocação de recursos a projetos, mais
especificamente, investimentos.

Falando em transparência, a Emenda Constitucional 108/20 adicionou a seguinte regra à Constituição:

Art. 163-A. A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios disponibilizarão suas informações e
dados contábeis, orçamentários e fiscais, conforme periodicidade, formato e sistema estabelecidos pelo
órgão central de contabilidade da União, de forma a garantir a rastreabilidade, a comparabilidade e a
publicidade dos dados coletados, os quais deverão ser divulgados em meio eletrônico de amplo acesso
público. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 108, de 2020)

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União, Estados,
DF e Municípios

Divulgarão

contábeis rastreabilidade
conforme
periodicidade,
formato e sistema
informações e de forma a
orçamentários estabelecidos pelo comparabilidade dos dados
dados órgão central de garantir a...
contabilidade da
União (STN)
fiscais publicidade

os quais deverão ser divulgados


em meio eletrônico de amplo
acesso público

Beleza!

Pulamos agora para o artigo 166:

Art. 166. Os projetos de lei relativos ao plano plurianual, às diretrizes orçamentárias, ao orçamento anual
e aos créditos adicionais serão apreciados pelas duas Casas do Congresso Nacional, na forma do
regimento comum.

No âmbito federal, esses projetos serão apreciados pelas duas Casas do Congresso Nacional. Não é só
pela Câmara dos Deputados e nem só pelo Senado Federal. É pelas duas!

§ 1º Caberá a uma Comissão mista permanente de Senadores e Deputados:

I - examinar e emitir parecer sobre os projetos referidos neste artigo e sobre as contas apresentadas
anualmente pelo Presidente da República;

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II - examinar e emitir parecer sobre os planos e programas nacionais, regionais e setoriais previstos
nesta Constituição e exercer o acompanhamento e a fiscalização orçamentária, sem prejuízo da atuação
das demais comissões do Congresso Nacional e de suas Casas, criadas de acordo com o art. 58.

§ 2º As emendas serão apresentadas na Comissão mista, que sobre elas emitirá parecer, e apreciadas,
na forma regimental, pelo Plenário das duas Casas do Congresso Nacional.

Então, preste atenção! As emendas são:

● Apresentadas na Comissão mista (que sobre elas emitirá parecer); e


● Apreciadas pelo Plenário.

São verbos diferentes, ok?

§ 3º As emendas ao projeto de lei do orçamento anual ou aos projetos que o modifiquem somente podem
ser aprovadas caso:

I - sejam compatíveis com o plano plurianual e com a lei de diretrizes orçamentárias;

II - indiquem os recursos necessários, admitidos apenas os provenientes de anulação de despesa,


excluídas as que incidam sobre:

a) dotações para pessoal e seus encargos;

b) serviço da dívida;

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c) transferências tributárias constitucionais para Estados, Municípios e Distrito Federal; ou

III - sejam relacionadas:

a) com a correção de erros ou omissões; ou

b) com os dispositivos do texto do projeto de lei.

se Recurso só Mas não Pessoal


demandar poderão ser poderão
recursos provenientes ser Serviços da
Condições públicos, anuladas dívida
de anulação
para indique os de despesas despesas
compatíveis TRANS TRI CO
aprovação recuros com
com PPA e
de
LDO
emendas se estiver
ao PLOA relacionada Poderá haver reestimativa de
a erros ou receita e aumento da despesa
omissões

§ 4º As emendas ao projeto de lei de diretrizes orçamentárias não poderão ser aprovadas quando
incompatíveis com o plano plurianual.

A única condição para que as emendas ao PLDO sejam aprovadas é que elas sejam compatíveis com o
PPA. Só isso!

§ 5º - O Presidente da República poderá enviar mensagem ao Congresso Nacional para propor


modificação nos projetos a que se refere este artigo enquanto não iniciada a votação, na Comissão
mista, da parte cuja alteração é proposta.

Em outras palavras:

O Presidente da República poderá enviar mensagem ao Congresso Nacional para propor modificação nos projetos
(não é na proposta e nem nas leis) a que se refere este artigo enquanto não iniciada (e não finalizada) a votação
(e não a discussão), na Comissão mista (não é no Plenário), da parte cuja alteração é proposta (somente da parte
que está sendo alterada).

§ 6º Os projetos de lei do plano plurianual, das diretrizes orçamentárias e do orçamento anual serão
enviados pelo Presidente da República ao Congresso Nacional, nos termos da lei complementar a que
se refere o art. 165, § 9º.

A lei complementar a que se refere o art. 165, § 9º, é a nova lei de finanças públicas, que irá dispor, dentre
outras matérias, sobre a elaboração e a organização do plano plurianual, da lei de diretrizes orçamentárias
e da lei orçamentária anual.

§ 7º Aplicam-se aos projetos mencionados neste artigo, no que não contrariar o disposto nesta seção, as
demais normas relativas ao processo legislativo.

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Sabe as normas relativas ao processo legislativo que você estuda em direito constitucional? Elas se
aplicam aos projetos de PPA, LDO e LOA. A não ser que essas normas contrariem algum dispositivo da Seção
II – dos orçamentos, caso em que será aplicada a regra específica desta seção.

§ 8º Os recursos que, em decorrência de veto, emenda ou rejeição do projeto de lei orçamentária anual,
ficarem sem despesas correspondentes poderão ser utilizados, conforme o caso, mediante créditos
especiais ou suplementares, com prévia e específica autorização legislativa.

“Professor, como eu vou memorizar isso?”

Você pode usar o mnemônico:

VER-SE

● V: veto
● E: emenda
● R: rejeição
● S: suplementares
● E: especiais
Para concluir, vamos falar sobre os prazos dos instrumentos de planejamento. Eles não estão no artigo
165 e 166, mas sim no artigo 35 do ADCT, acompanhe:

§ 2º Até a entrada em vigor da lei complementar a que se refere o art. 165, § 9º, I e II, serão obedecidas as
seguintes normas:

I - o projeto do plano plurianual, para vigência até o final do primeiro exercício financeiro do mandato
presidencial subsequente, será encaminhado até quatro meses antes do encerramento do primeiro
exercício financeiro e devolvido para sanção até o encerramento da sessão legislativa;

II - o projeto de lei de diretrizes orçamentárias será encaminhado até oito meses e meio antes do
encerramento do exercício financeiro e devolvido para sanção até o encerramento do primeiro
período da sessão legislativa;

III - o projeto de lei orçamentária da União será encaminhado até quatro meses antes do encerramento
do exercício financeiro e devolvido para sanção até o encerramento da sessão legislativa.

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4 meses antes do
Para o Executivo
encerramento do exercício
encaminhar ao Legislativo
financeiro
PPA* e LOA
Para o Legislativo devolver encerramento da sessão
ao Executivo para sanção legislativa

Prazos
8 ½ meses antes do
Para o Executivo
encerramento do exercício
encaminhar ao Legislativo
financeiro
LDO
encerramento do primeiro
Para o Legislativo devolver
período da sessão
ao Executivo para sanção
legislativa

*PPA é elaborado a cada 4 anos


Para não confundir os prazos, grave o prazo da LDO.

Faça assim: LDO termina com a letra O. Passe um traço (–) e divida essa letra O no meio. Ficou parecendo um 8 não foi?
Parece um 8, mas é a letra O partida no meio. Viu? 8 meses e meio! 😃

“Mas quando é que começam e terminam as sessões e os períodos legislativos, professor?”

A resposta está no artigo 57 da CF/88:

Art. 57. O Congresso Nacional reunir-se-á, anualmente, na Capital Federal, de 2 de fevereiro a 17 de julho
e de 1º de agosto a 22 de dezembro.

Detalhe é que:

§ 2º A sessão legislativa não será interrompida sem a aprovação do projeto de lei de diretrizes
orçamentárias.

Repare que o dispositivo fala em aprovação (e não votação) do PLDO. Não basta só começar a votar. Ele
(o projeto de LDO) deve ser aprovado! E atenção: o que deve ser aprovado é o projeto de LDO e não a LDO
propriamente dita, pois esta já é a lei em vigor.

Isso só acontece com o PLDO, ok? Não acontece com o projeto de PPA e com o projeto de LOA! Ou seja:
a sessão legislativa poderá ser interrompida mesmo sem a aprovação do projeto de lei do PPA e do orçamento
anual.

Concluímos, então, que, de acordo com a CF/88, não se admite a rejeição o PLDO. Tem que aprovar!
Caso contrário, a sessão não será interrompida!

Questões para fixar


CESPE – TCE-MG – Analista de Controle Externo – Administração – 2018
O chefe do Poder Executivo poderá enviar mensagem ao Poder Legislativo para propor modificação nos projetos de lei
orçamentária enquanto não iniciada a discussão da parte para a qual se propõe alteração.

Comentários:

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Certa, né? 😅 NÃO! ERRADA! 😳

O chefe do Poder Executivo poderá enviar mensagem ao Poder Legislativo para propor modificação nos projetos de lei
orçamentária enquanto não iniciada a votação (e não a discussão) da parte para a qual se propõe alteração. Olha só a
literalidade da CF/88:

Art. 166, § 5º - O Presidente da República poderá enviar mensagem ao Congresso Nacional para propor modificação nos
projetos a que se refere este artigo enquanto não iniciada a votação, na Comissão mista, da parte cuja alteração é proposta.

Está vendo o nível de atenção que você deve dar a esse dispositivo constitucional? Eu avisei! 😄

Gabarito: Errado
FCC – TRF- 3ª – Analista judiciário – 2016
Quanto ao processo de elaboração, discussão, votação e aprovação da proposta orçamentária, a Constituição Federal
estabelece que no caso de emendas ao projeto da lei do orçamento anual, somente são admitidas as indicações de recursos
advindos de anulação de despesa.

Comentários:

Exatamente! Se quiser fazer uma emenda ao PLOA tem que indicar de onde os recursos necessários para realiza-la serão
tirados. E somente será admitido tirar dinheiro da anulação de uma outra despesa. Lembrando que nem todas as despesas
poderão ser anuladas! Algumas despesas jamais poderão ser anuladas. Isso tudo está lá na CF/88:

Art. 166, § 3º As emendas ao projeto de lei do orçamento anual ou aos projetos que o modifiquem somente podem ser
aprovadas caso:
II - indiquem os recursos necessários, admitidos apenas os provenientes de anulação de despesa, excluídas as que incidam
sobre:
a) dotações para pessoal e seus encargos;
b) serviço da dívida;
c) transferências tributárias constitucionais para Estados, Municípios e Distrito Federal; ou
Gabarito: Certo

CESPE – DPF – Delegado – 2013

Cabe à comissão mista permanente de senadores e deputados federais examinar e emitir parecer sobre as contas
apresentadas pelo presidente da República.

Comentários:

Sim! É isso mesmo, confira (CF/88):

Art. 166, § 1º Caberá a uma Comissão mista permanente de Senadores e Deputados:

I - examinar e emitir parecer sobre os projetos referidos neste artigo e sobre as contas apresentadas anualmente pelo
Presidente da República;

Gabarito: Certo

Questão inédita – Professor Sérgio Machado – 2020

A lei orçamentária anual poderá conter previsões de despesas para exercícios seguintes, com a especificação dos
investimentos plurianuais e daqueles em andamento.

Comentários:

É isso mesmo! Esse é aquele velho “copia e cola” que as bancas gostam. Observe:

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§ 14. A lei orçamentária anual poderá conter previsões de despesas para exercícios seguintes, com a especificação dos
investimentos plurianuais e daqueles em andamento.

Esse dispositivo foi inserido pela EC 102/19. Aquele aluno que não está ligado nas novidades vai pensar: “LOA contendo
previsões de despesas para exercícios seguintes? Nada disso!”. Mas você já tomou sua vacina aqui! 💉

Gabarito: Certo

Questão inédita – Professor Sérgio Machado – 2020

Integrará a lei orçamentária anual, para o exercício a que se refere e, pelo menos, para os 2 (dois) exercícios subsequentes,
anexo com previsão de agregados fiscais e a proporção dos recursos para investimentos que serão alocados na lei
orçamentária anual para a continuidade daqueles em andamento.

Comentários:

Essa é a primeira pegadinha que vão fazer! Eu aposto! 😅

O “anexo dos agregados e das proporções” integrará a LDO (e não a LOA).

Gabarito: Errado

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Emendas impositivas (art. 166)


O orçamento público brasileiro é autorizativo, mas possui traços de orçamento impositivo.

Nossos traços de orçamento impositivo foram inicialmente inseridos na Constituição Federal em 2015,
com a promulgação da Emenda Constitucional (EC) 86/2015. Foi quando a primeira mexa branca apareceu na
Vampira.

Recentemente, o nosso orçamento ficou um pouco mais impositivo, por conta da EC 100/2019. Agora a
mexa branca da Vampira aumentou!

Com o advento da EC 86/2015 as bancas enlouqueceram! Esse assunto começou a despencar em provas (inclusive
discursivas). Agora com advento da EC 100/2019, eu imagino que acontecerá a mesma coisa! 😬

Portanto, muita atenção agora! ☝️

O Projeto de Lei Orçamentária Anual (PLOA), enquanto tramita pelo Poder Legislativo (durante a fase de
discussão, votação e aprovação), pode sofrer alterações por meio de emendas.

E existem os seguintes tipos de emendas ao orçamento:

● individual (de autoria de cada senador ou deputado);


● Coletivas:
o de bancada (e autoria das bancadas estaduais ou regionais);
o de comissão (presentadas pelas comissões técnicas da Câmara e do Senado); e
● de relatoria.

As emendas individuais ganharam grande destaque (na mídia e nas provas ) depois da EC 86/2015,
pois elas representavam o único pedacinho de orçamento impositivo que tínhamos em nosso orçamento
autorizativo. As emendas individuais impositivas eram a única gota de orçamento impositivo no meio desse
oceano de orçamento autorizativo.

Mas agora essa gota tem companhia: a EC 100/2019 trouxe o orçamento impositivo para as emendas de
bancada!

E eu já quero chamar a sua atenção aqui!


Como você viu, as emendas coletivas podem ser emendas de bancada ou emendas de comissão. Em
outras palavras: emendas coletivas são gênero e emendas de bancada e de comissão são espécies.
Pois bem:

Dentre as emendas coletivas, somente as emendas de bancada é que são impositivas! As emendas
de comissão não o são!

Portanto, se uma questão disser que as emendas coletivas são impositivas, pode marcar errado sem
medo!

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Individuais EC 86/2015

De bancada EC 100/2019
Emendas
Coletivas
parlamentares
De comissão

de Relatoria

Beleza! Agora vamos lá!

A EC 86/15 adicionou diversos parágrafos ao artigo 166 da CF/88. Quatro anos mais tarde, a EC 100/19
alterou alguns deles e adicionou mais outros. Vou apresentá-los agora. Lá vai:

“Espera aí, professor! Espera aí! Por que essa coisa de orçamento impositivo? Por que isso surgiu, por que foi
ampliado? Qual o objetivo disso tudo?”

Respondo com uma palavra só: política!


É. Os parlamentares estão lá para representar o seu eleitorado, para trazer obras, melhorias,
investimentos para a sua base eleitoral.

Imagine um deputado que prometeu a seus eleitores a construção de uma praça. Com muito esforço, ele
conseguiu colocar isso no orçamento. Mas o chefe do Poder Executivo sabe que o orçamento é autorizativo e
não está nem um pouco interessado em fazer essa obra. O deputado, então, empenhado em trazer essa
melhoria para o seu povo, arregaça as mangas e começa a babar o chefe do Poder Executivo! São longas
conversas, negociações inacabáveis. Numa dessas, o chefe do Executivo pode até pedir aquela “ajudinha” ao
parlamentar, para que vote a favor de seus projetos. Ou seja: é o famoso “toma lá dá cá”.
Mas no final das contas, a praça não foi construída. E quem saiu mais “queimado” nessa história foi o
deputado, que prometeu e não cumpriu.

Cansados dessa história, os parlamentares tiveram uma ideia: “isso só acontece porque o orçamento é
autorizativo. Se ele fosse impositivo, o Poder Executivo seria obrigado a executar o que está no orçamento e
esse jogo político não existiria”.

E foi assim que nasceram as emendas parlamentares impositivas! Antes, somente as emendas
individuais eram impositivas. Hoje, as emendas de bancadas também são!

Agora sim! Vamos conhecer os parágrafos ao artigo 166 da CF/88! Eles serão apresentados em ordem
didática, comentando sempre que necessário, ok?

§ 9º As emendas individuais ao projeto de lei orçamentária serão aprovadas no limite de 1,2% (um inteiro
e dois décimos por cento) da receita corrente líquida prevista no projeto encaminhado pelo Poder
Executivo, sendo que a metade deste percentual será destinada a ações e serviços públicos de saúde.

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§ 11. É obrigatória a execução orçamentária e financeira das programações a que se refere o § 9º deste
artigo, em montante correspondente a 1,2% (um inteiro e dois décimos por cento) da receita corrente
líquida realizada no exercício anterior, conforme os critérios para a execução equitativa da programação
definidos na lei complementar prevista no § 9º do art. 165.

§ 12. A garantia de execução de que trata o § 11 deste artigo aplica-se também às programações incluídas
por todas as emendas de iniciativa de bancada de parlamentares de Estado ou do Distrito Federal, no
montante de até 1% (um por cento) da receita corrente líquida realizada no exercício anterior. (Redação
dada pela Emenda Constitucional nº 100, de 2019)

Esses são os parágrafos mais importantes desse assunto. Você deve saber que as emendas individuais e
as emendas de bancada serão de execução obrigatória. A LOA e suas demais emendas são autorizativas, ou
seja, a Administração está autorizada (e não obrigada) a executar aquela programação. Mas as emendas
individuais e as de bancada são diferentes: elas serão de execução obrigatória!

Mas, obviamente, há um limite para isso. E preste atenção, porque aqui tem novidade!

Para as emendas individuais impositivas esse limite é de 1,2%, sendo que metade deste percentual
(0,6%) será destinada a ações e serviços públicos de saúde (só saúde! Educação, segurança, seguridade social
não!).

Para as emendas de bancada esse limite é de 1% (por sinal, ele será de 0,8% em 2020, passando a ser 1%
somente em 2021).
“E metade desse 1% vai para a saúde também, não é, professor?”

Não! Não é! Nas emendas de bancada não existe isso de metade do percentual ser destinado a ações
e serviços públicos de saúde. Preste atenção para não cair em pegadinhas!

Preste atenção!
Somente as emendas individuais terão metade de seu percentual destinado a ações e serviços
públicos de saúde. As emendas de bancada não!

“Beleza, professor. Mas 1,2% e 1% de que?”

Aqui há uma pegadinha sutil. No que diz respeito às emendas individuais impositivas, perceba que no §
9º, quando ainda estamos na segunda etapa do ciclo orçamentário (discussão, votação e aprovação), ainda no
planejamento, utiliza-se como base de cálculo a receita corrente líquida (RCL) prevista no projeto
encaminhado pelo Poder Executivo (veja que ainda estamos no projeto de lei orçamentária).

Já no § 11, na terceira etapa do ciclo orçamentário (execução), utiliza-se como base de cálculo a receita
corrente líquida (RCL) realizada no exercício anterior.

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Planejamento Execução

É obrigatória a execução orçamentária e


Aprovadas no limite de financeira das emendas parlamentares
individuais, em montante correspondente a

1,2% da RCL 1,2% da RCL

Prevista no projeto encaminhado pelo Poder


Realizada no exercício anterior
Executivo.

Já no que diz respeito às emendas de bancada impositivas não há essa divisão. O § 12 deixa claro que é
obrigatória a execução orçamentária e financeira das programações das emendas de bancada, em montante
correspondente a 1% da receita corrente líquida realizada no exercício anterior.

“E esses 1,2% e 1% serão sempre de execução obrigatória? Não há alguma exceção?”

Há sim! Vejamos:

§ 13. As programações orçamentárias previstas nos §§ 11 e 12 deste artigo não serão de execução
obrigatória nos casos dos impedimentos de ordem técnica.

Portanto, no caso de impedimentos de ordem técnica, a Administração não precisa executar as


programações orçamentárias provenientes das emendas parlamentares individuais e de bancada.
Mas não é tão fácil assim livrar-se delas!

§ 14. Para fins de cumprimento do disposto nos §§ 11 e 12 deste artigo, os órgãos de execução deverão
observar, nos termos da lei de diretrizes orçamentárias, cronograma para análise e verificação de
eventuais impedimentos das programações e demais procedimentos necessários à viabilização da
execução dos respectivos montantes.

É a Lei de Diretrizes Orçamentárias – LDO (não é o PPA, não é a LOA e não é a LRF) que vai definir:

● o cronograma para análise e verificação de eventuais impedimentos das programações; e


● demais procedimentos necessários à viabilização da execução dos respectivos montantes.

E aqui eu também tenho que chamar sua atenção, pois antigamente algumas medidas tinham de ser
adotadas, observe:
§ 14. No caso de impedimento de ordem técnica, no empenho de despesa que integre a programação, na
forma do § 11 deste artigo, serão adotadas as seguintes medidas:

I - até 120 (cento e vinte) dias após a publicação da lei orçamentária, o Poder Executivo, o Poder Legislativo,
o Poder Judiciário, o Ministério Público e a Defensoria Pública enviarão ao Poder Legislativo as
justificativas do impedimento;
II - até 30 (trinta) dias após o término do prazo previsto no inciso I, o Poder Legislativo indicará ao Poder
Executivo o remanejamento da programação cujo impedimento seja insuperável;

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III - até 30 de setembro ou até 30 (trinta) dias após o prazo previsto no inciso II, o Poder Executivo
encaminhará projeto de lei sobre o remanejamento da programação cujo impedimento seja insuperável;
IV - se, até 20 de novembro ou até 30 (trinta) dias após o término do prazo previsto no inciso III, o Congresso
Nacional não deliberar sobre o projeto, o remanejamento será implementado por ato do Poder
Executivo, nos termos previstos na lei orçamentária.

Esse parágrafo foi revogado!


Quer dizer, antes, no caso de impedimentos de ordem técnica, as medidas a serem adotadas estavam
dispostas na própria CF/88. Hoje elas estão definidas na LDO!

“Quer dizer que não tenho mais que decorar essa sequência, professor?”

Exatamente! Mas ainda acho interessante você dar uma lida, para conseguir identificar quando uma
questão está tentando fazer uma pegadinha com você.

Outra regra revogada foi a seguinte:

§ 15. Após o prazo previsto no inciso IV do § 14, as programações orçamentárias previstas no § 11 não serão
de execução obrigatória nos casos dos impedimentos justificados na notificação prevista no inciso I do §
14.

Quer dizer, tentava-se (de todo jeito ) contornar os impedimentos técnicos, até que chegava um ponto
que não valia mais a pena. O exercício financeiro já ia terminar e já tinha se tentado tudo. Só então as
programações orçamentárias previstas no § 11 (emendas individuais) não seriam mais de execução
obrigatória.

Mas essa regra foi revogada! Então esqueça isso!

“Se é para eu esquecer, por que você colocou isso na aula, professor?”

De novo: para você não cair em pegadinhas da banca!


Ah! Aqui vale lembrar que caberá a uma lei complementar dispor sobre procedimentos que serão
adotados quando houver impedimentos legais e técnicos (CF/88, art. 165, § 9º, III).

Continuando, mais novidade:

§ 17. Os restos a pagar provenientes das programações orçamentárias previstas nos §§ 11 e 12 poderão
ser considerados para fins de cumprimento da execução financeira até o limite de 0,6% (seis décimos
por cento) da receita corrente líquida realizada no exercício anterior, para as programações das emendas
individuais, e até o limite de 0,5% (cinco décimos por cento), para as programações das emendas de
iniciativa de bancada de parlamentares de Estado ou do Distrito Federal.

Portanto, os restos a pagar provenientes das programações orçamentárias das emendas individuais
poderão ser considerados para fins de cumprimento da execução financeira das próprias emendas individuais
até o limite de 0,6% da RCL realizada no exercício anterior. E os restos a pagar provenientes das programações
orçamentárias das emendas de bancada poderão ser considerados para fins de cumprimento da execução
financeira das próprias emendas de bancada até o limite de 0,5% da RCL realizada no exercício anterior.

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Perceba: é sempre metade do limite original! Emendas individuais têm limite de 1,2%. E emendas de bancada
têm limite de 1%.

Emendas 0,6% da RCL


individuais executada no
exercício
Podem ser 1,2% anterior
considerados na
Restos a pagar
execução
financeira Emendas de 0,5% da RCL
bancada executada no
exercício
1% anterior

Mas o que isso significa, exatamente?

