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Agradecimentos especiais
Sumário
Prefácio
Introdução
I – Origens e fundamentos das ideias
1. Reflexões sobre a Revolução na França – um marco teórico da prudência
na política
2. A lei – por que Bastiat foi simplesmente um gênio
3. O caminho da servidão – o manifesto histórico de Hayek
4. Ação humana – a obra magna de Ludwig von Mises
5. O liberalismo – antigo e moderno– um passeio de Merquior pela jornada
de uma ideia
6. Liberalismo e justiça social – uma síntese abrangente de Ubiratan
Borges de Macedo
7. O que é o liberalismo – o ativismo pioneiro de Donald Stewart Jr.
8. Decência já! – a verve e a intensidade de Meira Penna
9. As etapas do pensamento sociológico – um passeio histórico de
Raymond Aron
10. O liberalismo comentado por Roger Scruton em Como ser um
conservador
11. A política da prudência – o tradicionalista americano que faz sucesso
no Brasil
12. Democracia e liderança – um tesouro de Irving Babbitt
13. As ideias conservadoras – explicando aos extremistas a virtude da
moderação
II – Como entender o Brasil
14. Os atenienses da América e o pai da nação
15. Minha formação – o legado de Joaquim Nabuco
16. Carlos Lacerda e a doutrina udenista
17. A saga brasileira vista por Bruno Garschagen
18. O patrimonialismo e a realidade latino-americana – um retrato das
nossas raízes
19. Os construtores do Império – a fascinante experiência do Brasil
Imperial
20. Grandes momentos do parlamento brasileiro – o contraste entre o
passado e o presente da política nacional
21. Hayek no Brasil – um documento histórico
22. A lanterna na popa – seguindo os passos de um homem que se tornou
História
III – Grandes ícones da politica internacional
23. A arte de governar – o pensamento de Margaret Thatcher
24. A voz de Winston Churchill pelo mundo livre – por uma liderança
ocidental
IV – Um olhar sobre adversários e inimigos
25. O avô do mal do século
26. O manifesto comunista – a face transparente do mal
27. A doutrina do fascismo, de Benito Mussolini
28. O Mein Kampf de Adolf Hitler – prenúncio de um pesadelo
29. Fernando Henrique Cardoso por ele mesmo, em A arte da política – a
história que vivi
30. Os socialistas utópicos nas páginas de Buber
31. Ernesto Geisel – o testamento político de um presidente militar
32. Nelson Werneck Sodré – a paranoia do “imperialismo” em um militar
marxista
V – Grandes temas e controvérsias
33. A Suécia depois do modelo sueco – parlamentar desmonta mito do
socialismo escandinavo
34. Carlos Moore – a testemunha incômoda
35. Eco-nomia: o que todos deveriam saber sobre economia e meio
ambiente – um chamado à sensatez
VI – Um olhar sobre os dias atuais
36. Por que virei à direita – uma estimulante exposição de motivos
37. A grande mentira: Lula e o patrimonialismo petista – um resumo da
nossa tragédia
38. O mínimo que você precisa saber para não ser um idiota – o papel de
Olavo de Carvalho
Conclusão
Apêndice
39. Por uma nova liberdade: o manifesto libertário – entendendo com
Rothbard o que é o libertarianismo e sua relação com a “nova direita”
Bibliografia
Prefácio
Rodrigo Constantino
Os fundadores
Na primeira parte, o autor aborda quatro pensadores que
ele identifica como representantes da fundação da
sociologia, culminando com uma reflexão sobre o
posicionamento que alguns deles tomaram diante das
tribulações francesas em 1848. Sua jornada começa com
o Barão de Montesquieu, o defensor da tripartição de
poderes, a quem elege como precursor da sociologia. O
que se observa é que esse precursor apresenta muitas
qualidades que não apareceriam em alguns dos
consolidadores propriamente ditos da disciplina;
tentando unir uma perspectiva mais generalista –
enfocando a convicção na existência de valores e
princípios gerais, de um direito natural que permitiria
condenar totalmente certas instituições e abraçar outras
– com a valorização da diversidade de costumes e
tradições de povo para povo, para ele “o objetivo da
ordem política é assegurar a moderação do poder pelo
equilíbrio dos poderes, o equilíbrio entre povo, nobreza e
rei na monarquia francesa ou na monarquia inglesa; o
equilíbrio entre o povo e privilegiados, entre plebe e
patriciado na república romana”. Montesquieu seria,
portanto, o que alguns autores chamavam de liberal
aristocrático, ou liberal-conservador.