Esse dispositivo é um confuso mesmo. Consequência disso é que ele permite duas interpretações
distintas.
A primeira interpretação é que o pagamento dos restos a pagar de exercícios anteriores pode ser
considerado como para fins de cumprimento da execução financeira. Permita-me dar um exemplo para ficar
mais claro.

Digamos que houve uma emenda parlamentar individual impositiva em 2019, mas não deu para pagar tudo em
2019. Ficou um resto a pagar, digamos de R$ 100.000,00.

Agora em 2020, a Administração tem que executar mais 1,2% advindos das emendas individuais de 2020, correto?

Acontece que a Administração pode escolher pagar aquele resto a pagar de R$ 100.000,00 e, fazendo isso, ela já
estará cumprindo, por exemplo, 0,5 % desses 1,2 %. Ou seja: ficaria faltando só mais 0,7 %.

A segunda interpretação é que as emendas impositivas podem ser inscritas em restos a pagar daquele
mesmo exercício financeiro até o limite de 0,6 % da RCL (para as emendas individuais) e 0,5 % da RCL (para as
emendas de bancada), e estes restos a pagar poderão ser considerados para fins de cumprimento da execução
financeira.

Restos a pagar são despesas que foram empenhadas, mas não foram pagas até o final do exercício
financeiro. Quando a Administração empenha uma despesa, ainda não há obrigação de pagamento (muito
embora o artigo 58 da Lei 4.320/64 diga o contrário - isso é mais bem explicado no capítulo de etapas da despesa
orçamentária). Quando há somente o empenho, ainda é possível cancelá-lo (ou cancelar o resto a pagar).
Assim, caso a Administração quisesse burlar a execução das emendas impositivas, bastava ela empenhar tudo
e logo depois cancelar os empenhos.
Mas os parlamentares foram espertos. No § 11º, está escrito "execução orçamentária e financeira". Isso
significa que não basta empenhar. Também tem que pagar!

No entanto, eles resolveram dar uma folga, uma "colher de chá", para a Administração, dizendo:
"Administração, você pode inscrever até metade das emendas impositivas em restos a pagar, ou seja, não
precisa pagar naquele mesmo ano, e isso ainda será considerado execução financeira."

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AFO na CF/88

Por exemplo: o montante de uma emenda parlamentar de bancada impositiva, no exercício financeiro de 2020, é
de R$ 100.000,00. Se a Administração pagar somente R$ 50.000,00 e inscrever os outros R$ 50.000,00 em restos a
pagar, está ok: esses restos a pagar poderão ser considerados para fins de cumprimento da execução financeira.

Essa é a segunda interpretação do § 17. E é essa interpretação que tem prevalecido!

Pois bem. E aqui também vale destacar que caberá também a uma lei complementar dispor sobre o
cumprimento de restos a pagar (CF/88, art. 165, § 9º, III).

§ 18. Se for verificado que a reestimativa da receita e da despesa poderá resultar no não cumprimento da
meta de resultado fiscal estabelecida na lei de diretrizes orçamentárias, os montantes previstos nos §§ 11
e 12 deste artigo poderão ser reduzidos em até a mesma proporção da limitação incidente sobre o
conjunto das demais despesas discricionárias.

A regra é assim: se a reestimativa da receita e da despesa poderá resultar no não cumprimento da meta
de resultado fiscal estabelecida na lei de diretrizes orçamentárias, o gestor só poderá cortar os gastos das
programações orçamentárias oriundas de emendas parlamentares individuais ou de bancada na mesma
proporção do corte (contingenciamento) de gastos das despesas discricionárias.

Por exemplo: se o gestor cortou 50% das despesas discricionárias, ele pode cortar até 50% das despesas relacionadas às
emendas parlamentares individuais. Se reduzir em 10% as despesas discricionárias: reduz no máximo em 10% as despesas
relacionadas às emendas parlamentares individuais. O que não pode acontecer é o gestor cortar, por exemplo, 10% das
despesas discricionárias e 50% das emendas parlamentares individuais.

Também caberá a uma lei complementar dispor sobre limitação das programações de caráter
obrigatório (CF/88, art. 165, § 9º, III).

§ 10. A execução do montante destinado a ações e serviços públicos de saúde previsto no § 9º, inclusive
custeio, será computada para fins do cumprimento do inciso I do § 2º do art. 198, vedada a destinação
para pagamento de pessoal ou encargos sociais.

Esse parágrafo nos informa que o montante que for executado em ações e serviços públicos de saúde
(aqueles 0,6% da RCL, provenientes das emendas individuais) será computado para fins do cumprimento da
aplicação mínima de recursos na saúde. E esses recursos não poderão ser destinados ao pagamento de
pessoal ou encargos sociais (essa é uma forma de garantir que esses recursos serão gastos em materiais,
equipamentos, investimentos, obras, etc.).

§ 16. Quando a transferência obrigatória da União para a execução da programação prevista nos §§ 11 e
12 deste artigo for destinada a Estados, ao Distrito Federal e a Municípios, independerá da adimplência
do ente federativo destinatário e não integrará a base de cálculo da receita corrente líquida para fins de
aplicação dos limites de despesa de pessoal de que trata o caput do art. 169.

Mesmo que o ente federativo destinatário esteja inadimplente, ele receberá a transferência obrigatória
da União para executar a programação prevista nos §§ 11 e 12 (emendas parlamentares individuais e de
bancada, respectivamente). Em outras palavras: caso a execução obrigatória dependa de transferência
obrigatória da União, não importa se o ente federativo se encontra inadimplente.

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E esses recursos que o ente recebeu, ou seja, essa receita de transferência do ente não integrará a base
de cálculo da RCL para fins de apuração dos limites de gastos de pessoal da LRF.
Sabe onde estão as pegadinhas aqui? A questão vai lhe falar sobre transferências voluntárias. Sabe por
quê? Porque, de acordo com o artigo 25 da LRF, o recebimento de transferências voluntárias depende da
adimplência do ente recebedor quanto ao pagamento de tributos, empréstimos e financiamentos devidos ao
ente transferidor, bem como quanto à prestação de contas de recursos anteriormente dele recebidos.
Só que aqui nas emendas impositivas nós estamos falando de transferência obrigatórias! E não
voluntárias!

Preste atenção
Mesmo que o ente federativo destinatário esteja inadimplente, ele receberá a transferência obrigatória da
União para executar a programação prevista nas emendas parlamentares individuais e de bancada

A outra pegadinha é dizer que essa receita de transferência integrará a base de cálculo da RCL para fins
de apuração dos limites de gastos de pessoal da LRF. Mentira! Não integrará!

Em frente, pois temos mais uma novidade:

§ 20. As programações de que trata o § 12 deste artigo, quando versarem sobre o início de investimentos
com duração de mais de 1 (um) exercício financeiro ou cuja execução já tenha sido iniciada, deverão
ser objeto de emenda pela mesma bancada estadual, a cada exercício, até a conclusão da obra ou do
empreendimento.

Esse dispositivo trata especificamente das emendas de bancada, ok?

Quando tais emendas versarem sobre:

● o início de investimentos com duração de mais de 1 (um) exercício financeiro; ou


● investimentos cuja execução já tenha sido iniciada,

elas deverão ser objeto de emenda pela mesma bancada estadual (a mesma! Não pode ser outra!), a
cada exercício, até a conclusão da obra ou do empreendimento.

Estamos acabando...

§ 19. Considera-se equitativa a execução das programações de caráter obrigatório que observe critérios
objetivos e imparciais e que atenda de forma igualitária e impessoal às emendas apresentadas,
independentemente da autoria.

Perceba que não importa quem seja o autor da emenda. Se a execução das programações observou
critérios objetivos e imparciais e atendeu de forma igualitária e impessoal às emendas apresentadas, então
podemos considerar que essa execução foi equitativa.
E só para evitar surpresas, vamos ver como era o texto antigo:

§ 18. Considera-se equitativa a execução das programações de caráter obrigatório que atenda de forma
igualitária e impessoal às emendas apresentadas, independentemente da autoria.

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Não mudou muito, não é? A única mudança foi o acréscimo da expressão “que observe critérios objetivos
e imparciais”.
“Mas como eu vou saber exatamente o que é uma execução equitativa?”

Mais uma vez, caberá a uma lei complementar dispor sobre critérios para a execução equitativa (art.
165, § 9º, III). Vamos ver esse dispositivo por completo, finalmente?

Art. 165, § 9º Cabe à lei complementar: (...)

III - dispor sobre critérios para a execução equitativa, além de procedimentos que serão adotados quando
houver impedimentos legais e técnicos, cumprimento de restos a pagar e limitação das programações
de caráter obrigatório, para a realização do disposto nos §§ 11 e 12 do art. 166.

Certo. Agora vem uma disposição interessante (para não dizer polêmica):

Art. 165, § 10. A administração tem o dever de executar as programações orçamentárias, adotando os
meios e as medidas necessários, com o propósito de garantir a efetiva entrega de bens e serviços à
sociedade.

Esse dispositivo tenta aumentar o caráter impositivo do orçamento. Ele diz que a Administração tem o
dever de executar as programações orçamentárias e que ela deverá adotar os meios e as medidas
necessários, com o propósito de garantir a efetiva entrega de bens e serviços à sociedade. Mas isso não
significa que ela vai executar ou que tem que executar todas as programações orçamentárias, até porque o
nosso orçamento ainda pode ser considerado autorizativo.
É tanto que a Emenda Constitucional 102/19 já inseriu o § 11, limitando esse dever da Administração.
Olha só:

Art. 165, § 11. O disposto no § 10 deste artigo, nos termos da lei de diretrizes orçamentárias: (Incluído pela
Emenda Constitucional nº 102, de 2019)

I - subordina-se ao cumprimento de dispositivos constitucionais e legais que estabeleçam metas fiscais ou


limites de despesas e não impede o cancelamento necessário à abertura de créditos adicionais;

II - não se aplica nos casos de impedimentos de ordem técnica devidamente justificados;

III - aplica-se exclusivamente às despesas primárias discricionárias.

Agora deixa eu explicar...

Sim, a Administração tem o dever de executar as programações orçamentárias. Mas ela ainda tem que
respeitar as metas fiscais e os limites de despesas.

Por exemplo: a Administração se vê diante da necessidade de contratação de 50 médicos.

Ela tem o dever de executar as programações orçamentárias e garantir a efetiva entrega de bens e serviços à sociedade?

Sim, tem.

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Mas essa contratação vai implicar o não cumprimento das metas fiscais e o desrespeito ao limite de despesas.

Então, a Administração tem esse dever, mas ele está subordinado ao cumprimento de dispositivos constitucionais e legais
que estabeleçam metas fiscais ou limites de despesas.

E tem mais: não é porque a Administração tem o dever de executar as programações orçamentárias que
ela não pode cancelar algumas dotações orçamentárias para abrir créditos adicionais. Isto é: o governo pode
sim, se julgar necessário, cancelar alguma programação orçamentária com o propósito de “liberar orçamento”
para outras programações (lembre-se que a anulação de dotações orçamentárias é uma das fontes para
abertura de créditos adicionais).
Continuando...

A Administração tem mesmo o dever de executar as programações orçamentárias, mas se houver


impedimentos de ordem técnica, ela está liberada desse dever. Afinal o que ela pode fazer? Ela está de mãos
atadas. Mas atenção: não basta somente alegar impedimento de ordem técnica. Tem que justificar!
Finalmente, repare que essa regra do § 10 (o dever de executar as programações orçamentárias) aplica-
se exclusivamente às despesas primárias discricionárias.

Atenção aqui, porque eu já prevejo inúmeras pegadinhas! A banca vai escrever:

● não se aplica às despesas primárias discricionárias;


● aplica-se exclusivamente às despesas primárias obrigatórias;
● aplica-se exclusivamente às despesas primárias vinculadas;
● aplica-se exclusivamente às despesas financeiras.
E tudo isso está errado! O disposto no § 10 aplica-se exclusivamente às despesas primárias
discricionárias.

Lembrando: despesas primárias = despesas não financeiras

Aprofundando 🔎
Em maio de 2020, a página que fala sobre princípios orçamentários do o site da Câmara dos Deputados foi
atualizada, para fazer constar, na opinião deste órgão, um novo princípio: o princípio do orçamento
impositivo.
Vamos ler o texto na íntegra, e eu faço os comentários logo em seguida:
"Trata-se de princípio novo que define o dever de execução das programações orçamentárias, o que supera o
antigo debate acerca da natureza jurídica da lei orçamentária, ou seja, se as programações representavam
mera autorização para a execução (modelo autorizativo) ou se, diante do sistema de planejamento e orçamento da
Constituição de 1988, poder-se-ia extrair o caráter vinculante da lei orçamentária, o que acabou prevalecendo.

De acordo com o § 10 do art. 165 da CF, a administração tem o dever de executar as programações orçamentárias,
adotando os meios e as medidas necessários, com o propósito de garantir a efetiva entrega de bens e serviços à
sociedade. Esse dever de executar as programações que constam da lei orçamentária foi inserido pela Emenda
Constitucional 100, de 2019. Ampliou-se, para todo o orçamento público, o regime jurídico de execução que já

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se encontrava definido para as programações incluídas por emendas individuais (desde a EC nº 85, 2015, que
promoveu mudanças no art. 166 da CF).
O dever de execução é um vínculo imposto ao gestor, no interesse da sociedade, que o impele a tomar todas as
medidas necessárias (empenho, contratação, liquidação, pagamento) para viabilizar a entrega de bens e serviços
correspondente às programações da lei orçamentária. A própria Constituição esclarece que o dever de execução
não se aplica nos casos em que impedimentos de ordem técnica ou legal, na medida em que representam óbice
intransponível para o gestor. É o caso, por exemplo, da necessidade legal de cumprir metas fiscais, o que requer
contingenciamento das despesas.

O caráter impositivo da execução do orçamento importa apenas para as chamadas despesas discricionárias
(não obrigatórias). Isso porque a execução das despesas “obrigatórias” - aquelas cujo orçamentação, empenho e
pagamento decorrem da existência de legislação anterior, que cria vínculos obrigacionais - define-se pela própria
norma substantiva, e não pelo fato de constar da lei orçamentária."

Muito bem. A primeira coisa que eu quero lhe dizer é: calma! 😄

Primeiro: o posicionamento da Câmara dos Deputados enquanto consultoria não é vinculante e não é capaz
de realizar mudança alguma no orçamento brasileiro (isso só se faz por meio de lei). Sabendo como funcionam
as coisas lá dentro, o que nós (eu e o professor Marcel) imaginamos que tenha acontecido, é que os consultores
deste órgão compartilham desta opinião (de que o orçamento agora é impositivo) e acharam interessante
colocar isso no site da Câmara dos Deputados. Só isso!
Só que esse novo princípio ainda não está em nenhuma doutrina (ainda não deu tempo dos doutrinadores se
posicionarem sobre o tema). Além disso, a posição do Supremo Tribunal Federal (STF), já consolidada há anos,
é de que o orçamento é autorizativo. E, na prática, ele é autorizativo, pois é assim que ele é executado por todos
os entes públicos. E ainda tem mais: se o orçamento fosse impositivo, por que nós temos que ter regras para
emendas impositivas?

Fora isso, o orçamento é composto por receitas e despesas, certo? Se o orçamento agora é impositivo, então
por que as receitas não são impositivas também? 🤔

Enfim, em áreas como a administração (geral ou pública) é sempre bom lembrar o ensinamento de Herbert
Simon: os princípios são como provérbios, aparecem sempre em pares; para cada um pode-se encontrar outro
princípio contraditório aceitável. Tome, por exemplo, o princípio da não afetação da receita de impostos. Nós
entendemos que as receitas de impostos devem ser livres (desvinculadas) para facilitar o alcance de objetivos,
mas, ao mesmo tempo, nós acreditamos que é fundamental vincular recursos para a educação, para a saúde,
para a administração tributária... Isso não é contraditório?
O mesmo vale para o princípio do orçamento impositivo: "a administração tem o dever de executar as
programações orçamentárias, adotando os meios e as medidas necessários, com o propósito de garantir a
efetiva entrega de bens e serviços à sociedade", como afirma o § 10 do artigo 165, da CF/88. Mas não nos casos
de impedimentos de ordem técnica ou legal, não no caso de falta de recursos, não no caso de descumprimento
de metas fiscais ou de limites de despesas. E o princípio se aplica exclusivamente às despesas primárias
discricionárias.

Conclusão: nessa área, é complicado falar em princípios. "Qualquer um" pode "inventar" um princípio (e
aproveitar para criar um monte de exceções também!). E o novo princípio do orçamento impositivo, como você
viu, já nasce com diversas ressalvas.

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Mas, no entanto, porém, contudo, entretanto, todavia... não podemos ignorar o que está escrito no site da
Câmara dos Deputados. Até porque eu já vi proposições retiradas diretamente de lá aparecerem em prova.
"Eita, professor! E agora? O que que eu faço? Se aparecer na minha prova, o que que eu marco?"

Olha, eu não consigo lhe dizer qual vai ser a posição da banca. Não adianta perguntar isso para mim no fórum,
porque minha resposta vai ser exatamente essa. É possível que o examinador entre no site da Câmara dos
Deputados e resolva copiar esses trechos, transformando-os em questões. Não vou mentir para você. Por isso
que eu já marquei, no texto, as partes que considero mais importantes (volte lá e confira).

Oficialmente, o nosso orçamento ainda é autorizativo: não há doutrina falando o contrário; o


posicionamento do STF não mudou; na prática, ele continua sendo executado de forma autorizativa (praxis);
as receitas, que fazem parte do orçamento, não são impositivas; e ainda temos o parágrafo 8 do artigo 165 da
CF/88 (que representa o princípio da exclusividade) falando em autorização, observe:

Art. 165, § 8º A lei orçamentária anual não conterá dispositivo estranho à previsão da receita e à fixação da despesa,
não se incluindo na proibição a autorização para abertura de créditos suplementares e contratação de operações
de crédito, ainda que por antecipação de receita, nos termos da lei.
Mas não podemos negar que nós estamos cada vez mais perto de um orçamento impositivo. Estamos
caminhando para isso.

E olha só: considerando as diversas despesas obrigatórias (por exemplo, despesas com pessoal), cerca de 90%
do orçamento brasileiro já é impositivo (impositivo no sentido de que o gestor público é obrigado a executar
aquelas despesas). O que nós estamos discutindo aqui é uma parcela mínima do nosso orçamento.

A seguir, uma bela representação gráfica do orçamento brasileiro:

Portanto, não ignore o posicionamento presente no site da Câmara dos Deputados. Considere a existência de
um novo princípio orçamentário (princípio do orçamento impositivo), embora ele tenha suas ressalvas. E saiba
que, oficialmente, o orçamento ainda é autorizativo, mas estamos caminhando para o orçamento impositivo.

Para finalizar, quero relembrar aquele parágrafo incluído pela EC 102/19:

§ 13. O disposto no inciso III do § 9º e nos §§ 10, 11 e 12 deste artigo aplica-se exclusivamente aos
orçamentos fiscal e da seguridade social da União.

Resumindo

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Orçamento ainda 1,2% da RCL


em discussão (2a prevista no PLOA
etapa do ciclo (metade para a
orçamentário) saúde: 0,6%)

Emendas
individuais não serão de execução
impositivas obrigatória nos casos
dos impedimentos
de ordem técnica
Orçamento já em
1,2% da RCL
execução (3a etapa
realizada no
do ciclo
exercício anterior restos a pagar
orçamentário)
poderão ser
considerados até o
limite de 0,6% da RCL
realizada no exercício
anterior

não serão de execução obrigatória nos casos


dos impedimentos de ordem técnica

restos a pagar poderão ser considerados


Emendas de 1% da RCL realizada
até o limite de 0,5% da RCL realizada no
bancada no exercício anterior exercício anterior

início de investimentos com duração de mais


de 1 (um) exercício financeiro ou cuja
execução já tenha iniciado: emenda pela
mesma bancada estadual, a cada exercício,
até a conclusão da obra

Questões para fixar


VUNESP – Procurador do Estado de São Paulo – 2018
A Emenda Constitucional 86, de 2015, introduziu o conceito de execução equitativa das emendas individuais ao projeto de
Lei Orçamentária Anual. Para tanto, estabeleceu o limite percentual de 1,2% da receita corrente líquida,
a) cuja liberação financeira não pode ser obstada pelo Poder Executivo, salvo quando a execução da programação
orçamentária correspondente for destinada a outros entes federados que estejam inadimplentes, ainda que
temporariamente.

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b) destinado integralmente a ações e serviços públicos de saúde, vedada a aplicação em despesas de pessoal ou encargos
sociais, admitindo-se o cômputo das programações correspondentes no cálculo do percentual mínimo de aplicação em
saúde fixado na Constituição Federal.

c) no qual se inserem também as programações oriundas de despesas discricionárias incluídas pelo Chefe do Poder
Executivo, igualmente não afetadas por contingenciamento na hipótese do não atingimento da meta de resultado fiscal
prevista na Lei de Diretrizes Orçamentárias.

d) com obrigatoriedade da execução orçamentária e financeira das programações decorrentes, salvo impedimentos de
ordem técnica, comportando redução, até a mesma proporção incidente sobre o conjunto das despesas discricionárias, na
hipótese de não cumprimento da meta de resultado fiscal estabelecida na Lei de Diretrizes Orçamentárias.

e) havendo precedência da liberação financeira para as programações decorrentes das emendas inseridas em tal limite em
relação àquelas destinadas a despesas discricionárias, sendo apenas estas últimas atingidas por limitações de empenho
decorrentes de frustração da previsão de receita de impostos.

Comentários:

Vejamos as alternativas:

a) Errada. Caso a execução obrigatória dependa de transferência obrigatória da União, não importa se o ente federativo
se encontra inadimplente.

b) Errada. Não é destinado integralmente. Somente metade dele: 0,6%.


c) Errada. Na hipótese do não atingimento da meta de resultado fiscal prevista na LDO, as despesas discricionárias e as
emendas individuais são afetadas pelo contingenciamento. Veja só (CF/88):

Art. 166, § 17. Se for verificado que a reestimativa da receita e da despesa poderá resultar no não cumprimento da meta de
resultado fiscal estabelecida na lei de diretrizes orçamentárias, o montante previsto no § 11 deste artigo poderá ser reduzido
em até a mesma proporção da limitação incidente sobre o conjunto das despesas discricionárias.

d) Correta.
e) Errada. Não existe essa precedência. As emendas individuais são afetadas na mesma proporção da limitação incidente
sobre o conjunto das despesas discricionárias.

Gabarito: D

FCC – SEFAZ-SC - Auditor-Fiscal da Receita Estadual – 2018


De acordo com a disciplina constitucional em matéria de lei orçamentária anual federal, as emendas individuais ao projeto
de lei orçamentária anual serão aprovadas no limite de 1,2% (um inteiro e dois décimos por cento) da receita corrente
líquida prevista no projeto encaminhado pelo Presidente da República, devendo dois terços desse percentual ser destinado
a ações e serviços públicos de saúde.
Comentários:

Dois terços? Não!

Metade desse percentual, ou seja, 0,6% deverá ser destinado a ações e serviços públicos de saúde (CF/88, Art. 166, § 9º).
Lembre-se que somente as emendas individuais terão metade de seu percentual destinado a ações e serviços públicos de
saúde. As emendas de bancada não! ☝️

Gabarito: Errado

FCC – SEFAZ-SC - Auditor-Fiscal da Receita Estadual – 2018

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AFO na CF/88

De acordo com a disciplina constitucional em matéria de lei orçamentária anual federal, é obrigatória a execução
orçamentária e financeira das programações contidas na Lei Orçamentária Anual, em montante correspondente a 1,2%
(um inteiro e dois décimos por cento) da receita corrente líquida realizada no exercício anterior.
Comentários:

É obrigatória a execução de todas as programações contidas na Lei Orçamentária Anual? 😅 Claro que não! Nosso
orçamento é autorizativo.

Obrigatória é a execução somente das programações provenientes das emendas parlamentares individuais, em
montante correspondente a 1,2% (um inteiro e dois décimos por cento) da receita corrente líquida realizada no exercício
anterior. E essa garantia de execução também se aplica às programações incluídas por todas as emendas de iniciativa de
bancada de parlamentares de Estado ou do Distrito Federal, no montante de até 1% (um por cento) da receita corrente
líquida realizada no exercício anterior (CF/88, art. 166, §§ 11 e 12).

Esses são os pedaços de orçamento impositivo que temos no meio do nosso orçamento autorizativo. 😉

Gabarito: Errado

Questão inédita – Professor Sérgio Machado – 2019

As emendas parlamentares coletivas serão de execução obrigatória em montante correspondente a 1% da receita corrente
líquida realizada no exercício anterior.

Comentários:

Opa! As emendas coletivas serão de execução obrigatória? 🤔

Nem todas! As emendas coletivas podem ser emendas de bancada ou de comissões. As emendas de bancada serão de
execução obrigatória. Mas as emendas de comissões não! 😏

Gabarito: Errado

Questão inédita – Professor Sérgio Machado – 2019

As emendas de bancada ao projeto de lei orçamentária serão aprovadas no limite de 1% da receita corrente líquida prevista
no projeto encaminhado pelo Poder Executivo, sendo que a metade deste percentual será destinada a ações e serviços
públicos de saúde.

Comentários:

Já falei e vou repetir: somente as emendas individuais terão metade de seu percentual destinado a ações e serviços
públicos de saúde. As emendas de bancada não! ☝️

Gabarito: Errado

Questão inédita – Professor Sérgio Machado – 2019

Quando a transferência voluntária da União para a execução da programação proveniente das emendas individuais
impositivas e emendas de bancada de parlamentares for destinada a Estados, ao Distrito Federal e a Municípios,
independerá da adimplência do ente federativo destinatário e integrará a base de cálculo da receita corrente líquida para
fins de aplicação dos limites de despesa de pessoal.

Comentários:

Eu disse para você prestar atenção nessas pegadinhas! 😬

Na verdade, caso a execução obrigatória dependa de transferência obrigatória da União, não importa se o ente federativo
se encontra inadimplente. E essa receita de transferência não integrará a base de cálculo da receita corrente líquida para
fins de aplicação dos limites de despesa de pessoal.

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AFO na CF/88

Veja a regra correta:

Art. 166, § 16. Quando a transferência obrigatória da União para a execução da programação prevista nos §§ 11 e 12 deste
artigo for destinada a Estados, ao Distrito Federal e a Municípios, independerá da adimplência do ente federativo destinatário
e não integrará a base de cálculo da receita corrente líquida para fins de aplicação dos limites de despesa de pessoal de que
trata o caput do art. 169.

Gabarito: Errado

Questão inédita – Professor Sérgio Machado – 2019

A administração tem o dever de executar as programações orçamentárias, adotando os meios e as medidas necessários,
com o propósito de garantir a efetiva entrega de bens e serviços à sociedade, sendo que essa regra somente se aplica às
despesas primárias obrigatórias.

Comentários:

Já estou lhe preparando para as pegadinhas, viu? 😂

Na verdade, essa regra aplica-se exclusivamente às despesas primárias discricionárias.

Gabarito: Errado

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Transferência de recursos por meio de emendas individuais impositivas


(Emenda Constitucional 105/19 – art. 166-A)
Bom, então você já sabe o que são emendas impositivas. Mas como os recursos financeiros dessas
emendas chegam onde os parlamentares querem que eles cheguem? Ou seja: como esses recursos são
transferidos?
Esse é o tema da Emenda Constitucional 105/19.

Mas primeiro eu vou lhe contar como as coisas funcionavam antes dela. Era assim: a emeda impositiva
incluída no Projeto de Lei Orçamentária Anual (PLOA) continha uma autorização para que a União firmasse um
convênio (ou outro instrumento congênere) com o ente beneficiado, com vistas a realização de um projeto
específico.

Por exemplo: um deputado federal do Ceará conseguiu aprovar uma emenda para a construção de uma praça na cidade
de Fortaleza. Então, lá no PLOA consta uma autorização para que a União faça um convênio com o Estado do Ceará.

Esquematizando

Convênio Projeto
PLOA da União (ou intrumento específico no
congênere) ente benficiado

Pois bem. Agora as coisas estão mais simples...

Pois o objetivo da EC 105/19 é justamente desburocratizar a transferência de recursos por meio de


emendas impositivas.

Preste atenção!
O objetivo da EC 105/19 é desburocratizar a transferência de recursos

“Quer dizer que não se faz mais desse jeito antigo, professor?”

Não. A transferência ainda pode ser feita desse jeito antigo. O que a EC 105/19 fez foi regular essa forma
antiga e estabelecer uma nova forma de transferência de recursos.

Preste atenção!
A EC 105/19 estabeleceu uma nova forma de transferência de recursos para as emendas impositivas

“Tá. E como é essa nova forma, professor? Fala aí!”

É isso que eu vou dizer agora! Vamos lá!


A EC 105/19 criou um novo artigo em nossa Constituição. O artigo 166-A, observe:

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Art. 166-A. As emendas individuais impositivas apresentadas ao projeto de lei orçamentária anual
poderão alocar recursos a Estados, ao Distrito Federal e a Municípios por meio de:

I - transferência especial; ou

II - transferência com finalidade definida.

Primeiro ponto em que vou chamar a sua atenção: a EC 105/19 se refere apenas às emendas individuais
impositivas, ok? Somente as emendas individuais. As emendas de bancada não!

Preste atenção!
A EC 105/19 trata somente das emendas individuais impositivas

Beleza. Então agora nós temos duas formas para transferir esses recursos oriundos de emendas
individuais impositivas:

● transferência especial; e
● transferência com finalidade definida.

Vamos ver como cada uma delas funciona. Mas antes quero que você saiba que... (CF/88):

Art. 166-A, § 1º Os recursos transferidos na forma do caput deste artigo não integrarão a receita do
Estado, do Distrito Federal e dos Municípios para fins de repartição e para o cálculo dos limites da
despesa com pessoal ativo e inativo, nos termos do § 16 do art. 166, e de endividamento do ente
federado, vedada, em qualquer caso, a aplicação dos recursos a que se refere o caput deste artigo no
pagamento de:

I - despesas com pessoal e encargos sociais relativas a ativos e inativos, e com pensionistas; e

II - encargos referentes ao serviço da dívida.

Entendeu?

É o seguinte: esses recursos que serão recebidos pelo ente beneficiado vão integrar a receita desse ente
beneficiado, mas não para fins de repartição e para o cálculo dos limites da despesa com pessoal ativo e inativo
e de endividamento do ente federado. Para esses dois fins, esses recursos transferidos não vão contar como
receita, ou seja, não integrarão a receita para esses fins.

“Certo. Mas por que, professor? Qual é a lógica por trás disso?”
A lógica é a seguinte: a LRF estabelece os limites para despesas com pessoal e de endividamento em
termos de percentual (%) da receita, mais especificamente, da Receita Corrente Líquida (RCL).

Isso significa que para calcular o percentual de despesas com pessoal, temos que fazer uma divisão, na
qual o numerador é o montante gasto com as despesas com pessoal e o denominador é a RCL.
𝑑𝑒𝑠𝑝𝑒𝑠𝑎𝑠 𝑐𝑜𝑚 𝑝𝑒𝑠𝑠𝑜𝑎𝑙
Assim: 𝑃𝑒𝑟𝑐𝑒𝑛𝑡𝑢𝑎𝑙 𝑑𝑒 𝑑𝑒𝑠𝑝𝑒𝑠𝑎𝑠 𝑐𝑜𝑚 𝑝𝑒𝑠𝑠𝑜𝑎𝑙 =
𝑅𝐶𝐿

No caso dos Estados, por exemplo, esse percentual não pode ultrapassar os 60 %.

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Pois bem. Então repare no seguinte: esses recursos transferidos por meio de emendas individuais
impositivas são esporádicos. Não são constantes. Em um ano, o ente pode receber R$ 5.000.000,00. Em outro
ano, pode não receber nada!

Agora imagine o denominador da nossa divisão (RCL) diminuindo em R$ 5.000.000,00. O que vai
acontecer com o resultado da nossa divisão? Isso mesmo: vai aumentar! E se aumentar muito, pode inclusive
ultrapassar o limite permitido!
Suponha que um ente não aumentou suas despesas com pessoal, ou seja, não contratou ninguém e não
aumentou os salários. Seu numerador se mantém estável. Mas, só porque não recebeu recursos provenientes
de emendas individuais impositivas naquele ano, seu denominador diminuiu e isso fez com que ele extrapolasse
o limite estabelecido pela LRF, estando sujeito a várias sanções.
Você acha isso justo? O limite de despesas com pessoal e de endividamento ficar subindo e descendo ao
sabor do recebimento de emendas individuais impositivas?

Não. Não é justo. Não faz sentido. Melhor a se fazer, então, é não considerar essa receita oriunda de
emendas individuais impositivas para fins de repartição e para o cálculo dos limites da despesa com pessoal
ativo e inativo e de endividamento do ente federado.
E do mesmo jeito que não seria justo que a situação piorasse, também não seria justo que a situação
melhorasse. Traduzindo: o ente também não pode pegar esse dinheiro recebido por meio de emendas
individuais impositivas e alocar em despesas com pessoal e encargos sociais relativas a ativos e inativos, e com
pensionistas; e em encargos referentes ao serviço da dívida (ou seja, não pode pagar juros de dívidas públicas).
O dinheiro para pagar essas coisas tem que vir de outro lugar!

Ok. Vencido esse ponto, vamos ver como funcionam as transferências especiais.

As transferências especiais são a nova forma de transferência de recursos por meio de emendas
individuais impositivas, criada pela EC 105/19. Vamos ver quais são suas características (CF/88):

Art. 166-A, § 2º Na transferência especial a que se refere o inciso I do caput deste artigo, os recursos:

I - serão repassados diretamente ao ente federado beneficiado, independentemente de celebração de


convênio ou de instrumento congênere;

II - pertencerão ao ente federado no ato da efetiva transferência financeira; e

III - serão aplicadas em programações finalísticas das áreas de competência do Poder Executivo do ente
federado beneficiado, observado o disposto no § 5º deste artigo.

Veja bem...

Com as transferências especiais, os recursos podem ser repassados diretamente ao ente federado
beneficiado, independentemente de celebração de convênio ou de instrumento congênere.

Assim:

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Cofre do ente
Cofre da União
beneficiado

Agora, em vez de uma autorização para a União celebrar um convênio para a realização de um projeto
específico, o PLOA simplesmente vai dizer: “transfira esse dinheiro para o ente”.

Pronto! O dinheiro sai dos cofres da União e vai diretamente para os cofres do ente beneficiado, que
pode aplicá-lo do jeito que bem entender, desde que seja em programações finalísticas das áreas de
competência do Poder Executivo do ente federado beneficiado (não é da União) e pelo menos 70 % em
despesas de capital – essa é a exigência do § 5º do artigo 166-A. Observe:

Art. 166-A, § 5º Pelo menos 70% (setenta por cento) das transferências especiais de que trata o inciso I
do caput deste artigo deverão ser aplicadas em despesas de capital, observada a restrição a que se refere
o inciso II do § 1º deste artigo.

Repare que é 70 % somente das transferências especiais. As transferências com finalidade definida estão
fora dessa regra! Vai ter pegadinha aqui! Pode anotar!

E outra pegadinha é dizer que esses recursos deverão ser aplicados em investimentos. Ora, as despesas
de capital podem ser divididas em: investimentos, inversões financeiras e transferências de capital (segundo a
Lei 4.320/64). Portanto, investimento é somente uma das espécies do gênero despesa de capital. Por isso é
errado dizer que pelos menos 70 % das transferências especiais deverão ser aplicadas em investimentos, porque
elas não necessariamente devem ser aplicadas em investimentos. Podem ser aplicadas também em inversões
financeiras e transferências de capital.

Preste atenção!
Pelo menos 70 % das transferências especiais (somente das transferências especiais) deverão ser
aplicadas em despesas de capital (e não apenas em investimentos)

“E por que essa regra de 70 %, professor?”


Ora, porque as despesas de capital são aquelas as que contribuem, diretamente, para a formação ou
aquisição de um bem de capital. O legislador constituinte quer que esses recursos sejam utilizados para
construir alguma coisa: uma escola, um hospital, uma ponte, uma praça, a aquisição de máquinas e
equipamentos, etc. Em vez de serem utilizados para pagar despesas corriqueiras do ente (despesas correntes).
Enfim...

Diz aí: ficou ou não ficou bem mais fácil?

Pois é. Desburocratizou mesmo. Mas também é aí que mora o problema. Muitos críticos e analistas
acreditam que o fato de os recursos serem repassados diretamente ao ente beneficiado vai enfraquecer o
controle sobre esses recursos.

“Por que eles dizem isso, professor?”

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Porque não vai ser mais o Tribunal de Contas da União (TCU) quem vai fiscalizar esses recursos. Será o
Tribunal de Contas competente. Veja bem: a partir do momento em que esses recursos passam a ser do ente
beneficiado (a partir do momento que esses recursos integram o patrimônio e viram receita do ente
beneficiado), a competência para a fiscalização desses recursos passa a ser do Tribunal de Contas competente.

Por exemplo: quando os recursos forem transferidos dos cofres da União para os cofres do Estado do Ceará, quem vai
fiscalizar esses recursos é o Tribunal de Contas do Estado do Ceará (TCE-CE).

E como o TCU possui uma maior estrutura, em tese, ele consegue fiscalizar melhor do que os demais
Tribunais de Contas.
Além disso, antes da EC 105/19, algum ministério do governo federal ficava responsável pelo
acompanhamento técnico da utilização dos recursos repassados.

Hoje, de acordo com o § 3º do artigo 166-A, o ente federado beneficiado da transferência especial poderá
(e não “deverá”) firmar contratos de cooperação técnica para fins de subsidiar o acompanhamento da
execução orçamentária na aplicação dos recursos. Veja que essa é uma autorização, e não uma imposição. O
ente beneficiado faz isso somente se quiser!

Confira:

Art. 166-A, § 3º O ente federado beneficiado da transferência especial a que se refere o inciso I do caput
deste artigo poderá firmar contratos de cooperação técnica para fins de subsidiar o acompanhamento da
execução orçamentária na aplicação dos recursos.

Quero só voltar um pouco e destacar o disposto no inciso III do § 2º do artigo 166-A: os recursos
decorrentes de transferências especiais serão aplicados em programações finalísticas das áreas de
competência do Poder Executivo do ente federado beneficiado. Não é nas áreas de competência do Poder
Executivo da União. Prevejo pegadinhas aqui!

Preste atenção!
Na transferência especial, os recursos serão aplicados em programações finalísticas das áreas de
competência do Poder Executivo do ente federado beneficiado (não da União)

Ok. Agora vamos para a transferência com finalidade definida.


Essa aqui é fácil. Eu até já expliquei.

A transferências com finalidade definida é praticamente como a transferência acontecia antes da EC


105/19. É o mesmo regime. Olha só (CF/88):

Art. 166-A, § 4º Na transferência com finalidade definida a que se refere o inciso II do caput deste artigo,
os recursos serão:

I - vinculados à programação estabelecida na emenda parlamentar; e

II - aplicados nas áreas de competência constitucional da União.

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Repare que aqui os recursos são transferidos, como já diz o nome, com uma finalidade definida! Esses
recursos estão vinculados à programação estabelecida na emenda parlamentar. Se, lá na emenda, o
parlamentar colocar que esses recursos serviriam para construir um hospital, esses recursos têm que ser
aplicados na construção do hospital. Diferentemente das transferências especiais, nas quais o recurso é
transferido para o ente beneficiado e ele faz o que bem entender com ele (claro, respeitando as regras impostas
aqui e por outras normas de direito financeiro), porque esse recurso não está vinculado.
E aqui é importante destacar também que os recursos serão aplicados nas áreas de competência
constitucional da União. Lá nas transferências especiais, os recursos são aplicados em programações
finalísticas das áreas de competência do Poder Executivo do ente federado beneficiado.

Assim:

do Poder Executivo
Nas transferências
do ente federado
Recursos serão especiais
beneficiado
aplicados em quais
áreas de
competência? Nas transferências
com finalidade da União
definida

Questões para fixar


Questão inédita – Professor Sérgio Machado – 2019

As emendas impositivas apresentadas ao projeto de lei orçamentária anual poderão alocar recursos a Estados, ao Distrito
Federal e a Municípios por meio de transferência especial ou transferência com finalidade definida.

Comentários:

E aí? Certo ou errado?

Errado!

“Errado, professor?! Como assim?”

É fui bem maldoso, só pra engrossar a sua casca.

Repare que a questão falou só “emendas impositivas” e não “emendas individuais impositivas”, que seria o correto. As
emendas impositivas podem ser emendas individuais ou emendas de bancada, sendo que as regras da EC 105/2019 se
aplicam somente para as emendas individuais impositivas.

Gabarito: Errado

Questão inédita – Professor Sérgio Machado – 2019

No que tange à transferência de recursos por meio de emendas individuais impositivas, na transferência especial os
recursos serão repassados diretamente ao ente federado beneficiado, independentemente de celebração de convênio ou
de instrumento congênere.

Comentários:

Exatamente! É isso mesmo que está escrito na CF/88 (regra inserida pela EC 105/2019)

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Art. 166-A, § 2º Na transferência especial a que se refere o inciso I do caput deste artigo, os recursos:

I - serão repassados diretamente ao ente federado beneficiado, independentemente de celebração de convênio ou de


instrumento congênere;

Gabarito: Certo

Questão inédita – Professor Sérgio Machado – 2019

No que tange à transferência de recursos por meio de emendas individuais impositivas, pelo menos 70% (setenta por
cento) das transferências com finalidade definida deverão ser aplicadas em investimentos.

Comentários:

Eita! Está tudo errado aqui!

O correto seria dizer que: pelo menos 70 % das transferências especiais (somente das transferências especiais) deverão
ser aplicadas em despesas de capital (e não apenas em investimentos, que é uma espécie do gênero despesas de capital).

Confirme isso no texto constitucional:

Art. 166-A, § 5º Pelo menos 70% (setenta por cento) das transferências especiais de que trata o inciso I do caput deste artigo
deverão ser aplicadas em despesas de capital, observada a restrição a que se refere o inciso II do § 1º deste artigo.

Gabarito: Errado

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AFO na CF/88

Vedações constitucionais (art. 167)


Atenção agora! Essa parte aqui é muito cobrada em concursos!

O artigo 167 possui vários incisos. Todos eles são uma continuação do caput. Portanto, minha dica é
imaginar que antes do início do inciso existe a expressão “é vedado” ou “é vedada”.

Vamos lá:

Art. 167. São vedados:

I - o início de programas ou projetos não incluídos na lei orçamentária anual;

Quer dizer: a Administração não pode iniciar um programa ou um projeto se ele não estiver na LOA. É
simples: quer começar um programa ou projeto? Se não estiver na LOA, não pode começar! Afinal, a
Administração Pública está sujeita ao princípio da legalidade.

II - a realização de despesas ou a assunção de obrigações diretas que excedam os créditos orçamentários


ou adicionais;

A Administração tem que respeitar o limite dos créditos orçamentários ou adicionais. Afinal, ela só pode
fazer aquilo que ela está autorizada por lei a fazer (de novo: princípio da legalidade).

Por exemplo: o gestor público já gastou os R$ 5.000,00 de créditos orçamentários destinados à compra de material de
expediente (papel A4, envelopes, grampos, etc.), mas ele quer comprar ainda mais! 😬 Mesmo que ele tenha dinheiro em
caixa, enquanto ele não tiver crédito orçamentário para isso, ele não poderá adquirir mais material de expediente.

III - a realização de operações de créditos que excedam o montante das despesas de capital, ressalvadas
as autorizadas mediante créditos suplementares ou especiais com finalidade precisa, aprovados pelo
Poder Legislativo por maioria absoluta;

Pare um pouquinho e respire, porque essa regra aqui é importante! Essa é a famosa regra de ouro!

“E o que é essa regra de ouro, professor? O que ela diz?”

Ela diz que não é possível realizar (arrecadar) receitas de operações de créditos (OC) que excedam o
montante das despesas de capital (DK), ou seja, a regra proíbe as operações de crédito (OC) que excedam as
despesas de capital (DK). Matematicamente falando: as operações créditos devem ser menores ou iguais às
despesas de capital.

Preste atenção!
Regra de ouro: OC ≤ DK

Perceba: ela não proíbe todas as operações de crédito. É plenamente concebível realizar operações de
créditos. O que é proibido é realizar operações de créditos que excedam as despesas de capital.

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Despesas
� correntes

Operações Despesas
de crédito de capital

Por exemplo: se as despesas de capital somam R$ 1.000.000,00, não é possível ter R$ 1.500.000,00 em operações de
crédito. Esses R$ 500.000,00 excedentes estão proibidos!

A mensagem que essa regra passa é que o endividamento só pode ser admitido para a realização de
investimento ou abatimento da dívida. A ideia é evitar o endividamento para financiar despesas correntes.
No entendimento de Augustinho Paludo, se o ente público recorrer ao endividamento, que seja para
adquirir ou construir algo que possa ser utilizado durante anos por ele mesmo ou pela população local – que é
o caso das despesas de capital, que contribuem diretamente para a aquisição ou construção de um bem de
capital (escolas, postos de saúde, rodovias etc.; ou aquisição de equipamentos e materiais permanentes em
geral). Um ente federativo que realiza empréstimo para financiar despesas correntes, dificilmente terá
condições de quitá-lo.

Por exemplo: tomar empréstimo para comprar um apartamento, um carro, é “normal”. Mas tomar um empréstimo para
pagar despesas corriqueiras (alimentação, aluguel, etc.) não é nada bom! 😬

No entanto, é plenamente possível realizar operações de crédito para pagar despesas correntes! Sim, foi
isso mesmo que eu disse: é possível realizar empréstimos para pagar despesas correntes!

Isso porque o que a regra de ouro proíbe são operações de crédito que excedam as despesas de capital.
Mas até chegar ao “teto” estabelecido pelo montante das despesas de capital, as operações de crédito podem
ser contratadas para pagar despesas correntes ou despesas de capital. Nas palavras do próprio STF (ADI 5683,
em 2017):
“A vedação do art. 167, III, da Constituição não impede a contratação de operações de crédito para o
custeio de despesas correntes. Proíbe-se, somente, a contratação que exceda o montante das
despesas de capital.”

Preste atenção!
É possível sim realizar operações de crédito para pagar despesas correntes. O que a regra de ouro
proíbe são operações de crédito que excedam as despesas de capital!

Quanto à forma de apuração do cumprimento da regra de ouro ao término do exercício financeiro, temos
agora um novo dispositivo constitucional, inserido pela Emenda Constitucional 109/21:
Art. 167, § 6º Para fins da apuração ao término do exercício financeiro do cumprimento do limite de que
trata o inciso III do caput deste artigo, as receitas das operações de crédito efetuadas no contexto da
gestão da dívida pública mobiliária federal somente serão consideradas no exercício financeiro em
que for realizada a respectiva despesa. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 109, de 2021)

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AFO na CF/88

O entendimento, portanto, é de que as receitas de operações de crédito efetuadas na gestão da dívida


pública mobiliária federal (que é representada por títulos públicos emitidos pela União) somente serão
consideradas no exercício financeiro em que for realizada a respectiva despesa, não se computando, portanto,
a parte da dívida emitida no exercício para o qual se faz a apuração, cuja arrecadação ainda esteja na conta
única. Com isso constitucionaliza-se a metodologia hoje adotada para demonstrar o atendimento à regra de
ouro pela União, nos termos de resolução do Senado.
Bom, essa é a regra de ouro. Mas como toda boa regra, há exceção. Isso mesmo: a regra de ouro pode ser
“quebrada”.

“E como ela será ‘quebrada’, professor?”

É o seguinte: é vedada a realização de operações de créditos que excedam o montante das despesas de
capital. Até aqui ok. Mas se essas operações de créditos forem autorizadas mediante créditos suplementares
ou especiais com finalidade precisa, aprovadas pelo Poder Legislativo por maioria absoluta, então elas
serão permitidas!

Grave bem esses requisitos:

• Créditos suplementares ou especiais;


• Finalidade precisa;
• Aprovados por maioria absoluta.

Continuando nas vedações do artigo 167:

IV - a vinculação de receita de impostos a órgão, fundo ou despesa, ressalvadas a repartição do produto


da arrecadação dos impostos a que se referem os arts. 158 e 159, a destinação de recursos para as ações
e serviços públicos de saúde, para manutenção e desenvolvimento do ensino e para realização de
atividades da administração tributária, como determinado, respectivamente, pelos arts. 198, § 2º, 212 e
37, XXII, e a prestação de garantias às operações de crédito por antecipação de receita, previstas no art.
165, § 8º, bem como o disposto no § 4º deste artigo;

Esse é o princípio da não vinculação (não afetação) da receita de impostos.