Na contramão, viria Augusto Comte, que funda a
sociologia com esse nome, como disciplina consciente de
si mesma, parte integrante de sua doutrina, chamada
positivismo. Sua filosofia, no plano político, seria a mãe
do que hoje chamaríamos de intervencionismo
centralizador, sem a valorização do conflito radical do
socialismo. Com efeito, Comte enxergava um progresso
constante e cristalino, que suplanta todas as etapas e
ramos de conhecimento do passado em busca de um
conhecimento “positivo”, que erigiria uma “sociedade
positiva”; acreditava, por exemplo, que as guerras
estavam superadas no século XIX. Nas palavras de Aron
sobre Comte, explicita-se a intenção deste último de
superar as diversidades e estabelecer uma unidade pelo
consenso, elevando ao estágio “positivo”, alheio à
metafísica e às especulações, todas as searas do saber,
inclusive a religião – ele preconizou, ao fim da vida, o que
chamou de Religião da Humanidade, um culto
materialista aos construtores históricos do saber
humano.
Ao contrário de Comte, o terceiro autor, nosso
grande conhecido, Karl Marx, valoriza o conflito e a
revolução como os caminhos para atingir um estágio
superior de sociedade, o comunismo, em que, por fim,
esses conflitos estariam superados. Faz uma leitura
particular do pensamento de Hegel. A existência, na
sociedade industrial e capitalista moderna, de relações
de exploração, com dominados e dominadores,
explorados e exploradores, é o que, em função das
contradições que provoca, condena essa sociedade a se
extinguir um dia. Conjugando a filosofia alemã, a
economia inglesa clássica e a ciência histórica francesa,
o marxismo original toma a economia e os modos de
produção como os modelos fundamentais de apreciação
das sociedades, e sustenta que o desenvolvimento do
capitalismo fará com que a classe dominada seja, a partir
de certo ponto, prejudicada a um limite em que se
revoltará e implantará o socialismo. A linha de
pensamento que daí deriva torna impossível, para certos
intérpretes marxistas apontados por Aron, discernir o
observador do atuante; a análise do real na sociedade
levaria necessariamente à indignação revolucionária e ao
desejo de transformá-lo. Aron faz uma crítica profunda da
insuficiência de noções como luta de classes,
esgotamento do capitalismo por suas próprias
características internas e mais-valia, bem como da ideia
ingênua de que o Estado, na chamada “Ditadura do
Proletariado”, se diluiria em uma sociedade plena e sem
antagonismos.
O francês Alexis de Tocqueville, de linha oposta ao
coletivismo comtista e marxista, vem em seguida com
seus temas principais: a democracia americana e a
Revolução Francesa. Na linha de Montesquieu,
Tocqueville discute com a ideia de que “a desigualdade é
o motor e a garantia da liberdade”, acrescentando que a
liberdade deve “assentar-se sobre a realidade
democrática da igualdade de condições, salvaguardada
por instituições cujo modelo lhe parecia existir na
América”. O poder deve ser exercido de acordo com as
leis, precisando ser limitado por outros poderes, através
de uma “pluralidade de centros de decisão, de órgãos
políticos e administrativos, equilibrando-se uns aos
outros”. É um teórico da liberal-democracia, avesso ao
despotismo e simpático a determinados valores
aristocráticos. Era, no dizer de Aron, “um conservador
liberal, resignado com a modernidade democrática,
apaixonado pelas liberdades intelectuais, pessoais e
políticas. Para ele, essas liberdades estão encarnadas
nas instituições representativas, que as revoluções
sempre põem em perigo. Está convencido de que, ao se
multiplicarem, as revoluções tornam cada vez mais
improvável a sobrevivência das liberdades”.
Em conclusão comparativa dessa primeira parte,
Aron situa que cada um desses autores dá origem a uma
escola sociológica. A primeira, baseada em Montesquieu
e Tocqueville, seria a da “sociologia política” francesa,
pouco dogmática, de pesquisadores interessados “antes
de tudo na política, que, sem desprezar a infraestrutura
social, aceitam a autonomia da ordem política e têm
ideias liberais”. Aron se considera ligado a essa escola. A
segunda, a de Comte, coloca a ênfase “sobre a unidade
do todo social e retendo o conceito de consenso como
conceito fundamental. Multiplicando análises e conceitos,
esforça-se por reconstruir a totalidade da sociedade”. A
terceira, a marxista, “combina a explicação do conjunto
social a partir da infraestrutura socioeconômica com um
esquema do futuro que garante a seus fiéis a vitória”.
Politicamente, Aron associa Comte com a “visão
organizadora daqueles que hoje chamamos de
tecnocratas”, que, sem qualquer ardor ideológico,
preferem apostar no conhecimento técnico, exercido em
vastas estruturas burocráticas, para conduzir os rumos
da sociedade; Marx, “à visão apocalíptica dos que,
ontem, eram revolucionários”; Tocqueville, ecoando
Montesquieu, à “visão mitigada de uma sociedade onde
cada um possui alguma coisa, e onde todos, ou quase
todos, estão interessados na conservação da ordem
social”.
De Durkheim a Weber
Conclusão
VII – Apêndice
Murray Rothbard. Por uma nova liberdade: o manifesto
libertário. Instituto Mises Brasil, 2013.