Agora atenção: o princípio veda a vinculação da receita de impostos (e não de tributos) a órgão, fundo
ou despesa. De acordo com a CF/88, existem 5 (cinco) espécies de tributos (essa é a chamada “teoria
pentapartida”) e os impostos são somente uma das espécies de tributos. Esse é o truque mais velho das
bancas. Não vai cair nessa, por favor!

Preste atenção!
O princípio da não vinculação (não afetação) da receita de impostos veda a vinculação da receita de
impostos (e não de tributos) a órgão, fundo ou despesa.

“E as exceções desse princípio, professor? Estou vendo que são várias!”

Ah! Mas não se preocupe! É para isso que a Lady Gaga está aqui rezando por você!

“Lady Gaga? Rezando?”


É! Olha só:

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AFO na CF/88

Aqui estão as exceções ao princípio da não vinculação da receita de impostos:

Repartição constitucional do produto da arrecadação dos impostos;


Destinação de recursos para manutenção e desenvolvimento do ensino;
Destinação de recursos para as ações e serviços públicos de saúde;
Destinação de recursos para a realização de atividades da administração tributária;
Prestação de garantias às operações de crédito por antecipação de receita (ARO);
Prestação de garantia ou contragarantia à União e pagamento de débitos para com esta.

Percebeu as marcações? Elas formam o seguinte mnemônico:

RESA GaGa 🙏

Lady Gaga ajudando alunos a lembrar das exceções ao princípio da não vinculação de receita de impostos.

V - a abertura de crédito suplementar ou especial sem prévia autorização legislativa e sem indicação
dos recursos correspondentes;

Para abrir créditos adicionais suplementares e especiais é preciso ter autorização legislativa! É preciso
ter uma lei! Também é necessário indicar de onde vem o dinheiro para pagar por essas despesas, ou seja, é
necessário indicar a fonte dos recursos. Isso é meio óbvio: se a Administração Pública quer (ou precisa) gastar
mais, ela precisa de autorização do dono do dinheiro (o povo) e precisa dizer onde conseguirá recursos para
arcar com esses gastos, já que dinheiro não nasce em árvore, não é mesmo?
Os créditos extraordinários, por sua vez, independem de autorização legislativa e não precisam
indicar a fonte dos recursos na ocasião da abertura, ou seja, a indicação da fonte de recursos aqui é
facultativa! Só depois é que essa fonte será indicada. Isso mesmo: primeiro resolvemos a urgência e depois nos
preocupamos em conseguir os recursos e a autorização legislativa.

VI - a transposição, o remanejamento ou a transferência de recursos de uma categoria de programação


para outra ou de um órgão para outro, sem prévia autorização legislativa;

Pergunta: a transposição, o remanejamento ou a transferência de recursos de uma categoria de


programação para outra ou de um órgão para outro é proibida?
A resposta é: depende.

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AFO na CF/88

Há prévia autorização legislativa?

● Sim: então tudo bem. É permitida! 😃


● Não: então é proibida! 🚫

Esse é o princípio da proibição do estorno e ele determina que o gestor público não pode transpor,
remanejar ou transferir recursos sem autorização legislativa, do contrário toda a finalidade do orçamento
público e do princípio da legalidade estariam em risco.

Explico: de que adianta autorizar o orçamento se quando da execução do mesmo ele será todo alterado
à discricionariedade do gestor público? Será que a alteração será compatível com o interesse público?

Por isso que determinado recurso público não pode ser utilizado em categoria de programação diversa
da prevista na lei orçamentária anual, mesmo que haja convergência de objetivos. Sem autorização legislativa,
não pode remanejar ou transferir esses recursos.

Ora, a LOA não é uma lei? Então, é necessária uma lei (autorização legislativa) para alterá-la.

Só que esse princípio possui uma exceção, lá no § 5º desse mesmo artigo:

Art. 167, § 5º A transposição, o remanejamento ou a transferência de recursos de uma categoria de programação


para outra poderão ser admitidos, no âmbito das atividades de ciência, tecnologia e inovação, com o objetivo de
viabilizar os resultados de projetos restritos a essas funções, mediante ato do Poder Executivo, sem necessidade
da prévia autorização legislativa prevista no inciso VI deste artigo.

Portanto, no âmbito das atividades de ciência, tecnologia e inovação, e com o objetivo de viabilizar os
resultados de projetos restritos a essas funções, a transposição, o remanejamento ou a transferência pode ser feita
sem necessidade da prévia autorização legislativa.

VII - a concessão ou utilização de créditos ilimitados;

Os recursos são finitos. Então porque os créditos seriam infinitos, ilimitados? Você daria o seu cartão de
crédito com limite infinito para outra pessoa? Para ela lhe endividar infinitamente? Melhor não, né?

VIII - a utilização, sem autorização legislativa específica, de recursos dos orçamentos fiscal e da
seguridade social para suprir necessidade ou cobrir déficit de empresas, fundações e fundos, inclusive
dos mencionados no art. 165, § 5º;

A utilização de recursos do Orçamento Fiscal e da Seguridade Social para cobrir déficit de empresas,
fundações e fundos é permitida...
“Como assim, professor? Utilizar dinheiro público para cobrir déficit de empresas?!”

Calma, deixa eu completar!

A utilização de recursos do Orçamento Fiscal e da Seguridade Social para cobrir déficit de empresas,
fundações e fundos é permitida, desde que haja autorização legislativa específica! Se o povo
(diretamente ou por meio de seus representantes – Poder Legislativo) disser que pode, então pode, ué! O
povo é quem manda! Lembre-se: “todo o poder emana do povo, que o exerce por meio de representantes
eleitos ou diretamente, (...)” (CF/88, art. 1º, Parágrafo único).

IX - a instituição de fundos de qualquer natureza, sem prévia autorização legislativa.

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Quer instituir um fundo? Então precisa de autorização legislativa, ou seja, de lei! Isso significa que a
instituição de fundos de qualquer natureza não pode ser feita por meio de decreto!
E nesse caso, trata-se de lei ordinária! A lei autorizadora da instituição dos fundos é ordinária. Mas vale
lembrar que a lei que trata das condições para a sua instituição e seu funcionamento deve ser lei
complementar, de acordo com o artigo 165, § 9º, II, da CF/88.

“Tá certo, mas o que é mesmo um fundo, professor?”


Fundo é um conjunto de recursos com a finalidade de desenvolver ou consolidar, através de
financiamento ou negociação, uma atividade pública específica. Fundo é uma individualização de recursos
para um fim específico. Como ele implica a descentralização de recursos do orçamento, ele precisa de previsão
legal para sua criação.

Por exemplo: Fundo de Amparo ao Trabalhador (FAT): fundo especial, de natureza contábil-financeira, vinculado ao
Ministério do Trabalho e Emprego – MTE, destinado ao custeio do Programa do Seguro-Desemprego, do Abono Salarial
e ao financiamento de Programas de Desenvolvimento Econômico.

Outra vedação relacionada à criação de fundos está no inciso XIV, incluído pela EC 109/21:

XIV - a criação de fundo público, quando seus objetivos puderem ser alcançados mediante a vinculação
de receitas orçamentárias específicas ou mediante a execução direta por programação orçamentária e
financeira de órgão ou entidade da administração pública. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 109, de
2021)

Como expliquei anteriormente, um fundo é uma individualização de recursos para um fim específico. Ou
seja: fundos possuem finalidades específicas, objetivos específicos.

Só que esses objetivos também podem ser alcançados de outras formas, isto é, nem sempre a criação de
fundos será o melhor caminho para atingir esses objetivos.
O que o inciso XIV está dizendo é que quando os objetivos puderem ser alcançados...

• mediante a vinculação de receitas orçamentárias específicas; ou


• mediante a execução direta por programação orçamentária e financeira de órgão ou entidade da
administração pública,

... então está vedada a criação de fundo público para alcançar esses objetivos.

De acordo com Harrison Leite, essa medida evita a proliferação de fundos que desorganizam o
orçamento, criam certos privilégios com recursos vinculados e, mesmo não atingindo sua finalidade,
continuam existindo, com recursos represados (retidos), sem qualquer necessidade.

Continuando nas vedações do artigo 167:

X - a transferência voluntária de recursos e a concessão de empréstimos, inclusive por antecipação de


receita, pelos Governos Federal e Estaduais e suas instituições financeiras, para pagamento de despesas
com pessoal ativo, inativo e pensionista, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios.

Transferência voluntária é aquela transferência que não decorre de obrigação constitucional ou legal. Se
você quiser uma definição mais formal, aqui está: “entende-se por transferência voluntária a entrega de
recursos correntes ou de capital a outro ente da Federação, a título de cooperação, auxílio ou assistência

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financeira, que não decorra de determinação constitucional, legal ou os destinados ao Sistema Único de
Saúde” (LRF, art. 25).
Muito bem!

Então, voltando ao dispositivo constitucional, é vedado fazer transferência voluntária ou conceder


empréstimo (inclusive uma ARO) para pagar salários, para pagar despesas com pessoal ativo, inativo ou
pensionista!
Preste atenção, pois algumas questões vão fornecer um caso hipotético e contar uma história bem bonita,
em que a União concedeu um empréstimo a um Estado para pagamento de despesas com pessoal ativo, pois
ele estava em situação deplorável. Esse empréstimo não pode acontecer! Está vedado!

"Professor, mas eu já vi uma regra na LRF que permite que o ente contrate operações de crédito para reduzir
as despesas com pessoal, mesmo que ele já tenha ultrapassado o limite de despesa total com pessoal."

Isso. Essa regra existe mesmo, está no artigo 23, § 3º, inciso III. Mas repare que a operação de crédito é
para reduzir as despesas com pessoal e não para pagar despesas com pessoal.

Por exemplo: uma operação de crédito para reduzir despesas com pessoal pode ser um empréstimo recebido para
instalação de câmeras e portarias virtuais, para dispensar os porteiros e seguranças do prédio, reduzindo assim as despesas
com pessoal.

XI - a utilização dos recursos provenientes das contribuições sociais de que trata o art. 195, I, a, e II,
para a realização de despesas distintas do pagamento de benefícios do regime geral de previdência
social de que trata o art. 201.

Vamos entender a lógica: os recursos provenientes dessas contribuições não podem ser utilizados para
pagar algo diferente do benefício do Regime Geral de Previdência Social (RGPS). Ou seja: esses recursos são
utilizados para pagar os benefícios do RGPS.

Agora atenção: os recursos provenientes das demais contribuições listadas no artigo 195 da CF podem ter
outra destinação, diferente do pagamento de benefícios do RGPS. Mas os recursos provenientes do art. 195, I,
a, e II, não! Esses devem ser destinados ao pagamento de benefícios do RGPS. Entendeu?
“Entendi. Mas que duas contribuições sociais são essas?”

Art. 195. A seguridade social será financiada por toda a sociedade, de forma direta e indireta, nos termos
da lei, mediante recursos provenientes dos orçamentos da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos
Municípios, e das seguintes contribuições sociais:
I - do empregador, da empresa e da entidade a ela equiparada na forma da lei, incidentes sobre:

a) a folha de salários e demais rendimentos do trabalho pagos ou creditados, a qualquer título, à pessoa
física que lhe preste serviço, mesmo sem vínculo empregatício;

b) a receita ou o faturamento;
c) o lucro;

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II - do trabalhador e dos demais segurados da previdência social, podendo ser adotadas alíquotas
progressivas de acordo com o valor do salário de contribuição, não incidindo contribuição sobre
aposentadoria e pensão concedidas pelo Regime Geral de Previdência Social;

III - sobre a receita de concursos de prognósticos.

Perceba que o empregador (a empresa, por exemplo) deve pagar contribuições sociais incidentes sobre
três “eventos”. Um deles é a folha de salário. O trabalhador e demais segurados da previdência social também
vão pagar contribuições sociais. Pronto! Os recursos que forem arrecadados com essas duas coisas deverão ser
utilizados para pagamento de benefícios do RGPS (eles não podem ser utilizados para realização de despesas
distintas do pagamento de benefícios do regime geral de previdência social).

Certo.
Agora é hora de novidade: dois incisos (incisos XII e XIII) foram adicionados ao artigo 167 por meio da
Emenda Constitucional 103/19 (reforma da previdência).

Vamos ver que vedações são essas.

Mas antes deixa eu contar uma historinha.

Antigamente, lá pela década de 80, não existiam muitos Regimes Próprios de Previdência Social (RPPS). Isso
significa que os servidores públicos eram vinculados ao RGPS e, por conseguinte, o ente federativo deveria
pagar as contribuições patronais ao INSS.

Acontece que muitas vezes as contribuições patronais ficavam exorbitantes (até porque, infelizmente, alguns
gestores inflavam a máquina pública, criando aqueles famosos “cabides de emprego”) e isso inviabilizava a
execução de despesas discricionárias (por exemplo: a realização de alguma obra).

E o ente tinha que pagar em dia, viu? Se não pagasse, o ente não receberia recursos do Fundo de Participação
dos Estados e do Distrito Federal (FPE) ou do Fundo de Participação dos Municípios (FPM), e muitos municípios
não sobreviveriam sem esses recursos. Olha só como é essa regra (na Lei 8.212/91):

Art. 56. A inexistência de débitos em relação às contribuições devidas ao Instituto Nacional do Seguro Social-
INSS, a partir da publicação desta Lei, é condição necessária para que os Estados, o Distrito Federal e os
Municípios possam receber as transferências dos recursos do Fundo de Participação dos Estados e do Distrito
Federal-FPE e do Fundo de Participação dos Municípios-FPM, celebrar acordos, contratos, convênios ou ajustes,
bem como receber empréstimos, financiamentos, avais e subvenções em geral de órgãos ou entidades da
administração direta e indireta da União.

Foi então que os contadores tiveram uma brilhante ideia e a ofereceram para os prefeitos assim: “prefeito, e se
eu lhe disser que há um jeito de não pagar as contribuições patronais e continuar recebendo recursos do
FPM e tudo mais? E de quebra, você ainda não terá o INSS enchendo o seu saco o tempo todo”.

O prefeito respondia: “uau! Como faz isso?”

Contador: “criando um Regime Próprio de Previdência Social”!

O prefeito ficava meio preocupado: “você tem certeza? Isso não vai dar problema?”
Mas o contador o tranquilizava: “não, prefeito. Observe bem a regra do artigo 56 da Lei 8.212/91. Você só ficará
impedido de receber recursos do FPM se estiver em débito com o INSS. Por outro lado, não há sanção nenhuma

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caso você fique em débito com o RPPS. Além disso, é você quem vai nomear o presidente do instituto de
previdência. De certa forma, ele será seu subordinado, então ele não vai ficar lhe cobrando excessivamente as
contribuições patronais”.

Brilhante, não é?!

Por isso que o número de Regimes Próprios de Previdência Social decolou nos anos 90! Não existia uma lei de
normas gerais de organização, de funcionamento e de responsabilidade na gestão dos RPPS.
Aos poucos a Administração Pública foi percebendo os danos causados por essa ausência de regulamentação,
por isso regulamentos foram editados e sanções foram criadas para tentar evitar essa prática e aumentar a
responsabilidade na gestão fiscal desses regimes.

Até que isso chegou na Constituição Federal, por meio da EC 103/19.

Vejamos as novas regras:

XII - na forma estabelecida na lei complementar de que trata o § 22 do art. 40, a utilização de recursos de
regime próprio de previdência social, incluídos os valores integrantes dos fundos previstos no art. 249, para
a realização de despesas distintas do pagamento dos benefícios previdenciários do respectivo fundo
vinculado àquele regime e das despesas necessárias à sua organização e ao seu funcionamento;

Primeiro: que lei complementar é essa do artigo 40, § 22, da CF/88?

É uma lei complementar federal que estabelecerá, para os Regimes Próprios de Previdência Social (RPPS)
que já existam (pois a criação de novos RPPS está vedada), normas gerais de organização, de funcionamento e
de responsabilidade em sua gestão.

“E esses fundos previstos no artigo 249, professor?”

São fundos integrados pelos recursos provenientes de contribuições e por bens, direitos e ativos de
qualquer natureza, com o objetivo de assegurar recursos para o pagamento de proventos de aposentadoria
e pensões concedidas aos respectivos servidores e seus dependentes, em adição aos recursos dos respectivos
tesouros.

Beleza!

Então vamos traduzir esse dispositivo: é vedada a utilização de recursos do RPPS (inclusive os recursos
desses fundos mencionados) para a realização de despesas que não sejam:

● O pagamento de benefícios previdenciários;


● Despesas necessárias à organização e ao funcionamento do RPPS.
Dito de outra forma: os recursos do RPPS (e dos fundos do artigo 249 da CF/88) devem ser utilizados
para:

● O pagamento de benefícios previdenciários;


● Despesas necessárias à organização e ao funcionamento do RPPS.
Perceba que nós já tínhamos uma regra (no inciso XI) que vedava a utilização dos recursos provenientes
das contribuições sociais (sobre a folha de salários e do trabalhador) para a realização de despesas distintas do
pagamento de benefícios do Regime Geral de Previdência Social (RGPS).

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Hoje, além desta, temos também uma regra (no inciso XII) que veda utilização de recursos do RPPS para
a realização de despesas distintas do pagamento dos benefícios previdenciários do respectivo fundo vinculado
àquele regime e das despesas necessárias à sua organização e ao seu funcionamento.

Repare:

● O inciso XI fala sobre o RGPS.


● O inciso XII fala sobre o RPPS.

“Certo. E o outro inciso incluído pela EC 103/19, professor?”

Aqui está ele:

XIII - a transferência voluntária de recursos, a concessão de avais, as garantias e as subvenções pela


União e a concessão de empréstimos e de financiamentos por instituições financeiras federais aos
Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios na hipótese de descumprimento das regras gerais de
organização e de funcionamento de regime próprio de previdência social.

Então...
O Estado, DF ou Município descumpriu as regras ferais de organização e de funcionamento do RPPS?

Ah, que pena!

Agora ele ficará impedido de receber:

● transferência voluntária de recursos;


● avais, garantias e subvenções concedidas pela União;
● empréstimos e financiamentos concedidos por instituições financeiras federais.
Agora é melhor ter mais responsabilidade na gestão do RPPS, não é, Estados e Municípios?

Pronto. Já vimos todos os incisos do artigo 167. Vejamos então os seus parágrafos:

Art. 167, § 1º Nenhum investimento cuja execução ultrapasse um exercício financeiro poderá ser
iniciado sem prévia inclusão no plano plurianual, ou sem lei que autorize a inclusão, sob pena de crime
de responsabilidade.

Então:

● Investimento cuja execução ultrapasse um exercício financeiro: precisa estar no PPA.


● Investimento cuja execução seja inferior a um exercício financeiro: não precisa estar no PPA.
“E se essa regra for desrespeitada, o que acontece?”

Crime de responsabilidade!

Art. 167, § 2º Os créditos especiais e extraordinários terão vigência no exercício financeiro em que forem
autorizados, salvo se o ato de autorização for promulgado nos últimos quatro meses daquele exercício,
caso em que, reabertos nos limites de seus saldos, serão incorporados ao orçamento do exercício
financeiro subsequente.

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Traduzindo: os créditos adicionais especiais e extraordinários autorizados nos últimos quatro meses do
exercício podem ser reabertos no exercício seguinte nos limites de seus saldos e viger até o término desse
exercício financeiro.

Por exemplo: em outubro de 2018, foi aberto um crédito especial no valor de R$ 100.000,00, mas até o final de 2018
utilizou-se somente R$ 30.000,00 de sua dotação. Se for preciso, é possível reabrir esses mesmos créditos especiais em
janeiro de 2019 e usá-los até o final de 2019, mas somente nos limites de seus saldos, ou seja, somente R$ 70.000,00.
Perceba que o crédito acabou vigendo por mais 12 meses e ele não ficou limitado àquele exercício financeiro,
configurando-se uma exceção ao princípio da anualidade (ou periodicidade). Esse crédito especial será incorporado ao
orçamento do exercício financeiro de 2019.

Dessa forma, temos três situações possíveis:

1. Créditos orçamentários iniciais e créditos adicionais suplementares: vigência sempre dentro do


exercício financeiro;
2. Créditos especiais e extraordinários cujo ato de autorização tenha sido promulgado até 31 de
agosto (não nos últimos quatro meses daquele exercício financeiro): vigência sempre dentro do
exercício financeiro;
3. Créditos especiais e extraordinários cujo ato de autorização tenha sido promulgado entre 1º de
setembro e 31 de dezembro (nos últimos quatro meses daquele exercício financeiro): vigência
poderá ultrapassar aquele exercício financeiro, indo até o final do exercício financeiro
subsequente.
Esquematizando:

janeiro-18 junho-18 dezembro-18 junho-19 dezembro-19

Créditos ordinários

Créditos suplementares

Créditos especiais

Créditos extraordinários
setembro-18
Créditos especiais (últimos quatro meses)

Créditos extraordinários (últimos quatro meses)

Art. 167, § 3º A abertura de crédito extraordinário somente será admitida para atender a despesas
imprevisíveis e urgentes, como as decorrentes de guerra, comoção interna ou calamidade pública,
observado o disposto no art. 62.

Os créditos extraordinários são os destinados a despesas imprevisíveis e urgentes, como as


decorrentes de guerra, comoção interna ou calamidade pública.

Repare no texto constitucional: “despesas imprevisíveis e urgentes, como as decorrentes de...”. Essa
simples palavra nos mostra que a Constituição Federal, na verdade, citou exemplos de situações em que os
créditos extraordinários podem ser abertos. Trata-se de um rol exemplificativo (e não taxativo). Portanto, é
possível abrir créditos extraordinários em casos que não sejam de guerra, comoção interna ou calamidade
pública, desde que se tratem de despesas imprevisíveis e urgentes. Entendeu?

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“E esse artigo 62 aí, professor?”

O artigo 62 da Constituição Federal versa sobre Medidas Provisórias. Isso significa que, no âmbito
federal, os créditos extraordinários são autorizados e abertos por Medida Provisória. Nos entes que possuam
esse instrumento jurídico, os créditos extraordinários também serão abertos por Medida Provisória. E nos
demais entes, os créditos extraordinários serão abertos por decreto do Poder Executivo.

Art. 167, § 4º É permitida a vinculação das receitas a que se referem os arts. 155, 156, 157, 158 e as alíneas
"a", "b", "d" e "e" do inciso I e o inciso II do caput do art. 159 desta Constituição para pagamento de débitos
com a União e para prestar-lhe garantia ou contragarantia. (Redação dada pela Emenda Constitucional
nº 109, de 2021)

Essa é uma das exceções ao princípio da não vinculação (não afetação) da receita de impostos.

Lembre-se do RESA GaGa . Esse é o segundo “Ga”, de prestação de garantia ou contragarantia à


União e para pagamento de débitos para com esta.

O que esse dispositivo quer dizer é que, na prática, a União poderá exigir, como garantia ou
contragarantia para quitar débitos, todas as receitas e respectivas repartições de recursos dos artigos 155, 156,
157, 158 e 159 (ITCMD; ICMS; IPVA; IPTU; ITBI; ISS; impostos residuais; repartições do IR, do ITR, do IPI, do IPV
e de impostos residuais; FPE; FPM). Ficaram de fora e, portanto, a União não poderá exigir como garantia ou
contragarantia para quitar débitos as receitas oriundas de:

• programas de financiamento ao setor produtivo das Regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste


(art. 159, I, “d”);
• contribuição de intervenção no domínio econômico prevista no art. 177, § 4º (CIDE-Combustíveis).

Art. 167, § 5º A transposição, o remanejamento ou a transferência de recursos de uma categoria de


programação para outra poderão ser admitidos, no âmbito das atividades de ciência, tecnologia e
inovação, com o objetivo de viabilizar os resultados de projetos restritos a essas funções, mediante ato do
Poder Executivo, sem necessidade da prévia autorização legislativa prevista no inciso VI deste artigo.

Essa é a exceção ao princípio da proibição do estorno. A essência desse princípio é que o Poder Executivo
não tenha poderes de remanejar ou transpor dotações do orçamento sem a autorização do Poder Legislativo,
já que, por ser lei, o orçamento deve ser observado em todos os seus aspectos. Uma alteração, mesmo que
mínima, significaria uma atuação ao arrepio da lei aprovada pelos representantes do povo (Poder Legislativo).

Lembre-se:

Sem lei, não se faz TRT

• T: Transposição
• R: remanejamento
• T: Transferência

E lembre-se também da exceção: ciência, tecnologia e inovação: sem necessidade de prévia


autorização (rimou).

Questões para fixar

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FCC – MPE-PE – Analista ministerial – 2018

Os créditos especiais e extraordinários terão vigência no exercício financeiro em que forem autorizados, salvo se o ato de
autorização for promulgado nos últimos quatro meses daquele exercício, caso em que, reabertos nos limites de seus
saldos, serão incorporados ao orçamento do exercício financeiro subsequente.

Comentários:

Nos diga se a banca mudou alguma palavra (CF/88):

Art. 167, § 2º Os créditos especiais e extraordinários terão vigência no exercício financeiro em que forem autorizados, salvo
se o ato de autorização for promulgado nos últimos quatro meses daquele exercício, caso em que, reabertos nos limites de
seus saldos, serão incorporados ao orçamento do exercício financeiro subsequente.

Gabarito: Certo

CESPE – TCE-PE – Analista de gestão: administração – 2017

A respeito do ciclo, do processo e dos princípios do orçamento público, julgue o item subsequente.

O tratamento dado aos recursos destinados à educação e à saúde constitui uma exceção ao princípio orçamentário da não
vinculação.

Comentários:

Ainda bem que a Lady Gaga está aqui rezando por você para lhe ajudar: RESA GaGa 🙏

“Destinação de recursos para manutenção e desenvolvimento do ensino” e “Destinação de recursos para as ações e
serviços públicos de saúde” são duas das exceções ao princípio da não afetação da receita de impostos. Representam a
letra “E” e a letra “S” no nosso mnemônico.

Gabarito: Certo

CESPE – TCE-PR – Analista de Controle – 2016

Se a execução do investimento ultrapassar um exercício financeiro, tal investimento só poderá ser iniciado após prévia
inclusão no plano plurianual (PPA) ou em lei que autorize a sua inclusão.

Comentários:

É exatamente isso! Recapitulando:

Investimento cuja execução ultrapasse um exercício financeiro: precisa estar no PPA.

Investimento cuja execução seja inferior a um exercício financeiro: não precisa estar no PPA.

Essa é a regra do art. 167, § 1º, da CF/88: “Nenhum investimento cuja execução ultrapasse um exercício financeiro
poderá ser iniciado sem prévia inclusão no plano plurianual, ou sem lei que autorize a inclusão, sob pena de crime de
responsabilidade”.

Gabarito: Certo

Questão inédita – Professor Sérgio Machado – 2020

É vedada a utilização de recursos de regime próprio de previdência social para a realização de despesas distintas do
pagamento dos benefícios previdenciários do respectivo fundo vinculado àquele regime e das despesas necessárias à sua
organização e ao seu funcionamento.

Comentários:

Correto! Os recursos do RPPS (e dos fundos do artigo 249 da CF/88) devem ser utilizados para: o pagamento de benefícios
previdenciários; e despesas necessárias à organização e ao funcionamento do RPPS.

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Confira o texto constitucional, dado pela EC 103/19:

Art. 167. São vedados:

XII - na forma estabelecida na lei complementar de que trata o § 22 do art. 40, a utilização de recursos de regime próprio de
previdência social, incluídos os valores integrantes dos fundos previstos no art. 249, para a realização de despesas distintas
do pagamento dos benefícios previdenciários do respectivo fundo vinculado àquele regime e das despesas necessárias à sua
organização e ao seu funcionamento;

Gabarito: Certo

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Recursos destinados aos órgãos dos demais Poderes


(art. 168)
Sem querer, a CF/88 definiu o cronograma de desembolso dos demais Poderes, observe:

Art. 168. Os recursos correspondentes às dotações orçamentárias, compreendidos os créditos


suplementares e especiais, destinados aos órgãos dos Poderes Legislativo e Judiciário, do Ministério
Público e da Defensoria Pública, ser-lhes-ão entregues até o dia 20 de cada mês, em duodécimos, na
forma da lei complementar a que se refere o art. 165, § 9º.

O Poder Executivo é quem arrecada mais dinheiro na Administração Pública. É ele que possui o controle
sobre os recursos do caixa, devido ao princípio da unidade de caixa. Portanto, é competência dele, do Poder
Executivo, entregar os recursos financeiros aos demais poderes. E essa entrega ocorrerá até o dia 20 de cada
mês, em duodécimos.

“E por que que isso significa que a CF/88 definiu (sem querer) o cronograma de desembolso dos demais
Poderes?”
Ora, se o Poder Legislativo, por exemplo, sabe que receberá o dinheiro até o dia 20 daquele mês, ele fica
praticamente obrigado a pagar os servidores somente após o dia 20. Já pensou se o Poder Legislativo define
que o pagamento dos servidores será no dia 10, mas o Poder Executivo só repassa os recursos no dia 15? Assim
fica complicado. Por isso, para os demais poderes, é mais fácil estabelecer que o pagamento dos servidores,
por exemplo, acontecerá após o dia 20 de cada mês. E é assim que a regra constitucional já define ou, pelo
menos, influencia muito do cronograma de desembolso dos demais Poderes.

Preste atenção!
A CF/88 acaba definindo o cronograma mensal de desembolso dos Poderes Legislativo e Judiciário,
do Ministério Público e da Defensoria Pública.

“E o que são duodécimos, professor?”

Duodécimos são como uma espécie de “salário”, um repasse mensal de recursos financeiros feito pelo
Poder Executivo aos outros órgãos e poderes citados no artigo 168 da CF/88. Mas quem vai definir exatamente
o que é e quais são as regras dos duodécimos é a Lei Complementar a que se refere o art. 165, § 9º. E ela ainda
não foi elaborada! A consequência disso é o repasse mensal de 1/12 da dotação global fixada na lei
orçamentaria, independentemente das circunstâncias específicas de cada ente federativo, o que permite
diversas inconsistências.

Por exemplo: existem diversos municípios em que a Câmara de Vereadores recebe valores vultosos, sem ter com que
gastá-los (devido ao limite de gastos estabelecido pelo artigo 29-A, da CF), tão somente porque a receita do ente é
elevada, sem existir qualquer relação com a necessidade desses recursos.

Então, na prática, o que acontecia é que muitas vezes sobrava dinheiro. Sabe o que os órgãos e poderes
faziam com esse excesso? Transferiam para algum fundo, fazendo com que o dinheiro ficasse vinculado à
finalidade por ele determinada.

Foi por isso que a Emenda Constitucional 109/21 incluiu os seguintes parágrafos ao artigo 168:

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§ 1º É vedada a transferência a fundos de recursos financeiros oriundos de repasses duodecimais.


(Incluído pela Emenda Constitucional nº 109, de 2021)

§ 2º O saldo financeiro decorrente dos recursos entregues na forma do caput deste artigo deve ser
restituído ao caixa único do Tesouro do ente federativo, ou terá seu valor deduzido das primeiras
parcelas duodecimais do exercício seguinte. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 109, de 2021)

Agora, portanto, a transferência para fundos públicos de sobras de repasses aos Poderes Legislativo,
Judiciário, ao Ministério Público e à Defensoria Pública é vedada.
Sobrou dinheiro? Devolva! Devolva para o Tesouro. Ou então esse valor será descontado dos próximos
repasses.

Preste atenção!
É vedada a transferência a fundos de recursos financeiros oriundos de repasses duodecimais.

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Despesas com pessoal (art. 169)


Nós já vimos que os limites da despesa com pessoal são estabelecidos em lei complementar.

Qual lei complementar?


A Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF), em seus artigos 19 e 20, olha só o que ela diz: “para os fins do
disposto no caput do art. 169 da Constituição (...)”.

“Legal. Então mostra aí o artigo 169 da Constituição, professor!”

Opa! Agora mesmo:

Art. 169. A despesa com pessoal ativo e inativo e pensionistas da União, dos Estados, do Distrito Federal
e dos Municípios não pode exceder os limites estabelecidos em lei complementar.
(Redação dada pela Emenda Constitucional nº 109, de 2021)

Repare que a redação foi dada pela EC 109/21, que resolveu uma polêmica histórica, acerca da inclusão
dos gastos com pensionistas no cômputo da despesa com pessoal.
A confusão era a seguinte: alguns entes federativos (especialmente aqueles que já tinham extrapolado ou
estavam prestes a extrapolar o limite de despesas com pessoal), muitas vezes referendados pelos seus
respectivos Tribunais de Contas, “alteraram” o conceito de despesas públicas com pessoal, deixando de incluir
as despesas com pensionistas no cálculo.

Os entes alegavam que, em que pese a previsão, na LRF, de que os gastos com pensionistas são
considerados na despesa total com pessoal, o artigo 169 da Constituição não mencionava a despesa com
pensionistas, somente mencionava a despesa com pessoal ativo e inativo, de forma que a LRF não poderia
determinar a inclusão dos gastos com pensionistas no cômputo da despesa com pessoal. A discussão, inclusive,
foi tema da Ação Direta de Constitucionalidade (ADC) 69, de 2020, que foi dada com pedido de medida liminar,
a fim de confirmar a constitucionalidade de dispositivos da LRF que tratam do limite de gastos com
pessoal, especialmente a soma dos gastos com inativos e pensionistas.

Confira aqui a redação anterior do artigo 169 e a redação do artigo 18 da LRF, que teve sua
constitucionalidade confirmada:
Art. 169. A despesa com pessoal ativo e inativo da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios
não poderá exceder os limites estabelecidos em lei complementar.

Art. 18. Para os efeitos desta Lei Complementar, entende-se como despesa total com pessoal: o somatório
dos gastos do ente da Federação com os ativos, os inativos e os pensionistas (...)
A EC 109/21 acabou com essa confusão, incluindo o termo “pensionistas” diretamente na Constituição. A
nova redação do caput do artigo 169 deixa bem claro que no cômputo da despesa com pessoal incluem-se os
pensionistas, em consonância com o que dispõe a LRF (arts. 18, 19 e 20), inclusive com as alterações
promovidas por meio da LC 178/21, e com os Planos de Equilíbrio e de Recuperação Fiscal previstos nesta última
lei. Supera-se, portanto, em boa medida, a discussão desse tema no âmbito da ADC 69.

Preste atenção!

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No cômputo da despesa com pessoal incluem-se os pensionistas

Aumento de despesas com pessoal


§ 1º A concessão de qualquer vantagem ou aumento de remuneração, a criação de cargos, empregos e
funções ou alteração de estrutura de carreiras, bem como a admissão ou contratação de pessoal, a
qualquer título, pelos órgãos e entidades da administração direta ou indireta, inclusive fundações
instituídas e mantidas pelo poder público, só poderão ser feitas:

I - se houver prévia dotação orçamentária suficiente para atender às projeções de despesa de pessoal e aos
acréscimos dela decorrentes;

II - se houver autorização específica na lei de diretrizes orçamentárias, ressalvadas as empresas


públicas e as sociedades de economia mista.

Isso significa que se quiserem aumentar as despesas com pessoal, seja concedendo vantagem ou
aumento de remuneração, seja contratando pessoal, seja criando cargos ou alterando a estrutura de carreiras:

● de Empresas Públicas (EP) e Sociedades de Economia Mista (SEM): não é necessária


autorização específica na LDO;
● de qualquer outro órgão, entidade ou fundação: é necessária autorização específica na LDO.

Não observância dos limites de despesas com pessoal


Aqui é que as coisas começam a ficar interessantes...

§ 2º Decorrido o prazo estabelecido na lei complementar referida neste artigo para a adaptação aos
parâmetros ali previstos, serão imediatamente suspensos todos os repasses de verbas federais ou
estaduais aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios que não observarem os referidos limites.

A LRF dá um prazo para que os entes retornem suas despesas com pessoal para os parâmetros definidos
na própria LRF. Se decorrido esse prazo e a adaptação não for feita, serão imediatamente suspensos todos os
repasses de verbas federais ou estaduais aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios que não observarem
os referidos limites.

Mas isto aqui que é importante:

§ 3º Para o cumprimento dos limites estabelecidos com base neste artigo, durante o prazo fixado na lei
complementar referida no caput, a União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios adotarão as
seguintes providências:

I - redução em pelo menos vinte por cento das despesas com cargos em comissão e funções de
confiança;

II - exoneração dos servidores não estáveis.

§ 4º Se as medidas adotadas com base no parágrafo anterior não forem suficientes para assegurar o
cumprimento da determinação da lei complementar referida neste artigo, o servidor estável poderá

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perder o cargo, desde que ato normativo motivado de cada um dos Poderes especifique a atividade
funcional, o órgão ou unidade administrativa objeto da redução de pessoal.

§ 5º O servidor que perder o cargo na forma do parágrafo anterior fará jus a indenização correspondente
a um mês de remuneração por ano de serviço.

§ 6º O cargo objeto da redução prevista nos parágrafos anteriores será considerado extinto, vedada a
criação de cargo, emprego ou função com atribuições iguais ou assemelhadas pelo prazo de quatro anos.

§ 7º Lei federal disporá sobre as normas gerais a serem obedecidas na efetivação do disposto no § 4º.

Então vamos lá! Se um ente estiver com problemas em suas despesas com pessoal, os primeiros a
“rodarem” são aqueles que ocupam cargos em comissão e função de confiança, porque esses são mais fáceis:
eles são de livre preenchimento e exoneração. Perceba que são as despesas (e não o número de cargos e
funções) que devem ser reduzidas em 20%.

Em seguida, quem vai “rodar” são os servidores não estáveis! Eles serão exonerados (não demitidos)!
Esse é um dos motivos pelos quais o servidor não estável fica um pouco preocupado com as despesas com
pessoal do seu ente federativo.
“Caramba, professor. Então os servidores não estáveis podem ser exonerados assim? Tão fácil?”

É. Só que antes devem ser reduzidos, pelo menos em 20%, as despesas com cargos em comissão e
funções de confiança.

“E os coitados não fazem jus nem a uma indenização?”


Não. Os coitados dos servidores não estáveis são exonerados e só recebem um tapinha nas costas de
consolo...

“Tá certo. E se, mesmo reduzindo as despesas com cargos em comissão e funções de confiança e exonerando
servidores não estáveis, o problema ainda não for resolvido?”
Aqui é que o bicho pega! Se antes só se cortava gordura, agora vamos começar a cortar a carne!

Agora chegou a vez dos servidores estáveis “dançarem”!

“Os servidores estáveis podem perder o cargo por conta de não observância dos limites de despesas com
pessoal, professor?”
É isso mesmo! Podem! Veja a seriedade do assunto...

“Mas eles ganham, pelo menos, alguma coisa a mais do que os servidores não estáveis?”

Ah! Aqui sim. Os servidores estáveis ganham mais do que um tapinha de consolo. Eles fazem jus a uma
indenização correspondente a um mês de remuneração por ano de serviço.

Por exemplo: Peixoto tinha 10 anos de serviço e seu cargo foi considerado extinto por conta de não observância dos limites
de despesas com pessoal. Ele receberá uma indenização de 10 meses de remuneração. Se a sua remuneração mensal era
de R$ 1.000,00, Peixoto receberá R$ 10.000,00.

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Mas não vá achando que é assim tão fácil exonerar um servidor estável. Se for fazer isso, a Administração
precisa justificar, por meio ato normativo motivado de cada um dos Poderes especifique a atividade funcional,
o órgão ou unidade administrativa objeto da redução de pessoal.

E tem mais: o cargo objeto da redução prevista nos parágrafos anteriores será considerado extinto,
vedada a criação de cargo, emprego ou função com atribuições iguais ou assemelhadas pelo prazo de quatro
anos. Essa foi a forma encontrada pelo legislador constituinte para dificultar a utilização desse artifício
(protegendo os servidores estáveis) e para evitar que a Administração “dê uma de espertinha”, extinguindo os
cargos, mas logo depois criando outros iguais ou assemelhados.

“Tem que esperar essa quarentena aí de quatro anos, Administração!”

Por exemplo: não seria injusto se a Administração extinguisse o cargo de “auditor de receitas estaduais” sob o pretexto de
cumprimento dos limites de despesas com pessoal, só para depois de 1 mês criar um novo cargo chamado “auditor de
receitas do estado” com as mesmas atribuições do cargo antigo?

Questões para fixar


FCC – TCE-CE - Analista de Controle Externo - Auditoria de Tecnologia da Informação – 2015

Considerando que a despesa com pessoal ativo e inativo vinculado ao Poder Executivo do Estado superou o limite
estabelecido em lei complementar, o Governador determinou a redução em 20% das despesas com cargos em comissão
e funções de confiança e a exoneração de servidores não estáveis. No entanto, as medidas tomadas pelo Estado foram
insuficientes para que o limite da despesa com pessoal ativo e inativo fosse atingido no prazo previsto na Lei
Complementar, o que motivou a União a suspender os repasses de verbas federais ao Estado. A determinação do
Governador para a redução em 20% das despesas com cargos em comissão e funções de confiança

A) é incompatível com a Constituição Federal, assim como a exoneração de servidores não estáveis. Também
incompatibiliza-se com a Constituição Federal a determinação da União.

B) é incompatível com a Constituição Federal, assim como a exoneração de servidores não estáveis. No entanto, é
compatível com a Constituição Federal a determinação da União.

C) encontra respaldo na Constituição Federal, assim como a exoneração de servidores não estáveis. No entanto, a
determinação da União é inconstitucional.

D) encontra respaldo na Constituição Federal, assim como a determinação da União. No entanto, o ato do Governador
que prescreveu a exoneração de servidores não estáveis é inconstitucional.

E) encontra respaldo na Constituição Federal, assim como a exoneração de servidores não estáveis. Também
compatibiliza-se com a Constituição Federal a determinação da União.

Comentários:

Será se as providências tomadas pelo Governador encontram respaldo na Constituição Federal? 🤔 Vejamos:

Art. 169, § 2º Decorrido o prazo estabelecido na lei complementar referida neste artigo para a adaptação aos parâmetros
ali previstos, serão imediatamente suspensos todos os repasses de verbas federais ou estaduais aos Estados, ao Distrito
Federal e aos Municípios que não observarem os referidos limites.

Art. 169, § 3º Para o cumprimento dos limites estabelecidos com base neste artigo, durante o prazo fixado na lei
complementar referida no caput, a União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios adotarão as seguintes providências:

I - redução em pelo menos vinte por cento das despesas com cargos em comissão e funções de confiança;

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II - exoneração dos servidores não estáveis.

Então o Governador fez tudo certinho! 😄

Gabarito: E

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Legislação vista na aula:


Constituição Federal “seca”
Art. 20, § 1º É assegurada, nos termos da lei, à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios
a participação no resultado da exploração de petróleo ou gás natural, de recursos hídricos para fins de
geração de energia elétrica e de outros recursos minerais no respectivo território, plataforma continental, mar
territorial ou zona econômica exclusiva, ou compensação financeira por essa exploração.

Art. 24. Compete à União, aos Estados e ao Distrito Federal legislar concorrentemente sobre:

I - direito tributário, financeiro, penitenciário, econômico e urbanístico;

II – orçamento; (...)
§ 1º - No âmbito da legislação concorrente, a competência da União limitar-se-á a estabelecer normas
gerais.

§ 2º - A competência da União para legislar sobre normas gerais não exclui a competência suplementar
dos Estados.
§ 3º - Inexistindo lei federal sobre normas gerais, os Estados exercerão a competência legislativa plena,
para atender a suas peculiaridades.

§ 4º - A superveniência de lei federal sobre normas gerais suspende a eficácia da lei estadual, no que lhe
for contrário.
Art. 30. Compete aos Municípios:

I - legislar sobre assuntos de interesse local;

II - suplementar a legislação federal e a estadual no que couber; (...)

Art. 57. O Congresso Nacional reunir-se-á, anualmente, na Capital Federal, de 2 de fevereiro a 17 de julho
e de 1º de agosto a 22 de dezembro.
§ 2º A sessão legislativa não será interrompida sem a aprovação do projeto de lei de diretrizes
orçamentárias.

Art. 62. Em caso de relevância e urgência, o Presidente da República poderá adotar medidas provisórias,
com força de lei, devendo submetê-las de imediato ao Congresso Nacional.
§ 1º É vedada a edição de medidas provisórias sobre matéria:
d) planos plurianuais, diretrizes orçamentárias, orçamento e créditos adicionais e suplementares,
ressalvado o previsto no art. 167, § 3º.

TÍTULO VI
DA TRIBUTAÇÃO E DO ORÇAMENTO

CAPÍTULO I

DO SISTEMA TRIBUTÁRIO NACIONAL

SEÇÃO II

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DAS LIMITAÇÕES DO PODER DE TRIBUTAR

Art. 150, § 6º Qualquer subsídio ou isenção, redução de base de cálculo, concessão de crédito presumido,
anistia ou remissão, relativos a impostos, taxas ou contribuições, só poderá ser concedido mediante lei
específica, federal, estadual ou municipal, que regule exclusivamente as matérias acima enumeradas ou o
correspondente tributo ou contribuição, sem prejuízo do disposto no art. 155, § 2.º, XII, g.

CAPÍTULO II
DAS FINANÇAS PÚBLICAS

Seção I

NORMAS GERAIS

Art. 163. Lei complementar disporá sobre:


I - finanças públicas;

II - dívida pública externa e interna, incluída a das autarquias, fundações e demais entidades controladas
pelo Poder Público;

III - concessão de garantias pelas entidades públicas;


IV - emissão e resgate de títulos da dívida pública;

V - fiscalização financeira da administração pública direta e indireta;

VI - operações de câmbio realizadas por órgãos e entidades da União, dos Estados, do Distrito Federal e
dos Municípios;
VII - compatibilização das funções das instituições oficiais de crédito da União, resguardadas as
características e condições operacionais plenas das voltadas ao desenvolvimento regional.

VIII - sustentabilidade da dívida, especificando: (Incluído pela Emenda Constitucional nº 109, de 2021)

a) indicadores de sua apuração;


b) níveis de compatibilidade dos resultados fiscais com a trajetória da dívida;

c) trajetória de convergência do montante da dívida com os limites definidos em legislação;

d) medidas de ajuste, suspensões e vedações;


e) planejamento de alienação de ativos com vistas à redução do montante da dívida. Parágrafo único. A
lei complementar de que trata o inciso VIII do caput deste artigo pode autorizar a aplicação das vedações
previstas no art. 167-A desta Constituição.

Art. 163-A. A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios disponibilizarão suas informações e
dados contábeis, orçamentários e fiscais, conforme periodicidade, formato e sistema estabelecidos pelo
órgão central de contabilidade da União, de forma a garantir a rastreabilidade, a comparabilidade e a
publicidade dos dados coletados, os quais deverão ser divulgados em meio eletrônico de amplo acesso
público. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 108, de 2020)

Art. 164. A competência da União para emitir moeda será exercida exclusivamente pelo banco central.

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§ 1º É vedado ao banco central conceder, direta ou indiretamente, empréstimos ao Tesouro Nacional e


a qualquer órgão ou entidade que não seja instituição financeira.
§ 2º O banco central poderá comprar e vender títulos de emissão do Tesouro Nacional, com o objetivo
de regular a oferta de moeda ou a taxa de juros.

§ 3º As disponibilidades de caixa da União serão depositadas no banco central; as dos Estados, do


Distrito Federal, dos Municípios e dos órgãos ou entidades do Poder Público e das empresas por ele
controladas, em instituições financeiras oficiais, ressalvados os casos previstos em lei.

Art. 164-A. A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios devem conduzir suas políticas fiscais
de forma a manter a dívida pública em níveis sustentáveis, na forma da lei complementar referida no inciso
VIII do caput do art. 163 desta Constituição. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 109, de 2021)
Parágrafo único. A elaboração e a execução de planos e orçamentos devem refletir a compatibilidade
dos indicadores fiscais com a sustentabilidade da dívida. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 109, de
2021)

Seção II
DOS ORÇAMENTOS

Art. 165. Leis de iniciativa do Poder Executivo estabelecerão:

I - o plano plurianual;

II - as diretrizes orçamentárias;
III - os orçamentos anuais.

§ 1º A lei que instituir o plano plurianual estabelecerá, de forma regionalizada, as diretrizes, objetivos e
metas da administração pública federal para as despesas de capital e outras delas decorrentes e para as
relativas aos programas de duração continuada.
§ 2º A lei de diretrizes orçamentárias compreenderá as metas e prioridades da administração pública
federal, estabelecerá as diretrizes de política fiscal e respectivas metas, em consonância com trajetória
sustentável da dívida pública, orientará a elaboração da lei orçamentária anual, disporá sobre as alterações
na legislação tributária e estabelecerá a política de aplicação das agências financeiras oficiais de fomento.
(Redação dada pela Emenda Constitucional nº 109, de 2021)
§ 3º O Poder Executivo publicará, até trinta dias após o encerramento de cada bimestre, relatório
resumido da execução orçamentária.

§ 4º Os planos e programas nacionais, regionais e setoriais previstos nesta Constituição serão


elaborados em consonância com o plano plurianual e apreciados pelo Congresso Nacional.
§ 5º A lei orçamentária anual compreenderá:

I - o orçamento fiscal referente aos Poderes da União, seus fundos, órgãos e entidades da administração
direta e indireta, inclusive fundações instituídas e mantidas pelo Poder Público;

II - o orçamento de investimento das empresas em que a União, direta ou indiretamente, detenha a


maioria do capital social com direito a voto;

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III - o orçamento da seguridade social, abrangendo todas as entidades e órgãos a ela vinculados, da
administração direta ou indireta, bem como os fundos e fundações instituídos e mantidos pelo Poder Público.
§ 6º O projeto de lei orçamentária será acompanhado de demonstrativo regionalizado do efeito, sobre
as receitas e despesas, decorrente de isenções, anistias, remissões, subsídios e benefícios de natureza
financeira, tributária e creditícia.

§ 7º Os orçamentos previstos no § 5º, I e II, deste artigo, compatibilizados com o plano plurianual, terão
entre suas funções a de reduzir desigualdades inter-regionais, segundo critério populacional.

§ 8º A lei orçamentária anual não conterá dispositivo estranho à previsão da receita e à fixação da
despesa, não se incluindo na proibição a autorização para abertura de créditos suplementares e
contratação de operações de crédito, ainda que por antecipação de receita, nos termos da lei.
§ 9º Cabe à lei complementar:

I - dispor sobre o exercício financeiro, a vigência, os prazos, a elaboração e a organização do plano


plurianual, da lei de diretrizes orçamentárias e da lei orçamentária anual;

II - estabelecer normas de gestão financeira e patrimonial da administração direta e indireta bem como
condições para a instituição e funcionamento de fundos.

III - dispor sobre critérios para a execução equitativa, além de procedimentos que serão adotados
quando houver impedimentos legais e técnicos, cumprimento de restos a pagar e limitação das
programações de caráter obrigatório, para a realização do disposto nos §§ 11 e 12 do art. 166. (Redação dada
pela Emenda Constitucional nº 100, de 2019)

§ 10. A administração tem o dever de executar as programações orçamentárias, adotando os meios e as


medidas necessários, com o propósito de garantir a efetiva entrega de bens e serviços à sociedade. (Incluído
pela Emenda Constitucional nº 100, de 2019)
§ 11. O disposto no § 10 deste artigo, nos termos da lei de diretrizes orçamentárias: (Incluído pela Emenda
Constitucional nº 102, de 2019)

I - subordina-se ao cumprimento de dispositivos constitucionais e legais que estabeleçam metas fiscais


ou limites de despesas e não impede o cancelamento necessário à abertura de créditos adicionais;
II - não se aplica nos casos de impedimentos de ordem técnica devidamente justificados;

III - aplica-se exclusivamente às despesas primárias discricionárias.


§ 12. Integrará a lei de diretrizes orçamentárias, para o exercício a que se refere e, pelo menos, para os
2 (dois) exercícios subsequentes, anexo com previsão de agregados fiscais e a proporção dos recursos para
investimentos que serão alocados na lei orçamentária anual para a continuidade daqueles em andamento.
(Incluído pela Emenda Constitucional nº 102, de 2019)

§ 13. O disposto no inciso III do § 9º e nos §§ 10, 11 e 12 deste artigo aplica-se exclusivamente aos
orçamentos fiscal e da seguridade social da União. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 102, de 2019)

§ 14. A lei orçamentária anual poderá conter previsões de despesas para exercícios seguintes, com a
especificação dos investimentos plurianuais e daqueles em andamento. (Incluído pela Emenda Constitucional
nº 102, de 2019)

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§ 15. A União organizará e manterá registro centralizado de projetos de investimento contendo, por
Estado ou Distrito Federal, pelo menos, análises de viabilidade, estimativas de custos e informações sobre
a execução física e financeira. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 102, de 2019)

§ 16. As leis de que trata este artigo devem observar, no que couber, os resultados do monitoramento e
da avaliação das políticas públicas previstos no § 16 do art. 37 desta Constituição. (Incluído pela Emenda
Constitucional nº 109, de 2021)
Art. 166. Os projetos de lei relativos ao plano plurianual, às diretrizes orçamentárias, ao orçamento anual
e aos créditos adicionais serão apreciados pelas duas Casas do Congresso Nacional, na forma do regimento
comum.

§ 1º Caberá a uma Comissão mista permanente de Senadores e Deputados:


I - examinar e emitir parecer sobre os projetos referidos neste artigo e sobre as contas apresentadas
anualmente pelo Presidente da República;

II - examinar e emitir parecer sobre os planos e programas nacionais, regionais e setoriais previstos
nesta Constituição e exercer o acompanhamento e a fiscalização orçamentária, sem prejuízo da atuação das
demais comissões do Congresso Nacional e de suas Casas, criadas de acordo com o art. 58.

§ 2º As emendas serão apresentadas na Comissão mista, que sobre elas emitirá parecer, e apreciadas,
na forma regimental, pelo Plenário das duas Casas do Congresso Nacional.

§ 3º As emendas ao projeto de lei do orçamento anual ou aos projetos que o modifiquem somente podem
ser aprovadas caso:

I - sejam compatíveis com o plano plurianual e com a lei de diretrizes orçamentárias;

II - indiquem os recursos necessários, admitidos apenas os provenientes de anulação de despesa,


excluídas as que incidam sobre:
a) dotações para pessoal e seus encargos;

b) serviço da dívida;

c) transferências tributárias constitucionais para Estados, Municípios e Distrito Federal; ou

III - sejam relacionadas:


a) com a correção de erros ou omissões; ou
b) com os dispositivos do texto do projeto de lei.

§ 4º As emendas ao projeto de lei de diretrizes orçamentárias não poderão ser aprovadas quando
incompatíveis com o plano plurianual.

§ 5º - O Presidente da República poderá enviar mensagem ao Congresso Nacional para propor


modificação nos projetos a que se refere este artigo enquanto não iniciada a votação, na Comissão mista, da
parte cuja alteração é proposta.

§ 6º Os projetos de lei do plano plurianual, das diretrizes orçamentárias e do orçamento anual serão
enviados pelo Presidente da República ao Congresso Nacional, nos termos da lei complementar a que se refere
o art. 165, § 9º.

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§ 7º Aplicam-se aos projetos mencionados neste artigo, no que não contrariar o disposto nesta seção,
as demais normas relativas ao processo legislativo.
§ 8º Os recursos que, em decorrência de veto, emenda ou rejeição do projeto de lei orçamentária anual,
ficarem sem despesas correspondentes poderão ser utilizados, conforme o caso, mediante créditos especiais
ou suplementares, com prévia e específica autorização legislativa.

§ 9º As emendas individuais ao projeto de lei orçamentária serão aprovadas no limite de 1,2% (um inteiro
e dois décimos por cento) da receita corrente líquida prevista no projeto encaminhado pelo Poder Executivo,
sendo que a metade deste percentual será destinada a ações e serviços públicos de saúde. (Incluído pela
Emenda Constitucional nº 86, de 2015)

§ 10. A execução do montante destinado a ações e serviços públicos de saúde previsto no § 9º, inclusive
custeio, será computada para fins do cumprimento do inciso I do § 2º do art. 198, vedada a destinação para
pagamento de pessoal ou encargos sociais. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 86, de 2015)

§ 11. É obrigatória a execução orçamentária e financeira das programações a que se refere o § 9º deste
artigo, em montante correspondente a 1,2% (um inteiro e dois décimos por cento) da receita corrente líquida
realizada no exercício anterior, conforme os critérios para a execução equitativa da programação definidos na
lei complementar prevista no § 9º do art. 165. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 86, de 2015)

§ 12. A garantia de execução de que trata o § 11 deste artigo aplica-se também às programações incluídas
por todas as emendas de iniciativa de bancada de parlamentares de Estado ou do Distrito Federal, no
montante de até 1% (um por cento) da receita corrente líquida realizada no exercício anterior. (Redação dada
pela Emenda Constitucional nº 100, de 2019)

§ 13. As programações orçamentárias previstas nos §§ 11 e 12 deste artigo não serão de execução
obrigatória nos casos dos impedimentos de ordem técnica. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº
100, de 2019)

§ 14. Para fins de cumprimento do disposto nos §§ 11 e 12 deste artigo, os órgãos de execução deverão
observar, nos termos da lei de diretrizes orçamentárias, cronograma para análise e verificação de eventuais
impedimentos das programações e demais procedimentos necessários à viabilização da execução dos
respectivos montantes. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 100, de 2019)

I - até 120 (cento e vinte) dias após a publicação da lei orçamentária, o Poder Executivo, o Poder
Legislativo, o Poder Judiciário, o Ministério Público e a Defensoria Pública enviarão ao Poder Legislativo as
justificativas do impedimento;

II - até 30 (trinta) dias após o término do prazo previsto no inciso I, o Poder Legislativo indicará ao Poder
Executivo o remanejamento da programação cujo impedimento seja insuperável;

III - até 30 de setembro ou até 30 (trinta) dias após o prazo previsto no inciso II, o Poder Executivo
encaminhará projeto de lei sobre o remanejamento da programação cujo impedimento seja insuperável;

IV - se, até 20 de novembro ou até 30 (trinta) dias após o término do prazo previsto no inciso III, o
Congresso Nacional não deliberar sobre o projeto, o remanejamento será implementado por ato do Poder
Executivo, nos termos previstos na lei orçamentária.

§ 15. Após o prazo previsto no inciso IV do § 14, as programações orçamentárias previstas no § 11 não serão
de execução obrigatória nos casos dos impedimentos justificados na notificação prevista no inciso I do § 14.

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§ 16. Quando a transferência obrigatória da União para a execução da programação prevista nos §§ 11 e
12 deste artigo for destinada a Estados, ao Distrito Federal e a Municípios, independerá da adimplência do
ente federativo destinatário e não integrará a base de cálculo da receita corrente líquida para fins de aplicação
dos limites de despesa de pessoal de que trata o caput do art. 169. (Redação dada pela Emenda Constitucional
nº 100, de 2019)

§ 17. Os restos a pagar provenientes das programações orçamentárias previstas nos §§ 11 e 12 poderão
ser considerados para fins de cumprimento da execução financeira até o limite de 0,6% (seis décimos por
cento) da receita corrente líquida realizada no exercício anterior, para as programações das emendas
individuais, e até o limite de 0,5% (cinco décimos por cento), para as programações das emendas de iniciativa
de bancada de parlamentares de Estado ou do Distrito Federal. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº
100, de 2019)

§ 18. Se for verificado que a reestimativa da receita e da despesa poderá resultar no não cumprimento da
meta de resultado fiscal estabelecida na lei de diretrizes orçamentárias, os montantes previstos nos §§ 11 e 12
deste artigo poderão ser reduzidos em até a mesma proporção da limitação incidente sobre o conjunto das
demais despesas discricionárias. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 100, de 2019)
§ 19. Considera-se equitativa a execução das programações de caráter obrigatório que observe critérios
objetivos e imparciais e que atenda de forma igualitária e impessoal às emendas apresentadas,
independentemente da autoria. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 100, de 2019)
§ 20. As programações de que trata o § 12 deste artigo, quando versarem sobre o início de investimentos
com duração de mais de 1 (um) exercício financeiro ou cuja execução já tenha sido iniciada, deverão ser
objeto de emenda pela mesma bancada estadual, a cada exercício, até a conclusão da obra ou do
empreendimento. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 100, de 2019)
Art. 166-A. As emendas individuais impositivas apresentadas ao projeto de lei orçamentária anual
poderão alocar recursos a Estados, ao Distrito Federal e a Municípios por meio de: (Incluído pela Emenda
Constitucional nº 105, de 2019)

I - transferência especial; ou
II - transferência com finalidade definida.

§ 1º Os recursos transferidos na forma do caput deste artigo não integrarão a receita do Estado, do
Distrito Federal e dos Municípios para fins de repartição e para o cálculo dos limites da despesa com pessoal
ativo e inativo, nos termos do § 16 do art. 166, e de endividamento do ente federado, vedada, em qualquer
caso, a aplicação dos recursos a que se refere o caput deste artigo no pagamento de: (Incluído pela Emenda
Constitucional nº 105, de 2019)

I - despesas com pessoal e encargos sociais relativas a ativos e inativos, e com pensionistas; e

II - encargos referentes ao serviço da dívida.

§ 2º Na transferência especial a que se refere o inciso I do caput deste artigo, os recursos: (Incluído pela
Emenda Constitucional nº 105, de 2019)

I - serão repassados diretamente ao ente federado beneficiado, independentemente de celebração de


convênio ou de instrumento congênere;

II - pertencerão ao ente federado no ato da efetiva transferência financeira; e

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III - serão aplicadas em programações finalísticas das áreas de competência do Poder Executivo do ente
federado beneficiado, observado o disposto no § 5º deste artigo.
§ 3º O ente federado beneficiado da transferência especial a que se refere o inciso I do caput deste artigo
poderá firmar contratos de cooperação técnica para fins de subsidiar o acompanhamento da execução
orçamentária na aplicação dos recursos. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 105, de 2019)

§ 4º Na transferência com finalidade definida a que se refere o inciso II do caput deste artigo, os recursos
serão: (Incluído pela Emenda Constitucional nº 105, de 2019)

I - vinculados à programação estabelecida na emenda parlamentar; e

II - aplicados nas áreas de competência constitucional da União.

§ 5º Pelo menos 70% (setenta por cento) das transferências especiais de que trata o inciso I do caput
deste artigo deverão ser aplicadas em despesas de capital, observada a restrição a que se refere o inciso II do
§ 1º deste artigo. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 105, de 2019)

Art. 167. São vedados:

I - o início de programas ou projetos não incluídos na lei orçamentária anual;


II - a realização de despesas ou a assunção de obrigações diretas que excedam os créditos orçamentários
ou adicionais;

III - a realização de operações de créditos que excedam o montante das despesas de capital,
ressalvadas as autorizadas mediante créditos suplementares ou especiais com finalidade precisa, aprovados
pelo Poder Legislativo por maioria absoluta;

IV - a vinculação de receita de impostos a órgão, fundo ou despesa, ressalvadas a repartição do produto


da arrecadação dos impostos a que se referem os arts. 158 e 159, a destinação de recursos para as ações e
serviços públicos de saúde, para manutenção e desenvolvimento do ensino e para realização de atividades
da administração tributária, como determinado, respectivamente, pelos arts. 198, § 2º, 212 e 37, XXII, e a
prestação de garantias às operações de crédito por antecipação de receita, previstas no art. 165, § 8º, bem
como o disposto no § 4º deste artigo;

V - a abertura de crédito suplementar ou especial sem prévia autorização legislativa e sem indicação
dos recursos correspondentes;

VI - a transposição, o remanejamento ou a transferência de recursos de uma categoria de programação


para outra ou de um órgão para outro, sem prévia autorização legislativa;
VII - a concessão ou utilização de créditos ilimitados;

VIII - a utilização, sem autorização legislativa específica, de recursos dos orçamentos fiscal e da
seguridade social para suprir necessidade ou cobrir déficit de empresas, fundações e fundos, inclusive dos
mencionados no art. 165, § 5º;

IX - a instituição de fundos de qualquer natureza, sem prévia autorização legislativa.

X - a transferência voluntária de recursos e a concessão de empréstimos, inclusive por antecipação de


receita, pelos Governos Federal e Estaduais e suas instituições financeiras, para pagamento de despesas com
pessoal ativo, inativo e pensionista, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios.

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XI - a utilização dos recursos provenientes das contribuições sociais de que trata o art. 195, I, a, e II, para
a realização de despesas distintas do pagamento de benefícios do regime geral de previdência social de que
trata o art. 201.

XII - na forma estabelecida na lei complementar de que trata o § 22 do art. 40, a utilização de recursos de
regime próprio de previdência social, incluídos os valores integrantes dos fundos previstos no art. 249, para a
realização de despesas distintas do pagamento dos benefícios previdenciários do respectivo fundo
vinculado àquele regime e das despesas necessárias à sua organização e ao seu funcionamento; (Incluído pela
Emenda Constitucional nº 103, de 2019)

XIII - a transferência voluntária de recursos, a concessão de avais, as garantias e as subvenções pela


União e a concessão de empréstimos e de financiamentos por instituições financeiras federais aos Estados,
ao Distrito Federal e aos Municípios na hipótese de descumprimento das regras gerais de organização e de
funcionamento de regime próprio de previdência social. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 103, de
2019)

XIV - a criação de fundo público, quando seus objetivos puderem ser alcançados mediante a
vinculação de receitas orçamentárias específicas ou mediante a execução direta por programação
orçamentária e financeira de órgão ou entidade da administração pública. (Incluído pela Emenda Constitucional
nº 109, de 2021)

§ 1º Nenhum investimento cuja execução ultrapasse um exercício financeiro poderá ser iniciado sem
prévia inclusão no plano plurianual, ou sem lei que autorize a inclusão, sob pena de crime de
responsabilidade.

§ 2º Os créditos especiais e extraordinários terão vigência no exercício financeiro em que forem


autorizados, salvo se o ato de autorização for promulgado nos últimos quatro meses daquele exercício, caso
em que, reabertos nos limites de seus saldos, serão incorporados ao orçamento do exercício financeiro
subsequente.

§ 3º A abertura de crédito extraordinário somente será admitida para atender a despesas imprevisíveis
e urgentes, como as decorrentes de guerra, comoção interna ou calamidade pública, observado o disposto no
art. 62.

§ 4º É permitida a vinculação das receitas a que se referem os arts. 155, 156, 157, 158 e as alíneas "a", "b",
"d" e "e" do inciso I e o inciso II do caput do art. 159 desta Constituição para pagamento de débitos com a União
e para prestar-lhe garantia ou contragarantia. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 109, de 2021)
§ 5º A transposição, o remanejamento ou a transferência de recursos de uma categoria de programação
para outra poderão ser admitidos, no âmbito das atividades de ciência, tecnologia e inovação, com o objetivo
de viabilizar os resultados de projetos restritos a essas funções, mediante ato do Poder Executivo, sem
necessidade da prévia autorização legislativa prevista no inciso VI deste artigo. (Incluído pela Emenda
Constitucional nº 85, de 2015)
§ 6º Para fins da apuração ao término do exercício financeiro do cumprimento do limite de que trata o
inciso III do caput deste artigo, as receitas das operações de crédito efetuadas no contexto da gestão da dívida
pública mobiliária federal somente serão consideradas no exercício financeiro em que for realizada a
respectiva despesa. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 109, de 2021)
(...)

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Art. 168. Os recursos correspondentes às dotações orçamentárias, compreendidos os créditos


suplementares e especiais, destinados aos órgãos dos Poderes Legislativo e Judiciário, do Ministério Público
e da Defensoria Pública, ser-lhes-ão entregues até o dia 20 de cada mês, em duodécimos, na forma da lei
complementar a que se refere o art. 165, § 9º.

§ 1º É vedada a transferência a fundos de recursos financeiros oriundos de repasses duodecimais.


(Incluído pela Emenda Constitucional nº 109, de 2021)
§ 2º O saldo financeiro decorrente dos recursos entregues na forma do caput deste artigo deve ser
restituído ao caixa único do Tesouro do ente federativo, ou terá seu valor deduzido das primeiras parcelas
duodecimais do exercício seguinte. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 109, de 2021)

Art. 169. A despesa com pessoal ativo e inativo e pensionistas da União, dos Estados, do Distrito Federal
e dos Municípios não pode exceder os limites estabelecidos em lei complementar. (Redação dada pela
Emenda Constitucional nº 109, de 2021)

§ 1º A concessão de qualquer vantagem ou aumento de remuneração, a criação de cargos, empregos e


funções ou alteração de estrutura de carreiras, bem como a admissão ou contratação de pessoal, a qualquer
título, pelos órgãos e entidades da administração direta ou indireta, inclusive fundações instituídas e mantidas
pelo poder público, só poderão ser feitas:

I - se houver prévia dotação orçamentária suficiente para atender às projeções de despesa de pessoal e
aos acréscimos dela decorrentes;
II - se houver autorização específica na lei de diretrizes orçamentárias, ressalvadas as empresas
públicas e as sociedades de economia mista.

§ 2º Decorrido o prazo estabelecido na lei complementar referida neste artigo para a adaptação aos
parâmetros ali previstos, serão imediatamente suspensos todos os repasses de verbas federais ou estaduais
aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios que não observarem os referidos limites.

§ 3º Para o cumprimento dos limites estabelecidos com base neste artigo, durante o prazo fixado na
lei complementar referida no caput, a União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios adotarão as
seguintes providências:
I - redução em pelo menos vinte por cento das despesas com cargos em comissão e funções de
confiança;

II - exoneração dos servidores não estáveis.


§ 4º Se as medidas adotadas com base no parágrafo anterior não forem suficientes para assegurar o
cumprimento da determinação da lei complementar referida neste artigo, o servidor estável poderá perder o
cargo, desde que ato normativo motivado de cada um dos Poderes especifique a atividade funcional, o órgão
ou unidade administrativa objeto da redução de pessoal.

§ 5º O servidor que perder o cargo na forma do parágrafo anterior fará jus a indenização correspondente
a um mês de remuneração por ano de serviço.
§ 6º O cargo objeto da redução prevista nos parágrafos anteriores será considerado extinto, vedada a
criação de cargo, emprego ou função com atribuições iguais ou assemelhadas pelo prazo de quatro anos.
§ 7º Lei federal disporá sobre as normas gerais a serem obedecidas na efetivação do disposto no § 4º.

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Questões comentadas – Cespe


1. CESPE – PGM Manaus – Procurador do Município – 2018

É vedado autorizar a abertura de créditos suplementares no texto da lei orçamentária anual municipal.

Comentários:

Não, não, não. A LOA pode sim conter autorização para abertura de créditos suplementares.
Olha só o que diz a CF/88:

Art. 165, § 8º A lei orçamentária anual não conterá dispositivo estranho à previsão da receita e à fixação
da despesa, não se incluindo na proibição a autorização para abertura de créditos suplementares e
contratação de operações de crédito, ainda que por antecipação de receita, nos termos da lei.

Esse é o princípio da exclusividade! Resumidamente, ele preceitua que a LOA não conterá matéria
estranha à previsão da receita e à fixação da despesa. Mas, além da previsão de receitas e fixação de despesas,
também poderão estar na LOA:

• Autorização para abertura de créditos adicionais suplementares (só os suplementares);


• Autorização para contratação de operações de crédito, ainda que por antecipação de receita
orçamentária (ARO).

Gabarito: Errado

2. CESPE – ABIN – Oficial Técnico de Inteligência - Área 1 – 2018

São reservadas à lei de diretrizes orçamentárias disposições sobre exercício financeiro, vigência, prazos,
elaboração e organização do plano plurianual.

Comentários:

Opa! Atenção! Essas matérias não são reservadas à lei de diretrizes orçamentárias! São reservadas à lei
complementar! Quer ver?

Art. 165, § 9º Cabe à lei complementar:

I - dispor sobre o exercício financeiro, a vigência, os prazos, a elaboração e a organização do plano


plurianual, da lei de diretrizes orçamentárias e da lei orçamentária anual;

Gabarito: Errado

3. CESPE – ABIN – Oficial Técnico de Inteligência - Área 1 – 2018

É vedada a prorrogação de vigência de créditos especiais para exercício financeiro diverso daquele em que os
referidos créditos foram autorizados.

Comentários:

Vedada a prorrogação de vigência de créditos especiais? Vejamos:

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§ 2º Os créditos especiais e extraordinários terão vigência no exercício financeiro em que forem


autorizados, salvo se o ato de autorização for promulgado nos últimos quatro meses daquele exercício,
caso em que, reabertos nos limites de seus saldos, serão incorporados ao orçamento do exercício
financeiro subsequente.

Veja como os créditos adicionais especiais e extraordinários autorizados nos últimos quatro meses do
exercício podem sim ter a sua vigência prorrogada para exercício financeiro diverso daquele em que os
referidos créditos foram autorizados.

Já os créditos suplementares possuem vigência exclusivamente dentro do exercício financeiro em que


foram abertos, ou seja, terão vigência adstrita ao exercício financeiro em que forem abertos (Lei 4.320/64, art.
45).
Gabarito: Errado

4. CESPE – CGM João Pessoa – Auditor – 2018

É vedada a vinculação das receitas próprias geradas pelos impostos municipais à prestação de contragarantia
à União.

Comentários:

A questão trata do princípio da não vinculação (não afetação) da receita de impostos, que veda a
vinculação de receita de impostos a órgão, fundo ou despesa. Esse princípio possui 6 exceções:

• Repartição constitucional do produto da arrecadação dos impostos;


• Destinação de recursos para manutenção e desenvolvimento do ensino;
• Destinação de recursos para as ações e serviços públicos de saúde;
• Destinação de recursos para a realização de atividades da administração tributária;
• Prestação de garantias às operações de crédito por antecipação de receita (ARO);
• Prestação de garantia ou contragarantia à União e pagamento de débitos para com esta.

Mas ainda bem que a Lady Gaga está aqui rezando por você para lhe ajudar: RESA GaGa

Portanto, é vedado vincular receita de impostos a órgão, fundo ou despesa, mas quando se tratar de
prestação de contragarantia à União, essa vinculação é permitida! Por isso que a questão errada!

Gabarito: Errado

5. CESPE – CGM João Pessoa – Auditor – 2018

No âmbito das finanças públicas, é necessária a existência de prévia autorização legislativa para a instituição
de fundos de qualquer natureza.

Comentários:
Olha só como conhecer a literalidade da norma constitucional é importante:

Art. 167. São vedados:

IX - a instituição de fundos de qualquer natureza, sem prévia autorização legislativa.

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Então, a questão está mesmo certo. Para a instituição de fundos de qualquer natureza é necessária a
existência de prévia autorização legislativa!
Lembrando que fundo é um conjunto de recursos com a finalidade de desenvolver ou consolidar, através
de financiamento ou negociação, uma atividade pública específica.

Gabarito: Certo

6. CESPE – TCE-PB – Auditor de Contas Públicas – 2018

No que se refere a vedações constitucionais em matéria orçamentária dispostas nas normas gerais de direito
financeiro da CF, assinale a opção correta.
A) A CF não veda a abertura de crédito suplementar ou especial, mesmo sem a indicação dos recursos
correspondentes e a prévia autorização legislativa.

B) O início de programas e projetos não incluídos na LOA é admitido excepcionalmente pela CF, desde que a
sua execução não ultrapasse a previsão orçamentária fixada no exercício financeiro anterior.
C) A CF veda aos estados e às suas instituições financeiras a realização de transferência voluntária de recursos
aos municípios para pagamento de despesas com pessoal.

D) A LOA permite a inclusão de dispositivo estranho à previsão da receita e à fixação da despesa.

E) A CF admite a edição de medida provisória para a abertura de crédito extraordinário para o atendimento de
despesas imprevisíveis e urgentes, desde que haja autorização prévia do Poder Legislativo.

Comentários:

Vamos logo para as alternativas?

a) Errada. A CF veda isso sim! Olha só:

Art. 167. São vedados:

V - a abertura de crédito suplementar ou especial sem prévia autorização legislativa e sem indicação
dos recursos correspondentes;

b) Errada. Essa exceção aí não existe. Veja:

Art. 167. São vedados:

I - o início de programas ou projetos não incluídos na lei orçamentária anual;

Não há exceções aqui. É simples: se o programa ou projeto não estiverem incluídos na LOA, não poderão
ser iniciados.
c) Correta. É verdade! É vedado fazer transferência voluntária ou conceder empréstimo para pagar
salários, para pagar despesas com pessoal ativo, inativo ou pensionista!

Art. 167. São vedados:

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X - a transferência voluntária de recursos e a concessão de empréstimos, inclusive por antecipação de


receita, pelos Governos Federal e Estaduais e suas instituições financeiras, para pagamento de despesas
com pessoal ativo, inativo e pensionista, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios.

d) Errada. Será mesmo que a LOA permite a inclusão de dispositivo estranho à previsão da receita e à
fixação da despesa? Veja com seus próprios olhos:

§ 8º A lei orçamentária anual não conterá dispositivo estranho à previsão da receita e à fixação da
despesa, não se incluindo na proibição a autorização para abertura de créditos suplementares e
contratação de operações de crédito, ainda que por antecipação de receita, nos termos da lei.

Esse é o princípio da exclusividade! A LOA não é lugar para “besteiras”. A LOA é lugar para previsão
da receita e à fixação da despesa.
e) Errada. Não precisa dessa autorização prévia do Poder Legislativo. A Medida Provisória é editada e
depois é que é submetida ao Poder Legislativo. Afinal, estamos falando de despesas imprevisíveis e urgentes.
Primeiro resolvemos a urgência e depois nos preocupamos em conseguir os recursos e a autorização legislativa,
pois se esperássemos por isso, a despesa não iria mais fazer sentido.

Por exemplo: de que adianta resgatar as vítimas de uma tragédia 2 semanas depois do ocorrido? O resgate tem que
ser imediato!

Vamos ver como isso está na CF/88:

Art. 62. Em caso de relevância e urgência, o Presidente da República poderá adotar medidas provisórias,
com força de lei, devendo submetê-las de imediato ao Congresso Nacional.

§ 1º É vedada a edição de medidas provisórias sobre matéria:

d) planos plurianuais, diretrizes orçamentárias, orçamento e créditos adicionais e suplementares,


ressalvado o previsto no art. 167, § 3º.

Art. 167, § 3º A abertura de crédito extraordinário somente será admitida para atender a despesas
imprevisíveis e urgentes, como as decorrentes de guerra, comoção interna ou calamidade pública,
observado o disposto no art. 62.”

Gabarito: C

7. CESPE – TRT-7ª – Analista judiciário – 2017

De acordo com os dispositivos constitucionais sobre finanças públicas, ordem econômica e financeira, devem
ser disciplinadas por lei complementar matérias como a

A) remessa de lucros ao exterior por empresas de capital estrangeiro.


B) repressão ao abuso do poder econômico que vise à dominação dos mercados.

C) concessão de garantias pelas entidades públicas.

D) emissão de moeda pelo Banco Central do Brasil.

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Comentários:

Vamos relembrar o artigo 163? Lá encontramos várias matérias que devem ser reguladas por lei
complementar:

Art. 163. Lei complementar disporá sobre:

I - finanças públicas;

II - dívida pública externa e interna, incluída a das autarquias, fundações e demais entidades controladas
pelo Poder Público;

III - concessão de garantias pelas entidades públicas;

IV - emissão e resgate de títulos da dívida pública;

V - fiscalização financeira da administração pública direta e indireta;

VI - operações de câmbio realizadas por órgãos e entidades da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos
Municípios;

VII - compatibilização das funções das instituições oficiais de crédito da União, resguardadas as
características e condições operacionais plenas das voltadas ao desenvolvimento regional.

Olha só o que nós marcamos para você! Justamente o que aparece na alternativa C. Eis o nosso gabarito!

Detalhe (na alternativa D) é que a emissão de moeda pelo Banco Central do Brasil não é matéria de lei
complementar, mas “a competência da União para emitir moeda será exercida exclusivamente pelo banco
central” (CF/88, art. 164).
Gabarito: C

8. CESPE – TCE-PE – Auditor de controle externo – 2017

Além de apresentar harmonia com o plano plurianual e estar voltado para a redução de desigualdades entre as
diversas regiões brasileiras, o orçamento federal de investimento deve conter as previsões de receitas e
despesas de todas as empresas nas quais a União detenha participação societária.
Comentários:
Primeiro, o Orçamento de Investimento (OI) deve estar em harmonia com o plano plurianual? Claro!

Segundo, grave o seguinte:

Os orçamentos Fiscal (OF) e de Investimento (OI) terão entre suas funções a de reduzir desigualdades inter-
regionais, segundo critério populacional.

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OF e OI SIM
Reduzir desigualdades
inter-regionais
OSS NÃO

Agora vem a parte interessante. E como adoram fazer essa pegadinha!

O Orçamento de Investimento contém previsões de receitas e despesas de todas as empresas nas quais
a União detenha participação societária?

NÃO! O Orçamento de Investimento (OI) contém as empresas em que a União, direta ou indiretamente,
detenha a maioria do capital social com direito a voto. Não é qualquer percentual do capital social! É maioria
do capital social. E tem mais: maioria do capital social com direito a voto.

E é foi por isso que a questão ficou errada!

Gabarito: Errado

9. CESPE – Prefeitura de Fortaleza – Procurador do município – 2017

As disponibilidades financeiras do município devem ser depositadas em instituições financeiras oficiais,


cabendo unicamente à União, mediante lei nacional, definir eventuais exceções a essa regra geral.

Comentários:

É isso mesmo! Confira na CF/88:

Art. 164, § 3º As disponibilidades de caixa da União serão depositadas no banco central; as dos Estados,
do Distrito Federal, dos Municípios e dos órgãos ou entidades do Poder Público e das empresas por ele
controladas, em instituições financeiras oficiais, ressalvados os casos previstos em lei.

Note que se a União (e somente a União) pode definir, mediante lei de caráter nacional, eventuais
exceções a essa regra geral. Essa foi uma decisão do STF, confira:

As disponibilidades de caixa dos Estados-membros, dos órgãos ou entidades que os integram e das
empresas por eles controladas deverão ser depositadas em instituições financeiras oficiais, cabendo,
unicamente, à União Federal, mediante lei de caráter nacional, definir as exceções autorizadas pelo
art. 164, § 3º, da Constituição da República. [ADI 2.661 MC, rel. min. Celso de Mello, j. 5-6-2002, P, DJ
de 23-8-2002.]

E aqui vai um esqueminha para você visualizar:

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AFO na CF/88

Disponibilidades da
• Depositadas no Bacen
União

Disponibilidades dos
Estados, DF, Municípios, • Depositadas em instituições financeiras
e órgãos ou entidades oficiais, ressalvados os casos previstos em lei
públicas

Gabarito: Certo

10. CESPE – PGE-AM – Procurador do Estado – 2016

De acordo com a CF, o presidente da República não pode propor alterações ao projeto de lei orçamentária em
relação a matéria cuja votação já tenha se iniciado na comissão mista permanente competente para emitir
parecer no âmbito do Congresso Nacional.

Comentários:
É isso mesmo! Está tudo certo aí!

O Presidente da República poderá enviar mensagem ao Congresso Nacional para propor modificação nos
projetos (não é na proposta e nem nas leis) a que se refere este artigo enquanto não iniciada (e não finalizada)
a votação (e não a discussão), na Comissão mista (não é no Plenário), da parte cuja alteração é proposta
(somente da parte que está sendo alterada).

Gabarito: Certo

11.CESPE – TCE-PA – Auditor de Controle Externo – 2016


Depende de autorização específica na lei de diretrizes orçamentárias do estado-membro a admissão ou
contratação de pessoal por sociedade de economia mista estadual.

Comentários:
É! Aumento de despesas com pessoal é coisa séria! Se quiser aumentar as despesas com pessoal, de
qualquer forma (seja concedendo vantagem ou aumento de remuneração, seja contratando pessoal, seja
criando cargos ou alterando a estrutura de carreiras):

• de Empresas Públicas (EP) e Sociedades de Economia Mista (SEM): não é necessária


autorização específica na LDO;
• de qualquer outro órgão, entidade ou fundação: é necessária autorização específica na LDO.

Agora vejamos a questão: ela pergunta sobre a admissão ou contratação de pessoal por Sociedade de
Economia Mista (SEM). Depende de autorização específica na LDO? NÃO!

A questão diz que sim! E é por isso que ela está errada!

Gabarito: Errado

12. CESPE – DPE-RN – Defensor Público substituto – 2015

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AFO na CF/88

Assinale a opção correta acerca do regime constitucional dos gastos públicos.

A) A existência de prévia autorização legislativa é requisito suficiente para a abertura de crédito suplementar
ou especial.

B) A transposição, o remanejamento ou a transferência de recursos de uma categoria de programação para


outra ou de um órgão para outro não depende de prévia autorização legislativa.

C) A instituição de fundos de qualquer natureza pode ser autorizada por decreto do Poder Executivo,
circunstância em que tal ato terá a natureza de decreto autônomo.

D) Para se iniciar investimento cuja execução ultrapasse um exercício financeiro, basta que esse investimento
esteja previsto na LOA do primeiro exercício financeiro de sua execução.

E) O início de programas e projetos governamentais não será possível sem a inclusão deles na LOA.
Comentários:
Alternativas? SIM!

a) Errada. Para abrir créditos suplementares ou especiais, não basta ter prévia autorização legislativa.
Também é necessário indicar de onde vem o dinheiro para pagar por essas despesas, ou seja, é necessário
indicar a fonte dos recursos.

Isso porque (CF/88):

Art. 167. São vedados:

V - a abertura de crédito suplementar ou especial sem prévia autorização legislativa e sem indicação
dos recursos correspondentes;

b) Errada. Opa. Depende sim. Observe (CF/88):

Art. 167. São vedados:

VI - a transposição, o remanejamento ou a transferência de recursos de uma categoria de programação


para outra ou de um órgão para outro, sem prévia autorização legislativa;

c) Errada. Instituir fundos por decreto? Nada disso! É por lei!

Art. 167. São vedados:

IX - a instituição de fundos de qualquer natureza, sem prévia autorização legislativa.

d) Errada. Para se iniciar investimento cuja execução ultrapasse um exercício financeiro, ele precisa estar
previsto no Plano Plurianual (PPA), porque (CF/88):

Art. 167, § 1º Nenhum investimento cuja execução ultrapasse um exercício financeiro poderá ser
iniciado sem prévia inclusão no plano plurianual, ou sem lei que autorize a inclusão, sob pena de crime
de responsabilidade.

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e) Correta. É simples: se o programa ou projeto não estiverem incluídos na LOA, não poderão ser
iniciados.

Art. 167. São vedados:

I - o início de programas ou projetos não incluídos na lei orçamentária anual;

Gabarito: E

13.CESPE – TCE-RN – Auditor – 2015


Segundo a CF, é vedado ao Banco Central conceder, direta ou indiretamente, empréstimos ao Tesouro
Nacional ou a órgão ou entidade que não seja integrante do sistema financeiro.
Comentários:

Literalidade da Constituição Federal. E é por isso que você precisa estar afiado nela! Confira:

Art. 164, § 1º É vedado ao banco central conceder, direta ou indiretamente, empréstimos ao Tesouro
Nacional e a qualquer órgão ou entidade que não seja instituição financeira.

O banco central é o banco dos bancos

Portanto, o banco central pode conceder empréstimos para:

• instituições financeiras: sim!


• órgão ou entidade que não seja instituição financeira: não!

Gabarito: Certo

14. CESPE – Prefeitura de Salvador - BA – Procurador do município – 2015

A exoneração de servidor público estável, se necessária, não gerará direito a indenização, pois o desligamento
visa obter redução dos custos da máquina pública e não produzir mais despesas.
Comentários:

Quem não fará jus a indenização, nesse caso, é o servidor público não estável! Esse só ganha um tapinha
nas costas de consolo mesmo...

O servidor público estável faz jus a indenização sim, correspondente a um mês de remuneração por ano
de serviço. Então, por exemplo, se o servidor tinha 5 anos de serviço, receberá uma indenização de 5 salários.

Gabarito: Errado

15.CESPE – Prefeitura de Salvador - BA – Procurador do município – 2015


Os cargos vagos por conta da dispensa de servidores estáveis serão declarados extintos, sendo vedada a criação
de cargos, empregos ou funções de atribuições iguais ou assemelhadas pelo período de quatro anos.

Comentários:

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Exatamente! Essa quarentena deve ser respeitada! Isso serve para dificultar a utilização desse artifício
(protegendo os servidores estáveis) e para evitar que a Administração “dê uma de espertinha”, extinguindo os
cargos, mas logo depois criando outros iguais ou assemelhados.

Veja como isso aparece na CF/88:

Art. 169, § 6º O cargo objeto da redução prevista nos parágrafos anteriores será considerado extinto,
vedada a criação de cargo, emprego ou função com atribuições iguais ou assemelhadas pelo prazo de
quatro anos.

Gabarito: Certo

16. CESPE – TJ-PB – Juiz substituto – 2015

A respeito da disciplina constitucional sobre finanças públicas e orçamentos, assinale a opção correta.
A) A fim de adequar-se aos limites legais de despesa com pessoal e evitar a suspensão de repasses federais, o
Estado deverá reduzir despesas com cargos comissionados e funções de confiança, vedada a exoneração de
concursados.

B) É vedada a concessão de empréstimos pelas instituições financeiras públicas para pagamento de despesas
com pessoal ativo e inativo dos estados, do DF e dos municípios.

C) O princípio da anualidade tributária proíbe a aplicação de tributo no mesmo exercício financeiro em que ele
for criado.

D) Compete às duas Casas do Congresso Nacional fixar, por proposta do presidente, na lei orçamentária anual,
os limites globais da dívida consolidada da União, dos estados, do DF e dos municípios.

E) A lei de iniciativa do presidente que instituir o plano plurianual estabelecerá, entre outros temas, as metas
da administração federal, incluindo-se as despesas de capital para o exercício seguinte e as orientações para a
elaboração da lei orçamentária anual.

Comentários:

Vejamos nossas alternativas:


a) Errada. Por mais triste que essa regra seja para você, a exoneração de concursados é possível nessa
situação. Portanto, ela não é vedada. Eis o erro da alternativa. Vejamos a regra constitucional:

Art. 169, § 2º Decorrido o prazo estabelecido na lei complementar referida neste artigo para a adaptação
aos parâmetros ali previstos, serão imediatamente suspensos todos os repasses de verbas federais ou
estaduais aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios que não observarem os referidos limites.

Art. 169, § 3º Para o cumprimento dos limites estabelecidos com base neste artigo, durante o prazo
fixado na lei complementar referida no caput, a União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios
adotarão as seguintes providências:

I - redução em pelo menos vinte por cento das despesas com cargos em comissão e funções de
confiança;

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II - exoneração dos servidores não estáveis.

b) Correta. Isso mesmo! É vedado fazer transferência voluntária ou conceder empréstimo para pagar
salários, para pagar despesas com pessoal ativo, inativo ou pensionista! Veja:

Art. 167. São vedados:

X - a transferência voluntária de recursos e a concessão de empréstimos, inclusive por antecipação de


receita, pelos Governos Federal e Estaduais e suas instituições financeiras, para pagamento de despesas
com pessoal ativo, inativo e pensionista, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios.

c) Errada. Esse é o princípio da anterioridade tributária (e não anualidade).

d) Errada. Isso não compete às duas Casas do Congresso Nacional. Compete somente ao Senado
Federal. Confira aqui:

Art. 52. Compete privativamente ao Senado Federal:

VI - fixar, por proposta do Presidente da República, limites globais para o montante da dívida consolidada
da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios;

e) Errada. Eita! A alternativa misturou disposições do PPA e da LDO.


O PPA, de fato, estabelecerá, entre outros temas, as metas da administração federal, mas não as metas
para as despesas de capital para o exercício seguinte e também não estabelecerá as orientações para a
elaboração da lei orçamentária anual, porque quem faz isso é a LDO!

§ 1º A lei que instituir o plano plurianual estabelecerá, de forma regionalizada, as diretrizes, objetivos e
metas da administração pública federal para as despesas de capital e outras delas decorrentes e para
as relativas aos programas de duração continuada.

PPA regional DOM DK ODD PDC

Art. 165, § 2º A lei de diretrizes orçamentárias compreenderá as metas e prioridades da administração


pública federal, estabelecerá as diretrizes de política fiscal e respectivas metas, em consonância com
trajetória sustentável da dívida pública, orientará a elaboração da lei orçamentária anual, disporá
sobre as alterações na legislação tributária e estabelecerá a política de aplicação das agências
financeiras oficiais de fomento. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 109, de 2021)

Gabarito: B

17.CESPE – TCE-RN – Auditor – 2015


A transposição, o remanejamento ou a transferência de recursos de uma categoria de programação para outra
ou de um órgão para outro são proibidos se não houver prévia autorização legislativa, exceto no âmbito das
atividades de ciência, tecnologia e inovação, quando o objetivo for viabilizar os resultados de projetos restritos
a essas funções.

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Comentários:

Esse é o princípio da proibição do estorno. Normalmente, o gestor público não pode transpor,
remanejar ou transferir recursos sem autorização legislativa, do contrário toda a finalidade do orçamento
público e do princípio da legalidade estariam em risco.

Porém, no âmbito das atividades de ciência, tecnologia e inovação, e com o objetivo de viabilizar os
resultados de projetos restritos a essas funções, a transposição, o remanejamento ou a transferência pode ser feita
sem necessidade da prévia autorização legislativa.

É isso que a regra constitucional nos diz:

§ 5º A transposição, o remanejamento ou a transferência de recursos de uma categoria de programação


para outra poderão ser admitidos, no âmbito das atividades de ciência, tecnologia e inovação, com o
objetivo de viabilizar os resultados de projetos restritos a essas funções, mediante ato do Poder Executivo,
sem necessidade da prévia autorização legislativa prevista no inciso VI deste artigo.

Lembre-se: ciência, tecnologia e inovação: sem necessidade de prévia autorização (até rima ).

Gabarito: Certo

18. CESPE – MEC – Especialista em Regulação da Educação Superior– 2014

As despesas com o pessoal ativo e inativo da União, dos estados, do Distrito Federal e dos municípios somente
poderão exceder os limites estabelecidos em lei complementar, quando devidamente justificadas e aprovadas
pelo Ministério Público.

Comentários:

Essa exceção não existe. Eis o disposto na CF/88:

Art. 169. A despesa com pessoal ativo e inativo e pensionistas da União, dos Estados, do Distrito Federal
e dos Municípios não pode exceder os limites estabelecidos em lei complementar.

E ponto final!

Gabarito: Errado

19. CESPE – TCE-ES – Auditor – 2012

É conhecida como regra de ouro a vedação, prevista na CF, à realização de operações de créditos que excedam
o montante das despesas de capital, ressalvadas as autorizadas mediante créditos suplementares, ou especiais,
com finalidade precisa, aprovados pelo Poder Legislativo, por maioria absoluta.

Comentários:

Essa é a literalidade da Constituição Federal. Confira:

Art. 167. São vedados:

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III - a realização de operações de créditos que excedam o montante das despesas de capital, ressalvadas
as autorizadas mediante créditos suplementares ou especiais com finalidade precisa, aprovados pelo
Poder Legislativo por maioria absoluta;

Matematicamente falando:

Regra de ouro: OC  DK

E grave bem esses requisitos das ressalvas:

• Créditos suplementares ou especiais;


• Finalidade precisa;
• Aprovados por maioria absoluta.

Gabarito: Certo

20. CESPE – UNIPAMPA – Contador – 2013

Na Constituição Federal de 1988, é vedada a realização de operações de crédito que excedam o montante das
despesas de capital, a fim de evitar o desequilíbrio orçamentário, em especial, o déficit das operações correntes.

Comentários:

A famosa regra de ouro! É isso mesmo:

Art. 167. São vedados:

III - a realização de operações de créditos que excedam o montante das despesas de capital, ressalvadas
as autorizadas mediante créditos suplementares ou especiais com finalidade precisa, aprovados pelo
Poder Legislativo por maioria absoluta;

A mensagem que essa regra passa é que o endividamento só pode ser admitido para a realização de
investimento ou abatimento da dívida. A ideia é evitar o endividamento para financiar despesas correntes.

Por exemplo: já pensou você tomando empréstimos e entrando no cheque especial para pagar despesas corriqueiras,
como alimentação, aluguel, energia, etc? Isso não seria nada bom! Se sua renda não consegue cobrir nem essas
despesas correntes, é sinal de que sua situação financeira não está nada boa, é sinal de que o orçamento está
desequilibrado.

Então é verdade que a regra de ouro serve para evitar o desequilíbrio orçamentário, em especial, o
déficit das operações correntes.

Gabarito: Certo

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Lista de questões – Cespe


1. CESPE – PGM Manaus – Procurador do Município – 2018

É vedado autorizar a abertura de créditos suplementares no texto da lei orçamentária anual municipal.

2. CESPE – ABIN – Oficial Técnico de Inteligência - Área 1 – 2018

São reservadas à lei de diretrizes orçamentárias disposições sobre exercício financeiro, vigência, prazos,

elaboração e organização do plano plurianual.

3. CESPE – ABIN – Oficial Técnico de Inteligência - Área 1 – 2018

É vedada a prorrogação de vigência de créditos especiais para exercício financeiro diverso daquele em que os
referidos créditos foram autorizados.

4. CESPE – CGM João Pessoa – Auditor – 2018

É vedada a vinculação das receitas próprias geradas pelos impostos municipais à prestação de contragarantia
à União.

5. CESPE – CGM João Pessoa – Auditor – 2018

No âmbito das finanças públicas, é necessária a existência de prévia autorização legislativa para a instituição
de fundos de qualquer natureza.

6. CESPE – TCE-PB – Auditor de Contas Públicas – 2018

No que se refere a vedações constitucionais em matéria orçamentária dispostas nas normas gerais de direito
financeiro da CF, assinale a opção correta.
A) A CF não veda a abertura de crédito suplementar ou especial, mesmo sem a indicação dos recursos
correspondentes e a prévia autorização legislativa.

B) O início de programas e projetos não incluídos na LOA é admitido excepcionalmente pela CF, desde que a
sua execução não ultrapasse a previsão orçamentária fixada no exercício financeiro anterior.
C) A CF veda aos estados e às suas instituições financeiras a realização de transferência voluntária de recursos
aos municípios para pagamento de despesas com pessoal.

D) A LOA permite a inclusão de dispositivo estranho à previsão da receita e à fixação da despesa.

E) A CF admite a edição de medida provisória para a abertura de crédito extraordinário para o atendimento de
despesas imprevisíveis e urgentes, desde que haja autorização prévia do Poder Legislativo.

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7. CESPE – TRT-7ª – Analista judiciário – 2017

De acordo com os dispositivos constitucionais sobre finanças públicas, ordem econômica e financeira, devem
ser disciplinadas por lei complementar matérias como a
A) remessa de lucros ao exterior por empresas de capital estrangeiro.

B) repressão ao abuso do poder econômico que vise à dominação dos mercados.

C) concessão de garantias pelas entidades públicas.

D) emissão de moeda pelo Banco Central do Brasil.

8. CESPE – TCE-PE – Auditor de controle externo – 2017

Além de apresentar harmonia com o plano plurianual e estar voltado para a redução de desigualdades entre as
diversas regiões brasileiras, o orçamento federal de investimento deve conter as previsões de receitas e
despesas de todas as empresas nas quais a União detenha participação societária.

9. CESPE – Prefeitura de Fortaleza – Procurador do município – 2017

As disponibilidades financeiras do município devem ser depositadas em instituições financeiras oficiais,


cabendo unicamente à União, mediante lei nacional, definir eventuais exceções a essa regra geral.

10. CESPE – PGE-AM – Procurador do Estado – 2016

De acordo com a CF, o presidente da República não pode propor alterações ao projeto de lei orçamentária em
relação a matéria cuja votação já tenha se iniciado na comissão mista permanente competente para emitir
parecer no âmbito do Congresso Nacional.

11.CESPE – TCE-PA – Auditor de Controle Externo – 2016


Depende de autorização específica na lei de diretrizes orçamentárias do estado-membro a admissão ou
contratação de pessoal por sociedade de economia mista estadual.

12. CESPE – DPE-RN – Defensor Público substituto – 2015

Assinale a opção correta acerca do regime constitucional dos gastos públicos.

A) A existência de prévia autorização legislativa é requisito suficiente para a abertura de crédito suplementar
ou especial.

B) A transposição, o remanejamento ou a transferência de recursos de uma categoria de programação para


outra ou de um órgão para outro não depende de prévia autorização legislativa.

C) A instituição de fundos de qualquer natureza pode ser autorizada por decreto do Poder Executivo,
circunstância em que tal ato terá a natureza de decreto autônomo.

D) Para se iniciar investimento cuja execução ultrapasse um exercício financeiro, basta que esse investimento
esteja previsto na LOA do primeiro exercício financeiro de sua execução.

E) O início de programas e projetos governamentais não será possível sem a inclusão deles na LOA.

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13.CESPE – TCE-RN – Auditor – 2015


Segundo a CF, é vedado ao Banco Central conceder, direta ou indiretamente, empréstimos ao Tesouro
Nacional ou a órgão ou entidade que não seja integrante do sistema financeiro.

14. CESPE – Prefeitura de Salvador - BA – Procurador do município – 2015

A exoneração de servidor público estável, se necessária, não gerará direito a indenização, pois o desligamento
visa obter redução dos custos da máquina pública e não produzir mais despesas.

15.CESPE – Prefeitura de Salvador - BA – Procurador do município – 2015


Os cargos vagos por conta da dispensa de servidores estáveis serão declarados extintos, sendo vedada a criação
de cargos, empregos ou funções de atribuições iguais ou assemelhadas pelo período de quatro anos.

16. CESPE – TJ-PB – Juiz substituto – 2015

A respeito da disciplina constitucional sobre finanças públicas e orçamentos, assinale a opção correta.

A) A fim de adequar-se aos limites legais de despesa com pessoal e evitar a suspensão de repasses federais, o
Estado deverá reduzir despesas com cargos comissionados e funções de confiança, vedada a exoneração de
concursados.

B) É vedada a concessão de empréstimos pelas instituições financeiras públicas para pagamento de despesas
com pessoal ativo e inativo dos estados, do DF e dos municípios.

C) O princípio da anualidade tributária proíbe a aplicação de tributo no mesmo exercício financeiro em que ele
for criado.

D) Compete às duas Casas do Congresso Nacional fixar, por proposta do presidente, na lei orçamentária anual,
os limites globais da dívida consolidada da União, dos estados, do DF e dos municípios.

E) A lei de iniciativa do presidente que instituir o plano plurianual estabelecerá, entre outros temas, as metas
da administração federal, incluindo-se as despesas de capital para o exercício seguinte e as orientações para a
elaboração da lei orçamentária anual.

17.CESPE – TCE-RN – Auditor – 2015


A transposição, o remanejamento ou a transferência de recursos de uma categoria de programação para outra
ou de um órgão para outro são proibidos se não houver prévia autorização legislativa, exceto no âmbito das
atividades de ciência, tecnologia e inovação, quando o objetivo for viabilizar os resultados de projetos restritos
a essas funções.

18. CESPE – MEC – Especialista em Regulação da Educação Superior– 2014

As despesas com o pessoal ativo e inativo da União, dos estados, do Distrito Federal e dos municípios somente
poderão exceder os limites estabelecidos em lei complementar, quando devidamente justificadas e aprovadas
pelo Ministério Público.

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19. CESPE – TCE-ES – Auditor – 2012

É conhecida como regra de ouro a vedação, prevista na CF, à realização de operações de créditos que excedam
o montante das despesas de capital, ressalvadas as autorizadas mediante créditos suplementares, ou especiais,
com finalidade precisa, aprovados pelo Poder Legislativo, por maioria absoluta.

20. CESPE – UNIPAMPA – Contador – 2013

Na Constituição Federal de 1988, é vedada a realização de operações de crédito que excedam o montante das
despesas de capital, a fim de evitar o desequilíbrio orçamentário, em especial, o déficit das operações correntes.

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Gabarito – Cespe
1. Errado 8. Errado 15. Certo
2. Errado 9. Certo 16. B
3. Errado 10. Certo 17. Certo
4. Errado 11. Errado 18. Errado
5. Certo 12. E 19. Certo
6. C 13. Certo 20. Certo
7. C 14. Errado

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Resumo direcionado
1. Competência legislativa (art. 24)

Art. 24. Compete à União, aos Estados e ao Distrito Federal legislar concorrentemente sobre:

I - direito tributário, financeiro, penitenciário, econômico e urbanístico;

II – orçamento; (...)

Tri Fi Pen Ec Ur O

ou

PUFETO

§ 1º - No âmbito da legislação concorrente, a competência da União limitar-se-á a estabelecer normas


gerais.

§ 2º - A competência da União para legislar sobre normas gerais não exclui a competência suplementar
dos Estados.

§ 3º - Inexistindo lei federal sobre normas gerais, os Estados exercerão a competência legislativa plena,
para atender a suas peculiaridades.

§ 4º - A superveniência de lei federal sobre normas gerais suspende a eficácia da lei estadual, no que lhe
for contrário.

2. Medidas Provisórias (art. 62)

Art. 62. Em caso de relevância e urgência, o Presidente da República poderá adotar medidas provisórias,
com força de lei, devendo submetê-las de imediato ao Congresso Nacional.

§ 1º É vedada a edição de medidas provisórias sobre matéria:

d) planos plurianuais, diretrizes orçamentárias, orçamento e créditos adicionais e suplementares,


ressalvado o previsto no art. 167, § 3º.

É vedada a edição de medidas provisórias sobre qualquer coisa relacionada a orçamento, exceto
sobre créditos extraordinários.

3. Lei Complementar (art. 163, 165 e 169)

Art. 163. Lei complementar disporá sobre:


I - finanças públicas;

II - dívida pública externa e interna, incluída a das autarquias, fundações e demais entidades controladas
pelo Poder Público;

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III - concessão de garantias pelas entidades públicas;

IV - emissão e resgate de títulos da dívida pública;


V - fiscalização financeira da administração pública direta e indireta;

VI - operações de câmbio realizadas por órgãos e entidades da União, dos Estados, do Distrito Federal e
dos Municípios;

VII - compatibilização das funções das instituições oficiais de crédito da União, resguardadas as
características e condições operacionais plenas das voltadas ao desenvolvimento regional.

Art. 165, § 9º Cabe à lei complementar:

I - dispor sobre o exercício financeiro, a vigência, os prazos, a elaboração e a organização do plano


plurianual, da lei de diretrizes orçamentárias e da lei orçamentária anual;
II - estabelecer normas de gestão financeira e patrimonial da administração direta e indireta bem como
condições para a instituição e funcionamento de fundos.

III - dispor sobre critérios para a execução equitativa, além de procedimentos que serão adotados quando
houver impedimentos legais e técnicos, cumprimento de restos a pagar e limitação das programações
de caráter obrigatório, para a realização do disposto nos §§ 11 e 12 do art. 166.

Art. 169. A despesa com pessoal ativo e inativo e pensionistas da União, dos Estados, do Distrito Federal
e dos Municípios não pode exceder os limites estabelecidos em lei complementar.

4. Moeda e Banco Central (art. 164)

Art. 164, § 1º É vedado ao banco central conceder, direta ou indiretamente, empréstimos ao Tesouro
Nacional e a qualquer órgão ou entidade que não seja instituição financeira.

O banco central é o banco dos bancos

Disponibilidades da União •Depositadas no Bacen

Disponibilidades dos
Estados, DF, Municípios, e •Depositadas em instituições financeiras oficiais,
órgãos ou entidades ressalvados os casos previstos em lei
públicas

5. Instrumentos de planejamento governamental – PPA, LDO e LOA (art. 165 e 166)

§ 1º A lei que instituir o plano plurianual estabelecerá, de forma regionalizada, as diretrizes, objetivos e
metas da administração pública federal para as despesas de capital e outras delas decorrentes e para
as relativas aos programas de duração continuada.

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Metas e Prioridades (MP)

Diretrizes de política fiscal + metas

LDO Art. 165, § 2º Orienta a elaboração da LOA

Dispõe sobre alterações na


legislação tributária

Estabelece a política de aplicação


das ag. financ. oficiais de fomento

Investimento • Empresas estatais independentes

Seguridade Social • PAS (Previdência, Assistência social e Saúde)

Fiscal • "O resto": toda a Adm. Pública, exceto OSS e OI

OF e OI SIM
Reduzir
desigualdades
inter-regionais
OSS NÃO

Art. 165, § 3º O Poder Executivo publicará, até trinta dias após o encerramento de cada bimestre, relatório
resumido da execução orçamentária.

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RREO •2 R's (bimestral)

RGF •RG Fisqual (quadrimestre)

Art. 165, § 8º A lei orçamentária anual não conterá dispositivo estranho à previsão da receita e à fixação
da despesa, não se incluindo na proibição a autorização para abertura de créditos suplementares e
contratação de operações de crédito, ainda que por antecipação de receita, nos termos da lei.

Art. 166, § 5º - O Presidente da República poderá enviar mensagem ao Congresso Nacional para propor
modificação nos projetos a que se refere este artigo enquanto não iniciada a votação, na Comissão
mista, da parte cuja alteração é proposta.

O Presidente da República poderá enviar mensagem ao Congresso Nacional para propor modificação nos projetos
(não é na proposta e nem nas leis) a que se refere este artigo enquanto não iniciada (e não finalizada) a votação
(e não a discussão), na Comissão mista (não é no Plenário), da parte cuja alteração é proposta (somente da parte
que está sendo alterada).

6. Emendas impositivas (art. 166)

Individuais EC 86/2015

De bancada EC 100/2019
Emendas
Coletivas
parlamentares
De comissão

de Relatoria

§ 9º As emendas individuais ao projeto de lei orçamentária serão aprovadas no limite de 1,2% (um inteiro
e dois décimos por cento) da receita corrente líquida prevista no projeto encaminhado pelo Poder
Executivo, sendo que a metade deste percentual será destinada a ações e serviços públicos de saúde.

§ 11. É obrigatória a execução orçamentária e financeira das programações a que se refere o § 9º deste
artigo, em montante correspondente a 1,2% (um inteiro e dois décimos por cento) da receita corrente
líquida realizada no exercício anterior, conforme os critérios para a execução equitativa da programação
definidos na lei complementar prevista no § 9º do art. 165.

§ 12. A garantia de execução de que trata o § 11 deste artigo aplica-se também às programações incluídas
por todas as emendas de iniciativa de bancada de parlamentares de Estado ou do Distrito Federal, no
montante de até 1% (um por cento) da receita corrente líquida realizada no exercício anterior.

Somente as emendas individuais terão metade de seu percentual destinado a ações e serviços
públicos de saúde. As emendas de bancada não!
Nas emendas individuais impositivas (art. 166, § 11):

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Planejamento Execução

É obrigatória a execução orçamentária e


Aprovadas no limite de financeira das emendas parlamentares
individuais, em montante correspondente a

1,2% da RCL 1,2% da RCL

Prevista no projeto encaminhado pelo Poder


Realizada no exercício anterior
Executivo.

Mas nas emendas de bancada impositivas não há essa divisão. É 1% da RCL realizada no exercício
anterior e pronto!

§ 13. As programações orçamentárias previstas nos §§ 11 e 12 deste artigo não serão de execução
obrigatória nos casos dos impedimentos de ordem técnica.

Antes, no caso de impedimentos de ordem técnica, as medidas a serem adotas estavam dispostas na
própria CF/88. Hoje elas estão definidas na LDO!

Emendas 0,6% da RCL


individuais executada no
exercício
Podem ser 1,2% anterior
considerados na
Restos a pagar
execução
financeira Emendas de 0,5% da RCL
bancada executada no
exercício
1% anterior

Art. 165, § 10. A administração tem o dever de executar as programações orçamentárias, adotando os
meios e as medidas necessários, com o propósito de garantir a efetiva entrega de bens e serviços à
sociedade.

Mas isso não significa que ela vai executar ou que tem que executar todas as programações
orçamentárias, até porque o nosso orçamento ainda pode ser considerado autorizativo. É tanto que a Emenda
Constitucional 102/19 já inseriu o § 11, limitando esse dever da Administração. Olha só:

Art. 165, § 11. O disposto no § 10 deste artigo, nos termos da lei de diretrizes orçamentárias: (Incluído pela
Emenda Constitucional nº 102, de 2019)

I - subordina-se ao cumprimento de dispositivos constitucionais e legais que estabeleçam metas fiscais ou


limites de despesas e não impede o cancelamento necessário à abertura de créditos adicionais;

II - não se aplica nos casos de impedimentos de ordem técnica devidamente justificados;

III - aplica-se exclusivamente às despesas primárias discricionárias.

De acordo com o site da Câmara dos Deputados, existe um novo princípio orçamentário: princípio do
orçamento impositivo. Veja os apontamentos desse órgão (enquanto consultoria):

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• “Trata-se de princípio novo que define o dever de execução das programações orçamentárias, o
que supera o antigo debate acerca da natureza jurídica da lei orçamentária”;
• “Ampliou-se, para todo o orçamento público, o regime jurídico de execução que já se encontrava
definido para as programações incluídas por emendas individuais”;
• “O dever de execução é um vínculo imposto ao gestor, no interesse da sociedade, que o impele a
tomar todas as medidas necessárias (empenho, contratação, liquidação, pagamento) para
viabilizar a entrega de bens e serviços correspondente às programações da lei orçamentária”;
• “O caráter impositivo da execução do orçamento importa apenas para as chamadas despesas
discricionárias (não obrigatórias)”.

Orçamento ainda 1,2% da RCL


em discussão (2a prevista no PLOA
etapa do ciclo (metade para a
orçamentário) saúde: 0,6%)

Emendas
individuais não serão de execução
impositivas obrigatória nos casos
dos impedimentos
de ordem técnica
Orçamento já em
1,2% da RCL
execução (3a etapa
realizada no
do ciclo
exercício anterior restos a pagar
orçamentário)
poderão ser
considerados até o
limite de 0,6% da RCL
realizada no exercício
anterior

não serão de execução obrigatória nos casos


dos impedimentos de ordem técnica

restos a pagar poderão ser considerados


Emendas de 1% da RCL realizada
até o limite de 0,5% da RCL realizada no
bancada no exercício anterior exercício anterior

início de investimentos com duração de mais


de 1 (um) exercício financeiro ou cuja
execução já tenha iniciado: emenda pela
mesma bancada estadual, a cada exercício,
até a conclusão da obra

7. Transferências de recursos por meio de emendas individuais impositivas (art. 166-A) – EC 105/19

A EC 105/19:

• tem como objetivo desburocratizar a transferência de recursos;

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• estabeleceu uma nova forma de transferência de recursos para as emendas individuais


impositivas;
• trata somente das emendas individuais impositivas (emendas de bancada, não).

Os recursos transferidos não integrarão a receita do ente beneficiado para fins de repartição e para o
cálculo dos limites da despesa com pessoal ativo e inativo e de endividamento do ente federado.
Também é vedada a aplicação dos recursos no pagamento de:

• despesas com pessoal e encargos sociais relativas a ativos e inativos, e com pensionistas; e
• encargos referentes ao serviço da dívida.

Temos duas formas para transferir esses recursos:

• transferência especial; e
• transferência com finalidade definida.

Na transferência especial, os recursos podem ser repassados diretamente ao ente federado beneficiado,
independentemente de celebração de convênio ou de instrumento congênere.

Cofre do ente
Cofre da União
beneficiado

Pelo menos 70 % das transferências especiais (somente das transferências especiais) deverão ser
aplicadas em despesas de capital (e não apenas em investimentos).

Na transferência com finalidade definida, os recursos serão vinculados à programação estabelecida na


emenda parlamentar.

do Poder Executivo
Nas transferências
do ente federado
Recursos serão especiais
beneficiado
aplicados em quais
áreas de
competência? Nas transferências
com finalidade da União
definida

8. Vedações constitucionais (art. 167)

Art. 167. São vedados:

III - a realização de operações de créditos que excedam o montante das despesas de capital, ressalvadas
as autorizadas mediante créditos suplementares ou especiais com finalidade precisa, aprovados pelo
Poder Legislativo por maioria absoluta;

Regra de ouro: OC  DK

O endividamento só pode ser admitido para a realização de investimento ou abatimento da dívida. A


ideia é evitar o endividamento para financiar despesas correntes.

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Mas como toda boa regra, há exceção. A regra de ouro pode ser “quebrada”. Grave bem os requisitos
para isso:

• Créditos suplementares ou especiais;


• Finalidade precisa;
• Aprovados por maioria absoluta.

Princípio da não vinculação (não afetação) da receita de impostos

Repartição constitucional do produto da arrecadação dos impostos;


Destinação de recursos para manutenção e desenvolvimento do ensino;
Destinação de recursos para as ações e serviços públicos de saúde;
Destinação de recursos para a realização de atividades da administração tributária;
Prestação de garantias às operações de crédito por antecipação de receita (ARO);
Prestação de garantia ou contragarantia à União e pagamento de débitos para com esta.

Mnemônico:

RESA GaGa

VI - a transposição, o remanejamento ou a transferência de recursos de uma categoria de programação


para outra ou de um órgão para outro, sem prévia autorização legislativa;

E agora vem a exceção:

Art. 167, § 5º A transposição, o remanejamento ou a transferência de recursos de uma categoria de


programação para outra poderão ser admitidos, no âmbito das atividades de ciência, tecnologia e
inovação, com o objetivo de viabilizar os resultados de projetos restritos a essas funções, mediante ato do
Poder Executivo, sem necessidade da prévia autorização legislativa prevista no inciso VI deste artigo.

Lembre-se: ciência, tecnologia e inovação: sem necessidade de prévia autorização (rimou ).


VIII - a utilização, sem autorização legislativa específica, de recursos dos orçamentos fiscal e da
seguridade social para suprir necessidade ou cobrir déficit de empresas, fundações e fundos, inclusive
dos mencionados no art. 165, § 5º;

IX - a instituição de fundos de qualquer natureza, sem prévia autorização legislativa.

X - a transferência voluntária de recursos e a concessão de empréstimos, inclusive por antecipação de


receita, pelos Governos Federal e Estaduais e suas instituições financeiras, para pagamento de despesas
com pessoal ativo, inativo e pensionista, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios.

XI - a utilização dos recursos provenientes das contribuições sociais de que trata o art. 195, I, a, e II, para
a realização de despesas distintas do pagamento de benefícios do regime geral de previdência social de
que trata o art. 201.

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Os recursos provenientes dessas contribuições não podem ser utilizados para pagar algo diferente do
benefício do Regime Geral de Previdência Social (RGPS). Ou seja: esses recursos são utilizados para pagar os
benefícios do RGPS. Que contribuições são essas:

• Contribuição social do empregador sobre a folha de salários;


• Contribuição social do trabalhador e dos demais segurados da previdência social.

Art. 167, § 1º Nenhum investimento cuja execução ultrapasse um exercício financeiro poderá ser
iniciado sem prévia inclusão no plano plurianual, ou sem lei que autorize a inclusão, sob pena de crime
de responsabilidade.

Art. 167, § 2º Os créditos especiais e extraordinários terão vigência no exercício financeiro em que forem
autorizados, salvo se o ato de autorização for promulgado nos últimos quatro meses daquele exercício,
caso em que, reabertos nos limites de seus saldos, serão incorporados ao orçamento do exercício
financeiro subsequente.

Os créditos adicionais especiais e extraordinários autorizados nos últimos quatro meses do exercício
podem ser reabertos no exercício seguinte nos limites de seus saldos e viger até o término desse exercício
financeiro.

9. Recursos destinados aos órgãos dos demais Poderes (art. 168)

Art. 168. Os recursos correspondentes às dotações orçamentárias, compreendidos os créditos


suplementares e especiais, destinados aos órgãos dos Poderes Legislativo e Judiciário, do Ministério
Público e da Defensoria Pública, ser-lhes-ão entregues até o dia 20 de cada mês, em duodécimos, na
forma da lei complementar a que se refere o art. 165, § 9º.

A CF/88 acaba definindo o cronograma mensal de desembolso dos Poderes Legislativo e Judiciário, do
Ministério Público e da Defensoria Pública.

10. Despesas com pessoal (art. 169)


10.1. Aumento de despesas com pessoal

Se quiserem aumentar as despesas com pessoal, seja concedendo vantagem ou aumento de


remuneração, seja contratando pessoal, seja criando cargos ou alterando a estrutura de carreiras:

• de Empresas Públicas (EP) e Sociedades de Economia Mista (SEM): não é necessária


autorização específica na LDO;
• de qualquer outro órgão, entidade ou fundação: é necessária autorização específica na LDO.
10.2. Não observância dos limites de despesas com pessoal

§ 3º Para o cumprimento dos limites estabelecidos com base neste artigo, durante o prazo fixado na lei
complementar referida no caput, a União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios adotarão as
seguintes providências:

I - redução em pelo menos vinte por cento das despesas com cargos em comissão e funções de
confiança;

II - exoneração dos servidores não estáveis.

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§ 4º Se as medidas adotadas com base no parágrafo anterior não forem suficientes para assegurar o
cumprimento da determinação da lei complementar referida neste artigo, o servidor estável poderá
perder o cargo, desde que ato normativo motivado de cada um dos Poderes especifique a atividade
funcional, o órgão ou unidade administrativa objeto da redução de pessoal.

§ 5º O servidor que perder o cargo na forma do parágrafo anterior fará jus a indenização correspondente
a um mês de remuneração por ano de serviço.

§ 6º O cargo objeto da redução prevista nos parágrafos anteriores será considerado extinto, vedada a
criação de cargo, emprego ou função com atribuições iguais ou assemelhadas pelo prazo de quatro anos.

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Referências
LEITE, Harrison. Manual de Direito Financeiro. 10ª edição. Salvador: JusPODIVM, 2021.

PALUDO, Augustinho. Orçamento público, AFO e LRF, 5ª edição, editora Método, 2015.

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